Post on 22-Jul-2020
ÂÂRTE
ANNO VIII
NUMERO 179
,/
MUSICAL
REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
Praça dos CJ?..estauradores, 43 a 49 LISBOA
'
A AR TE ~iUSICAL Publicação quinzenal de musica e theatros
LISBOA
/4b.~s. Boulevard Poissonniere.
CorT?mendador da ordem de Christo (1894) i Fabricação annual ........ . .................... . 3:000 pianos t
113:000 l) J
* Producção até hoje .................... ........ .
Exposição Universal de Paris (1900) Membro do Jury-Hors concours
A ARTE MUSICAL Publicação quinze n al de music a e theatros
LISBOA
~Af(h j4Af(~T FABRICA DE PIANOS-STUTTGART
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A casa CARL HARDT, fundada em 1855, não constroe senão pianos de primeira ordem, a tres cordas, armados em ferro bronzeado e a cordas cruzadas, segundo o systema amen·cano.
Os pianos de CARL HARDT, distinguem-se por um trabalho solido e consciencioso; a sonoridade é brilhante e syrnpathica, o teclado muito elastico, a repetição facil e o machinismo aperfeiçoado; conservam admiravelmente a afinação, e a construcção é cui~ada de fórma a resistir a todos os climas.
A casa CARL HARDT, obteve recompensas nas seguintes exposições: -Londres, 1862 (diploma d' honra); Paris, 1867; Vienna, 1873 (medalha de progresso, a maior distincção concedida); Santiago, 1875; Stuttgart, 1881; etc., etc.
Estes magnificos pianos encontram-se á venda na CASA LAMBER-TINI, representante de CARL HARDT, em Portugal.
A. HARTRODT SÉDE: HAMBURGO - Dovenfleth, 40
Expedições, Transportes e Seguros )laritimos Serviço combinado e regular entre:
Hamburgo-Porto-Lisboa Antuerpia-Porto - Lisboa
Londres -Porto - Lisboa º Live1.·pool-Porto -Lisboa
Serviço regular para a Madeira, Brazil, Colonias portuguezas d' Arrica, etc.
Promptlfica-se gostosamente a dar qualquer informação que se deseje.
A. HARTRODT-Haillburgo
ANNO VIII Nu~trno i79
Restaurat1i A 4 9 ores
Editor
J\lichel'a11gelo L,m1berti11i Tj'~ . d) -"~~U8!) ) Co:n:n.~i.ai e. da C!io~;a, 3 José [\'icolmt PombJ
SU~nlARIO: - , amuei Rousseau - ,\musica italtana - :\otas vagas Os nossos pensionista> no <!Strangeiro -Concertos - :\oticiario - Nccrologi.i.
SAMUEL ROUSSEAU
E' uma das figuras interessantes da moderna escola franceza, que desappareceu, infelizmente, no pleno vigor da vida, quando tud o fazia suppôr
que lhe estivessem rese rvado~ os ma is brilhames destinos.
Samuel Rousseau, filho do celebre fabricante d'orgãos do mesmo appell ido, nascera em Neuvemaison tAisne) em 1853.
Teve o prix de Rome em 1878, e á volta foi seotarse ao lado do seu antigo mestre, Cesar Franck, na cape 11 a de Santa Clotilde. Comec ou então por > ' consagrar-se a composição da musica religiosa, onde egualou os mais illustres, dotando a egreja de canticos de sublime be lleza, que basta riam par a consagrar a sua memoria. Mas a co~posição drama ttca de tal modo o attrahia, que a ella dedicou exclusivamente os ultimos annos da sua curta, mas gloriosa .e bem preenchida vida d'artisrn.
Laureado no concurso Crescent, deu Dianorah á Opera Comica; mais tarde, com o
primeiro premio no concurso da cidade de Paris, escreveu Màovig, drama lyrico que o Grand-Thédtre da rua Boudreau apresentou como obrn symphonica e mais tarde Ol> theatros de 1 ancy e de Brest como ohra dramatica.
A Grande Optra representou, em 1 ~98. de Samuel Rousseau La Cloche du Rlun, trabalho de elevada concepção e de bellissimo esty lo, cuja clareza, sinceri_dade e en -
. canto foram larga e unanimement~ louvadns pela critica parisiense.Foi n'essa obra que a cdebre AinoAckté fez a sua primeira creacão no rngestivo papel d' Herwine.
A ultima obra theatral do conceitua do mestre francez era baseada n'um drama corso, extrah · ido d'uma novella de Em manuel Arene, com o titulo de Le Dernier Bandit.
Não chegou a ser representada, que nos conste.
No dizer dos jornaes francezes que temos pre
sentes, Samuel Rousseau era dotado de caracter lealissimo e de inte lligencia preclara, devendo só á sua actividaúc incansaYel e ao seu bello talento a marcha ascencional dos seus triumphos.
1 3o A ARTE M.us1 CAL
R musiea Italiana ( CONCl.L" SÃO)
ACO~IPANBAMOS até aqu i as mais sym
ptomaticas manifestações musicaes do theatro italiano contemporaneo. Não insisti remos sobre o caracter
que o distingue no recente movimento musical da França, úa Russia e da Allema nha.
T ende esse movimento cada vez ma i~ para a symphonia. que pode n:vestir a fo rma de symphonia pura, de poema sym phonico ou de simples preludio.
Esta tendencia geral ~orresponde na pintura ao préraphaelismo de 1840 e ao ad vento de Rod in, em França. Proclama os direitos da dominaciio da vida interior con tra a exte rioridade do sen timento e contra o cul to do gesto.
Prende-se com o idea l da musica que antecedeu a opera e que foi religiosa com Palestrina e Bac h e dramatica com Claudio Monteverde, da mesma forma como os préraphaelisras se subordinaram á arte profunda dos percursores de Raphael. Com toda a desordem das personalidades indisciplinadas, o esforço dos musicas parece preparar em todo o mu:1do culto a grande realisacão do drama musical do futuro. Depois 'de \Vagncr e salvo raras excepçóes, nenhuma fo rma theatral pode sa tisfazer as necessidades logicas da esthe tica actual.
A lta lia po rém fechou-se nas velhas fo rmulas. A 11ecess1dade melodica d'este paiz, de que o proprio Spontini foi uma das vic timas, perpet ua-se pela perniciosa educação musical dos italiano5.
São rarí ssimas na Italia as grandes audições orchestracs; nunca existiram, como em França, os concertos dominicaes que são como que um templo de refugio pa ra os espíritos insatisfeitos e anciosos de belleza.
A eJucacão musical é falseada com a excessiva admiracão das operas do seculo passado e com o desconhecimento das obras primas da orchestra, desde Bach até aos príncipes das modernas escolas russa e franceza.
Com uma tão debil cul tura artistica nunca a exaltação creaJora poderá exprimir a essencia tragica do drama; Jimitar-se-ha a decorai-a, sem conseguir dar-lhe a Yerdadeira interpretacão. Toda a musica que, com os mil reéu rsos das combinacões orchestraes, não trouxer, da maneirá a mais palpavel e cla ra, algumas flôrsinhas de melodia p'1ra, não é comprehensfrel e sobre tudo não falia ao coração.
O dito é conhecido e mais ou menos re-
petido em toda a parte ... porque, di.ga-se a verJade, na Russia tambem se adora a opera italiana, em Franca acolhem-a com todas as honras e mesmo' nas scenas imperiaes de V1enna e Berlim não raro se admitem e benevolamente 5e acceitam.
i\las os russos teem as symphonias de Borodine e os poemas orchestraes Je Rimski Korsélkoff, de Glazounow e de Balakirew: os francezes, ao lado dos profanadores e dos mediocres que seguem a tradicção da musica que falia ao coração, teem a obra de Berlioz. de César Franck, de Vincent d'Indy, de Debussy, de Dukas ; os a llemães tem Bruckner, tem Ricardo Strauss, não contando uma pleiadr. ae symphonistas como Goldmark, Gustavo Mah ler, Gernsheim, Max Schillings e não sabemos quantos mais.
Ohstina-sc a ltalia em segu ir o seu mau caminho. Ha no cmtanto em quasi todas as suas capitaes grup.os de talentos avançados que fundaram sociedades de concertos para propagar a cultura severa e fecunda da musica pura.
Houve mesmo um tentativa pessoal por parte do joven maestro Veneziani, que escreveu melologos sobre as J yricas do poeta Domenico Tumiati.
Dois musicas de talento, Sgambati e Martucci, compuzeram bôas obras orchestraes. Martuccci e T oscomini, excellen tes directores d'orchestra e o conspicuo historiador musical Luigi Torchi continuam com a sua sapiente actividade o sonho wagneriano, concebido em Bolonha, na douta Bolonha, que fo i a primeira a a..:olher na Italia o encanto irresistivel da musica do norte.
Na musica sacra é que a Jtalia manifesta muito desejo de uma renovação. O cardeal Sarto, hoje Pio X, admirou as oratorias do maes tro Perosi, em que se revelava uma personalidade musica l e poetica muito notavel e deu-lhe a capella Marciana, de Venesa .
Ac tualmente, como se sabe, D. Lorenzo Perosi é m~stre da capella Sixtina e no desempenho d'esse elevado encargo, qual será o caminho que elle segui rá por fim ?
O famoso motu-proprio que partiu de Roma com o intui to de restituirá musica religiosa a primitiva forma gregoriana, interdisia na egreja a musica orchestral e quasi considerava como anti-religiosa a missa em ré de Beethoven e as proprias oratorias do abbade Perosi.
Afinal foi revogado o decre to, ou pelo menos modificado nas suas partes mais essenciaes e quem sabe SI! por causa da revol ta sil enciosa dos proprios mestres da capella Sixtina.
E ' positivo que o maestro Perosi segue
A ARTE MUSICA t i3 I
as suas ideias de remodelacão da musica religiosa e annuncia-nos nóvas oratorias. Encontrar-lhe-herr.os a tão p:-econisada polyphonia vocal á m~neira de ~alestrina ou ainda a orchestra tao pathet1ca e o canto cão dramatico da!' precedentes?
Essas oratorias, emanando directamente de Bach, foram uma grande promessa. a R essurreição de La;aro e no Nata/e, algumas passagens dos córos e certas desc~ipçóes orchestraes, como por exemplo a none dos pastores na ultima que citamos, são d'uma tal energia dolorosa e a rdente, que a passionalidade drama.rica do compositor, servija por uma nobre polyphonia orchesrral, torna-se por vezes angustiosa. O côro Jucundavit filia Sion, do Nata/e, é d'um tal movimento dramatico que com certeza a divina serenidade immovel de Bach ou a profundeza metaphisica de Beethoven o não teriam de certo acceitado para os seus impulsos theistas. Mas Perosi, como Berlioz, é um musico christão, vibrando excessivamente com toda a anciedade e com toda a febre dos tempos que vão correndo ...
Este joven maestro, cuja sinceridade é positiva, uma vez que possua todos os seus meios de expressão, que amadureça as suas facu ldades com o estudo constante das obras primas que re velam a progressiva riqueza dos processos musicaes, e que se purifique de algumas facilidades melodicas, a que o .arrasta a fatal idade da raça, poderá talvez tazer bro tar da sua alma alguma bella e elevada inspiracão, qL:e tolha o paso:;o a essa pleiade de êompositores dramaticos, que fazem musica como os napolitanos tocam bandolim - com demasi::da facilidade.
Apezar d'essas raras excepcóes que apontamos, a que se poderá ainda juntar a Sociedade Bach (Roma), n o genero da Schola Cantorwn de Paris, e uma que outra Sociedade de Quar tetos, não é menos verdade que as forcas vivas da musicalidade italiana se dirigem' com marcada e excessiva preferencia para o theatro, onde se não faz senão perpetuar as fraquezas e erros da opera elementar.
A musica continua a ignorar o papel que tem de desempenhar ao lado das outras artes; continua a revesti:- assumptos banaes com um tecido qualquer de sons, sendo certo ctue o producto de tão mesquinha orientacão não pode satisfazer senão alguns sentiméntalismos e alguns sensualismos de baixa cotacão.
Apezar de tudo a Italia conse1 va certos focos de crenção, d'onde amda pode brotar alguma luz. Em 1 apoies por exemplo, entre muita hanalidade musical, que o publico dora e que os emprczarios se apressam em
adquirir, as festas de Piedi~rotta 1 iram de tempos a tempos da alma d\1m povo alewe, descuidado e voluptuoso, lindas melodias que repetem a ternura infinita da celebre cancão attribuida a Bellin i e a divina melancoliâ da musica italiana, quando ainda não tinha cedido o logar á opern vulgar e destruidora . . .
Se por uma cul tura orchestral semelhante á dos tres paizes que disputam a primasia da creacão contem poranea, a Franca , a Allemanha e a Russia, os italianos busc'arem refazer a ~ua actividade artistica e fundar instituicóes efficazes, como são, entre outras, as' audições orchestraes subvencionadas pelo governo, podem vir ainda' a ser dignos das bôas tradições da sua historia musical.
Quem sabe? A historia das artes é cheia de surprezas extraordinarias.
Foi com o canto italiano que Mozart adocou e enriqueceu a rigidez orchestral da Allemanha; e foi com essa orchestra subtilisada que Bee thoven f cz a sua obra de gigante.
Um genio que tivesse a consciencia do seu tempo e da fatal evolução das artes, poderia talvez um dia unir a melodia italiana, purificada, por qualquer forrr.a transformada, ás mais complexas bellezas da sciencia harmonica e sobretudo ao sentido philosophico do drama, que já não ha di . re!to de pô r de parte, na epoca de hoje.
Spera11ra é v1ta . .. .
(Lrad. livre) R. C.
CARTAS A UM A SENHORA
LXXXVIll
De Lisboa
Embora tarde, quero falar-lhe d'uma festa altamente suggestiva e sympa thica que a Liga l'ortugueza da Paz realisou para commemorar o anniversario da conferencia da Haya.
Duas illustres senhoras tomaram a palavra n'essa sessão, que, já agora, fi.:ará sendo uma sessão historica, e tan to a sr.• D. Maria do Carmo Lopes, que na qualidade de medica leu algumas conceituosas e interessantissimas pagin as consagradas á educação hyg1enica das creanças, como a sr.ª D. Olga de Moraes Sarmento, que n'um formosissimo trabalho a respeito do feminismo descreveu este em levantadas e luminosas
A ARTE Mu ICAL
syntheses: - ambas honraram o seu sexo e ~ ictoriosamente den1onstraram que, louvado Deus, na mulher portugueza são cada yez em maior numero as que procumm servir a civilisação e trabalhar para o ruturo. -
Calculo que esses dois trabalhos serao impresso~, e então a minha amiga terá ensejo de ver que em nada eu exagero, reputando as suas auctoras duas representan tes benemeritas da adoravel irmandade a que V. Ex.• pertence, irmandade que impondose sempre pelo coraç5o e pela belleza principia, ainda bem, a impor-se tambem entre nós pelo talento e pelo sabe r.
Vae por feliciJnde passada a antipathica e lamentavel quadra em que meia <luzia de pre tendidos espíritos superiores, dogmaticamente haviam decretado a inferio ridade das mulhe res nos superiores domínios do pensamento, e gloriosos nomes femininos assignalando-se em todas as manifestações da actividaJe intellectual, devem, para todo o sempre, ter convencido os mais renitentes da absoluta competencia d'este tão detrahido sexo para toda a ordem de locubracóes scientificas. '
Com uma facil erudi cão ao alcance de qualquer, já isso se poderia verificar, na antiguidade com a recordacão de IIypacia na Alexandria e da bella Theano na Grecia. E na edade media lembremo-nos de Christina de Pisano, e em especial da formosíss ima
ovclla encarregada de cursos na Cniversidade de Bolonha, a qual teve a honra de explicar as Decretaes a Petrnrcha, que apesa r de não morrer de amores pela jurisprudencia, vinha ouvil-a com al\'oroço.
Verdade seja que talvez a belleza d'ella tambem para isso concorresse, pois que o município em tal coo ta tinha essa belleza que permittira o emino á illustre doutora - mas á cautela separando-a dos ouvin tes por meio d'um co rtinado .. .
E como esta, ou, me~mo sem serem como esta, quantas mais!
Maria Caetana Agnesi por exemplo é a honra eterna das mulheres italianas, e n 'esta nossa península batalhadora e aYentureira mais de uma senhora or.cupou as cathedras das universidades castelhanas, e entre nós apontam-se ainda os nomes de Paula Vicente e das irmãs Sigéas.
Em 1763, vejo agora mesmo n'um curioso artigo con tado que Poulain de la Barre, feminista en thusinsta, publicava um livro sobre a Egualdade dos sexos, e o auctor do artigo, o professor 1 Ienri Pie ron, pretende que Poulain foi mais longe no seu assumpto que a maioria dos publicistas que modernamente o teem tratado.
Emfim, para lustre da grande e incon-
fun.fü·e) nacão que é a Franca, a gloriosissima senhora' que teYe a venc(ira de partilhar do nome e da obra do mallogrado e inesquecivcl Curie, e ngora tem a dcs\'entura de o chorar, vae occupar uma cadeira ao lado dos mais co nsagrados nomes mascu linos da sciencia francez-t e continuar a obra dos dois inte rrompida pela brnta e cega fatalidade ...
Depois d'isto, é justo que se or9ulhem senhoras como aquellas que me mspiraram estas linhas, qu::: pallidamente traduzem o sincero jubilo e o fe rvente interesse com que as escutei e applaudi, e com que as ncompanho nos seus ideacs.
E ouvindo-as, e saboreando e meditnndo alguns dos ensinadores conceitos com que esmaltaram as paginas que nos leram, pensava eu que ás vezes os grandes philosopbos e os altissimos poetas tambcm se permitti ram a sua necedade, como aquella de Menandro, escrevendo: serás foliz sem mulher, ou aquella de Horacio, e~clamando: nada chega ao celibato.
Ah! J\ l ~nha amiga, dá realmente vontade de perguntar aos venernndos mnnes d'estes antepassados illustres se acaso elles não ti\'eram mãe, ou se tendo-a, e lia não era mulher ...
E para não finalisar com uma nota amarga, permitia-me ind icar-lhe duas inte ressan· tes exposicóes de esculptores: a de Thomaz Costa, qué entre outras obras nos dá a admiravel esta tua da sua formos íssima Hebel, onde condensou n um trecho de marmore, uma faisca da soberana belleza, ao mesmo tempo que em pequenas manchas de pintura em que para desfas tio repouson a mão, mostr.ou querer rearnr a tradição dos antigos pm tores esculptores da Renascenca; e a de Teixeira L opes, que, mestre conságrado, mais uma vez deslumbra os nossos olhos com a reducção de alguns dos seus incomparaveis trabalhos, que são sempre sobe rbos primores de inspiração e de factura.
"es ta ultima exposição nde ja tambem por sob re algumas divinas obras do genial .. oares do Heis a sombra sagrada d'este artis ta maximo, e entre a alma do esculptor vivo e a d 'aquelle que a desgraça tragica mente nos a rrebatou devem em certos momentos trocar-se estranhas e amoraveis confidencins, feitas de poesia t de sonhos ...
E agora, mal me parecia, boa amiga, se eu não tivesse ao menos uma palavra dolente e uma lagrima sentida para esse tão
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brioso, tão nobre, tâo aprumado amigo morto, o Conde de Arnoso, João, cujo caracte r temperado na mais acendrada fidalguia de virtudts e enriquecido pela mais preciosa elevação de acções e de pensamentos, passou na vida provado pela to rt_ura, e deixou n'ella um doloroso rasto de msubmersivel tristeza, que só te rá a esbatei-o esse ou tro rasto, luminoso e inapagavel, de uma bondade que não se esgotava e de uma consciencia que não se confu ndia.
Possam os q11e cá ficaram a chorai o, ver succeder-se á negra hora do presente o pacificante embora melanchol ico luar da saudade, da saudade que de certo nos faz soffrcr mas lentamente dulcifica a nossa dor ...
AFFONSO VARGAS.
Os nossos pensionistas no estrangeiro Damos com o maior prazer publicidade
aos seguintes documentos, que a ttestam a appl icaçf.o dos talen t~sos alumnos Hernani Torres e David de ::>ousa, duran te o seu pensiona to, e o proveito que reem auferido dos seus trabalhos na J\llemanha.
O sr. Hernani Martins Torres, do Porto, pianhta e musico muití ssimo ta lentoso, pertence ha anno e meio á minha classe privada de piano, e este mancebo, muit issimo applicado e zeloso, dá -me grande prazer ; a sua execucão, já hoje, é tal , que deixa prever um futuro opri mo pan este artista.
Deus qu eira que lhe sej c. possivel acabar os seus es tudos até chega r ao fim da sua ca rreira de conccrti'lta.
<]( T eic/11niil!er. Profc•~or d! piano no Consen·atorio Real
de l\lusi.:a. Lcip/.1g. 30-maio- 1905.
2 .º
ü abaixo assignado a rresta por este meio que o sr. David de Souza prosegue os seus estudos com muita applicação e zelo exem piar, de fo rma, que a fundada esperanca é, que o sr. Davi d de Souza, aj udado pelo seu talento. consegu irá em breve ter um nome entre os primeiros violoncell istas da actualidade.
Julius Klengel Leipzig. 26 - maio - 1906. (Segue o reconhecim~nto.)
Delicioso o concerto de 1 d'este mez em casa do nosso amigo o dr. Alberto Pedroso.
Sua esposa, a eminente pianista D. E lisa Baptista de Sousa, tocou tres encan tadores trechos de Chopin, uma mazurka, uma polonaise e um nocturno, que são das melhores paginas de quem tantas escreveu, inesquecíveis e a fo rma por que ella os tocou foi, como sempre, empolgante e impeccavel.
Alma de verdadeira artista, servida por uma intelligencia educaçla e viva, ella mais uma vez nos deu um a grnnde alegria , a alegria de podermos chamr.r-lhe com justiça uma authentica gloria da nossa te rra.
D. Sarah Ferreira Marques, n'um trecho de Quaranra, n'uma aria da apho de Massene t e n'umas preciosas quadras populares postas em musica por esse clurrmeur que é Oscar da Silva, mostrou se a adm iravel cantora que a Lisboa musical ou ve com assombro e applaude com delírio, e Antonio Lamas, no Piais ir d' A111011r de Martini, no Cantabile de Loca telli, no M11111etto de Milandre e no outro de que elle proprio é auctor e que sendo um mimo de graça, de leve~a e de inspi ração merece já agora as honras de uma peca, reclamada sempre que quem a com poz ' nos dá o prazer de o o uvirmos, teve-nos, com a sua viola d'amor, presos da magia do seu sobe rbo instrumento e dos sons que d'elle arranca.
A estes tres nomes que são para a Arte Nlusical os de tres indi vidualidades especialmen te queridas, veio juntar-se Augusto Rosa dizendo, como elle sabe dize r, alguns primorosos versos de João da Camara, Raymundo Correia, e outros.
Emfim uma noire inte iramente cheia das mais puras e das mais delicadas vibracóes d'arte; d'essas que faze m esquecer os rÚdes momentos que mais ou menos enchem a vida.
Foi muito auspiciosa a primeira audicão das alum nas de l\J.elle Adelina Rosenstok, que se effectuou na casa da sua residencia em 3 do corrente mez.
O programma era bastante vasto e a sua execução proporcionou ás pequenas educandas um fa rto quinhão de applausos, que, com certeza, as inci tará a proseguir com ardor nos seus estudos. Esta primeira prova deve ter dado in teira satisfação á organisa-
A ARTE i\Ius1c \L
dora da audição, que é, como se sabe, uma das mais conspicuas professoras da moderna geração, e uma das mais conscienciosas discipul as de n.ey Colaco, no piano, e de Andres Goni, no violino. '
Além das discipulas de piano, umas doze, tamhem figuraram os srs. Eduardo e João .\ladail, como alumnos de vio lino, a sr. ª D. A. ChaYes Cruz, como cantora, e a menina Hermina Rosenstok, irmã da promo tora e disc1pula de 1\1.me ~lartinez, na harpa.
O professor Rey Colaço, que c;e achava presente, executou tambem um numero de musica, em homenagem á sua ex-discípula .
Na deliciosa e artística vivenda que o nosso querido amigo e illustre co!laborador
José Relvas acaba de fazer construir em Alpiarca, realisou-se e m 3 d'este mez um concer'to organisac_10 pelos directores-fundadores da Sociedade de musica de camara, para solemnisar a inauguração do sumptuoso salão de musica, qu e constitue uma das peças mais notaveis da refe rida vive nda e de que a nossa gravura rep resenta um interessa ntíssimo annexo.
Obedece a decoracão d'esse salão ao estylo Renas~ença, no se'J periodo mais puro; o fogão de marmore branco de Coimbra, o mobiliario em que a talen tosa goiva de Jos~ Maior recortou preciosas talhas e o
admirave l lustre de Veneza que adorna o centro da peça bastari am de per si só para dar-lhe um grande ar fidalgo e socegado, adequado, a mais niío ser, a esse vago e subhme devaneio, que se chama 111usica intima, . sonho levemente perturbante que só raros privilegiados sabe m sentir e comprehender. Mas José Relvas, como finíssimo admirador d::t Arte em todas as suas manifestacões, quiz rodear-se, n'esse bello santuariÓ da i\lusica, de todos os confortos que a sua superior inte llectual idade e a sua sa · dia e\igencia esthe tica lhe podiam sugµer ir. T elas preciosas de Silva Porto, de l\1alhôa, de Columbano e de outros muicos mestres da pintura portugueza, bronzes e marmores assignados pelos primeiros nomes e, trônant sobre a mesa central, u m admiravel Saxe, r epresentando a « Apotheose das Sc iencias,
Artes e Letras» - tudo isso banhado sua,·emente pela luz que se côa, discreca, através dos vidros de um lanternim rasgado no tecto, é de um tal encanto para os olhos do a rti sta, ou do simples visitante que tenha a fortuna de ser recebido n'nquella hospita leira casa, que a imaginacão se alheia por comple to, durante horas seguidas, das prosaicas miserias d'este bas 1110'11de, para entregar· se exclusivamente á admiração e.la Bel/era, que de tão variadas fórmas se re ves ti u para nosso enlevo e gozo.
Em tão favoravel meio não podia deixar de ser encantador o concerto de inaugura-
A A RTE M USICAL 135
cão do palacio Reh·as e teve de facto o ápplauso, muito caloroso, do selecto auditorio que ali _se reun iu n'essa noite.
Constou o programma dos seguintes numt~ros:
QUARTETO, op. 16............. Beethoven por Lambcrtini, llcnctó, Lamas e ~lenczcs
PRELUDIO E Fuc., . . . . . . . . . . . . . B.7ch por Hcnctó (a solo)
CONCERTO . . . . . • . . . . . . • • . • . Bach por lk 11ctó, Rch·as e l.ambertini
Q UARTETO.. . . . . . . . . . . . . • . . . . • Strauss por Lambertini, lknctó, 1.amas e Menezes
Como se vê, tambem tomou parte no concerto, como violinista distincto que é, o nosso ~migo José Relvas que, apesar de fundador e um dos directores da Sociedade de musica de camara, tem andado afastado dos trabalhos eíTectivos da mesma, desde que transferiu a residencia para as su:is opulentas propriedades d'Alpiarca . A maneira distinctissima como executou 'uma das difficilimas partes do Concerto de Bach fez-nos mais uma vez lastimar sinceramente a sua forcada desistencia e o seu involuntario afasramento do grupo militante da mesma sociedade.
Cumpre-nos tam bem endereçar os nossos melhores cumprimentos ás sr. 11 • D. Palmyra d'Olivcira Feijão e D. Maria Isabel Anahory, que, depois de findo o concerto, quizeram gentilmente fazer-se ouvir em varios trechos de canto.
E não fecharemos esta noticia sem consignar a José Relvas, a sua gen tilissima esposa, a sr." D. Eugenia Relvas, e a seu filh o Ca rio~, estudioso e in telligente pianista que já manifesta superiores dotes art ísticos, as nossas felicitações, bem affectuosas e sinceras, pela preciosa casa d'artistas, em que teem a felicidade de viver, e pela optima festa d'arte com que solerr.nisaram tão preciosa acqu isição.
Em 5 e 8 de junho deu o professor Francisto Bahia, na sua bella casa de Santo Amaro, duas audições de discip'ulos, a que in fe lizmente não pudémos assistir, mas que nos informam terem tido o mais brilhante exito.
Concorre ram n'estas d nas exce Ilentes sessões as meninas Anna Motta, Sarah de Carvalho, Manoela Moreira, Judith do l\ascimento, Esther Gouvea, Arminda Cruz, Fernanda de Sá, Beatriz Gouvea, Lucinda Carraça, Ephigenia de Carvalho, Emrna Caldei-
ra, Isabel Toulson, Sarah Correia, Fernanda F reicas, Julia Nobrega, Maria Taloni e Olinda Ribeiro.
Programmasoptimamcnte escolhidos, com musica dos melhores auctores.
* Com o concurso de alumnos das classes musical e dramatica effectuou o Conservatorio, na data de 7, uma sessão, cujo producto reverteu em favor do cofre de subsidios aos mesmos alumnos.
A orchestra, sob a direcção do maestro Gazul, executou, entre outras obras, a abertura da Atlialie de Mendclssohn. D'este auctor tambem se cantaram uns pequenos coros que o professor Gui lherme Ribeiro ensaiou e que foram muito ap ,) laudidos; {1s vivas so licitações de bis ainda se cantaram, fó;·a do programma, requenos trechos coraes de Abt e Otto Diese.
Da aula de canto apresentaram-se, evidenciando o excellente methoào de ensino do professor Augusto Machado, as alumnas D. Herminia Alagarim, D. Maria da Conceicão Eca LealeobarytonoHenriqueEchaves. ' Agrádou tambem muito a maneira como a alumna-pianista Maria Frazão, discípula da excellente leccionista D. Adelia Heinz, traduziu as peças de Chopin, Schubert e Grieg que lhe cabiam no programma.
A difficil Sonata de Rubinstein para piano e violonct.llo tambem obteve uma interpretacão muito satisfactoria por parte dos alumrios Felicidade da Costa Pereira e Manuel da Silva.
Algumas poesias e monologos completavam este interessante sarau, que deixou agradavel impressão em todos os assi.:tentcs.
A 9, em 111atinée, deu a notavel professora de piano, sr.ª D Palmyra Range l Baptista Mendes uma outra audição escolar, em que tomou parte um novo nucleo de alumnas. Apresentaram-se, como sempre, brilhantemente as pequeninas pianistas, collaborando de quando em quando com ellas, em pe.::as a 2 pianos, a propria professora, a quém cordialmente felicitamos por mais este excellc!nte successo da sua escola musical.
Na noite de g teve logar o .. p .0 concerto da Sociedade de éJV!usica de Gamara, oitavo e ultimo da presente epoca.
Es~reiava-se n'este concerto como pianista o illustre professor Désiré Piique, que o Conservatorio Real de J~isboa escripturou para reger a nova cadeira d'orgão; como
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solista de violino tambem pela primeira vez se apresen tava o talentoso artista hespanhol D. Julian Sanz. A obra que serviu para apresentacao de ambos foi a 3.ª Sonata de Bach, que áinda não fô ra ouvida 003 concertos da Sociedade.
As outras obras que se executaram n'este concerto foram o trio de Arensky, pe la distinctissima pianista sr.• D. Ernestina Freixo e srs. Benetó e D. Luiz Menezes e o Quinteto de Sind ing, em segunda audiçi'ío, pelos srs. Bonner, Benetó , Sauvinet, Sanz e Passos.
a tarde de 1 o realisou-se em casa do pro fessor Colaco um concurso de a lumnas, con} premios oÍTerecidos pelo intelligente e sympathico amador de musica, o sr. dr. João D 'Korth, e constantes de Yolumes de musica e retratos de artistas
Tiveram as primeiras classificaçóes as alum nas D. F elicidade Pereira, D. Christina Delgado, D. Laura Croner e n. Annizia da Silva.
As peças de concurso eram um es tudo e um nocturno de Chorin.
No domingo 10 do corrente realisou a Sc/10/a Ca11toru111, no salão do Conservatorio, pelas 3 hora s da tarde, o terceiro concerto da pr esente epoca.
Esta instituição, que se deve á iniciativa do maestro Alberto Sarti, cem incontestav.elmente contribuido para a educação musical do nosso publico, apresentando obras de subido valor, das quaes algumas completamente desconhecidas en tre nós, e cuja execução se tem mantido sempre d igna dos mais justos encomios.
O ~oncerto de domingo veiu provar mais uma vez a extraordinaria com pecencia do maestro Sarti, que nos d iversos trechos coraes n os apresentou sempre uma notavel egu~ldade, afinação e colorido.
Amda na sua Paraphrase voca l sobre o adagio da sonata op. I3 de Bee thoven e no lied de Schubert, que transcreveu para o côro, trechos estes em que as vozes estão admiravelmente tratadas, pate nteou o maes tro Sarti os seus vastos recursos de harmonista. Executaram-se~ além das obras já eiradas,
outras de Scarla tti, Gluck, Hameau, Schubert, i\lassenet, Lt:!maire, Chaff1inade, Ritter,
1iedermeyer e um « Salutaris » a duas vozes do sr. Leon Jamet, cuja factura veiu mais uma vez provar a al ta competencia de compositor do distincto organista e cantor.
Como so lis tas tivemos o prazer de apreciar as sr."; D. Emma T orres, D. Maria Luiza Ochoa, M.mc Sarei, D. Bertha Daupias, que, fó ra do programma, nos deliciou com a A11e-Maria de Cherubini, D . Palmna da ~:unh a Sequeira, D. Amelia Gue rreiro de
ousa, D. l\laria J\lenezes Alarcão, D. La ura lVlndeira, e os srs. Alfredo Andrade Mascare nhas e Leon Jamet, sendo todos en thusiasticamenre applaudidos nos diversos tre chos que lhes foram com mettidos.
Seja-nos, poré m, permitrido alludi:- muito especialmente á di stincta amadora D. Ermelinda Cordeiro, pela fórma ve rdadeiramente artistica com que cantou uma aria de Gluck, M.mc Sarei, que disse primorosamente os dois inspirados trechos de Massenet e Lemaire, e o sr. L eon Jame• que tanto no Salutaris de sua composiçã0, intelligente ment·~ secundado por i\ l.ellc Gue rreiro de Sousa, como no Padre-Nosso de 1 iedermeyer, nos mostrou o sei:_ excellente methodo de canto e bello orgao vocal.
Q ue o maestro Sarti continue a sua propaganda a favor da arte, com a mesma dedi cado que tem empregado até hoje, é o que, ardentemente c;esejamos, e estamos certos que o pub lico não deixará de p ·oteger uma iniciatiYa t5o altamente louvave l.
* Fé1lta-nos ainda alluJir a uma outra sessão
de a lumnos, pron1ovida pela R eal Academia de Amadores e effectuada na seg unda-feir a, 11, no salão do Conservatorio.
Foram os seguintes os alumnos que d 'esta vez se exhibiram : - Do curso de Piano, D. Dilia Baptisrn, D. Eugenia O.:hoa e D. Florinda A vila e Sousa (4·º anno), João e Sebastião De-Vecchi 1eves e D. Alice Veiga ( 5.0 anno ) ; do curso de Canto, D. Fernanda Fontes Pereira de Mello (2.0 a nno), D. Hermina Russell e D. Fatima Tamagnini Barbosa (3 .0 anno) ; do curso de Violino, D. E mi lia Ledo (+·" anno ), Carlos d' Oliveira Ferreira e Cesar Leiria (5.0 anno).
A minha arte é a minha oracão, e creiam , um ve rdadeiro artista não cantá senão aquillo em que crc, não fala senão no que ama, só escreye o que pensa; os que !nentem t ra hem-se e a obra que fazem é esteril e sem valor, porque ninguem póde executa r uma obra de a rte verdadeira sem desinteresse e sem sinceridade.
\VAGNER.
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A ARTE Mus1c.\L
PORTUGAL
O nosso egregio collahorador e illustre homem de letras, dr. T heophilo B:-aga, consen tiu gentilmente na publicacão na Arte Musical da conferencia que vae' realisar na rlcademia dos Estudos Livres acerca dopadre Joaqui m Silvestre Serrão. C~meçaremos a refe rida publicaçao no
prox1mo numero e agradecemos ao grande artista da palav ra a sua generosidade em favo r da nossa modesta revista .
* Encontra-se em Paris o distinc to concer-
tista portuguez Raymu ndo de Macedo, deyendo regressar ao Porto muito brevemente, para ali se consagrar á leccionacão do piano, até ao inverno. ·
Os jornaes allemães conteem largos elogios do illustre artista, enaltecendo as invulgares qu alidades de virtuose, que teve occasião de pa tentear nos concertos ultimamente rea lisados na Allemanha. Fa lhos d'espaço no presente numero, teremos grande prazer em transcreve r no seguinte alguns dos períodos mais interessantes d'essas criticas.
Consta que o professor violinista Julio Caggiani, apoz a dissolução do sexteto que ha <"lnnos toca no Café Jansen, vae escripturado por um anno para o Café Suisso, do Porto.
muitos annos regente da orchestra de D ~l a ria.
O pcnultimo numero que recebemos da elegante revista A Nossa Patria contémi como o anterior, alguns artigos e gravuras allusivas á musica.
Muito agradecemos o exemplar enviado.
O maestro Alberto Sarti vae organisar a execucão de uma mi·sa a grande orchestra e vozés, pnra suffragar o fallecimento do nuncio apostolico, i\lonsenhor Macchi.
Ignoramos ainda a da ta d'esta solemnidnde e qual a egreja em que se realisa.
* Vemos em jornaes do Porto que o go-
verno portu guez acaba de suspender as pensões a todos os estudantes que es tavam terminando e aperfeiçoando no estrangeiro os seus cursos superiores.
Como se comprehende, a noticia que nos fo i confirmada por cartas particulares, alarmou e com justa razão, a:; familias d'esses educandos, que contam com a pro teccão governamen tal, garantida por um con tracto especial, que se firmou quando lhes foi concedida a pensão.
De resto a carta de lei de 3o de junho de 1893 e os artigos 44.º e 2.0 do decreto de 10 de se tembro de 190 1 são bas tante explícitos e positi vos para qu e se possa suppor que um simples capricho, seja de quem fô r, possa rev~gal-os com um simples traço de penna.
E bem natural que nós outros, que estamos sempre ao lado dos artistas e muito especial d'aquelles que buscam faze r carrei ra e estabelecer uma merecida posicão na nossa arte, é bem natural que nos preo-
* cu passemos bastante com esses boatos; cc-As aulas dos differentes cursos do Con- lhidas porém certas informações, que pode-
mos reputar officiaes, ju lgamo-nos no direi to servatorio encerram-se em 20 d'este mez, de affirmar que taes receios se devem absoestando já a proceder-se ao npuramento das lutamente pôr de parte. medias para admissão a exames fi naes. 0 · s contractos serf.o mant1Jos, nem po-
Começam estes no principio do proximo <liam deixar de 0 ser, até ao fim do praso mez de julho, de'"endo os alumnos da casa estipulado nos mesmos, salvo, bem enten-ser os primeiros a ser examinados. · 1 <l ido, as restncçéíes que n'el es vem e:-.hara-
,if: das. Consta-nos que tenciona partir para Milão, Mesmo as proximas reformas e.lo orca-
afim de completar os seus estudos de canto, mento, por importantes que sejam, não roa sr. ª D. Herminia Alaga rim, talentosa di s- dem ir affecta r a completa execucão d'esses cipula do nosso amigo e illustre maestro compromissos, nem crear uma situação que Augusto Machado. . seria vergonhosa para os artistas pens iona-
D. ll erminia Alagarim, que conta vinte e dos e que os co!locaria em tristes condicões dois annos de edade, é filha do fa llecido a que não podenam facilmente obviar,' enJoaquim José Garcia Alagarim, que durante tando longe da patria, e sem recu rsos nem vinte e nove annos regeu as cadeiras de vio- protecções de qualquer indole. !ino e violeta no Conservatorio e foi por Julgamos portan to que em cousa alguma
A ARTE Mesrc.\t
se altcrarú o estado actu al das cousas, pelo menos até que expirem os contractos já firmados.
A' ultima hora: - Por carta que acabarr.os de receber de um dos interessados sabemos que alguns dos pensionistas não puderam cobrar as suas mensalidades a partir de 15 de abril, tendo apenas recebido um telegramma com os seguintes dizeres :- Pensões acabaram. Esperem carta.
Esta noticia, que tão expressamente contradiz as nossas informações, colloca-nos na maior das perplexidades. Decididos a não largar este assumpto de mão, sem estar completamente esclarecido, vamos estudar a que3tão em todos os seus pormenores e continuaremos a tratai-a no proximo numero.
ESTRANGE IRO
Em Salzburgo vae celebrar-se de 14 a 20 de agosto proximo, o 150.0 anniversario da morte de Mozart, com um grandioso fesiival cuja presidencia de honra foi offerecida ao archiduque Eugenio.
No programma da festa figuram representacõcs do D. João em italiano e das Bodas de' Figaro em allemão, bem como varios concertos em que tomam parte Saint-Sai'ns, Fdi:.. 1\ lottl e outros mestres.
* Jan Kubelik, cuja tournée na America foi
excessivamente fructuosa, vae passar o verão á Bol:emia , onde possuc uma explendida propriedade.
1 o outomno far{1 um novo giro por varios paizes da Europa, seguindo pela ultima vez para a Amcrica.
Essa se rá, ao que parece, a sua ultima viagem de concertos, visto q ue o famoso viol inista, íamos dizer jogral, pretende descancar a partir de 1907, dos seus fatigan tes t rab'alhos artistico-acrobaticos.
Diz-se que o Nouveau-Cirque, de Paris, vae ser demolido, construindo-se no local um vasto theatr o para explorar magicas e opere tas de grande espectacu lo.
Puccini, que foi ha tempos victima d 'um desastre em automovel, deslocou agora um pé ao descer do mesmo vehiculo .
Não es tá positivamente em sorte com os automoveis o auctor da Boheme !
* 111 cmnrezario americano, Rudolph Aran
co r, descobriu ha pouco uma joven cantora, de extrema pobresa, que parece poderá ri-
valisar mais tarde com a celebre Adelina Patti, tal é a pureza e formoso timbre da sua voz.
Vivienne FiJellée, que assim se chama este prodigio, conta apenas dezesseis annos e encontra-se cm Paris, estudan.10 canto sob a direcção de J0ão De Reszké.
* Em Catania, patria de Bellini, a!Jriu-se ha
pouco entre os artistas e llteratos uma subscripcão para adquirir a casa onde nasceu o celébrc operista e installar n'ella uma especie de museu com autographos e recordaçóe& artísticas.
MAIS um artista valioso que a morte nos arrehata-Ale:-.andre Ferreira, o sympathico e talentoso violinista que todos conheciam e que no dia 1 dei
xou de pertencer ao numero dos viYos. Alexandre Ferreira era optimo instrumen
tista e um dos nossos mai.s seguros chefes de fila ; a:ém de violinista d'orchestra e de musica de camara (poucas vezes se apresentou a solo), compoz alguma musica sacra e leccionou muito o seu instrumento.
Nasceu o illustre artista em Lisboa, em 2q de abril de 18.p, · sendo seus paes o sr. Alexandre José Ferreira e
· D. Camilla do Carmo Ferreira.
Ainda de ten ra idade comecou a aprende r os' rudimentos de musica com o mestre de capella da Sé, Domingos José Benavente, e aos onze
annos dedicou se ao violino, sob a direc~ão de seu pae, que era um excellente musico, tambem violinista .
Em 1859 fez exame para admissão na extincta Associação j\fusica 24 de Jur.ho, tendo por examinadores os tambem fallecidos í\Ionteiro d'Almeida, professor de harmonia do Conse rvatorio, e Vicente Tito l\lanzoni, violino solista do theatro de S. Carlos e tambem professo r no mesmo instituto ; tão briihantes provas ucu da sua aptidão e me-
A ARTE Mus1cAr. 139
recimento, que ficou apprOYadO COm distinccão, sendo-:he Jogo concedido um Jogar entré os primeiros violinos do th~atro de D . .i\laria.
Em 1{ 64 passou a fazer parte, na mesma qualidade, da orchestra do thea tro lyrico, onde se conservou durante quatro annos. N'esse mesmo anno matricula,.,a -se no Conservatorio, no curso de Harmonia, fazendo dois exames com distinccão.
Não poude, porém, concluir esse curso porque em 1868 sahia de Lisboa, escriptur..id o para a ilha de S . Miguel, como dire.:tor d'orches tra no theatro Michaeleilse. Ahi se comecou affi.rmando a sua habilidade de compÓsitor, escrevendo varisis pºecas que tiveram mais ou menos exito. '
Os Martyres da Germania, drama illustrado de trechos musicaes de sua composicáo, foi um dos trnbalhos que m<.is se apreéiaram, foliando ct'elle com muito louvor o Diario dos Açores e outras folhas locaes.
o anno de 1871 contractava-o o bispo da Sé de Angra do Heroismo (D. Estevam) para formar ali uma orchestra; em 1874 era novamente escripturado pelo afamado concertista de violoncello, Cesar Aususto Casella, como ensaiador e primeiro violino de uma companhia lyrica italiana, de que o celebre violoncelli sta e ra empreza rio.
Regressou Aléxandre Ferreira a Lisboa em 1875, e exerceu em seguiJa, com muira distinccão e acerto, o Jogar de chefe d'orchestra' do thcatro Recreios V/hitto\"ne.
Por essa epoca vieram a Lisboa o·s Apen-11inos, artistas italianos que fizeram verdadeiro fu ror com as ocarinas, instrumento que era, então, absolutamente novo em Portugal; não tardou que se constitu1sse entr.e nós uma sociedade de ocarinistas portugu·ezes, e lembra-nos ainda que, nos concertos que elles deram em Lisboa, havia uma grande parte do auditorio que os apreciava mais do que aos proprios Apenninos.
Alexandre Ferreira fazia parte d'es~e grupo, conjunctamente com Filippe Duarte de Sá, Julio T aborda, Claudino Rosa, Henrique Caceres, José Rodrigues d'Oliveira e Lourenco Dalhuntv.
Foi tal o Úi to obtido pelos ocarinistas portuguezes que se resolveram a ir dar concertos ao Porto e outras te rras de província; mai s ainda: decidiram atravessar os mares e ir até ao Brazil, fazendo-se applaudir nas principaes províncias-Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Maceió, Alagoas, Campinas, Santos, Rio Grande, Pelo tas, etc.
Bas ta esta lista pa ra se ajuizar do successo que os a rtistas portuguezes tiveram nas terras de Santa Cruz; mas a febre das occari-
nas passou e cada um vol rou aos instrumentos serios, em que a maior parte se tem tornado verdadeiramente distinLtos, occuRa~do invejaveis Jogares no nosso meio art1st1co.
Em todas as hoas orchestras se viu depois Alexandre Ferreira e quasi sempre no logar de concertino ou de director d'o!"chestra, sendo sem pre muito considerado pelos seus collegas, não só pe los seus conhecimentos artisticos, que eram profusos e solidos, como ainda pela honestidade e seriedade do seu caracter .
A' sua viuva, a ~r.ª D. Eugenia Perestrello de Vasconcellos Ferreira, enviamos a expressão do nosso pezame.
* No mesma dia fallecia o reve rendo bispo
de Beja, D Antonio de Sousa Monteiro, que, a lém de so lida cul tura scienrifica e !iteraria, se notabtlisou na composicão de musica sacra, que nos dizem ser muitÓ interessante e bem escripta.
Outro respeitavel sacerdote, tambem muito amador de musica, falleceu durante a presente quinzena.
Desejamos referir-nos ao reverendo uncio Apostolico, monsenhor Guiseppe Macchi, que apeza r de não cultivar a musica, que nos conste, era um enthusiastico admiradôr de todas as manifestacóes artisticas.
Assistia, com inequívoca sâ tisfação, e ás vezes mesmo com sacrificio da sua saude, a todos os concertos de uma tal ou qual impor~ancia; o ultimo em que o vimos fo i o da Sociedade de Musica de Gamara, a 26 de maio.
Succumbia poucos dias depois, a 7 do corrente mez, contando 61 annos incompletos.
Falleceu ha poucos Jias um artista muito conhecido Ja geração de quem escreve estas linhas, que - ai de nós! - não é precisamente a 1//0lerna g eração.
Referimo-nos <1 (]ottél rdo Ald ighieri, um barytono de \'OZ collossal, que fazia as delicias do publico de S. Carlos nas epocas de 1876 a 188.i, cnntando a Ai"da, o N abucco, o Ernani e não sabemos que mnis operas. Foi mesmo quem creou em Lisboa a parte de Amonasro da Ai"da; a sua voz, um tanto rude. ma) poten rissima, prestava-se tão bem ás imprecações do indomaYel rei dos E thiopes, que st:mpre nos ficaram presentes as phrases do dueto com a filha, no 3.0 acto, e
A A RT E M USICAL
podemos affirmar que nunca mais nos fizeram identica impressão.
A carreira de Gottardo Aldighieri, que morreu com 75 annos) foi longa e por vezes brilhante.
Tinha feito excellentes estudos clas~:icos na Universidade d;! Padua e pensava em dedicar-se á advocacia antes de seguir a carr:_ira lyrica. Impellido por irresistivel vocaçao para o theatro, tomou por mestres a Foroni, Bombardi, Sala e Lamperti.
Foi Aldighieri quem creou o Nabucco de
Verdi, a Giuditta de Peri e a Gioconda de Ponchielli, mas as operas em que mais brilhou foram o Baile de }.fasearas, a Favorita, as Vesperas, o G11illzerme Tell, etc.
Cantou muito no Theatro da Scala de Milão e no Theatro Italiano de Paris, e n'esta ultima scena com Maria Spezia, sua mulher e tambem distincta cantora.
Ha bons quinze annos que se haviam retirado da vida: 1yrica, gozando em Verona um bem merecido repouso.
Gottardo Aldighieri, quando ainda muito novo, deu uma prova de bello patriotismo alistando-se como voluntario e fazendo, n'essa qualidade, a campanha da primeira guerra da Independencia em 18+8 e 18+9.
Era um espirito muito culto, conhecia as principaes linguas européas e era dotado de invulgares aptidões !iterarias e mesmo poeticas. Na nossa modesta colleccão de autographos, temos algumas das suas cartas, cuja forma !iteraria e agudeza de conceitos são verdadeiramente encantadoras.
1 'um hospital de Nova-York morreu ultimamente o violinista hungaro, Janczy Rigo1 que se tornou tris temente celebre pelos amores escandalosos com a formosa princeza de Chimav.
T ocava violino em cafés-concertos, notabilisando-se apenas pela verve, um tanto desequilibrada, que im primia á sua execucão, que afinal não tinha nada de artístico. ,
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1 .
A. .A.R.TE Preçôs da àssignatura semestral
PAGAMENTO ADIANTADO
Em Portuital e colonías . . . . .. , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 :1)200 No Brazil (moeda forte).. . . .... .. . ... . .... . .... . .................... . .. ... . ... ....... 1 ~Soo Estrangeiro.......... . ..... . ..... . ............ . .................. ...... . . .. . ....... Fr. 8
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