Teorias do conhecimento

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Teorias do Conhecimento

Prof. Ms. Felipe Saraiva Nunes de Pinhowww.felipepinho.com

A Epistemologia:Teoria do Conhecimento

• Ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento.

• Como podemos conhecer os objetos? A realidade? A natureza? Deus?

• Qual é a origem do conhecimento?

• Conhecemos efetivamente os objetos ou apenas imagens e representações mentais deles?

• O conhecimento dos objetos é determinado pelas experiências sensíveis ou é mais determinado por nossas estruturas mentais?

• Racionalistas x Empiristas.

Prof. Felipe Pinho

Racionalismo• Doutrina filosófico que defende que a razão é

o fundamento de todo o conhecimento possível;

• O racionalismo de Descartes utiliza o método dedutivo, ou seja, um método que utiliza o raciocínio lógico que nos permite alcançar novas conclusões ou proposições a partir de teses consideradas verdadeiras. Exemplo: Se A = B e B = C então logicamente (por dedução) A = C.

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René Descartes

• Influenciou o pensamento de sua época ao defender que os sujeitos eram seres racionais, capazes de alcançar o conhecimento verdadeiro e que, por isso, não eram simples prezas do destino divino.

• É considerado o fundador do racionalismo moderno.

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(1596 - 1650)

Ideias de Descartes

• Utilizando a Dúvida Metódica (duvidar de tudo que não seja uma certeza inquestionável) Descartes buscou alcançar, através do exercício racional, verdades indubitáveis.

• Defendia que a razão era a única capaz de chegar ao conhecimento da realidade, a partir de pensamentos lógicos e dedutivos e independente da experiência .

• Defendeu que as ideias claras e distintas, descobertas em nossa mente através da dúvida metódica, são verdadeiras, pois Deus não daria ao homem uma razão que o enganasse sistematicamente.

• Para Descartes, jamais devemos admitir uma coisa como verdadeira a não ser que ela seja evidentemente verdadeira.

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O pensamento racional com fonte da certeza e da verdade

• Para Descartes quando buscamos as ideias claras e distintas devemos abandonar todo conteúdo ou conhecimento derivados da percepção provenientes dos nossos sentidos, como cheiros, sons, etc.

• Ele defende que a razão contém ideias inatas que são prévias à toda experiência e que são essas ideias que devem guiar o nosso conhecimento.

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“Penso, logo existo”

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Ceticismo

Doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir com certeza nenhuma verdade de ordem geral e especulativa. (Lalande, 1993, p. 149).

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Método Cartesiano

1º Verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada;

2º Analisar, ou seja, dividir ao máximo o problema, em suas unidades mais simples e estudar essas unidades mais simples;

3º Sintetizar, ou seja, ordenar novamente as unidades estudadas desde a mais simples à mais complicada;

4º Enumerar e revisar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento e ter a certeza de que nada foi esquecido.

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O Empirismo

• Defende que a fonte de todos os conceitos e conhecimentos humanos é a experiência sensível (cinco sentidos);

• Ocorre então o deslocamento do foco do conhecimento do sujeito do conhecimento (racionalismo) para o objeto do conhecimento (empirismo).

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O Empirismo de Locke• Para John Locke (1632 – 1704) não existem

ideias inatas, nem pensamento a priori (anterior à experiência) e todo o conhecimento estaria fundado na experiência;

O homem nasce como se fosse uma "folha em branco"

John Locke

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John Locke e o Liberalismo

• Locke também influenciou a filosofia política ao defender a tese dos direitos humanos naturais - direito à vida, à liberdade e à propriedade.

• Para evitar o estado de guerra de todos contra todos (estado sem a razão) firmar-se-ia entre os homens um contrato social para garantir os direitos naturais e instituir o estado civil.

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George Berkeley (1685 – 1753)

• Ser é ser Percebido;• Para George Berkeley, uma substância

material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo;

• O conhecimento dos objetos se daria pela percepção dos mesmos, ou seja, é impossível separar objeto e percepção.

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O Empirismo Radical de David Hume (1711 – 1776)

• Para Hume as percepções provocam impressões vivazes e estas são mais intensas e claras (sensações e emoções) que as ideias que seriam meras cópias das impressões;

• Hume divide os objetos da razão em: Ideias - proposições intuitivas que são demonstradas pelo

próprio pensamento, como por na álgebra, geometria e aritmética;

Questões de fato – raciocínio sobre as relações de causa e efeito que existiriam na percepção da ligação entre objetos e eventos, e que se daria a partir da experiência.

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A origem do conhecimento

• Hume critica o ceticismo radical de Descartes e propõe um ceticismo moderado: os sentidos podem nos enganar, por isso, a sua

informação deve ser apoiada com a razão.

• Para David Hume a sensação é a origem do conhecimento, ou seja, as nossas representações mentais têm origem nas sensações.

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“Nada está no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos” (David Hume).

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Para Hume a confiança nos sentidos é uma espécie de instinto natural, que nos leva a admitir a existência de um mundo exterior à nossa mente.

Existem ideias inatas na mente humana (que foram colocadas por Deus ou

semelhante?)

• Hume: NÃO!• Descartes: SIM!

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Impressões e Ideias • Impressões

atos originários do nosso conhecimento imagens ou sentimentos que derivam imediatamente da

realidade, vivas e fortes correspondem a dados da experiência presente/atual sensações, paixões e emoções

• Ideias representações ou imagens debilitadas, enfraquecidas, das

impressões no pensamento marcas deixadas pelas impressões na memória impressão menos viva, cópia enfraquecida da impressão original

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Hume e o problema do conhecimento

•Não há impressões acerca de leis universais ou de relações necessárias entre dois fenômenos (causalidade);•Por isso não podemos considerar o

conhecimento como absolutamente verdadeiro. •Para Hume, a relação causal não existe

realmente nos objetos (nas coisas) mas sim no espírito (mente humana).

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Hume e o problema da causalidade• Para Hume o hábito seria o grande guia da vida humana;• Não existiriam ideais, princípios ou regras inatas na

razão; toda a associação de causalidade entre fenômenos seria derivada do hábito.

• É o hábito que me faz concluir que existe uma causalidade A B, e esperar a sua ocorrência.

• O conhecimento científico seria contingente, ou seja, valeria apenas para as atuais condições da natureza;

• Não chegaríamos por dedução, nem mesmo por reflexão, à ideia de causalidade, mas apenas pelo hábito.

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Hume e as crenças causais

“Em que consiste a nossa ideia de necessidade quando dizemos que dois objetos estão necessariamente ligados entre si? A este respeito repetirei o que muitas vezes disse: como não temos ideia alguma que não derive de uma impressão, se afirmarmos ter a ideia de ligação necessária (ou causal) deveremos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia.”

(Hume, D., Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 46-47)

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Immanuel Kant• Um dos mais importantes

filósofos da modernidade;• Influenciou profundamente o

Iluminismo e buscou uma síntese entre racionalismo e empirismo;

• Sua reflexão filosófica buscou responder a 3 perguntas: 1. Que posso saber? 2. Que devo fazer? 3. Que me é dado esperar?

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(1724 – 1804)

Immanuel Kant• Para Kant é essencial que o sujeito saia do seu estado de

menoridade (mediocridade, ignorância, comodismo) através da coragem de fazer uso de teu próprio entendimento (esclarecimento).

• Para ele os indivíduos são capazes de pensamento próprio e precisam cultivar a liberdade de pensar.

• Kant procurou distinguir o conhecimento puro (a priori) do conhecimento empírico (proveniente da experiência);

• O conhecimento, para Kant, tem início na experiência. Kant dizia que Hume o havia despertado do seu sono dogmático. No entanto Kant buscou superar o ceticismo de Hume.

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Racionalismo e Empirismo

• Para Kant o racionalismo e o empirismo são concepções insuficientes para explicar o conhecimento humano (o que podemos saber);

• “Kant afirmou que apesar da origem do conhecimento ser a experiência se alinhando aí com o empirismo, existem certas condições a priori para que as impressões sensíveis se convertam em conhecimento fazendo assim uma concessão ao racionalismo”. (Fernando Lang da Silveira, 2002).

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O Conhecimento Transcendental• Transcendental = o que é comum a todos os homens,

transcende os casos particulares e individuais;• São as condições a priori do entendimento de

qualquer experiência, ou seja, o entendimento, a razão impõe aos objetos conceitos a priori.

• O conhecimento para Kant só é possível porque existem as faculdades humanas de cognição, ou seja, “estruturas” mentais que nos possibilita organizar as percepções e o conhecimento. Essas estruturas são transcendentais e a priori, comuns a todos os indivíduos.

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O Conhecimento Transcendental

“Denomino transcendental todo o conhecimento que em geral se ocupa não tanto com os objetos, mas com nosso modo de conhecimento de objetos na medida em que este deve ser possível a priori. Um sistema de tais conceitos denominar-se-ia filosofia transcendental” (Kant. Crítica da Razão Pura).

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O Idealismo Transcendental

• A nossa percepção “organiza” o nosso conhecimento das coisas, por isso, os objetos que vemos não são os objetos em si (“as coisas em si mesmas”, mas sim a forma como esses objetos se apresentam para nós, como fenômeno;

• Para Kant o que vemos é a representação das coisas na nossa percepção.

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O conhecimento humano

• Para Kant, há duas fontes principais de conhecimento no sujeito:

A sensibilidade, modo receptivo-passivo por meio do qual os objetos nos afetam, sendo a intuição a maneira como nos referimos a esses objetos.

O entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos (categorias).

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As formas a priori da intuição (sensibilidade)

• O espaço e o tempo são condições a priori necessárias e universais de nossa intuição para que possamos conhecer os objetos.

• Para Kant espaço e tempo não fazem parte das coisas em si, não são propriedades dos objetos, são “formas” de nossa sensibilidade, ou seja, faculdades do sujeito.

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As formas a priori do entendimento

• Após o sujeito ser afetado pelo objeto na intuição (sensibilidade), esse objeto precisa ser organizado na razão para poder ser entendido;

• As percepções nos apresentam objetos múltiplos e desordenados; a organização da percepção a partir dos conceitos puros do entendimento (categorias), possibilita impor uma ordem que torne inteligível a compreensão dos objetos.

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As categorias a priori do entendimento

1.Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.

2.Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.

3.Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.

4.Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.

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"Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas.“ (kant, Crítica da Razão Pura, p. 75).

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Dito de outra forma: “a sensação sem a razão é vazia e a razão sem a sensação é cega” (Fernando Lang da Silveira, 2002)

Racionalismo ou Empirismo? Os dois!

• Resumindo:Os pensamentos, sem o conteúdo da experiência (dados através da sensibilidade na intuição), seriam vazios de realidade (racionalismo); por outro a experiência dos objetos, sem os conceitos a priori, não teria nenhum sentido para nós (empirismo).

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Racionalismo ou Empirismo? Os dois!

A promessa Iluminista das Ciências Modernas

• O avanço do saber científico;• O domínio crescente da natureza pela tecnologia;• O aumento exponencial da produtividade e da

riqueza material;• A emancipação das mentes após séculos de

opressão religiosa, superstição e servilismo;• A transformação das instituições políticas em

bases racionais;• O aprimoramento intelectual e moral dos homens

por meio da ação conjunta da educação e das leis. (GIANNETTI, A felicidade, 2008).

Esse projeto se

concretizou?

A Mudança de Paradigma nas Ciências contemporâneas

• Vivemos, na contemporaneidade, uma crise de paradigmas nas ciências. Os modelos científicos mecanicista-lógico-matemáticos foram considerados mecanicistas e reducionistas e não dão conta de explicar a realidade em sua complexidade;

• A Ciência hoje, busca desenvolver uma leitura mais sistêmica dos fenômenos, considerados complexos e holísticos;

• Na Administração temos um intenso debate sobre a eficácia dos métodos estritamente racionais, além de um resgate da complexidade humana e da subjetividade;

• Estudos sobre valores, cultura e clima, liderança, mostram o quanto a dimensão informal e não-racional determina o desempenho nas empresas.

A Mudança no Paradigma Científico

• Paradigma Newtoniano-cartesiano (modernidade)- A especialização;- A objetivação e a objetividade;- O método racional;- Causalidade linear.

• O Modelo Holístico – Sistêmico (pós-modernidade)- O todo e as partes – a complexidade;- A humanização e a intersubjetividade ;- O resgate da criatividade e da espontaneidade;- Causalidade circular e multicausalidade.

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A mudança de Paradigma científico

PARADIGMA MODERNO PARADIGMA CONTEMPORÂNEO

• Objetividade;• Causalidade linear;• Neutralidade científica;• Racionalidade;• Método científico: matemática e física;• O conhecimento pelo conhecimento;• O sujeito como parte da engrenagem organizacional, como uma peça da máquina• Foco na tarefa.

• Objetividade e Subjetividade;• Multicausalidade;• O envolvimento ético;• A compreensão de que outros fenômenos psicológicos e sociais interferem no comportamento humano;• Desenvolvimento de um método científico próprio ao estudo do “humano”;• A responsabilidade do conhecimento: ética e bioética;• O sujeito como parte da estrutura informal, da cultura, da construção social da organização• Foco no ser humano.

Prof. Felipe Pinho

Referência