Post on 03-Apr-2018
MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECURIO E COOPERATIVISMO
Srie boas prticas de manejo para o
extrativismo sustentvel orgnico
Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa
H.B.K.)
Braslia/DF
2012
2
Projeto Nacional de Aes Integradas Pblico-Privadas para Biodiversidade PROBIO II (Acordo de
Doao N0. TF 91.515)
Componente I Priorizao da Biodiversidade em Setores Governamentais
Subcomponente 1.2. Aes setoriais com incorporao de biodiversidade aplicadas em mbito nacional
Execuo
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA
Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo SDC
Coordenao de Agroecologia COAGRE
Parceria
Diretoria de Extrativismo SEDR/MMA
Organizao e elaborao do contedo
Sandra Regina da Costa (Engenharia Florestal) Consultora Tcnica Especializada
COAGRE/MAPA/PROBIO II
Reviso tcnica final
Lcia Helena O. Wadt (EMBRAPA ACRE)
2012 Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Todos os direitos reservados.
permitida a reproduo parcial ou total deste documento, desde que citada a fonte e que no seja para
venda ou qualquer fim comercial.
Ficha catalogrfica
________________________________________________________________________
MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO.
castanha-do-brasil : Bertholettia excelsa H.B.K. / Secretaria de Desenvolvimento
Agropecurio e Cooperativismo. Braslia : MAPA/ACS, 2012. 49p.
(Srie: Boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico)
1. I. Castanha-do-brasil. 2. Extrativismo Sustentvel. 3. Produto Florestal No
Madeireiro. 4. Produto da Sociobiodiversidade. 5. Boas prticas de manejo. II.
Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo. III. Coordenao de Agroecologia.
VI. Ttulo.
________________________________________________________ ___________________
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SIGLAS
CAP Circunferncia a Altura do Peito
COAGRE Coordenao de Agroecologia
DAP Dimetro a Altura do Peito
DEX Diretoria de Extrativismo
DFLOR Diretoria de Florestas
DME Dimetro Mnimo de Extrao
DMC Dimetro Mnimo de Coleta
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
EPI Equipamentos de Proteo Individual
GPS Sistema de Posicionamento Global
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
IF Inventrio Florestal
IMAC Instituto de Meio Ambiente do Acre
MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
MDA Ministrio do Desenvolvimento Agrrio
MMA Ministrio do Meio Ambiente
OMS Organizao Mundial de Sade
PAA Programa de Aquisio de Alimentos
PGPM Poltica de Garantia de Preos Mnimos
PFNM Produto Florestal No Madeireiro
PMFS Plano de Manejo Florestal Sustentvel
PNPSB Plano Nacional de Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade
PROBIO II Projeto Nacional de Aes Integradas Pblico-Privadas para Biodiversidade
SAF Secretaria de Agricultura Familiar
SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas
SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas
SEDR Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
SDS Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Amazonas
SFB Servio Florestal Brasileiro
TDR Termo de Referencia
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SUMARO
Apresentao ..................................................................................................................................................... 5
1. Contextualizao ........................................................................................................................................... 6
2. Diretrizes Tcnicas para as boas prticas de manejo ..................................................................................... 8
3. Definio do termo boas prticas .................................................................................................................. 9
4. Levantamento de dados secundrios sobre a espcie Bertholletia excelsa H.B.K. ..................................... 10
5. Diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da castanha-do-
brasil ................................................................................................................................................................ 17
I. Pr-Coleta ................................................................................................................................................ 18
1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas ......................................................... 18
II. Coleta ...................................................................................................................................................... 22
2.1. Estabelecer um plano de coleta ........................................................................................................ 22
2.2. Ciclo e periodicidade de coleta ........................................................................................................ 24
2.3. Ferramentas para coleta e quebra ..................................................................................................... 26
III. Ps-coleta .............................................................................................................................................. 27
3.1. Quebra e seleo primria ................................................................................................................ 27
3.2. Pr-Secagem .................................................................................................................................... 28
3.3. Armazenamento primrio ................................................................................................................ 29
3.4. Transporte ........................................................................................................................................ 30
IV. Manuteno e Monitoramento .............................................................................................................. 32
4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal .................................................................... 32
4.2. Monitoramento da produo ............................................................................................................ 34
8. Bibliografia consultada ................................................................................................................................ 35
9. Colaboradores para consolidao das diretrizes e recomendaes tcnicas para boas prticas de manejo
para a coleta dos frutos da castanheira (Bertholletia excelsa) ......................................................................... 39
9. ANEXOS ..................................................................................................................................................... 40
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Apresentao
Resultado da articulao e parceria interministerial entre a Coordenao de Agroecologia (MAPA) e a
Diretoria de Extrativismo (SEDR/MMA), a Diretoria de Florestas (SBF/MMA) e o Servio Florestal
Brasileiro, em 2010 foram realizadas reunies, oficina de trabalho e discusses tcnicas para a consolidao
de diretrizes e recomendaes tcnicas para boas prticas de manejo para a espcie Bertholletia excelsa
H.B.K. (castanha-do-Brasil).
A construo desse processo para a consolidao deu-se a partir da realizao de uma oficina de trabalho que
contou com a participao de pesquisadores atuantes com a espcie, tcnicos e representantes de
organizaes produtoras (cooperativas).
Com a finalidade de subsidiar as discusses foi previamente encaminhado aos colaboradores convidados um
documento base contendo uma proposta preliminar de diretrizes e recomendaes tcnicas desenhadas com
intuito de orientar cada etapa proposta para o manejo. Este documento base foi resultado do trabalho de
consultoria tcnica contratada pela Coordenao de Agroecologia do Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento (COAGRE/MAPA) no mbito do Projeto Nacional de Aes Pblico Privadas para
Biodiversidade (PROBIO II) e que teve como objetivo especfico promover o desenvolvimento de Projetos
Extrativistas Sustentveis Orgnicos a partir de um conjunto de prticas e fundamentos tcnicos organizados
para o extrativismo sustentvel orgnico dos recursos naturais de trs importantes biomas (Amaznia,
Cerrado e Caatinga), com vistas ao reconhecimento da qualidade orgnica de produtos florestais no
madeireiros.
O documento foi elaborado a partir da sistematizao do conhecimento tcnico-cientfico e das prticas
tradicionais de coleta da castanha-do-brasil divulgadas e disponveis em publicaes, em sites de divulgao
e informaes publicadas por instituies de apoio e fomento, que desenvolvem atividades especficas para o
desenvolvimento da cadeia produtiva dessa espcie.
Cada etapa do manejo foi analisada, discutida, ajustada e consensuada pelo grupo tcnico, resultando no
conjunto de diretrizes e recomendaes tcnicas. Aps a discusso presencial o documento formulado
continuou circulando via digital para que os participantes e outros inserissem suas contribuies at se
chegar a uma verso final aqui apresentada.
A prxima etapa a ser realizada pela COAGRE/MAPA no mbito do PROBIO II ser a publicao dos
anexos da Instruo Normativa Conjunta1 N
0. 17 de maio de 2009 que trata da regulamentao do
extrativismo sustentvel orgnico e posteriormente, uma publicao em formato e linguagem adequados ao
1 Instruo Normativa Conjunta MAPA e MMA.
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pblico alvo, especificamente, tcnicos extensionistas e produtores extrativistas que tenham interesse em
obter a certificao orgnica de seus produtos. Essa publicao ter o formato de um guia contendo as
orientaes para adoo de boas prticas de manejo.
1. Contextualizao
Nas ltimas dcadas, diversas pesquisas realizadas por rgos governamentais e no governamentais tm
dado cada vez mais nfase para o potencial dos produtos florestais no madeireiros (PFNM) que
desempenham um importante papel complementar madeira e agricultura nos meios de subsistncia rurais
e que contribuem para a conservao e o manejo sustentvel das florestas. O mercado, que sempre existiu
para diversos PFNM, tem apresentado uma procura crescente por estes produtos.
Alm disso, a necessidade de construir diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo florestal para
algumas espcies produtoras de PFNM converge com as atuais polticas pblicas de fomento produtivo e
com forte apelo de mercado que foram lanadas nos ltimos anos, entre as quais podemos citar o Plano
Nacional de Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), o Programa de Aquisio
de Alimentos (PAA), a Poltica de Garantia de Preos Mnimos (PGPM), o Programa Federal de Manejo
Florestal Comunitrio e Familiar e a legislao normativa que trata de produtos oriundos do Extrativismo
Sustentvel Orgnico. Estas polticas e ou programas somadas tendem a elevar de forma acentuada a
demanda por estes produtos e conseqentemente, a ausncia de parmetros que assegurem a sustentabilidade
da coleta de PFNM podem ocasionar a sobrexplorao destas espcies e suas populaes naturais em um
curto espao de tempo.
As boas prticas de coleta tornam-se um parmetro seguro e de aplicao possvel, visto que no apenas por
meio de normas, mas tambm por acordos entre os diversos atores de uma cadeia produtiva, pode-se
construir um protocolo mnimo de orientaes que permitam assegurar que essas espcies sero manejadas
de forma a no comprometer a estrutura e a dinmica das populaes envolvidas e o ecossistema no qual
esto inseridas (SOUZA, et. al, 2009).
A ausncia de parmetros ou coeficientes tcnicos que orientem a etapa de coleta ou manejo dos PFNM pode
representar um risco aos estoques naturais e capacidade suporte das espcies. Pois, a coleta de PFNM
muitas vezes representa a retirada de partes reprodutivas ou que esto diretamente ligadas fisiologia da
planta, tais como: os frutos (sementes), a emisso de folhas novas, cascas, entre outros.
A legislao federal atual2 que rege o tema: manejo de produtos florestais no apresenta coeficientes e ou
parmetros reguladores para o manejo florestal de produtos no madeireiros, e sim orientaes quanto
informao a ser fornecida aos rgos ambientais responsveis pelo controle dos recursos florestais.
2 Instruo Normativa 05 de 11 de dezembro de 2006 (MMA): Artigo 29.
7
Alguns Estados buscaram nos ltimos anos superar o desafio de controlar e orientar a produo de PFNM,
como ocorreu no Estado do Acre, atravs do seu Instituto Ambiental (IMAC) em parceria com o IBAMA
SUPES Acre, normatizaram a atividade pela Portaria Interinstitucional N0. 001 de 12 de agosto de 2004, que
dispe sobre os procedimentos relativos ao uso sustentvel dos Produtos Florestais No Madeireiros
relacionados s populaes tradicionais e rurais do Estado.
A inovao deste instrumento normativo foi quanto apresentao de um plano de manejo florestal
simplificado para no madeireiros PMFSNM e o mecanismo para autorizao especial de transporte.
Referente ao manejo, a Portaria N0. 001/2004 indicou que o produtor deveria se cadastrar e apresentar
informaes quanto s espcies; o produto e sua finalidade; o perodo de colheita; a estimativa de produo e
o total por colocao (saca, litro, quilo, lata); a descrio da forma de explorao e o nome e registro do
tcnico responsvel pelo cadastro.
Outro instrumento publicado no Estado do Acre refere-se Portaria IBAMA SUPES ACRE n0 004 de
outubro de 2001, que estabeleceu procedimentos para a emisso de Autorizao de Transporte para o cip
jagube/mariri (Bannisteriopsis caapi) e da folha rainha/chacrona (Psychotria viridis), que condicionou a
emisso de autorizao de transporte com a comprovao prvia de Cadastro no IBAMA/AC pelo requerente
e estabelece procedimentos mnimos para coleta do cip e da folha (boas prticas de coleta).
No Amazonas, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (SDS) a fim de normatizar a
coleta de cips: as espcies cip-titica (Heteropsis flexuosa), cip timb-a ou titico (Heteropsis
jenmannii) e cip amb (Philodendron sp.) publicou em 11 de fevereiro de 2008 a Instruo Normativa N0
001 com procedimentos bsicos relativos a utilizao dessas espcies tendo em vista as boas prticas de
manejo. Essa instruo aliou o conhecimento cientfico sobre o manejo da espcie e as prticas tradicionais
de coleta utilizadas pelos extrativistas possibilitando assim assegurar a conservao da espcie.
O Governo do Amap, por meio do seu Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA) editou a Resoluo
13 de 2009 estabelecendo procedimentos para a elaborao, apresentao e avaliao tcnica de plano de
manejo de cips dos gneros Heteropsis spp. e Clusia spp.
No Estado do Tocantins, a Portaria Naturins N0. 362 de 25 de maio de 2007, do Instituto Natureza do
Tocantis, proibiu a coleta do capim dourado (Syngonanthus nitens) em todo o Estado, reservando o direito de
coleta para as associaes credenciadas pelo Instituto e estabelecendo procedimentos de coleta.
Em Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), estabeleceu normas para elaborao e execuo de
plano de manejo para a produo sustentada da candeia (Eremanthus erythropappus e E. incanus) a partir da
Portaria N0. 01 de 05 de janeiro de 2007.
8
Entretanto, em regra geral, mesmo existindo em alguns Estados instrumentos reguladores especficos para
determinadas espcies florestais no madeireiras, a ausncia de orientaes e ou recomendaes tcnicas
para o manejo, no mbito federal tm gerado uma srie de dificuldades, tanto para os produtores-
extrativistas, que precisam muitas vezes apresentar algum atestado de origem dos produtos aos seus
compradores, que por sua vez necessitam ter alguma salvaguarda de que tais PFNM esto sendo coletados
respeitando-se os princpios de sustentabilidade ambiental e social, como para os rgos responsveis pelo
controle, que enfrentam dificuldades tanto no ordenamento e acesso ao recurso florestal como nos
procedimentos internos para autorizar tais atividades.
Por outro lado, a obteno de selos de certificao orgnica para os produtos oriundos do extrativismo
vegetal uma realidade concreta, onde vrios PFNM j esto certificados como produto orgnico e com boa
aceitao de mercado, especfico para este tipo de produto, como caso da castanha-do-brasill. Esse produto,
no caso a castanha-do-brasil j possui demanda especifica para certificao orgnica, inclusive com alguns
empreendimentos j certificados, como cooperativas e empresas beneficiadoras.
A base legal para a produo orgnica foi fixada pelo MAPA, com a Lei Federal n0. 10.831 de 23 de
dezembro de 2003, que disps sobre o sistema orgnico para a produo agropecuria. Posteriormente, com
a edio do Decreto n0. 6.323, de 27 de dezembro de 2007, que disciplinou as atividades pertinentes ao
desenvolvimento da agricultura orgnica, estabelecendo as diretrizes da agricultura orgnica, as relaes de
trabalho e da produo, reconhecendo o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento como o
responsvel, de forma isolada ou em conjunto com outros ministrios, para estabelecer normas tcnicas para
a obteno do produto orgnico, desde o processamento, envasamento, rotulagem, transporte e
armazenamento at a comercializao.
Em seguida, a publicao da Instruo Normativa Conjunta n0. 17, de 28 de maio de 2009, do Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento e Ministrio do Meio Ambiente trouxeram o regramento que orienta a
apresentao de Projeto Extrativista Sustentvel Orgnico. Este regramento foi o primeiro a apresentar um
roteiro contendo procedimentos bsicos para elaborao de Projeto Extrativista Sustentvel Orgnico com
vistas a obter o selo de certificao orgnica.
2. Diretrizes Tcnicas para as boas prticas de manejo
Os cdigos de boas prticas florestais so um conjunto de normas ou diretrizes, elaboradas pelos governos ou
outras organizaes, para ajudar tcnicos e empresas florestais a decidir quais prticas devem adotar para
realizar as operaes de manejo e utilizao das florestas (Dysktra e Heinrich, 1996) e que podem ser
obrigatrias ou facultativas.
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Os cdigos de boas prticas so diretrizes e tm carter facultativo com a finalidade de fomentar a adoo de
determinados procedimentos sem prescrev-los de forma obrigatria, para realizao da coleta de PFNM,
levando em considerao a conservao da espcie, a sustentabilidade, e as atividades de produo da famlia
ou das populaes e comunidades envolvidas.
A construo de diretrizes tcnicas para o manejo da castanha-do-brasil apresentada neste documento no
tem a pretenso de ser estanque, mas sim uma orientao para que a atividade de coleta dessa espcie atenda
a um padro mnimo, mesmo que muito mais voltado conservao da espcie que propriamente ao
estabelecimento de ndices tcnicos que regulem a atividade.
O que se pretende principalmente para a estruturao de diretrizes so padres de boas prticas de manejo de
produtos florestais no madeireiros, auxiliando a elaborao e execuo do uso sustentvel dessa espcie,
garantindo o incentivo dos rgos responsveis pela gesto florestal, fornecendo subsdios para a assistncia
tcnica pblica e possibilitando futuramente investimentos de crdito e fomento por parte dos bancos estatais
e privados.
3. Definio do termo boas prticas
Ao analisar o termo prtica, observa-se que este expressa continuidade, por referir-se a uma execuo
repetida ou um exerccio sistemtico de determinada ao. O termo boas prticas tambm encontrado na
literatura como sendo sinnimo de melhores prticas, por ser uma expresso derivada do ingls best
practices.
A Organizao Mundial de Sade OMS (2006) afirma que boa prtica refere-se a uma variedade de
fenmenos. Enquanto alguns usam o termo boas prticas referindo-se a modelos e desenhos que levam a
projetos ou protocolos para aperfeioar estruturas tcnicas, processuais e organizacionais, outros o utilizam
para se referir promoo de uma perspectiva gerencial de risco para submisso legal e regulatria. Portanto,
existem mltiplas interpretaes do termo e existe o risco de se adotar uma boa ou melhor prtica sem
ouvir todos os envolvidos no processo.
Comumente o termo de boas prticas tem sido utilizado para definir o conjunto de aes que visam o bom
processamento ou beneficiamento de produtos (OMS, 2006), por isso nos ltimos anos apareceram tantos
manuais e cartilhas orientando a adoo de boas prticas para diversos segmentos produtivos.
Para o SEBRAE denominam-se boas prticas ao conjunto de aes que visam:
Respeitar o ritmo de recuperao das espcies florestais;
Garantir o mximo de segurana pessoal durante todo o trabalho;
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Garantir o mximo de higiene desde a coleta at o beneficiamento final do produto e sua
comercializao; e
Respeitar as regras definidas pelo governo (ambientais, trabalhistas etc.).
4. Levantamento de dados secundrios sobre a espcie Bertholletia excelsa H.B.K.
Famlia: Lecythidaceae
Nome vulgar: castanha-do-par, castanha, castanha-do-brasil
Ocorrncia: A rea de ocorrncia da castanheira abrange as regies Amaznicas, estendendo-se da Bolvia,
Peru e Brasil, at o escudo das Guianas, compreendendo o Suriname, as Guianas e o sul da Venezuela, na
regio do Rio Negro (Corra, 1931; Mori & Prance, 1990).
As reas de terra firme so os locais em que a espcie apresenta bom desenvolvimento, no tolerando reas
alagadas ou de grande reteno de gua. Os solos de ocorrncia so os argilosos ou argilo-arenosos e as
grandes concentraes de indivduos ocorrem nos solos de textura mdia a pesada, podendo aparecer
tambm em concrecionrio latertico (piarra), conforme Mller el al., (1995).
No ambiente natural e na literatura, a densidade varia consideravelmente, ocorrendo agrupamentos de 50 a
100 indivduos, com 1 a 26 rvores adultas por hectare (MORI e PRANCE, 1990; MMA, 2006; TONINI et
al., 2008). Para exemplificar essa grande variao da densidade da espcie de ocorrncia natural, pode-se
citar o inventrio florestal 100% das castanheiras realizado em dois diferentes plats na Flona de Sarac-
Taquera/PA, com aproximadamente 763 ha e 1.365 ha, tendo respectivamente 1140 (1,5 rv./ha) e 07
rvores amostradas (0,0051 rv./ha), e as combinaes entre as unidades amostrais vizinhas pode representar
a amplitude de 1 a 12 rvores/ha, conforme Salomo (2009).
Ecologia: Espcie semidecdua, helifita, caracterstica da Amaznia ocorrendo em mata alta de terra firme.
Ocorre em determinados locais com grande freqncia formando os chamados castanhais, porm, sempre em
associao com outras espcies de grande porte.
A estrutura das populaes nos stios naturais estudados por diversos autores apresentam um declnio no
nmero de indivduos nas maiores classes diamtricas e maior densidade nas classes intermedirias, com
ausncia de indivduos em algumas classes. H uma distribuio espacial regular ou aleatria dos indivduos
adultos e uma tendncia ao agrupamento dos indivduos jovens, conforme Peres et al (2003) e Tonini et al.,
(2008).
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Peres et al. (2003) demonstraram que os nveis atuais de coleta das castanhas tm um impacto importante no
recrutamento interno das populaes naturais de castanheiras. Atravs da anlise comparativa de 21
populaes espalhadas pela Amaznia brasileira, boliviana e peruana, mostrou que o nvel de coleta o
determinante principal da estrutura de tamanho das populaes, ou seja, aquelas populaes sujeitos a nveis
de coleta altos ou moderados por vrias dcadas so carentes de jovens com dimetro menor do que 60 cm,
somente as populaes cujo histrico mostra coletas leves ou recentes, ou ento nenhuma coleta, tm
nmeros significativos de rvores jovens (nas 21 populaes foi observada uma amplitude de 0,74% a 52,5%
de indivduos jovens).
Segundo esse autor, o modelo de coleta com os nveis histricos de explorao dessas castanhas, ao longo do
ltimo sculo, de tal monta que o recrutamento de jovens insuficiente para o sustento das populaes em
longo prazo e, no havendo um manejo favorvel ativo, as populaes terminaro por sucumbir por meio de
um processo de senescncia e colapso demogrfico. Corrobora esta afirmativa o fato de que, entre as
populaes analisadas, duas estavam em reservas extrativistas no Amap (Reserva Extrativista Alto Cajari e
Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Iratapuru), que, sob forte presso de coleta, apresentaram os
menores percentuais de jovens entre todas as demais 19 populaes analisadas, respectivamente, 0,74% e
0,87% (PERES et al., 2003).
No entanto, estudos realizados no norte da Bolvia por Zuidema e Boot (2001) para obteno de informaes
sobre as conseqncias da remoo de sementes sobre a dinmica populacional em condies de floresta
primria e a relao entre padres de crescimento, recrutamento e mortalidade identificaram que apesar da
grande proporo (93%) de retirada das sementes da rea, foram encontradas densidades de mudas
relativamente razoveis. Devido ao rejuvenescimento da populao, o tamanho da produo estvel, a alta
idade de maturidade e o longo perodo reprodutivo, esse estudo concluiu que os nveis de extrao da
castanha podem ser sustentados, pelo menos, durante varias dcadas e talvez por perodos ainda mais longos.
Esse resultado coincide com outros estudos realizados e que indicaram que o extrativismo praticado nos
castanhais da regio Amaznica de baixo impacto, sendo vivel por mais algumas dcadas (HOMMA, et
al., 2000; ZUIDEMA; BOOT, 2002; ZUIDEMA, 2003; WADT et al., 2005 citados por PAIVA et al. 2008).
A regenerao dos castanhais ainda um tema controverso. Pesquisas em castanhais com longo histrico de
explorao concluram que o extrativismo, a principio, no compromete o estoque de plntulas (SERRANO,
2005). O manejo da regenerao natural das castanheiras em reas alteradas, conciliado com um tipo de
agricultura que favorea o crescimento das plntulas e varetas, pode viabilizar a expanso dos castanhais e o
aumento da produtividade (PAIVA, et al. 2008).
Grupo ecolgico: helifita.
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Florao: ligada as condies climticas de cada zona fisiogrfica, a florao dos castanhais da regio
amaznica apresentam diferenas entre as regies: Oeste (Acre) com a regio Leste (Par), com florada
apresentando variao entre agosto a fevereiro (MLLER el al., 1995).
Shanley (2005) indica o incio da florao no Estado do Acre entre os meses de outubro a dezembro e os
frutos amadurecem em 14 ou 15 meses, caindo entre dezembro a fevereiro (pico de queda). No estado do
Par este padro de florao muda, sendo caracterizado o aparecimento de flores nos meses de setembro a
fevereiro e os frutos iniciam o pico de queda entre janeiro a abril.
Estudos realizados por Vieira, et al., 2009, na regio de Rondnia, a espcie apresentou padro fenolgico
anual com pelo menos 90 % das rvores florescendo em todos os anos do estudo. A florao se deu de
setembro a janeiro, embora algumas poucas rvores tenham permanecido at fevereiro. Apresentado alto
ndice de sincronia na florao, sendo que as rvores 08 (0,94), 09 (0,94) e 10 (0,94) apresentaram maior
sincronia com seus co-especficos, o ndice de sincronia da populao (0,84).
Essa informao divergiu da encontrada por Maus (2002) no Par, onde a florao ocorreu exatamente na
estao seca.
Segundo Lorenzi (2002) a florao ocorre durante os meses de novembro a fevereiro.
Frutificao: o fruto popularmente chamado de ourio, que uma cpsula aproximadamente esfrica, com
tamanho que varia de 10 a 16 cm de dimetro, e que pode conter de 10 a 25 sementes (PRANCE e MORI,
1978). O pericarpo lenhoso muito duro e no se rompe com o impacto da queda, que ocorre aps a
maturao, durante a estao chuvosa (MAUS, 2002). Assim como muitas lecitidceas, o fruto da
castanheira possui oprculo, que chamado de umbigo que se desprende naturalmente com a maturidade
do fruto ou retirado durante a quebra do fruto com uso de terado ou faco.
Segundo Lorenzi (2002) os frutos amadurecem no perodo de dezembro a maro.
O perodo de frutificao foi em mdia de quinze meses, de outubro a janeiro do segundo ano, quando ocorre
a queda dos frutos (VIEIRA, et al., 2009).
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QUADRO I Dados da fenologia da Bertholletia excelsa obtidos em bibliografias
Autor Florao Frutificao Pico da queda dos frutos Local
Lorenzi, 2002 Novembro a
Fevereiro
Dezembro a Maro
Shanley, P. 2005 Setembro a
Fevereiro
Janeiro a Abril Par
Shanley, P. 2005 Outubro a
Dezembro
Dezembro a Fevereiro Acre
Vieira, et al.,
2008
Setembro a
Fevereiro
Outubro a
Janeiro do
segundo ano
Outubro a Fevereiro Rondnia
QUADRO II Dados fenologia da Bertholletia excelsa obtidos em bibliografias
MESES J F M A M J J A S O N D
Estao CHUVOSA SECA
Florao
Frutificao
Pico de Queda X X X X X
Modelo esquemtico adaptado de Mori e Prance (1978)
Disperso: a cutia (Dasyprocta aguti) apontada por pesquisadores como o principal agente dispersor das
castanhas. Esse pequeno roedor tem como estratgia enterrar a semente, o que favorece o estabelecimento de
bancos de sementes e regenerao natural em determinados locais em que haja incidncia de luz.
Em Rondnia a disperso dos frutos foi verificada no perodo compreendido entre os meses de junho a
janeiro, com maior incidncia entre outubro e novembro (VIEIRA, et al., 2009).
Polinizao: os principais agentes polinizadores esto em ameaa de extino, devido s grandes queimadas
realizadas na regio da Amaznia, abelhas dos gneros Bombus, Centris, Epicharis, Eulaema e Xylocopa,
que visitam as flores em busca de seu nctar altamente energtico (MAUS, 2002).
Parte usada: sementes ou castanhas que aps a retirada da casca recebem a denominao de amndoas. Os
frutos da castanha-do-brasil so chamados popularmente por ourios que so aproveitados para produo de
objetos artesanais. A casa tambm aproveitada para artesanato.
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Forma de coleta: os ourios so coletados quando caem no cho, sendo posteriormente partidos (quebrados)
para a extrao de castanha. A safra se estende de outubro a maro ou de novembro a abril, dependendo da
regio com pico de concentrao em final de novembro e dezembro.
As ferramentas usadas na coleta de castanha so uma garra, chamada de p-de-bode ou mo-de-ona, com a
qual se puxa o ourio, evitando animais que estejam perto do ourio, faco e saco de nilon ou cesta. Uma
vez realizada a quebra do ourio, as castanhas so transportadas para um galpo de armazenamento na aldeia
e na prpria mata (SOUZA, 2006).
As boas prticas: as disseminadas para a castanha-do-brasil esto voltadas principalmente para as etapas de
processamento e beneficiamento, visando atender as exigncias quanto qualidade das amndoas, so as
chamadas boas prticas de fabricao. Entretanto, algumas pesquisas indicam a importncia da adoo de
boas prticas para a coleta dos frutos, pois essa etapa tem intrnseca relao com a qualidade da amndoa.
As recomendaes descritas vo desde a etapa da coleta dos ourios no cho da floresta at a quebra,
lavagem, secagem e armazenamento das castanhas para evitar a contaminao por aflatoxinas.
A aflatoxina o nome dado a um grupo de substncias que txicas ao homem e aos animais. Elas so
produzidas por fungos do grupo Aspergillus. Esses fungos se desenvolvem em muitos produtos agrcolas e
alimentos quando as condies de umidade do produto, umidade relativa do ar e temperatura ambiente so
favorveis. As aflatoxinas so potentes toxinas cancergenas.
A proliferao desses fungos nas castanhas ocorre quando os frutos (ourios) ficam no cho da floresta por
vrios dias antes de serem coletados, ou quando as castanhas so armazenadas em condies inadequadas.
Portanto, a adoo das boas prticas de manejo da castanha uma questo de segurana alimentar.
Estratgia de conservao: Plantios de enriquecimento em clareiras pode ser uma alternativa para
incrementar a taxa de crescimento e o recrutamento entre classes diamtricas da espcie. Estudos mostraram
que a regenerao em reas de capoeiras pode ser muito superior dos castanhais nativos (PAIVA, et. al,
2008).
Cultivo: o cultivo desta espcie em sistemas agrossilviculturais tem sido testado. No entanto, para a
produo de frutos, talvez o cultivo deva estar prximo de florestas nativas, j que apenas abelhas florestais
de grande porte conseguem polinizar a castanheira (Shanley & Medina, 2005).
Principais usos: as castanhas ou amndoas (sementes) so muito apreciadas por seu uso alimentar. So
consumidas frescas, secas, torradas, assadas, como tira-gosto e na composio de outros pratos, doces e
salgados. O leite de castanha, que produzido triturando-se a castanha em gua, parte importante da
15
culinria de algumas regies amaznicas. Outros produtos de castanha, como creme, granulado, paoca,
tambm so ocasionalmente comercializados (Souza, 2006).
As amndoas (castanhas) tambm fornecem um leo fino, de alta qualidade. Este leo usado na culinria e
tambm pela indstria de cosmticos, por suas propriedades emolientes. O leo usado em cremes para a
pele, xampus e condicionadores, sabonetes e outros produtos. Um possvel nicho de mercado para este leo,
alm do uso em cosmtica, o de leos orgnicos, j que, por sua origem extrativista, o leo de castanha
envolve nenhum tipo de qumico agrcola em sua produo.
O ourio da castanha tem sido aproveitado para artesanato, seja aproveitando-se sua forma de cuia para fazer
recipientes diversos e placas do mesmo. Tambm usado como combustvel, especialmente no processo de
defumao da borracha.
Tipo de comrcio: a castanha-do-brasil tem um bom comrcio interno, mais intenso na poca das festas
natalinas e exportada, principalmente para a Alemanha, Itlia, Estados Unidos, Holanda e Bolvia, que o
segundo maior produtor mundial de castanha, atrs do Brasil. No caso, a Bolvia importa castanha do Brasil
para revend-la descascada e processada, j que tem uma maior infra-estrutura disponvel para isso (SOUZA,
2006).
As exportaes tm cado nos ltimos dez anos, dada a intensificao da fiscalizao relativa aflatoxinas,
por conta das condies de estocagem e armazenamento, em geral, deficitrias, principalmente para a
castanha armazenada ainda mida a ocorrncia dos fungos que produzem essas toxinas comum (SOUZA,
2006).
A coleta de castanha realizada como uma forma de complemento da renda familiar dos coletores, que em
geral so pequenos agricultores familiares, comunidades indgenas, extrativistas (geralmente neste caso em
complemento seringa, que ocorre na estao contrria), e desempregados de cidades prximas aos
castanhais. A revenda da castanha pode resultar em ganhos em dinheiro ou pelo sistema de aviamento.
Geralmente, os coletores no possuem volume de produo suficiente para negociar direto com os
comerciantes do atacado, ou as indstrias de transformao, ento comum haver mais de um intermedirio
na comercializao do produto. Os preos pagos so baixos, bastante variveis e, tanto os coletores quanto os
intermedirios, por vezes, at mesmo os atacadistas so relativamente independentes do produto, apenas a
indstria de transformao tem real dependncia dada especificidade do equipamento. H indcios de que
uma grande indstria compradora do produto eleva a produo dos estados, como ocorre no Par, Amazonas
e Rondnia (SOUZA, 2006).
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Legislao: A legislao que permeia a cadeia produtiva da castanha passa obrigatoriamente pelo Decreto
Federal n 5.975, de 30/11/2006, que probe a explorao da espcie para fins madeireiros em florestas
naturais, primitivas ou regeneradas (Capitulo VIII: Artigo 29).
Quanto comercializao das amndoas (castanhas), o Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento (MAPA) estabeleceu especificaes para a padronizao, classificao e comercializao
da castanha-do-brasil no mercado interno atravs da Portaria n846 de 08/11/1976.
A Instruo Normativa n13 de 27/05/2004 MAPA, estabelece que a castanha destinada ao consumo
humano deva ser submetida certificao sanitria oficial do MAPA, e que deve existir um sistema de
rastreabilidade do processo de beneficiamento. Como principal dificuldade para o atendimento desta
legislao pode-se citar o custo da adequao das instalaes para obteno do registro.
A Instruo Normativa n12 de 27/05/2004 do MAPA regulamenta a certificao sanitria referente ao
controle de contaminantes para a exportao de castanha do Brasil com casca e descascada.
E recentemente foi editada a Instruo Normativa n11 de 23 de maro de 2010 do MAPA que estabelece
os critrios e procedimentos para o controle higinico-sanitrio da castanha-do-brasil e seus subprodutos,
destinados ao consumo humano no mercado interno, na importao e na exportao, ao longo da cadeia
produtiva.
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5. Diretrizes tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da
castanha-do-brasil
Identificao das etapas para o manejo florestal no madeireiro da castanha
I. Pr-coleta
1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas
1.1. Apresentar uma caracterizao geral da rea de coleta
1.2. Realizar o mapeamento e levantamento do potencial produtivo
1.3. Estimativa de produtividade
II. Coleta
2. Planejamento da coleta
2.1. Estabelecer um Plano de coleta
2.2. Ciclo e periodicidade da coleta
2.3. Ferramentas para a coleta e quebra
III. Ps-Coleta
3. Descrio dos mtodos
3.1. Quebra e seleo primria
3.2. Pr-secagem
3.3. Armazenamento
3.4. Transporte
IV. Manuteno e Monitoramento
4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal
4.2. Monitoramento da produo
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Etapa I. Pr-Coleta
a etapa que consiste na caracterizao da rea, mapeamento e seleo das rvores para
produo. Nessa etapa tambm podem ser realizadas atividades referentes a tratamentos
silviculturais, como manuteno das estradas de acesso as castanheiras e corte de cips que
estejam comprometendo a produo das rvores.
Quando bem executadas, as atividades previstas na etapa pr-coleta podem representar
eficincia na etapa coleta dos frutos em relao ao tempo gasto para percorrer os caminhos,
produtividade, reduo de danos ambientais e dos acidentes com extrativistas-produtores.
1. Identificao, localizao e levantamento das reas produtivas
Identificar as reas produtivas e realizao do mapeamento dos castanhais deve ser a primeira
atividade a ser realizada. Pode-se fazer um desenho ou mapa mental ou utilizar imagens
georeferenciadas para se fazer o mapeamento da rea de manejo. recomendvel que pelo
menos um ponto da rea seja georreferenciado, ou seja, coletada as coordenadas geogrficas do
local com uso de GPS, caso seja possvel.
No mapeamento necessrio localizar as estradas ou varadouros de acesso, as reas produtivas,
indicar rios ou igaraps que ajudem a georeferenciar a localizao da rea de manejo, etc. Esse
mapeamento poder ser feito com uso de aparelhos GPS3 ou do emprego da tcnica bssola e
passos calibrados (Alechandre, 1998).
Para a castanha o sistema mais vivel a marcao de reas de manejo sem que haja o
estabelecimento de parcelas ou compartilhamento, e sim trilhas ou Transecto-trilhas para
realizao de inventrios florestais. Seria na verdade a manuteno das trilhas ou estradas de
acesso as castanheiras. Recomenda-se que na pr-coleta sejam abertas e ou recuperadas as
estradas ou ramais que daro acesso aos castanhais e trilhas que conduzem aos
indivduos.
Essa estratgia de manejo importante porque representa: (i) reduo de tempo, (ii) aumentar a
eficincia da coleta e (iii) reduzir danos e impactos gerados pela atividade de coleta, ao se evitar
aberturas de novas trilhas ou estradas de acesso e (iv) levantar informaes importantes para o
manejo.
3 Global Positioning System = Sistema de Posicionamento Global. Atualmente existem aparelhos de GPS
que funcionam com alta preciso mesmo em reas de florestas fechadas.
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O levantamento do potencial local para o manejo da castanha-do-brasil deve ser determinado
atravs de Inventrio Florestal (IF) que a partir do mapeamento de todas as castanheiras
consideradas produtivas permitir que se faa uma estimativa de produo para a rea.
A recomendao que seja adotada uma circunferncia mnima a altura do peito (CAP) maior
ou igual a 90 cm para realizar o mapeamento das castanheiras, que equivale a um dimetro a
altura do peito (DAP) de aproximadamente 30 cm.
O ideal mapear e inventariar tambm os indivduos nas classes mais jovens para que se possa
compreender minimamente a estrutura populacional e a relao entre classe de dimetro e
produtividade. Para isso, recomenda-se coletar dados dos indivduos com CAP maior ou igual a
90 cm, por exemplo.
Os inventrios podem trazer alm do CAP, informaes sobre a produtividade da rvore (se ela
j floresce ou no), estado da copa, ocupao do dossel e outras informaes pertinentes como a
presena de cips, entre outras e que tenham relao direta com a produtividade de cada
indivduo.
Esses dados corroboram com o monitoramento da produo e possibilitam a indicao de
possveis tratos silviculturais visando o incremento da produtividade, tais como: corte de cips
quando os mesmos estiverem causando danos rvore (por competio); limpeza das trilhas ou
varadouros que do acesso a rea produtiva; limpeza embaixo dos indivduos (se for o caso)
para facilitar a coleta e evitar contaminaes (nos casos dos ourios da castanha).
De posse desses dados podero ser geradas as seguintes informaes:
Identificao da estrutura e dinmica populacional curva diamtrica, estgios de
desenvolvimento
Critrios para definir os indivduos produtivos para a safra
Estimativa da produo da rea (por hectare e por indivduos) e para a safra (anual)
A partir dos dados coletados no inventrio florestal possvel gerar as seguintes informaes:
Nmero de indivduos nas diferentes classes de dimetro (a partir do dimetro mnimo
estabelecido para realizao do IF)
Estgios de vida: crescimento, recrutamento e mortalidade
Densidade e freqncia
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Nmero de indivduos considerados produtivos (considerando potencial total de
produo por classe de dimetro e ocupao do dossel)
Estimativa de produo por rvore e total (kg, sacas, etc)
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Diretrizes Tcnicas para Identificao, localizao e levantamento das reas
produtivas
1.1. Apresentar uma caracterizao geral da rea de coleta contendo um breve descritivo da rea com informaes sobre os usos, os acessos e outros aspectos
pertinentes
1.1.1. Elaborar um croqui, mapa ou desenho com a localizao da rea de coleta em relao propriedade (ou rea da comunidade)
1.2. Realizar o mapeamento e levantamento do potencial produtivo (inventrio) contendo:
1.2.1. Mapa das castanheiras com circunferncia a altura do peito (CAP) mnima de noventa centmetros ( 90 cm)
1.2.2. Identificao dos pontos de amontoa e quebra dos frutos, nos casos onde h pr-determinao desses pontos
1.2.3. Caracterizao do castanhal quanto aos seguintes dados Identificao da rvore (pode ser localizao ou numerao) Georreferenciamento (que opcional) Circunferncia a altura do peito (CAP) Identificar se a rvore j produz ( ) sim ou ( ) no Identificar o estado da COPA em relao sua forma: BOA,
QUEBRADA e RUIM (comprometida em termos de galhos)
Produo estimada (opcional). Essa varivel deve ser anotada em casos onde o produtor tem uma estimativa mdia de produo para as rvores
1.3. Estimativa de produtividade
1.3.1. Indicar o nmero de rvores mapeadas que so produtivas
1.3.2. Indicar o tamanho da rea do castanhal (rea de manejo)
1.3.3. Indicar a estimativa de produo total do castanhal
Recomendao tcnica: Sempre que possvel anotar pelo menos um ponto de
coordenada geogrfica ou a indicao aproximada de pontos de referncia que permitam
a localizao da rea de manejo, como por exemplo, cursos d gua, estradas e outras
informaes.
Observao: Considerar o contexto regional e as unidades de medida (lata, saca,
hectolitro, etc), dando um referencial em Kg.
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Etapa II. Coleta
Nesta etapa quando se realiza o manejo na prtica, ou seja, a coleta dos produtos (frutos,
cascas, folhas, resinas, etc) at a retirada de dentro da floresta. Nesta etapa, importante
planejar cada fase, principalmente o onde ser coletado, o quando e quantas vezes sero
feitas as coletas (ciclo e periodicidade) e quais as tcnicas e ferramentas sero utilizadas.
quando devem ser planejadas aes que resultem em evitar ou mitigar acidentes, como o uso de
equipamentos de proteo individual (EPI) pelos extrativistas-produtores, o planejamento dos
caminhos e acessos que sero utilizados como forma de mitigar impactos ou danos (cuidados
com a manuteno e proteo da floresta).
2. Planejamento da coleta
As atividades a serem realizadas antes da coleta, com o preparo e manuteno das reas
produtivas, realizadas ao longo do ano e fora do perodo de coleta so importantes para
assegurar a eficincia da coleta e reduzir riscos com acidentes e perda de qualidade dos frutos.
2.1. Estabelecer um plano de coleta
Nessa etapa dever ser feito um planejamento da coleta, com identificao dos indivduos
produtivos e definindo um Plano de Coleta, onde sero escolhidos e identificados todos os
indivduos que sero alvos de coleta e aqueles que devero ser mantidos sem coleta com
objetivo de atender as necessidades da fauna local e regenerao natural
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Diretrizes Tcnicas para Planejamento da coleta
2.1. Estabelecer um Plano de Coleta contendo:
2.1.1. Os principais caminhos utilizados durante a coleta (descritos no mapa,
desenho ou croqui);
2.1.2. Identificao e localizao das rvores que sero visitadas para coleta e
caso existente, os pontos de amontoa e quebra;
2.1.3. Descrio das etapas de coleta como: poca da coleta (perodo em
meses), tempo de amontoa (em dias), forma de seleo das castanhas durante
a quebra, estratgia de transporte (tempo e meio de transporte) da floresta
para o armazenamento primrio.
Observao: O Plano de Coleta poder ser atualizado conforme a necessidade local
(anual, bienal ou trienal) e sempre que houver necessidade de alteraes
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2.2. Ciclo e periodicidade de coleta
A definio de um calendrio de coleta ou cronograma, onde sero estabelecidas a poca da
coleta e quantas vezes por safra (periodicidade) essa coleta ocorrer um dado fundamental
para o manejo.
Tal informao permitir estabelecer as estimativas de produo esperadas e principalmente,
medidas mitigadoras, como o estabelecimento de ciclos de coleta, com perodos definidos de
excluso (no coleta) para determinados indivduos (rodzio de indivduos a serem coletados).
Especificamente para a castanha, recomenda-se realizar a coleta somente aps o pico da queda
dos frutos, para evitar acidentes e possibilitar a regenerao natural das sementes.
Nessa escala de tempo possvel, um calendrio de coleta, precavendo-se de possveis acidentes
de trabalho e possibilitando a disperso e regenerao natural da espcie alvo.
Entretanto, em funo das variaes regionais difcil o estabelecimento de um calendrio de
coleta nico para todas as regies, devido s variveis que podem interferir na produo,
principalmente para aquelas espcies que tem como principal produto no madeireiro o fruto.
Portanto, a orientao deve ser para que seja discutido, entre os produtores, o plano de coleta,
levando em considerao as condies regionais (logstica e sistema de coleta) e ambientais
(poca de queda dos frutos, perodos de chuvas ou secas, entre outros).
O ideal que a coleta seja feita durante a safra, com intervalos entre uma coleta e outra, visando
reduzir ao mximo o tempo de permanncia dos ourios no solo e, portanto, as chances de
contaminaes.
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Diretrizes tcnicas para Ciclo e periodicidade da coleta
2.2.1. Para garantir a boa qualidade da castanha, a coleta dever ocorrer logo aps o pico de queda dos frutos, ou seja, depois que a maioria dos frutos do castanhal
j tiverem cados. No se recomenda fazer a coleta durante o pico a fim de se
evitar acidentes com os coletores;
2.2.2. Para garantir a regenerao natural do castanhal permitido voltar na mesma rvore para coleta de frutos remanescentes aps um perodo mnimo de trinta
dias (30).
Recomendao tcnica 1: Os frutos no devem permanecer mais que 45 dias no cho
da floresta por causa da contaminao por fungos, que podem produzir aflatoxina mais
tarde, em outra etapa da cadeia produtiva. No entanto, a visita peridica em cada rvore
para coleta dos frutos deve ser feita com critrio, ou seja, no recomendvel que uma
mesma rvore tenha seus frutos coletados sempre que os mesmos carem.
Recomendao tcnica 2: Amontoar os ourios apenas quando for quebr-los. Nos
casos em que isto no for possvel (quando o perodo de permanncia dos ourios na
floresta aps a coleta for maior que trs dias), realizar a amontoa em jirais suspensos
(longe do contato com o solo) e com os umbigos virados para baixo. Nos casos em que
no possvel a construo de jirais, no deixar os frutos amontoados por mais que trs
dias.
Recomendao tcnica 3: O transporte para fora da floresta deve ser efetuado o mais
rpido possvel.
Observao: Em funo das variaes regionais difcil o estabelecimento de um
calendrio de coleta para toda a regio Amaznica. Portanto a orientao que seja
discutido, entre os produtores, o Plano de Coleta, levando em considerao as
condies do castanhal (logstica e sistema de coleta) e ambientais (poca de queda dos
frutos).
Nota explicativa
Os frutos da castanheira no devem ficar no cho da floresta por mais de dois ou trs meses,
por exemplo, devido contaminao das amndoas por aflatoxinas. Entretanto, no
recomendvel que o extrativista realize a coleta com uma freqncia diria, por trs motivos:
perigo de acidente, manuteno dos castanhais e custo da coleta.
a) Perigo de acidente: a queda do fruto muito violenta e h possibilidade de atingir uma pessoa enquanto est debaixo da copa catando os frutos que j esto no cho;
b) Manuteno dos castanhais: o fruto da castanheira no se abre naturalmente, ento para que as sementes germinem e formem outra rvore necessrio que algum animal
(incluso o homem) abra o fruto. A disperso da castanheira feita principalmente por
roedores, sendo necessrio ter um tempo de permanncia dos frutos na floresta para que
ocorra a disperso das sementes.
c) Eficincia de coleta: a atividade de coleta da castanha dispendiosa, no economicamente vivel um nico produtor visitar vrias vezes a mesma rvore.
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2.3. Ferramentas para coleta e quebra
comum a utilizao para catao dos ourios de instrumento tradicional denominado como
mo-de-ona ou p-de-bode e sacos de rfia ou paneiros, cestos de fibras (observar que estes
devem estar limpos e secos).
Recomenda-se que aps a coleta dos ourios que os mesmos sejam amontoados em jirais ou
local fora do contato com o solo.
Utilizar alguma cobertura (tipo lona plstica ou folhas de palmeiras ou sacos plsticos) para a
quebra dos ourios, de preferncia em locais secos e limpos.
As ferramentas utilizadas para a quebra dos ourios (faco ou terado,) devem estar limpas;
livre de resduos que possam contaminar as amndoas.
Feita a primeira seleo (retirada das amndoas chochas, podres, etc) que as mesmas sejam
acondicionadas em sacos limpos de rfia ou paneiros limpos.
Diretrizes Tcnicas para Ferramentas para coleta e quebra
2.3.1. Utilizar a mo-de-ona ou o p-de-bode ou outra ferramenta que evite a coleta dos frutos diretamente com as mos;
2.3.2. Utilizar paneiros, sacos ou cestos limpos para juntar os frutos (ourios) durante amontoa;
2.3.3. Manter a ferramenta de quebra (terado, faco, foice, etc) protegida quando feita a movimentao (caminhada e catao) do coletor
2.3.4. Utilizar um cepo ou proteo (tampa do ourio/fruto) entre o fruto e o cho quando se faz a quebra;
2.3.5. Utilizar calados e se possvel perneira para proteo contra animais peonhentos;
2.3.6. Utilizar capacete para proteo individual dentro da floresta.
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Etapa III. Ps-coleta
A etapa da ps-coleta consiste num conjunto de procedimentos que devem ser realizados com as
partes coletadas (frutos, sementes, cascas, leo-resina, hastes, folhas, entre outras) para garantir
que o produto (matria-prima) chegue ao local de beneficiamento com boa qualidade.
3.1. Quebra e seleo primria
Especificamente para a castanha-do-brasil a primeira atividade da ps-coleta passa
necessariamente por um pr-beneficiamento, feito ainda dentro da rea de manejo, ou seja, na
floresta. Essa atividade conhecida como quebra e amontoa que consiste na quebra dos frutos
(ourios) com uso de terado para retirada das castanhas. Quando estes frutos, por alguma
razo, no sero transportados da floresta so amontoados e quebrados posteriormente.
Diretrizes tcnicas para Quebra e seleo primria
3.1.1. Quebrar apenas os frutos cujas castanhas sero transportadas no mesmo dia;
3.1.2. Utilizar equipamentos (terado, faco, cestos, sacos, cepos, etc) limpos e apenas para esta atividade;
3.1.3. Realizar a primeira seleo mantendo apenas as castanhas sadias, ou seja, retirar as quebradas, chochas, podres e outras impurezas, assim como o umbigo.
Recomendao tcnica 1: Em reas de manejo de difcil acesso ou distante da
comunidade pode-se fazer um pr-armazenamento em estruturas semelhantes aos jirais,
mas com cobertura. Entretanto, este armazenamento deve ser feito no menor tempo
possvel;
Recomendao tcnica 2: Utilizar paneiros ou sacos de nylon ou estopa em boas
condies de limpeza e de preferncia que sejam novos;
Recomendao tcnica 3: Para as regies onde feita a lavagem das castanhas para a
realizao da primeira seleo necessrio seguir todas as orientaes quanto pr-
secagem.
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Lavagem da castanha
A lavagem da castanha pode ser considerada um processo eficiente para a seleo das
castanhas, pois facilita a eliminao daquelas podres, vazias e chochas alm de
impurezas que flutuam na gua. Porm, esta prtica s ser benfica se a secagem for
imediata, caso contrrio melhor no lavar as castanhas.
Recomendaes para lavagem
A lavagem deve ser realizada com auxlio de caixas plsticas de cor clara a fim de
facilitar a deteco das sujidades e higienizao posterior. Preencher as caixas com
castanha, fazer imerso em gua corrente movimentando rapidamente a caixa para
arraste das impurezas. Escorrer bem a gua e distribuir as castanhas no local de
secagem ou pr-secagem, que deve ser localizado o mais prximo possvel. Aps a
lavagem, se as castanhas no forem secas, a umidade pode facilitar a proliferao de
fungos e aumentar a porcentagem de perdas.
3.2. Pr-Secagem
A pr-secagem uma etapa que ocorre aps a quebra e a primeira seleo das castanhas. Essa
etapa considerada fundamental tanto para as regies em que no feita a lavagem das
sementes como primeira seleo (como no caso do Acre) como para as regies onde a lavagem
feita (Amazonas, Par e Amap).
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Diretrizes tcnicas para Pr-secagem
3.2.1. Deve ser realizada ainda na rea do produtor, a fim de se reduzir o risco de apodrecimento por excesso de umidade;
3.2.2. Deve ocorrer em estrutura adequada (armazm ou paiol) e ter acesso restrito (escada removvel, local para fechamento com cadeados ou chaves);
3.2.3. Deve ser feita em superfcie limpa (na estrutura citada no item anterior), onde as castanhas sero dispostas em camadas de 20 cm e revolvidas a cada dois (02)
dias, fazendo uma segunda seleo das castanhas, com a retirada de castanhas
estragadas e cortadas, alm de outras impurezas;
3.2.4. Nos locais onde a prtica da lavagem das castanhas realizada, a pr-secagem deve ser imediata e mais intensa. A camada de castanhas deve ser menor que 20
cm de altura e o revolvimento deve ser dirio.
Recomendao tcnica: As castanhas no devem ser ensacadas antes da pr-secagem,
ou seja, devem ser retiradas do paneiro ou saco utilizado para transportar da floresta at
o local de pr-secagem, logo aps a chegada da floresta.
3.3. Armazenamento primrio
Diferentes tcnicas podem ser apresentadas para o armazenamento dos PFNM, mas todos
necessitam de um local adequado e de boas condies de armazenagem com o intuito de
assegurar a qualidade do produto final.
O armazenamento considerado a etapa mais importante para a qualidade da castanha e para
evitar a problemtica contaminao das amndoas por fungos. Quando as castanhas chegam da
floresta devem passar por um processo de secagem antes de serem armazenadas e devem
permanecer a granel, sem ensacar, para evitar a umidade e conseguinte contaminao fngica.
30
Diretrizes tcnicas para Armazenamento primrio
3.3.1. Aps a pr-secagem, as castanhas devem ser armazenadas em lugar arejado,
longe do contato com o solo e com revolvimento peridico. Pode ser no prprio
armazm ou paiol utilizado na pr-secagem, porm com separao de ambientes;
3.3.2. Armazenar as castanhas a granel dispostas em camadas, ensacando apenas em
data prxima ao embarque para escoamento da rea produtiva, preferencialmente em
sacos novos ou limpos e em boas condies;
3.3.3. Aps o ensacamento, identificar os sacos quanto origem, mantendo-os com
espaamento entre pilhas de no mnimo 15 cm e com pilhas de no mximo cinco (05)
sacos, a fim de favorecer a ventilao entre os sacos.
Caractersticas do armazm ou paiol: Construir o armazm ou paiol com altura
mnima de 80 cm do solo, em estrutura que permita boa aerao interna, com meia
parede de tela, escada removvel e cones invertidos nas bases para evitar a entrada de
roedores.
3.4. Transporte
Esse transporte refere-se aquele que feito da floresta para a casa do extrativista ou paiol
(familiar ou comunitrio) e feito utilizando paneiros ou sacos de rfia. Estes devem estar
limpos.
Diretriz tcnica para Transporte
3.4.1. Todas as etapas de transporte devem ser realizadas utilizando recipientes limpos
e que permitam boa aerao (sacos com malhas adequadas e ou paneiros), protegidas
contra a umidade e sujidades; e separado de outros produtos para evitar contaminaes.
31
Instruo Normativa n. 11 de 23 de maro de 2010 do MAPA
Segundo o Art. 72, da IN 11/2010, que trata do armazenamento, as MPRCA/MHMs4
devem ser aplicadas conforme a seguir:
I - ensacadas: as castanhas armazenadas em sacos devem ter aerao adequada,
proteo contra roedores, empilhamento do produto sobre estrados, espaamento
adequado entre as pilhas e destas em relao s paredes, permitindo boa ventilao,
identificando os lotes de diferentes locais.
II - a granel: as castanhas armazenadas a granel devem estar protegidas contra roedores
e serem dispostas de forma a permitir o revolvimento para uma boa aerao, bem como
a identificao da origem. Caso essas castanhas sejam ensacadas para o transporte, que
seja prximo da data do embarque, preferencialmente em sacos novos ou em boas
condies.
Segundo o Art. 73 que trata do transporte devem ser atendidas as condies adequadas
de higiene, de proteo contra umidade e sujidades, como tambm as castanhas devem
ser separadas de outras mercadorias, conforme as MPRCA/MHMs.
4 MPRCA: Medidas para Preveno e Reduo da Contaminao por Aflatoxinas segundo o Cdigo de
Prticas estabelecido no mbito do Codex Alimentarius - CAC/RCP 59-2005, Rev. 1-2005, e
atualizaes; MHM: Medidas de Higiene e Manejo (MHM) baseadas em prticas bsicas destinadas aos
integrantes da cadeia produtiva da castanha-do-brasil, visando atender os princpios de Boas Prticas
Agrcolas (BPA) e de Procedimentos Padronizados de Higiene Operacional (PPHO).
32
Etapa IV. Manuteno e Monitoramento
Os tratos silviculturais podem representar aumento da produo para muitas espcies e at
mesmo a conservao da espcie e manuteno da floresta.
O monitoramento uma atividade importante para que se possa acompanhar o crescimento e o
recrutamento de novos indivduos produtivos. uma etapa que pode ser realizado pelos
produtores como forma de acompanhar e planejar sua coleta e no deve ter rigor cientifico ou
tcnico de coleta. As informaes a serem registradas devem ser aquelas importantes para o
extrativista. Possibilitando que o mesmo conhea seu castanhal e registre sua produo ano a
ano e o que acontece na sua rea de coleta.
4.1. Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal
A abertura de estradas (caminhos) de acesso ou manuteno dos existentes representa reduo
de custos e dos impactos a vegetao causada pela atividade.
Ao se aproveitar os caminhos existentes mantendo os mesmos abertos e limpos, sero
facilitados: o acesso rea para a coleta, a proteo e manuteno da floresta e as atividades de
monitoramento da produo.
No caso de se identificar necessidade de realizar enriquecimentos como forma de aumentar a
populao de castanheiras recomendvel realizar o enriquecimento em reas de clareiras
devido boa resposta da espcie em termos de crescimento (PAIVA, et al. 2008).
Para a produo de mudas de castanha recomendvel passar por um processo de rompimento
mecnico do tegumento das sementes, que no deve provocar danos ao embrio. H estudos que
indicam os procedimentos necessrios para preparo das sementes e produo de mudas
(LOCATELLI, et al, 2005; MULLER, et al, 1995).
33
Diretrizes tcnicas para Tratamentos silviculturais e manuteno do castanhal
4.1.1. Realizar o corte de cips em castanheiras que apresentem copa muito infestada e comprometida;
4.1.2. Manter as trilhas ou caminhos de acesso livres de impedimentos, evitando abertura de novos caminhos e considerando as prticas tradicionais locais para
abertura e limpeza;
4.1.3. No utilizar fogo para limpeza do castanhal. Recomendao tcnica 1: O corte de cips deve ser feito tambm em castanheiras jovens que
ainda no produzem frutos. O objetivo do corte de cips liberar as plantas jovens para que
cresam e se desenvolvam sem impedimentos e para as rvores produtivas favorecer a
produo uma vez que o lanamento de folhas novas est diretamente relacionado com a
florao e conseqentemente a produo de frutos. Dessa forma, no se recomenda o corte de
cips se no for para esses dois objetivos.
Recomendao tcnica 2: recomendvel o plantio de mudas de castanheira como forma de
enriquecimento do castanhal, no entanto preciso considerar a qualidade da muda por meio do
conhecimento das rvores matrizes.
O Plantio de Mudas
O Plantio de mudas a partir de sementes de origem conhecida ou enxertos uma
estratgia para aumentar a densidade de rvores no castanhal e com isso favorecer a
produo de frutos no futuro.
Estudos tm mostrado que uma pequena poro de rvores do castanhal responsvel
pela maior parte da produo, isto indica que a maioria das arvores so pouco
produtivas. Desta forma, no recomendado utilizar qualquer semente para a produo
de mudas destinadas a plantios que visem aumentar a produtividade de frutos.
A coleta de sementes deve ser feita em no mnimo 20 rvores bem produtivas (mais de
cinco latas) e com caractersticas desejveis como, por exemplo, frutos fceis de
quebrar.
34
4.2. Monitoramento da produo
A regenerao natural e a produtividade do castanhal devem ser acompanhadas durante as
atividades realizadas na floresta ao longo do ano pelo extrativista, com a anotao em cadernos
ou fichas de campo, com o aparecimento de mudas, plntulas e varetas.
Diretrizes tcnicas para Monitoramento da produo
4.2.1. Anotar a cada safra o nmero de rvores realmente coletadas e a quantidade de
castanha produzida;
4.2.2. Sempre que possvel o produtor deve fazer anotaes sobre eventos que possam
afetar a manuteno (regenerao e queda de rvores/copa) e a produtividade do
castanhal.
Recomendao tcnica: quando possvel o produtor deve anotar a produo por
rvore visitada.
Observao: A unidade de medida deve ser a utilizada na regio - quilo, hectolitro,
saca.
35
8. Bibliografia consultada
ALECHANDRE da Rocha, A. ANLISE DOTRANSECTO-TRILHA: Uma Abordagem
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39
9. Colaboradores do processo de discusso e consolidao das diretrizes e recomendaes
tcnicas para boas prticas de manejo para o extrativismo sustentvel orgnico da castanha-
do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.)
Cristina Galvo Alves Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (CENAFLOR/SFB)
Fabrcio Nascimento Ferreira Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Par
(IDEFLOR/PA)
Htel Leepkaln dos Santos Diretoria de Extrativismo (DEX/SEDR/MMA)
Iranildo C. Siqueira Secretaria Executiva de Florestas e Extrativismo (SEAFE/SDS/AM)
Ktia Gonalves Diretoria de Florestas (DFLOR/SBF/MMA)
Kelceane Azevedo Centro dos Trabalhadores da Amaznia (CTA/AC)
Kleber Perotes EMATER/PA
Lcia Helena O. Wadt Embrapa Acre (Projeto Kamukaia)/AC
Nadiele Pacheco Instituto de Desenvolvimento Agropecurio e Florestal do Estado do Amazonas
(IDAM/AM)
Patrcia de Oliveira Leite COOPERAGREPA/Mato Grosso
Roco Chacchi Ruiz Plano Nacional de Produtos da Sociobiodiversidade (MDA)
Rodolfo Constantino Gerncia de Florestas Comunitrias/ Servio Florestal Brasileiro
Sandra Afonso Gerncia de Florestas Comunitrias/ Servio Florestal Brasileiro
Sidney Ramos Gerncia de Monitoramento/Servio Florestal Brasileiro
Virgnia de Souza lvares Embrapa Acre (Projeto Kamukaia)/AC
Contribuio e Reviso Tcnica
Cristina Galvo Alves (SFB)
Lcia Helena O. Wadt (EMBRAPA ACRE)
Nadiele Pacheco (IDAM)
Virgnia de Souza Alvares (EMBRAPA ACRE)
Facilitao da Oficina
Luciana Rocha GTZ/MMA
Reviso do contedo do Documento Base
Anna Fanzeres (SFB)
Cristina Galvo Alves (SFB)
Luciana Rocha (GTZ/MMA)
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9. ANEXOS
ANEXO I - Exemplo de ficha de campo
Local: ________________________ Produtor:_______________________________________
Responsvel pela coleta dos dados:_______________________ Data: ____/____/_____
rea do castanhal (ha): ___________________________
Identidade Posio
CAP J
Produz? Copa*
Prod.
estimada Obs
Leste Oeste
B Q R
* B = boa; Q = quebrada; R = ruim
Ilustraes sobre o estado da copa das castanheiras
ANEXO 2 Lista dos participantes da Oficina de consolidao das boas prticas de manejo
florestal no madeireiro da castanha-do-brasil (realizada em Braslia, de 25 a 27 de agosto de
2010).
Nome Instituio Email
Kleber Perotes Emater PA kleberperotes@yahoo.com.br
Virginia de Souza Alvares Projeto Kamukaia -
Embrapa Acre
virginia@cpafac.embrapa.br
Iranildo C. Siqueira SDS/AM iranildo@sds.am.gov.br
Fabricio Ferreira IDEFLOR/PA fabrcio.ideflor@gmail.com
Nadiele Pacheco IDAM/AM npacheco@idam.am.gov.br
Lucia Helena O. Wadt Projeto Kamukaia -
Embrapa Acre
lucia@cpafac.embrapa.br
Patrcia de O. Leite Cooperagrepa/MT patriciacooperagrepa@yahoo.com.br
Rocio Ruiz PNPSB/MDA rocio.ruiz@consultor.mda.gov.br
Rodolfo Constantino SFB rodolfo.constantino@florestal.gov.br
Cristina Galvo Alves CENAFLOR/SFB cristina.alves@florestal.gov.br
Htel Santos DEX/SEDR/MMA hetel.santos@mma.gov.br
Sandra Afonso GEFLOC/SFB sandra.afonso@florestal.gov.br
Ktia Gonalves DFLOR/SBF/MMA ktia.goncalves@mma.gov.br
Sidney Ramos SFB sidney.ramos@florestal.gov.br
Julio Roma IPEA julio.roma@ipea.gov.br
Kelceane Azevedo CTA kelceane@cta-acre.org
mailto:kleberperotes@yahoo.com.brmailto:virginia@cpafac.embrapa.brmailto:iranildo@sds.am.gov.brmailto:fabrcio.ideflor@gmail.commailto:npacheco@idam.am.gov.brmailto:lucia@cpafac.embrapa.brmailto:patriciacooperagrepa@yahoo.com.brmailto:rocio.ruiz@consultor.mda.gov.brmailto:rodolfo.constantino@florestal.gov.brmailto:cristina.alves@florestal.gov.brmailto:hetel.santos@mma.gov.brmailto:sandra.afonso@florestal.gov.brmailto:ktia.goncalves@mma.gov.brmailto:sidney.ramos@florestal.gov.brmailto:julio.roma@ipea.gov.brmailto:kelceane@cta-acre.org
ANEXO 3 Programao da Oficina para consolidao das boas prticas de manejo
florestal no madeireiro da castanha-do-Brasil
1. Objetivo Geral: Consolidar um protocolo contendo diretrizes tcnicas para boas prticas de
manejo florestal da castanha-do-Brasil em conjunto com pesquisadores da Embrapa (Rede Kamukaia),
instituies de fomento e apoio ao manejo florestal no madeireiro, alm de representantes de
organizaes produtivas.
2. Objetivos Especficos:
Discutir e descrever de forma consensual requisitos tcnicos que orientem cada etapa do
manejo florestal da espcie
Consolidar e validar um conjunto de diretrizes tcnicas e recomendaes para a etapa do
manejo florestal da espcie
3. Nmero de Participantes: aproximadamente 22 pessoas
4. Pblico Alvo: Pesquisadores da EMBRAPA (Projeto Kamukaia), agentes governamentais
estaduais e federais, representantes das organizaes produtivas
Embrapa Rede Kamukaia
SDS/AM
IDAM/SDS/AM
IDEFLOR/PA
SFB
MMA DFLOR/SBF e DEX/SEDR
MAPA COAGRE
MDA SAF
IBAMA SEDE DBFLOR
Conselho Nacional dos Extrativistas
(CNS)
CTA Acre
COVEMA
COOPERAGREPA
PNUD MT
EMATER Par
5. Perodo: 25 a 27 de agosto de 2010
6. Local: Auditrio 2 do IBAMA SEDE, SCEN TRECHO 2, Braslia-DF
7. Programao
Dia do
Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia
25 de
Agosto Manh
Abertura
09:00 -
09:45
Boas vindas feita pelos
representantes das instituies
parceiras
Jorge Ricardo Gonalves
(COAGRE/MAPA);
Claudia Calorio
(DEX/MMA); Hlio
Pereira (DFLOR/MMA);
Tatiana Deane
(EMBRAPA); Hlio
Pontes ((SFB)
Cada representante comenta
brevemente a insero e
importncia da temtica no
contexto institucional
Apresentao dos participantes Conduo feita pelo
Moderador
Apresentao: nome e
instituio que representa
09:45 -
10:00 Apresentao da pauta
Conduo feita pelo
Moderador
Instrues gerais sobre
desenvolvimento dos trabalhos,
horrios, local de almoo e
regras de convivncia
Intervalo 10:00 -
10:15
Dia do
Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia
Seleo das
espcies
prioritrias para
estabelecimento
de diretrizes
tcnicas de
manejo
10:20 -
10:35
Sntese da metodologia adotada
para seleo das espcies Sandra Costa (COAGRE) Apresentao de 15 minutos
Apresentao do
Documento
Base para
castanha
10:35 -
11:00
Proposta de diretrizes tcnicas para
o manejo florestal da castanha Sandra Costa (COAGRE)
Apresentao de 15 minutos e
abertura para perguntas e
respostas
Apresentao da
metodologia a
ser utilizada para
consolidao das
diretrizes
tcnicas
11:00 -
12:00
Dinmica da oficina e o passo a
passo para cada etapa do manejo da
castanha
Moderador
Explicao de como sero
conduzidos os trabalhos da
Oficina em 30 minutos e
abertura para perguntas e
respostas
Almoo 12:00 -
14:00
Dia do
Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia
Tarde
Diretrizes
Tcnicas para
Primeira Etapa:
Pr-Coleta
14:00 -
16:00
Trabalhos em Grupo: Conjunto de
diretrizes tcnicas propostas para
Primeira Etapa: Pr-Coleta
Moderador+apoio
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Pr-Coleta fazendo
suas contribuies e
recomendaes
Intervalo 16:00 -
16:15
Continua
trabalhos em
Grupos para Pr-
Coleta
16:20 -
17:20
Diretrizes Tcnicas para Primeira
Etapa: Pr-Coleta Moderador+apoio
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Pr-Coleta fazendo
suas contribuies e
recomendaes
Encerramento do
dia 18:00 Encerramento do dia Moderador
26 de
Agosto Manh
Diretrizes
Tcnicas para
Segunda Etapa:
Coleta
8:30 -
11:30
Diretrizes Tcnicas para Segunda
Etapa: Coleta Moderador
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Coleta fazendo suas
contribuies e recomendaes
Intervalo 10:30 -
10:45
Dia do
Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia
Continua
trabalhos em
Grupos para
Coleta
10:45
11:30
Diretrizes Tcnicas para Segunda
Etapa: Coleta Moderador+apoio
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Coleta fazendo suas
contribuies e recomendaes
Almoo 12:00 -
14:00
Tarde
Diretrizes
Tcnicas para
Terceira Etapa:
Ps- Coleta
14:00 -
16:30
Diretrizes Tcnicas para Terceira
Etapa: Ps-Coleta Moderador
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Ps-Coleta fazendo
suas contribuies e
recomendaes
Intervalo 16:30 -
16:45
26 de
Agosto Tarde
Continua
trabalhos em
Grupos para
Ps-Coleta
16:45 -
17:30
Diretrizes Tcnicas para Terceira
Etapa: Ps-Coleta
Moderador Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
da Etapa Ps-Coleta fazendo
suas contribuies e
recomendaes
Encerramento do
dia 18:00
Dia do
Evento Perodo Tema Horrio Contedo Palestrante / Moderador Metodologia
27 de
Agosto
Manh
Diretrizes
Tcnicas para as
Etapas Tratos
Silviculturais e
Monitoramento
8:30 - 9:30
Diretrizes Tcnicas para Etapas
Tratos Silviculturais e
Monitoramento
Moderador + Sandra
Cada grupo roda por cada
atividade (descrita em painis)
das Etapas Tratos Silviculturais
e Monitoramento fazendo suas
contribuies e recomendaes
Intervalo 09:30 -
09:45
Consolidao
das Diretrizes
Tcnicas para
cada etapa do
manejo
09:45
11:30
Sntese de todas as diretrizes
tcnicas de cada etapa para
consolidao em plenria
Moderador + Sandra
Almoo 12:00 -
14:00
Tarde
Continua.... 14:00 -
16:00 Sntese Moderador + Sandra
Avaliao e
Encerramento
da Oficina
17:00
8. Metodologia
A metodologia a ser utilizada durante a oficina contempla:
Apresentao dos participantes: cada participante informa seu nome, a instituio de
origem, sua rea de atuao;
Apresentao da programao/Informao sobre a pauta da oficina: sero
apresentados os objetivos da oficina e os resultados esperados. Ser explicado o roteiro
metodolgico, detalhando cada uma das etapas a serem realizadas. Sero apresentados
tambm os horrios e as regras de convivncia.
9. Avaliao
O processo de avaliao desta oficina abordar to somente um aspecto, o da relevncia dos
resultados alcanados. Esta avaliao ser feita ao final da oficina.
10. Material a ser distribudo
Documento base contendo o conjunto de diretrizes tcnicas propostas para o manejo florestal no
madeireiro da castanha-do-brasil