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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
PROFISSÃO PSICOPEDAGOGA: UM ESTUDO SOBRE A
ESCOLHA PROFISSIONAL
Janaina Calasans da Fonseca
Apresentação de monografia ao conjunto universitário Candido
Mendes, como condição prévia para a conclusão do curso de
Pós-Graduaçao “Lato Sensu” em Psicopedagogia.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por estar presente na minha vida, iluminando os
caminhos percorridos para realização desta pesquisa. A
minha família pela paciência e dedicação e a todos os
professores em especial Fabiane, Dirce e Geni que em
cada aula fizeram com que me apaixonasse pela
Psicopedagogia.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe, grande mulher que
Deus colocou na minha vida me ensinando nas
pequenas coisas o verdadeiro sentido do amor. Ao meu
pai (in memória) e ao irmão querido e amado.
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Resumo
Está pesquisa tem como eixo central possibilitar o “resgate da memória”
das profissionais em Psicopedagogia, possibilitando uma reflexão sobre a sua
prática.
Nesta perspectiva, trouxemos à tona as múltiplas memórias. Memórias
essas individuais e coletivas que tentam buscar a reconstrução da identidade
profissional das entrevistadas.
Assim, o uso do feminino no tema dessa pesquisa, deve-se ao fato, das
entrevistas serem respondidas por mulheres que sinalizam através do resgate
proposto, os possíveis caminhos para mudanças e transformações na prática
psicopedagógica.
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METODOLOGIA
Antes de percorrermos os diferentes caminhos para a realização desta
monografia, definimos o objeto de estudo, construímos instrumentos de pesquisa
e delimitamos o espaço a ser investigado, para podermos passar para a fase
exploratória do campo.
Metodologicamente, a pesquisa busca realizar o resgate da memória das
psicopedagogas, através de questionários de cunho etnográfico, além de
utilizarmos como referências bibliografias que foram consultadas em diferentes
bibliotecas (UFF e UERJ).
Durante a pesquisa, na coleta dos questionários, brotaram várias facetas de
quem viveu varias experiências, com isso, foram coletados depoimentos
calorosos, saudosistas e outros objetivos, nos levando a cultivar um envolvimento
compreensivo, e uma participação marcante com as envolvidas no estudo.
Visando isto, deixamos as psicopedagogas à vontade para responderem os
questionários e um aspecto que está explícito nas respostas das entrevistadas é a
atual realidade da Psicopedagogia que luta para conseguir a sua identidade
profissional e para suprir as necessidades dos sujeitos que apresentam
dificuldades de aprendizagem. Essa luta é movida pela esperança de se modificar
essa realidade. “Precisamos de esperança crítica, como peixe necessita de água
despoluída... não há esperança, nem tampouco se alcança o que se
espera na espera pura, que vira, assim, espera vã”.
(Freire, 1992)
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Com isso os procedimentos metodológicos, longe de ser uma camisa de
força, foram possibilidades de compreender a trajetória das psicopedagogas,
enfim, a complexidade e os diversos caminhos da Psicopedagogia.
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Sumário
Introdução 9
Capítulo I 11
História da Psicopedagogia 11
Capítulo II 17
O que é a Psicopedagogia? 17
Capítulo III 26
Trajetória profissional 26
Conclusão 41
Bibliografia 42
Índice 47
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Introdução
Esta monografia, cujo tema é a profissão psicopedagoga e o universo
feminino, tem o objetivo de perceber, descrever, compreender, o que cada
profissional tem a dizer sobre o seu trabalho, possibilitando um “resgate da
memória” das profissionais, através de uma pesquisa facultativa de cunho
etnográfico.
Nos relatos das psicopedagogas, se faz um mergulho em suas memórias,
relembrando momentos de alegrias de tristezas, ou seja, os múltiplos sentidos
colocados pelas palavras ou até mesmo pelo silêncio, pois alguns fatos vão sendo
destacados e outros esquecidos no momento de contar, fazendo as entrevistadas
reviverem o seu cotidiano individual e social.
Escrever sobre a profissão psicopedagoga deve-se ao fato de observarmos
as práticas destas profissionais que auxiliam sujeitos que apresentam diferentes
necessidades inclusive sociais, levando os mesmos a acreditarem que são
capazes de superarem as suas dificuldades.
Para um trabalho eficiente, as psicopedagogas devem estar em constante
processo de reflexão sobre a sua prática, percebemos que com suas falas, fazem
misturar presente, passado e futuro, pois o trabalho psicopedagógico precisa de
autoconhecimento, porque este leva ao resgate de história de vida, possibilitando
que o sujeito se escute, se veja e se perceba.
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Nesse sentido, é considerar a singularidade de cada sujeito que é
pensante, cognoscente, que cresce, precisando acrescentar algumas coisas,
retirar outras, recordar alguns caminhos, esquecer outros, mas principalmente
perceber que existem sempre novos caminhos a serem seguidos.
Nessa pesquisa, a identidade profissional das entrevistadas vai se forjando
com múltiplos fios (relações familiares, de classes, etnia...), cada um desses fios
tem uma dimensão formadora, colaborando para tecer, numa trama complexa, a
vida profissional das psicopedagogas.
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Capítulo I
História da Psicopedagogia
“A vocação nasce com a gente, misteriosamente.
Ela é o nosso caso de amor com algo que se faz.
A diferença entre quem trabalha por profissão e
quem trabalha por vocação: o primeiro trabalha
pelo ganho; o segundo seria capaz de pagar
para poder fazer o seu trabalho.
Trabalha como quem faz amor,
como quem brinca “.
Rubem Alves (2003)
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História da Psicopedagogia
As dificuldades de aprendizagem passaram a ser foco de atenção com a
chegada da era industrial, pois havia uma preocupação com tudo o que
atrapalhava a possibilidade de produzir e algumas áreas da Medicina
(Oftalmologia, Neurologia e Psiquiatria) começaram a estudar as causas dos
problemas e suas possíveis correções.
No final do século XIX, educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras
começaram a se preocupar com os aspectos que interferiam na aprendizagem e a
organizar métodos para a educação infantil, tendo a colaboração de Seguin,
Esquirol, Montessori, Decroly, entre outros.
Segundo MERY (1985) os Centros Psicopedagógicos foram fundados na
Europa, a partir da segunda metade do século XX, e objetivavam, a partir da
integração de conhecimentos pedagógicos e psicanalíticos, atender pessoas que
apresentavam dificuldades para aprender apesar de serem inteligentes.
Nos Estados Unidos, o mesmo movimento acontecia, enfatizando mais os
conhecimentos médicos e dando um caráter mais organicista a esta preocupação
com as dificuldades de aprendizagem.
Várias definições foram elaboradas para diferenciar aqueles que não
aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam deficiências
mentais, físicas e sensoriais.
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Os esforços de investigadores americanos, como Samuel Orton, segundo
GEARHART (1978), resultaram em processos de tratamento altamente
desenvolvidos dessas dificuldades, que incluíam, além de médicos, também
psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos e professores, que atendiam em clínicas,
seguindo um modelo multidisciplinar.
O movimento americano proliferou a crença de que os problemas de
aprendizagem possuíam causas orgânicas e precisavam de atendimento
especializado, influenciando parte do movimento da Psicologia Escolar que, até
bem pouco tempo, de acordo com Bossa (1994), determinou a forma de
tratamento dada ao fracasso escolar.
O movimento europeu acabou por originar a Psicopedagogia, a corrente
européia influenciou a Argentina, que passou a cuidar de suas pessoas portadoras
de dificuldades de aprendizagem, há mais de 30 anos, realizando um trabalho de
reeducação. Mais tarde, este acabou sendo o objeto de estudo que contava com
os conhecimentos da Psicanálise e da Psicologia Genética, além de todo o
conhecimento de linguagem e de psicomotricidade, que eram acionados para
melhorar a compreensão das referidas dificuldades.
O Brasil recebeu influências tanto americanas, quanto européias, via
Argentina, principalmente no sul do país, receberam-se os conhecimentos de
renomados profissionais argentinos que muito contribuíram para a construção do
nosso conhecimento psicopedagógicos.
Dr. Quirós, Jacob Feldmann, Sara Pain, Alícia Fernandez, Ana Maria Muñiz
e Jorge Visca são alguns dos principais nomes de colegas argentinos que
trouxeram os conhecimentos da Psicopedagogia para o Brasil e enriqueceram o
desenvolvimento desta área de conhecimento.
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Há mais de 20 anos, vêm-se desenvolvendo cursos de formação e
especialização em Psicopedagogia. Também naquela época, o professor Jorge
Visca começou a vir para o Brasil a fim de implantar os Centros de Estudos
Psicopedagógicos (CEPs) que tinham e tem como objetivo difundir a
Epistemologia Convergente, linha teórica que apóia e fundamenta a
Psicopedagogia divulgada por ele, bem como formar profissionais nesta linha de
abordagem.
Jorge Visca, psicopedagogo argentino, contribui muito para a
Psicopedagogia nacional implantou CEPs no Rio de Janeiro e Curitiba funcionam
ininterruptamente.
Podemos verificar que a psicopedagogia teve uma evolução invejável,
nestes 20 anos, partiu de uma preocupação com a dificuldade de aprendizagem e
hoje estuda o ser cognoscente como um ser inteiro, com diversas possibilidades
de aprendizagem.
A Psicopedagogia está muito presente nas atuais propostas educacionais
nacionais, em forma de assessoria, de bibliografia e, principalmente, em forma de
idéias, as quais já vem sendo colocadas em prática em muitos pontos do país.
De acordo com Visca (1987), a Psicopedagogia nasceu como uma
ocupação empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na
aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o
decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas,
perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidor de
um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos,
corretores e preventivos próprios.
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A Psicopedagogia se preocupou, nestes anos todos, com o “aprender a
aprender”; “aprender a fazer” de forma autônoma; com o “aprender a ser” humano;
o “aprender a compartilhar” o mundo, a natureza, as idéias, as intenções e as
ações. A visão psicopedagógica está presente em vários municípios do interior e
em quase todas as capitais brasileiras e está fazendo parte do esquema
conceitual referencial operativo (ECRO) de um grande número de educadores.
É uma área de estudo que nos proporcionou a oportunidade de nos
especializarmos em aprendizagem, ela apresentou um grande desenvolvimento,
apesar de ter somente 20 anos, aqui no Brasil, tem demonstrado profundidade no
trabalho, qualidades nas pesquisas e desejos destes profissionais de
regulamentarem este curso, devido um grande número de pessoas acreditarem
que a Psicopedagogia são as somas dos conhecimentos da Psicologia e da
Pedagogia, outros acreditando, por causa do prefixo “psi”, que é a Psicologia
aplicada à Pedagogia e, portanto, campo de atuação do psicólogo.
De acordo com Bossa (1994), a psicopedagogia apenas como aplicação da
Psicologia à Pedagogia, pois, ainda que se tratasse de recorrer apenas a estas
duas disciplinas (o que não creio) na solução da problemática que lhe deu origem
- os problemas de aprendizagem não seria como mera aplicação uma à outra,
mas sim na constituição de uma nova área que, recorrendo aos conhecimentos
dessas duas, pensa o seu objeto de estudo a partir de um corpo teórico próprio,
ou melhor, que busca se constituir.
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É preciso pensar a questão de forma contextualizada, não podemos negar
os benefícios dos trabalhos psicopedagógicos, pois saímos da era industrial, na
qual os limites entre as disciplinas eram cruciais; a identificação de causa e efeito
era entendida de forma linear, como uma grande linha de montagem, em que cada
um faz seu papel para que o produto final seja a soma dos esforços.
Psicopedagogia, no entanto, não é uma soma que permite com que o
profissional matricule-se num curso para aprender apenas à parte que lhe falta.
Ela é uma disciplina com especificidades tais que precisa ser aprendida inteira e
não através de pedaços e retalhos. É resultado de aproximações recíprocas de
esquemas teóricos e práticos de várias áreas do conhecimento.
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Capítulo II
O que é a Psicopedagogia?
“Trago dentro do meu coração,
Como um cofre que não se pode
fechar de cheio.
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos que cheguei,
Todas as paisagens que vi através
de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco
para o que quero”.
(Fernando Pessoa, 1980).
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O que é a Psicopedagogia?
A Psicopedagogia é uma área do conhecimento e de atuação voltada para
o processo de aprendizagem, que não é estudada no espaço restrito da escola, ou
num determinado momento da vida, pois a mesma ocorre em todos os lugares,
durante todo o tempo da existência.
Como área de conhecimento, a Psicopedagogia, possibilita uma análise das
teorias relacionadas com as ações de aprender e ensinar, não apenas no sentido
da prática pedagógica, mas no substrato epistemológico que dela se origina para
a formação do sujeito que se volta para a realidade e dela retira um saber (ser
cognoscente).
Utiliza-se de conhecimentos da Epistemologia Genética, da Psicologia
Social e da Psicanálise, além da Psicopedagogia Operativa, de Sara Paín, na
Epistemologia Convergente, de Jorge Visca, e na Psicopedagogia Clínica, de
Alicia Fernandez, formulações teóricas mais expressivas.
Segundo Bossa (1994), a Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
humana, que adveio de uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado
num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria
Pedagogia - e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários,
para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. A
Psicopedagogia vem criando identidade e campo de atuação próprios, que estão
sendo organizados e estruturados especialmente pela Associação Brasileira de
Psicopedagogia (ABPp).
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Kiguel (1991) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de
organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências
pedagógicas, psicológicas, fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística
para uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem
humana.
Como afirma Moita (1992): “ninguém se forma no vazio a vida é um
percurso de formação, portanto conhecer o modo como cada pessoa se forma é
considerar a singularidade de sua história e o modo específico como age, reage e
interage com seus contextos”.
O psicopedagogo é um profissional pós-graduado, um multiespecialista em
aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas áreas a fim de
intervir nesse processo, seja para potencializá-lo, ou para sanar possíveis
dificuldades, utilizando instrumentos próprios da Psicopedagogia.
O trabalho psicopedagógico está relacionado com equipes ligadas aos
campos da educação e da saúde, mas a formação clínica no Brasil a profissão
ainda não é regulamentada.
A Psicopedagogia evoluiu quando houve uma necessidade de valorizar a
aprendizagem e compreender o ser humano na sua complexidade, tendo ampla
aceitação nos mais diversos segmentos da comunidade.
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A Associação Brasileira de Psicopedagogia tem contribuído para que a
Psicopedagogia assuma uma nova feição no cenário educacional brasileiro. A
ABPp é o órgão de classe que representa a categoria e luta por seus direitos,
além de promover a contínua revisão e o desenvolvimento do conhecimento
psicopedagógico do ponto de vista teórico e metodológico.
Nos tempos atuais a Psicopedagogia é um campo do conhecimento
essencial para a sociedade, articulando saberes e fazeres de forma
transdisciplinar e auxiliando aos seres cognoscentes que apresentam distúrbios de
aprendizagem.
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2.1-Objeto de estudo da Psicopedagogia
Em diferentes momentos históricos o objeto de estudo da Psicopedagogia
passou por diferentes fases.Vejamos a definição segundo alguns psicopedagogos
brasileiros sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia.
Para Kiguel, “o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se
estruturando em torno do processo de aprendizagem humana seus padrões
evolutivos normais e patológicos - bem como a influência do meio (família, escola,
sociedade) no seu desenvolvimento” (1991 p. 24).
De acordo com Neves, “a psicopedagogia estuda o ato de aprender e
ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da
aprendizagem, tomada em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do
conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de
igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos” (1991
p. 12).
Segundo Scoz, “a Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e
suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do
conhecimento, integrando-os e sintetizando-os (1992, p. 2).
Para Golbert:
(...) o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois
enfoques: Preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de
estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável.
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Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de
desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do
aprender, num sentido amplo. Não deve se restringir a uma só agência como a
escola, mas ir também à família e à comunidade.
Poderá esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, a professores,
pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do
desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem. O enfoque
terapêutico considera o objeto de estudo da Psicopedagogia a identificação,
análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das
dificuldades de aprendizagem (1985 p.13).
Para Rubinstein, “num primeiro momento a Psicopedagogia esteve voltada
para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem os
portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a
remediação e desta forma promover o desaparecimento do sintoma”. E, ainda, “a
partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do
processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma,
o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas
um aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação de
etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão do
processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que intervêm
neste processo”. (1992 p. 103).
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Do ponto de vista de Weiss, “a Psicopedagogia busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da
própria aprendizagem de alunos e educadores” (1992, p. 6).
Observando as considerações, percebemos que o objeto da
psicopedagogia deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana.
No início, seu objeto é os sintomas das dificuldades de aprendizagem e o seu
objetivo é remediar esses sintomas, com isso, a dificuldade de aprendizagem era
um produto a ser tratado e a Psicopedagogia não seria um saber independente,
mas uma síntese da Psicologia com a Pedagogia.
“A partir do momento em que se considera o sintoma como valores
relativos, a Psicopedagogia muda de objeto. Não é mais o sintoma que
se visa, não é mais o desempenho, os bons e os maus resultados que
se consideram, mas a gênese da aprendizagem”.
(Almeida e Silva 1998)
Na nova fase, começa-se entender o sintoma como uma desarticulação dos
diferentes aspectos (afetivo, cognitivo e social) e o seu objeto passa a ser um
saber independente.
Atualmente, o objeto da Psicopedagogia é o ser cognoscente, é um ser
pluridimensional, um ser com autonomia que é responsável pela construção do
seu próprio conhecimento através da interação com o objeto, os diferentes
aspectos do ser cognoscente se articulam em uma ação que organiza e modifica o
meio, esta contribui para o crescimento deste sujeito.
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2.2-Psicopedagogia Clínica e Institucional
Previamente a escolha da sua prática psicopedagógica (clínica ou
institucional), deve estar clara para o psicopedagogo o que é ensinar, aprender,
quais os problemas que influenciam no surgimento das dificuldades de
aprendizagem e no processo escolar.
A Psicopedagogia Clínica, sua prática ocorre em consultório (individual,
grupal, familiar) em instituições educativas e sanitárias.
O psicopedagogo clínico busca investigar e intervir tentando compreender o
significado, a causa e a modalidade de aprendizagem do sujeito, buscando
estratégias para sanar as dificuldades do mesmo.
Alicia Fernandez (1991), relata que todo sujeito tem a sua modalidade de
aprendizagem, ou seja, meios, condições e limites para conhecer. Modalidade de
aprendizagem significa uma maneira pessoal para aproximar-se do conhecimento
e constituir o saber. Tal modalidade constrói-se desde o nascimento, é como uma
matriz, um molde, um esquema de operar que vamos utilizando nas situações de
aprendizagem. Essa modalidade é fruto do seu inconsciente simbólico constituído
na sua inter-relação com o outro e de sua atividade estruturante de um universo
estável: relação causa-efeito, espaço-temporal, objetividade. Assim, organizam-se
as operações lógicas, classificadas e de relação que de um nível de elaboração
simples passa a outro cada vez mais complexo.
Podemos dividir a prática clínica psicopedagógica em três pilares:
Behaviorista (mais antiga e atualmente menos praticada).
Construtivista (apoiada na construção piagetiana).
Epistemologia convergente (Jorge Visca), talvez a mais divulgada no Brasil.
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Com isso, a Psicopedagogia clínica procura entender de forma global e
integrada nos diferentes aspectos (cognitivo, afetivo e social), buscando auxílio
com a família e a escola, possibilitando situações que resgatem o prazer de
aprender.
A Psicopedagogia institucional realiza a sua atuação no espaço escolar de
forma preventiva auxiliando os alunos, observando os mesmos num todo,
resgatando os elementos essenciais ao ato de aprender.
No trabalho preventivo podemos falar em diferentes níveis de prevenção.
No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo
de diminuir a “freqüência dos problemas de aprendizagem”.Seu trabalho incide
nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e na orientação de
professores, além de fazer aconselhamento aos pais.
No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de
aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico, a partir do
qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam
tais transtornos.
No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados.O caráter
preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos
prevenindo o aparecimento de outros.
O psicopedagogo institucional deve assessorar a escola fazendo com que a
mesma analise a sua prática e suas relações com a aprendizagem prevenindo os
fracassos na aprendizagem e procurar resignificar a unidade
ensino/aprendizagem.
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Capítulo III
Trajetória Profissional
“Neste ponto já não há como eludir a resposta à
questão de como alguém se torna o que é.
E com isso toco na obra máxima da arte da
preservação de si mesmo – do amor de si...”
( Nietzsche, 1995)
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TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Uma das formas mais pertinentes de se conhecer uma realidade é ouvir o
que um sujeito que vivência uma situação tem a relatar sobre a mesma. Dessa
forma, um dos propósitos deste trabalho é desvendar através de questionários de
cunho etnográfico o significado da Psicopedagogia para as psicopedagogas, com
isso transcrevemos no decorrer dos capítulos as falas das entrevistadas,
observando o que as motivou a escolher e se dedicar a Psicopedagogia.
O método de história de vida tem como conseqüência tirar o pesquisador
de seu pedestal de “dono do saber” e ouvir o que o sujeito tem a dizer
sobre ele mesmo: o que ele acredita que seja marcante ou importante
em sua vida (Glat 1989).
As memórias profissionais coletadas mostraram que os percursos
profissionais das psicopedagogas seguiram distintos caminhos.
Memória que o Bergson (1980), define como a que registraria sob a forma
de imagens-lembranças todos os acontecimentos de nossa vida cotidiana, na
medida em que se desenrolam.
Procuramos um fio condutor nos questionários e começamos a trançar os
fios das histórias de vida, buscando semelhanças e diferenças na escolha
profissional.
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“... apesar das diversidades dos relatos e das variações individuais, o
pesquisador pode sempre (e é nisso justamente que consiste a sua
tarefa) encontrar... Um núcleo fixo, um fio condutor... Que caracteriza o
grupo ao qual pertencem os sujeitos” (Glat, 1989, p.31).
Algumas psicopedagogas escolheram a sua profissão por interesse pela
área, ou por estar em uma determinada profissão e descobrir a necessidade de
cursar a Psicopedagogia.
O interesse pela habilitação.
A caminhada em Recursos Humanos.
“Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo que,
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível
ensinar”.
(Freire, 1996).
Busca melhorias na relação do processo ensino-aprendizagem, tentando
suprir as necessidades dos sujeitos que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
À vontade de minimizar as aflições do cotidiano escolar.
A intenção de buscar alternativas para resolver os problemas de aprendizagem.
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Razões de cunho pessoal, por terem nos caminhos percorridos se
deparado com uma pessoa com distúrbio de aprendizagem na família.
Primeiro meu próprio filho que é um jovem disléxico. Segundo porque trabalhava
com crianças com necessidades educativas especiais. Terceiro, acho fundamental
a presença de um psicopedagogo na escola.
Bertaux (1980), um dos pioneiros no uso do método de história de vida,
lembra que “o sujeito não relata simplesmente sua vida, ele reflete sobre ela,
enquanto a conta”.Assim, relatar sobre sua profissão é uma oportunidade para
reflexão.
A escolha pela Psicopedagogia foi pela necessidade de buscarem novos
conhecimentos para atuarem com crianças portadoras de necessidades especiais
e com dificuldades de aprendizagem, tentando novos caminhos, através do
trabalho psicopedagógico.
A busca de soluções para as dificuldades de aprendizagem em crianças
com necessidades especiais e em crianças ditas “normais”, que fracassam na
aprendizagem.
Dentre muitos, o fato de que desde as minhas primeiras experiências como
professoranda do Instituto de Educação, ter entrado em contato com as
dificuldades de aprendizagem frente às turmas de alunos ditos “especiais”, daí em
diante, em percurso auto-didato, ter trabalhado com a diferença nas escolas da
rede pública, com população de baixa renda e com crianças portadoras de graves
patologias.
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As necessidades, as dificuldades e perspectivas das psicopedagogas são
os caminhos para analisar como vem sendo desenvolvido e como pode ser
melhorado o trabalho psicopedagógico, sob a visão das próprias psicopedagogas
e através da análise dos seus discursos, talvez possamos discorrer sobre os
entraves que mais diretamente interferem no seu fazer psicopedagógico,
apontando alguns rumos para sua transformação.
Vejamos nos quadros abaixo o tempo de experiência e instituição de
formação das 10 psicopedagogas que foram entrevistadas.
Quadro I – Tempo de Experiência na Psicopedagogia
2 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 23 anos
2
7
________________
1
Quadro II – Instituição que Cursou Psicopedagogia
UVA PUC USM UERJ UCAM UNIVERSO CEPERJ CEPs
(Curitiba)
2
4
1
1
2
1
1
1
Obs: Três entrevistadas cursaram a sua pós-graduação e complementaram
em outra instituição.
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O que levou estas psicopedagogas a se enveredarem pela
Psicopedagogia? O que as motivou?
“A memória vai sendo vasculhada, revirada e o que vem a tona é o que
importa para o (a) narrador (a) naquele momento. A memória é viva. O
passado, o presente e o futuro vão se misturando no agora, momento de
contar”.(Benjamim, 1996).
Nesse sentido percebemos que diferentes razões levaram as profissionais a
optarem pelo curso de Psicopedagogia, levando-nos a refletir sobre a
necessidade, desejo, limitações, contribuindo para o crescimento do sujeito que
apresenta dificuldades de aprendizagem.
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3.1- O que as psicopedagogas acham da sua profissão
É marcante nos relatos das psicopedagogas demonstrarem a preocupação
com uma educação mais igualitária.
Muito necessária enquanto não houver uma reforma na educação.
Uma opção para alcançar os objetivos vislumbrados nos processos de ensino-
aprendizagem.
De acordo com Nóvoa, percebe-se que “estar em formação implica um
investimento pessoal, livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios,
com vista à construção de uma identidade pessoal, que é também uma identidade
profissional”. Ou seja, “a formação se constrói através de um trabalho de
reflexibilidade crítica sobre as práticas e de reconstrução permanentemente de
uma identidade pessoal” (Nóvoa, 1991, p.70).
Com isso, a busca do reconhecimento da Psicopedagogia.
Uma profissão que busca identidade e lugar para o exercício esclarecido de quem
se propõe.
Um campo do conhecimento novo (mais ou menos 30 anos), extremamente
complexo e profundamente interessante que, cada vez mais, ocupa, com
competência, seu lugar no universo dos saberes oportunizando crescimento
permanente aos profissionais da área de educação. Em resumo:
APAIXONANTE!!.
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Algumas psicopedagogas demonstram que o gosto e o interesse pela sua
profissão são pelo fato de ser interessante, importante, gratificante e necessário.
Bastante interessante com os desafios que se apresenta.
O que de mais importante que existe.
Extremamente gratificante quando exercida com seriedade e amor.
Bastante necessária no séc. XXI.
Desenvolver uma escuta sensível, ouvir, enxergar e ajudar o ser
cognoscente a superar as suas dificuldades de aprendizagem.
E na profissão que me possibilitou encontrar o caminho que procurava para atingir
a raiz das dificuldades na aprendizagem, os postulados básicos da epistemologia
convergente começaram a ampliar a minha visão do ser cognoscente.
É belíssima!! Contribuir com o sujeito, mostrando para o mesmo que é capaz de
superar as suas dificuldades e ao final observar que conseguiu, é bastante
gratificante.
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Minha condição humana me fascina. Conheço o limite de minha
existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às vezes o
pressinto.Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me
descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles
me condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso,
descobri terem emoções semelhantes às minhas (EINSTEIN, 1981, p.9).
Independente de suas histórias na Psicopedagogia as entrevistadas
percebem a importância da sua profissão, conjugando teoria e prática, bem como
a troca de experiências com o sujeito que apresenta a dificuldade de
aprendizagem. Demonstrando, assim, estarem consciente de sua condição e
serem psicopedagogas interessadas em desenvolver as suas habilidades e
superar os seus limites.
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3.2-Dificuldades que encontram na profissão
Uma das grandes dificuldades que as psicopedagogas encontram é que no
Brasil a Psicopedagogia é uma especialização, curso de aperfeiçoamento,
apresentando dificuldades em construir a sua identidade profissional.
Entre muitas, a defasagem na formação acadêmica e o reconhecimento do lugar
de atuação deste sujeito.
A má remuneração e no caso da Psicopedagogia, a falta de reconhecimento oficial
da profissão.
A falta de reconhecimento o que me deixa bastante triste, pois acredito que temos
espaços para todos e a Psicopedagogia tem apresentado a sua importância.
Conforme Scoz (1990), a Psicopedagogia no Brasil hoje é a área que
estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e, numa ação
profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e
sintetizando-os.
A formação da maneira como se dá no nosso país, tem as suas vantagens
e desvantagens, de um lado o envolvimento de diversos profissionais na
formação, diferentemente do que ocorre na Argentina, o caráter interdisciplinar
desta área de estudo. De outro, a presença de vários profissionais, o que dificulta
a Psicopedagogia construir a sua identidade profissional.
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Dificuldades transitórias, que ora vão decrescendo com a nossa prática.
A falta de articulação entre as intervenções e as práticas do cotidiano.
As fala.
As psicopedagogas demonstraram uma necessidade de aceitação,
conscientização da profissão e a falta de compromisso com a educação.
A Aceitação, pelos responsáveis das limitações apresentadas pelos filhos e da
necessidade de esperar, pacientemente, o desabrochar do desenvolvimento.
As maiores dificuldades situam-se na conscientização dos que se ocupam, com a
produção e difusão do saber e com a filosofia de educação em curso no Brasil.
Particularmente não tive, embora creia que a aceitação do problema e/ou a
necessidade de um.
A investigação, o esclarecimento da queixa do próprio aluno, da família e da
escola.
As diversas inquietações geradas podem resultar em um movimento de
mobilização da parte das psicopedagogas para uma busca de soluções para a sua
prática.
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Bossa (1994), nos afirma que as dificuldades impostas pela complexidade
do próprio objeto de estudo da Psicopedagogia, a sua recente existência enquanto
área de estudos, as suas origens teóricas e a questão da formação no Brasil
constatam que a busca de uma identidade implica, por esse aspecto, um processo
árduo. Por outra parte, entretanto, os profissionais brasileiros envolvidos nessa
busca estão mobilizados por um grande desejo de contribuir para tal processo
permanente de construção.
Talvez uma das riquezas em se trabalhar com a Psicopedagogia, seja
justamente a necessidade de aprendermos a conviver com sentimentos
conflitantes.Se por um lado vivemos decepções, por outro, estamos
constantemente sendo impulsionados a superar nossos próprios limites.
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3.3- Motivos que ficam na Psicopedagogia
Os caminhos vão sendo percorridos, os obstáculos sendo superados, mas
os sonhos não deixam de estar presentes.
Rubem Alves (2003) relata que sem sonhos comuns não há povo, e não
havendo um povo não se pode construir um país. Se eu sonho com um país de
águas cristalinas e natureza preservada, meu sonho pessoal será inútil se não
houver muitos que sonhem esse mesmo sonho.
Porque acredito na profissão e sonho em uma educação mais igualitária, onde
tenham profissionais compromissados com o seu trabalho, dessa forma
conseguiremos reter os problemas de aprendizagem.
Pelo desejo de poder, de alguma forma, participar de novos rumos na educação
brasileira.
Porque acredito na viabilização da proposta e da mediação psicopedagógica como
intervenção necessária.
Encontramos mulheres de coragem na Psicopedagogia que ainda
acreditam na utopia e desejam para que aconteça, é o que as mantém na
caminhada.
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A psicopedagogia se faz uma oportunidade para transformação da realidade do
cotidiano escolar.
Pela multiplicidade dos caminhos para encontrar a possível condição de
desenvolvimento intelectual, social e cultural.
Porque foi o caminho que escolhi.
Porque acredito que só nesta caminhada solucionaremos os problemas das
dificuldades de aprendizagem, superando o fracasso escolar.
Narrar as histórias das psicopedagogas significa resgatar, rememorar,
costurando os retalhos da colcha que constitui a vida das profissionais.
Acredito que desafios são a mola propulsora do crescimento profissional e
afetivo de um professor. Bons alunos dão “nome” ao professor, mas aqueles que,
por qualquer motivo, não consegue com eles o desabrochar de seu potencial
estes, sim, nos dão a certeza do valor de um verdadeiro professor.
Bossa (1994a) afirma que os problemas de aprendizagem têm origem na
constituição do desejo do sujeito. Contudo, o fracasso escolar tem sido justificado
pela desnutrição e por problemas neurológicos e genéticos. Poucas são as
explicações que enfatizam as questões inorgânicas, ou seja, as de ordem do
desejo do sujeito, analisando as questões internas e externas do não aprender.
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Porque acho fantástico ver uma criança, adolescente ou adulto ir superando suas
dificuldades e passar a aprender com prazer, ou seja, estabelecer um vínculo
afetivo com a aprendizagem.
Mesmo não estando no momento na Psicopedagogia, a profissional
reconhece a importância de se qualificar para retornar ao trabalho.
Não estou, tenho me reciclado porque pretendo retomar.
Refletindo sobre os relatos das psicopedagogas, não podemos deixar de
pensar que, dada à situação da Psicopedagogia em nosso país, não ter alcançado
até o presente momento a sua identidade profissional, essas psicopedagogas
continuam motivadas a ficar na Psicopedagogia.
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Conclusão
Realizar um estudo sobre a profissão de psicopedagoga nos possibilitou
não só o resgate da trajetória profissional, mas refletir sobre a atuação,
dificuldades e os motivos que as entrevistadas permanecem na Psicopedagogia.
Sentimo-nos vivos quando entregues às lembranças, somos postos a
transformar, a trabalhar, a interagir cotidianamente com o que está à nossa volta.
Relembrar não é só resgate do passado, mas também realizar o passado
no que lhe cabe interagir com o futuro, sem que este seja necessariamente um
movimento linear.
Dessa forma nos sentimos mobilizados por buscarmos as histórias de vidas
das profissionais que com suas falas faz com que revivamos e possamos reavaliar
as nossas próprias práticas.
As psicopedagogas ao relembrarem os motivos que levaram a escolha
profissional, trouxeram à tona lembranças isoladas, factuais e que podem ter
ficado guardadas por anos, esperando um momento para se manifestar de
diferentes formas, tornando-se consciente o que poderíamos chamar de
inconsciente. Uma lembrança que pode ser chamada de espontânea.
As psicopedagogas ao relatarem as suas experiências, não narram apenas
aquilo que viveram, mas sim a representação daquela experiência e de tudo o que
construíram até o presente momento, nos contando à percepção que tem do fato
vivido.
Assim, esperamos que a Psicopedagogia alcance o seu espaço merecido,
ou seja, a sua autonomia profissional, contribuindo para ajudar o ser cognoscente
a superar as suas dificuldades e tentar compreendê-los, seja na instituição ou no
espaço clínico, acreditamos que só dessa forma poderemos minimizar os
problemas de fracasso escolar.
42
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Beatriz e outros (org.), Psicopedagogia: contextualização, formação e atuação
profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
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ANEXOS
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Nome: _____________________________________________________
Instituição que cursou Psicopedagogia:___________________________
1- Quais os motivos levaram a se tornar uma psicopedagoga?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2- Quantos anos exerce a profissão?
__________________________________________________________________
3- Escreva um pouco sobre a sua trajetória profissional.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4- O que você acha da sua profissão?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
5- Que dificuldade encontra na profissão?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
6- Por que fica na Psicopedagogia?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
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ÍNDICE
Introdução 9
Capítulo I 11
História da Psicopedagogia 11
Capítulo II 17
O que é a psicopedagogia? 17
2.1 – Objeto de estudo da Psicopedagogia 21
2.2 – Psicopedagogia Clínica e Institucional 24
Capítulo III 26
Trajetória Profissional 26
3.1 – O que as psicopedagogas acham da sua profissão 32
3.2 – Dificuldades que encontram na profissão 35
3.3 – Motivos que ficam na Psicopedagogia 38
Conclusão 41
Bibliografia 42
Anexos 45
Índice 47
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIOS-PEDAGOGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Profissão Psicopedagoga: Um Estudo Sobre a Escolha Profissional
Data da entrega: ________________________________________
Avaliado por: _________________________ Grau:____________
Rio de Janeiro, ______ de _________________ de ___________.
Coordenação do curso