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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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UMA VISÃO HIPERTEXTUAL SOBRE A LEXICULTURA: O
HIPERMÚSIKA COMO FERRAMENTA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM DO LÉXICO DE MÚSICAS DA DÉCADA DE 80
Drielle Caroline Izaias Juvino1 (UFSCar)
Resumo: Reunindo os conceitos de lexicultura e hipertextualidade, este trabalho tem por fim apresentar o produto de estudos realizados sobre o ensino do léxico culturalmente marcado através de letras de música e hipertextos - O Hipermúsika (www.hipermusika.xpg.com.br). O website apresenta uma seleção de letras de música da década de 1980 que acabaram por “traduzir” aquela realidade histórica por meio de palavras com cargas
culturais compartilhadas. O intuito é reproduzir nos dias de hoje o contexto de época no qual essas canções foram produzidas, de modo que os hiperleitores “naveguem” e compreendam os sentidos histórico-sociais que elas veiculam. Palavras-chave: hipertexto, lexicultura, letras de música. Abstract: Bringing together the concepts of lexiculture and hypertextuality, this paper aims to present the product of studies on the teaching of vocabulary culturally marked through lyrics and hypertext - The Hipermúsika (www.hipermusika.xpg.com.br). The website presents a selection of lyrics from the 1980s that eventually "translate" that historical reality through words with common cultural loads. The aim is to reproduce the context of the time in which these songs were produced, so that hyper-readers can "surf” and understand the historical and social meanings the lyrics convey. Keywords: hipertext, lexiculture, palavra-chave3
Introdução
É fato que os textos acabam por refletir a sociedade em que são
produzidos, Pellegrini (1996) afirma que “toda realidade gera sua própria
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linguagem”, pois ela “[...] nunca deixa de ser um fato real, entre outros tantos
fatos igualmente reais.” (p. 21) Essa correspondência entre texto e contexto é
clara não só nas produções literárias de que trata a autora, mas sobretudo nas
produções culturais como a música, que abrange muito mais pessoas que a
literatura no Brasil, não importando a classe social, idade e nível de escolaridade.
Podemos dizer que, no Brasil, a música é uma das produções culturais mais
acessíveis e de rápida propagação desde 1960 com o surgimento das FMs.
A música da década de 1980 foi produzida nesse contexto das FMs,
que, devido à concorrência com a TV, apresentava programas mais atraentes ao
público em geral, com grande popularidade entre os jovens. Também foi nessa
época que as rádios de rock se popularizaram e, consequentemente, também o
BRock. Influenciado, sobretudo, pelo contexto político-social, a geração de 1980
encontrava-se em um momento de contestação, inconformismo e desafio. Por isso
o gênero rock se adequou tão bem a essa época, sendo um dos principais veículos
de expressão cultural.
Logo, podemos afirmar que o léxico produzido nessas canções possui
uma carga cultural que é compartilhada por aqueles que viveram tal momento
histórico e cultural. Segundo Galisson (1987; 1989), a carga cultural compartilhada1
diz respeito à cultura comportamental, do cotidiano, nunca o conhecimento
erudito. A cultura do cotidiano não é aprendida na escola, mas adquirida
paulatinamente na prática social. Por esta razão, a hipótese de trabalho de
Galisson é fazer dessa cultura compartilhada (adquirida naturalmente), objeto de
aprendizagem (adquirida artificialmente), para que aqueles que não fazem parte
de determinada comunidade cultural possam compreender sua produção
linguística, principalmente a lexical.
Apropriando-nos dos conceitos de Galisson (1987; 1989), pretendemos
fazer com que o léxico culturalmente marcado da comunidade cultural de 1980
1 charge culturelle partagée (GALISSON, 1987; 1989)
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seja objeto de aprendizagem da geração atual, que não pode compreender aquelas
produções culturais plenamente por não partilhar dessa carga.
Tendo em vista a importância da internet na atualidade e a
emergência dos gêneros digitais e das novas tecnologias educacionais, considerou-
se que a melhor maneira de apresentar esse léxico e seus implícitos culturais seria
através do hipertexto, termo cunhado por Theodore Nelson em 1965. Atualmente,
o hipertexto têm despertado o interesse de muitas áreas de conhecimento,
principalmente no que concerne à educação.
Xavier (2009, p.15) afirma que:
Estamos cercados de hipertextos por todos os lados. Segundo pesquisa IBOPE referente ao mês de junho de 2009, cerca de 44,5 milhões de brasileiros conectam-se à internet de casa ou do trabalho. [...] Uma das conseqüências diretas do aumento do acesso de brasileiros à internet é o grande crescimento no tempo gasto com a navegação. Os internautas brasileiros chegaram a navegar 44h59min em um único mês (junho 2009). Isso coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking de conexão [...]
Com a instituição escolar não poderia ser diferente, afinal, os alunos
fazem parte desses 44,5 milhões que se conectam à internet, que passam grande
parte de seu tempo na frente de um computador. Gomes (2011) assevera que a
comunicação mediada pela tecnologia vem provocando mudanças no modo como
lemos e escrevemos.“Linguagens que antes eram periféricas, tornam-se salientes e,
em muitos casos, são as protagonistas em eventos comunicativos [...]” (GOMES,
2011, p.13), promovendo novos modos de produção textual. Para a escola esse
contexto ainda se caracteriza como um desafio, pois as práticas escolares ainda
estão presas aos textos impressos, deixando de lado as experiências digitais
extraescolares dos alunos. É necessário que se implemente os gêneros textuais que
circulam na web no contexto escolar, a fim de utilizá-los como aliados
educacionais. O uso do meio digital como ferramenta educacional possibilita o
aumento do interesse dos alunos pelos conteúdos trabalhados, além de permitir
uma participação mais ativa no processo de aquisição de conhecimento.
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Dessa maneira, o Hipermúsika (www.hipermusika.xpg.com.br) apresenta o
produto da análise de canções brasileiras da década de 1980 em um formato
hipertextual. Cada item culturalmente marcado constitui um hiperlink, que
redireciona o leitor para uma nova janela com os recursos necessários para a
compreensão daquela unidade lexical. Consideramos esse método eficaz, pois
propicia uma leitura mais participativa, em que o aluno pode realizar seu próprio
percurso de aprendizagem.
Década de 1980, música e cultura
A década de 1980 foi marcada por uma gradativa transformação no cenário
político brasileiro, a sociedade assumia seu papel como agente modificador e
abraçava a Nova República.
Prevendo o fim da ditadura, em 1979, o governo militar principia uma
“abertura política” com a volta do pluripartidarismo e eleições diretas para
governadores. Ante esse quadro, a sociedade começa a se conscientizar de que
deve conquistar a redemocratização, iniciando os movimentos de massa e
utilizando seu poder de voto.
Em 1983 se inicia a campanha das “Diretas Já”, sustentada pela Emenda
Dante de Oliveira, que previa as eleições diretas para presidente e vice em 1985.
Manifestando-se através de vários comícios e mobilizações de massa, esse
movimento reuniu milhões de pessoas. Entretanto, apesar das manifestações, o
projeto de lei elaborado por Dante de Oliveira não é aprovado, mantendo o sistema
de voto indireto para 1985.
Contudo, os militares são vencidos e Tancredo Neves, juntamente com seu
vice José Sarney, são eleitos pelo Colégio Eleitoral. Tancredo morre antes de tomar
posse e José Sarney assume a presidência. Herdeiro de uma política econômica com
uma inflação ascendente, seu governo se volta para o controle econômico,
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intervindo nesse setor por meio de planos (Cruzado, Bresser e Verão),
congelamento de preços e de salários.
O último ano de seu governo é desastroso, o país fica sem rumo, cheio de
corrupção, greves, insegurança, miséria, escândalos e descaso político. As
primeiras eleições diretas acontecem, enfim, em 1989, assumindo, sobretudo, um
caráter ideológico.
Também foi nesse decênio que o rock brasileiro se consolidou, conquistando
um importante espaço entre o público, haja vista que a música se constituiu como
um dos maiores elementos de expressão cultural da época. Após longo período de
coerção, a nova geração encontrava-se em um momento de desafio, contestação e
inconformidade. Muitas das músicas foram tocadas nos grandes comícios das
“Diretas Já”, refletindo os sentimentos de reivindicação e descontentamento
político da sociedade. Como afirma Barbosa: “[...] plus qu’une expression
culturelle thématiquement diversifié,la chanson est aussi porteuse des émotions,
des désirs et des protestations popularies.”2 (BARBOSA, 2008, p. 5)
Nesse sentido, as canções de 1980 acabam por “traduzir” a realidade
histórica por meio de unidades lexicais com cargas culturais compartilhadas, o que
exige que os indivíduos estejam familiarizados com essa cultura para que possam
depreender sentido do que ouvem/leem, já que o léxico, muitas vezes, possui um
sentido que não está dicionarizado, pois é produto cultural de um dado meio
histórico/político/social. Nas palavras de Barbosa (2008): “ Le lexique nous aide á
interpréter quelques faits sociaux, la vision du monde, les valeurs, les croyances
et les attitudes d’une societé”3 (BARBOSA, 2008, p. 38)
2 “[...] mais que uma expressão cultural tematicamente diversificada, a música é também portadora de emoções, de desejos e de protestos populares” (BARBOSA, 2008, p. 5) 3 O léxico nos ajuda a interpretar determinados fatos sociais, a visão de mundo, os valores, as crenças e as atitudes de uma sociedade. (BARBOSA, 2008, p. 38)
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Uma visão hipertextual sobre a lexicultura
O termo lexicultura4 (GALISSON, 1987) é resultado da junção de duas formas:
léxico e cultura, sendo que:
- léxico nos remete à palavra (à associação significante e significado), ao
conjunto das palavras de uma língua e à noção de dicionário;
- cultura se refere ao conjunto de manifestações pelas quais um povo se
exprime. Nesse caso, a cultura que interessa a R. Galisson é a “cultura-ação”,
oriunda da vida cotidiana.
Portanto, lexicultura corresponde a um léxico ou conjunto de palavras que
portam um valor implícito que surge da utilização dos signos. Trata-se de um valor
segundo, adicionado ao significado que costumamos encontrar nos dicionários.
Nesse valor, estão inseridos as atitudes, os costumes, os valores, as crenças, a
gastronomia, a geografia de certa comunidade cultural. Geralmente, trata-se de
unidades lexicais como as mots-valises, expressões imagéticas, palimpsestos,
nomes de marcas, etc.
A partir da observação dos fatos culturais, a lexicultura atua como uma
ferramenta de intervenção, colocando a cultura ao alcance dos alunos. Galisson
(1989) afirma que esse valor cultural anexo ao significado das palavras deve ser
ensinado para que a comunicação não se reduza à prosaica troca de informações no
nível denotativo, mas que permita que o aluno interaja com a língua e na cultura
de certa língua.
O ensino da lexicultura pode ocorrer a partir de textos, imagens, vídeos e
músicas, dentre outras produções culturais, que comportem uma carga cultural
compartilhada por determinada comunidade. Conforme referido anteriormente,
consideramos a música como um importante veículo cultural no Brasil e, por isso,
4 lexiculture (GALISSON, 1987. 1989)
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portadora de lexicultura. Trata-se de um material significativo para utilizar em sala
de aula, pois fornece tanto material linguístico quanto material cultural.
Considerou-se o hipertexto como um meio de colocar a lexicultura ao alcance
dos leitores, pois ele torna viável a organização e acesso às informações de
maneira não linear. Para Gomes (2011), o hipertexto é um texto exclusivamente
virtual cujos elementos centrais são os links, que podem ser palavras, imagens,
ícones, etc. Os links permitem “percursos diferentes de leitura e de construção de
sentidos a partir do que for acessado e, consequentemente, pressupõe certa
autonomia de escolha dos textos [...].” (GOMES, 2011, p.15)
De acordo com Gomes (2010) o hipertexto é essencialmente digital e oferece
caminhos de leitura possíveis através da tela do computador. São os links,
portanto, que exercem essa função de “abrir caminhos”, caracterizando o
hipertexto, exercendo uma função textual e não apenas navegacional.
Deste modo, o hiperleitor pode acessar as informações contidas nos links de
forma linear ou não, realizando a leitura ou navegação segundo seus próprios
interesses. Isso torna a hiperleitura e a experiência de aprendizado ainda mais rica
e singular, pois cada um poderá realizá-la de uma maneira diferente. (XAVIER,
2009)
O hipertexto é intertextual por natureza, possibilitando o acesso e remissão a
outros textos através dos links. Segundo Braga (2003, p.73), embora tal remissão
também seja, de certa forma, possível em determinados gêneros impressos, a
diferença é que nos hipertextos não há apenas a indicação da inter-relação entre
textos, mas também o acesso, a visualização destes textos na íntegra.
Nossa intenção é que o Hipermúsika seja o mais informativo possível,
trazendo para o texto original, informações e referências que agreguem sentido às
canções, mostrando as relações estabelecidas entre determinada palavra ou
expressão com o contexto histórico, que pode ser acessado através de um clique.
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Metodologia
Foram analisadas 34 canções brasileiras da década de 1980, de cinco
importantes grupos musicais, a saber: Legião Urbana, Capital Inicial, Barão
Vermelho, Plebe Rude e Ultraje à Rigor. Reunindo canções de grupos oriundos de
Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, buscou-se mostrar o rock nacional como um
todo. Com músicas que, muitas vezes, estavam presentes nos comícios e
manifestações das “Diretas Já”, estes grupos, além de terem obtido sucesso,
representaram toda a revolta e inconformismo de uma época.
As análises seguiram o seguinte roteiro.
a) leitura das letras das músicas;
b) seleção dos itens que são potencialmente opacos, do ponto de
vista da compreensão do sentido. Essa atividade contou com a
ajuda de dicionários a fim de atestar: i) se a unidade está
dicionarizada, e ii) se o sentido de fato está “fora” do texto, ou
seja, se nenhuma das acepções oferecidas pelos verbetes dão
conta do sentido da unidade no texto, comprovando, assim,
tratar-se de uma unidade culturalmente marcada;
c) identificação e elaboração dos recursos necessários para o
entendimento das unidades selecionadas, isto é, descrever,
explicar, definir a unidade por meio de um texto? Ou de uma
imagem? Ou de um vídeo? Ou outra(s) página(s) da internet? Ou
mais de um recurso simultaneamente?
Todos os recursos – imagens, vídeos e links – foram utilizados a fim de
resgatar informações e disponibilizá-las de maneira que os hiperleitores possam
“navegar” facilmente pelas canções e compreender os sentidos sócio-históricos
contidos em seu léxico.
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O Hipermúsika
O Hipermúsika está disponível em www.hipermusika.xpg.com.br. O esquema
de cores foi escolhido de acordo com o tema abordado - ou seja, rock - de modo
que seja atrativo ao público-alvo pretendido. O mesmo ocorre com estilos de fonte
e links e outros recursos, levando em consideração, sobretudo, a importância de
tais elementos no processo de aprendizagem dos conteúdos. Podemos observar na
Figura 1 a homepage do website.
Figura 1: Hipermúsika (Homepage)
Foto: Drielle Juvino
A Figura 2 apresenta um exemplo de uma música no formato hipertextual.
Como podemos ver também nas Figuras 3 e 4, cada item culturalmente marcado
está destacado em vermelho. Ao clicar sobre ele, o leitor é redirecionado para
outra página com o fim de explicitar aquela palavra ou expressão.
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Figura 2: Exemplo de letra de música em hipertexto
Foto: Drielle Juvino
O Hipermúsika apresenta dois tipos de links: internos e externos. De acordo
com Gomes (2011), os links internos são aqueles que conectam documentos a
outros documentos que estão no mesmo site. Já os externos ligam documentos a
outros documentos que não fazem parte do mesmo hipertexto ou estão em outro
site. Na Figura 3 podemos observar um exemplo de link interno, pois o hiperleitor é
direcionado para uma página dentro do próprio site.
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Figura 3: Exemplo de link interno
Foto: Drielle Juvino
Na Figura 4, no entanto, temos um exemplo de link externo, pois não há o
redirecionamento para o próprio Hipermúsika, mas para o site
quatrorodas.abril.com.br.
Figura 4: Exemplo de link externo
Foto: Drielle Juvino
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Podemos notar, na Figura 5, que cada letra de música vem acompanhada de
um player do Youtube. Assim, além de poder ler e explorar aquela canção, também
é possível ouvir a música e assistir ao videoclipe.
O Facebook, uma das redes sociais mais utilizadas no mundo, se configura
como um instrumento de interação fundamental. Por isso, ao final de cada
conteúdo há um plugin do Facebook, permitindo que os usuários comentem e
compartilhem as informações apresentadas, como mostra a Figura 5.
Figura 5: Vídeos e redes sociais
Foto: Drielle Juvino
Além dos comentários do Facebook, o usuário pode enviar comentários que
só serão visíveis à programadora do website. Na opção comentários – demonstrada
na Figura 6 - ele pode fazer sugestões de novos links, músicas, etc. Ainda na Figura
6 é possível observar a presença de uma barra de pesquisa personalizada do
Google, em que é possível realizar pesquisas internas no website.
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Figura 6: Ferramenta de pesquisa e interação programador/usuário
Foto: Drielle Juvino
Dentre as 34 letras de música analisadas, obtivemos o total de 204 itens
lexicais potencialmente opacos. Foi possível constatar que mais de 50% desses itens
não foram contemplados pelos dicionários ou necessitaram de complementos
extratextuais para serem compreendidos. Deste modo, o indivíduo que
ouvisse/lesse essas canções e não as compreendesse, não encontraria muitos dos
sentidos das palavras nos dicionários, sendo necessário recorrer a outras fontes de
pesquisa.
Neste sentido, o Hipermúsika pode ser considerado uma ferramenta de
ensino/aprendizagem útil, tanto no contexto de ensino de língua portuguesa,
quanto no ensino de história – no que se refere ao período histórico trabalhado. É
um material que apresenta conteúdos significativos para a construção de
conhecimento e leitura crítica. Os recursos disponibilizados permitem que os
hiperleitores compreendam os sentidos histórico-sociais que as canções
selecionadas veiculam, de maneira a reproduzir nos dias de hoje o contexto de
época no qual foram produzidas.
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Referências Bibliográficas BARBOSA, Lúcia. M. A. Opacité et transparence lexico-culturelle dans l’apprentissage du portugais langue etrangère au Brésil: les paroles de chansons, instruments de médiation linguistique et culturelle. Lille: Atellier National de Reproduction de Thèses, 2008. BRAGA, Denise. B. A natureza do hipertexto e suas implicações para a liberdade do leitor e o controle do autor nas interações em ambiente hipermídia. São Paulo, FFLCH/USP. Revista ANPOLL, n. 15, 2003. GALISSON, Robert. La culture partagée: une monnaie d’échange interculturelle. Français dans le monde – recherches et applications lexiques, 1989, p. 113-117. ________________. Accéder à la culture partagée par l’entremise des mots à CCP. Études de Linguistique Apliquée, 67, 1987, p. 109-151. GOMES, Luiz F. Hipertextos Multimodais - Leitura e Escrita na Era Digital. Jundiaí: Paco Editorial, 2010. _____________. Hipertexto no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2011. PELLEGRINI, Tânia. Gavetas Vazias: Ficção e Política nos anos 70. São Carlos: EDUfscar, 1996. XAVIER, Antônio C. A era do hipertexto: Linguagem e Tecnologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009.
1 Drielle JUVINO
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) driellecij@yahoo.com.br