Post on 13-Dec-2018
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CONTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS NEUROFUNCIONAIS PARA
A OTIMIZAÇÃO DO APRENDIZADO NO ENSINO SUPERIOR.
Por: Kelly Lopes Gomes
Orientador
Prof. Monica Melo
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A CONTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS NEUROFUNCIONAIS
PARA A OTIMIZAÇÃO DO APRENDIZADO NO ENSINO
SUPERIOR.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por: Kelly Lopes Gomes
3
AGRADECIMENTOS
....aos amigos e parentes, aos
professores que não se cansam de
ensinar a tarefa árdua de viver.
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DEDICATÓRIA
.....dedico a Dra. Laila Araújo que me
mostrou os encantos da neurociências e
aos meus pais que sempre serão meu
maior exemplo de dignidade e força.
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RESUMO
O avanço nas pesquisas neurocientíficas proporcionou novos caminhos no
processo de ensino-aprendizagem, trazendo com isso um melhor
aproveitamento didático para o discente. O professor tendo o conhecimento de
como se processa o aprendizado no cérebro humano poderá melhor utilizar-se
de mecanismos didáticos que estimule os aspectos de ensino-aprendizagem,
para o desenvolvimento operatório formal de suas aulas. Conforme a autora
Dulce Consuelo R. Soares, é sabido que a aprendizagem se dá a partir de
experiências que podem ser organizadas em cinco níveis de complexidade,
sendo eles: sensação, percepção, formação de imagens, simbolização e
conceituação. Nestes aspectos, a estimulação da aprendizagem terá sua maior
importância no indivíduo durante o período da infância e adolescência, onde a
estimulação cerebral irá formar ligações neuronais que irão permitir o processo
de ensino-aprendizagem, e assim consolidar a aprendizagem. Cada indivíduo
apresenta diferentes necessidades de estimulação à aprendizagem, ficando
isso mais claro na educação de jovens e adultos, visto que irão interferir
diretamente em sua aprendizagem sua visão de mundo e a forma com que se
deu a estimulação cerebral durante sua infância e adolescência. Cabe ao
professor identificar tais peculiaridades, buscando os melhores e mais eficazes
meios para essa estimulação, a fim de direcionar melhor sua prática docente,
otimizando a aprendizagem de seus alunos.
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METODOLOGIA
Quanto aos métodos nossa pesquisa baseia-se nos estudos de artigos
científicos que visam o processo de ensino aprendizagem dentro da
neurociência. Assumindo forma explicativa na busca de elucidar questões que
surgem da necessidade humana em proporcionar um melhor aproveitamento
da concepção de aprendizagem. Com isto, buscaremos demonstrar ao
docente uma nova perspectiva de desenvolvimento do árduo ofício de ensinar.
Dentre esses artigos utilizados, destacamos como base bibliográfica o artigo:
”Motivação do aluno durante o processo de ensino aprendizagem” (STUDENT
MOTIVATION DURING THE TEACHING-LEARNING PROCESS) desenvolvido
por MORAES, Carolina Roberta; VARELA, Simone. Motivação do Aluno
Durante o Processo de Ensino-Aprendizagem.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - LEV VYGOTSKY E A MOTICAÇÃO HUMANA EM ADQUIRIR
NOVOS SABERES 11
CAPÍTULO II - O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM COM BASE NA
NEUROCIÊNCIAS 15
CAPÍTULO III - FATORES NEUROFUNCIONAIS QUE INFLUENCIAM O
PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM 19
CAPÍTULO IV - UMA NOVA PERPECTIVA NA FORMAÇÃO DO
EDUCADOR 23
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
Embora os primeiros estudos referentes ao encéfalo humano datem do
século IV a.C. com Hipócrates, ao qual já afirmava ser o encéfalo o órgão
responsável pelas funções sensoriais do corpo e não o coração como era
defendido por Aristóteles até então, os estudos permaneceram inalterados por
toda a Idade Média.
Os estudos do encéfalo humano começaram a desenvolverem-se
somente a partir dos séculos XVII e XVIII quando os cientistas passaram a
observar o encéfalo de animais em laboratório. Estas pesquisas baseavam-se
em provocar cientificamente lesões em áreas específicas do encéfalo afim de
observar as limitações que estas lesões provocavam nas funções sensoriais e
motoras do corpo.
O Iluminismo trouxe uma nova visão acerca do corpo humano e suas
funções, doenças até então tratadas pela humanidade de forma mítica
passaram a ser catalogadas e estudadas pela classe científica. Aprofundaram-
se estudos em laboratório, utilizando-se cobaias, sobre tudo em cães. Porém
as descobertas acerca do encéfalo obtiveram seu real desenvolvimento no
século XX, com a modernização de equipamentos, aos quais, permitiam
realizar imagens aprofundadas das áreas cerebrais no momento exato de seu
funcionamento. Dentre elas a memória, vem despertando muito interesse nos
estudos específicos do encéfalo humano e suas funções, para Rueda:
Segundo Lent a ressonância magnética possibilitou uma análise
detalhada de como se processa a organização e reorganização cortical durante
uma atividade humana, com isso houve um mapeamento do encéfalo e as
áreas responsáveis pelas funções humanas em sua especificidade puderam
ser observadas mais profundamente.
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A utilização do mapeamento por imagens provocou uma verdadeira
revolução nos estudos neurocientíficos, a observância de como se dá o
processo sináptico no encéfalo possibilitou uma nova forma de entender o
próprio aprendizado humano. Na antiguidade acreditava-se que o encéfalo de
um adulto era incapaz de conceber novos conhecimentos devido ao seu
processo sináptico ser menos frequente em comparação ao encéfalo de uma
criança ou jovem, fato este desmentido através da identificação e mapeamento
do encéfalo no momento exato em que se processam tais ligações neuronais.
O conhecimento humano é construído no encéfalo através de um
processo denominado sinapse, no qual o estímulo recebido, seja ele sensorial
ou motor, é processado através de ligações neuronais. Estas ligações são
formadas através de estímulos elétricos promovendo uma interligação entre os
neurônios que codificam o estímulo produzindo a informação propriamente
dita. Os estudos baseados em imagens provam que o encéfalo de um adulto
embora possua uma diminuição em sua funcionalidade de construção das
sinapses continua a manter sua capacidade de provocá-las. E segundo
Zimmer, possuem três etapas:
Neste estudo veremos como estas pesquisas auxiliam o docente na
busca de otimizar a aplicabilidade de suas funções no Ensino Superior.,
realizando uma abordagem referente aos aspectos neurofuncionais do
aprendizado humano, bem como o conhecimento de tais aspectos por parte do
professor poderá colaborar em seu ofício, sobre tudo, sendo direcionado aos
alunos do Curso Superior de Licenciatura Plena em História.
Desta forma, a relevância desta temática está no fato de buscar uma
complementação nos cursos de Pós-graduação em Docência do Ensino
Superior, afim de melhor preparar o profissional de educação para lidar com
questões que ultrapassem o currículo formal das Universidades. Tendo o
professor maior conhecimento de como se desenvolve o processo de ensino-
aprendizagem humano, poderá assim direcionar o planejamento de suas aulas
10
de forma a viabilizar um maior aproveitamento dos conteúdos por parte de
seus alunos, tendo em vista que os fenômenos psicológicos influenciam
diretamente na motivação pessoal em aprender determinado conteúdo.
Para a dissertação dessa temática, usaremos estudos científicos
realizados pela neurociência voltados especificamente para a área de ensino-
aprendizagem, memória e motivação.
11
CAPÍTULO I
LEV VYGOTSKY E A MOTIVAÇÃO HUMANA EM
ADQUIRIR NOVOS SABERES
...Cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz....
De forma complementar, memória e organização do pensamento
em busca do conhecimento se inter-relacionam intimamente, formando
harmoniosas conexões que visam não somente armazenar essa nova
informação, bem como fixá-la e guardá-la para quando for necessário utilizá-la.
Segundo Schwartz & Reisberg, nós nos lembramos melhor de algo quando
vemos ou criamos uma organização naquilo que deve ser lembrado.
“Não é a quantidade de neurônios que determina a
capacidade de memória, mas sim o número de conexões
sinápticas e o tamanho das ramificações dos neurônios,
cujo desenvolvimento depende diretamente dos estímulos
que o cérebro recebe” (SILVA AL, 2005, p.97).
1.1 - Origens da motivação humana segundo Lev Vygotsky
“Um pensamento é como uma nuvem
descarregando uma chuva de palavras" (Vygotsky, 1987,
p. 129).
Segundo o filósofo Lev Vygotsky as idéias estão em constante
transformação e ao adquirir novos conhecimentos, ao qual, juntamente com os
aspectos sociais e culturais irão estimular o desenvolvimento do individuo na
motivação em adquirir novos saberes. Tais processos estão sempre em
12
permanente movimento e transformação. Para Vygotsky uma habilidade pode
não estar desenvolvida num determinado indivíduo, porém todos os seres
possuem internalizadas possibilidades de desenvolvimento de tal habilidade,
sendo necessária ajuda externa, afim de que tal habilidade seja desenvolvida
no individuo.
O processo de construção dos saberes processa-se sempre no campo
das idéias tendo diferentes áreas do cérebro responsáveis pelo aprendizado,
tais como frontal, pré frontal e temporal, onde cada parte cerebral específica
possui particularidades referentes aos diferentes estímulos recebidos á
motivação da aprendizagem.
“Quando se demonstrou que a capacidade de crianças
com iguais níveis de desenvolvimento mental, para
aprender sob a orientação de um professor, variava
enormemente, tornou-se evidente que aquelas crianças
não tinham a mesma idade mental e que o curso
subseqüente de seu aprendizado seria obviamente,
diferente. Essa diferença é o que chamamos de zona de
desenvolvimento proximal. Ela é a distância entre o nível
de desenvolvimento real, que se costuma determinar
através da solução independente de problemas, e o nível
de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob orientação de um adulto ou
colaboração com companheiros mais capazes".
(VYGOTSKY, 1991, p.97).
Diferentes teorias permeiam o campo dos saberes, para Vygotsky o
individuo influencia e é influenciado pelo meio. Para o filósofo a motivação do
aprendizado perpassa pela obtenção de afeto necessária a espécie, onde a
influência do indivíduo em seu meio refere-se a obtenção do prazer que nele é
despertado ao observar que pode interferir em seu próprio meio. Já para
13
pensadores como Jean Piaget o processo de ensino-aprendizagem dá-se
somente através da influência do meio sobre o individuo, tendo o individuo a
possibilidade de desenvolver qualquer habilidade a partir da memorização de
informações que lhe são repetidas de forma massificada em sua mente, a esta
tendência damos o nome de hiperconstrutivismo. Para Piaget a repetição leva
a memorização do saber e com isso a aprendizagem. Podendo assim
direcionar a aprendizagem de um individuo ou indivíduos de acordo com a
necessidade do meio, esta tendência poderá ser observada através das
escolas de ensino técnico e profissional, onde o objeto de estudo é direcionado
afim de atender aos interesses de mão de obra da indústria.
Porém ambas as teorias convergem no que tange a idéia de que todo
individuo nasce com a aptidão para desenvolver em si qualquer habilidade,
cabendo somente ao meio proporcionar-lhe meios de desenvolver habilidades
específicas das quais se quer obter do indivíduo. O Homem é caracterizado a
partir de três fatores: Consciência, Trabalho e/ou uso de instrumentos e
Linguagem. O processo de aprendizagem segue-se de forma particular, tendo
intrínseca relação com os estímulos recebidos pelo indivíduo na faixa etária
que vai de zero a três anos. Sendo nessa fase da criança que se iniciará todos
os estímulos para tornar aquele ser num ser-humano propriamente dito, visto
que é através da estimulação e repetição que o individuo despertará em si
suas características que o compõe num individuo social, ou seja, um ser
possuidor de todas as características necessárias para viver e conviver em
sociedade.
Levando em consideração que o processo motivacional é estimulado
ainda na primeira infância (0-2anos) é na segunda fase, de 2 aos 7 anos, que
esta estimulação terá seu período de amadurecimento na criança. Devemos
lembrar que todo o processo de ensino-aprendizagem dar-se-á a partir de
características internas e externas ao individuo. Como características internas,
podemos citar as condições morfofuncionais e neurofisiológicas de sua
estrutura encefálica, tais como ligações neuronais e a capacidade de
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processar e armazenar o conhecimento proporcionado. Como características
externas podemos citar a estimulação à aprendizagem, a qual se faz por meio
da exploração de diversos recursos (lúdicos, visuais, auditivos, táteis), que irão
desenvolver no indivíduo o interesse em adquirir um novo conhecimento,
executando, assim, o processo de ensino-aprendizagem.
Faz-se imprescindível ressaltar a importância de oferecer condições
sociais básicas adequadas para a otimização do crescimento e
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, tais como higiene e alimentação, as
quais irão influenciar diretamente o processo de ensino-aprendizagem do
mesmo. Estudos comprovam que o indivíduo que apresenta uma alimentação
adequada, com todos os elementos necessários para a otimização de seu
desenvolvimento, apresenta melhor desenvoltura no processo de ensino-
aprendizagem, onde sua cognição e capacidade de concentração e raciocínio
se apresentam muito mais solidificadas.
15
CAPÍTULO II
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM COM BASE
NA NEUROCIÊNCIAS
“A memória corresponde a uma grande área de estudo
e vem sendo designada por diferentes conceitos, dentre
eles os mais frequentes referem-se à capacidade
neurocognitiva de codificar, armazenar e devolver
informação (GARDNER & JAVA, 1993 apud RUEDA &
SISTO, 2007).”
É compreendido que os seres humanos e, alguns animais,
apresentam, por meio de interações com o meio, experiências e interligações
neurais, a capacidade de modificar, desenvolver e armazenar uma nova
habilidade intelectual ou motora, para sua própria facilitação ou melhoria de
vida e sobrevivência, configurando o processo de aprendizagem. Por ser um
processo tão natural e essencial ao indivíduo, o estudo neurofuncional do
processo de ensino-aprendizagem se mostra como item de fundamental
importância para a melhoria da desenvoltura desse processo indispensável
para a vivência evolução do indivíduo, bem como para a otimização do
processo de aquisição de um novo conhecimento, que é o aprendizado.
“Os processos de codificação, formado pela
representação do mundo no cérebro através do ajuste de
sinapses nas redes neuronais, incluem três etapas:
retenção, armazenamento e recuperação da mesma
(ZIMMER, 2001, p. 254).”
O aprendizado pode ser definido como um conjunto de processos, aos
quais envolvem interações com o meio e experiências, que resultam em
16
mudanças relativamente permanentes na capacidade de resposta do indivíduo
que, após sua consolidação, virão a ser armazenado por meio da memória.
Através de estudos, pode ser comprovado que a otimização e o
aprimoramento de uma habilidade intelectual ou motora estão relacionados à
freqüência de execução da atividade em questão. Portanto, quanto mais o
indivíduo executa uma ação ou projeta sua atenção e concentração em um
processo de aprendizagem, certamente, cada vez mais esse aprendizado será
firmemente fixado em sua memória, aprimorando assim, sua habilidade em
determinada temática, bem como facilitando outros aprendizados que
apresentem alguma relação com o que fora previamente aprendido.
Todos os processos cerebrais são divididos em fases, ocorrendo de
forma gradativa, onde a primeira fase consiste na identificação do estímulo o
qual desencadeou o processo de aprendizagem. Essa identificação primária
consiste em detectar a origem do estímulo fornecido, podendo este ser
simples, como os estímulos sensitivos (táteis, auditivos, visuais) ou mesmo, de
origem mais complexas, como mnemônicos, que se refere à memória de algo
já produzido, ou volitivo, relacionado à própria vontade do indivíduo. Após ser
identificado, esse estímulo é processado para a identificação de suas diversas
variáveis, que são analisadas pelo sistema nervoso central, onde serão
interpretadas em sinais mais apropriados para a continuidade do processo.
Na segunda fase, após a identificação e interpretação do estímulo,
este é comparado com informações já existentes, armazenadas na memória, a
fim de encontrar alguma informação anterior que possa contribuir para a
formação da próxima etapa do processo de aprendizagem. Esta nova etapa
consiste na escolha da resposta cerebral mais eficiente para corresponder
segundo o estímulo que desencadeou o processo de aprendizagem.
“A memória é uma função importante que permite ao
organismo codificar, armazenar e recordar informação
17
vinda do meio e que lhe é potencialmente útil. (ZIMMER,
2001, p.119)”
Após a decisão da resposta mais adequada, inicia-se a configuração
dessa resposta, organizando os padrões de ativação que serão utilizados de
acordo com o tipo de aprendizagem, onde a área cerebral será ativada de
acordo com o que for necessário realizar. Nessa fase, a realimentação do
processo é fundamental, proporcionando novamente a comparação do modelo
de ativação com as informações já existentes na memória, otimizando a
configuração da resposta e adaptando as informações de outros sistemas a
essa resposta, organização as informações movimentos, e promovendo as
correções necessárias para que ocorra aquisição, bem como a consolidação
da informação de forma eficaz. A última etapa do processo de aprendizagem
ocorre quando esta nova informação assimilada pelo indivíduo é consolidada
na memória de longo prazo, onde será recapitulada sempre que necessária
para o indivíduo.
As alças de realimentação intrínsecas e extrínsecas são fundamentais
no processo de aprendizagem desde seu princípio até sua fase de conclusão,
tanto para o ajuste quanto para a consolidação da resposta, os quais são
dependentes de sua eficácia. As eferências intrínsecas constituem o
instrumento principal na elucidação da importância da repetição para as formas
de aprendizagem implícita, sendo as extrínsecas responsáveis pela
potencialização e reforço do processo de aprendizagem. Sendo assim, caso a
resposta for apropriada, esta irá ser consolidada para caso haja novamente
sua ativação em uma repetição do estímulo desencadeador do processo de
aprendizagem. Porém, se a resposta não for a mais adequada, as informações
dessa tentativa poderão vir auxiliar em uma nova resposta ao mesmo estímulo.
2.1 O processo de aprendizagem e a memória
18
“A visão da memória em seus múltiplos sistemas discute a
validade de medidas de memória direta X indireta, uma
vez que considera que não existiria uma medida unitária
da memória (RICHARDSON-KLAVEHN & BJORK, 1988
apud RUEDA & SISTO, 2007, p.68).”
A memória se apresenta como parte integrante fundamental do
processo de aprendizagem, pois promove o armazenamento de uma
habilidade ou de uma informação proporcionada ao indivíduo. Podemos dizer
que, a memória nada mais é do que o processo de aprendizagem já
consolidado, ou seja, quando a informação adquirida se encontra armazenada
para que possa vir a ser, posteriormente, utilizada pelo indivíduo operante.
Sendo assim, a aprendizagem e a memória sempre se encontram ligadas e
entrelaçadas na aquisição de qualquer nova informação.
Os mecanismos do sistema nervoso central para adquirir, codificar e
armazenar uma nova informação são altamente influenciados e selecionados
de acordo com o estímulo usado pelo docente, ou seja, se o recurso utilizado
foi visual, auditivo, experimental. Esse complexo e integrado sistema de
processo de aprendizagem e memória é altamente seletivo, excluindo
informações ou as quais não julga tão necessárias para o indivíduo, ou seja,
aquelas informações que não se tornaram tão significativas para o indivíduo
são armazenadas apenas na memória de curto prazo, a qual perdura por um
período de 30 minutos a 6 horas e, então, descartadas após este período.
Porém, as informações que o educador tornar significativas para o discente,
estas passarão por um processo de codificação e armazenamento muito mais
complexos e intensos, consolidando-as na memória de longo prazo, a qual
perdura por semanas, meses e anos, sendo recapitulada sempre que o
indivíduo deseja.
19
CAPÍTULO III
FATORES NEUROFUNCIONAIS QUE INFLUENCIAM O
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
A aprendizagem permite que o indivíduo adquira uma nova informação,
uma nova habilidade, promovendo modificações das conexões neurais em
benefício e otimização desse aprendizado. E, por ocorrerem conexões em não
somente uma, mas sim em diversas estruturas cerebrais no processo de
aprendizagem, a capacidade do indivíduo de absorver e consolidar uma nova
informação, a maturidade total das estruturas envolvidas nessas conexões, o
volume cortical, as áreas cerebrais ativadas, bem como o desenvolvimento das
mesmas irá interferir em todo o processo de aprendizagem.
3.1 - As particularidades dos hemisférios cerebrais na
aprendizagem
Durante o processo de aprendizagem, ocorre uma atividade neural
intensa nos hemisférios cerebrais, porém, essa atividade tem maior
predominância no hemisfério cerebral direito e, após o processo de
aprendizagem, esta intensa atividade ocorre com predominância no hemisfério
cerebral esquerdo. Segundo Goldberg, essa diferença consiste no fato do
hemisfério cerebral direito ser o responsável pela aquisição de novas
habilidades motoras, enquanto o hemisfério cerebral esquerdo se mostra
responsável pelas habilidades e estímulos já assimilados pelo indivíduo.
3.2 - A aprendizagem e a idade cronológica
20
“A perda da memória está relacionada com a
degeneração dos neurônios cerebrais, sendo que,
conforme o indivíduo vai envelhecendo, há uma perda
evolutiva dessas células nervosas, afetando assim sua
capacidade de memorização.” (GEIS, 2000, p.93).
A maturação e o desenvolvimento das estruturas do sistema nervoso
ocorrem, dentre tantos fatores, não só devido ao o estímulo recebido, mas
também de acordo com a idade cronológica do indivíduo, onde as
modificações estruturais, juntamente com as diferenças funcionais inerentes
desse processo de amadurecimento, irão interferir no processo de
aprendizagem. Portanto, a faixa etária se apresenta intimamente ligada e com
influência direta sobre o processo de aprendizagem, apresentando
interferência de características motoras, sensoriais e cognitivas específicas de
cada idade.
Estudos mostram que os indivíduos apresentam diferenças qualitativas
na consolidação do aprendizado na memória de longo prazo antes e após o
período da adolescência, este último o qual se assemelha com o
comportamento adulto. Acredita-se que esta diferenciação ocorre devido ao
fato de crianças apresentarem representações neurais ainda muito imaturas,
não tão desenvolvidas quanto o indivíduo no período adolescente e na idade
adulta, necessitando de um período maior de treinamento para que ocorra a
fixação de uma nova habilidade ou informação na memória de longo prazo.
Porém, o desenvolvimento da cognição durante o período da infância, a qual já
se encontra consolidada na idade adulta, também interfere e difere o processo
de aprendizagem dessa nova informação motora nesses indivíduos de faixa
etária distintas. Sendo assim, as vias de informações emitidas pelo docente
deverão ser de acordo com o período de desenvolvimento do indivíduo
aprendiz em questão, onde os meios utilizados para transportar essas novas
informações deverão ser dos mais variados tipos e formas para que se adapte
21
a cada indivíduo, pois este apresenta suas particularidades no processo de
aquisição de uma nova habilidade intelectual.
3.3 - A aprendizagem e o desenvolvimento morfofuncional
encefálico
Sabe-se que a maturidade das estruturas encefálicas atinge seu ápice
na segunda década de vida do indivíduo e ocorre na seguinte ordem: primeiro
se desenvolvem as áreas que apresentam funções primárias, como os
sistemas motor e sensorial. Em seguida, as regiões responsáveis pelas
funções básicas de linguagem e atenção espacial, que são o córtex temporal e
o córtex parietal e, por último, encontram-se as áreas que integram os
processos sensório-motores e modulam a linguagem e atenção, que são o
córtex pré-frontal e córtex temporal-lateral. Essa maturação ocorre junto ao
desenvolvimento da cognição, onde a interação de ambos e o momento em
que se encontram no indivíduo, irão interferir diretamente na aquisição e na
consolidação dessa nova informação.
Quando o indivíduo recebe um estímulo, e este desencadeia um novo
aprendizado, ocorrem modificações de algumas sinapses e, logo, em suas
principais conexões. Essas alterações estruturais nas sinapses também
determinam a intensidade da aprendizagem, pois ocorrem de forma diferente
para cada momento do desenvolvimento morfofuncional das estruturas
encefálicas. Onde não o número de neurônios irá interferir nesse processo,
mas sim a quantidade de conexões sinápticas, bem como o tamanho das
ramificações dos neurônios responsáveis pelo armazenamento dessa nova
informação, os quais o progresso é determinado de acordo com os estímulos
recebidos pelo cérebro. Por isso, se faz importante a promoção do
fornecimento de uma rica gama de meios e recursos durante a realização do
processo de ensino-aprendizagem, pois estas diversas estimulações irão
22
promover a otimização do processo de aquisição e consolidação da nova
informação.
3.4 - A aprendizagem e a cognição
“Quando o indivíduo percebe um estímulo, a solidez de
um determinado conteúdo aprendido requer a
modificação de determinadas sinapses e suas principais
conexões. Essas alterações estruturais das sinapses são
diferentes para cada memória, determinando, assim, a
intensidade da aprendizagem. (IZQUIERDO,2000, p.7)”
A cognição é definida como a capacidade de processar
conscientemente informações, desenvolvendo o raciocínio, nos possibilitando
o aprendizado de novos conhecimentos. O desenvolvimento cognitivo do
indivíduo apresenta-se como um dos pilares fundamentais para a realização e
concretização do aprendizado de novas informações, pois são esses que irão
organizar o que fora assimilado pelo indivíduo. Para ocorrer o processo de
aprendizagem de uma nova habilidade intelectual, se faz necessário uma série
de processos de raciocínio, para que todas as informações emitidas possam
ser adquiridas e consolidadas corretamente pelo indivíduo. E este processo só
poderá vir a ocorrer caso haja a integridade do processo de cognição, a qual
se mostra presente em todas as etapas do aprendizado, influenciando
diretamente o resultado final da aprendizagem. Para estudiosos como Guyton:
“Uma atividade motivadora e prazerosa contribui para o
funcionamento dos processos mentais básicos, como a
memória, a qual garante o armazenamento da
informação, via sinapses. (GUYTON, 1993, p21).”
23
CAPÍTULO V
UMA NOVA PERSPECTIVA NA FORMAÇÃO DO
EDUCADOR
“A universidade sempre esteve vinculada ao
conhecimento, embora tenha perdido a maior parte de
suas energias criativas em equivocadamente "transmitir"
conhecimento, sem perceber, por vezes, que só
transmitimos informação” (DEMO, 2005, p2).
A partir da década de 90 foi planejada pelos governos brasileiros uma
nova política de estimulo a expansão ao Ensino Superior em todo o país. Essa
política tinha como objetivo principal qualificar o sistema como um todo e ao
mesmo tempo corrigir distorções históricas na qualidade do ensino brasileiro.
Esta expansão na oferta por novas vagas no ingresso ao Ensino
Superior não trouxe consigo uma modernização no pensar da prática docente.
Buscava-se uma modernização na qualificação dos profissionais em todo o
país, contudo, continuaram utilizando-se do sistema tradicionalista de ensino
na formação desses profissionais.
Muitos autores buscam desenvolver novos estudos que procuram
construir uma ciência docente mais aberta as novas realidades de nossa
sociedade.
O ambiente acadêmico vem buscando interagir com as novas
concepções da nossa sociedade. Para isto é imprescendível formar
profissionais que conseigam atuar dentro da diversidade social e cultural
apresentada, sobre tudo, pela sociedade brasileira.
24
“O conhecimento faz parte da evolução da natureza e é.
assim, condição natural de todo ser humano." (DEMO,
2005, p.1).
Esta nova perspectiva ideológica do ensino não busca apenas formar
docentes e futuros docentes que aceitem uma nova concepção de parâmetros,
métodos e meios para utilizar em suas práticas profissionais. Estudiosos como
Demos realizam severas críticas a passividade adotada pela maioria das
universidades de nosso país frente às novas possibilidades de ensino, par ele:
"Mudam as sensibilidades, as subjetividades, as
materialidades, s espiritualidades, enquanto a
universidade permanece impassível. Anda no mundo da
lua, para falar a verdade." (DEMO, 2005, p.3).
Mesmo o Brasil estando inserido totalmente num mundo globalizado é
possível notar que a universidade brasileira acaba por não acompanhar as
mudanças trazidas pelas novas descobertas tecnológicas e cientificas.
Sustentando seus discursos ainda na linearidade dos métodos tradicionalistas
de ensino:
”Dentro de hierarquias rígidas e autodefensivas, os
professores perfilam-se mais facilmente como cães de
guarda, do que como desbravadores da inovação".
(DEMO, 2005, p.5).
Para que docentes e futuros docentes utilizem-se das novas
concepções da educação é necessário uma mudança na mentalidade da
própria formação desses docentes dentro das universidades. É preciso
priorizar a compreensão desse nova visão de mundo trazida pela globalização
abandonando os aspectos conservadores e conformistas da universidade
atual:
25
”Inovar mesmo é inventar realidades das quais não temos
ideia, assim como profissional do futuro é aquele
preparado para dar conta de desafios dos quais sequer
tem ideia." (DEMO, 2005, p36).
Embora pensadores como Demo possuam uma visão pessimista da
realidade de nossas instituições de ensino superior, uma nova corrente
filosófica começa a fortalecer-se dentro das universidades do país e o clamor
por uma nova maneira de se pensar os caminhos que nossa educação
precisam tomar se faz necessária e cada vez mais urgente:
”Assim, podemos nos questionar: é esta universidade que
está preparada para lidar com a realidade atual? Uma
realidade multicultural, plural e múltipla. Acredito que
não." (DEMO, 2055, p. 4).
Esta nova concepção de ensino busca trazer para a prática docente a
total interação tecnológica e social requerida pela nova realidade do país em
que vivemos.
”É necessário a incorporação da diversidade cultural no
cotidiano pedagógico da universidade, para assim buscar
questionar pressupostos teóricos e implicações
pedagógico-curriculares de uma educação voltada à
valorização das identidades múltiplas no âmbito da
educação formal." (CANEN, 2000, p.32).
Cada vez mais um ensino de qualidade se faz necessário, a fim de
otimizar as desigualdades sociais da realidade de nosso país. Deste modo
disciplinas criadas recentemente, como Docência do Ensino Superior, vem
26
suprir a necessidade do mercado em atender essas novas concepções no que
tange a formação do profissional que atua no Ensino Superior.
Contudo, estas novas concepções de interação entre novas
tecnologias e a abordagem necessária à melhoria da qualidade de nosso
ensino não deve ser encarada somente como sendo uma viés exclusivo do
Ensino Superior.
È na educação de base que obteremos um melhor aproveitamento na
implantação do uso dessas novas concepções do ensino-aprendizagem, pois
desta forma, no futuro teremos profissionais capacitados cada vez mais a
utilizar-se das ferramentas trazidas pela tecnologia em busca cada vez mais
pela melhoria na qualidade de vida de nossos cidadãos.
4.1 – Educação: um conceito moderno e tecnológico
Com inspiração no trabalho de Paulo Freire, o paradigma da educação
popular, encontrava na conscientização sua categoria fundamental. Levando a
incorporação de outra categoria não menos importante: a da organização.
Afinal, não basta estar consciente da necessidade da mudança, é preciso
organizar-se para poder transformar.
Nos últimos anos informação e conhecimento deixaram de ser uma
área ou especialidade de poucos para tornar-se uma dimensão de tudo,
transformando profundamente a forma como a sociedade se organiza. Pode-
se dizer que está em andamento uma Revolução da Informação como ocorreu
no passado a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial.
O autor Ladislau Dowbor, no livro A reprodução social, após descrever
as facilidades que as novas tecnologias oferecem ao professor, trás a tona
uma questão: o que eu tenho a ver com tudo isso, se na minha escola não tem
27
nem biblioteca e com o meu salário eu não posso comprar um computador?
No qual, ele mesmo responde que será preciso trabalhar em dois tempos: o
tempo do passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hoje para superar as
condições do atraso, e, ao mesmo tempo, criar as condições para aproveitar
amanhã as possibilidades das novas tecnologias.
Com a democratização das novas tecnologias criaram-se novos
espaços do conhecimento. Agora, não só a escola, mas também a empresa, o
espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos.
Tornando cada ambiente público ou privado num espaço
potencializado para a prática do ensino e pelas novas tecnologias, inovando
constantemente as metodologias. Novas oportunidades parecem abrir-se para
os educadores. Esses espaços de formação têm tudo para permitir maior
democratização da informação e do conhecimento, portanto, menos distorção
e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e
de iniciativa da sociedade.
Porém, só a tecnologia não basta. É preciso a participação mais
intensa e organizada da sociedade. O acesso à informação não é apenas um
direito. É um direito fundamental, um direito primário. Não há dúvida de que a
sociedade do século XXI tornou-se, definitivamente, uma sociedade de redes e
de movimentos. E a tecnologia tem muito a ver com isso.
Na sociedade da informação o professor deve servir de bússola pra o
discente, superando a visão utilitarista de só oferecer informações “úteis” para
a competitividade, para obter resultados. Deve-se oferecer uma formação geral
na direção de uma educação integral e integrante. Orientando de maneira
criticamente, sobretudo crianças e jovens, na busca de uma informação que os
faça crescer como indivíduos capazes de interagir com a sociedade existente,
juntando-se a ela na perspectiva de construção de uma realidade de fato
inclusiva, igualitária e livre de preconceitos.
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“A formação de conceitos é resultado de uma atividade
complexa, em que todas as funções intelectuais básicas
tomam parte. No entanto, o processo não pode ser
reduzido à atenção, à associação, à formação de
imagens, à inferência ou às tendências determinantes.
Todas são indispensáveis, porém insuficientes sem o uso
do signo, ou palavra, como meio pelo qual conduzimos as
nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as
canalizamos em direção à solução do problema que
enfrentamos." (VYGOTSKY, 1996, p.50).
Em dias atuais vale tudo para aprender. Isso vai além da “reciclagem”
e da atualização de conhecimentos, e muito mais além da “assimilação” de
conhecimentos. A sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas
oportunidades de aprendizagem: parcerias entre o público e o privado (família,
empresa, associações...), avaliações permanentes, debate público, autonomia
da escola, generalização da inovação. As conseqüências para a escola e para
a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se;
saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas;
saber organizar o próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser
independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser
aprendiz autônomo e a distância.
Nesse contexto de impregnação do conhecimento cabe à escola: amar
o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de
contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever criticamente a informação;
formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de
mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir
conhecimento elaborado. E mais: sob uma perspectiva emancipadora da
educação, a escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos. Não
discriminar o pobre.
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A escola não pode distribuir poder, mas pode construir e reconstruir
conhecimentos, saber, que é poder. Sob uma perspectiva emancipadora da
educação, a tecnologia contribui pouco para a emancipação dos excluídos se
não for associada ao exercício da cidadania. Segundo o autor Ladislau
Dowbor, a escola deixará de ser lecionadora para se transformar numa gestora
do conhecimento.
Dentro do contexto histórico a educação tem a possibilidade de ser
determinante sobre o desenvolvimento das nações, daí a necessidade em se
modificar a forma no qual o processo de ensino-aprendizado é encarado
dentro das metodologias educacionais em nosso país.
A educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento humano,
tanto no social quanto no material. Mas, para isso, não basta modernizar
simplesmente o ensino, como querem alguns. Será preciso transformá-lo
profundamente.
Para pensadores da educação como Kenski, o espaço escolar é onde
podemos encontrar refletido da melhor maneira nossa sociedade:
”Espaços permanentemente mutantes, as escolas virtuais
refletem e apresentam uma nova forma de linguagem e
de cultura, características do momento tecnológico que
vivemos na atualidade". (KENSKI, 2000, p. 156).
Para assegurar a continuidade de sua formação muitos indivíduos vem
buscando no Ensino à Distância uma maneira de garantir uma melhor
qualificação profissional, método este, inclusive, muito utilizado pelos
profissionais de educação. Demonstrando mais um exemplo de como as novas
mídias e tecnologias podem ser aliadas para garantir a continuação de sua
formação.
30
Este modelo educacional, por outro lado, vem sendo amplamente
difundido a fim de se garantir o maior número de alunos utilizando-se um
menor número de profissionais de educação. Mas será possível permanecer
com um padrão de aproveitamento educacional com a mesma qualidade do
que em aulas presenciais? Questões como esta as gerações futuras ainda
continuarão tentando respondê-las, tendo em vista que são questões novas e
muito atuais, surgidas apenas com o advento da massificação do acesso à
mídias como a internet.
Outro grande questionamento ao qual as futuras gerações de
pensadores em educação terão de esforçar-se para responder e se o currículo
nacional adotado em todo território nacional está adequado com a realidade
que nossa sociedade vive.
No início da implantação dos chamados Currículos Nacionais buscava-
se um padrão para todo o território nacional foi criado currículos.
São os princípios e metas do projeto educativo expresso através de um
conjunto de práticas educativas educacionais, vinculadas as realidades sociais
e culturais está sempre em construção e deve ser compreendido como um
processo contínuo. Ainda será observado a difusão de valores de interesse
social, direitos e deveres, respeito ao bem e à ordem democrática;
Consideração das condições de escolaridade; Orientação para o trabalho;
Promoção do desporto nacional; Apoio às praticas desportivas não-formais: A
zona rural e suas adaptações necessárias.
Outro grande questionamento enfrentado por todos os profissionais de
educação e que também é um problema atingido em todas as esferas da
educação que é a lotação nas salas de aula. Onde a utilização dos novos
recursos tecnológicos auxilia cada vez mais o professor.
31
Por não ser delimitado o número de alunos em uma sala de aula,
muitas instituições de ensino (públicas ou particulares) criam turmas cada vez
mais numerosas. Quanto maior o número de alunos numa mesma sala de aula
mais prejudicado fica a qualidade do trabalhado apresentado pelo profissional
de ensino.
Quanto mais impossibilitado de demonstrar suas habilidades enquanto
profissional maior é a necessidade deste professor em utilizar-se dos recursos
tecnológicos para garantir que seu objetivo seja alcançado.
Contudo somente através do domínio da matéria ministrada em suas
aulas e da utilização dos recursos e possibilidades trazidas através das
descobertas cientificas do processo de ensino-aprendizado este profissional
poderá ao final de sua jornada de trabalho obter um melhor aproveitamento de
suas aulas.
4.2 EDUCAÇÃO: CABE TAMBÉM AO PROFESSOR
APRENDER
”O trabalho docente contém múltiplos aspectos, sendo o
seu dia a dia permeado de situações de intencionalidade
e problematizações, de enfrentamento de atividades de
ensino complexas, que produzem um cenário de
tentativas sugestivas para renovar as estratégias usadas
e que podem levar a um ensino inovador".
(PIMENTA,1999, p. 15).
Ao cursar uma Pós-graduação como o curso de Docência do Ensino
Superior, onde talvez pela primeira vez o profissional de educação terá levado
32
ao seu conhecimento questões importantes como as normas que tangem as
Políticas Públicas Educacionais.
Esta importância na formação do futuro educador se faz por esta
temática trazer ao conhecimento deste profissional conhecer seus direitos
resguardados por lei. Com isto, o educador poderá usar a seu favor a
Constituição e os Decretos, sabendo de que forma deve se comportar tanto da
administração de uma escola quanto na administração de suas aulas.
Saber utilizar-se das ferramentas disponíveis seja elas tecnológicas
e/ou científicas é fundamental para se caminhar na direção de uma melhor
qualidade no nível apresentado pela Educação Superior no país.
Qualquer profissional necessita ter conhecimento total de sua
profissão, quais os meios que pode utilizar e quais as ferramentas deveram ser
utilizadas no exercício de sua profissão. Da mesma forma o futuro educador
do Ensino Superior precisa tomar consciência que em suas mãos está o futuro
na nação e dessa formar preparar-se da melhor maneira possível a fim de
proporcionar uma melhor qualidade no exercício de suas funções.
Para haver competência na prática docente, é preciso que esteja em
jogo um repertório de recursos, como conhecimentos, capacidades cognitivas
e capacidades relacionais. É difícil identificar, entre as competências de um
professor, aquelas que são separáveis de sua pessoa, pois elas não se limitam
àquilo que se adquire na formação profissional, já que toda história social e
psicológica do sujeito é formadora.
”Muitas escolas e os professores não têm conseguido
acompanhar as profundas mudanças do mundo atual, o
que tem provocado freqüentes debates e publicações
sobre educação, nos diferentes níveis de ensino,
discutindo-se tanto a premência de mudanças no projeto
33
educativo das escolas, quanto de formação, atuação e
desenvolvimento dos que nela ensinam". (FREIRE, 1997,
p. 46).
O fato de os professores assumirem a sua formação contínua, é um
dos sinais mais seguros para a profissionalização de seu ofício. A prática da
autoformação deve resultar idealmente de uma prática reflexiva no
desenvolvimento de seu ofício enquanto docente, constituindo-se em uma
"fonte de aprendizagem e de regulação", tornando-se uma alavanca essencial
na construção de novas competências e novas práticas.
Ao estudar a formação do professor, nota-se que essa prática exige,
além de formação específica, a possibilidade de desenvolver um estilo próprio
de ensino, assumindo-o refletidamente, dentro de seu contexto de trabalho,
evidenciando a necessidade de ir além dos pressupostos estabelecidos pela
racionalidade técnica, que levaram à dicotomia e à ênfase nos aspectos
teóricos do ensino.
Educar pessoas do modo como o mundo precisa hoje demonstra a
necessidade de um ensino voltado à liberdade e à autonomia, e não ao
conformismo, como está explícito na cultura, que representa uma nova postura
do docente e da escola, face às situações educativas.
Dentre as metáforas que emergiram sobre o papel do professor. A
importância da reflexão é evidenciada, enfatizando-se que, na prática
profissional, o processo de diálogo com a situação deixa transparecer aspectos
ocultos da realidade divergente e cria novos marcos de referência, novas
formas e perspectivas de perceber e de reagir.
34
O conceito da prática pedagógica, nos tempos contemporâneos, é o
mais utilizado pelos pesquisadores e estudiosos do assunto, seja no que se
refere à análise do trabalho docente, seja na formação de professores. Assim,
sua popularidade tornou-se imensa, de forma que a conexão pensamento-
ação/reflexão-prática, e a proliferação do termo prático-reflexivo têm percorrido
as discussões sobre a temática da educação e as reformas no ensino,
inclusive no Brasil.
O docente que se opõe à racionalidade técnica, isto é, às ações
submissas de aplicação de valores, normas e decisões político-curriculares,
pode reelaborar seus saberes e sua prática de forma reflexiva.
Consoante o exposto sobre a formação do professor para uma prática
docente reflexiva, muitos estudiosos da educação voltam a sua atenção para a
formação do professor-pesquisador, destacando a pesquisa como componente
necessário à formação, desempenho e desenvolvimento de docentes. Sua
importância é totalmente reconhecida, aparecendo em projetos, planos e leis
governamentais, mas também são mostrados como evidentes o
desconhecimento de como a pesquisa ocorre no cotidiano escolar e se ela
efetivamente ocorre.
No Brasil, poucas instituições de ensino superior têm se preocupado
em desenvolver pesquisas, produzir e socializar conhecimentos, definindo-se
mais por um sistema formador de profissionais para o mercado de trabalho. A
pesquisa aparece na literatura internacional recente como uma prática
fundamental na formação e no desenvolvimento profissional do professor,
assim como nas propostas de reestruturação curricular.
De tudo que foi apresentado sobre a educação e a formação e desenvolvimento
de professores, fica claro que, no novo século, não é mais possível formar profissionais
com o ensino voltado à racionalidade técnica, tão contestada nos dias atuais.
35
CONCLUSÃO
No ensino superior, as idéias trazidas pelo docente irão articular-se às
vivências trazidas pelo aluno, com isso cada individuo apresentará uma forma
particular de relacionar os conteúdos programáticos ao processo de ensino-
aprendizagem, demonstrando uma maior ou menor habilidade com
determinada disciplina. Cabe ao docente identificar as particularidades de cada
turma afim de que possa melhor direcionar seus conteúdos, tendo sempre em
observância características psicológicas e sociais do local onde as aulas são
ministradas. Ao educador cabe manter-se sempre em contato com novos
mecanismos de ensino a fim de obter um melhor aproveitamento na utilização
das ferramentas educacionais que lhe são disponíveis.
Nos primórdios da humanidade o homem deixou de ser coletor caçador
passando a estabelecer-se numa única região, desenvolveu a agricultura e
começou a viver num modelo de sociedade que viria a ser modificado ao
passar das gerações. Mesmo m tempo tão longínquos o homem já se
preocupava em encontrar uma maneira de transmitir seu conhecimento as
gerações futuras, porém esta preocupação somente tomou forma na Grécia
Antiga, ao fazer parte do pensamento filosófico da época. Pensamento este
que mesmo em dias atuais ainda não conseguimos chegar num consenso
sobre a melhor maneira de se pensar e fazer educação.
Ao pensar na práxis educacional devemos ter em mente que as
filosofias existentes vão nos auxiliar no contínuo processo do aprimoramento
pedagógico.
Não podemos desassociar Piaget de Vygotsky ou Paulo Freire. Como
também, não podemos nos apoiar friamente no aparente fracasso escolar
atingido por nosso país, dato este, amplamente divulgado pela mídia, sem nos
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questionarmos de nossa própria omissão frente ao direcionamento político que
o país e nós enquanto sociedade damos ao ensino universitário brasileiro.
Vivemos numa sociedade no qual a informação está massificada pelos
meios de comunicação, na internet, no cotidiano de todos os cidadãos. Frente
a isto, cabe ao profissional de educação não resumir-se apenas a ser m mero
transmissor de conhecimento, cabe-nos ensinar ao aluno a aprender,
despertando-lhe o desejo, o interesse em aprender como algo inerente a si.
O professor ao permear por diferentes assuntos, utilizando-se dos
saberes trazidos pelos diferentes campos científicos possui a possibilidade de
despertar no aluno o desejo em aprender, possibilitando-o descobrir em si
mesmo o prazer de pensar.
Sabemos nós das dificuldades encontradas pelos educadores no
desempenho de suas funções: turmas super lotadas, ambientes com
temperaturas desreguladas, alunos que chegam à sala de aula após grandes
jornadas de trabalho e não conseguem manter-se concentrados por longos
períodos, tempos de aula curtos para atender à um complexo conteúdo
programático, precariedade de recursos físicos ou mesmo a desatualização
quanto às novas formas e fontes tecnológicas de ensino..as quais muitos
profissionais que não se adequaram à essa nova realidade das salas de aula e
não conseguem acompanhar a evolução digital, mantendo com isso uma
lacuna ainda maior entre o educador e seus alunos, visto que em dias atuais a
maior parte dos alunos de nível superior do país buscam no meio digital a
comunicação com seu educador.
Hoje podemos observar que muitos docentes utilizam de redes sociais
para estreitar laços com seus educandos e por meio digital trocam informações
e dúvidas referentes á matéria ministrada por ele em sala de aula, sendo
comum a troca de material didático por meio de e-mails e salas de bate-papo
virtuais. Pois na maioria dos casos, o tempo em sala de aula torna-se cada vez
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mais escasso, tendo o professor que mudar rapidamente de turmas para que
então seja rigorosamente cumprida sua carga horária.
A reflexão crítica não basta, como também não basta a prática sem a
reflexão sobre ela. É preciso fazer uma análise em profundidade daqueles e
daquelas que se interessa por uma educação voltada para o futuro, uma
educação apropriada para o século XXI.
De qualquer forma, nada substitui a palavra como principal meio de
comunicação entre professor e alunos. Está é e continuará sendo a principal
ferramenta utilizada pelo docente a fim de formar um novo conceito dentro da
sala de aula, como afirma Vygotsky:
A observância de todos esses aspectos salienta ainda mais a
necessidade do profissional em educação buscar novas áreas de
conhecimento para somar à sua prática de ensino, entender como se processa
morfofuncionalmente e psicologicamente o processo de ensino-aprendizagem
fornece ao professor meios de obter um melhor aproveitamento de suas
práticas de ensino. Podendo desta forma, o profissional utilizar-se de
mecanismos da psicologia e da neurociência para atender e otimizar essas
necessidades tão inerentes à sociedade contemporânea.
38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BEAR, M. F., Connors, B. W., Paradiso, M. A. Neurociências - Desvendando o
Sistema Nervoso. 3a Edição. Porto Alegre. Editora Artmed, 2008.
LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios?: Conceitos Fundamentais de
Neurociência. 2a Edição. São Paulo. Editora Atheneu, 2010.
LENT, R. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro. Guanabara Koogan, 2008.
YONAN, Goshen-Gottstein, Learning and Memory, Tel-Aviv University, Tel
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MORAES, Carolina Roberta; VARELA, Simone. Motivação do Aluno Durante o
Processo de Ensino-Aprendizagem.
PAVÃO, R. Aprendizagem e Memória. Rev Biol. 2008;1:16-20.
SCHWARTZ, B. Reisberg, Learning and memory. New York: W.W. Norton;
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IZQUIERDO, I. Memória. Porto Alegre: Artmed; 2000
GEIS, PP. Atividade física e saúde na terceira idade. Porto alegre:
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GUYTON, AC. Neurociência básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993.
CANEN, Ana. Educação Multicultural, Identidade Nacional e Pluralidade
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PIMENTA, SG. Formação de professores: identidade e saberes da docência.
In: Pimenta SG, organizador. Saberes pedagógicos e atividade docente. São
Paulo (SP): Cortez; 1999.
SILVA, AL. Departamento de Psicologia Experimental e do Trabalho,
pesquisador da UNESP, Faculdade de Ciências e Letras da Universidade
Estadual Paulista, 2005. Disponível em URL:
http://www.uraonline.com.br/saude/saude05/memoria_fraca.html.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
LEV VYGOTSKY E A MOTIVAÇÃO HUMANA EM ADQUIRIR NOVOS
SABERES 11
1.1 - Origens da motivação humana segundo Lev Vygotsky 12
CAPÍTULO II
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM COM BASE NA
NEUROCIÊNCIAS 14
2.1 O processo de aprendizagem e a memória 17
CAPÍTULO III
FATORES NEUROFUNCIONAIS QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM 19
3.1 - As particularidades dos hemisférios cerebrais na aprendizagem 19
3.2 - A aprendizagem e a idade cronológica 20
3.3 - A aprendizagem e o desenvolvimento morfofuncional encefálico 21
3.4 - A aprendizagem e a cognição 22
CAPÍTULO IV
UMA NOVA PERSPECTIVA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR 23
4.1 – Educação: um conceito moderno e tecnológico 26
4.2 EDUCAÇÃO: CABE TAMBÉM AO PROFESSOR APRENDER 31
41
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40