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Seminário Pernambucano

de Segurança Química

Data: 4 a 7 de outubro de 2011

Local: Auditório do Centro Regional de

Pernambuco – FUNDACENTRO

Rua Djalma de Farias, 126 Torreão

RECIPE-PE

Investigação e Análise de Acidente Industrial Ampliado Envolvendo Tanques de Alcool

José Possebon

CHT/SQi

INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE

COM EXPLOSÃO DE TANQUE

DE ALCOOL ETÍLICO.

ACIDENTE COM EXPLOSÃO DE TANQUE DE

ÁLCOOL DE SOJA.

18 de abril de 2007 às 11:30

Empresa processadora de soja e produtora de

proteína texturizada.

Quatro mortos(um no local e três no hospital) e

seis feridos, sendo dois em estado grave.

Explosão de um tanque de álcool etílico com

ruptura do fundo e deslocamento de 20 metros

até parar no talude do dique de contenção.

Explosão de outro tanque com deslocamento do

teto e posterior queda dentro do próprio tanque.

EQUIPAMENTO

Tanque com capacidade de 311.000 litros,

com 10% de produto(90% fase vapor)

fase líquida

fase vapor

(90%)

EQUIPAMENTO

Tanque atmosférico de aço carbono,

revestido internamente com resina e com

alimentação pelo topo(tipo chuveiro).

Descarga tipo chuveiro

Revestimento interno

com resina acrílica

Foto no momento do acidente

Foto no momento do acidente

foto do tanque acidentado

METODOLOGIA:

Visita e registros fotográficos do local da

ocorrência;

Entrevista com o maior número possível de pessoas envolvidas;

Análise de normas técnicas aplicáveis;

Consulta a especialistas;

Análise de informações e notificações da DRT de Curitiba;

Consulta a referências bibliográficas e materiais técnicos confiáveis;

Noticiário da imprensa.

EQUIPE DE INVESTIGAÇÃO

No dia 08 de maio de 2007 os técnicos da

Fundacentro de São Paulo, Fernando

Vieira Sobrinho e José Possebon

estiveram na empresa acompanhados

pelos auditores fiscais da Delegacia

Regional do Trabalho de Curitiba, Maria

Eloísa Negrello e Francisco Carlos

Bergami e pelo Técnico Adir de Souza, da

Fundacentro-PR..

NORMAS APLICÁVEIS:

API Standard 620 “Design And Construction of

Large, Welded Low-Pressure Storage Tanks” do American Petroleum Institute

API Standard 650 “Welded Steel Tanks For Oil Storage” do American Petroleum Institute

NBR 7821 “Tanques Soldados Para Armazenamento de Petróleo e Derivados” da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT

API Std 653 - Tank Inspection, Repair, Alteration, and Reconstruction, Fourth Edition

NORMAS APLICÁVEIS:

BS 2654 “Manufacture Of Vertical Steel Welded

Non-Refrigerated Storage Tanks With Butt-

Welded Shells for The Petroleum Industry” do

British Standards Institution – BSI

N-270 “Projeto de Tanque Atmosférico” da

Comissão de Normas Técnicas da PETROBRAS

N-271 “Montagem de Tanques de

Armazenamento” da Comissão de Normas

Técnicas da Petrobrás.

N-1888 “Fabricação de Tanque Atmosférico” da

Comissão de Normas Técnicas da PETROBRAS.

HIPÓTESES

a) Descarga atmosférica

Não se verificaram evidências consistentes para essa hipótese.

b) Admissão de fonte de ignição devida a falha do corta-chama da válvula. Improvável.

c) Soldagem ou corte acetilênico que introduzissem a fonte de ignição pelo costado do tanque

Não foram levantadas evidências consistentes para essa hipótese.

d) Admissão de fonte de ignição por meio da tubulação de enchimento

Havia evidências para essa hipótese.

HIPÓTESES

e) Geração de cargas eletrostáticas no interior do tanque

Verificaram-se totais condições para essa possibilidade e para a probabilidade de uma ignição provocada por eletricidade estática.

f) Fonte de ignição através de tubulação.

A hipótese da fonte de ignição ter alcançado o interior do tanque por meio da tubulação pode ser admitida, uma vez que o duto poderia ter conduzido essa fonte de algum ponto remoto da linha de transferência.

Alimentação por descarga tipo chuveiro As cargas elétricas geradas fluem pelo recipiente

de metal(condutor)

Alimentação por descarga tipo chuveiro

As cargas elétricas geradas ficam dentro do recipiente

plástico(isolante)

(fonte: Static Electricity, da ISSA)

RECOMENDAÇÕES

1 - A operação de enchimento dos tanques deve

ser feita por baixo, em vazão baixa até que a boca de entrada esteja totalmente mergulhada no produto, evitando dessa forma a descarga em queda livre, geradora de cargas eletrostáticas.

2 - O teto do tanque deve ser fixado sobre o costado com a chamada “solda frágil”, ou então ser instalada uma tampa de emergência que se rompa em caso de explosão e mantenha o costado intacto( não há obrigatoriedade de solda frágil no topo para tanques com diâmetros menores que 15 metros.).

RECOMENDAÇÕES

3 – Instalar Câmaras de espuma para a injeção

automática no tanque em caso de incêndio,

abafando a superfície em chamas.

4 - Câmaras de inertização podem ser instaladas,

injetando gás inerte (nitrogênio, por exemplo) ao

invés da admissão de ar propiciada pela válvula

de pressão e vácuo.

RECOMENDAÇÕES

5 - Elaboração e execução (construção) do projeto seguindo rigidamente as normas técnicas aplicáveis, incluindo acompanhamento, inspeção e teste previamente á liberação do tanque para operação.

6 - Incluir no programa de Segurança, Saúde e Meio Ambiente: análises de riscos, perigos, vulnerabilidades e conseqüências adequados às atividades específicas da empresa.

RECOMENDAÇÕES

5 - Elaboração e execução (construção) do projeto seguindo rigidamente as normas técnicas aplicáveis, incluindo acompanhamento, inspeção e teste previamente á liberação do tanque para operação.

6 - Incluir no programa de Segurança, Saúde e Meio Ambiente: análises de riscos, perigos, vulnerabilidades e conseqüências adequados às atividades específicas da empresa.

RECOMENDAÇÕES

7 - O programa de SSMA(Segurança,

Saúde e Meio Ambiente) deve também

incluir etapas de treinamento,

capacitação e aperfeiçoamento dos

diversos níveis de profissionais

envolvidos, incluindo as empresas

contratadas e trabalhadores

terceirizados.

RECOMENDAÇÕES

8 - É importante também que o Ministério do Trabalho e Emprego amplie e incremente ações preventivas, por meio de programas de capacitação, produção e difusão de informações, revisão de normas e implementação de acordos e convenções internacionais como o GHS – Sistema Globalmente Harmonizado de Rotulagem de Substâncias Químicas, Convenção 170 e 174 da Organização Internacional do Trabalho, que versam respectivamente sobre segurança com produtos químicos e prevenção de acidentes químicos ampliados.

IMPORTANTE

A maioria dos tanques

atmosféricos são projetados para

suportar uma pressão interna de

apenas 0,02kgf/cm2 ou 20 cm

coluna de água. Segundo Trevor

A. Kletz uma pressão adicional

seria suficiente para provocar o

colapso do tanque.

EXEMPLO DE SOBREPRESSÃO

Seja um tanque de teto fixo com 10 metros

de diâmetro e 20 metros de altura.

Área total = 785 m2

Volume = 1.570 m3

Área do fundo = 78,5 m2

Se ficar sujeito a uma pressão de apenas 0,02

kgf/cm2, a força resultante no fundo do tanque

será:

F = P x S = 0,02 X 78,5 X 104 = 1,57 X 104

= 15.700 kgf

EXEMPLO DE SOBREVÁCUO

No caso de vácuo a situação seria pior.

Um tanque de teto fixo estava em

manutenção e um operador colocou um

saco plástico no respiro para evitar queda

de sujeira no tanque. Quando o tanque

recebeu produto não teve problema

nenhum pois a pressão empurrou o

plástico para fora, mas quando enviou

produto, criou vácuo no tanque

provocando um colapso.

Outros acidentes com ruptura do

costado com o fundo do tanque

1) Planta petroquímica no pólo de Capuava-

SP(1972)

Tanque FB-201 que armazenava o óleo 4 de um

compressor e que possuía uma serpentina de

vapor de 4 kgf/cm2 e que inadvertidamente

recebeu vapor de 21kgf/cm2. O respiro do tanque

não conseguiu liberar vapor suficiente

aumentando a pressão interna com ruptura do

costado com o fundo do tanque, provocando um

incêndio com 5 mortes.

Outros acidentes com ruptura do

costado com o fundo do tanque

2) Refinaria Alberto Pasqualini – Triunfo-RS – 2006

Estava sendo realizado um teste pneumático de

uma tubulação conectada ao tanque e o isolamento

foi feito somente com uma válvula de bloqueio que

deu passagem do gás, pressurizando o tanque que

explodiu, atingindo o “piperack” a cerca de 10

metros de altura. Provavelmente não tinha alívio ou

a válvula de alívio era muito pequena.

O isolamento da linha deveria ter sido feito com um

flange cego ou com a desconexão da linha.

Outros acidentes com ruptura do

costado com o fundo do tanque 2) Refinaria Alberto Pasqualini – Triunfo-RS –

2006

Base do tanque

Outros acidentes com ruptura do

costado com o fundo do tanque 2) Refinaria Alberto Pasqualini – Triunfo-RS –

2006

Outros acidentes com ruptura do

costado com o fundo do tanque 2) Refinaria Alberto Pasqualini – Triunfo-RS –

2006

José Possebon, Engenheiro Químico e de Segurança do

Trabalho, Tecnologista aposentado da Fundacentro na

Coordenação de Higiene do Trabalho, Setor de Agentes Químicos

e Mestrando em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal

Fluminense.

possebon@fundacentro.gov.br e jose.possebon@uol.com.br

11-30666222