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Monografia
REVESTIMENTOS EM FACHADAS: TEXTURAS X CERMICAS
Autor: Daniel Carvalho dos Santos
Orientador: Prof. Antnio Neves de Carvalho Junior
Agosto/2012
Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia de Materiais e Construo Curso de Especializao em Construo Civil
ii
DANIEL CARVALHO DOS SANTOS
" REVESTIMENTOS EM FACHADAS: TEXTURAS X CERMICAS "
Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Construo Civil
da Escola de Engenharia UFMG
nfase: Materiais de Construo Civil Orientador: Prof. Antnio Neves de Carvalho Junior
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2012
iii
A minha famlia pelo apoio, carinho e dedicao.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus por mostrar o caminho e ajudar a percorr-lo.
Aos meus pais, Maurcio e Diana, pelo exemplo e confiana.
Ao meu orientador, Antnio Junior, pela colaborao e apoio.
Aos meus colegas de turma, pela convivncia e amizade.
v
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. viii
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................... xii
RESUMO ................................................................................................................... xiii
1. INTRODUO ....................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 3
2.1 Geral ............................................................................................................... 3
2.2 Especficos ..................................................................................................... 3
3. ORIGEM E EVOLUO ....................................................................................... 4 3.1 Cermica ........................................................................................................ 4
3.2 Texturas ......................................................................................................... 6
4. REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................... 8 4.1 Revestimentos cermicos ............................................................................... 8
4.1.1 Conceitos importantes ........................................................................... 8
4.1.2 Funes do revestimento cermico ....................................................... 9
4.1.3 Propriedades do revestimento cermico ................................................ 10
4.1.3.1 Quanto sua composio .......................................................... 11
4.1.3.2 Quanto sua utilizao .............................................................. 11
4.1.3.3 Quanto as normas tcnicas ........................................................ 15
4.1.4 Processo de fabricao do revestimento cermico ................................ 22
4.1.5 Caracterizao do revestimento cermico ............................................. 25
4.1.6 Patologias em revestimentos cermicos ................................................ 29
4.1.6.1 Perda de aderncia destacamentos......................................... 31
4.1.6.2 Trincas, gretamentos e fissuras .................................................. 33
4.1.6.3 Eflorescncias ............................................................................ 34
vi
4.1.6.4 Manchas e bolor ......................................................................... 36
4.1.6.5 Deteriorao das juntas .............................................................. 37 4.2 Texturas ......................................................................................................... 38
4.2.1 Conceitos importantes ........................................................................... 38
4.2.2 Funes e tipos de texturas ................................................................... 42
4.2.3 Processo de fabricao de texturas ....................................................... 45
4.2.4 Caracterizao da textura como revestimento ....................................... 47
4.2.5 Patologias em texturas .......................................................................... 56
4.2.5.1 Patologias na superfcie do substrato ......................................... 58
4.2.5.2 Patologias na pelcula ................................................................. 60
4.2.5.3 Patologias na inteface pelcula-substrato .................................... 62
5. ANLISE CRTICA ............................................................................................... 65 5.1 Vantagens dos revestimentos cermicos........................................................ 65
5.2 Desvantagens dos revestimentos cermicos .................................................. 65
5.3 Vantagens das texturas .................................................................................. 66
5.4 Desvantagens das texturas ............................................................................ 67
5.5 Escolha do revestimento................................................................................. 67
6. ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 69
6.1 Localizao do empreendimento .................................................................... 69
6.2 Caracterizao da obra ................................................................................... 70
6.3 Premissas de projeto ...................................................................................... 74 6.3.1 Opo 01 revestimento cermico 9,2x9,5cm ...................................... 75
6.3.1.1 Quantidade de materiais ............................................................. 77
6.3.1.2 Preos dos materiais (pesquisa de mercado) ............................. 78 6.3.1.3 Composies de custo ................................................................ 79
6.3.1.4 Apresentao final dos custos .................................................... 80
vii
6.3.2 Opo 02 revestimento em textura ..................................................... 80
6.3.2.1 Quantidade de materiais ............................................................. 83
6.3.2.2 Preos dos materiais (pesquisa de mercado) ............................. 83 6.3.2.3 Composies de custo ................................................................ 84
6.3.2.4 Apresentao final dos custos .................................................... 85
6.4 Concluses por comparao de preo e tempo .............................................. 85
7. CONCLUSO ...................................................................................................... 88
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 90
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Painel em azulejos do Palcio do Itamaraty................................................5 Figura 2: Pinturas e texturas especiais......................................................................7
Figura 3: Tipos de superfcie cermica....................................................................16
Figura 4: Base, camadas e componentes dos revestimentos..................................26
Figura 5: Deslocamento com empolamento grave...................................................32
Figura 6: Deslocamento em placas..........................................................................33
Figura 7: Migrao de fissura da base para revestimento........................................34
Figura 8: Formao de eflorescncia em fachadas revestidas.................................35
Figura 9: Manchas em superfcie revestida..............................................................36
Figura 10: Deteriorao do rejunte para ocorrncia de eflorescncia......................37 Figura 11: Participao das tintas no mercado brasileiro.........................................39
Figura 12: Revestimentos com agregado colorido...................................................43
Figura 13: Revestimentos pigmentados...................................................................44
Figura 14: Fases de produo de texturas...............................................................47
Figura 15: Sistema de texturas................................................................................48
Figura 16: Esptula..................................................................................................52
Figura 17: Desempenadeira....................................................................................52
Figura 18: Lixas.......................................................................................................52
Figura 19: Fitas adesivas.........................................................................................52
Figura 20: Lonas e papis........................................................................................52
Figura 21: Produtos limpeza....................................................................................53
Figura 22: Rolo de l................................................................................................53
Figura 23: Rolo de espuma rgida............................................................................53
Figura 24: Desempenadeira PVC.............................................................................53
Figura 25: Recipientes.............................................................................................53
ix
Figura 26: Mexedores..............................................................................................54
Figura 27: Desbotamento em texturas.....................................................................59
Figura 28: Eflorescncia em texturas roladas..........................................................64
Figura 29: Mapa localizao do imvel....................................................................70
Figura 30: Fachada principal da edificao..............................................................73
Figura 31: Fachada principal da edificao..............................................................73
Figura 32: Fachada dos fundos edificao...............................................................73
Figura 33: Fachada dos fundos edificao...............................................................73
Figura 34: Fachada lateral esquerda da edificao..................................................73
Figura 35: Fachada lateral direita da edificao.......................................................73
Figura 36: ARQ DESIGN AZUL ESCURO...............................................................76
Figura 37: ARQ DESIGN CINZA ESCURO..............................................................76
Figura 38: ARQ DESIGN CINZA CLARO.................................................................77
Figura 39: AZUL CASSINO R335............................................................................82
Figura 40: CINZA E159............................................................................................82
Figura 41: CINZA C163............................................................................................83
Figura 42: Fachada principal da edificao..............................................................87
Figura 43: Fachada principal da edificao..............................................................87
Figura 44: Fachada dos fundos da edificao..........................................................87
Figura 45: Fachada lateral direita da edificao.......................................................87
Figura 46: Fachada lateral esquerda da edificao..................................................87
Figura 47: Fachada lateral esquerda da edificao..................................................87
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificao quanto ao percentual de absoro...................................18
Tabela 2: Classificao quanto abraso superficial.............................................18
Tabela 3: Classificao quanto resistncia ao manchamento e classe de
limpabilidade.............................................................................................................19
Tabela 4: Classificao quanto a resistncia ao ataque de produtos qumicos.......20
Tabela 5: Tipos de aditivos....................................................................................41
Tabela 6: Sistemas de pintura................................................................................49
Tabela 7: Classificao dos revestimentos texturizados quanto a conformao
superficial..................................................................................................................51
Tabela 8: Classificao dos revestimentos texturizados segundo a espessura total
das camadas aplicadas.............................................................................................51
Tabela 9: Ferramentas para preparo de superfcies...............................................52
Tabela 10: Ferramentas para execuo de texturas..............................................53
Tabela 11: Agentes de degradao.......................................................................57
Tabela 12: Patologias em texturas.........................................................................58
Tabela 13: Especificaes tcnicas revestimentos portobello................................76
Tabela 14: Revestimentos na fachada da edificao.............................................76
Tabela 15: Composio unitria 09706.8.3.1.........................................................79
Tabela 16: Composio unitria 09706.8.3.1.........................................................79
Tabela 17: Apresentao dos resultados...............................................................80
Tabela 18: Especificaes tcnicas revestimentos texturizados............................82
Tabela 19: Texturas na fachada da edificao.......................................................82
Tabela 20: Composio unitria 09940.8.2.1.........................................................84
xi
Tabela 21: Composio unitria 09940.8.2.1.........................................................84
Tabela 22: Composio unitria 09940.8.2.1.........................................................85
Tabela 23: Apresentao dos resultados...............................................................85
xii
LISTA DE NOTAES, ABREVIATURAS
ABNT = Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABRAFATI = Associao Brasileira dos Fabricantes de Tintas
ANFACER = Associao Nacional dos Fabricantes de Cermica para Revestimentos
CQPA = Controle de Qualidade dos Produtos Acabados
GL = GLAZED = Esmaltada
GTED = Grupo Tcnico de Edificaes
IBRACON = Instituto Brasileiro do Concreto
INMETRO = Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
ISSO = International Organization for Standardization
NBR = Norma Brasileira
PEI = Classe de Resistncia Abraso
PH = Potencial Hidrogeninico
SINAPI = Sistema Nacional de Preos e ndices para a Construo Civil SR/DPF/MG = Superintendncia Regional de Polcia Federal em Minas Gerais
TCPO = Tabelas de Composies de Preos para Oramentos
UGL = UNGLAZED = No Esmaltada
UV = Ultra Violeta
xiii
RESUMO
As edificaes so concebidas na construo civil para abrigar diversas atividades
humanas, sendo composta de fases que vo desde a sua concepo at o uso para a
qual foi projetada. As fachadas dessas edificaes recebem, em geral, cermicas e/ou texturas que tm diversas funes, sendo a mais importante a de proteo contra
intempries e aes adversas, prolongando a vida til de seus elementos constituintes ao
longo dos anos.
Cada sistema de revestimento desempenha um papel especfico na edificao,
apresentando vantagens e desvantagens. Para maximizar as primeiras, deve-se
observar as boas prticas da engenharia, com foco no detalhamento de projetos, especificao de materiais e o emprego correto por profissionais habilitados. Deve-se
atentar tambm quanto ao aspecto da manutenabilidade ao longo da vida til da
edificao, incorporando diversas prticas como vistorias e pequenos reparos.
Apresenta-se com esse trabalho um comparativo entre revestimentos cermicos e
texturizados, para aplicao em fachadas, com foco nos tipos, aplicaes, formas de
execuo, manuteno e uso, bem como a escolha do projetista quando da elaborao de um projeto, seguindo critrios objetivos com vistas qualidade final da edificao.
1
1. INTRODUO
De modo geral, cermicas e texturas tm diversas funes, sendo a mais importante a
de proteger a edificao contra intempries e aes adversas, prolongando a
durabilidade de seus elementos constitutivos contra agentes agressivos. Tambm
exercem papel de decorao proporcionando efeito visual atravs de cores e efeitos
de acabamento, valorizando a parte mais visvel da edificao, sua fachada.
O mercado da construo civil tem adotado em sua maioria, o revestimento das
fachadas de seus edifcios com valorizao do imvel em torno de 30% a 40%, alm
de prolongar a durabilidade que pode chegar a 20, 30 anos, dependendo do correto
emprego e de sua manuteno ao longo dos anos. Em diversas cidades, como em
Fortaleza, o revestimento das fachadas tambm desempenha um papel fundamental
para resistir s intempries causadas pelo sol forte, vento e chuvas (CAPOZZI, 1998).
Mas a escolha pelo tipo de revestimento est principalmente ligada ao custo. No
entanto esse caminho no o mais adequado, pois no considera o desempenho no
substrato e as caractersticas tcnicas de cada produto. Alm disso importante
considerar a natureza dos materiais, seus tipos, aparncia final, limitaes de
aplicao, patologias e durabilidade de forma a encontrar o melhor produto para
revestimento de fachadas.
O desempenho do processo de revestir uma fachada depende da relao de vrios
aspectos, sendo os mais importantes o projeto, a tcnica executiva e o emprego de mo de obra qualificada. Qualquer escolha que envolva o abandono de quaisquer
2
desses trs elementos conduzem a uma obra com perda de qualidade, contribuindo
para a ocorrncia de patologias nas edificaes (REBELO, 2010).
Apesar da maioria das construtoras se voltarem nica e exclusivamente produo
ou ao custo final do empreendimento, detalhar os acabamentos externos e
desenvolver um projeto executivo para os mesmos, ajuda a evitar patologias que se tornam aps a construo, muito onerosas para as construtoras.
Neste trabalho, busca-se fazer um comparativo entre revestimentos cermicos e
texturizados, apresentando os principais tipos, suas aplicaes, formas de execuo e
manuteno, bem como as recomendaes e procedimentos corretos para aplicao
em fachadas com menor probabilidade para o surgimento de patologias.
3
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Apresentar os diversos tipos de cermicas e texturas que possam ser empregados
como revestimentos em fachadas, atravs de comparativo que apresente vantagens e
desvantagens de cada sistema construtivo.
2.2 Especficos
Estudar a origem, propriedades e processos de fabricao de cada tipo de
revestimento;
Estudar os diversos tipos de patologias que ocorrem em fachadas;
Apresentar estudo de caso quanto ao emprego desses materiais, apontando
quais so as formas para escolha dos mesmos, em detrimento de outros.
4
3. ORIGENS E EVOLUO
3.1 CERMICA
A cermica o material artificial mais antigo produzido pelo homem: produzido h
cerca de 10-15 mil anos. Do grego "kramos ("terra queimada" ou argila queimada), um material de grande resistncia, frequentemente encontrado em escavaes
arqueolgicas (ANFACER).
A cermica uma atividade de produo de artefatos a partir da argila, que se torna
muito plstica e fcil de moldar quando umedecida. Depois de submetida a uma
secagem para retirar a maior parte da gua, a pea moldada submetida a altas
temperaturas (ao redor de 1.000C), que lhe atribuem rigidez e resistncia mediante a fuso de certos componentes da massa e, em alguns casos, fixando os esmaltes na
superfcie (ANFACER).
Essas propriedades permitiram que a cermica fosse utilizada na construo de
casas, vasilhames para uso domstico e armazenamento de alimentos, vinhos, leos,
perfumes, na construo de urnas funerrias e at como superfcie para escrita.
A cermica pode ser uma atividade artstica, em que so produzidos artefatos com
valor esttico, ou uma atividade industrial, em que so produzidos artefatos para uso
na construo civil e na engenharia.
5
Figura 1: Painel em azulejos do Palcio do Itamaraty FONTE: Foto Edgar Csar Filhos, 1983, disponvel em www.fundathos.org.br
A cermica, que praticamente to antiga quanto a descoberta do fogo, mesmo
utilizando os antigos mtodos artesanais, pode produzir artigos de excelente
qualidade. Nos ltimos anos, acompanhando a evoluo industrial, a indstria
cermica adotou a produo em massa, garantida pela indstria de equipamentos, e a
introduo de tcnicas de gesto, incluindo o controle de matrias-primas, dos
processos e dos produtos fabricados, com especial importncia na aplicao de
fachadas de grandes edifcios comerciais e residenciais.
6
3.2 TEXTURAS
Entendendo que texturas um tipo de tinta, pode-se dizer que seu surgimento data da
poca das cavernas quando arquelogos descobriram desenhos em gravuras sobre
rochas que datam de antes da Era Glacial. Alguns desenhos foram feitos em
monocromia, com xidos de ferro naturais ou ocre vermelho. Outros com um conjunto de materiais como cal, carvo, ocre vermelho ou amarelo e terra verde. A tcnica
empregada era simples, pois as cores eram preparadas com os prprios dedos e
algumas vezes prensadas entre as pedras. Naturalmente esses desenhos no
possuam nenhuma durabilidade a no ser em ambientes favorveis, como os
desenhos das cavernas (ABRAFATI, site).
Por muitos sculos, as tintas foram empregadas pelo seu aspecto esttico. Mais tarde,
quando introduzidas em pases do norte da Amrica e da Europa, onde as condies
climticas eram mais severas, o aspecto proteo ganhou mais importncia. Sua
utilizao nas reas de higiene e iluminao resultado da cincia e da mecnica
moderna.
Como a maioria das cincias, a indstria de tintas e vernizes, que tinha sofrido
pequenas alteraes ao longo do tempo, sentiu um tremendo impacto cientfico e
tecnolgico surgido no sculo XX. Novos pigmentos, melhoria dos leos secativos,
resinas celulsicas e sintticas e uma grande variedade de agentes modificantes
comearam a fluir dos laboratrios especializados e das linhas de produo
industriais, transformando-se na base de uma corrente infindvel de novos
revestimentos orgnicos (ABRAFATI, site).
7
O advento de emulses aquosas e tintas com base em solues aquosas
proporcionaram outra dimenso para a variedade, utilizao e complexidade no
campo das tintas.
Figura 2: Pinturas e texturas especiais FONTE: disponvel em http://cidadesaopaulo.olx.com.br
8
4. REVISO BIBLIOGRFICA
4.1 REVESTIMENTOS CERMICOS
4.1.1 CONCEITOS IMPORTANTES
Considerando a grande variedade de revestimentos cermicos destinados aplicao
em pisos e paredes, sejam eles internos ou externos, importante considerar seu emprego em conformidade com suas caractersticas, quanto resistncia ao
desgaste, resistncia qumica, resistncia a manchas, absoro de gua e
caractersticas antiderrapantes.
Os revestimentos cermicos so os produtos de grs queimados em elevadas
temperaturas e esmaltados, tais como azulejos, cermicas para revestimentos internos e externos, com uma grande gama de dimenses (RIBEIRO, 2000).
A cermica pode ser feita em argila pura de massa vermelha ou uma mistura com
cerca de nove minerais de tonalidade clara ou branca.
A cermica vermelha compreende aqueles materiais com colorao avermelhada
empregados na construo civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cermicos e argilas expandidas) e tambm utenslios de uso domstico e de adorno. As lajotas muitas vezes so enquadradas neste grupo, porm o mais correto em Materiais de Revestimento (REBELO, 2010).
9
J a cermica branca apresenta-se como um grupo bastante diversificado,
compreendendo materiais constitudos por um corpo branco e em geral recobertos por
uma camada vtrea transparente e incolor e que eram assim agrupados pela cor
branca da massa, necessria por razes estticas e/ou tcnicas. Com o advento dos
vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste grupo passaram a ser
fabricados, sem prejuzo das caractersticas para uma dada aplicao, com matrias-primas com certo grau de impurezas, responsveis pela colorao.
4.1.2 FUNES DO REVESTIMENTO CERMICO
De acordo com SABBATINI et al. (1988), o revestimento de argamassa de fachada apresenta importantes funes que so, genericamente: proteger os elementos de
vedao dos edifcios da ao direta dos agentes agressivos; auxiliar as vedaes no
cumprimento de suas funes como, por exemplo, o isolamento termo-acstico e a
estanqueidade gua e aos gases; regularizar a superfcie dos elementos de
vedao, servindo de base regular e adequada ao recebimento de outros
revestimentos; constituir-se no acabamento final.
A avaliao da qualidade do revestimento cermico aplicado em fachadas muito
importante, uma vez que est sujeito a um nvel de exigncias muito maior, por conta da exposio a que est sujeito, como sol, vento, chuva e outros. Outros fatores que influenciam na durabilidade do revestimento cermico so o planejamento e a escolha correta do material, a qualidade no assentamento das placas, a qualidade da
construo como um todo e a correta manuteno aps a concluso dos servios.
10
4.1.3 PROPRIDADES DO REVESTIMENTO CERMICO
Desde a concepo do projeto at a execuo da obra, escolher corretamente os materiais construtivos uma etapa complexa e de grande importncia. No entanto
escolher um revestimento cermico no significa apontar aleatoriamente o
esteticamente mais interessante ou mesmo, o de custo inferior. necessria uma anlise detalhada de trs fatores simultaneamente para que a escolha seja correta:
O fator esttico desejado;
O fator custo e, principalmente;
O desempenho tcnico necessrio do revestimento cermico, de
acordo com o local onde se deseja revestir.
O desempenho tecnolgico do revestimento cermico envolve o conhecimento das
caractersticas da placa cermica (propriedades).
De acordo com a placa cermica escolhida deve-se atentar para que no haja enganos nos materiais e mtodos de instalao, que envolve as propriedades da
argamassa e do rejunte, no preparo da superfcie e nos procedimentos de instalao, que envolve a qualidade da mo-de-obra empregada.
Diante da grande variedade de produtos cermicos no mercado com diversas formas,
dimenses, cores, processos de fabricao, propriedades e funes, comum
classificar as cermicas quanto sua composio, sua utilizao e de acordo com
normas tcnicas.
11
4.1.3.1 Quanto sua composio
Segundo a NBR 13816/1997, Placas Cermicas para Revestimento so materiais
compostos de argila e outras matrias-primas inorgnicas, geralmente utilizadas para
revestir pisos e paredes, sendo conformadas por diversos processos de fabricao e
apresentando qualidades de incombusto e resistncia luz solar.
Para a produo da cermica de revestimento, utilizam-se matrias-primas
classificadas como plsticas e no-plsticas. As principais matrias-primas plsticas
so argilas plsticas (queima branca ou clara), argilas fundentes (queima vermelha) e caulim. Dentre as matrias no-plsticas, destacam-se filitos, fundentes feldspticos,
talco e carbonatos.
Cada matria-prima exerce uma funo especfica durante o processo produtivo,
porm as plsticas so essenciais na fase de conformao, pois fornecem massa a
plasticidade necessria, para se obter um revestimento de alta qualidade mecnica.
J os materiais no-plsticos, atuam principalmente na fase do processamento
trmico e nas misturas com argilas, para a produo da massa.
4.1.3.2 Quanto sua utilizao
A indstria cermica costuma classificar os revestimentos cermicos em diversos
setores de acordo com as matrias-primas utilizadas, suas propriedades e reas de
utilizao. Tomando por base a classificao da Associao Brasileira de Cermicas,
a seguinte classificao adotada:
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Cermica vermelha: compreende aqueles materiais com colorao
avermelhada empregados na construo civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cermicos e argilas expandidas) e tambm utenslios de uso domstico e de adorno;
Materiais de revestimentos (Placas Cermicas): so aqueles materiais, na forma de placas usados na construo civil para revestimento de paredes,
pisos, bancadas e piscinas de ambientes internos e externos, recebendo
diversas designaes como azulejo, pastilha, porcelanato, grs, lajota, piso, etc;
Cermica branca: compreende materiais constitudos por um corpo branco e
recobertos por uma camada vtrea transparente e incolor. Com o advento dos
vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste grupo
passaram a ser fabricados, sem prejuzo das caractersticas para uma dada aplicao, com matrias-primas com certo grau de impurezas, responsveis
pela colorao. Nesse grupo esto as louas sanitrias, louas de mesa,
isoladores eltricos para alta e baixa tenso, cermicas artsticas (decorativa e utilitria) e cermicas para aplicao diversa (qumica, eltrica, trmica e mecnica).,
Materiais Refratrios: compreende uma diversidade de produtos, que tm
como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condies especficas de
processo e de operao dos equipamentos industriais, que em geral envolvem
esforos mecnicos, ataques qumicos, variaes bruscas de temperatura e
outras solicitaes. Para suportar estas solicitaes e em funo da natureza
das mesmas, foram desenvolvidos inmeros tipos de produtos, a partir de
diferentes matrias-primas ou mistura destas. Nesse grupo esto os materiais
refratrios de slica, slico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesianocromtico,
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cromtico-magnesiano, carbeto de silcio, grafita, carbono, zircnia, zirconita,
espinlio e outros;
Fritas e Corantes: estes dois produtos so importantes matrias-primas para
diversos segmentos cermicos que requerem determinados acabamentos.
Frita (ou vidrado fritado) um vidro modo, fabricado por indstrias especializadas a partir da fuso da mistura de diferentes matrias-primas. aplicado na superfcie do corpo cermico que, aps a queima, adquire aspecto
vtreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a esttica, tornar a pea
impermevel, aumentar a resistncia mecnica e melhorar ou proporcionar
outras caractersticas. Corantes constituem-se de xidos puros ou pigmentos
inorgnicos sintticos obtidos a partir da mistura de xidos ou de seus
compostos. Os pigmentos so fabricados por empresas especializadas,
inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obteno envolve a mistura das matrias-primas, calcinao e moagem. Os corantes so adicionados aos
esmaltes (vidrados) ou aos corpos cermicos para conferir-lhes coloraes das mais diversas tonalidades e efeitos especiais.
Abrasivos: parte da indstria de abrasivos, por utilizarem matrias-primas e
processos semelhantes aos da cermica, constituem-se num segmento
cermico. Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o xido de
alumnio eletrofundido e o carbeto de silcio.
Vidro, Cimento e Cal: apesar de serem desconsiderados do setor cermico
em funo de suas particularidades, o vidro, cimento e cal so trs importantes
elementos do setor.
Cermica de Alta Tecnologia/Cermica Avanada: o aprofundamento dos
conhecimentos da cincia dos materiais proporcionou ao homem o
desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas
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mais diferentes reas, como aeroespacial, eletrnica, nuclear e muitas outras e
que passaram a exigir materiais com qualidade excepcionalmente elevada.
Tais materiais passaram a ser desenvolvidos a partir de matrias-primas
sintticas de altssima pureza e por meio de processos rigorosamente
controlados. Nesse grupo esto cermicas especiais aplicadas em naves
espaciais, satlites, usinas nucleares, materiais para implantes em seres
humanos, aparelhos de som e de vdeo, suporte de catalisadores para
automveis, sensores (umidade, gases e outros), ferramentas de corte, brinquedos, acendedor de fogo, etc.
As placas utilizadas para revestimentos de fachada enquadradas no grupo das
cermicas vermelhas, possuem alta porosidade e so chamadas comercialmente de
plaquetas para revestimento de parede (plaquetas de laminado cermico ou placas litocermicas). Em sua produo utilizada a argila como matria-prima nica sem adio de outro mineral.
J as placas obtidas por meio de massas compostas de diversas combinaes e
teores (argila, caulins, quartzito, calcita, talco, dolomita, filito, feldspato) resultam em materiais como o grs e porcelanatos. As matrias-primas dessas placas so
utilizadas tambm em materiais enquadrados na classificao da cermica branca,
como citado anteriormente.
15
4.1.3.3 Quanto as Normas Tcnicas
De acordo com a NBR 13817: 1997 e baseado na ISO 13006: 1998, os revestimentos
cermicos so classificados pelos os seguintes critrios:
Esmaltados e no esmaltados;
Mtodo de fabricao (prensado, extrudado, entre outros);
Grupos de absoro de gua;
Classe de resistncia a abraso superficial PEI;
Classe de resistncia ao manchamento;
Classe de resistncia ao ataque de agentes qumicos, segundo diferentes
nveis de concentrao;
Aspecto superficial ou anlise visual;
Composio;
Expanso por Umidade;
Dilatao Trmica;
Resistncia ao Choque Trmico;
Resistncia ao Gretamento;
Resistncia ao Congelamento;
Coeficiente de Atrito;
Dureza Mohs.
Tipo de Superfcie: se subdividem em esmaltadas (GLAZED ou GL) e no esmaltadas (UNGLAZED ou UGL). As primeiras so formadas pela base de argila (biscoito) e posterior esmaltao para conferir acabamento superficial. As demais tm corpo nico, no passando pelo processo de esmaltao, apresentando colorao
superficial uniforme para todo o corpo cermico.
16
Figura 3: Tipos de superfcie cermica FONTE: Instituto de Arquitetura e Urbanismo, disponvel em www.iau.usp.br
Mtodo de fabricao: se subdividem em extrudadas, prensadas e outras. Nas
extrudadas (A) a massa plstica colocada em uma extrudora (conhecida como maromba) onde compactada e forada por um pisto, sendo comercializada como tipo de preciso e tipo artesanal (o tipo preciso cumpre exigncias maiores com menores tolerncias em relao ao segundo tipo). As prensadas (B) apresentam-se com massa granulada com baixo teor de umidade, colocada em um molde com
formato e tamanho definidos, submetidos a altas presses atravs de prensas de
grande peso. Existem outros mtodos de fabricao, sendo classificadas por outros
processos (C). Mais de 95% das placas cermicas do mercado nacional so fabricadas utilizando o processo de prensagem. O processo de extruso ainda
utilizado, mas com pouca representatividade. No Brasil, no h referencia de placas
cermicas produzidas por outros mtodos de fabricao.
Absoro de gua: um dos parmetros de classificao das placas cermicas a
absoro de gua, que tem influncia direta sobre outras propriedades do produto. A
resistncia mecnica do produto, por exemplo, tanto maior, quanto mais baixa for a
absoro. As placas cermicas para revestimentos so classificadas, em funo da
absoro de gua, da seguinte maneira:
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Porcelanatos: de baixa absoro e resistncia mecnica alta (BIa de 0 a 0,5%);
Grs: de baixa absoro e resistncia mecnica alta (BIb de 0,5 a 3%);
Semi-Grs: de mdia absoro e resistncia mecnica mdia (BIIa de 3 a 6%);
Semi-Porosos: de alta absoro e resistncia mecnica baixa (BIIb de 6 a 10%);
Porosos: de alta absoro e resistncia mecnica baixa (BIII acima de 10%).
A informao sobre o Grupo de Absoro deve estar presente na embalagem do
produto e de fundamental importncia para que o consumidor selecione produtos
que se adqem as suas necessidades, entre eles, o local onde ser assentado. Para
revestimentos em fachadas recomenda-se a utilizao de porcelanatos e grs por
apresentarem baixa absoro de gua.
importante ressaltar que as placas cermicas classificadas como BIII, com absoro de gua acima de 10%, so recomendadas para serem utilizadas como revestimento
de parede (azulejo), justamente por possurem alta absoro e, portanto, resistncia mecnica reduzida.
Na especificao de um revestimento cermico deve-se conciliar Mtodo de
Fabricao (A, B, ou C) com o Grupo de Absoro de gua (I, II, ou III, utilizando subgrupos a ou b), como mostrado na tabela abaixo:
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Absoro de gua (%)
Mtodo de Fabricao Extrudado (A) Prensado (B) Outros
Menor de 0,5 AI BIa CI 0,5 a 3,0 AI BIb CI 3,0 a 6,0 AIIa BIIa CIIa 6,0 a 10,0 AIIb BIIb CIIb
Acima de 10,0 AIII BIII CIII Tabela 1: Classificao quanto ao percentual de absoro
FONTE: Cermicas portinari, disponvel em www.ceramicaportinari.com.br
Resistncia abraso superficial: esse tipo de classificao realizada atravs de
um ensaio, realizado apenas nas placas cermicas esmaltadas, que trata do desgaste
visual mediante vrios ciclos de passagem de um agente abrasivo sobre o vidrado,
submetido a uma carga determinada. As placas cermicas so separadas por classe,
de acordo com a quantidade de ciclos que ela suporta sem apresentar desgaste
visual, conforme tabela abaixo. Deve-se observar ainda que para o nvel mais alto de
graduao (classe PEI V), a placa deve apresentar resistncia ao manchamento aps o ensaio de abraso superficial.
Estgio de Abraso
N. de ciclos para visualizao
Classe de
Abraso Local de Uso
100 PEI 0 Paredes 150 PEI 1 Banheiros e quartos residenciais 600 PEI 2 Dependncias residenciais sem ligao com reas
externas 750, 1500 PEI 3 Todas as dependncias residenciais
2100, 6000, 12000 PEI 4 Todas as dependncias residenciais e ambientes
comerciais de trfego mdio
acima de 12000 PEI 5 Todas as dependncias residenciais e ambientes
comerciais de trfego intenso
Tabela 2: Classificao quanto abraso superficial FONTE: Cermicas portinari, disponvel em www.ceramicaportinari.com.br
Quanto resistncia ao manchamento ou classe de limpabilidade: essa
classificao est relacionada facilidade de limpeza do vidrado da cermica
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mediante ataque de diferentes agentes manchantes. Durante o ensaio so aplicados
agentes de ao penetrante (CrO verde ou FeO vermelho), ao oxidante (iodo), formao de pelcula (leo de oliva), ou outros, atendendo solicitao prvia. Em seguida, para cada caso, so realizados procedimentos de limpeza conforme a
seguinte seqncia: gua quente, agente de limpeza fraco (no abrasivo, industrializado, pH entre 6,5 e 7,5), agente de limpeza forte (abrasivo, industrializado, pH entre 9 e 10) e, por fim, reagentes de ataque e solventes (cido clordrico em soluo, hidrxido de potssio e tricloroetileno). Conforme avaliao da diferena no aspecto visual das placas cermicas, elas so classificadas por nveis, de acordo com
o produto aplicado para cada agente manchante, conforme tabela a seguir:
Classe de Limpabilidade Remoo da Mancha
CLASSE 5 Mxima facilidade de remoo de mancha CLASSE 4 Mancha removvel com produto de limpeza fraco CLASSE 3 Mancha removvel com produto de limpeza forte CLASSE 2 Mancha removvel com cido clordrico, hidrxido de potssio e tricloroetileno CLASSE 1 Impossibilidade de remoo da mancha
Tabela 3: Classificao quanto resistncia ao manchamento e classe de limpabilidade FONTE: Cermicas portinari, disponvel em www.ceramicaportinari.com.br
Resistncia ao ataque de agentes qumicos: ligada composio dos esmaltes,
temperatura e ao tempo de queima da cermica, sendo a capacidade do vidrado se
manter estvel, sob o aspecto visual, mediante o ataque de reagentes agressivos,
simulando situaes comuns de uso. So aplicados os seguintes reagentes: cloreto
de amnia (produtos qumicos domsticos), hipoclorito de sdio (tratamento de gua da piscina), cido clordrico ctrico e lctico (cidos em alta e baixa concentrao), e hidrxido de potssio a 30g/l e 100g/l (lcalis de baixa e alta concentrao). As placas cermicas so classificadas (classes A, B e C) em resistncia qumica mais elevada,
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mdia e mais baixa, de acordo com as mudanas observadas no aspecto visual,
conforme tabela a seguir:
Agentes qumicos Nveis de resistncia qumica
Alta (A) Mdia (B) Baixa (C) cidos Alta Concentrao (H) HA HB HC lcalis Baixa Concentrao (L) LA LB LC
Produtos domsticos e de piscinas A B C Tabela 4: Classificao quanto a resistncia ao ataque de produtos qumicos. As letras
A, B e C referem-se as classes de resistncia qumica, justaposta as concentraes H ou L dos agentes qumicos
FONTE: Cermicas portinari, disponvel em www.ceramicaportinari.com.br
Aspecto superficial ou anlise visual: A NBR 13.817/1997, classifica os
revestimentos cermicos como produto de primeira qualidade quando 95% das peas
examinadas, ou mais, no apresentarem defeitos visveis na distncia padro de
observao (1,00m +/-0,05m de distncia de um painel de 1m preparado por outra pessoa).
Classificao conforme sua composio: Como mencionado anteriormente,
Separa-se por cermica vermelha ou cermica branca
Expanso por Umidade: consiste no aumento das dimenses da placa cermica por
absoro de gua ou contato com intempries presentes no ambiente onde est
assentado. A expanso por umidade uma caracterstica relacionada qualidade das
argilas e ao processo de queima da placa e de fundamental importncia para
especificao de lugares onde a umidade maior, como fachadas, piscina e saunas.
Dilatao Trmica: os revestimentos e suas camadas de argamassa, alvenaria ou de
concreto, sofrem deformaes trmicas diferentes devido aos seus coeficientes de
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dilatao, causadas especialmente pela variao trmica do ambiente. Quanto maior
for a dimenso do revestimento cermico, maiores sero os movimentos de dilatao
trmica devido a ao da temperatura. Essa caracterstica depende principalmente
das matrias primas existentes nas placas cermicas, do processo de fabricao
empregado e do local onde assentada (fachadas, lareiras, churrasqueiras, etc).
Resistncia ao Choque Trmico: indica a capacidade do revestimento cermico de
resistir s variaes bruscas de temperatura. Conforme a NBR13818:1997, o ensaio
para medio da resistncia ao choque trmico consiste em submeter os
revestimentos temperaturas elevadas entre 10C e 150C, verificando possveis
trincas ou desgastes nas placas
Resistncia ao Gretamento: mede a resistncia formao de microfissuras na
superfcie esmaltada. O gretamento acontece em decorrncia da queima, da
expanso e dilatao da placa cermica. quando a camada de esmalte no se acomoda esse movimento de dilatao e acaba em forma de fissura.
Resistncia ao Congelamento: caracterstica da pela cermica ligada diretamente
sua capacidade de absoro de gua, ou sejam a presena de poros na sua constituio. Caso haja penetrao de gua pelos poros e o ambiente foi propcio ao congelamento (locais de baixa temperatura ambiente), gua congela e provoca aumento do volume da pea, danificando-a e comprometendo a aderncia do
revestimento cermico
Coeficiente de Atrito: trata-se de um aspecto importante a ser discutido no momento
da escolha do material, pois atesta a segurana do usurio ao caminhar pela
22
superfcie na presena de gua, leo ou qualquer outra substncia escorregadia.
Quanto mais spero e rugoso for a superfcie, maior ser a resistncia ao
escorregamento. A norma brasileira NBR13818, prescreve a determinao do
coeficiente de atrito atravs do deslizador tipo Tortus, que se movimenta sobre a
superfcie (tanto seca e molhada) a ser ensaiada
Resistncia ao risco (dureza Mohs): essa propriedade diz respeito dureza do esmalte da superfcie de acabamento, dureza Mohs, indicando sua resistncia ao
risco provocado pelo atrito de materiais com diferentes durezas. Seu ndice deve ser
observado em locais de alto atrito, como casas de praia onde a ao de ventos podem
trazer areia de praia, danificando as fachadas das edificaes.
4.1.4 PROCESSO DE FABRICAO DO REVESTIMENTO CERMICO
Na fabricao da cermica, h produo de uma pasta que tem como componente
principal a argila, levando-a a processos sucessivos de queima e secagem a
altssimas temperaturas, conferindo ao material resistncia e dureza. Com o uso em
constante aumento a partir do seu descobrimento, a produo da cermica tem se
desenvolvido, aprimorando processos e tcnicas industriais, com conseqente
modernizao da infra-estrutura (BORGES).
Assim, os revestimentos cermicos, em geral, so fabricados com as seguintes
etapas:
Preparao da Massa;
Prensagem e Atomizao;
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Esmaltao;
Queima/Sinterizao;
Escolha;
Preparao de esmaltes e tintas;
Controle de qualidade;
Expedio.
Preparao da Massa: no processo industrial, as matrias-primas utilizadas,
provenientes de jazidas prprias ou de terceiros, so estocadas no interior da fbrica.A dosagem de cada matria-prima feita segundo uma formulao percentual
fornecida pelo laboratrio, com base nos resultados obtidos em testes. A matria-
prima ento transportada por correias at os moinhos. Aps a moagem, tem-se
como produto a barbotina, que estocada em tanques apropriados. Depois ela
bombeada at o atomizador, que retira a gua em excesso e confere ao p atomizado
umidade e granulometria (distribuio de tamanho dos gros que facilita a compactao) uniformes, ideais para o processo de prensagem.
Prensagem e preparao da massa: o p atomizado alimentado em cavidades da
prensa e submetido a uma presso especfica, tendo sua forma definitiva denominada
bolacha cermica.
Secagem: A secagem uma fase muito importante no processo de fabricao de
pavimentos e revestimentos cermicos. Tem a misso de eliminar quase
completamente a gua contida nas peas aps o processo de prensagem.
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Esmaltao: pode-se dizer que a qualidade final do produto reflete como foram os
cuidados na linha de esmaltao. A qualidade tambm depende das outras atividades
anteriores e posteriores, as quais devem seguir padres e normas pr-estabelecidas.
Para realizar o processo de esmaltao devemos seguir algumas etapas para garantir
a qualidade do produto: ps-secagem, aplicao de gua, aplicao de engobe,
aplicao de esmalte e decorao serigrfica.
Queima: aps o processo de esmaltao o produto segue para o forno, onde
efetuada a queima da pea. So nos fornos que o produto adquire suas
caractersticas finais, tais como alta resistncia mecnica, alta resistncia abraso e
baixa absoro. Alm disso, aps a queima que algumas cores determinadas so
obtidas.
Escolha: na sada de cada forno est instalada a linha de escolha automtica. Nela,
os defeitos superficiais so identificados visualmente pelo colaborador, enquanto os
dimensionais so verificados por equipamentos eletrnicos apropriados. Aps os
processos de escolha e classificao, as peas so encaixotadas, identificadas,
paletizadas e, em seguida, estocadas na expedio.
Preparao de esmaltes e tintas: na preparao de esmaltes e tintas, a moagem
feita por via mida. O moinho revestido com tijolos de alumina de alta densidade, bem como os elementos moedores (esferas), proporcionando alta eficincia na moagem. Os esmaltes so aplicados em peas cermicas com diversas finalidades:
impermeabilizar, embelezar, aumentar a resistncia ao desgaste, ao ataque qumico e
resistncia mecnica.
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Controle de qualidade: o Controle de Qualidade permeia todo o processo produtivo e
tem a funo de monitorar todas as fases, desde o controle da matria-prima at o
produto final, quando so realizadas inspees de amostras da produo para que se
obtenha um controle estatstico da qualidade. Os lotes de produo somente so
liberados para a Expedio aps a aprovao do CQPA Controle de Qualidade dos
Produtos Acabados.
Expedio: realiza o controle do estoque fsico de produtos acabados entrada e
sada. Controla a movimentao, a transferncia de produtos dentro do estoque para
facilitar toda a operao de separao, o armazenamento e o embarque de produtos
para mercado interno e externo, garantindo a qualidade do servio e entrega ao
cliente.
4.1.5 CARACTERIZAO DO REVESTIMENTO CERMICO
Entendendo a edificao como um complexo sistema, pode-se inferir que suas etapas
construtivas configuram-se subsistemas do todo, assim entendido como no caso dos
revestimentos cermicos que so parte integrante do subsistema vedao vertical, o
desempenha funes especficas para um bom desempenho do conjunto.
Cada uma das camadas deve apresentar caractersticas particulares no sentido de
proporcionar ao revestimento as melhores condies para que o seu desempenho
seja satisfatrio.
26
Analisando sistematicamente esse subsistema, o revestimento cermico composto
dos seguintes componentes: substrato ou base, camada de regularizao ou emboo,
camada de fixao, revestimento cermico, rejuntes e juntas (COSTA E SILVA, 2004)
Figura 4: Base, camadas e componentes dos revestimentos FONTE: COSTA E SILVA, 2004
Substrato ou base: componente de sustentao dos revestimentos, sendo em via de
regra, formado por alvenaria e/ou estrutura, sendo importante avaliar seu papel de
influenciar no desempenho dos revestimentos cermicos, principalmente nos
seguintes aspectos:
Capacidade de suco de gua: capacidade de influenciar positivamente na
ancoragem fsica, qumica ou mecnica de seus componentes, podendo ser
comprometida caso haja contaminaes na base ou tardoz da pea cermica
27
(sujeira, leo, p, graxa, engobe) que impedem o contato da argamassa com a superfcie e reduzem a rea de contato;
Textura superficial (rugosidade): quanto mais rugosa a superfcie, tanto maior ser a resistncia de aderncia, sobretudo devido ao incremento gerado
na resistncia ao cisalhamento.
Chapisco: componente empregado a fim de homogeneizar a capacidade de suco
de gua e a rugosidade superficial da base, constituindo dessa forma, na preparao
da base para assentamento do revestimento cermico. De acordo com o tipo de base,
o chapisco apresentar-se- encorpado (superfcies de concreto) ou ralo (superfcies de blocos cermicos) tornando a base mais rugosa ou lisa, respectivamente. Usualmente aplica-se para o chapisco trao 1:3 (areia:cimento), podendo ser adicionada emulso de polmeros PVA, acrlicos ou estirnicos para melhorar a
aderncia (superfcies lisas). Para aplicao do chapisco, importante remover todo tipo de sujeira presente a fim de melhorar sua aderncia base.
Emboo: componente responsvel pela primeira camada do revestimento, devendo,
de maneira geral, apresentar resistncia de aderncia compatvel com os esforos a
que permanecer sujeita, suportando a camada de acabamento aderida sobre ela sem apresentar descolamento. Por isso importante considerar na preparao do
emboo a sua resistncia de aderncia base e sua resistncia superficial,
apresentando as seguintes propriedades:
Trabalhabilidade: constitui-se pela quantidade ideal de gua a ser aplicada
para que a argamassa apresente uma consistncia adequada para aplicao
na parede. Quando h boa trabalhabilidade, h maior produtividade e maior
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aderncia em decorrncia da facilidade de penetrao da argamassa nas
reentrncias da base (maior superfcie de contato);
Capacidade de aderncia: alm da boa trabalhabilidade, a capacidade de
aderncia se influencia pela tcnica de produo, por conta da eficincia no
preenchimento da superfcie a ser aderida. Uma boa tcnica de aplicao
aquela onde h uma presso uniforme em todo o pano da fachada de forma a
garantir a ancoragem das peas;
Resistncia mecnica: capacidade de suportar aos esforos a que estiver
submetido;
Capacidade de absorver deformaes: capacidade de absorver esforos,
como as movimentaes diferenciais entre os componentes, decorrentes de
variaes de temperatura e umidade;
Durabilidade.
Camada de fixao (argamassa de assentamento): o assentamento das peas
cermicas sobre o emboo feito atravs da utilizao de uma argamassa, cuja funo manter todas as camadas unidas, podendo ser industrializada (argamassa colante) ou fabricada na obra. As primeiras apresentam maior resistncia de aderncia e maior poder de reteno de gua, razo pela qual so mais utilizadas que
as demais. A resistncia de aderncia representa a capacidade de suportar esforos
de trao e de cisalhamento, sem a ocorrncia de descolamento de placas. Em geral
a argamassa colante composta de cimento e areia, com adio de outros
componentes orgnicos formados por resinas vinlicas (para aumentar a resistncia de aderncia) ou celulsicas (para aumentar a capacidade de reteno de gua).
29
Revestimento cermico: material cermico constitudo de uma camada base
(biscoito) constituda de argilas plsticas, quartzo, caulim, fundentes e uma camada de cobertura esmaltada vidrada constituda de quartzo finamente modo, xido de
chumbo, estanho e xidos coloridos. Normalmente com formato quadrado ou
retangular, com dimenses variadas. Conforme a norma ABNT NBR 13.818, para
aplicao em fachadas, os revestimentos cermicos devem ter as seguintes
caractersticas desejveis:
Expanso por umidade: 0,6 mm/m;
Absoro de gua: 6%;
Garras poli-orientadas no tardoz;
Cores claras;
Dimenses inferiores a (20x20) cm.
Rejuntes e Juntas: as juntas de assentamento (rejuntes) e as de movimentao tm
a funo de proporcionar um alvio das tenses geradas, subdividindo a superfcies
em vrias regies, diminuindo a incidncia de trincas e fissuras no revestimento. O
material empregado como rejunte uma argamassa de cimento com resinas de forma a torn-lo menos rgido e menos permevel, corrigindo tambm pequenas
imperfeies dimensionais da cermica. J as juntas de movimentao atuam no sentido de aliviar as tenses decorrentes de todas as camadas do revestimento.
4.1.6 PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS CERMICOS
Patologia pode ser entendida como uma situao em que o edifcio ou uma parte dele,
em um dado momento, no apresenta o desempenho previsto. A partir de
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manifestaes na estrutura ou na parte afetada da edificao, so identificados
problemas que so sinais de aviso para os defeitos que apareceram. Segundo
MEDEIROS (1999), as origens das patologias em revestimentos cermicos tem sua origem nas fases de elaborao do projeto e na sua execuo.
Os problemas na fase de projeto ocorrem da inexistncia de um projeto especfico em que sejam definidas as caractersticas do revestimento como um todo ou ainda por erros de concepo durante a elaborao do projeto, que se limita muitas vezes a detalhes arquitetnicos, sem levar em conta as condies reais de exposio e os
requisitos bsicos de sua construo.
Quanto execuo dos servios de revestimento imprescindvel que aqueles que
desenvolvem as etapas de execuo tenham domnio das corretas tcnicas,
conhecendo ainda as possveis patologias originadas por problemas de m execuo.
Conhecendo a dificuldade de se encontrar profissionais bem qualificados para o
desenvolvimento das etapas construtivas, extremamente necessrio que o projeto seja o mais detalhado possvel, com especificao de materiais compatveis com as condies de uso e a interao do revestimento com as demais partes do edifcio
(esquadrias, pisos, instalaes), fornecendo condies necessrias para um adequado desenvolvimento dos servios na obra buscando minimizar ou eliminar
improvisaes e decises no momento da execuo.
Quando essas recomendaes no so atendidas, muitos problemas patolgicos nos
revestimentos cermicos podem ocorrer, como os que so apresentados a seguir.
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4.1.6.1 Perda de Aderncia Destacamentos
Destacamentos ou descolamentos pode ser entendida como um processo em que
ocorrem falhas ou rupturas na interface dos componentes cermicos com a camada
de fixao ou na interface desta com o substrato, tendo em vista a sobreposio de
tenses que ultrapassam a capacidade de aderncia das ligaes.
Diversas so as causas do descolamento de componentes, sendo as mais comuns a
instabilidade do suporte, a fluncia do suporte e as variaes umidade e de
temperatura. Tambm so causas o grau de solicitao do revestimento, as
caractersticas das juntas de movimentao e de assentamento, a especificao dos servios de execuo, a culpa do trabalhador (negligncia e impercia), a utilizao de adesivo com prazo de validade vencido, a fixao dos componentes aps o
vencimento do tempo de abertura da argamassa colante e a presena de materiais
pulverulentos na superfcie de contato.
BAUER (1997) defende que as patologias podem ser amenizadas, desde que o substrato oferea condies mnimas de aderncia mecnica como revestimento,
devendo-se assim, considerar no assentamento de peas cermicas, a limpeza da
base. BAUER divide as patologias por destacamento em trs correntes:
empolamentos, deslocamento em placas e pulverulncia.
Empolamentos: fenmeno que ocorre devido a expanses na argamassa, em funo
da hidratao de xidos, ocorrendo principalmente no uso de cal hidratada ou cal
contendo hidrxido de magnsio que aumenta de volume aps aplicao.
32
Figura 5: Deslocamento com empolamento grave FONTE: Produtos cermicos, J Guerra Martins e A. Paredes Silva, 2012, disponvel em
www.consultoriaeanalise.com
Descolamento em placas: fenmeno que ocorre tendo em vista a deficincia de
aderncia da base com o substrato. As causas mais comuns para esse tipo de
patologia envolve a preparao inadequada da base, uso de chapisco com areia fina,
argamassa com espessura assentuada, argamassa rica em cimento, ausncia de
chapisco, acabamento inadequado de camada intermediria e grandes variaes de
temperatura gerando tenses de cisalhamento entre argamassa e base de
assentamento.
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Figura 6: Deslocamento em placas FONTE: Patologias cermicas, Giselle Cichinelli, 2012, disponvel em
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/116/artigo35346-3.asp
Pulverulncia: a desagregao e consequente esfarelamento da argamassa o ser
pressionada manualmente. As causas possveis para a ocorrncia dessa patologia
seriam a presena de torres de argila na areia da argamassa, argamassa com baixo
teor de aglomerantes ou com prazo de validade vencido e hidratao inadequada do
cimento.
4.1.6.2 Trincas, Gretamentos e Fissuras
Estes fenmenos caracterizam-se por apresentarem uma perda de integridade da
superfcie do componente cermico, podendo levar o seu descolamento. Diversas so
as causas desses fenmenos, destacando-se a retrao e dilatao da pea
relacionada variao trmica ou de umidade, absoro excessiva de parte das
deformaes da estrutura (ausncia de elementos construtivos como vergas,
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contravergas, pingadeiras, platibandas ou juntas de dilatao) e retrao da argamassa convencional.
Para diferenciar esses fenmenos, deve-se estar atento ao seu aspecto fsico
(abertura), bem como na forma de manifestao. A trinca o rompimento do corpo da pea sob a ao de esforos, provocando a separao de suas partes, manifestando-
se atravs de linhas estreitas que configuram o grau de abertura, apresentando-se,
em geral, com dimenses superiores a 1 mm. O gretamento e o fissuramento so
aberturas liniformes que aparecem na superfcie do componente, provenientes da
ruptura parcial de sua massa, ou seja, a ruptura que no divide o seu corpo por completo, apresentando aberturas inferiores a 1mm.
Figura 7: Migrao de fissura da base para revestimento FONTE: Patologias cermicas, Giselle Cichinelli, 2012, disponvel em
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/116/artigo35346-3.asp
4.1.6.3 Eflorescncias
Esse tipo de patologia pode apresentar diversos nveis de gravidade que vo desde a
simples alterao da esttica predial at o descolamento de revestimentos ou
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degradao da pintura quando existente. O processo de eflorescncia envolve a
formao de um depsito cristalino (sal) em uma determinada superfcie por ao do meio ambiente ou por ao qumica. Geralmente causada pela migrao de
umidade atravs dos poros, carreando substancias solveis que sero depositadas
sobre a superfcie aps a evaporao da gua. Assim o fenmeno s vai acontecer se
estiverem presentes trs requisitos: umidade, substncias solveis e transporte dessa
soluo para a superfcie e sua evaporao.
De acordo com SABBATINI et al. (1997), as principais substncias solveis so sais inorgnicos como sulfatos de sdio, de potssio, de clcio, de magnsio e os
carbonatos de sdio e de potssio, que podem ter origens diversas como matrias
primas cermicas, gua usada na fabricao, reao de componentes da massa com
xidos de enxofre do combustvel durante a secagem e incio da queima,
defloculantes, dentre outras substncias solveis adicionadas massa.
Figura 8: Formao de eflorescncia em fachadas revestidas FONTE: Eflorescncia e Criptoflorescncia no revestimento de fachada, 2009, disponvel
em www.consultoriaeanalise.com
36
4.1.6.4 Manchas e Bolor
Esse tipo de patologia se caracteriza pelo desenvolvimento de fungos que causam
alterao esttica de fachadas, atravs de manchas escuras indesejveis em tonalidades preta, marrom e verde, ou ocasionalmente, manchas claras
esbranquiadas ou amareladas (SHIRAKAWA, 1995).
A existncia de umidade est diretamente ligada ao crescimento de fungos (bolor), sendo comum o emboloramento de superfcies umedecidas por infiltrao de gua ou
vazamento de tubulaes. Segundo ALLUCCI ET AL (1998) o termo emboloramento uma alterao que pode ser constatada macroscopicamente na superfcie de
determinado material, sendo consequncia dos microorganismos pertencentes ao
grupo dos fungos.
Figura 9: Manchas em superfcie revestida FONTE: Durabilidade de revestimentos na fachada, Maurcio Marques Resende,
disponvel em www.ebah.com.br
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4.1.6.5 Deteriorao das Juntas
Esse tipo de patologia liga-se diretamente as argamassas de preenchimento das
juntas de assentamento (rejuntes) e de movimentao, comprometendo diretamente o desempenho do sistema de revestimento cermico tanto na estanqueidade do
conjunto quanto na capacidade de absorver deformaes.
A perda de estanqueidade das juntas inicia-se logo aps sua execuo, em funo da limpeza inadequada das mesmas, deteriorando parte de seu material constituinte.
Outras causas de deteriorao do rejuntamento so ataques agressivos do meio ambiente e solicitaes da estrutura, abrindo espao para ocorrncia de outras
patologias como eflorescncias, formao de trinas e descolamento de placas.
Para evitar a deteriorao de juntas de movimentao deve-se realizar a dessolidarizao das mesmas atravs do preenchimento com mstique a base de
poliuretano, ou aplicao de perfil metlico que proteja-a da ao de intempries, sem impedir a movimentao dos painis da fachada.
Figura 10: Deteriorao do rejunte para ocorrncia de eflorescncia FONTE: Patologias cermicas, Giselle Cichinelli, 2012, disponvel em
http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/116/artigo35346-3.asp
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4.2. TEXTURAS
4.2.1 CONCEITOS IMPORTANTES
Partindo do conceito que a forma mais usual de caracterizar uma edificao pelo
seu aspecto externo, as fachadas desempenham papel fundamental na conotao
esttica, sem perder, no entanto o valor de proteo, por se tratar de elemento que
mais fica exposto s intempries (ao de agente agressivos).
As tintas desempenham nesse cenrio papel fundamental na dinmica construtiva
brasileira, pois alm de desempenhar eficientemente como elemento esttico,
apresenta boas caractersticas quanto ao aspecto econmico e funcional. Diante
desse panorama, elas tm ocupado um lugar cada vez maior como acabamento de
superfcies internas e externas (UEMOTO, 2005).
Na indstria de tintas para revestimentos, vrias matrias-primas so utilizadas,
produzindo dessa forma uma elevada gama de produtos com aplicaes diversas,
tendo em vista o nmero de superfcies, a forma de aplicao e a especificidade de
desempenho. De acordo com o mercado atendido e a tecnologia empregada, as tintas
se classificam em:
Tintas imobilirias: destinadas construo civil. Podem ser subdivididas em
produtos aquosos (ltex) e a base de solvente orgnico;
Tintas industriais do tipo OEM (original equipment manufacturer):
utilizam matrias primas para fabricao de produtos como fundos (primers)
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eletroforticos, base solvente, esmaltes de acabamento moco capa e bi capa,
tintas em p e tinas de cura por radiao (UV);
Tintas Especiais: outros tipos de tintas como para repintura automotiva,
demarcao de trfego, manuteno industrial, martimas e tinta para madeira.
Segundo dados da Associao Brasileira dos Fabricantes de Tintas ABRAFATI, o
Brasil um dos cinco maiores produtores mundiais de tinta, alcanando em 2011 o
volume recorde de produo de 1,398 bilho de litros. Por se tratar da principal fatia
de mercado, as tintas imobilirias representam cerca de 80% do volume total de
vendas e 63% do faturamento anual, com crescimento de vendas para 2012 de 4%
tendo em vista programas de acelerao do crescimento fomentada pelo Governo
Federal, como o Programa Minha Casa Minha Vida (FRUM ABRAFATI, 2011).
Segmentos em que o setor de tintas de subdivide:
Imobilirias
80%
Automotiva
4%
Repintura
Automotiva
4%
Industria
12%
Figura 11: Participao das tintas no mercado brasileiro FONTE: Frum ABRAFATI, 2011, disponvel em www.abrafati.com.br
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A partir do advento das texturas, parte integrante do grupo de tintas imobilirias, o
mtodo construtivo de fachadas alterou sensivelmente, tendo em vista a gama de
efeitos estticos que puderam ser empregados, com desempenho aparente superior,
tendo em vista a espessura da camada de proteo a ser aplicada sobre o reboco.
Houve uma tima aceitao no mercado brasileiro e seu uso tem crescido junto s construtoras nessa dcada, principalmente pela criao de um aspecto mais natural
para as fachadas de edificaes (JORNAL DO PINTOR, junho/2007).
A formulao das texturas interfere diretamente no seu desempenho, assim como
ocorre com as tintas. Pode-se dizer que as texturas so compostas basicamente por
ligantes sintticos, cargas minerais, aditivos, veculo voltil e pigmentos, conforme o
que se segue.
Ligantes sintticos: componente responsvel pela unio dos componentes da
textura ao substrato, gerando resistncia, durabilidade, flexibilidade e coeso,
apresentando-se na forma de emulso ou em soluo orgnica (BECERE, 2007; BRITEZ 2007)
Cargas: minerais industriais utilizados nas texturas para baratear sua produo, bem
como na melhoria de certas propriedades como cobertura, resistncia a intempries,
ao risco, deformao e sedimentao. Formados por partculas slidas com
granulometria maior ou igual a 0,25 mm, apresentando caractersticas fsicas e
qumicas importantes, podendo tem constituio mineral, natural e/ou sinttica. As
principais cargas minerais so carbonato de clcio (calcita), carbonato de clcio e magnsio (dolomita), quartzo, silicato de magnsio, sulfato de brio, slica, caulim e mica, destacando-se as de carga grossa, areias e gros que, por sua natureza e
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granulometria, oferecem diversos tipos de acabamento como riscado, graffiato etc
(BECERE, 2007; BRITEZ 2007).
Aditivos: so produtos qumicos empregados em baixas concentraes (geralmente
menor que 5%), apresentando funes especficas como aumento da proteo anticorrosiva, bloqueador de raios UV, catalisadores de reaes, dispersantes e
umectantes de pigmentos e cargas, melhoria de nivelamento, preservantes,
antiespumantes e espessante. Abaixo a relao entre alguns aditivos e sua funo
especfica (BECERE, 2007; BRITEZ 2007).
ADITIVO FUNO Fotoiniciadores Formao de radicais livres quando submetidos ao da
radiao UV iniciando a cura das texturas Secantes Catalisadores de secagem oxidativa de resinas e leos
vegetais polimerizados Agentes Reolgicos Modificam a reologia das texturas (aquosas e sintticas) para atingir nivelamento, diminuio do escorrimento etc. Inibidores de corroso Conferem propriedades anticorrosivas ao revestimento Dispersantes Melhoram a disperso dos pigmentos na textura Umectantes Nos sistemas aquosos, aumentam a molhabilidade de
cargas e pigmentos, facilitando sua disperso. Bactericidas Evitam a degradao do filme da textura devido ao de bactrias, fungos e algas. Coalescentes Facilitam a formao de um filme contnuo na secagem de texturas a base de gua, unindo as partculas do ltex Espessantes Aumento da consistncia do produto na forma de pasta.
Tabela 5: Tipos de aditivos FONTE: ABRAFATI, 2006.
Pigmentos: substncias insolveis no meio em que so utilizados, podendo ser
orgnicos ou aquosos, com a finalidade principal de conferir cor ou cobertura as
texturas. So classificados em trs categorias: pigmentos inorgnicos (dixido de titnio, amarelo xido de ferro, vermelho xido de ferro, cromatos e molibidatos de
chumbo, negro de fumo, azul da Prssia, etc), pigmentos orgnicos (azul ftalocianinas azul e verde, quinacridona violeta e vermelha, perilenos vermelhos, toluidina vermelha,
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aril amdicos amarelos, etc) e pigmentos de efeito (alumnio metlico, mica, etc) (BECERE, 2007; BRITEZ 2007).
Solventes: compostos orgnicos (ou gua) responsveis pelo aspecto lquido da
textura, com determinada viscosidade. Aps aplicao da textura, o mesmo evapora,
deixando uma camada de filme seco sobre o substrato. Os solventes orgnicos so
subdivididos em hidrocarbonetos (alifticos e aromticos) e oxigenados (alcois, acetatos, cetonas, teres, etc). A escolha de um solvente em uma textura deve ser feita de acordo com a solubilidade das resinas a, viscosidade e da forma de aplicao.
Por conta do efeito txico ao meio ambiente, h um esforo da indstria em produzir
texturas sem solventes, com iniciativas tais como: substituio por gua, aumento do
teor de slidos, desenvolvimento de texturas em p, desenvolvimento do sistema de
cura por ultra-violeta, dentre outras (BECERE, 2007; BRITEZ 2007).
4.2.2 FUNES E TIPOS DE TEXTURAS
Segundo Ferreira (2004), a textura, enquanto revestimento aquilo que reveste ou cobre uma superfcie, especialmente uma obra, para refor-la, proteg-la ou adorn-
la. Complementando esse entendimento, Sabbatini (2004) afirma que o revestimento de um edifcio o conjunto de camadas que recobre as vedaes de um edifcio (e tambm a estrutura) com as funes de: proteg-las contra a ao de agentes de deteriorao, complementar as funes de vedao e constituir-se no acabamento
final, exercendo funes estticas, de valorizao econmica e outras relacionadas ao
uso.
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O acabamento decorativo uma das camadas do sistema de revestimento vertical,
sendo aplicada sobre o revestimento de argamassa, com funes especficas de
proteo e esttica. Ainda segundo Sabbatini et AL. (2006), as pinturas tem, em geral, a funo de proteger os revestimentos de argamassa contra o esfarelamento e da
ao de umidade, reduzindo a absoro de gua e inibindo o desenvolvimento de
fungos e bolores. Apresentam tambm funes de aparncia final ao revestimento,
conferindo cores, brilhos, matizes e texturas ao imvel, na forma de valoriz-lo
economicamente.
As texturas classificam-se pelo aspecto superficial, de acordo com o que se segue:
Revestimentos com agregado colorido: constitudos por cargas minerais coloridas
natural ou artificialmente, ligante incolor e aditivos, originando texturas com
acabamento mais liso.
Figura 12: Revestimentos com agregado colorido FONTE: Revestimentos para exteriores, disponvel em http://portuguese.alibaba.com
Revestimentos pigmentados: constitudos por cargas, ligantes, pigmentos e
aditivos, constituindo diversos tipos de texturas (graffiato, riscado, texturato etc).
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Travertino Riscado Rolado Figura 13: Revestimentos pigmentados
FONTE: Texturas e criatividade, disponvel em http://nathanycabral.blogspot.com.br
Pode-se tambm classificar as texturas quanto base de fabricao, conforme o que
se segue:
Texturas base de cimento: fabricadas com cimento branco, cal hidratada,
pigmentos opacificantes e/ou coloridos, cargas minerais, sais higroscpicos e
eventualmente produtos repelentes gua. Apresentam diversos tipos de
acabamento, destacando-se o chapiscado, rstico e o raspado. Geralmente so
aplicados diretamente sobre a alvenaria (cimento, cal, blocos de concreto celular), podendo ser aplicados tambm sobre emboos e rebocos, interna e externamente.
No possvel sua aplicao sobre superfcies pintadas nem sobre superfcies de
gesso, por no apresentarem rugosidade suficiente para sua aderncia. Entre as
caractersticas tcnicas mais importantes esto a baixa resistncia a cidos (no recomendada para ambientes industriais) e elevada resistncia alcalinidade e gua (recomendada para superfcies a base de cimento e cal recm executadas). Devido a sua alcalinidade, apresenta limitao de cores (em geral mais opacas).
Texturas texturizadas acrlicas: fabricadas com disperso de polmeros acrlicos ou
estireno acrlico, cargas especiais para efeito texturizado, aditivos hidrorepelentes e
pigmentos. Apresenta dois tipos de acabamento (microtexturizado ou texturizado). Tem uso para superfcies internas e externas de alvenaria base de cimento, cal,
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argamassa, concreto e bloco de concreto. Entre as caractersticas tcnicas mais
importantes esto a elevada consistncia, poder de enchimento e capacidade de
corrigir e/ou disfarar imperfeies com apenas uma demo. Possuem alta resistncia
as intempries como chuva e penetrao de partculas slidas.
4.2.3 PROCESSO DE FABRICAO DAS TEXTURAS
A fabricao de texturas envolve apenas operaes unitrias, como a pesagem,
misturao, moagem, diluio, controle de qualidade e posterior enlatamento.
Converses qumicas ocorrem na fabricao dos constituintes e na secagem da
pelcula.
Pesagem: o processo inicia-se com a pesagem dos pigmentos e veculos a serem
utilizados no processo de fabricao, conforme especificaes das texturas que sero
produzidas.
Mistura: aps a pesagem, os materiais so misturados em uma amassadeira com
lminas em sigma, sendo transportados para outra sesso da fbrica para moagem e
posterior mistura.
Moagem: os materiais utilizados para fabricao das texturas devem ter tamanhos
diferenciados, precisando de serem aumentados ou diminudos, conforme as
especificaes dos produtos finais. Para se conseguir a granulometria certa, diversos
processos industriais so empregados, como o da cominuio (reduo). Esse processo constitui na diminuio do tamanho da partcula, aumentando assim a rea
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superficial e, consequente diminuio do perodo necessrio para sua secagem. A
operao de moagem combina impacto, compresso, abraso e atrito, de forma a
reduzir o tamanho da partcula slida. As partculas das texturas (pigmentos, resinas, etc.) devem ter um tamanho aceitvel para no comprometer a qualidade final do produto. Nesse contexto, as partculas em tamanho menor daro um nivelamento
mais uniforme s tintas quando forem aplicadas. Entre os moinhos mais usados
destacam-se moinho de bolas, moinho de rolos e moinhos de areia (a escolha depende do tipo de pigmento ou veculo que ser adicionado).
Diluio: aps a cominao da massa e sua mistura, a textura transferida para
outro tanque, onde sero processados a homogeneizao da textura (tanques agitadores). Quando a massa est totalmente separada ou dissipada, a textura recebe adio de pigmentos que daro o aspecto de cor mesma. Aps a adio de
pigmentos realizada a coagem do produto em um tanque ou diretamente para a
moega da mquina de enchimento. Para remover pigmentos no dispersados, usam-
se centrfugas, peneiras ou filtros a presso.
Controle de qualidade: uma amostra enviada ao laboratrio para realizar testes de
cor, viscosidade, tempo de secagem, dureza, flexibilidade, espessura por demo,
identificao da resina, opacidade ou poder de cobertura, e brilho, obedecendo em
todos os casos, as regras do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial).
Enlatamento: aps aprovao no laboratrio, a textura filtrada (remoo de partculas slidas poeira), sendo encaminhada para o envazamento em latas ou tambores, que so rotulados, embalados e transportados para o depsito.
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A seguir esquema simplificado de fabricao de tintas e texturas, conforme fonte
indicada.
Figura 14: Fases de produo de texturas
FONTE: Fabricao de texturas, disponvel em
http://www.educacaopublica.rj.gov.br
4.2.4 CARACTERIZAO DA TEXTURA COMO REVESTIMENTO
As normas tcnicas brasileiras tm classificado as texturas com carncia de
nomenclaturas, acarretando diversas denominaes no mercado nacional e
internacional, no que se refere mesma famlia de acabamentos. Em geral so
encontrados os seguintes termos no Brasil para identificar as texturas: revestimento
decorativo, revestimento texturizado, texturato, textura, argamassa texturizada,
revestimento plstico, revestimento de quartzo, graffiato e massa texturizada. Estas
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mesmas nomenclaturas tambm recebem o adjetivo acrlico para indicar a presena de resina acrlica na constituio dos produtos (BRITEZ, 2007).
Mesmo com tantas denominaes, trata-se do mesmo elemento em um nico sistema
de vedao, que funciona de forma integrada em diversas camadas de naturezas e
funes distintas.
A textura no pode ser tratada apenas como uma camada de acabamento, e sim por
mltiplos componentes que desempenham funes especficas, formulados a partir de
uma mesma resina, conforme esquema a seguir.
Figura 15: Sistema de texturas FONTE: BRITEZ, 2007.
De acordo com Uemoto (2005), os principais constituintes de um sistema de pintura so o fundo, a massa e o acabamento, complementados pelas tintas de fundo,
massas de nivelamento e tintas de acabamento (venizes), formulados a partir de uma mesma resina (Sabbatini et al 2006). Cada um desses constituintes assumem funes especficas quando aplicadas, compondo os seguintes tipos de sistemas a
saber:
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SISTEMAS DE PINTURA CONSTITUINTES PRINCIPAIS
Sistemas Acrlicos
Fundo selador acrlico pigmentado Fundo preparador de paredes Massa acrlica Tinta ltex acrlica Tinta texturizada acrlica
Sistemas Vinlicos Tinta ltex vinlica Fundo selador vinlico Massa corrida
Sistemas Alqudicos
Esmalte sinttico alqudico Fundo selador pigmentado Fundo anticorrosivo com cromato Fundo anticorrosivo com fosfato Massa o leo Tinta a leo
Tabela 6: Sistemas de pintura FONTE: UEMOTO, 2005.
As texturas esto enquadradas no mesmo sistema de pintura acrlico, uma vez que
falta normalizao apenas para o enquadramento das mesmas dentro do universo de
revestimento disposio no mercado brasileiro. Nesse sistema, destaca-se os
seguintes constituintes: substrato, fundos e textura de acabamento.
Substrato: parte do sistema que receber a aplicao do fundo, devendo estar isento
de partculas soltas e umidade. O substrato composto pelas camadas usuais de
chapisco e reboco (camada nica).
Fundo: produto que funciona como o intermedirio entre substrato e textura de
acabamento, recomendado para reduzir e uniformizar a absoro de superfcies
internas e externas, sendo necessria a aplicao de at duas demos, conforme a
superfcie aplicada. Pode ser de trs tipos: fundo preparador de paredes, fundo
selador acrlico pigmentado e fundo selador vinlico, sendo os dois ltimos para
aplicao em texturas.
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Acabamento: parte final da textura, conferindo ao revestimento os efeitos estticos
como cor, brilho e textura, garantindo tambm as propriedades de resistncia s
intempries, por se tratar do elemento que mais sofre com o contato direto com o
meio ambiente, alm de proporcionar efeito impermeabilizante para as fachadas.
As texturas apresentam diversas caractersticas, sendo as principais as que levam em
considerao a composio bsica, o acabamento e o uso (UEMOTO,2005). A composio bsica trata-se da formulao com base em uma disperso de
copolmeros acrlicos ou estireno acrlico, que contm pigmentos como dixido de
titnio e/ou pigmentos coloridos, cargas especiais para efeito texturizado, aditivos e
hidrorepelentes. Quanto ao acabamento, as texturas podem ser microtexturizadas ou
texturizadas. Quanto ao uso as texturas so recomendadas para aplicao em
superfcies internas e externas de alvenaria base de cimento e/ou cal (argamassa), concreto, bloco de concreto, dentre outras aplicaes similares.
Existem diversas classificaes para as texturas, sendo a mais comum a que leva em
conta o efeito decorativo das mesmas, obtido atravs do mtodo de aplicao e das
caractersticas do produto tipo e granulometria das cargas (BRITEZ, 2007). De acordo com o autor, os revestimentos texturizados podem ser classificados em sete
categorias, de acordo com sua conformao superficial, conforme apresentado
abaixo.
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Conformao Superficial Efeito Decorativo Mtodo de aplicao Alisado Efeito liso (com relevo
superficial < 0,5 mm) Rolo, pincel e pistola Ruguso, crespo Como a casca da laranja Rolo, esponja
Projetado Rstico, floculado Pistola Gotejado Gotas Pistola
Adamascado Com relevos crespos e partes lisas Pistola com posterior
desempeno
Raspado De reboco desempenado Esptula e posterior
desempeno (eventualmente)
Arranhado De reboco arranhado Desempenadeira de ao
com sucessivo desempeno para acabamento
Tabela 7: Classificao dos revestimentos texturizados quanto a conformao superficial FONTE: BRITEZ, 2007.
Outro tipo de classificao muito usual a apresentada por Barros e Sabbatini (2004) que expe os acabamentos texturizados segundo sua espessura total de cobrimento,
relacionando-os com outros tipos de revestimento, conforme tabela a seguir.
Tipo Espessura Pintura 1 mm Revestimentos texturizados 1 mm < e 3 mm Revestimentos:
de pequena espessura de espessura padro
3 mm < e 10 mm > 10 mm
Tabela 8: Classificao dos revestimentos texturizados segundo a espessura total das camadas aplicadas
FONTE: BRITEZ, 2007.
Conforme apresentado acima, os revestimentos texturizados tem espessura total
entre 1 e 3 mm, apresentando dessa forma diversos produtos de aplicao em
fachadas, conforme a origem da cor, consumo, dimenso das cargas, espessura e
conformao superficial.
As texturas podem ser aplicadas em fachadas de diversas formas, sendo que para
cada uma h um tipo de ferramenta. A seguir so apresentadas as principais
ferramentas utilizadas para o preparo de superfcies e para a execuo da textura.
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FERRAMENTA USO FIGURA
Esptula Usada para remover tintas e aplicar a textura em pequenas reas
Figura 16: Esptula FONTE: www.artcamargo.com.br
Desempenadeiras
Usadas para aplicar a textura em grandes reas. Geralmente tem dentes para a conformao da textura logo na primeira passada.
Figura 17: Desempenadeira FONTE: www.ferragemseef.com.br
Lixas
Usadas para reduzir rugosidade, auxiliar na limpeza do substrato (melhoria do acabamento e aderncia).