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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM TERRA PITORESCA, TERRA DAS PALMEIRAS: A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA PALMEIRA INDAIÁ NO MUNICÍPIO DE INDAIATUBA (SP) SÃO PAULO 2017

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Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM

TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS A DISTRIBUICcedilAtildeO

GEOGRAacuteFICA DA PALMEIRA INDAIAacute NO MUNICIacutePIO DE

INDAIATUBA (SP)

SAtildeO PAULO

2017

ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM

Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia Aacuterea de Concentraccedilatildeo Geografia Fiacutesica Orientador Prof Dr Yuri Tavares Rocha

SAtildeO PAULO

2017

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar

Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia

Banca Examinadora

Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

AGRADECIMENTOS

Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida

Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico

este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah

Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo

Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona

De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)

Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que

foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo

desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas

coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de

batalhas que se vive a vidardquo

Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com

dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse

universo chamado ldquobiogeografiardquo

Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado

Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos

e ainda vamos passar muitas coisas juntos

Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em

especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de

vocecircs pelo resto da vida

Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira

indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o

guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio

Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na

graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez

uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo

incriacutevel mundo azul

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

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5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

ADOLFO RODRIGO AGUIAR VALIM

Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia Aacuterea de Concentraccedilatildeo Geografia Fiacutesica Orientador Prof Dr Yuri Tavares Rocha

SAtildeO PAULO

2017

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar

Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia

Banca Examinadora

Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

AGRADECIMENTOS

Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida

Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico

este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah

Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo

Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona

De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)

Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que

foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo

desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas

coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de

batalhas que se vive a vidardquo

Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com

dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse

universo chamado ldquobiogeografiardquo

Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado

Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos

e ainda vamos passar muitas coisas juntos

Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em

especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de

vocecircs pelo resto da vida

Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira

indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o

guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio

Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na

graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez

uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo

incriacutevel mundo azul

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

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padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar

Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia

Banca Examinadora

Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

AGRADECIMENTOS

Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida

Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico

este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah

Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo

Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona

De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)

Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que

foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo

desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas

coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de

batalhas que se vive a vidardquo

Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com

dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse

universo chamado ldquobiogeografiardquo

Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado

Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos

e ainda vamos passar muitas coisas juntos

Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em

especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de

vocecircs pelo resto da vida

Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira

indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o

guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio

Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na

graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez

uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo

incriacutevel mundo azul

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Nome VALIM Adolfo Rodrigo Aguiar

Tiacutetulo Terra pitoresca terra das palmeiras A distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira

indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

Trabalho de Graduaccedilatildeo apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Geografia

Banca Examinadora

Yuri Tavares Rocha Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Eltiza Rondino Vasques Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

Patricia do Prado Oliveira Instituiccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo

Julgamento Assinatura _____________________

AGRADECIMENTOS

Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida

Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico

este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah

Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo

Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona

De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)

Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que

foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo

desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas

coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de

batalhas que se vive a vidardquo

Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com

dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse

universo chamado ldquobiogeografiardquo

Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado

Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos

e ainda vamos passar muitas coisas juntos

Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em

especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de

vocecircs pelo resto da vida

Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira

indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o

guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio

Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na

graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez

uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo

incriacutevel mundo azul

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

AGRADECIMENTOS

Costumo marcar com trilhas sonoras os momentos importantes da vida

Dessa vez isso natildeo seraacute diferente Ao som de Bryan Adams ldquoHere I Amrdquo dedico

este trabalho a tod(a)os que foram fundamentais em minha formaccedilatildeo pessoal Ah

Escolhi essa muacutesica porque ela me faz lembrar das noites paulistanas Motivo

Coisas loucas que soacute a muacutesica proporciona

De iniacutecio dedico esse trabalho a minha famiacutelia Edna (Matildee) Adolfo (Pai)

Matheus (irmatildeo) e Tuane (irmatilde) Vocecircs como ningueacutem sabem da dificuldade que

foi entrar nessa Universidade Aleacutem disso foram essenciais para que eu natildeo

desistisse dessa jornada Mesmo com dificuldades estamos conquistando muitas

coisas juntos e como jaacute dizia o poeta ldquoNatildeo diga que a vitoacuteria estaacute perdida se eacute de

batalhas que se vive a vidardquo

Tambeacutem ofereccedilo esse trabalho ao professor Yuri Orientou-me com

dedicaccedilatildeo e respeito Suas aulas foram determinantes para o meu interesse nesse

universo chamado ldquobiogeografiardquo

Essa obra tambeacutem eacute dedicada aos amigos Fernando Amari Thiago Machado

Thiago Freitas e Danilo Rossini (oxeente) Aprendi muito com vocecircs Jaacute passamos

e ainda vamos passar muitas coisas juntos

Agradeccedilo a todas as pessoas que conheci na Universidade de Satildeo Paulo em

especial ao Gullit Dias Leticia Costa Faacutebio Souza Espero levar a amizade de

vocecircs pelo resto da vida

Tambeacutem agradeccedilo a todos que relataram suas memoacuterias sobre a palmeira

indaiaacute Em relaccedilatildeo a isso um agradecimento especial ao Sr Gentil Scarton o

guardiatildeo da espeacutecie no municiacutepio

Por uacuteltimo agradeccedilo a Geografia Apesar das crises acadecircmicas na

graduaccedilatildeo a felicidade por se tornar geografo eacute muito grande Por quecirc Ela me fez

uma pessoa melhor No final eacute isso que realmente importa nesta trajetoacuteria pelo

incriacutevel mundo azul

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

ldquoAquele coqueiro

crescido

consolava mais

que as palavras

procuradas num

livro do que

um bom conselho

de um amigordquo

(Guimaraes Rosa)

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

RESUMO

O presente estudo procurou evidenciar a distribuiccedilatildeo geograacutefica da palmeira indaiaacute (Attalea geraensis Barb Rodr) em Indaiatuba (SP) Trata-se uma palmeira em geral de caule curto tiacutepica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinaacuterias A aacuterea de estudo pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado Em sua vegetaccedilatildeo havia o predomiacutenio da Mata Atlacircntica aleacutem da presenccedila de pequenas aacutereas do Cerrado O indaiaacute era tatildeo abundante que influenciou a toponiacutemia do municiacutepio indaiaacute (palmeira) e tuba (aglomerado) ou seja local com muitos indaiaacutes Com o passar das deacutecadas a alteraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissatildeo do poder puacuteblico ocasionaram a degradaccedilatildeo da espeacutecie Foi realizada uma revisatildeo da literatura em busca de registros da espeacutecie na regiatildeo estudada A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie foi agrave geraccedilatildeo que viveu a infacircncia na eacutepoca em que a cidade ainda era um mar de palmeiras Pelos relatos a A geraensis estava amplamente distribuiacuteda nos antigos bairros do municiacutepio no entanto parecia estar mais presente na Cidade Nova Em 2017 foram encontrados 11 indiviacuteduos eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizaccedilotildees pela populaccedilatildeo de Indaiatuba Aleacutem disso encontraram-se outras 12 A geraensis provavelmente de ocorrecircncia natural

Palavras - chave Distribuiccedilatildeo Geograacutefica Attalea geraensis Barb Rodr Palmeira

Indaiaacute Indaiatuba

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

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5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

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81

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THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

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Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

ABSTRACT

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiaacute palm (Attalea geraensis Barb Rodr) In Indaiatuba (SP) It is a palm tree generally of short stem typical of cerrado and that presents displays diverse ornamental and culinary utilities The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster In its vegetation there was the predominance of the Atlantic Forest in addition to the presence of small areas of the Cerrado The indaiaacute was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality indaiaacute (palm) and tuba (agglomerate) that is place with many indaiaacutes With the passing of the decades the alteration of vegetation the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power caused the degradation of the species A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees By the reports the A geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality nevertheless seemed more present in the Cidade Nova In 2017 11 individuals were found they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba In addition another 12 A geraensis probably of natural occurrence were found Keywords Geographical Distribution Attalea geraensis Barb Rodr Palm Indaiaacute Indaiatuba

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

2 OBJETIVOS 16

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 17

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA DISTRIBUICcedilAtildeO DAS

ESPEacuteCIES 18

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO 20

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE 23

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS 23

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS 24

621 Raiacutezes 24

622 Caule 25

623 Folhas 25

624 Inflorescecircncias 26

625 Frutos 27

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO 28

64 REPLANTIO E CULTIVO 30

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO 32

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU 33

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 35

71 ASPETOS GERAIS 35

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS 37

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA 40

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute 46

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS 46

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO 52

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA 55

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

68

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO 71

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 73

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

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atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

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C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

10 REFEREcircNCIAS 75

11 APEcircNDICE 82

12 ANEXO 83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da

deacutecada de 90 Fonte Acervo pessoal de Silva Penna 23

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute 26

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada e pistilada da A geraensis 27

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos 28

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes 28

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas 30

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003 34

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba 34

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba 37

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940 38

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865 39

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba 40

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute

como se observa nesta foto de 2008 65

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in

natura no municiacutepio de Indaiatuba 67

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a

cima) e Attalea eichleri (a baixo) 70

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

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ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil 24

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de

Satildeo Paulo 36

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012) 41

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba 42

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba 43

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba 44

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas

imagens do sateacutelite CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba 45

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado 57

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A

geraensis no municiacutepio 58

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de

vandalismo 59

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto 60

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba 61

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial 62

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade 63

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar 64

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube 66

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade 69

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

LISTA DE ABREVIATURAS

CECAP Companhia Estadual de Casas Populares

FAICI - Festa Agropecuaacuteria Industrial e Comercial de Indaiatuba

ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

PIB - Produto Interno Bruto

IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais

ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

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DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

14

1 INTRODUCcedilAtildeO

Diversas espeacutecies foram extintas em certas aacutereas ou tiveram suas aacutereas de

distribuiccedilatildeo reduzidas para abrir caminho ao desenvolvimento e expansatildeo das

cidades principalmente a partir da segunda metade do seacuteculo XIX Essa

devastaccedilatildeo tambeacutem ocorreu com a palmeira indaiaacute (Attalea1 geraensis Barb Rodr2)

no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Em poucas deacutecadas a espeacutecie praticamente

desapareceu de seus campos Isso ocorreu devido a uma soma de diversos fatores

entre eles a omissatildeo do poder puacuteblico o consumo exacerbado e a alta degradaccedilatildeo

da vegetaccedilatildeo

As palmeiras satildeo espeacutecies de porte arvoacutere mais caracteriacutesticas da flora

tropical Com seu formato exuberante que as distingue facilmente de outras plantas

elas satildeo consideradas aristocratas do reino peculiaridade que as levou a integrar a

ordem de priacutencipes da sistemaacutetica vegetal alusiva posiccedilatildeo que ocupam no reino

vegetal (PINDORAMA 1993)

Dentro do possiacutevel a descriccedilatildeo do indaiaacute foi realizada com certo grau de

detalhamento Isso foi importante para identificar qual era a palmeira abundante no

1 Attalea eacute um grande gecircnero de palmeiras nativas do Meacutexico Caribe Ameacuterica Central e do Sul Este

gecircnero inclui palmeiras pequenas aleacutem de algumas espeacutecies maiores O gecircnero tem uma histoacuteria

taxonocircmica complicada e tem sido dividido em quatro ou cinco gecircneros com base nas diferenccedilas das

flores masculinas Uma vez que os gecircneros soacute podem ser distinguidos com base em suas flores

masculinas a existecircncia de tipos de flores intermediaacuterios e a existecircncia de hiacutebridos entre diferentes

gecircneros tem sido usado como argumento para mantecirc-los todos no mesmo gecircnero Isto foi apoiado

por uma filogenia molecular recente

Disponiacutevel em lthttpwwwpalmworldorgpalmworld-Attalea-geraensishtmlWJsI0vkrLIUgt

Acessado em 05062017

2 Joatildeo Barbosa Rodrigues (Barb Rodr) publicou em 1903 Sertum palmarum brasiliensium um

claacutessico da botacircnica nacional O livro reuacutene 174 aquarelas e textos do autor em latim e francecircs com a

descriccedilatildeo de 389 espeacutecies de palmeiras (de 42 gecircneros) ndash 166 delas desconhecidas da ciecircncia

Disponiacutevel em lthttprevistapesquisafapespbr20130813a-gloria-do-botanicogt Acessado em

05062017

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

15

municiacutepio Essa preocupaccedilatildeo se deve ao fato do gecircnero attalea ter aspectos

morfoloacutegicos semelhantes Aleacutem disso algumas espeacutecies satildeo frequentemente

confundias com a Attalea geraensis tornando a sua discriminaccedilatildeo algo de grande

importacircncia

A palmeira indaiaacute influenciou a gecircnese do nome Indaiatuba Aleacutem disso por

causa da espeacutecie essa regiatildeo tambeacutem jaacute recebeu a denominaccedilatildeo ldquococaisrdquo Soacute por

esses fatos de extrema importacircncia histoacutericocultural ela deveria ter sido vista com

olhos menos predatoacuterios pela sociedade e autoridades municipais No entanto

devido a importante atuaccedilatildeo de populares e alguns exemplares estarem dentro de

empresas ainda natildeo ocorreu a sua extinccedilatildeo dos campos indaiatubanos

Ainda em relaccedilatildeo aos aspectos culturais a utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis em

especiarias culinaacuterias e ornamentais remete aos povos indiacutegenas que habitavam a

regiatildeo Jaacute quando a cidade se chamava Indaiatuba esses haacutebitos foram

resguardados por populares

Outro aspecto a ser ressaltado foi agrave utilizaccedilatildeo da biogeografia para obter a

distribuiccedilatildeo geograacutefica da espeacutecie A organizaccedilatildeo espacial do indaiaacute foi realizada no

passado (com relatos de pessoas) e no presente (com a sistematizaccedilatildeo de mapas)

Esse fenocircmeno de espacializaccedilatildeo geograacutefica teve o objetivo de facilitar a sua

localizaccedilatildeo atual pela populaccedilatildeo indaiatubana

A aacuterea de estudo eacute um municiacutepio brasileiro no interior do Estado de Satildeo

Paulo Pertence agrave regiatildeo metropolitana de Campinas localizando-se a noroeste

da capital do estado Ocupa uma aacuterea de 3115 kmsup2 e sua populaccedilatildeo estimada

pelo IBGE para 2016 era de 235 367 habitantes que a colocava na 32ordf posiccedilatildeo

entre os municiacutepios mais populosos do estado de Satildeo Paulo

O trabalho apresenta 12 partes dividias de forma a ir apresentando

gradualmente as informaccedilotildees (trabalhos biogeograacuteficos anteriores descriccedilatildeo da

espeacutecie identificaccedilatildeo da aacuterea de estudo etc) Assim chega-se no principal tema do

estudo a organizaccedilatildeo atual e antiga do indaiaacute no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

16

2 OBJETIVOS

21 OBJETIVO GERAL

Resgatar informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica do passado ao

presente da Attalea geraensis Barb Rodr no municiacutepio de Indaiatuba (SP)

22 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Evidenciar as formas de utilizaccedilatildeo da Attalea geraensis Barb Rodr pela

populaccedilatildeo local

Demonstrar os fatores que ocasionaram a reduccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica

da espeacutecie no municiacutepio

Elaborar materiais cartograacuteficos sobre a atual distribuiccedilatildeo do indaiaacute

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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81

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

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C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

17

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Os relatos formas de utilizaccedilatildeo e descriccedilatildeo da Attalea geraensis foram

obtidos a partir de livros teses e registros histoacutericos de bibliotecas e arquivos

puacuteblicos tanto de Indaiatuba quanto os localizados em outros municiacutepios Aleacutem

disso foram efetuadas entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espeacutecie

Esses depoimentos em grande parte coletados em um grupo na rede social

intitulado ldquoIndaiaacute Dinossaurosrdquo Essa paacutegina possui mais de 10 mil seguidores

Realizou-se trabalhos de campo em praccedilas clubes esportivos e em aacutereas

verdes O objetivo disso foi evidenciar distribuiccedilatildeo geograacutefica atual da palmeira

indaiaacute na aacuterea de estudo

A produccedilatildeo de mapas da distribuiccedilatildeo atual da espeacutecie eacute o produto final dos

dados coletados Eles foram produzidos e sistematizados com auxiacutelio de softwares

de sistema de informaccedilatildeo geograacutefica ArcGis e Quantum Gis

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

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dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

18

4 A IMPORTAcircNCIA DA BIOGEOGRAFIA NO ESTUDO DA

DISTRIBUICcedilAtildeO DAS ESPEacuteCIES

O maior papel da biogeografia eacute atuar para compreender a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos seres Esse ramo da ciecircncia tambeacutem procura evidenciar as

interaccedilotildees dos fenocircmenos bioacuteticos e abioacuteticos que contribuem para o sucesso ou

fracasso das espeacutecies Aleacutem disso a biogeografia eacute a dimensatildeo espacial da

evoluccedilatildeo que documenta e compreende modelos espaciais de biodiversidade

(BROWN LOMOLINO 2006)

A teoria biogeograacutefica cresceu com a contribuiccedilatildeo dos trabalhos de Alexander

von Humboldt (1769-1859) Hewett Cottrell Watson (1804-1881) Alphonse de

Candolle (1806-1893) Alfred Russel Wallace (1823-1913) Philip Lutley Sclater

(1829-1913) e outros bioacutelogos e exploradores

Brown e Lomolino (2006) demonstram que a biogeografia eacute uma ciecircncia

multidisciplinar que foca nos estudos de padrotildees distribucionais dos seres vivos

tanto no perfil ecoloacutegico quanto histoacuterico Os autores ainda destacam que a essecircncia

das pesquisas em biogeografia eacute conjecturar porque as espeacutecies estatildeo onde estatildeo

ou seja a siacutentese do processo evolutivo em tempo forma e espaccedilo

A biogeografia difere da maioria das disciplinas bioloacutegicas e de muitas outras ciecircncias em vaacuterios aspectos importantes A biogeografia eacute na maioria das vezes uma ciecircncia observacional comparativa ao inveacutes de experimental porque normalmente lida com escalas de tempo e espaccedilo nas quais a manipulaccedilatildeo experimental eacute impossiacutevel Assim a maioria das inferecircncia sobre o processos biogeograacuteficos deve vir d estudo de padrotildees desde comparaccedilotildees de amplitudes geograacuteficas da geneacutetica e de outras (BROWN LOMOLINO 2006 p15)

As teacutecnicas para a obtenccedilatildeo organizacional das espeacutecies normalmente satildeo

obtidas atraveacutes de extensos trabalhos de campo e relatos (feito por habitantes e

viajantes) Atualmente tambeacutem satildeo utilizadas teacutecnicas estaacuteticas na qual utilizaram

teorias probabiliacutesticas para simular a ocorrecircncia da distribuiccedilatildeo geograacutefica no

ambiente

Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos seres vivos na superfiacutecie da terra Figueiroacute

(2015) relata que ela estaacute ligada a cinco principais fatores condiccedilotildees ambientais

recursos disponiacuteveis capacidade de disseminaccedilatildeo capacidade evolutiva da espeacutecie

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

19

e a accedilatildeo humana que mais do que em qualquer outro contribui para o fim das

espeacutecies

Outro aspecto a ser ressaltado eacute em relaccedilatildeo agrave extinccedilatildeo Ela o mais grave

aspecto da crise da biodiversidade jaacute que eacute irreversiacutevel Embora seja um processo

natural na histoacuteria da vida de cada espeacutecie os impactos humanos em elevado a taxa

de extinccedilatildeo a pelo menos mil vezes a taxa natural nesses uacuteltimos 100 anos

deflagrando um verdadeiro ecociacutedio (BROSWIMMER 2005)

Portanto a distribuiccedilatildeo dos organismos no tempo e no espaccedilo eacute produto da

influencia passada e presente de fatores internos proacuteprios dos organismos que

favorecem o processo de disseminaccedilatildeo de espeacutecies e de fatores externos proacuteprios

do meio em que essas espeacutecies vivem e que atuam no sentido de limitar a expansatildeo

das aacutereas de sua ocorrecircncia (FIGUEIROacute 2015)

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

20

5 BREVE APORTE TEOacuteRICO

Os trabalhos biogeograacuteficos tecircm um importante papel na busca do

entendimento da distribuiccedilatildeo das espeacutecies em relaccedilatildeo ao nicho em que elas se

relacionam Aleacutem disso as pesquisas sobre as organizaccedilotildees das espeacutecies servem

de argumentaccedilatildeo cientifica para a realizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo geograacutefica da A

geraensis

Eriksom (1945) realizou a representaccedilatildeo claacutessica da distribuiccedilatildeo da erva-

daninha (Clemaltis fremontti) no estado de Missouri na parte central dos Estados

Unidos em escalas espaciais distintas As escalas maiores exibem a amplitude

geograacutefica baseada nas localidades de coleta conhecida As escalas

sucessivamente menores exibem a distribuiccedilatildeo das populaccedilotildees A escala menor

mostra a dispersatildeo de plantas individuais em uma uacutenica populaccedilatildeo local

Clausen et al (1948) evidenciou a diferenciaccedilatildeo morfoloacutegica da planta mil-

folhas Chillea millefoliun ao longo de uma gradiente de altitude na Serra Nevada

na Califoacuternia Supostamente essas desigualdades refletem adaptaccedilotildees locais

decorrentes de uma combinaccedilatildeo da seleccedilatildeo natural e do fluxo gecircnico reduzido

Rapoporrt (1982) evidenciou a abundancia da palmeira Copernicia alba ao

longo de trecircs quilocircmetros Os dados foram obtidos de fotografias aeacutereas nas quais

as palmeiras satildeo facilmente reconhecidas pelas suas formas distintas

Brown (1995) relatou a variaccedilatildeo na abundancia de duas espeacutecies de

paacutessaros a juruvariana norte americana e a carriccedila da Ameacuterica do Norte entre

centenas de censos de rota do North American Breeding Bird Survey3

Amplitude geograacutefica do canaacuterio amarelo (Dendroica petechia) foi realizada

por Mac Arthur (1972) Esse paacutessaro eacute amplamente distribuiacutedo em zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte mas nos troacutepicos ele eacute restrito aos mangues e

ilhas costeiras

3 O American Breeding Bird Survey eacute um programa de monitoramento aviaacuterio internacional de longo

prazo em larga escala iniciado em 1966 para rastrear o status e as tendecircncias das populaccedilotildees de aves norte-americanas Disponiveacutel em lthttpswwwpwrcusgsgovbbsgt Acessado em 04062017

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

21

Kodric e Brown (1979) realizaram a distribuiccedilatildeo de colibris de zonas

temperadas da Ameacuterica do Norte e algumas das plantas que os mesmos forrageiam

em busca de neacutectar Amplitudes de procriaccedilatildeo de oito espeacutecies de colibris que

ocorrem substancialmente na fronteira ao norte dos Estados Unidos

Correcirca (1998) apresentou dados fenoloacutegicos distribuiccedilatildeo geograacutefica haacutebitat e

ilustraccedilotildees das espeacutecies da famiacutelia Lentibulariaceae A famiacutelia estaacute representada no

Estado de Satildeo Paulo pelos gecircneros Genlisea e Utricularia A metodologia de estudo

eacute a usual para trabalhos de floriacutestica e taxonomia tendo sido analisados todos os

materiais coletados no Estado e depositados nos herbaacuterios paulistas e do Rio de

Janeiro O estudo representa uma contribuiccedilatildeo ao Projeto Temaacutetico Flora

Fanerogacircmica do Estado de Satildeo Paulo

Longhi et al (1998) produziram no Brasil a distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) As revelaccedilotildees sobre a abundacircncia da

espeacutecie foram examinadas em diferentes herbaacuterios complementados pela descriccedilatildeo

das populaccedilotildees no campo e por dados da literatura

Prado et al (2003) realizou a distribuiccedilatildeo geograacutefica das espeacutecies de

preguiccedila-de-coleira (Bradypus torquatus) macaco do novo mundo (Callicebus

melanochir) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) no corredor

central da Mata Atlacircntica na Bahia

Rocha (2004) elaborou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do pau-brasil (Paubrasilia

echinata Lam Leguminasae) desde o descobrimento ateacute a atualidade E ratificou

que a distribuiccedilatildeo da espeacutecie ocorre naturalmente nos estados do Rio de Janeiro

Espiacuterito Santo Bahia Alagoas Pernambuco Paraiacuteba e Rio Grande do Norte

Siqueira (2005) estudou o uso da modelagem preditiva de distribuiccedilatildeo

geograacutefica atraveacutes da utilizaccedilatildeo de algoritmo geneacutetico e algoritmo de distacircncia

de espeacutecies como ferramenta para a conservaccedilatildeo de espeacutecies vegetais em trecircs

situaccedilotildees distintas modelagem da distribuiccedilatildeo do bioma cerrado no estado de Satildeo

Paulo previsatildeo da ocorrecircncia de espeacutecies arboacutereas visando agrave restauraccedilatildeo da

cobertura vegetal na bacia do Meacutedio Paranapanema e a remodelagem da

distribuiccedilatildeo de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo (Byrsonima subterranea)

Foresto (2008) fez o levantamento floriacutestico de espeacutecie arbustivas e arboacutereas

da mata de galeria do Capatildeo Azul situada em meio a campos rupestres no Parque

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

22

Estadual do Rio Preto (MG) Ocorreu a identificaccedilatildeo das espeacutecies e tambeacutem houve

comentaacuterios em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica e identificaccedilatildeo de espeacutecies que

ocorrem no parque Comparaccedilotildees realizadas com outras matas mostraram que a

maioria das espeacutecies satildeo generalistas quanto ao haacutebitat e apresentam distribuiccedilatildeo

que vai aleacutem da regiatildeo Sudeste

Em seu estudo Pimentel (2009) verificou se a posiccedilatildeo biogeograacutefica das

populaccedilotildees pode predizer agrave sensibilidade das espeacutecies de aves a distribuiccedilatildeo

espacial de seu habitat medida pela cobertura e configuraccedilotildees dos remanescentes

florestais em paisagens fragmentadas Considerando 21 espeacutecies presentes em pelo

menos 30 fragmentos estabelecendo modelos de regressatildeo relacionando a

abundacircncia destas espeacutecies com cobertura e configuraccedilatildeo dos remanescentes e

ainda com a posiccedilatildeo biogeograacutefica das populaccedilotildees

O gecircnero Paepalanthus (sempre viva ou chuveirinho) no parque estadual do

Biribiri (MG) foi descrito e ilustrado bem como relatado em relaccedilatildeo agrave morfologia

habitat e distribuiccedilatildeo geograacutefica por Andrino (2013) O gecircnero Paepalanthus conta

atualmente com cerca de 400 espeacutecies distribuiacutedas principalmente das Ameacutericas

Central e do Sul

Godoy (2015) listou as informaccedilotildees sobre a distribuiccedilatildeo geograacutefica

identificaccedilatildeo e comentarios taxonomicos das espeacutecies de pequenos mamiacutefeos natildeo

voadores na regiatildeo do baixo rio Xingu Foram avaliados cerca de 320 individuos

obtidos por visitas e coleccedilotildees de herbarios

Em sua tese Oliveira (2015) analisou a distribuiccedilatildeo geograacutefica do veado-matildeo

curta (Mazama nana) Essa espeacutecie de cerviacutedeo ocupa a regiatildeo Sul do Brasil Norte

da Argentina e leste do Paraguai O Mazama nana tem sido severamente afetado

pela reduccedilatildeo das aacutereas florestadas A metodologia do estudo foi baseada em coleta

de amostras fecais extraccedilatildeo do DNA e posterior anaacutelise molecular e geneacutetica

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

23

6 DESCRICcedilAtildeO DA ESPEacuteCIE

61 TERRA PITORESCA TERRA DAS PALMEIRAS

Com mais de duzentas espeacutecies nativas o Brasil eacute um paiacutes privilegiado em

composiccedilatildeo de palmeiras (HENDERSON et al 1995) Essa abundancia fez com

que o paiacutes fosse chamado de Pindorama (terras das palmeiras) pelos iacutendios Tupy-

Guaranis (PINDORAMA 1993) Elas formam um grupo natural de plantas com

morfologia muito caracteriacutestica o que permite mesmo aos mais leigos a sua

identificaccedilatildeo sem maiores dificuldades (SODREacute 2005)

Entre as palmeiras existentes esta inserida a espeacutecie Indaiaacute que segundo o

dicionaacuterio Aureacutelio (2010) eacute uma designaccedilatildeo comum a vaacuterias palmeiras muito

elegantes do gecircnero attalea Essa espeacutecie vive em sociedades compactas e seus

frutos satildeo grandes como um limatildeo embora algumas se mostrem anatildes Ademais

grande parte dos indaiaacutes estatildeo localizadas na regiatildeo central Brasil

A palmeira indaiaacute que deu origem ao nome do municiacutepio de Indaiatuba possui

o nome cientifico de Attalea geraensis Barb Rodr (Figura 1) Trata-se de uma

palmeira pequena de difiacutecil cultivo e que conteacutem pequenos frutos (LORENZI 1996)

Ela estaacute distribuiacuteda amplamente no Brasil Bahia Goiaacutes Tocantins Minas Gerais

Distrito Federal e Satildeo Paulo (Mapa 1) Sendo comum na vegetaccedilatildeo de Cerrado ou

em floresta seca sobre solos arenosos especialmente em vales (HENDERSON et

al 1995)

Figura 1 - Attalea geraensis Bar Rodr no distrito industrial de Indaiatuba no inicio da deacutecada de 90

Fonte Acervo pessoal de Silva Penna

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

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ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

24

Mapa 1 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica da A geraensis no Brasil4

62 CARACTERIacuteSTICAS FISIOLOacuteGICAS

As palmeiras em geral apresentam um desenvolvimento perfeitamente

individualizado caracterizando quanto agrave forma e aspecto (HENDERSON et al

1995)

621 Raiacutezes

As raiacutezes fixam a palmeira no solo e exercem a funccedilatildeo de absorver aacutegua e

alimentos No indaiaacute elas satildeo ciliacutendricas distribuiacutedas subterraneamente do tipo

cabeleira no qual natildeo se distingue uma raiz principal sendo todas semelhantes

4 Disponiacutevel em

lthttpreflorajbrjgovbrrefloralistaBrasilConsultaPublicaUCBemVindoConsultaPublicaConsultardo

invalidatePageControlCounter=2ampidsFilhosAlgas=5B25DampidsFilhosFungos=5B12C102C11

5Damplingua=ampgrupo=5ampfamilia=nullampgenero=ampespecie=ampautor=ampnomeVernaculo=ampnomeCompleto=

Arecaceae+Attalea+geraensis+BarbRodrampformaVida=nullampsubstrato=nullampocorreBrasil=QUALQUER

ampocorrencia=OCORREampendemismo=TODOSamporigem=TODOSampregiao=QUALQUERampestado=QUAL

QUERampilhaOceanica=32767ampdomFitogeograficos=QUALQUERampbacia=QUALQUERampvegetacao=TO

DOSampmostrarAte=SUBESP_VARampopcoesBusca=TODOS_OS_NOMESamploginUsuario=Visitanteampsen

haUsuario=ampcontexto=consulta-publicagt Acessado em 07062017

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

25

(HENDERSON et al 1995) Algumas palmeiras possuem raiacutezes podem aparecer

acima do solo principalmente as nativas de matas uacutemidas (PINDORAMA 1993)

622 Caule

As palmeiras podem ter um uacutenico caule ou tronco (tambeacutem chamado de

estipe) simples ou solitaacuterio ou vaacuterios muacuteltiplos formando touceira No entanto a

maioria das espeacutecies ele eacute simples solitaacuterio de altura e espessura variaacutevel

Algumas palmeiras natildeo possuem o tronco acima do solo e suas folhas

parecem surgir diretamente do chatildeo como eacute o caso da Attalea geraensis Na

horticultura elas satildeo acaules mas realmente possuem um tronco subterracircneo Apoacutes

muitos anos desde que natildeo sejam perturbadas e as condiccedilotildees favorecem o tronco

pode emergir e alcanccedilar dezenas de centiacutemetros fora da terra (HENDERSON et al

1995)

623 Folhas

As palmeiras apresentam uma grande diversidade de folhas quanto ao

tamanho forma e divisatildeo Segundo Henderson (1995) as folhas satildeo formadas

essencialmente por um eixo no qual satildeo distinguidas trecircs partes ou regiotildees bainha

peciacuteolo e lacircmina A bainha eacute a base ou regiatildeo mais inferior que envolve o tronco

parcial ou totalmente O peciacuteolo eacute a continuaccedilatildeo da bainha e consiste na parte livre

da folha curta ou longa A lacircmina ou limbo eacute a parte folhosa e consiste numa raque

que eacute a continuaccedilatildeo do peciacuteolo

Lorenzi et al (2006) cita que o Indaiaacute possui foliacuteolos com arranjo regular

(Figura 2) Aleacutem disso ela tem 4 a 6 folhas com comprimento de 14 m

aproximadamente e satildeo arranjados em espiral Seu Peciacuteolo eacute esbranquiccedilado e tem

de 15 a 80 centiacutemetros de comprimento Jaacute o Raacutequis da folha possui de 120 a 230

centiacutemetros de comprimento

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

26

Figura 2 ndash Morfologia da folha do indaiaacute

Fonte O autor (2017)

624 Inflorescecircncias

As inflorescecircncias juntamente com as flores constituem a parte reprodutiva

das palmeiras O sistema eacute bastante complexo nas attaleas sendo a expressatildeo

sexual exibida em um determinado momento geralmente associado agrave idade ou

tamanho das palmeiras (HENDERSON 2002)

Na A geraensis elas podem ser de trecircs tipos podendo-se encontrar

diferentes tipos de inflorescecircncias no mesmo indiviacuteduo Produzem inflorescecircncias

masculinas (somente flores estaminadas agraves vezes com flores pistiladas esteacutereis)

mistas (flores estaminadas e pistiladas) ou femininas (flores pistiladas com algumas

flores estaminadas esteacutereis) poreacutem inflorescecircncias mistas satildeo raras (HENDERSON

2002) Na figura 3 satildeo exemplificados o primeiro e o terceiro tipos

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

27

Figura 3 - Inflorescecircncia respectivamente estaminada5 e pistilada da A geraensis

625 Frutos

Os frutos das palmeiras satildeo muito variaacuteveis no tipo cor tamanho e forma

Comumente satildeo chamados cocos e devido o tamanho menor coquinhos As plantas

que os produzem satildeo chamadas popularmente de coqueiros (HENDERSON et al

1995)

Os primeiros cocos de cor marrom avermelhado aparecem quando o indaiaacute

tem por volta de 3 a 5 anos de idade (Figura 4) Seu endocarpo eacute pouco fibroso

(HENDERSON et al 1995) Jaacute seu mesocarpo tem um aroma adocicado o que atrai

a fauna (LORENZI et al 1996) conforme demostra a figura 5

5 Disponiacutevel em lthttpwwwpalmnutpagescomresults_detailcfmid=1748gt Acessado em

04062016

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

28

Figura 4 - Frutos do indaiaacute popularmente chamados de coquinhos

Fonte O autor (2017)

Figura 5 ndash Corte dos frutos evidenciando seu endocarpo mesocarpo e sementes

Fonte Martins (2014)

63 FORMAS DE UTILIZACcedilAtildeO

As palmeiras apresentam um grande potencial ornamental e culinaacuterio (Figura

6) Elas satildeo utilizadas na alimentaccedilatildeo na produccedilatildeo de oacuteleos no artesanato na

construccedilatildeo de moradias e no paisagismo apresentando um potencial econocircmico

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

29

significativo (HENDERSON et al 1995 GALLETI ERNANDEZ 1998 SCARIOT

1999)

Segundo Nascimento et al (1998) a comunidade indiacutegena Krahoacute no estado

do Tocantins utiliza a palmeira indaiaacute para a alimentaccedilatildeo produccedilatildeo de bebidas e

construccedilatildeo de casas Isso fica demonstrado na tabela (Anexo I) que tambeacutem

evidencia a diversidade de palmeiras utilizadas por esse povo

Em outro estudo Thoma et al (2016) tambeacutem descreve algumas aplicaccedilotildees

da famiacutelia Arecaceae Os autores relatam que a A geraensis pode ser utilizada no

paisagismo na alimentaccedilatildeo e na cobertura de casas (Anexo II)

Em Indaiatuba os iacutendios tupi que habitaram a regiatildeo no passado utilizaram as

folhas das palmeiras para cobrir casas e construir camas6 Jaacute os moradores da

eacutepoca em que a cidade realmente era um campo com muitos indaiaacutes relatam que o

coquinho era bastante saboroso assim como o seu caule que produzia palmitos

Aleacutem disso segundo Eliana Belo Silva7 indaiatubanos antigos relatam que

tudo da palmeira era utilizado inclusive para forrar telhados e barracas de festas

religiosas Na entrevista feita com Vitor Pecht ele recorda que um dos motivos para a

reduccedilatildeo do Indaiaacute foi o consumo do palmito que existe em seu talo O peacute da attalea

tinha que ser arrancado para aproveitar o palmito

Dona Alzira Ferrarezzi Carotti relembra de um dos usos do Indaiaacute em suas

memoacuterias

Fizemos no quintal de nossa casa um paliccedilado um rancho coberto de folhas de indaiaacute dos lados protegendo contra os ventos e tornando-se quase um cocircmodo bem abrigado (CARROTI 2002 p 30)

6 Fonte Os povos Guarani na regiatildeo de Indaiatuba Disponiacutevel em lt

httpptscribdcomdoc35430825Os-povos-Guarani-na-regiao-de-Indaiatubagt Acessado em

15112016

7 Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombrsearchq=palmeira+indaiC3A1gt

Acessado em 20122016

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

30

Figura 6 - Algumas formas de utilizaccedilatildeo da palmeira por comunidades indiacutegenas

Fonte Borges Grimaldi (2014)8

64 REPLANTIO E CULTIVO

Uma caracteriacutestica marcante do gecircnero attalea eacute a habilidade que muitas

espeacutecies possuem de persistirem e se desenvolverem em aacutereas perturbadas

(HENDERSON et al 1995) Foram identificadas pelo menos 14 espeacutecies (A

attaleoides A butyracea A cohune A colenda Acrassispatha A dubia A

funifera A humilis A insignis A maripa A geraensis A oleifera Aphalerata A

speciosa e A spectabilis) que prosperam em ambientes perturbados (HENDERSON

et al 1995 SOUZA et al 2000 PIMENTEL TABARELLI 2004)

A attalea geraensis aprecia solos arenosos ou vermelhos que sejam aacutecidos

(pH entre 40 a 53) e que drenem bem a aacutegua das chuvas com fertilidade natural

formada de decomposiccedilatildeo de folhas e capim Eacute Planta resistente agrave secas e a

8 Disponiacutevel em BORGES S GRIMALDI S Um projeto Maranhatildeo (Brasil) Gestatildeo de recursos

naturais pelo povo indiacutegena Canela Ramkokamekraacute X jornada de arqueologia ibero-americana

Portugal 2014

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

31

geadas de ateacute ndash 3 graus Pode ser cultivada desde o niacutevel do mar ateacute 950 m de

altitude9

Uma das coisas que mais dificultam a reproduccedilatildeo do indaiaacute eacute a sua demora

em germinar Seus coquinhos podem ser enterrados diretamente neste caso as

sementes levam ateacute dois anos para nascer (HENDERSON et al 1995) Em vista

disso para acelerar e uniformizar o processo germinativo de algumas espeacutecies tem

sido recomendado agrave remoccedilatildeo completa das partes do fruto que envolve as

sementes como em A crocomia mexicana A sclerocarpa A geraensis A

phalerata Butia archeri B capitata (LORENZI 1996) e Hyphaene thebaica Nesse

processo a germinaccedilatildeo ocorre de 90 a 120 dias e as mudas crescem lentamente

atingindo 30 cm com 18 meses de idade

Mas a dormecircncia das sementes tambeacutem apresenta aspectos positivos para a

espeacutecie Elas podem permanecer viaacuteveis no banco de sementes do solo por longos

periacuteodos de tempo graccedilas ao seu alto conteuacutedo energeacutetico e ao seu endocarpo

espesso que as protege do ataque de predadores (HENDERSON 2002 AGUIAR

TABARELLI 2009) A germinaccedilatildeo remota faz com que o ponto de crescimento de

placircntulas e palmeiras jovens fique enterrado abaixo do solo prevenindo sua

destruiccedilatildeo pelo fogo ou por praacuteticas agriacutecolas (HENDERSON et al 1995

HENDERSON 2002) A eficiecircncia deste tipo de germinaccedilatildeo foi observada por Souza

e colaboradores (2000) em estudo sobre a palmeira acaulescente A humilis Apoacutes

seis meses da ocorrecircncia de fogo surgiram pequenas placircntulas da espeacutecie em dois

dos trecircs fragmentos estudados

Em relaccedilatildeo agrave sua disseminaccedilatildeo segundo Almeida et al (2003) a A

geraensis possui um sistema de dispersatildeo dependente basicamente de duas

espeacutecies de roedores Clyomys bishopi e o Dasyprocta azarae (cotia) Os autores

ainda relatam que se houver perda das espeacutecies de mamiacuteferos dispersores da

palmeira haacute uma tendecircncia para o aumento da predaccedilatildeo dos frutos que

permanecem por longo tempo embaixo da planta principalmente por insetos

9 Recomendaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwcolecionandofrutasorgattaleagearenhtmgt Acessado

em 18122016

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

32

65 PALMEIRA TIacutePICA DE AacuteREAS DO CERRADO

No cerrado as palmeiras natildeo satildeo muito diversas no entanto ocorrem com

muita abundancia e representam recursos valiosos para a vida silvestre (VIDAL

2007) A attalea estaacute entre os principais gecircneros existentes no cerrado junto com a

Arocomia Allogopterra Astrocaryum Butia e Syagrus (HENDERSON et al 1995)

Esse bioma encontra-se quase totalmente dentro do territoacuterio brasileiro

cobrindo de 20 a 25 da aacuterea do paiacutes (GIANOTTI LEITAtildeO FILHO 1992) Sua aacuterea

contiacutenua abrange diversos estados das regiotildees Nordeste Centro-Oeste e Sudeste

(EITEN 1994) Aleacutem disso apresenta uma alta taxa de biodiversidade possuindo

um grande nuacutemero de espeacutecies vegetais endecircmicas sendo aproximadamente 60

dessas espeacutecies de porte arboacutereo e 30 arbustivo (CASTRO et al1999)

Segundo Machado (2005) os cerrados ocorrem em diferentes solos e relevos

e apresentam diferentes fisionomias com uma progressiva reduccedilatildeo da densidade

arboacuterea Sendo assim na fisionomia do cerradatildeo satildeo observadas aacutervores altas e

com maior densidade jaacute no cerrado denso prevalece fisionomia aberta e aacutervores

mais baixas no cerrado tiacutepico as aacutervores satildeo baixas e esparsas e arbustos no

cerrado predomina arbustos esparsos no campo sujo eacute observada a presenccedila de

gramiacuteneas aacutervores e arbustos isolados no campo limpo apresentam apenas

gramiacuteneas em solos mais distroacuteficos Essas fisionomias ocorrem em condiccedilotildees de

clima quente semiuacutemido e sazonal com veratildeo chuvoso e inverno seco (MACHADO

et al 2005) Haacute predominacircncia de solos profundos bem drenados aacutecidos com

altos teores de alumiacutenio e baixos teores de mateacuteria orgacircnica (COUTINHO 2002)

Aziz AbacuteSaber descreve de forma didaacutetica os aspectos morfoloacutegicos do

cerrado evidenciado sua grande extensatildeo pelo Planalto Brasileiro

A imagem geralmente feita de que a aacuterea dos cerrados seria constituiacuteda apenas por enormes chapadotildees situados na posiccedilatildeo de divisores entre a drenagem do prata e do amazonas eacute somente em parte verdadeira Certamente se trata do domiacutenio morfoclimaacutetico brasileiro onde ocorre a maior massividade extensividade e homogeneidade relativa de formas topograacuteficas planaacutelticas do Brasil intertropical Planaltos sedimentares cedem lugar quase em soluccedilatildeo de continuidade a planaltos de estruturas mais complexas nivelados por velhos aplainamentos de cimeira formando o grande planalto central Nunca seraacute demais lembrar que o conjunto espacial do domiacutenio dos cerrados nos altiplanos centrais representa mais ou menos a metade da aacuterea total do gigantesco conjunto de terras altas de

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

33

mediana altitude (600 a 1100m) designado por Planalto Brasileiro (ABacuteSABER 2003 p 120)

O cerrado eacute atualmente um dos biomas sul-americanos mais ameaccedilados

devido principalmente agrave raacutepida expansatildeo da agricultura Aproximadamente 35 da

sua cobertura natural foram convertidas em pastos e plantaccedilotildees (OLIVEIRA

MARQUIS 2002)

66 ENCLAVES DE CERRADO NA REGIAtildeO DE INDAIATUBA SALTO E ITU

No estado de Satildeo Paulo onde as pressotildees pelo o desmatamento e a

ocupaccedilatildeo das terras tecircm sido intensas haacute mais de um seacuteculo os raros fragmentos

do cerrado que ainda restam satildeo alvos constantes do desejo de agricultores (VIDAL

2007) No estado paulista natildeo se encontram todas as fitofisionomias dos cerrados

(DURIGAN et al 2004) Natildeo obstante por serem os uacuteltimos exemplares esses

fragmentos de cerrado desempenham papel vital na representaccedilatildeo da

biodiversidade (PIVELLO KORMAN 2005)

Segundo AbacuteSaber (2002) a regiatildeo de Itu-Salto e seu entorno apresentam

um dos mais importantes siacutetios fitogeograacuteficos e geoecoloacutegicos do Brasil Em um

espaccedilo de apenas algumas dezenas de quilocircmetros quadrados encontra-se a

cobertura vegetal dos cerrados (Figura 7) Satildeo casos de enclaves10 conhecidos no

interior das aacutereas nucleares jaacute que nessa regiatildeo predomina a vegetaccedilatildeo de Mata-

Atlacircntica

O autor ainda relata que as principais manchas de cerrado observaacuteveis estatildeo

agraves colinas sedimentares da depressatildeo perifeacuterica paulista tendo como referencia de

maior visibilidade a regiatildeo de Pirapitangui (Itu) As aacutereas de ocorrecircncias de

cactaacuteceas por sua vez tiveram preferencia total pelos campos de matacotildees de

regiatildeo de Salto Nos dois casos trata-se de paisagem muitos perturbadas devido agrave

ocupaccedilatildeo dos espaccedilos de cerrados por grandes induacutestrias olarias e armazeacutens

10

Segundo o autor a expressatildeo lsquoenclaversquo remete a mancha de outras aacutereas geoecoloacutegicas

mas que estatildeo inseridas em um local diverso de sua regiatildeo comum

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

34

Figura 7 - Cerrado na aacuterea de Pirapitingui 2003

Fonte Viadana (2002)11

A constataccedilatildeo feita por AbacuteSaber para as regiotildees de Salto-Itu e seus entornos

tambeacutem podem de certo modo ser aplicadas ao municiacutepio de Indaiatuba A terra

dos indaiaacutes fica a cerca de 20 km de Salto e a cerca de 44 km da regiatildeo de

Pirapitingui (Itu) (Anexo III) Aleacutem da proximidade com os enclaves destacados pelo

autor as manchas de cerrado na aacuterea do estudo tambeacutem podem ser evidenciadas

pela presenccedila de vegetaccedilotildees tiacutepicas desse bioma (Figura 8)

Figura 8 - Aacuterea de cerrado no municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

11

Fonte VIADANA A G A teoria dos Refuacutegios Florestais aplicada ao Estado de Satildeo Paulo Ediccedilatildeo

do autor Rio Claro (SP) 2002

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

35

7 CARACTERIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO

71 ASPETOS GERAIS

Situada no traccedilado da estrada de ferro sorocabana Indaiatuba limita-se com

as cidades de Monte Mor Campinas Itu Salto Itupeva e Elias Fausto

(SANNAZZARO 1997) (Mapa 2) O muniacutecipio pertence agrave regiatildeo metropolitana de

Campinas e possuiacute o quarto maior produto interno bruto desse aglomerado

Seu nome deriva-se da liacutengua tupi iniyaacute (indaiaacute) e tyba (ajuntamento)

(NAVARRO 2005) Com isso Indaiatuba significa ldquoaglomerado de indaiaacutesrdquo Seu

nome anterior tambeacutem possui ligaccedilatildeo com a palmeira pois entre os seacuteculos XVIII e

inicio do seacuteculo XIX a regiatildeo recebeu a denominaccedilatildeo de cocais devido aos

coquinhos dos indaiaacutes (CARVALHO 2009)

A principal estrada de acesso ao municiacutepio eacute a Rodovia Engenheiro Ermecircnio

de Oliveira Penteado (SP-75) que por meio de ligaccedilotildees com outras vias

importantes como Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) Rodovia Castello

Branco (SP-280) Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia do Accediluacutecar (SP-308)

alcanccedila os principais polos econocircmicos do estado Aleacutem desta rodovia o municiacutepio

possui estradas secundaacuterias que ligam a cidade aos seus municiacutepios vizinhos

Segundo a Cacircmara dos Vereadores de Indaiatuba12 seu brasatildeo foi instituiacutedo

pela Lei nordm 930 de 17 de outubro de 1966 e obedece aos riacutegidos princiacutepios da

Heraacuteldica (Figura 9) A simbologia do brasatildeo tem o formato redondo estilo

portuguecircs peninsular o que lembra o passado lusiacuteada do Brasil Os dois campos de

goacuteles (vermelho) evocam os sentimentos de liberdade intrepidez e combatividade O

terceiro campo de blau (azul) representa a lealdade a gloacuteria a serenidade e o zelo

No primeiro campo o peacute de Indaiaacute eacute a imediata lembranccedila do nome da cidade

desde os seus primeiros tempos no segundo campo as duas polias conjugadas

lembram o esforccedilo industrial da cidade que marca o seu progresso e a sua evoluccedilatildeo

12

Disponiacutevel em lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalsimbolosaspgt Acessado em 06052016

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

36

constante No terceiro campo a faixa de prata ondulada representa o Rio Jundiaiacute

que constitui a base de seu sistema hidrograacutefico

Em relaccedilatildeo aos siacutembolos exteriores a coroa mural eacute a simbologia do

municiacutepio em Heraacuteldica e o escudete de blau (azul) com uma flor de lis de prata que

cobre a porta principal da coroa mural eacute a evocaccedilatildeo da Padroeira do Municiacutepio

Nossa Senhora da Candelaacuteria O ramo de cafeacute frutificado na sua cor natural agrave

direita eacute o simbolismo do trabalho de todos os paulistas que formaram os cafezais

contribuindo para o engrandecimento do Brasil e a consolidaccedilatildeo do seu creacutedito no

exterior

Mapa 2 - O municiacutepio de Indaiatuba estaacute situado na regiatildeo sudoeste do Estado de Satildeo Paulo

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

37

Figura 9 - Brasatildeo de Indaiatuba

Fonte Cacircmara municipal de Indaiatuba (SP)

71 BREVE HISTOacuteRICO SOBRE A TERRA DOS INDAIAacuteS

A proviacutencia de Satildeo Paulo quase natildeo tinha nuacutecleos urbanos ateacute o seacuteculo XVIII

e na regiatildeo soacute existiam as Vilas de Itu e Jundiaiacute Com isso o governo portuguecircs

adotou na segunda metade do seacuteculo XVIII uma vigorosa poliacutetica de incentivo agrave

produccedilatildeo de accediluacutecar na proviacutencia13 Essa iniciativa deslanchada pelo governador

Morgado de Mateus visava estimular o povoamento do interior de Satildeo Paulo Seu

objetivo era incentivar o surgimento e crescimento de novas Vilas criando nuacutecleos

de populaccedilatildeo para enfrentar um possiacutevel avanccedilo dos espanhoacuteis no sul do paiacutes

Com esse incentivo agrave migraccedilatildeo populacional o povoado de Indaiatuba

nasceu No inicio ela foi um dos bairros rurais da Vila de Itu no caminho que era a

passagem de tropas para o sul do Brasil e do sul para as vilas mineradoras de Mato

Grosso e Goiaacutes passando pelo mesmo caminho (CARVALHO 2009)

13

Disponiacutevel em

lthttpcidadesibgegovbrpainelhistoricophplang=ampcodmun=352050ampsearch=sao-

paulo|indaiatuba|infograficos-historicogt Acessado em 15012017

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

38

A gecircnese do nuacutecleo urbano data do iniacutecio do seacuteculo XIX e teve como marca

uma capela curada que mais tarde torna-se a Igreja Matriz da cidade a Igreja

Candelaacuteria que se encarregavam das funccedilotildees religiosas e puacuteblicas Assim foi em

torno do Largo da Matriz que as primeiras residecircncias e estabelecimentos

comerciais foram construiacutedos na cidade dando iniacutecio ao desenvolvimento da vida

urbana (Figura 10) Ali viria a se constituir o centro oitocentista da vila de Indaiatuba

com traccedilado urbano regular quadriculado vinculado agraves experiecircncias portuguesas de

planejamento urbano associadas agrave eacutepoca de Pombal (KOYAMA CERDAN 2001)

(Figura 11)

Em torno da matriz foram sendo construiacutedas as residecircncias urbanas dos fazendeiros da freguesia hoje quase todas demolidas e em redor as casas de comerciantes artesatildeos e trabalhadores livres Na frente da Igreja da Candelaacuteria havia uma aacuterea aberta o Largo da Matriz centro da vida local onde aconteciam eventos civis e religiosos com a Festa da Padroeira e a saiacuteda da romaria para a Pirapora (KOYAMA CERDAN 2011 p 71)

Figura 10 - Foto aeacuterea de Indaiatuba 19391940

Fonte Carvalho (2009)

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

39

Fonte Carvalho (2009)

Em 1830 Indaiatuba tornou-se freguesia da Vila de Itu foi nesse ano que o

nome Indaiatuba se torna oficial ateacute esse momento a regiatildeo era chamada de

Votura14 Somente em 24 de marccedilo de 1859 ela seria elevada agrave condiccedilatildeo de Vila

ganhando assim autonomia poliacutetica em relaccedilatildeo a Itu com sua proacutepria Cacircmara de

Vereadores Em 19 de dezembro de 1906 Indaiatuba foi elevada agrave condiccedilatildeo de

cidade pela Lei Estadual nordm 1038 (SANNAZZARO 1997)

Na segunda metade do seacuteculo XIX a cidade passa a receber imigrantes

italianos alematildees e suiacuteccedilos Esses estrangeiros trabalharam principalmente nas

fazendas de cafeacute Algumas deacutecadas depois a partir de 1930 a cidade passa a

receber imigrantes japoneses para trabalhar em plantaccedilotildees de tomate e de algodatildeo

(CARVALHO 2009) (Figura 12)

14

O nome Votura eacute relacionado designaccedilatildeo do ribeiratildeo cuja foz era proacutexima ao local da povoaccedilatildeo O

padre Armando Cardoso pesquisador da liacutengua tupi-guarani acrescenta novos elementos agrave questatildeo

ao afirmar que o local onde o povoado se constituiu era conhecido como Ibituri nome supostamente

atribuiacutedo pelos iacutendios antigos que moravam no vale antes de escravizados pelos colonos Ibituri (ou

Ybytyry) em tupi-guarani significaria aacutegua ou rio do monte Disponiacutevel em

lthttpwwwindaiatubasplegbrinstitucionalhistoriaindaiaaspgt Acessado em 01062017

Figura 11 - Planta da aacuterea urbana de Indaiatuba em 1865

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

40

Figura 12 - Comemoraccedilatildeo do aniversaacuterio da imigraccedilatildeo japonesa em Indaiatuba

Fonte Fundaccedilatildeo Proacute-Memoacuteria de Indaiatuba

72 EVOLUCcedilAtildeO URBANA

Segundo Arauacutejo (2015) em 1972 a mancha urbana de Indaiatuba

correspondia a apenas 998 km2 cerca de 319 da aacuterea total do municiacutepio (313

kmsup2) e em pouco mais de quatro deacutecadas a aacuterea urbanizada de Indaiatuba cresceu

de 998 kmsup2 para 10271 kmsup2 ou seja um pouco mais de dez vezes

O uso residencial eacute o predominante na aacuterea urbana seguido de chaacutecaras

que eacute uma caracteriacutestica marcante do municiacutepio Em terceiro lugar estaacute o uso de

serviccedilos e com mais ou menos a mesma abrangecircncia em quarto lugar os vazios

urbanos e em quinto o uso industrial (ARAUJO 2015)

Aleacutem desses usos existem os equipamentos sociais e de serviccedilos Eles

incluem espaccedilos ocupados por equipamento educacionais de sauacutede aleacutem de aacutereas

ocupadas por centro de cultura esporte e lazer (Mapa 3)

Em relaccedilatildeo ao avanccedilo populacional segundo Carvalho (2009) em 1950

havia 11253 habitantes no municiacutepio em 1964 eram 22928 habitantes A partir

daiacute o crescimento acelerou-se baseado principalmente na expansatildeo da induacutestria e

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

41

de serviccedilos Em 1991 havia 92700 habitantes Na estimativa no IBGE em 2000

saltou para 146829 habitantes em 2015 a cidade tinha 231033 habitantes

Mapa 3 - Uso do solo no municiacutepio de Indaiatuba (2012)

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

42

73 ASPECTOS FIacuteSICOS

De acordo com Almeida et al (1981) no municiacutepio afloram rochas

sedimentares do Subgrupo Itarareacute (presentes na borda leste da bacia do Paranaacute) e

rochas do embasamento cristalino constituiacutedo por rochas metamoacuterficas e diversos

corpos granitoides (Mapa 4)

Mapa 4 - Geologia do municiacutepio de Indaiatuba

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

43

Sob o aspecto geomorfoloacutegico a regiatildeo de Indaiatuba estaacute situada

justamente no contato entre os terrenos sedimentares do Periacuteodo Permo-

Carboniacutefero da Era Paleozoacuteica (Bacia do Paranaacute) e o embasamento Cristalino do

escudo Brasileiro do Preacute-Cambriano (Mapa 5) De acordo com Christofoletti (1968)

o relevo da regiatildeo constituem-se em formas colinosas abrangendo colinas amplas

meacutedias e pequenas aleacutem de vaacuterios morrotes As vertentes satildeo de baixa declividade

se estendendo a perder de vista (CHRISTOFOLETTI 1968) Apresentando assim

pouca movimentaccedilatildeo do relevo e aacutereas de fraca declividade

Mapa 5 - Geomorfologia do municiacutepio de Indaiatuba

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

44

Em relaccedilatildeo agrave pedologia segundo Alves (2002) na regiatildeo sudoeste do

municiacutepio satildeo encontrados solos pedregosos (Mapa 6) Ao longo dos cursos drsquoaacutegua

eacute possiacutevel observar a ocorrecircncia de solos hidromoacuterficos contudo os solos satildeo em

sua maioria arenosos ou argilosos ou seja apresentam respectivamente texturas

arenosas a qual compreende composiccedilotildees granulomeacutetricas em que o teor de

menos o teor de argila e textura argilosa na qual o teor de argila na composiccedilatildeo

(RESENDE 2007)

Mapa 6 - Pedologia de Indaiatuba

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

45

Atualmente o municiacutepio conta com cerca de 4 da vegetaccedilatildeo que

predominava a regiatildeo (Mata Atlacircntica) Aleacutem dessas vegetaccedilotildees remanescentes o

municiacutepio ainda com pequenas manchas de cerrado

Em relaccedilatildeo a essa distribuiccedilatildeo vegetal a maior parte se situa proacutexima agrave linha

divisoacuteria do municiacutepio estando assim afastadas do centro urbano Haacute um fragmento

particularmente grande no limite oriental onde a imagem de sateacutelite indica presenccedila

de vegetaccedilatildeo densa e saudaacutevel com tamanho suficientemente grande para prover

suporte agrave vida selvagem (WWF 2004) (Mapa 7)

Mapa 7 - Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo identificaacuteveis nas imagens do sateacutelite

CBERS 2 para o municiacutepio de Indaiatuba

Fonte Candido Nunes (2010)15

15

Fonte CANDIDO D H NUNES L H Distribuiccedilatildeo espacial dos fragmentos de vegetaccedilatildeo arboacutere

da regiatildeo metropolitana de Campinas Uma anaacutelise com uso de ferramentas de geoprocessamento

Piracicaba (SP) v5 n1 2010

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

46

8 DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO INDAIAacute

A vastidatildeo das palmeiras no Brasil eacute tatildeo grande que estaacute relacionada com a

toponiacutemia de diversos municiacutepios Entre eles pode se destacar Indaiatuba (SP)

Dores do indaiaacute (MG) Palmeira dos Iacutendios (AL) Palmeira das Missotildees (RS)

Palmeiras de Goiaacutes (GO) etc

A maioria das espeacutecies satildeo tropicais ou subtropicais poucas ocorrem fora

dessas regiotildees (HENDERSON 2002 JOHSON 1988) Segundo Johnson et al

(1996) na aacuterea tropical elas estatildeo presentes em todos os habitats floresta pluvial

floresta semideciacutedua pacircntano de aacutegua doce e salina vaacuterzea de rio savana deserto

e montanha O referido autor ainda relata que esse fator faz da conservaccedilatildeo das

palmeiras um assunto com dimensotildees geograacuteficas muito amplas

A principal ameaccedila agrave sua diversidade eacute o desmatamento nos troacutepicos A

super-exploraccedilatildeo de importacircncia econocircmica tambeacutem eacute ameaccedilador jaacute que o

crescimento populacional e as demandas comerciais tecircm levado a uma alarmante

depleccedilatildeo dos recursos naturais em muitas regiotildees (JOHNSON et al 1996 UHL

DRANSFIELD 1987)

Para equilibrar a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento versus desmatamento os

conservacionistas devem encontram um balanccedilo entre a preservaccedilatildeo e a utilizaccedilatildeo

das espeacutecies pelas populaccedilotildees humanas (JOHNSON 1988 JOHNSON et al

1996)

Em relaccedilatildeo agrave A geraensis o ICMBIO16 descreve que a espeacutecie eacute

recomendada para o plantio em locais de recuperaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo do cerrado O

trabalho tambeacutem demonstra que ela ocorre naturalmente em aacutereas de cerrado tiacutepico

81 UM PASSADO REPLETO DE INDAIAacuteS

16 Disponiacutevel em

lthttpwwwicmbiogovbreducacaoambientalimagesstoriesbibliotecapermaculturaManual_recuper

acao_cerradopdfgt Acessado em 01062017

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

47

A abundacircncia e as utilidades do indaiaacute ficaram cravadas nas memoacuterias da

geraccedilatildeo que viveu entre os campos de palmeiras rasteiras conforme seraacute

observado nas entrevistas deste capitulo Portanto ela estava inserida no contexto

da sociedade indaiatubana tanto por ter sido uma espeacutecie de aspectos marcantes

(abundancia porte baixo presenccedila de coquinhos e palmito comestiacuteveis etc) quanto

por ter dado origem ao nome do municiacutepio Indaiatuba faz jus ao nome que possui

Laiacutes recorda que ateacute 1952 Indaiatuba acabava na Rua 24 de maio - depois

desta rua ateacute a altura da Avenida Conceiccedilatildeo a cidade era um grande campo de

Indaiaacutes Araticum e Gabiroba (frutas silvestres tiacutepicas do cerrado brasileiro) Mas

naquele ano o cenaacuterio mudou No lugar das plantas nativas foi fundado o bairro

Cidade Nova e foi ali onde muitas famiacutelias e comeacutercios comeccedilaram a se instalar e

estatildeo laacute ateacute hoje17

No livro ldquoO tempo e a genterdquo Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro narra

suas memoacuterias sobre Indaiatuba Nesses relatos estatildeo contidas agraves descriccedilotildees da

flora das terras do outro lado18 evidenciando a presenccedila da A geraensis

[] o terreno arenoso do outro lado era formado de macegas de capim barba-de-bode intercaladas com touceiras de Indaiaacutes e peacutes de araticuns Era o nosso campos desprovido de cultura com poucas propriedades delimitadas por cercas (SANNAZZARO 1997 p 77)

Em sua cronologia sobre Indaiatuba o historiador Nilson Cardoso descreve a

visita de Francisco Inaacutecio Homem de Melo19 no final de 1868 Em sua passagem

17

Disponiacutevel em lthttphistoriadeindaiatubablogspotcombr200904o-bairro-cidade-novahtmlgt

Acessado em 08062017

18 Pelas palavras de Sannazzaro o termo ldquooutro ladordquo era a designaccedilatildeo das terras que ficavam do

outro lado da linha feacuterrea da estada de ferro Sorocabana atual Bairro de Santa Cruz onde viviam a

maior parte da populaccedilatildeo negra e pobre do municiacutepio Sendo o lado de caacute a cidade propriamente

dita

19 Filho do segundo Baratildeo de Pindamonhangaba Francisco Inaacutecio foi um politico diferenciado em sua

eacutepoca explorando elementos da erudiccedilatildeo histoacuterica e geograacutefica isso marcou sua carreira politica e

engrandeceu seu legado

Fonte CAVENAGHI AJ O Barratildeo Homem de Mello sua histoacuteria e outras histoacuterias Satildeo Paulo (SP)

2009

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

48

Melo evidencia a abundancia da espeacutecie e a utilizaccedilatildeo dos cocos para a produccedilatildeo

de doces

[] chegamos agrave villa de Indayatuba a 24 kilometros de distancia de Campinas e 20 kilometros de Itu O povoado assenta em uma vistosa planicie cuja vegetaccedilatildeo quase exclusiva eacute a palmeira Indayaacute Eacute esta uma aacutervore rasteira e produz excellente cocircco de que os naturais fazem doces com o mesmo processo que se emprega para o cocircco da Bahia Esta planta de si soacute indica esterilidade do solo soacute daacute em terra seca e arecircenta O cacho daacute junto ao chatildeo e tem ordinariamente de trinta a quarenta frutos (CARVALHO 2009 p 56)

Em 2006 a Prefeitura Municipal de Indaiatuba lanccedilou em conjunto com o

Fundo Proacute-Memoacuteria o livro ldquoUm olhar sobre Indaiatubardquo Esse documento conteacutem

relatos que remetem as lembranccedilas da sociedade indaiatubana Dentre essas

memoacuterias estaacute inserida a de Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl O antigo morador cita

uma utilizaccedilatildeo e a respetiva localizaccedilatildeo da palmeira que produzia coquinhos

Quando olho minha querida Indaiatuba em minha mente passa um videotape fazendo-me recordar dos trajetos de minha vida nesta maravilhosa e querida terra dos Indaiaacutes Sim a terra dos indaiaacutes Lembro-me de centenas de indaiaacutes que produz coquinhos) de onde se retirava a polpa pra comerComo era deliciosoiacuteamos buscar no antigo campo de aviatildeo hoje bairro Cidade Nova onde existiam centenas de peacutes espalhados pelo campo Hoje natildeo se encontra mais nenhum peacute desta fruta que eacute siacutembolo da cidaderdquo (Kraumlenbuumlhl 2006 p 231)

Essas satildeo algumas memoacuterias que relatam a espeacutecie no municiacutepio A fim de

expandir os registros e reforccedilar os locais de sua presenccedila foram feitas entrevistas

com quem de alguma forma teve contato com a espeacutecie Em geral como seraacute visto

a seguir satildeo pessoas que viveram suas infacircncias na terra das palmeiras rasteiras e

que presenciaram o raacutepido crescimento de Indaiatuba

Edson Buzanelli ldquoLembro-me de tantas vezes que fui pegar a bola quando

jogava nas quadradas de chatildeo batido do (coleacutegio) Dom Joseacute na eacutepoca que natildeo

tinha nem cerca e nem muro Normalmente o gol natildeo tinha rede e quem se

atrevesse a marcar um ou mais gols ganhava como precircmio a busca da bola no meio

dos Indaiaacutesrdquo

Paulo Torce ldquoNo terreno atraacutes do coleacutegio Dom Joseacute tinha muitas indaiaacutes

Pequena que o nosso povo acabou com tudordquo

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

49

Paulo Costa ldquoQuando eu andava de bicicleta no antigo aeroporto de

Indaiatuba existiam milhares destes peacutes de Indaiaacute a se perder de vistardquo

Deize Barnabeacute de Morais ldquoA cidade natildeo era repleta delas Havia muitas onde

hoje eacute a Cidade Nova Vila Avaiacute Vila Maria Helena e imediaccedilotildees Eram espalhadas

pelo cerrado e davam cachos de frutos bem rasteiros e duros Quando cortados

brotavam depois da primeira chuva e os brotos eram arrancados como palmito Isso

deve ter contribuiacutedo muito para sua extinccedilatildeo Aleacutem evidentemente pela

urbanizaccedilatildeo aceleradardquo

Socircnia Maria Domingues Barnabeacute ldquoNa Praccedila Nilton Prado foi plantada haacute

alguns anos uma linda muda pelo Senhor Gentil Scartonrdquo

Joseacute Zumbini Junior ldquoSou um dos responsaacuteveis pela sua extinccedilatildeo Aliaacutes

todos indaiatubanos de minha idade satildeo Arrancaacutevamos seu palmito e assim a

planta deixava de se reproduzir Onde hoje eacute o Indaiatuba Clube o Bairro Cidade

Nova e regiatildeo da Vila Maria Helena (Antiga Ceracircmica Indaiatuba) eram os locais

onde mais se encontravardquo

Izabel Cristina Chiconato Marachini ldquoMigrei para Indaiatuba muito pequena

moraacutevamos na Rua Ademar de Barros entre Ildefonso e Av Kennedy lembro que os

terrenos natildeo eram murados e tinha muitos peacutes de Indaiaacute Arrancaacutevamos seu palmito

pra comer e era muito gostoso Soacute natildeo sabia que tinha prejudicado sua reproduccedilatildeo

que penardquo

Wilma Schroeder Peres ldquoEu morava na Vila Georgina tinha muito e minha

avoacute costumava cobrir os canteiro de verdura quando ainda eram mudas Isso

contribuiacutea para os paacutessaros natildeo as comeremrdquo

Luiz Roberto Ussui ldquoNo mato abaixo onde faz a FAICI tecircm vaacuterios peacutes que

todos os anos satildeo queimados mas eles voltam a brotarrdquo

Josefina Artuso Bonet ldquoMoro em Indaiatuba haacute mais de setenta anos A

cidade entatildeo era muito pequena apenas um nuacutecleo Suas extremidades eram o

cemiteacuterio da Candelaacuteria a Matriz da Candelaacuteria e o hospital Augusto de Oliveira

Camargo Havia palmeiras de Indaiaacute praticamente por toda a regiatildeo Noacutes iacuteamos

lenhar atraacutes do cemiteacuterio e aproveitaacutevamos a ocasiatildeo para colher suas folhas das

quais faziacuteamos coradouro elas eram colocadas sobre um girau ao sol e ali se

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

50

colocavam roupas para alvejarar Tambeacutem colhiacuteamos seus cocos para comer uma

deliacuteciardquo

Mauricio Castanho ldquoNa deacutecada de 70 saiacutemos caccedilar passarinhos (que Deus

nos perdoe) e quando batia fome a gente puxava as folhas das indaiaacute e comiacuteamos

o iniacutecio do talo que parecia palmito Havia muito na regiatildeo da Cidade Nova nos

terrenos entre Avenida Kennedy e onde hoje eacute a Conceiccedilatildeo Tambeacutem existiam na

regiatildeo da fazenda do Bicudo e Jardim Esplanadardquo

Leninha Zimbom ldquoQuando pequena morava na Av Tamandareacute e tinha muito

Indaiaacute nos arredores Adoraacutevamos comer os coquinhos e o palmitordquo

Charles Fernandes ldquoComia muito o palmito da palmeira Acho que todos nos

faziacuteamos sem saber das consequecircncias As palmeiras satildeo plantas de gema uacutenica

ou seja soacute brotam folhas de um uacutenico ponto no caule ao cortar este ponto matamos

a planta De se comer Palmito e se caccedilar Cotia sem a qual o fruto natildeo era roiacutedo e

enterrado para germinar acabamos com o Indaiaacuterdquo

Alberto Zoca ldquoEstudei no Dom Joseacute nos anos 60 Ao redor do Coleacutegio tinham

muitos indaiaacutes e agraves vezes colhiacuteamos alguns cachosrdquo

Mauro Cesar Rodrigues de Souza ldquoLocal que tinha muito eacute naquela aacuterea

onde eacute feita a festa de peatildeo (FAICI)rdquo

Rogerio Oliveira Avia Relata na eacutepoca em que viveu na CECAP apenas a 1 e

a 2 tinham sido inauguradas A casas da CECAP 3 natildeo tinham sido construiacutedas era

uma mata natildeo muito fechada mas com vaacuterias caminhos dentro a garotada entrava

para casar passarinhos e pegar palmitos desta palmeira pegava Eles puxavam

as mais novas e comiam ali mesmo uma parte branca com gosto de palmito Hoje

entendo que desta maneira estaria matando uma nova muda

Antoacutenio Girardini ldquoA Cidade Nova toda a partir da Rua Humaitaacute ateacute a Vila

Rubens tinha peacutes de indaiaacute em abundacircncia Aleacutem disso tambeacutem existiam Gariroba

Cajuzinho do mato Orvalha Palmito e peacutes de Ariichicus que em Minas Gerais eacute

conhecido como Marolordquo

Marisa Aparecida Tuon Valeacuterio ldquoGostaria de saber se ainda existem indaiaacutes

aqui Quando crianccedila sempre que algum conhecido iria pegar lenha caccedilar ou

pescar traziam muitos cachos desse fruto que eu amava Jaacute vi pessoas que dizem

ter indaiaacute em casa haacute muitos anos mas eacute outra palmeirardquo

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

51

Silvia Medeiros ldquoEu comi muito indaiaacute iacuteamos na casa de meu avocirc (ele

morava na esquina da Conceiccedilatildeo com a Avenida Almirante Barroso) Na Vila

Georgina e na Avenida Conceiccedilatildeo tinha muitos peacutes de indaiaacute eram lindas

palmeirinhas pequenas ao ponto de noacutes crianccedilas podermos colher seus frutos que

praticamente se arrastavam ao chatildeo Fico muito triste de natildeo ter sobrado quase

nenhum exemplar dessa planta que na minha opiniatildeo deveria ser preservada com

carinho pelos indaiatubanos jaacute que ela deu origem ao nome de nossa cidaderdquo

Marlene Ambiel ldquoCresci no bairro Cidade Nova no tempo que havia muitos

terrenos baldios neles existiam muitos indaiaacutes Tambeacutem comi muito palmito dela e

no domingo de ramos eu e mamatildee colhiacuteamos as folhas para levar na igreja Acho

que Indaiatuba deveria ter uma praccedila dedicada a essa palmeira para preservaccedilatildeo da

nossa histoacuteriardquo

Joatildeo Jose Brossi ldquoLembro-me bem dos tempos de garoto em que existiam

indaiaacutes tinham em todos os pontos da pequena Indaiatuba Esses locais eram o que

hoje satildeo os bairros Cidade Nova e Santa Cruz Seu fruto ou a castanha tem o

mesmo sabor do coco da Bahia soacute que natildeo conteacutem aacutegua Comi muitos ograve quecirc

eacutepoca maravilhosardquo

O Sr Gentil Scarton uma das mais importantes figuras na preservaccedilatildeo da

espeacutecie no municiacutepio relata que na Cecap onde atualmente existe o boulevard

existia um indaiaacute muito grande que provavelmente tinha mais de 50 anos Nas falas

de Gentil ldquoem 1980 no Bairro Cidade Nova as pessoas tinham que desviar das

palmeiras para passar de tanto que tinhardquo Ele plantou os indaiaacutes que existem no

centro esportivo do trabalhador20 as sementes foram trazidas de uma expediccedilatildeo em

Nova Diamantina Mato grosso do Sul na eacutepoca em que era escoteiro

Pelas memoacuterias dos habitantes eacute possiacutevel identificar que o indaiaacute estava

presente em muitos bairros (Vila Avaiacute Vila Maria Helena Vila Georgina CECAP

Santa Cruz etc) Mas sua abundacircncia parecia estar mais evidente no Bairro Cidade

Nova (bairro no qual tambeacutem se localizam o coleacutegio Dom Joseacute e o antigo aeroporto)

Foi muito grande a dificuldade em encontrar fotografias de exemplares da

eacutepoca aacuteurea dos indaiaacutes Uma analogia em relaccedilatildeo a isso pode ser feita utilizando

20

No capitulo 84 seraacute demostrado que elas na verdade natildeo satildeo da espeacutecie attalea geraensis

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

52

os pardais Como eles existem em grande nuacutemero eacute muito difiacutecil ver algueacutem tirando

fotos deles pois eacute algo comum e que jaacute faz parte do cotidiano Esse exemplo pode

(guardada as suas proporccedilotildees e particularidades) ser contextualizado aos indaiaacutes jaacute

que eram numerosos e faziam parte do mundo indaiatubano

82 ENTRE POEMAS E AS CAUSAS DA DEGRACcedilAtildeO

Minha Terra21

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Dizia o poeta no exiacutelio

ldquoMinha terra tem palmeirasrdquo

Digo Tambeacutem em estribilho

As palmeiras da minha cidade

Natildeo satildeo como as imperiais

Satildeo rasteiras de qualidade

Seus frutos satildeo especiais

Minha terra dos coquinhos de Indaiaacute

Araticum uvaia e tudo o mais

Dos frutos silvestres creio natildeo haacute

Melhor que os coquinhos tais

Bela terra da palmeira de indaiaacute

Da laranjeira do cajueiro e da mangueira

Da guabiroba da goiaba e do araccedilaacute

Assim como dos doces frutos da videira

21

Poema de Rubens de Campos Penteado

Fonte PENTEADO RC Gente da nossa terra terra da nossa gente Fundaccedilatildeo proacute memoacuteria

Indaiatuba (SP) 1999

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

53

Assim gente de todos os cantos

Venham conhecer a minha cidade

A bela cidade de amigos tantos

Da paz do amor e da cordialidade

Indaiatuba 19 de Junho de 1995

Se esse belo poema fosse escrito nos dias de hoje ele poderia comeccedilar com

o seguinte verso ldquoEm minha terra prosperava palmeirasrdquo Infelizmente ldquoraridaderdquo eacute o

termo utilizado para descrever a atual situaccedilatildeo da A geraensis em Indaiatuba Satildeo

pequenas as atuais localizaccedilotildees da espeacutecie que antigamente se perdia de vista Sua

degradaccedilatildeo ocorreu devido agrave soma de diversos fatores a seguir seratildeo listados

alguns

O primeiro foi agrave intensa urbanizaccedilatildeo como jaacute mencionada ocorrida no

municiacutepio a partir da deacutecada de 60 Em consequecircncia disso o uso do solo se

expandiu de forma agressiva contribuindo assim para o desmatamento da espeacutecie

Esse impacto no ambiente tambeacutem afetou o equiliacutebrio do ecossistema pois

os dispersores de frutos do indaiaacute comeccedilaram a desaparecer Com isso a espeacutecie

deixou de expandir-se Um de seus principais dispersores eacute o cotia ele comeccedilou a

diminuir com a expansatildeo urbana Portanto a espeacutecie perdeu seu principal

mecanismo para se dispersar em grandes aacutereas

Em relaccedilatildeo a isso segundo Wright et al (2000) e Whight Duber (2001) os

distuacuterbios antroacutepicos reduzem indiretamente a dispersatildeo e a predaccedilatildeo de sementes

de attaleas causando sua concentraccedilatildeo perto das palmeiras adultas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute sobre o consumo da palmeira pela

sociedade Conforme mencionado nas entrevistas tudo nela possuiacutea utilidade Em

vista disso foi consumida em excesso Ainda em relaccedilatildeo ao consumo um ponto que

agravou a diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia foi o consumo de seu palmito pois isso

causava a sua morte

O uacuteltimo ponto foi agrave omissatildeo do poder puacuteblico em relaccedilatildeo agrave sua predaccedilatildeo

excessiva Esse erro foi cometido por praticamente todas as administraccedilotildees que

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

54

passaram pela cidade pois ateacute hoje natildeo existiram projetos seacuterios de conservaccedilatildeo e

reflorestamento da espeacutecie no municiacutepio

Em 2009 o vereador Luiz Alberto Pereira (ldquoCebolinhardquo) criou uma

recomendaccedilatildeo (Anexo IV) para o prefeito Reinaldo Nogueira Por conta disso o Sr

Gentil Scarton ficou encarregado de plantar sementes em duas das principais praccedilas

do municiacutepio Foram plantadas 42 sementes na Praccedila Prudente de Moraes no

entanto segundo Scarton a prefeitura reformou a praccedila e retirou as mudas Jaacute na

Praccedila Satildeo Benedito foram colocadas 20 sementes mas infelizmente natildeo

germinaram Segundo Scarton isso ocorreu provavelmente pela falta de

luminosidade da praccedila Aleacutem desses lugares Gentil plantou no bosque do Saber na

Praccedila Newton Prado e na igreja Santo Antoacutenio Mas ele tambeacutem natildeo obteve

sucesso na germinaccedilatildeo

No ano de 2015 com o decreto nuacutemero 12454 a prefeitura teve a chance de

salvar o indaiaacute Nesse ato o mesmo Reinaldo Nogueira aprovou o Plano de

Arborizaccedilatildeo Urbana Contudo esse projeto elencou exatamente as mesmas aacutervores

indicadas pelo IPEFEsalq (2009)22 Entre as espeacutecies recomendadas natildeo estaacute

a palmeira de indaiaacute Essa omissatildeo eacute um ponto negativo para o plano pois

desconsiderou o patrimocircnio natural nativo do municiacutepio

Acroacutestico Concreto23

Ainda haacute

Urbe tal qual foi a indaiaacute

Ainda Hoje

Turba da histoacuteria

22

Disponiacutevel em lthttpwwwipefbrsilviculturaarborizacaourbanaaspgt Acessado em 28042017

23 Poema de Claacuteudio Guilherme Alves Salla

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

55

A tuba trombeteira

Da memoacuteria

De Indaiatuba

Antes

Tudo daacute aiacute

Onde tudo daacute

Cana cafeacute indaiaacute

Agora

Em tu

Ainda haacute

Indaiatuba

83 ATUAL DISTRIBUICcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA

Ainda existem alguns exemplares da palmeira indaiaacute na cidade No entanto o

contingente populacional de Indaiatuba que sabe desse fato eacute muito pequeno Isso

se deve pela falta de conhecimento da espeacutecie (as palmeiras apresentam

caracteriacutesticas morfoloacutegicas semelhantes) ou ateacute mesmo por natildeo terem

conhecimento sobre suas reduzidas ocorrecircncias

Esse entrave se torna ainda mais grave quando a prefeitura faz uma placa

para informar outra espeacutecie de indaiaacute induzindo (intencionalmente ou natildeo) a

populaccedilatildeo a pensar que essa eacute o indaiaacute que existia em abundacircncia nos campo

indaiatubanos A espeacutecie descrita na placa eacute a Attalea Dubia (Mapa 8) um belo

exemplar mas esses procedimentos natildeo foram realizados com a Attalea geraensis

Isso leva a crer que a administraccedilatildeo puacuteblica da eacutepoca natildeo conhecia a espeacutecie que

existia em abundacircncia municiacutepio ou ateacute mesmo que eles natildeo estavam preocupados

com a sua preservaccedilatildeo e publicizaccedilatildeo

A procura da espeacutecie foi realizada em grande parte nas aacutereas verdes do

municiacutepio e contou com a ajuda de quem conhecia as suas ocorrecircncias No total

encontraram-se 11 exemplares que eles foram mapeados e fotografados O objetivo

foi sistematizar as suas localizaccedilotildees geograacuteficas conforme indicado no mapa 9

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

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82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

56

O exemplar 1 (Mapa 10) estaacute presente na Praccedila Lions entre as Ruas

Almirante Barroso e Ademar de Barros no Bairro Cidade Nova I Esse exemplar foi

plantado pelo Sr Scarton em 2011

Tambeacutem plantada pelo Gentil o segundo ponto (Mapa 11) esta localizada

dentro do Cassaratildeo Pau Pedro entre as Ruas Recircmulo Zoppi e Pedro Gonccedilalves no

Bairro Pau Preto Uma curiosidade infeliz eacute que o indiviacuteduo natildeo cresceu muito jaacute

que permanece pequeno haacute mais de dois anos

No distrito industrial existem quatro indiviacuteduos da espeacutecie Duas estatildeo

situadas em um terreno que funciona como depoacutesito entre as ruas Roque Modealdo

Frias e Crisoline (Mapa 12) Jaacute as outras estatildeo em uma empresa localizada entre as

ruas Roque Modealdo Frias e Valdir de Roberto Camargo (Mapa 13)

O quinto ponto (Mapa 14) eacute o uacutenico local onde a Attalea geraensis Barb Rodr

estaacute em uma residecircncia Ela estaacute localizada entre a Avenida Kennedy e Rua Dom

Pedro I tambeacutem no Bairro Cidade Nova O exemplar foi plantado por DiClace com a

ajuda do Sr Scarton

O sexto local apresenta duas A geraensis (Mapa 15) Elas estatildeo situadas na

empresa Ilmar Esse local eacute o primeiro distrito industrial da cidade inaugurado nos

anos 60 Nesse mesmo espaccedilo havia na deacutecada de 40 uma pista de pouso para

aviotildees monomotor local em que elas prosperavam conforme mencionado nas

entrevistas dos senhores Orlando Guilherme Kraumlenbuumlhl e Paulo Costa Em 2008

tambeacutem existiam alguns exemplares do indaiaacute na empresa Puriar (Figura 13) mas

com sua mudanccedila o terreno foi vendido Atualmente estatildeo sendo construiacutedos

empreendimentos imobiliaacuterios no local Infelizmente isso ocasionou a remoccedilatildeo dos

indiviacuteduos

No Indaiatuba Clube (Mapa 16) existem dois indaiaacutes Eles foram plantados

respectivamente em 2007 e 2015 Aleacutem disso ambos foram retiradas da natureza

(proacuteximo ao aeroporto Viracopos) diferente dos plantados pelos senhores Gentil

Scarton e Diclace que germinaram no local em que estatildeo situados

Foram encontrados cerca de doze Attalea geraensis Barb Robr in natura no

municiacutepio de Indaiatuba (Figura 14) Mas para a preservaccedilatildeo da espeacutecie que jaacute foi

muito devastada ao longo da histoacuteria natildeo seratildeo realizadas as localizaccedilotildees

geograacuteficas desses exemplares

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

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predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

57

Como se pode observar os poucos exemplares que ainda existem estatildeo

dentro de aacutereas industriais ou recreativas soacute haacute um local em que ela foi cultivada em

ambiente residencial Alguns desses pontos industriais estatildeo desaparecendo

principalmente por causa da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria como eacute o caso do primeiro

distrito industrial em que jaacute ocorreu o fechamento de diversas empresas

Praticamente soacute existe a Ilma funcionando nesse local

Por uacuteltimo o exemplar da Praccedila Lions estava sofrendo atos de vandalismo

por isso precisou ser cercado Esse eacute o uacutenico ponto da espeacutecie em uma aacuterea

espaccedilo verde e aberto ao puacuteblico jaacute que o individuo do casaratildeo natildeo prosperou

Mapa 8 - Attalea dubia na Praccedila Newton Prado

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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79

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atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

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Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

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padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

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Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

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Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

58

Mapa 9 - Locais em que foram procuradas e os respectivos pontos de encontro da A geraensis no

municiacutepio

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

59

Mapa 10 - A Attalea geraensis na Praccedila Lions estaacute cercada porque sofreu atos de vandalismo

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

60

Mapa 11 - Attalea geraensis no Casaratildeo Pau Preto

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

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pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

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dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

61

Mapa 12 - Dois indiviacuteduos de porte meacutedio no distrito industrial de Indaiatuba

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

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Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

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Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

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Editora FUNPEC 2006

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(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

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CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

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77

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e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

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Princeton Univ Press 1995

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Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

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KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

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KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

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MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

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OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

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2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

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CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

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estado de Satildeo Paulo 2005

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RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

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SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

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THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

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UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

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vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

62

Mapa 13 ndash Dois exemplares de Attalea geraensis no distrito industrial

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

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ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

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Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

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coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

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Paulo (SP) Oficina de textos 2015

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e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

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Princeton Univ Press 1995

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81

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THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

63

Mapa 14 - Attalea geraensis em uma das principais avenidas da cidade

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

64

Mapa 15 - Attaleas geraensis na empresa Ilmar

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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2002

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Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

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Editora FUNPEC 2006

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79

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espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

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estado de Satildeo Paulo 2005

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RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

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Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

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padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

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paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

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Journal of Botany v 78 2000

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the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

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vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

65

Figura 13 - A empresa Puriar tambeacutem apresentava alguns exemplares do indaiaacute como se observa

nesta foto de 2008

Fonte Acervo pessoal de Gentil Scarton

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

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81

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Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

66

Mapa 16 - Dois indiviacuteduos no Indaiatuba clube

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

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pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

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SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

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C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

67

Figura 14 ndash Dois dos doze indiviacuteduos de A geraensis que foram encontradas in natura no

municiacutepio de Indaiatuba

Fonte O autor (2017)

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

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Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

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Editora FUNPEC 2006

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Memoacuteria 2002

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77

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Paulo (SP) Oficina de textos 2015

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KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

68

84 O BABACcedilU PEQUENO QUE CONQUISTOU A CIDADANIA INDAIATUBANA

Na sede do escoteiro indaiaacute existem 11 indiviacuteduos muito semelhantes agrave

Attalea geraensis Barb Rodr mas infelizmente trata-se de outra espeacutecie (Mapa

17) Aleacutem disso esse eacute o ponto mais conhecido de ldquoindaiaacutesrdquo no municiacutepio tanto por

estar localizado em um centro esportivo quanto por estar em uma das avenidas

mais movimentadas Alguns desses exemplares foram plantados haacute 20 anos com

sementes coletadas por Scarton em uma expediccedilatildeo no Mato Grosso do Sul

(Apecircndice 1)

Algumas espeacutecies apresentam grande variaccedilatildeo morfoloacutegica provavelmente

devido agrave ampla distribuiccedilatildeo em diferentes haacutebitats (MARTINS 2012) Segundo a

autora as coletas existentes nos herbaacuterios natildeo representam adequadamente as

populaccedilotildees naturais Aleacutem do mais reconhece-se a existecircncia de hiacutebridos na

natureza (PINHEIRO 1997) Este autor considera a hibridizaccedilatildeo um importante

evento na evoluccedilatildeo do gecircnero poreacutem este fenocircmeno dificilmente eacute detectado pela

anaacutelise morfoloacutegica

Esses 11 exemplares possuem alguns aspectos morfoloacutegicos que os diferem

do indaiaacute e os aproximam de outra espeacutecie O babaccedilu pequeno (Attalea eichleri

Drude Henderson) A diferenccedila baacutesica entre eles eacute na organizaccedilatildeo das pinas que

estatildeo inseridas no mesmo plano na Attalea geraensis produzindo um efeito

penteado a palmeira do escoteiro possui pinas em acircngulos diferentes produzindo

efeito plumoso como demostra a figura 16

Para reforccedilar esse argumento segundo Martins (2012) a distinccedilatildeo marcante

entre as espeacutecies aqui tratadas se daacute pela disposiccedilatildeo das pinas e a forma das

anteras Em A geraensis as pinas satildeo isoladas inseridas em um mesmo plano e as

anteras satildeo retas enquanto que em A eichleri as pinas satildeo inseridas em grupo em

diferentes planos e as anteras satildeo encaracoladas

Outro aspecto a ser ressaltado eacute o tamanho das espeacutecies O indaiaacute se natildeo

perturbados podem chegar a mais ou menos 1 metro jaacute a A eichleri ainda

permanece rasteira mesmo apoacutes 20 anos do plantio das mais antigas pelo Sr

Scarton conforme evidenciado nos exemplares do apecircndice 1

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

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CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

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1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

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77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

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FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

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Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

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Botany 1988

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sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

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Bot[online] 1998

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KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

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2015

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PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

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1997

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padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

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paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

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de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

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WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

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predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 69: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

69

Mapa 17 - Na foto apoacutes os mapas uma Attalea eichleri com 20 anos de idade

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 70: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

70

Figura 15 - Diferenciaccedilatildeo entre a organizaccedilatildeo das pinas da Attalea geraensis (a cima) e Attalea

eichleri (a baixo)

Fonte O autor (2017)

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 71: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

71

85 EXISTE SALVACcedilAtildeO

O processo de alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional

da A geraensis ocorreu no passado estaacute sendo executado no presente (como por

exemplo na retirada de indiviacuteduos do local que existia a empresa Puriar) e se natildeo

corrigido certamente seraacute feito no futuro O desenvolvimento eacute importante mas

deve ser construiacutedo de modo sustentaacutevel e com planejamento tambeacutem voltado ao

meio ambiente

Com o objetivo de reduzir os prejuiacutezos dessa degradaccedilatildeo a administraccedilatildeo

puacuteblica deveria criar uma praccedila em homenagem agrave espeacutecie Nesse local poderia

haver placas relatando a origem da toponiacutemia do municiacutepio (algo pouco conhecido

entre os moradores) aleacutem de evidentemente cultivar exemplares da espeacutecie no

local

Aleacutem disso deveriam ser criados projetos de reflorestamento da espeacutecie em

aacutereas do municiacutepio Isso eacute algo totalmente provaacutevel jaacute que foram encontrados

exemplares in natura pela regiatildeo

A plantaccedilatildeo em algumas residecircncias tambeacutem seria outro aspecto de grande

relevacircncia para a preservaccedilatildeo da espeacutecie Existem muitas pessoas que tecircm o

interesse em cultiva-la mas desconhecem os procedimentos (eacute uma palmeira de

difiacutecil germinaccedilatildeo) Aleacutem disso esses moradores muitas vezes natildeo sabem

identificar a espeacutecie isso eacute plenamente compreensiacutevel jaacute que ela natildeo eacute mais vista

com frequecircncia No entanto seu cultivo eacute algo plenamente possiacutevel como no caso

do exemplar plantado na residecircncia do Senhor DiClassi

Indaiatuba24

Amiga que me viu nascer um dia

Ainda alcatifada de indaiaacutes araticuns viccedilosos araccedilaacutes

24 Poema de Antoacutenio Jair Barbieri

Fonte INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre Indaiatuba II

Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2008

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 72: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

72

Guabirobas silvestres melancias

Na soalheira quando o sol ardia

A sua vespertina ndash contumaz-

Esparramava o olor do ananaacutes

E pelo ingente prado difundia

Na ave-maria a grande revoada

Saudando a vinda da estrelada arcada

povoada o vasto ceacuteu em borbototildees

Onde indaiaacutes havia de sobejo

Agora ante o progresso tatildeondashsoacute-vejo

Ruas e numerosas construccedilotildees

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 73: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

73

9 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Pensar no desenvolvimento e expansatildeo urbana que preserve ao menos uma

parte do indaiaacute nativo natildeo foi algo observado no municiacutepio de Indaiatuba As

alteraccedilotildees na distribuiccedilatildeo geograacutefica e densidade populacional da espeacutecie

evidenciam a falta de preocupaccedilatildeo das administraccedilotildees puacuteblicas em relaccedilatildeo agrave

preservaccedilatildeo da histoacuteria daquela que foi a terra das palmeiras rasteiras

A populaccedilatildeo teve sua parcela de culpa no desaparecimento da espeacutecie sem

duacutevida Consumindo os palmitos principalmente dos exemplares mais novos a

espeacutecie natildeo crescia e acabava desaparecendo daquele local No entanto cabia ao

poder puacuteblico conscientizar a sociedade em relaccedilatildeo ao consumo exacerbado da

espeacutecie mas como se pode observar isso natildeo parecia ser de interesse do

municiacutepio

Poemas retratando o desaparecimento da espeacutecie e os sentimentos de culpa

demonstrados nas entrevistas evidenciam que certamente a populaccedilatildeo natildeo tinha

noccedilatildeo de que o consumo exagerado da palmeira causaria o seu desaparecimento

Natildeo que isso exima os seus erros jaacute que todos dessa eacutepoca contribuiacuteram para a

sua degradaccedilatildeo destruindo ou sendo conivente com isso

Ainda existem muitos estudos a serem feitos em relaccedilatildeo agrave espeacutecie nessa

regiatildeo O primeiro eacute o mapeamento das aacutereas remanescentes de cerrado a fim de

realizar possiacuteveis reflorestamentos Aleacutem disso outro aspecto seria a obtenccedilatildeo de

relatos sobre a vegetaccedilatildeo das regiotildees que eram mais distantes do nuacutecleo urbano

municipal como os Bairros do Jardim Morada do Sol e Itaici por exemplo

Para conseguir preservar a espeacutecie e sua histoacuteria eacute necessaacuteria a accedilatildeo

governamental em conjunto com a sociedade Natildeo adianta um lado plantar e o outro

degradar Eacute preciso materializar as histoacuterias do passado para natildeo repetir os mesmo

erros no futuro

A matildee natureza pede ajuda25

25

Poema de Ana Luiacutesa Ribeira 12 anos Disponiacutevel emlt httpwwwapoemacombrpoemaecologicohtmgt Acessado em 05062017

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 74: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

74

Satildeo poucos os que escutam seu pedido de socorro

A matildee natureza chora

Ela chora sem parar chora porque estaacute morrendo

Chora porque estamos a matar

Estamos a matar cada fruto que ela da

Estamos a faze-la chorar

E por isso ela esta ela esta sempre a chorar

O que vocecirc ira fazer

Ira sentar esperar ateacute tudo se acabar

Esse poema foi feito para pensar

Natildeo para descartar

Foi feito para acordar os que dormem

Foi feito para alertar

Foi feito para refletir

Foi feito para agir

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 75: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

75

10 REFEREcircNCIAS

ABrsquoSAacuteBER A N Os Domiacutenios de Natureza no Brasil Potencialidades

Paisagiacutesticas Satildeo Paulo (SP) Ateliecirc Editorial 2003

AGUIAR A V TABARELLI M Edge effects and seedling bank depletion the

role played by the early successional palm Attalea oleifera (Arecaceae) in the

Atlantic Forest Biotropica 2009

ALMEIDA F F M de HASUI Y BRITO-NEVES BB de FUCK R A Brazilian

Structural Provinces an introduction Earth-Sci Ver 1981

ALMEIRA L B de NORDI N GALETTI M Dispersatildeo de Sementes de Attalea

geraensis Barb Rodr (Arecaceae) em Aacuterea de Cerrado 2003

ALVES M A da S Indaiatuba A Regiatildeo Metropolitana de Campinas

urbanizaccedilatildeo economia financcedilas e meio ambiente Campinas (SP) UNICAMP

2002

ANDRINO C O S O gecircnero Paepalanthus Mart (Eriocaulaceae) no Parque

Estadual do Biribiri Diamantina Minas Gerais Satildeo Paulo (SP) 2013

ARAUJO L de S Anaacutelise da expansatildeo urbana e implicaccedilotildees nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente (APP) e planiacutecies aluviais com auxiacutelio de

geotecnologias no municiacutepio de Indaiatuba (SP) Universidade estadual de

Campinas 2015

BROSWIMMER F G Ecocidio breve historia de la extincioacuten en masa de las

espeacutecies Editora Laetoli 2005

BROWN J H Macroecology Chicago Univertiy of Chicago 1948

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 76: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

76

BROWN J H LOMOLINO M V Biogeografia Ribeiratildeo Preto (SP) 2 ediccedilatildeo

Editora FUNPEC 2006

CAROTTI E F Elzirana ribalta da vida Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria 2002

CARVALHO N C de Cronologia Indaiatubana Indaiatuba (SP) Fundaccedilatildeo Proacute-

Memoacuteria Ottoni Editora 2009

CASTRO A A J F MARTINS F R TAMASHIRO J Y SHEPHERD G J How

rich is flora of Brazilian cerrados Annals of Missouri Botanical Garden 1999

CHRISTOFOLETTI A O fenocircmeno morfogeneacutetico no Muniacutecipio de Campinas

(SP) Dissertaccedilatildeo de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras

Campinas (SP) Universidade de Campinas 1968

CLAUSEN J KECK D D HIESEY W M Experimental studies on the nature of

species Washington (DC) Carnegeie institute publication 1948

CORREcircA M A A famiacutelia Lentibulariaceae no Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo

de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de biologia Universidade de Satildeo Paulo

1998

COUTINHO L M O bioma do cerrado In Eugen Warming e o cerrado

brasileiro um seacuteculo depois Satildeo Paulo (SP) Editora da Unesp 2002

DURIGAN G RATTER J A BRIDGEWATER S SIQUEIRA M F FRANCO G

A D C Padrotildees fitogeograacuteficos do cerrado paulista sob uma perspectiva

regional Hoehnea 2004

EITEN G A A vegetaccedilatildeo do Cerrado Caracterizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo e

perspectivas Brasiacutelia (DF) 2 ediccedilatildeo Universidade de Brasiacutelia 1990

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 77: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

77

ERICKSON R O The clematis fremontii var riehlii population in the Ozarks

Annals of the Missouacuteri botanical Garden 1945

FERREIRA A B de H Dicionaacuterio Aureacutelio Buarque de Holanda Ferria

coordenaccedilatildeo de ediccedilatildeo Marina Baird Ferreira Margarida dos Anjos Curitiba (PR)

Editora Positivo 2010

FIGUEIROacute A S Biogeografia dinacircmicas e transformaccedilotildees da natureza Satildeo

Paulo (SP) Oficina de textos 2015

FORESTO E B Levantamento floriacutestico dos estratos arbustivos e arboacutereo de

uma mata de galeria em meio a campo as rupestres no Parque Estadual do Rio

Preto Tese de Doutorado Satildeo Gonccedilalo do Rio Preto (MG) 2008

GALLETI M FERNANDEZ J C Palm heart harvesting in the Brazilian Atlantic

Forest changes in industry structure and the illegal trade Journal of Applied

Ecology v 35 1998

GIANOTTI E LEITAtildeO-FILHO H F Composiccedilatildeo floriacutestica do cerrado da

estaccedilatildeo experimental de Itirapina (SP) Anais 8ordf Congr SBSP 1992

GODOY L P Pequenos mamiacuteferos natildeo voadores (Mammalia Didelphimorphia

e Rodentia) do baixo rio Xingu Piracicaba (SP) 2015

HENDERSON A Evolutiom and ecology of palms New York (NY) The new York

Botanical Gardem Press 2002

HENDERSON A GALEANO G BERNAL R Fild guide to the palms Ameacutericas

Princeton Univ Press 1995

INDAIATUBA (SP) Prefeitura Municipal Fundo Proacute-Memoacuteria Um olhar sobre

Indaiatuba Fundo Proacute-Memoacuteria Itu (SP) Ottoni Editora 2006

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 78: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

78

JOHNSON D Worldwilde endangerment of useful palms Advances in economic

Botany 1988

JOHNSON D IUCNSSC Palm Specialist Griup Palms their conservation and

sustained utilization Status survey and Conservation Action Plan IUCN Glan

Switzerlanl and Cambridge (UK) 1996

LONGHI-WAGNER H M ZANIN A Padrotildees de distribuiccedilatildeo geograacutefica das

espeacutecies de Stipa L (Poaceae-Stipeae) ocorrentes no Brasil Rev bras

Bot[online] 1998

KODRIC A BROWN J H Competition between distantly related taxa and co-

evolution of plants and pollinators New York (NY) American Zoologist 1979

KOYAMA A C CERDAN M A Indaiatuba histoacuteria e memoacuterias da antiga

Freguesia de Cocaes e dos anos que se sucederam desde entatildeo Fotografia de

Adriano Rosa Campinas (SP) Komedi 2011

LORENZI H LAROCCA L L Instituto Plantarum de Estudos da Flora Brazilian

fruits amp cultivated exotics (for consuming in natura) Nova Odessa (SP) 2006

LORENZI H Palmeiras no Brasil exoacuteticas e nativas Nova Odessa (SP) Editora

Plantarum 1996

MAC ARTHUR R H Geographical ecology Patterns in the distribution of

species Harper amp Row New York (NY) 1972

MACHADO S R BARBOSA S B CAMPOS C J Cerrado ndash palmeira da serra

guia de campo ilustrado Satildeo Carlos (SP) Editora RiMa 2005

MARTINS R C A FAMIacuteLIA ARECACEAE (PALMAE) NO ESTADO DE GOIAacuteS

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 79: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

79

FLORIacuteSTICA E ETNOBOTAcircNICA Tese de Doutorado Brasiacutelia (DF) Universidade

de Brasiacutelia

NASCIMENTO T ANDRE R MARTINS R C BORGES DIAS T A Comunidade

de palmeiras no territoacuterio indiacutegena Krahoacute Tocantins Brasil biodiversidade e

aspectos etnobotanicos interciencia vol 34 Asociacioacuten Interciencia Caracas

Venezuela 2009

NAVARRO E A Meacutetodo moderno de tupi antigo a liacutengua do Brasil dos

primeiros seacuteculos 3ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo (SP) Editora Global 2005

OLIVEIRA P S MARQUIS R J The cerrados of Brasil Ecology and natural

history of a neotropical savana New York (NY) Clombia Inuversity Press 2002

OLIVEIRA M L de C Distribuiccedilatildeo e estimativa populacional do veado-matildeo-

curta (Mazama nana) utilizando amostragem natildeo invasiva Piracicaba (SP)

2015

PINHEIRO C Systematic and agro-ecological studies in the Attaleinae

(Palmae) PhD Thesis City University of New York 1997

PRADO P I PINTO L P MOURA R T LANDAU E C Avaliaccedilatildeo de modelos de

distribuiccedilatildeo geograacutefica e sua aplicaccedilatildeo para prever a ocorrecircncia de espeacutecies

de mamiacuteferos no Corredor Central da Mata Atlacircntica Campinas (SP) IESB CI

CABS UFMG UNICAMP 2003

PIMENTEL D S TABARELLI M Seed dispersal of the palm Attalea oleifera in a

remnant of the Brazilian Atlantic Forest Biotropica v 36 2004

PIMENTEL R G Influecircncia de fatores biogeograacuteficos sobre a sensibilidade das

espeacutecies de aves agrave fragmentaccedilatildeo do habitat Tese de mestrado Universidade de

Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2009

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 80: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

80

PINDORAMAMercedes-bens do Brasil Satildeo Paulo (SP) 1993

PINHEIRO C V Germinaccedilatildeo de sementes de palmeiras revisatildeo bibliograacutefica

Teresina Embrapa - EUPAE 1986

PIVELLO V R KORMAN V O cerrado peacute-de-gigante ecologia e conservaccedilatildeo

parque estadual de vassununga Satildeo Paulo (SP) Secretaria do meio ambiente do

estado de Satildeo Paulo 2005

RAPOPORT E H Areography geographical strategies of species Pergamon

Press New York (NY) 1982

RESENDE M CURI N REZENDE SB CORREcircA G F Pedologia Base para

distinccedilatildeo de ambientes Ediccedilatildeo 5 Editora UFLA 2007

ROCHA Y T Ibirapitanga histoacuteria distribuiccedilatildeo geograacutefica e conservaccedilatildeo do

pau-brasil (caesalpinia echinata LAM leguminosae) do descobrimento agrave

atualidade Tese de doutorado Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo (SP) 2004

SANNAZZARO S T de C O tempo e a gente Editora Rumograf Indaiatuba (SP)

1997

SCARIOT A Forest fragmentation effects on palm diversity in central

Amazonia Journal of Ecology v 87 1999

SIQUEIRA M F Uso de modelagem de nicho fundamental na avaliaccedilatildeo do

padratildeo de distribuiccedilatildeo geograacutefica de espeacutecies vegetais Satildeo Carlos (SP) 2005

SODREacute J B Morfologia das palmeiras como meio de identificaccedilatildeo e uso

paisagiacutestico Lavras (MG) 2005

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 81: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

81

SOUZA A F MARTINS F R MATOS D M S Detecting ontogenetic stages of

the palm Attalea humilis in fragments of the Brazilian Atlantic forest Canadian

Journal of Botany v 78 2000

THOMA A C AGUIAR N da C CAMBIA RP Palmeiras nativas indicadas

para uso em construccedilotildees Minas gerais Ministeacuterio da educaccedilatildeo 2016

UHL N DRANSFILED J Genera Palmerum A classification of palms based on

the work of Harold E Moore Jr Alle Press Inc Lawrence Kansas 1987

VIDAL M M Frutos de duas espeacutecies de palmeiras como recurso para

vertebrados no Cerrado Peacute-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro SP)

Dissertaccedilatildeo de mestrado Satildeo Paulo (SP) Instituto de Biociecircncias da Universidade

de Satildeo Paulo Departamento de Ecologia 2007

WWF Visatildeo de Biodiversidade da Ecorregiatildeo Florestas do Alto Paranaacute Bioma

Mata Atlacircntica WWF e Fundacioacuten Vida Silvestre Argentina 2004

WRIGHT S J ZEBALLOS H DOMIacuteNGUEZ I GALLARDO M M MORENO M

C IBAacuteNtildeEZ Poachers alter mammal abundance seed dispersal and seed

predation in a Neotropical forest Conservation Biology v 14 2000

WRIGHT S J DUBER H C Poachers and forest fragmentation alter seed

dispersal seed survival and seedling recruitment in the palm Attalea

butyraceae with implications for tropical tree diversity Biotropica v 33 2001

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

Page 82: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · Trabalho de Graduação apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

82

11 APEcircNDICE

Apecircndice 1 Attaleas eichleri plantadas pelo senhor Gentil

Fonte O autor (2017)

83

12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

84

Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

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12 ANEXO

Anexo I Formas de uso de diversas palmeiras pelos povos Krahoacute

ESPEacuteCIES DE PALMEIRAS ENCONTRADAS EM DOZE ALDEIAS KRAHOacute SITUADAS NA

REGIAtildeO NORDESTE DO ESTADO DO TOCANTINSBRASIL

Espeacutecies nativas Nome Krahograve Nome vulgar Usos

Acrocomia aculeata (Jacq) Lodd ex Mart

Roy rak Macauacuteba A U

Allagoptera leucocalyx (Drude) Kuntze Kretan reacute Ariri A M Astrocaryum campestre Mart Ro Tucum-

rasteiro

A Ar Astrocaryum vulgare Mart Roy ti Tucum-da-

mata

A Ar Astrocaryum Jauari Mart Roy ti Tucum A Ar Attalea geraensis Barb Rodr Ror peho Piaccedilava A C Attalea maripa (Aubl) Mart Awara Inajaacute A C Ar Attalea speciosa Mart ex Spreng Rotilde tere Babaccediluacute A C Attalea sp Karonte Coco-cunhatilde A Euterpe edulis Mart Ter ti Juccedilara A C Geonoma sp Terere Guaricana A C Mauritia flexuosa Lf Krow Buriti A M C R Mauritiella armata (Mart) Burret Krawrore Buritirana A M U Oenocarpus distichus Mart Kapir Bacaba-de-

leque

A M C R Syagrus sp Hotilde ti Pati C U Syagrus cocoides Mart Hotilde ti Pati-grande A C M Syagrus comosa (Mart) Mart Hotilde threacute Catoleacute A C M

A alimentaccedilatildeo e bebidas Ar artesanato C construccedilotildees diversas M medicinal R rituais U uten- siacutelios domeacutesticos

Fonte Thoma et al (2016)

Anexo II Utilizaccedilotildees de diversas palmeiras

e cientifico Nome comum Usos Citaccedilatildeo Habitat

Acrocomia aculeata L Ex M

Macauacuteba coco catarro CO AL PG FB

LR ARN PA a SP RJ TO MS

Astrocaryum aculeatissinum (Schott) Burret

Ariri brejauacuteba PG CO MD

LR SF BA ES MG PR RJ SP e SC

Astrocaryum farinosum B R

Murumuru AL FB CB LR AM RR e PA

Araucaria angustifoacutelia Pinheiro brasileiro araucaria

MD CO AL AR PG

CSR PR SC RS SP MG e RJ

Attalea bureatina Bondar

Pindoba grauacuteda andaiaacute

AL CB PG LR BA MG ES

Attalea Compta Mart Babaccedilu Indaiaacute AL CO PG LR MG

Attalea geraensis B Rodr

Indaia coquinho catoleacute

CB AL PG LR SP MG MS MG GO e BA

Attalea Humilis M Ex S Catoleacute Pindoba Anajaacute CB AL PG LR SF BA a SP

Attalea vitrivir Zona Babaccedilu palmeira CB CO PG LR MG e BA

X Attabignya minarum b Falso babaccedilu CB PG LR MG

Bactris setosa Mart Tucum do brejo ALAR CO FB PG

SF GGRA

Mata Atlacircntica e Cerrado

Dypsis lutescents H Areca Bambu AL CO AR PG

JRM BA MG ateacute RS GO MS SP PR

Euterpe edulis Mart Juccedilara AL CO FB MD PG

SF BA ao RS

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Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

85

Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

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Euterpe longebracteata Barb Rodr

accedilaiacute da mata accedilaiacute-da- terra- firme

CB PG AL LR GGRA

AM MG e PA

Geonoma elegans Mart Guaricanga canela fina

AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma gamiova B Rodr

Guaricanga macho AR CB PG SF Do RJ a SC

Geonoma pohliana Mart

Guaricanga fecircmea guaricanga da folha larga

AR CB FB PG

SF Da BA a SP

Geonoma schottiana Mart

Guaricanga palha fina ALARCBP G

SF Cerrado

Iriartea deltoidea Ruiz e Pav

Paxiuacuteba paxiuacuteba barriguda

CO CB PG LR GGRA

AC RO AM e MG

Mauritia flexuosa Lf Buriti caranaacute miriti CB AL PG AR CO

LR JVL PG GGRA

Regiatildeo amazocircnica Nordeste centro- sul

Syagrus orinocensis (S) B

Cococito coquito CO AL PG LR Fronteira Colocircmbia e Venezuela

Syagrus romanzoffiana (Cham) Glassman

Jerivaacute AL AR CB CO PG

SF CE ao RS

Legenda Usos AL - Alimento AR - artesanato CB- Cobertura CO - Construccedilatildeo FB - Fibra PG -

Paisagismo MD ndash Medicinal

Fonte Nascimento et al (1998)

Anexo III Distacircncia entre Indaiatuba e o Bairro de Pirapitingui (Itu)

Fonte Google maps (2017)

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Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes

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Anexo IV Indicaccedilatildeo parlamentar para o replantio de indaiaacutes