Post on 22-Dec-2018
FRANCISCO DIEGO TEIXEIRA DANTAS
RESÍDUO DA SEMENTE DO URUCUM EM RAÇÕES CONTENDO SORGO PARA
POEDEIRAS COMERCIAIS
FORTALEZA 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
FRANCISCO DIEGO TEIXEIRA DANTAS
RESÍDUO DA SEMENTE DO URUCUM EM RAÇÕES CONTENDO SORGO PARA
POEDEIRAS COMERCIAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Zootecnia. Área de concentração: Nutrição
Animal e Forragicultura.
Orientador: Prof. Dr. Ednardo Rodrigues
Freitas
Co-orientador: Dra. Raffaella Castro Lima
FORTALEZA
2014
FRANCISCO DIEGO TEIXEIRA DANTAS
RESÍDUO DA SEMENTE DO URUCUM EM RAÇÕES CONTENDO SORGO PARA
POEDEIRAS COMERCIAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Zootecnia. Área de concentração: Nutrição
Animal e Forragicultura.
Orientador: Prof. Dr. Ednardo Rodrigues
Freitas
Co-orientador: Dra. Raffaella Castro Lima
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteção, pela força espiritual, e por ter me ajudado a vencer essa
importante etapa de minha vida.
À minha mãe, Maria da Conceição Teixeira Dantas, por sua dedicação e amor, por
ser uma mulher extraordinária, por sua presença marcante em minha vida, e por ter me
ensinado valores indispensáveis para os caminhos que percorri e pelo que ei de percorrer.
Ao meu padrasto, Adelmar Dantas Conrado, por ter me acolhido como filho, pelo
exemplo de homem honesto e dedicado à família, contribuindo e muito para essa minha
vitória.
Aos meus irmãos, Alanna Dayse, Luana Dantas, João Neto, pela presença em
todos os momentos da minha vida, por toda amizade e amor que me dedicaram.
À minha avó, Maurícia Teixeira Dantas, por todo amor cedido durante toda minha
vida e por todas as suas orações.
A todos os meus familiares, especialmente às minhas tias, Maria Regina e Maria
do Socorro (Kôa), por toda cumplicidade, carinho e ajuda dedicada.
Ao Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Ceará – UFC, pela oportunidade da realização do Curso de Mestrado em
Zootecnia.
Ao professor e orientador, Ednardo Rodrigues Freitas, por ser um exemplo de
dedicação à pesquisa científica, agradeço a oportunidade e honra proporcionada de ser
orientado por um profissional tão competente e responsável.
Aos professores, Germano Augusto Jerônimo do Nascimento e Pedro Henrique
Watanabe pela disponibilidade e colaborações.
A professora Silvana Cavalcante Bastos Leite pela colaboração para conclusão deste
trabalho.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação da UFC, pelos ensinamentos e apoio
durante as disciplinas ministradas durante o curso de mestrado.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
FUNCAP, pela concessão da bolsa de estudo e apoio financeiro fornecido durante o curso.
Ao Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia da
UFC, pela realização das análises químicas.
Ao Laboratório de Frutos Tropicais do Departamento de Tecnologia de Alimentos
da UFC, por possibilitar a realização das análises objetivas de cor da gema dos ovos.
A empresa Agropecuária Beraba Ltda pela doação do resíduo da semente de
urucum.
Ao Banco do Nordeste do Brasil pelo financiamento do projeto.
Aos meus companheiros de pós-graduação e graduação colaboradores do setor de
avicultura Danilo Rodrigues, Davyd Herik, Thais Tavares, Carlos Eduardo, Nadja Farias,
Nadia Braz, Rebeca Cruz, Gilson Brito, Carlos Weiber, Rafaela Cipriano, Newton Sá,
Marcelle Craveiro, Camila Gomes, Herbenson Marques, Lorena Câmara, Nayana Chaves,
Cleane Pinho, Camila Paixão, Camila Borges, Edibergue Santos, David Lucena, Natasha
Souza, pela ajuda durante todo o tempo em que este trabalho foi executado, pela convivência
maravilhosa e pelos momentos de esforço e diversão que nunca serão esquecidos.
Aos funcionários do setor de avicultura da UFC Isaías Carlos e Francisco Ormani,
pela colaboração nas atividades relacionadas ao experimento.
A todos que contribuíram e ainda contribuem com apoio e consideração para
minha vida pessoal e profissional.
“O degrau de uma escada não serve
simplesmente para que alguém permaneça em
cima dele, destina-se a sustentar o pé de um
homem pelo tempo suficiente para que ele
coloque o outro um pouco mais alto.”
Thomas Huxley
RESUMO
Com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão do resíduo da semente do urucum (RSU) em
rações contendo sorgo sobre o aproveitamento dos nutrientes da ração, o desempenho e nas
características dos ovos, foi realizado um experimento com 288 poedeiras da linhagem
Lohman Brown, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com seis
tratamentos e seis repetições de oito aves. Os tratamentos consistiram em ração composta por
milho e farelo de soja; ração com 100% de sorgo em substituição ao milho sem a adição de
pigmentante e os demais em rações com 100% de sorgo em substituição ao milho com a
adição de 2,5; 4,5; 6,5 e 8,5% de resíduo da semente de urucum (RSU), respectivamente. Os
crescentes níveis do RSU não influenciaram os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes,
e o aproveitamento da energia das rações. Observou-se também que não houve influência
sobre o desempenho e os parâmetros de qualidade do ovo, com exceção da cor da gema. A
inclusão do RSU promoveu aumento linear na cor da gema avaliada pelo leque colorimétrico
e, também, ainda aumento linear nos valores de intensidade de cor vermelha (a*) e cor
amarela (b*) e redução linear no valor de luminosidade (L*) avaliados pelo colorímetro
digital. Na avaliação da viabilidade econômica do uso do RSU, também não foi verificada
diferença significativa entre os tratamentos quanto ao custo da ração por massa de ovo
produzida, índice de eficiência econômica e índice de custo. Conclui-se que, em rações de
poedeiras contendo sorgo como principal fonte de energia, pode-se incluir até 8,5% do RSU,
sendo possível reduzir os problemas de pigmentação da gema com a substituição total do
milho pelo sorgo com a inclusão do RSU a partir de 2,5%.
Palavras-chave: Alimento alternativo, Bixa orellana, Bixina, Carotenóides, Cor da gema.
ABSTRACT
In order to assess the effects of including the annatto seed residue (RSU) in diets containing
sorghum on the utilization of nutrients of the ration, the performance and characteristics of
eggs, an experiment was conducted with 288 hens lineage Lohman Brown, being distributed
in a completely randomized design with six treatments and six replicates of eight birds each.
Treatments consisted of a diet consisting of corn and soybean meal; ration with 100%
sorghum replacing corn without adding pigmentante and the other in diets with 100%
sorghum replacing corn with the addition of 2.5; 4.5; 6.5 and 8.5% annatto seed residue
(RSU), respectively. Increasing levels of RSU did not affect the digestibility of nutrients, and
harnessing the energy of the feed. It was also observed that there was no significant influence
on the performance and parameters egg quality, except for yolk color. The inclusion of RSU
promoted linear increase in yolk color assessed by colorimetric fan, and also a linear increase
in the intensity values of red color (a *) and yellowness (b *) and linear reduction in lightness
value (L * ) evaluated by digital colorimeter. To evaluate the economic feasibility of using the
annatto seed residue also was not found significant difference among treatments for: feed cost
per egg mass produced, index of economic viability and cost index. We conclude that, in diets
of laying where sorghum is the main energy source, can include up to 8.5% of RSU, and can
reduce the problems of yolk pigmentation with total replacement of corn by sorghum with the
inclusion of RSU from 2.5%.
Keywords: Alternative food, Bixa orellana, Bixina, Carotenoids, Yolk color.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Série histórica da área plantada de sorgo no Brasil .......................................... 23
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Plantel de poedeiras comerciais 2003, 2007 e 2012........................................... 18
Tabela 2 – Composição do ovo por 100 gramas de parte comestível ................................. 19
Tabela 3 – Composição nutricional do milho e sorgo baixo tanino ................................... 24
Tabela 4 – Composição percentual e nutricional calculada das rações experimentais........ 43
Tabela 5 – Valores de composição química e energética do resíduo da semente do
urucum utilizado para formulação das rações experimentais...............................................
44
Tabela 6 – Coeficientes de digestibilidade e valores de energia metabolizável das rações
para poedeiras contendo sorgo e diferentes níveis do resíduo da semente de urucum .......
48
Tabela 7 – Desempenho de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e resíduo
da semente de urucum .........................................................................................................
49
Tabela 8 – Qualidade de ovos de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e
resíduo da semente de urucum ............................................................................................
51
Tabela 9 – Cor da gema de ovo de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e
resíduo da semente de urucum avaliado por dois métodos analíticos .................................
51
Tabela 10 – Avaliação econômica do uso de sorgo e resíduo da semente de urucum em
rações de poedeiras ..............................................................................................................
55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a* Intensidade de cor do verde ao vermelho
ANOVA Análise de Variância
Anualpec Anuário da Pecuária Brasileira
b* Intensidade de cor do azul ao amarelo
C Croma
CA Conversão Alimentar
CCA Centro de Ciências Agrárias
CDEB Coeficiente de Digestibilidade da Energia Bruta
CDMS Coeficiente de Digestibilidade da Matéria Seca
CDN Coeficiente de Digestibilidade do Nitrogênio
CIE Commission International de l’Eclairage
cm Centímetro
cm³ Centímetro cúbico
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CNNPA Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos
CR Custo da Ração
Ctei Custo do Tratamento i Considerado
CV Coeficiente de Variação
DE Densidade especifica
DDGS Grãos secos de destilaria
DZ Departamento de Zootecnia
EB Energia Bruta
EC Espessura de casca
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMA Energia Metabolizável Aparente
EMAn Energia Metabolizável Aparente Corrigida para o Balanço de Nitrogênio
FAO Food and Agriculture Organizacion
g Gramas
H Altura do albúmen denso
h Horas
IC Índice de custo
IDA Ingestão Diária Aceitável
IEE Índice de eficiência econômica
JECFA Joint Expert on Food Aditives
kcal Quilocalorias
kg Quilograma
L Luminosidade
LANA Laboratório de Nutrição Animal
Mcei Menor custo da ração por massa de ovos
mg Miligrama
min Minutos
mm Milímetro
MS Matéria Seca
N Nitrogênio
Nepa Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação
OMS Organização Mundial de Saúde
P Peso do ovo em gramas
PB Proteína Bruta
Pi Preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento
Qi Quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento
RSU Resíduo da semente de urucum
SAS Statistical Analyses Sistem
t Tonelada
Tr Traço
UBA União Brasileira de Avicultura
UFC Universidade Federal do Ceará
UH Unidade Haug
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
VLDLg Lipoproteína de muito baixa densidade modificada
Yi Custo da ração por quilograma de massa de ovo no i-ésimo tratamento
µg Micrograma
SUMÁRIO
CAPITULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................. 15
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 16
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 18
2.1 Mercado do ovo no Brasil ............................................................................................. 18
2.2 Ovo: Composição nutricional e métodos de avaliação de qualidade ............................ 19
2.3 O sorgo (Sorghum bicolor)............................................................................................ 22
2.3.1 Sorgo na alimentação de poedeiras ........................................................................ 23
2.4 Absorções dos carotenóides e deposição na gema do ovo ............................................ 25
2.5 Pigmentos sintéticos e naturais na alimentação de poedeiras ....................................... 26
2.6 O urucum ....................................................................................................................... 29
2.6.1 Resíduo da semente de urucum (RSU) ................................................................... 31
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 33
CAPITULO II – RESIDUO DA SEMENTE DE URUCUM NA RAÇÃO DE
POEDEIRAS COMERCIAIS CONTENDO SORGO COMO PRINCIPAL FONTE
DE ENERGIA....................................................................................................................
39
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 40
2. MATERIAL E METODOS .......................................................................................... 42
2.1 Delineamento experimental............................................................................................ 42
2.2 Rações experimentais .................................................................................................... 42
2.3 Avaliação do desempenho das aves .............................................................................. 44
2.4 Qualidade externa e interna dos ovos ............................................................................ 44
2.5 Avaliação da digestibilidade e utilização dos nutrientes da ração ................................ 45
2.6 Avaliação da viabilidade econômica ............................................................................. 46
2.7 Análise estatística dos dados ......................................................................................... 46
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 48
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 56
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................ 57
16
1. INTRODUÇÃO
É cada vez mais crescente, a necessidade de estudos em nutrição animal, que
visem potencializar o uso de ingredientes alternativos aos comumente utilizados nas rações
animal, como o milho e farelo de soja, visto que estes oneram em muito os custos de
produção. Os ingredientes alternativos devem assegurar bom desempenho produtivo, além de
reduzir custos com alimentação possibilitando uma maior lucratividade ao produtor.
De acordo com Fialho e Barbosa (2001), um alimento é considerado alternativo
quando este está disponível em uma determinada região por um período mínimo de tempo e
em quantidade suficiente que justifique uma troca significativa com aquele alimento
convencionalmente utilizado.
Dessa forma a utilização do sorgo tem se mostrado uma alternativa viável devido
seu valor nutritivo ser semelhante ao do milho, além do que o menor preço do sorgo em
relação ao milho pode reduzir em até 7% os custos com ração, porém a maior diferença reside
no teor de carotenoides praticamente inexistente no sorgo. Com isso, quando fornecido às
poedeiras, o sorgo causa despigmentação da gema dos ovos, resultando na necessidade de
inclusão de pigmentos na ração para proporcionar adequada pigmentação das gemas
(GARCIA et al., 2005; PINTO et al., 2005; ASSUENA et al., 2008; MOURA et al., 2010).
A cor da gema é uma característica sensorial de relevância econômica por ser
associada pelo consumidor à sua qualidade nutricional. Segundo Galobart et al (2004) a
preferência pelo grau de pigmentação da gema varia entre os consumidores de diferentes
países. Nos Estados Unidos e no Brasil, o consumidor prefere colorações entre 7 e 10 na
escala colorimétrica da Roche. Por outro lado, na Europa e Ásia, os consumidores têm
preferência por gemas mais pigmentadas, entre 10 e 14 na mesma escala.
A proibição do uso de alguns pigmentos sintéticos nas rações de animais imposta
pela legislação da maioria dos países desenvolvidos, devido a grande possibilidade de
causarem danos à saúde humana, despertou o interesse por fontes naturais de pigmentos. De
acordo com Franco et al. (2008) o urucum se destaca por ser uma das principais fontes de
pigmentos naturais, utilizados desde a indústria têxtil até a indústria de alimentos.
O urucum possui em suas sementes uma polpa vermelho alaranjado, que contem
um pigmento natural chamado bixina, essa camada que envolve a semente representa apenas 6%
do peso da semente, sendo assim no processo de extração da bixina, muitos resíduos são
gerados, pois grande parte da semente bruta não é aproveitada.
Na alimentação animal, a maioria dos trabalhos com a utilização de urucum
consiste no aproveitamento de seus subprodutos e do extrato oleoso que pode ser obtido da
17
semente. Para poedeiras, as pesquisas concentram-se, sobretudo em determinar os níveis
ideais de inclusão dos resíduos na dieta visando à manutenção do desempenho e melhoria na
cor da gema.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Mercado do ovo no Brasil
O notável crescimento de 33,95% verificado no plantel nacional de poedeiras
brancas e vermelhas entre os anos de 2003 e 2012 (Tabela 1) impulsionou o Brasil para a
sétima posição em produção mundial de ovos (SANTA CATARINA, 2012).
No ano de 2013, a produção de quase 34 bilhões de ovos, ultrapassou 7,4% o
observado em 2012, sendo São Paulo o principal estado produtor, responsável por mais de
34,33% do total nacional (UBA, 2014).
Tabela 1 – Plantel de poedeiras comerciais 2003, 2007 e 2012
Regiões Ovos brancos Ovos vermelhos Total
2012
Participação
% 2003 2007 2012 2003 2007 2012
Norte 1.438 1.207 1.763 338 838 1.427 3.190 3,7
Nordeste 8.113 7.583 9.670 6.307 6.307 3.723 13.393 15,7
Sudeste 28.019 22.920 31.018 4.132 4.132 11.942 42.960 50,2
Sul 5.991 4.744 6.197 11.942 5.705 11.007 17.204 20,1
C. Oeste 3.614 3.538 6.741 2.913 2.913 2.058 8.799 10,3
Brasil 47.175 39.992 55.389 16.687 19.895 30.157 85.546 100,0
Fonte: Anualpec, 2012
Embora tenha havido um grande crescimento na produção de ovos no país, o
consumo per capita ainda é baixo. Segundo dados da União Brasileira de Avicultura (2014), a
média per capita de consumo é de 168,72 unidades/ano, sendo o México o maior consumidor
com média superior a 300 unidades/ano. De acordo com Pastore, Oliveira e Brumano (2014),
estudos relacionados às propriedades nutricionais do ovo durante os últimos anos permitiram
um maior conhecimento e a divulgação dos benefícios do seu consumo para a saúde humana.
Como resultado, o consumo per capita de ovos nos diferentes países vem aumentando,
inclusive no Brasil.
Segundo Stefanello (2011), a maior parte da produção de ovos no Brasil é
comercializada no mercado interno, porém adequações no setor têm ocorrido nos últimos anos
com a finalidade de incrementar as exportações. Porém em 2013, as exportações brasileiras de
ovos somaram 12,39 mil toneladas, representando uma queda de 46,1% em relação a 2012.
As principais regiões de destino foram África, com 5,25 mil toneladas, e Oriente Médio, com
5,44 mil toneladas. Entre os países, os maiores compradores foram Angola, com 4,47 mil
toneladas e Emirados Árabes Unidos com 5,27 mil toneladas (UBA, 2014).
19
2.2 Ovo: Composição nutricional e métodos de avaliação de qualidade
O ovo apresenta a função de perpetuar a espécie, contudo devido seu alto valor
biológico, conferido através de sua composição nutricional (Tabela 2) em proteínas, vitaminas
do complexo B, A, E, K, colina, minerais como ferro, fósforo, selênio, zinco e carotenóides,
ele se tornou um dos alimentos mais consumidos a nível mundial por um preço bastante
acessível (HENRIQUE, 2002; MEISTER et al., 2002 ).
Tabela 2 - Composição do ovo por 100 gramas de parte comestível
Componentes do ovo Quantidade Componentes do ovo Quantidade
Umidade ((%) 75,6 Fosforo (mg) 164
Energia (kcal) 143 Ferro (mg) 1,6
Proteína (g) 13 Sódio (mg 168
Lipídeos (g) 8,9 Potássio (mg) 150
Colesterol (mg) 356 Zinco (mg) 1,1
Carboidratos (g) 1,6 Retinol (µg) 79
Cinzas (g) 0,8 Tiamina (mg) 0,07
Cálcio (mg) 42 Riboflavina (mg) 0,58
Magnésio (mg) 13 Piridoxina (mg) Tr
Manganês (mg) Tr¹ Niacina (mg) 0,75 Fonte: Tabela brasileira de composição dos alimentos – (Nepa / Unicamp, 2011), ¹ Tr - traço
O ovo pode ser considerado um recipiente biológico que contém material orgânico
e inorgânico em sua constituição. Apresenta como componentes principais, gema, clara ou
albúmen, membranas da casca e casca (BERTECHINI, 2003).
A casca é considerada embalagem natural do ovo, constituída por uma armação de
substâncias orgânicas e minerais e representa de 8 a 11 % dos constituintes do ovo. Ela possui
94% de carbonato de cálcio (CaCO3), 1,4% de carbonato de magnésio (MgCO3), 3% de
glicoproteínas, mucoproteínas, colágeno e mucopolissacarídeos (ORNELLAS, 2006).
O albúmen, por sua vez, constitui 60% do peso do ovo, sendo que 88%
corresponde à água e 12% a proteínas, grande parte das quais possuem atividade
antimicrobiana. As principais proteínas são: ovalbumina, conalbumina, ovomucóide,
ovomucina e lisozima. Dentre estas proteínas, a ovalbumina e a conalbumina representam
70% do total de proteínas presente no albúmen e são responsáveis pela gelatinização do
mesmo. Além disso, possui também pequenas quantidades de glicoproteínas, glicose e sais
minerais (RAMOS, 2008).
A gema é uma mistura complexa de água, lipídios, proteínas e outros
microcomponentes, como vitaminas e minerais (SCHOFFEN-ENKE; DUTRA; FREITAS,
20
2005), constituindo 30% do peso do ovo. De acordo com Bertechini (2003) o conteúdo em
matéria seca da gema é de 50%, do qual 65% é gordura e o restante são proteínas.
A maioria dos lipídios está sob a forma de lipoproteínas e fosfolipídios, tais como
a lecitina e a cefalina, encontrados em quantidades consideráveis na gema. As proteínas e
lipoproteínas da gema formam-se no fígado, sob a influência de estrogênios, sendo
transportadas para o ovário e depositadas nos folículos em desenvolvimento (SCHOFFEN-
ENKE; DUTRA; FREITAS, 2005).
Segundo Trindade; Nascimento e Furtado (2007) a qualidade do ovo pode ser
diferente para produtores, consumidores, e indústria. Para os produtores, a qualidade está
ligada ao peso do ovo e resistência da casca; para os consumidores, ao prazo de validade do
produto e a características sensoriais como cor da gema e casca e, para a indústria, está
associada à facilidade de retirar a casca, separação da gema e clara, propriedades funcionais e
cor da gema.
Como forma de descrever as possíveis diferenças na produção de ovo, resultantes
de diversos fatores como, características genéticas, dietas, ambiente, idade da galinha e tempo
de armazenamento, algumas metodologias podem ser aplicadas para determinar a qualidade
do ovo.
Um dos parâmetros utilizados para a avaliação da qualidade interna dos ovos é a
altura do albúmen, expressa pelas Unidades Haugh e que apresenta uso universal em virtude
de sua facilidade de aplicação. Essa medida consiste em uma expressão matemática que
correlaciona o peso do ovo com a altura da clara espessa. Assim, quanto maior o valor das
Unidades Haugh, melhor a qualidade interna do ovo (JORDÃO FILHO et al., 2006).
Outra metodologia amplamente aplicada é a medida da densidade específica para
determinar a qualidade da casca do ovo. A densidade específica pode ser realizada por meio
da imersão dos ovos em soluções salinas ou pelo método que se baseia no princípio de
Arquimedes. Nesta última técnica, são utilizados dados do peso do ovo no ar e do peso da
água deslocada pelo ovo quando completamente submerso (FREITAS et al., 2004).
Segundo Barbosa Filho (2004), o parâmetro espessura da casca também é de
grande interesse para os produtores de ovos, uma vez que problemas como perda de ovos por
quebra ou rachaduras poderão trazer prejuízos.
A cor da gema também é relacionada como indicador de qualidade interna do ovo,
pois exerce papel importante na aceitação do ovo pelos consumidores. Portanto, quanto maior
a intensidade da coloração da gema é maior a aceitação por parte dos consumidores, que
21
associam essa pigmentação ao valor nutricional do ovo. De acordo com Mano (2007) os
consumidores dão preferência aos ovos com gema amarelo-alaranjado.
Queiroz (2006) utilizando diferentes níveis (0, 3, 6, 9, 12%) de farelo de urucum
na ração de poedeiras como fonte de pigmento, realizou pesquisa de opinião com 307 alunos
da Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho – MG, que consistia em saber qual a
coloração de gema de ovo de galinha que preferiam consumir. A grande maioria dos alunos
(41%) escolheu a coloração produzida pelo tratamento com o maior nível de inclusão do
farelo de urucum (12%), que apresentou o escore médio de 12,88 pontos no leque
colorimétrico.
A cor das gemas depende da presença de carotenóides na dieta das galinhas e,
quanto mais às aves consumirem alimentos que contenham pigmentos carotenóides em sua
constituição, tanto maior será a deposição destes pigmentos nas gemas dos ovos e a
intensidade da sua coloração (HENCKEN, 1992). Porém, segundo Garcia (2009), muitas
vezes faz-se necessário adicionar às dietas das aves ingredientes como sorgo, mandioca,
farelo de trigo ou milheto que são pobres em carotenóides, o que leva o produtor a adicionar
pigmentante à ração a fim de assegurar adequada coloração da gema dos ovos.
A pigmentação resulta da deposição de xantofilas (grupo de pigmentos
carotenóides) na gema do ovo. As fontes de pigmentos carotenóides podem ser naturais,
como, por exemplo, as do grupo do milho e do pimentão vermelho, entre outros. Podem ser
empregados também carotenóides sintéticos, tais como a cantaxantina 10% (pigmento
vermelho) e o etil éster beta apo-8-caroteno (pigmento amarelo) (GARCIA et al., 2002).
Durante muito tempo, a metodologia empregada para determinação da cor em
gema de ovos, baseou-se no padrão de cores do leque colorimétrico Roche, numa escala de
valores de 1 a 15. Esta é uma metodologia extremamente subjetiva e limitada à percepção de
quem faz a análise. Atualmente a determinação da cor da gema é realizada com auxílio de um
equipamento que permite determinação exata e padronizada da cor, utilizando-se o sistema
CIE L, a*, b*. (HARDER; CANNIATTI-BRAZACA; ARTHUR, 2007).
Além da qualidade, um aspecto quantitativo importante é o peso do ovo. O peso
total do ovo é o critério comercial mais importante para a sua comercialização, assim, ovos
pequenos são pouco valorizados. Os ovos destinados ao comércio interno e externo são
classificados, de acordo com o peso em extra (peso superior a 61 g), especial (entre 55 e 60
g), primeira qualidade (entre 49 e 54 g), segunda qualidade (entre 43 e 48 g) e terceira
qualidade (entre 35 e 42 g) (BRASIL, 1997).
22
2.3 O sorgo (Sorghum bicolor)
Durante muito tempo alguns alimentos vêm se destacando pela sua qualidade
como fonte de nutrientes, ou pela quantidade de inclusão nas dietas, como é o caso do milho e
do farelo de soja. A crescente procura do milho para a alimentação humana – aliada às
produções limitadas em determinados anos –, além do fato de ter seu preço elevado no
mercado internacional o que têm onerado os custos de produção (FILLARDI et al., 2007).
Os custos com ração chegam a mais da metade dos custos de produção total. O
milho, que contribui com cerca de 65% da ração, atinge cerca de 40% dos custos da mesma.
Por se tratar de uma commoditie, seu preço está sujeito às variações cambiais e cotações de
mercado, o que pode ocasionar desequilíbrio na oferta interna do insumo e alterar a estratégia
de compra pelos produtores, que buscam reduzir os custos e aumentar os lucros. Para as
atividades pecuárias, altamente dependentes desse insumo, têm se buscado ingredientes não
convencionais para sua substituição parcial ou total e por isso, a utilização de alimentos
alternativos, como o sorgo, é de extrema importância na redução dos custos de produção.
(COSTA et al., 2006; MOURA et al., 2010).
O sorgo é uma planta que pertence à família das gramíneas (Poaceae) e seu nome
científico é Sorghum bicolor L. Moench. É o quinto cereal em área plantada no mundo, atrás
do trigo, arroz, milho e cevada. A produção de sorgo na América do Norte, América do Sul,
Europa e Austrália destina-se, principalmente, à alimentação animal, ao passo que na África,
Ásia, Rússia, e América Central, o grão é utilizado na alimentação humana (MAGALHÃES,
et al., 2000).
O sorgo tem sido uma excelente opção para produção de grãos e forragens em
todas as situações em que o déficit hídrico e as condições de baixa fertilidade dos solos
oferecem maiores riscos para outras culturas. Do ponto de vista de mercado, o cultivo de
sorgo em sucessão a culturas de verão tem contribuído para a oferta sustentável de alimentos
de boa qualidade para alimentação animal e de baixo custo, tanto para pecuaristas como para
a agroindústria de rações. Atualmente, o produto tem liquidez para o agricultor e grande
vantagem comparativa para a indústria, que, cada vez mais, procura alternativas para compor
suas rações com qualidade e menor custo (EMBRAPA, 2012).
No Brasil, a cultura do sorgo apresentou avanço significativo a partir da década de
70. Nesses poucos mais de 30 anos, a área cultivada tem mostrado flutuações (Gráfico 1).
23
Gráfico 1: Série histórica da área plantada de sorgo no Brasil (CONAB, 2014)
A agroindústria está cada vez mais interessada em aumentar o consumo de sorgo
em dietas de monogástricos. A área cultivada com sorgo na safra 2013/14 deve ficar em 848,4
mil hectares, com concentração na região Centro-Oeste – 500,9 mil hectares, 59% da área
nacional semeada com sorgo. Na região nordeste a área cultivada deve ficar em torno de
122,6 mil hectares (CONAB, 2014).
2.3.1 Sorgo na alimentação de poedeiras
Segundo Junqueira (2002), 70% do sorgo cultivado no país é do tipo granífero,
utilizado na sua quase totalidade na alimentação de suínos e aves. É a fonte de energia
alternativa ao mLilho produzido em maior escala, pois seu valor biológico é cerca de 98% do
observado no milho (MATEO; CARANDANG, 2006).
O sorgo em dietas para aves pode apresentar vantagens, pois seu preço no
mercado chega a ser 32% mais barato que o do milho. De acordo com Assuena et al. (2008) o
sorgo possui bom valor nutricional, semelhante ao do milho, e por essa característica pode ser
utilizado em substituição total ou parcial ao milho (Tabela 3)
A utilização do sorgo, como eventual substituto do milho nas rações de aves já
teve como principal limitante o alto teor de compostos poli fenólicos conhecidos como tanino
(MORENO et al., 2007). Os taninos podem ser classificados em hidrossolúveis e
condensados, presentes em baixas e altas concentrações, respectivamente. A maioria dos
efeitos adversos nutricionais dos taninos condensados é devido à tendência para reagir com as
proteínas, lipídios e carboidratos não digeríveis formando complexos, reduzindo a
digestibilidade e a disponibilidade de nutrientes para o crescimento e o aumento da excreção
de nutrientes (CHERIAN et al., 2002; LIZARDO et al., 1995).
24
Tabela 3. Composição nutricional do milho e sorgo baixo tanino
Variáveis Milho Sorgo
Matéria seca (%) 87,48 87,9
Proteína bruta (%) 7,88 8,97
Energia metabolizável (kcal/kg) 3381 3223
Extrato etéreo (%) 3,65 2,96
Fibra bruta (%) 1,73 2,3
Matéria mineral (%) 1,27 1,41
Cálcio 0,03 0,03
Fosforo total (%) 0,25 0,26
Fosforo disponível (%) 0,06 0,08
Sódio (%) 0,02 0,02
Potássio (%) 0,29 0,34
Metionina (%) 0,16 0,15
Metionina+Cistina (%) 0,33 0,30
Lisina (%) 0,23 0,20
Treonina (%) 0,32 0,29
Fonte: Rostagno et al. (2011)
Porém, de acordo com Moreno et al. (2007), o melhoramento genético do sorgo,
possibilitou a redução dos problemas relacionados à presença de taninos, devido o
desenvolvimento de variedades de baixo tanino, destinadas à produção de grãos para uso em
dietas de monogástricos.
Avaliando cinco níveis diferentes (0, 25, 50, 75 e 100%) de substituição do milho
pelo sorgo, para poedeiras comerciais, Casartelli et al. (2005) e Assuena et al. (2008)
observaram que os resultados obtidos foram semelhantes para os cinco níveis de substituição
sem prejuízo do desempenho das aves, bem como, não houve diferença para a qualidade dos
ovos. Da mesma forma Moura et al. (2010) avaliando os mesmo níveis para codornas
japonesas observaram que não houve efeito significativo dos níveis de sorgo nas rações sobre
nenhuma das características de produção. Porem Pinto et al. (2005) observaram que rações
contendo 75% de substituição do milho pelo sorgo determinaram ovos mais pesados em
relação à ração sem inclusão de sorgo, embora não tenha interferido na qualidade dos ovos.
Com tudo devido à baixa presença de carotenóides no sorgo, em comparação com
o milho, observa-se uma despigmentação dos produtos avícolas o que às vezes não atende às
25
exigências de mercado, consequentemente, exigindo a adição de pigmentos artificiais ou
naturais à dieta. (ASSUENA et al. 2008; MORENO et al. 2007).
Em experimento com poedeiras comerciais utilizando sorgo em substituição
parcial (50%) e total (100%) ao milho, Costa et al. (2006) observaram redução no escore de
coloração para gema do ovo das aves que receberam a ração contendo sorgo, bem como
observaram um aumento do escore, quando foi adicionado à ração uma fonte de pigmentos
naturais.
Moreno et al. (2007) também observaram redução na coloração da gema dos ovos
de poedeiras comerciais quando estas receberam ração contendo 50 e 100% de sorgo em
substituição ao milho e verificaram um aumento da coloração da gema quando foi adicionado
páprica às rações em níveis de 500 g/t e 1000 g/t
Avaliando a coloração da gema de ovos de codornas japonesa utilizando duas
metodologias diferentes (leque colorimétrico e calorímetro digital), Moura et al. (2010)
verificaram redução tanto para o escore de coloração (leque) como para os valores de croma
(colorímetro digital), quando as codornas receberam ração contendo diferentes níveis (0, 25,
50, 75 e 100%) do sorgo em substituição ao milho.
Sendo assim, observa-se que a solução para o uso de sorgo em larga escala na
ração de aves depende da identificação de novas fontes de pigmentos de baixo custo. (SILVA
et al., 2006)
2.4 Absorções dos carotenoides e deposição na gema do ovo
As aves não conseguem produzir carotenóides, devendo assim, obtê-los por meio
da alimentação (ENGLMAIEROVÁ; SKŘIVAN, 2013). O processo de absorção e transporte
dos carotenoides em aves, não está completamente elucidado, no entanto parece ser
semelhante ao que ocorre com os lipídeos (BJORNEBOE; BJORNEBOE; DREVOH, 1990).
Ao serem consumidos, os carotenóides são emulsificados juntamente com os
lipídeos em gotas menores através de sais biliares. Então, os carotenóides são incorporados
em micelas compostas de ácidos biliares, ácidos graxos livres, monoglicerídeos e
fosfolipídeos que serão absorvidos pelas células da mucosa duodenal por um mecanismo
envolvendo a difusão passiva, mecanismo similar ao do colesterol (OLSON, 1987; PARKER,
1996).
Posteriormente são empacotados nos portomícrons. Estes são liberados do
enterócito, através da veia porta, e seguem para o fígado. Parte desses portomícrons sofre
26
metabolismo hepático para formar a VLDLg (g = gema), que é a lipoproteína de muito baixa
densidade modificada encontrada no plasma das galinhas em postura, cuja função é
transportar triglicerídeos e vitaminas lipossolúveis ao oócito (ROCHA; LARA; BAIÃO,
2009). Desta forma, os carotenoides segue no núcleo da VLDLg até o oócito em formação,
pigmentando a gema.(ROCHA et al., 2013)
2.5 Pigmentos sintéticos e naturais na alimentação de poedeiras
Segundo Garcia et al. (2002) os pigmentos mais utilizados como aditivos na ração
de poedeiras são todos carotenóides, sendo classificados como:
a) sintéticos amarelos: produtos metabólicos do apo caroteno, cuja forma
comercial é o etil-éster-beta-apo-8-caroteno;
b) sintético vermelho: cantaxantina, comercializada como 4,4’-diceto-
betacaroteno, encontrada em cogumelos;
c) natural amarelo avermelhado: capsantina, obtido do pimentão;
d) natural vermelho: Bixina, obtido do urucum.
Devido à larga distribuição, diversidade estrutural e inúmeras funções, os
carotenóides constituem um dos mais importantes grupos de pigmentos. Esses compostos
lipossolúveis são responsáveis pelas cores amarelo, laranja e vermelho de muitos alimentos,
tais como frutas, vegetais, gema de ovo, alguns peixes como salmão e truta, algas e crustáceos
(MALDONADE; SCAMPARINI; RODRIGUEZ-AMYA, 2008).
A utilização de carotenóides sintéticos para a pigmentação tem como vantagem o
uso de quantidades mínimas necessárias para obter o efeito desejado. No entanto, estes
compostos são caros (CARRANCO et al., 2003; SANTOS-BOCANEGRA; OSPINA-
OSORIO; OVIEDO-RONDÓN, 2004).
Apesar da cantaxantina existir na natureza, a forma utilizada na ração é a sintética,
sendo por isto classificada como corante sintético. Embora a cantaxantina possa ser produzida
biotecnologicamente por diferentes microrganismos carotogênicos, a concentração produzida
é relativamente baixa não podendo competir economicamente com a forma sintética (NELIS;
DE LEENHEER , 1991).
A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas
proíbe o uso da maioria dos pigmentos artificiais na dieta de animais e humanos, devido o seu
efeito tóxico (CONSTANT; STRINGHETA; SANDI, 2002), limitando o uso de outros como
27
a cantaxantina, o único pigmento carotenóide para o qual uma Ingestão Diária Aceitável
(IDA) tem sido estabelecida, sendo o valor de 0,03mg/kg. A União Europeia limita o uso de
cantaxantina em 25mg/kg para rações de frango e 8mg/kg em rações de poedeiras
(EUROPEAN COMISSION, 2002). Apesar de ainda ser usada, como fonte de pigmento na
ração animal a cantaxantina é classificada na União Europeia como uma substância
potencialmente perigosa para a saúde do ser humano (ENGLMAIEROVÁ; SKŘIVAN, 2013),
havendo a proibição do uso dos mesmo em países como a Noruega e a Suécia.
De acordo com Harder et al. (2008), para o uso de corantes artificiais a legislação
brasileira se apoia nas recomendações do Comitê FAO/OMS (Food and Agriculture
Organizacion/ Organização Mundial de Saúde) - JECFA, (2004), na qual os países devem
verificar sistematicamente o consumo total de aditivos permitidos, através de estudos da dieta
de sua população, para assegurar que a ingestão total não ultrapasse os valores determinados
na IDA, avaliando entre outros aspectos qualquer efeito acumulativo, sinérgico e de proteção,
decorrente do seu uso (BRASIL, 1997).
No entanto alguns pigmentos sintéticos ainda são utilizados na ração de poedeiras
com o objetivo de potencializar a pigmentação da gema. Garcia et al. (2002) avaliaram os
efeitos de diferentes níveis de inclusão de um agente pigmentante, a base de cantaxantina a
10%, sobre a qualidade dos ovos e o desempenho de poedeiras comerciais. Verificaram que a
inclusão de cantaxantina na dieta não influenciou os parâmetros produtivos e de qualidade dos
ovos, exceto a coloração das gemas, sendo o melhor resultado obtido com a adição de 60 ppm
de cantaxantina estimado aos 5,43 dias de inclusão do pigmentante à dieta, sendo atingindo a
cor plateau de 14,3 do leque colorimétrico Roche.
Utilizando uma fonte de pigmento natural (urucum moído nas concentrações de
1,5 e 2%) e uma artificial (0,001% de carophyll yellow e 0,006% de carophyll red) em rações
à base de milho, para duas linhagens diferentes de poedeiras, (Carijó Barbada e Isa-Brown),
Spada et al. (2012) , concluíram que dentre os aditivos utilizados, o urucum foi o mais
eficiente. Observou ainda, que a adição de carotenóides na dieta não alterou o peso e a
densidade dos ovos.
A cantaxantina também foi avaliada por Cho; Zhang e Kim (2013) que
verificaram melhora na porcentagem de postura e na pigmentação da gema do ovo, com o
aumento desse pigmento de 0,011 para 0,021% na ração de poedeiras Isa Brown.
Os estudos sobre os efeitos nocivos causados pelos corantes artificiais à saúde são
insuficientes e bastante contraditórios. Segundo Stringheta e Silva (2008), a toxicidade de
muitos corantes artificiais levou os órgãos responsáveis de vários países a restringir ou até
28
mesmo a proibir a utilização de uma variedade deles. Testes toxicológicos comprovaram que
dependendo do tipo e da quantidade consumida, alguns corantes podem provocar extensa
gama de efeitos colaterais como alergias, disritmias cardíacas, problemas circulatórios,
gástricos e oftalmológicos, distúrbios da tireoide, hiperatividade em crianças, câncer e
mutações genéticas.
As atuais demandas dos consumidores por alimentos saudáveis e naturais têm
estimulado pesquisas na área de nutrição animal com o objetivo de encontrar alternativas para
substituir ingredientes sintéticos utilizados na alimentação animal, capazes de manter ou
aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção. Os principais pigmentantes
naturais utilizados no Brasil são os derivados do urucum (Bixa orellana L.), a óleoresina de
páprica (Capsicumannum) e o extrato de pétala de marigold (Tagetes erecta) (GARCIA et al.,
2010; MOURA et al., 2011).
Entende-se por corantes naturais todos os compostos orgânicos que têm a
capacidade de absorver, seletivamente, a luz, adquirindo intensa coloração, que confere aos
corpos aos quais se adere. Quimicamente, corantes são apenas substâncias capazes de colorir
de modo irreversível uma matriz (FRANCO et al., 2013).
A adição de duas fontes de pigmentos naturais, cúrcuma (1 e 2%) e a semente de
urucum (1 e 2%) em ração contendo 50% de sorgo com baixo tanino para poedeiras em
segundo ciclo de postura foi avaliada por Laganá et al. (2011) e, segundo os autores, não
houve influência significativa dos tratamentos sobre o peso do ovo, massa de ovo e consumo
de ração, no entanto ocorreu um aumento na porcentagem de postura com a inclusão dos
pigmentantes. A coloração da gema foi mais intensa com a inclusão da semente de urucum,
aproximando-se do vermelho, já a cúrcuma não atuou como um bom pigmentante da gema de
ovos.
Com o objetivo de avaliar o desempenho e a qualidade dos ovos de codornas
japonesas alimentadas com rações à base de sorgo com baixo tanino e suplementadas com os
pigmentantes naturais amarelo (0,1% de Marigold), vermelho (0,1% páprica) e uma
combinação de ambos (0,1% de Marigold+0,1% páprica), Moura et al. (2011) verificaram que
não houve diferença significativa entre os tratamentos para desempenho. Para com a cor da
gema os autores observaram uma maior eficiência de pigmentação do extrato de páprica em
relação ao de marigold. Todavia, a associação das duas fontes de pigmentantes foi mais
eficiente que sua utilização isoladamente, uma vez que potencializou o aumento do escore
colorimétrico das gemas dos ovos.
29
Apesar de menos onerosas, as fontes naturais apresentam menor eficiência de
pigmentação se comparadas às fontes sintéticas (Garcia et al., 2002). Com a intenção de
solucionar este problema, várias pesquisas têm sido conduzidas com o objetivo de buscar
fontes alternativas de pigmentos carotenóides a serem adicionadas à ração de poedeiras para
melhorar a coloração das gemas (BOSMA; DOLE; MANESS, 2003; PONSANO et al., 2004).
2.6 O urucum
O urucum (Bixa orellana) é a única espécie pertencente à família Bixaceae, nativa
da América Tropical e extremamente cultivada. (FRANCO et al, 2008; GIULIANO;
ROSATIC; BRAMLEY, 2003; JOLY, 2005).
Cada fruto do urucum contém de 30 a 40 sementes que são rodeadas por uma
polpa mole de coloração vermelho-alaranjado, rica em beta caroteno e outros carotenóides,
sendo o mais abundante (mais de 80%) a bixina que é atóxica (SANTANA et al., 2008;
BRAZ, et al., 2007) e pode ser empregada em muitos produtos, para alimentação humana e
animal (FRANCO et al., 2002)
Da bixina são obtidos os demais pigmentos do urucum, como a norbixina,
(STRINGHETA; SILVA, 2008), sendo que a coloração vermelha da semente está diretamente
relacionada ao percentual da bixina e quanto maior a concentração de norbixina, maior a
tendência para o amarelo. Tanto as sementes, quanto os extratos processados são
comercializados com base no teor de bixina ou norbixina (OLIVEIRA, 2005).
No que se refere aos teores de bixina, os compostos de urucum também sofrem
grande interferência das condições de processo estando susceptíveis à decomposição
provocada pelo calor, luz e oxidação, como também potencializada por determinados
solventes. Uma vez isolada da semente, a bixina torna-se muito vulnerável à degradação
(FRANCO et al., 2013).
A bixina do urucum tem se destacado como uma das principais fontes de corantes
naturais utilizados no mundo, tendo como principais aplicações na indústria têxtil, de
alimentos, no setor de cosméticos, e principalmente na farmacêutica para o tratamento de
diversas doenças (FRANCO, et al. 2008).
Existem dois métodos principais de extração da bixina do urucum, os quais são
largamente utilizados em escala industrial: (1) extração por centrifugação em água e (2)
extração por centrifugação em óleo. Em ambos os processos, a bixina é o principal pigmento
extraído (PASCHOINI, 2000).
30
O uso comercial do urucum é recente e vem aumentando cada vez mais em função
das exigências do mercado por produtos mais “saudáveis”, uma vez que a legislação limita o
uso de determinados aditivos artificiais na indústria alimentícia e farmacêutica (LEMOS, et
al., 2011)
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores mundiais de urucum. Da
produção brasileira, cerca de 70% dos grãos produzidos destinam-se ao processamento do
colorau, 20% são utilizados na produção do corante e 10% são exportados (BARBOSA
FILHO, 2006; HARDER, et al 2007).
O mercado interno do urucum envolve mais de um milhão de pessoas na sua
produção, sobretudo, na fabricação do colorau. Seu consumo não é prejudicial à saúde, pois
além de reduzir o colesterol total e triglicerídeos, possui altos teores de proteínas e
aminoácidos essenciais (FRANCO et al, 2008).
Segundo a Resolução CNNPA 12/78 do Ministério da Saúde, o colorífico
(colorau) é definido como um produto constituído pela mistura de fubá ou farinha de
mandioca, com urucum em pó ou extrato oleoso de urucum adicionado ou não de sal e de
óleos comestíveis (BRASIL, 1978).
Os extratos de urucum são utilizados como corante para manteiga, queijos,
produtos de panificação, óleos, sorvetes, salsichas, cereais matinais e são relativamente
baratos quando comparados com outros pigmentos naturais. (CARDARELLI; BENASSI;
MERCADANTE, 2008)
O extrato oleoso de urucum é um produto industrial obtido pela remoção dos
pigmentos da semente de urucum diluídos em solução oleosa. Pode ser utilizado na
alimentação de poedeiras com a finalidade de melhorar a coloração das gemas dos ovos
(SILVA et al., 2000).
Avaliando o uso do extrato de urucum na ração de poedeiras comerciais em rações
contendo 40% de sorgo, Silva et al., (2000) verificaram que não houve efeito dos níveis (0,0;
0,10; 0,15; 0,30; 0,45; 0,60%) de extrato de urucum sobre o desempenho e peso dos ovos, no
entanto houve um crescimento linear na pigmentação da gema, sugerindo a inclusão de 0,10%
pois, promoveu pigmentação semelhante ao do milho e o menor custo de ração.
Da mesma forma, Costa et al., (2006) em experimento com poedeiras comerciais
utilizando sorgo em substituição parcial (50%) e total (100%) ao milho, com inclusão de
quatro níveis de extrato oleoso de urucum (0,0; 0,15; 0,30; 0,60%), observaram que a inclusão
de 0,15% do extrato oleoso de urucum foi suficiente para produzir uma boa pigmentação da
gema.
31
Para a obtenção do colorau, produto mais popular do urucum, cerca de 97 a 98%
da semente bruta de urucum não é aproveitada após o processamento, tornando-se um resíduo
que pode poluir o meio ambiente (SILVA et al., 2006).
2.6.1 Resíduo da semente de urucum (RSU)
Na obtenção dos corantes do urucum para indústria de alimentos ou do produto
mais popular, o colorau, grande parte da semente bruta de urucum não é aproveitada após o
processamento, tornando-se um resíduo que pode vir a poluir o meio ambiente (SILVA et al.,
2006 ). Porém, análises de composição química deste resíduo (UTIYAMA; MIYADA;
FIGUEREDO, 2002; SILVA et al., 2005) indicaram a possibilidade do uso desse subproduto
como ingrediente na composição de rações de suínos e aves. Além, do seu valor nutricional, a
coloração vermelha deste resíduo indica ainda a presença de pigmentos, podendo os mesmos
contribuírem para a pigmentação dos produtos avícolas
Apesar de ser um subproduto, o resíduo de semente processada de urucum tem
apresentado composição bromatológica pouco variável. Wurts e Torreblanca (1983) e Tonani
et al., (2000) determinaram valores, com base na matéria seca, respectivamente de: 13,7% e
13,5% para proteína bruta; 14,4% e 15%; para fibra bruta 1,1% e 1,5%; para extrato etéreo
5,9% e 6,2% para matéria mineral e 64,9% e 63,8% extrativo não nitrogenado.
Segundo Garcia et al., (2009) muitos trabalhos com a utilização de urucum na
alimentação animal tem se baseado no aproveitamento de seus subprodutos., nos quais, se
buscam determinar níveis ideais de inclusão dos subprodutos na dieta, visando à manutenção
da produtividade e melhoria na cor da gema dos ovos e da pele e carne dos frangos.
Utilizando diferentes níveis (0, 3, 6, 9, 12%) de farelo de urucum na ração de
poedeiras, Queiroz (2006) concluiu que a inclusão de até 3% de farelo de urucum em rações à
base de sorgo promoveu adequada pigmentação das gemas dos ovos sem prejudicar o
desempenho das aves. No entanto, a inclusão de 6 a 12% de farelo de urucum, embora tenha
proporcionado maior intensidade de pigmentação de gemas, afetou negativamente o consumo
de ração, a produção e o peso dos ovos de poedeiras comerciais semipesadas.
Avaliando a substituição de milho por sorgo em nível de 40% e suplementando
com 0, 4, 8 e 12% do resíduo da semente de urucum na alimentação de poedeiras, Silva et al.
(2006) concluíram que o resíduo da semente de urucum melhorou a pigmentação da gema dos
ovos de galinhas poedeiras alimentadas com altos níveis de sorgo na ração. Este subproduto
pode ser incluído em até 12% na ração.
32
Em experimento com a substituição total do milho pelo sorgo, Braz et al., (2007)
incluíram níveis de 0,0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0% do resíduo da semente de urucum e verificaram
que houve uma melhora na pigmentação da gema dos ovos de poedeiras alimentadas com
rações contendo sorgo como principal fonte de energia, podendo ser utilizada em níveis de até
2% sem afetar o desempenho das aves, muito embora o nível de 2% não tenha sido suficiente
para promover pigmentação semelhante à ração com o milho como principal fonte de energia.
Segundo Braz et al. (2007), é viável a utilização do resíduo da semente de urucum
como agente pigmentante da gema dos ovos de poedeiras comerciais, entretanto, novos
ensaios com níveis maiores de inclusão deverão ser conduzidos para verificar até que ponto
esse alimento poderá ser incluído nas rações de poedeiras à base de sorgo ou outro ingrediente
pobre em pigmentos, proporcionando coloração das gemas aceitável pelo mercado e que não
afete, negativamente, o desempenho das poedeiras.
33
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39
CAPITULO II – RESIDUO DA SEMENTE DE URUCUM NA RAÇÃO DE
POEDEIRAS COMERCIAIS CONTENDO SORGO COMO PRINCIPAL FONTE DE
ENERGIA
40
1 INTRODUÇÃO
O aumento nos custos com alimentação advindos da elevação dos preços do milho
e farelo de soja ou a baixa disponibilidade desses ingredientes em algumas regiões tem
incentivado as pesquisas para buscar alimentos alternativos que possam ser utilizados na
alimentação das aves sem prejudicar o desempenho zootécnico, visando reduzir os custos com
a alimentação das aves.
Nesse cenário, o sorgo tem sido visto como a principal alternativa ao milho, pois
seu valor nutricional representa cerca de 98% do observado para o milho (MATEO;
CARANDANG, 2006), além do menor custo. Isso se confirma nos resultados das pesquisas
que tem demonstrado a possibilidade de utilização do sorgo em rações de aves em níveis de
até 100% em substituição ao milho (GARCIA et al., 2005; PINTO et al., 2005; ASSUENA et
al., 2008; MOURA et al., 2010), proporcionando desempenho semelhante, porém, com
redução na pigmentação da pele de frangos e cor da gema de ovos.
Para solucionar os problemas de pigmentação dos produtos avícolas associados ao
uso do sorgo na ração tem sido sugerida a inclusão de uma fonte de pigmento na ração, sendo
os pigmentantes naturais os mais estudados atualmente devido à tendência atual voltada para
o uso de produtos naturais para alimentação humana e animal. Nesse contexto, o urucum
destaca-se como uma boa fonte de pigmentos naturais, sendo estes extraídos a partir da polpa
da semente, que se caracteriza como uma fina camada resinosa de coloração vermelho-
alaranjado.
Na obtenção dos corantes do urucum para indústria de alimentos ou do produto
mais popular, o colorau, grande parte da semente bruta de urucum não é aproveitada após o
processamento, tornando-se um resíduo que pode vir a poluir o meio ambiente (SILVA et al.,
2006 ). Porém, análises de composição química deste resíduo (UTIYAMA; MIYADA;
FIGUEREDO, 2002; SILVA et al., 2005) indicaram a possibilidade do uso desse subproduto
como ingrediente na composição de rações de suínos e aves. Além, do seu valor nutricional, a
coloração vermelha deste resíduo indica ainda a presença de pigmentos, podendo os mesmos
contribuírem para a pigmentação dos produtos avícolas.
Avaliando o aproveitamento do resíduo do processamento do urucum para
poedeiras comerciais, Silva et al. (2006) observaram que a adição de 4; 8 e 12% deste
subproduto em rações contendo até 40% de sorgo, aumentou linearmente o consumo de ração,
a porcentagem de postura, a massa de ovos e intensificou a coloração da gema. Braz et al.
(2007) avaliaram a inclusão (0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2%) do resíduo da semente de urucum na ração
41
de poedeiras contendo 100% de sorgo e não observaram diferença significativa no
desempenho das aves e qualidade dos ovos, exceto, a melhora linear na coloração da gema
com adição do resíduo do urucum na ração. Contudo, em ambos os estudos, os pesquisadores
relataram que os níveis de resíduo da semente de urucum adicionados não foram suficientes
para produzir pigmentação semelhante à obtida com a ração com milho e farelo de soja.
Portanto, o desenvolvimento da presente pesquisa teve por objetivo avaliar o uso
do resíduo da semente do urucum (RSU) em rações de poedeiras comerciais formuladas com
sorgo como principal fonte de energia, através dos seus efeitos sobre o aproveitamento dos
nutrientes, desempenho das aves e características dos ovos, com o intuito de determinar o
melhor nível de inclusão desse ingrediente na ração.
42
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Delineamento experimental
O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Departamento de
Zootecnia (DZ) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Ceará
(UFC), Campus do Pici, Fortaleza - Ceará, com uma duração de 84 dias, divididos em 4
períodos de 21 dias.
Inicialmente foram adquiridas 350 frangas da linhagem Lohmann Brown com 17
semanas de idade. As aves foram alojadas em galpão equipado com gaiolas de postura de
arame galvanizado (25 cm x 40 cm x 30cm), contendo um comedouro tipo calha e um
bebedouro nipple, sendo duas aves alojadas por gaiola.
O programa de luz utilizado foi de 14 h (natural e artificial), sendo iniciado após
as aves atingirem 5% de postura (19 semanas). A partir dai foram acrescentados 15min por
semana até atingir um total de 16 h/ luz/dia (natural e artificial). A coleta de ovos foi feita
diariamente às 16:00 hs.
Quando as aves atingiram o pico de postura (34 semanas), conforme
recomendações apresentadas por Sakomura e Rostagno (2007) para montagem de ensaios
com aves poedeiras, foram selecionadas 288 aves em função do peso corporal e porcentagem
de postura e distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com 6 tratamentos e 6
repetições de 8 aves por parcela.
As variáveis ambientais temperatura e umidade relativa do ar no interior do galpão
foram medidas com termômetro de máxima e mínima e psicrômetro, respectivamente. Os
dados foram registrados diariamente e as leituras realizadas às 08:00 h e 16:00 h. Ao final de
cada período experimental foram calculadas as médias das temperaturas máximas e mínimas e
os valores de umidade relativa do ar.
2.2 Rações experimentais
Os tratamentos consistiram em: T1 - ração composta à base de milho e farelo de
soja (controle positivo); T2 - ração com 100% de sorgo em substituição ao milho sem a
adição de pigmentante (controle negativo); T3, T4, T5 e T6 – ração com 100% de sorgo em
substituição ao milho com a adição de 2,5; 4,5; 6,5 e 8,5% de resíduo da semente de urucum
(RSU), respectivamente (Tabela 4). Durante o período experimental as aves receberam ração
e água à vontade.
43
Tabela 4 - Composição percentual e nutricional calculada das rações experimentais
Ingredientes Tratamentos
T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 63,49 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sorgo 0,00 63,00 60,70 58,84 57,00 55,15
Farelo de soja 24,17 22,69 22,40 22,17 21,94 21,70
Óleo de soja 1,23 3,18 3,29 3,38 3,47 3,56
Resíduo da semente de urucum (RSU) 0,00 0,00 2,50 4,50 6,50 8,50
Calcário calcítico 8,72 8,76 8,77 8,78 8,79 8,80
Fosfato bicálcico 1,51 1,46 1,43 1,41 1,39 1,36
Suplemento mineral e vitamínico1 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30
Sal comum 0,46 0,46 0,46 0,46 0,46 0,47
DL-Metionina 0,12 0,15 0,15 0,16 0,15 0,16
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Custo/kg de ração (R$) 1,012 0,939 0,935 0,933 0,929 0,926
Nível nutricional calculado
Energia metabolizável (kcal/kg) 2.800 2.800 2.800 2.800 2.800 2.800
Proteína bruta (%) 16,00 16,00 16,00 16,00 16,00 16,00
Matéria seca (%) 88,90 89,39 89,38 89,37 89,36 89,36
Fibra em detergente neutro (FDN, %) 9,58 8,33 9,01 9,57 10,12 10,67
Fibra em detergente acido (FDA, %) 3,60 4,89 5,11 5,28 5,46 5,64
Cálcio (%) 3,8 3,8 3,8 3,8 3,8 3,8
Fósforo disponível (%) 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37
Sódio (%) 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
Lisina total (%) 0,82 0,76 0,76 0,76 0,76 0,77
Metionina+cistina total (%) 0,71 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70
Metionina total (%) 0,44 0,45 0,45 0,46 0,45 0,46
Treonina total (%) 0,63 0,59 0,59 0,58 0,58 0,58
Triptofano total (%) 0,19 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20
1 Suplemento mineral e vitamínico (composição por kg do produto): ÁcidoPantotênico (mín.) 2.580,00 mg;
Bacitracina de Zinco (mín.) 6.750,00 mg; Cobre (mín.) 30,66 mg; Colina (mín.) 60,00 mg; Ferro (mín.) 16,59
mg; Iodo (mín.) 240,00 mg; Manganês (mín.) 22,31 mg; Metionina (mín.) 200,00 mg; Niacina (mín.) 6.600,00
mg; Selênio (mín.) 100,00 mg; Zinco (mín.) 17,16 mg; Vitamina A (mín.) 2.350.000,00 mg; Vitamina B1
(mín.) 440,00 mg; Vitamina B2 (mín.) 990,00 mg; Vitamina B6 (mín.) 550,00 mg; Vitamina B12 (mín.)
2.600,00 mg; Vitamina D3 (mín.) 567.500,00 mg; Vitamina E (mín.) 1.750,00 mg; Vitamina K3 (mín.) 400,00
mg.
As rações foram calculadas para serem isonutrientes e isoenergéticas,
considerando-se as recomendações nutricionais contidas no manual da linhagem Lohmann
Brown (2011). Também, foram considerados os valores de composição dos ingredientes de
acordo com Rostagno et al. (2011), exceto para o RSU (Tabela 5) para o qual foram utilizados
os valores determinados por Queiroz (2006) e Souza (2014).
O RSU foi proveniente da empresa Paschoini Agro Ltda, situada na cidade de São
Sebastião do Paraiso – Mina Gerais. O processo de extração da bixina é feito por
centrifugação em água, e o resíduo proveniente dessa extração passa por uma operação de
secagem, sendo posteriormente moído e ensacado para comercialização.
44
Tabela 5 - Valores de composição química e energética do resíduo da semente do urucum
utilizado para formulação das rações experimentais
Constituintes¹ Resíduo da semente do urucum (RSU)
Matéria seca (%) 88,77²
EMAn (kcal/kg) 2.813²
Proteína bruta (%) 13,46²
Fibra detergente ácido (%) 12,81²
Fibra detergente neutro (%) 32,94²
Extrato etéreo (%) 1,65²
Matéria mineral (%) 3,14²
Cálcio (%) 0,18³
Fósforo (%) 0,31³
Lisina Total (%) 0,61²
Metionina total (%) 0,21²
Metionina + cistina total (%) 0,38²
Triptofano total (%) 0,09²
Treonina total (%) 0,41² ¹Valores expressos na matéria natural; ²Souza (2014); ³Queiroz (2006).
2.3 Avaliação do desempenho das aves
As variáveis avaliadas foram consumo de ração (g/ave/dia), porcentagem de
postura (%/ave/dia), peso do ovo (g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão alimentar por
massa de ovo (consumo de ração/massa de ovo). .
A ração fornecida no início e as sobras, ao final de cada período, foram pesadas e
por diferença foi calculado o consumo de ração. A produção de ovos foi registrada
diariamente por gaiola e no final de cada período, foram calculadas as porcentagens de
postura por repetição.
O peso médio do ovo foi obtido dividindo-se o peso total dos ovos coletados pelo
número de ovos postos por repetição, em cada período. A pesagem foi feita uma vez na
semana em balança eletrônica “Marte” com precisão de 0,01g. A partir do número de ovos e
do peso médio do ovo foi calculada a massa de ovo por repetição e por período. A conversão
alimentar para cada repetição, por período, foi calculada a partir da relação entre o consumo
de ração e a massa de ovo produzida. Os dados de desempenho foram corrigidos pela
mortalidade.
2.4 Qualidade externa e interna dos ovos
As variáveis avaliadas foram densidade específica (DE), Unidades Haugh (UH),
percentagem de gema, albúmen e casca, espessura da casca (EC), cor da gema.
45
A avaliação da qualidade e constituintes dos ovos foi realizada uma vez por
semana durante todo o período experimental. Para isso os ovos de cada repetição foram
coletados e três deles selecionados pelo peso médio dos ovos de cada parcela (evitando-se
ovos quebrados, trincados ou sujos) para serem utilizados na avaliação.
Inicialmente foi determinado a DE dos ovos utilizando-se os procedimentos
descritos por Freitas et al. (2004). O sistema de pesagem foi montado sobre balança de
precisão Marte (0,01g) para obtenção do peso do ovo no ar e na água. Os valores do peso do
ovo no ar e na água foram anotados para o cálculo da DE, através da equação DE= PO/ (PA x
F), onde: PO = peso do ovo no ar, PA = peso do ovo na água e F = fator de correção da
temperatura.
Após a determinação da DE os ovos foram quebrados sobre uma superfície de
vidro para a determinação da altura do albúmen com o uso de um micrômetro de
profundidade. Os dados da altura do albúmen e do peso dos ovos foram utilizados no cálculo
das UH por meio da equação UH= 100 log (H + 7,57 – 1,7 W0, 37
), sendo: H = altura do
albúmen (mm) e W = peso do ovo (g).
Após a determinação da altura do albúmen, as gemas foram separadas e pesadas
em balança de precisão “Marte” (0,01g) e as cascas dos ovos foram lavadas e postas para
secar por um período de 48 horas e posteriormente foram pesadas. As percentagens de gema e
casca foram obtidas pela relação entre o peso de cada porção e o peso do ovo e a percentagem
de albúmen foi determinada por diferença: % albúmen = 100 – (% gema + % casca).
Para espessura de casca dos ovos, foram retirados fragmentos de casca dos dois
polos (maior e menor) e região equatorial, sendo medidos com o uso de paquímetro digital
com divisões de 0,01mm. A espessura da casca foi considerada como a média da espessura
obtida nas três regiões do ovo.
A cor da gema foi avaliada através da comparação visual com o leque
colorimétrico da Roche e através de medição objetiva mediante colorímetro Minolta, Chroma
Meter CR400. O colorímetro foi previamente calibrado em superfície branca de acordo com
padrões pré-estabelecidos, operando no sistema CIE (L*, a* e b*), sendo L* a luminosidade,
a* a intensidade da cor do verde ao vermelho, b* a intensidade da cor do azul ao amarelo.
2.5 Avaliação da digestibilidade e utilização dos nutrientes da ração
Para determinação dos efeitos dos tratamentos sobre a digestibilidade dos
nutrientes, procedeu-se a coleta total de excretas durante quatro dias do terceiro período
experimental. Para isso, foram colocadas sob as gaiolas, bandejas de alumínio previamente
46
revestidas com plástico e para a identificação das excretas provenientes das rações em estudo,
foi adicionado 1% de óxido de ferro nas rações, no primeiro e no último dia de coleta.
As excretas foram coletadas duas vezes ao dia no início da manhã e no final da
tarde e após o período de coleta, as amostras foram devidamente identificadas e encaminhadas
ao Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFC para secagem em estufa de ventilação
forçada a 55°C por 72 horas. Em seguida, foram trituradas em moinho tipo faca e
posteriormente, determinados os teores de matéria seca (MS), nitrogênio (N), segundo
metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002), e energia bruta (EB) foi determinada em
bomba calorimétrica tipo “PARR”, modelo 1241EA.
Com base nos resultados laboratoriais foram calculados os coeficientes de
metabolizabilidade (%) da MS, N e EB. Os valores de energia metabolizável aparente (EMA)
e aparente corrigida (EMAn) das rações (kcal/kg de MS) foram calculados com base nas
equações propostas por Matterson et al. (1965).
2.6 Avaliação da viabilidade econômica
Para verificar a viabilidade econômica da inclusão do RSU, foi calculado o custo
da ração (CR) por massa de ovos (Yi), adaptando a equação proposta por Bellaver et al.
(1985): Yi = (Qi x Pi) / Gi, onde Yi = custo da ração por massa de ovos no i-ésimo
tratamento; Pi = preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento; Qi =
quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento e Gi = Massa de ovos do i-ésimo
tratamento.
Em seguida, foram calculados o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice
de Custo (IC) propostos por Fialho et al. (1992): IEE = (MCei /CTei) x 100 e IC = (CTei /
MCei) x 100, onde MCei = Menor custo da ração por massa de ovos, observado entre
tratamentos e CTei = Custo do tratamento i considerado. No cálculo do custo da ração, foram
considerados os preços praticados para os ingredientes, em R$ por kg , cujos valores foram:
0,70; 1,74; 0,56; 0,50; 2,11; 0,19; 3,00; 13,50; 14,00; 0,28, para milho, farelo de soja, sorgo,
RSU, óleo de soja, calcário, fosfato bicálcico, DL-metionina, suplemento vitamínico e
mineral, sal comum, respectivamente.
2.7 Análise estatística dos dados
A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o “Statistical Analyses
System” (SAS, 2000). Os dados obtidos para os tratamentos contendo 2,5; 4,5; 6,5 e 8,5% de
47
RSU (tratamentos 3, 4, 5 e 6 respectivamente) foram submetidos à análise de regressão para
se determinar o melhor nível de inclusão da RSU nas rações. Em seguida, os dados de todos
os tratamentos foram comparados pelo teste SNK (5%).
48
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As médias de máxima e mínima para temperatura ambiente e umidade relativa do
ar no galpão durante o período experimental foram 30,43ºC; 27,11ºC e 67,31%,
respectivamente.
Os coeficientes de metabolizabilidade dos nutrientes e os valores de energia
metabolizável das rações estão apresentados na Tabela 6. Não foi observada diferença
significativa (p>0,05) entre os tratamentos para EMA, EMAn, CMMS, CMEB e CMN.
Tabela 6 – Coeficientes de metabolizabilidade e valores de energia metabolizável das rações
para poedeiras contendo sorgo e diferentes níveis do resíduo da semente de urucum
Tratamentos
Parâmetros¹
EMA
(kcal/kgMS)
EMAn
(kcal/kgMS)
EMAn
(kcal/kgMN)
CMMS
(%)
CMEB
(%)
CMN
(%)
Milho + 0,0% RSU2 3,257 3,183 2,812 73,60 78,98 40,18
Sorgo + 0,0% RSU 3,243 3,201 2,874 71,64 78,33 40,03
Sorgo + 2,5% RSU 3,165 3,085 2,787 72,61 76,89 40,87
Sorgo + 4,5% RSU 3,132 3,088 2,795 73,10 77,38 37,42
Sorgo + 6,5% RSU 3,182 3,112 2,770 71,45 76,72 39,02
Sorgo + 8,5% RSU 3,158 3,118 2,808 70,83 76,06 37,62
Média 3,187 3,129 2,808 72,09 77,30 39,21
CV (%)3 2,87 2,62 2,62 3,62 2,89 12,20
p-valor
Tratamento 0,2355 0,1244 0,2511 0,5272 0,3373 0,8067
Análise de Regressão p-valor
Linear 0,8992 0,4496 0,7934 0,1819 0,4801 0,3675
Quadrática 0,9599 0,9807 0,6343 0,6635 0,5771 0,7356 ¹EMA – Energia metabolizável aparente, EMAn – Energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de
nitrogênio, CDMS – Coeficiente de metabolizabilidade da matéria seca, CDEB - Coeficiente de
metabolizabilidade da energia bruta, CDN - Coeficiente de metabolizabilidade do nitrogênio; ²RSU – Resíduo da
semente de urucum; ³CV – Coeficiente de variação; 4ANOVA – Analise de variância; (P>0,05) Efeito estatístico
não significativo.
Conforme os resultados, a substituição total do milho pelo sorgo e a inclusão de
até 8,5% de RSU nas rações formuladas com o sorgo com principal fonte de energia não
influenciaram significativamente no aproveitamento dos nutrientes da ração pelas poedeiras e,
consequentemente, nos valores de energia metabolizável das rações. Por outro lado, a
semelhança nos valores de energia metabolizável entre as rações e, também, em relação ao
valor calculado (Tabela 4) demonstra a similaridade entre a composição dos ingredientes e os
valores tabelados (FREITAS et al, 2011), visto que as rações foram calculadas para serem
isoenergéticas, com base nos valores de energia metabolizável do RSU determinados por
Souza (2014) e, para os demais ingredientes, tabelados por Rostagno et al (2011).
49
Em alguns relatos na literatura (ARRAYA et al., 1977; MIYADA et al., 2002;
SILVA et al., 2005; SILVA et al. 2006), os pesquisadores afirmaram que a inclusão de
subprodutos do beneficiamento do urucum na ração aumenta, proporcionalmente, o teor de
fibra bruta na ração e, consequentemente, ocorre a diluição da energia da ração e a redução do
aproveitamento da energia em razão da menor digestibilidade dos nutrientes, estando assim a
inclusão limitada a no máximo 10% na ração de poedeiras (ARRAYA et al., 1977), frangos
de corte (SILVA et al., 2005) e suínos (MIYADA et al., 2002). Dessa forma, como o maior
nível de inclusão do RSU testado foi de 8,5%, pode-se inferir que embora tenha ocorrido
aumento no teor de fibra das rações à medida que se aumentou o nível de RSU, esse
acréscimo não foi suficiente para promover diferenças significativas (p>0,05) na
digestibilidade dos nutrientes bem como nos valores de energia metabolizável da ração.
Para os dados de desempenho apresentados na Tabela 7, a substituição total do
milho pelo sorgo e a inclusão do RSU nas rações contendo sorgo não influenciaram (p > 0,05)
as variáveis de desempenho.
Tabela 7 – Desempenho de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e resíduo da
semente de urucum
Tratamentos
Parâmetros
Consumo de ração
(g/ave)
Peso do
ovo
(g)
Produção
de ovos
(%)
Massa de
ovo
(g/ave/dia)
CA1
(g/g)
Milho + 0,0% RSU2 104,85 60,37 93,95 56,72 1,85
Sorgo + 0,0% RSU 109,80 60,55 94,18 57,03 1,93
Sorgo + 2,5% RSU 104,91 60,91 92,62 56,41 1,86
Sorgo + 4,5% RSU 106,60 60,53 93,41 56,55 1,89
Sorgo + 6,5% RSU 106,85 61,16 91,49 55,96 1,91
Sorgo + 8,5% RSU 109,42 60,27 94,45 56,93 1,92
Média 107,27 60,64 93,34 56,60 1,89
CV3
(%) 4,82 2,24 3,87 4,65 3,93
Efeitos – ANOVA4 p-valor
Tratamento 0,4918 0,8785 0,7338 0,9844 0,4934
Análise de Regressão P-valor
Linear 0,2102 0,6381 0,6205 0,8467 0,2064
Quadrática 0,8453 0,6618 0,4973 0,7104 0,8505 1CA – Conversão Alimentar;
2RSU – Resíduo da semente de urucum;
3CV – Coeficiente de variação;
4ANOVA -
Análise de variância; (P>0,05) Efeito estatístico não significativo.
Avaliando a inclusão de subprodutos do beneficiamento do urucum na ração para
poedeiras, Silva et al. (2006) afirmaram que o aumento no consumo de ração pelas aves,
segundo esses autores o aumento no consumo de ração se deu como forma de compensar a
menor disponibilidade de energia para os processos metabólicos e produtivos, provocado pelo
aumento no teor de fibra da ração. Nesse contexto, pode-se inferir que a ausência de efeito
50
significativo da inclusão da RSU sobre o consumo de ração, constatada na presente pesquisa,
pode ser atribuída a não alteração na metabolização da energia conforme demonstrada
anteriormente.
A ingestão de energia e proteína pelas poedeiras são fatores que podem afetar a
produção de ovos (PINTO et al., 2002; FREITAS et al., 2005). Por sua vez, o peso do ovo
pode ser influenciado pela ingestão de proteína e aminoácidos, principalmente, metionina e
lisina (BUXADÉ, 1993). Dessa forma, para evitar problemas é fundamental assegurar a
ingestão diária de ração pelas aves na tentativa de atender a demanda de energia e nutrientes
das aves. Diante do exposto, se considerar que o consumo de ração não variou entre as aves
submetidas aos diferentes tratamentos, pode-se inferir que a demanda nutricional das
poedeiras foi atendida, justificando, assim, o fato de que não ocorreram diferenças
significativas para produção de ovos, peso e massa de ovos entre as aves submetidas aos
diferentes tratamentos.
Os efeitos da substituição do milho pelo sorgo e da inclusão do RSU sobre o
desempenho verificados nessa pesquisa se assemelham aos relatados por Braz et al. (2007).
Garcia et al. (2009) também relataram semelhança no desempenho das poedeiras com a
substituição total do milho pelo sorgo e com inclusão da semente integral de urucum na ração.
Entretanto, Silva et al. (2006) verificaram que o aumento do nível de inclusão do RSU de 4
para 12%, em rações de poedeiras contendo 40% de sorgo, promoveu aumento linear no
consumo de ração, na percentagem de postura e na massa de ovos, bem como a conversão
alimentar por kg de ovo e por dúzia de ovos melhoraram linearmente.
Para as variáveis de qualidade dos ovos apresentadas na Tabela 8, não houve
efeito significativo dos tratamentos. Conforme os resultados, a substituição total do milho
pelo sorgo ou a inclusão do RSU em rações contendo sorgo como principal fonte de energia,
em rações formuladas para serem isonutrientes, não tem influencia sobe a proporção dos
constituintes dos ovos, na qualidade do albúmen medida pelas unidades Haugh e na qualidade
da casca medida pela densidade específica ou espessura da casca.
A ausência de influencia significativa nas características dos ovos devido a
substituição total do milho pelo sorgo e a inclusão do RSU também foi relatada por Braz et al
(2007). Por sua vez, Harder et al. (2008); Carvalho et al. (2009); Garcia et al. (2010); Laganá
et al. (2011) e Spada et al. (2012) incluíram a semente integral de urucum em diferentes níveis
nas rações de poedeiras com variações de 0,5% á 2,5%, e não encontraram diferenças
significativas para gravidade específica, altura de gema, altura de albúmen, peso da gema,
peso e espessura de casca.
51
Tabela 8 – Qualidade de ovos de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e resíduo
da semente de urucum
Tratamentos
Parâmetros1
UH DE
(g/cm³)
Albúmen
(%)
Gema
(%)
Casca
(%)
EC
(mm)
Milho + 0,0% RSU2 87,35 1,087 66,36 24,30 9,34 0,33
Sorgo + 0,0% RSU 86,42 1,090 66,36 24,07 9,71 0,33
Sorgo + 2,5% RSU 85,17 1,091 65,82 24,51 9,57 0,34
Sorgo + 4,5% RSU 85,07 1.089 66,09 24,47 9,54 0,34
Sorgo + 6,5% RSU 86,54 1.090 66,50 24,20 9,63 0,34
Sorgo + 8,5% RSU 85,09 1.088 66,15 24,57 9,53 0,34
Média 85,94 1,089 66,21 24,35 9,55 0,34
CV3
(%) 2,45 0,40 0,77 2,38 2,60 2,12
Efeitos – ANOVA4 p-valor
Tratamento 0,3097 0,6105 0,2539 0,6288 0,2034 0,6176
Análise de Regressão p-valor
Linear 0,7266 0,3071 0,1556 0,9344 0,9174 0,7815
Quadrática 0,3973 0,8529 0,1534 0,4247 0,7486 0,5425 1UH – Unidade Haugh; DE – Densidade especifica; EC – Espessura de casca;
2RSU – Resíduo da semente de
urucum; 3CV – Coeficiente de variação;
4ANOVA - Análise de variância (P>0,05) Efeito estatístico não
significativo.
Observou-se diferenças significativas entre os tratamentos para todas as variáveis
avaliadas de coloração de gema mensuradas pelo leque colorimétrico e pelo método objetivo
(Tabela 9).
Tabela 9 – Cor da gema de ovo de poedeiras alimentadas com ração contendo sorgo e resíduo
da semente de urucum avaliado por dois métodos analíticos
Tratamentos Leque
colorimétrico¹
Colorímetro digital²
L a* b*
Milho + 0,0% RSU3 6,28e 53,77b -7,23e 35,88a
Sorgo + 0,0% RSU 1,26f 56,73a -8,64f 19,69d
Sorgo + 2,5% RSU 7,52d 53,29b -5,13d 32,00c
Sorgo + 4,5% RSU 9,42c 51,82c -2,93c 34,61b
Sorgo + 6,5% RSU 10,64b 51,22c -1,50b 36,16a
Sorgo + 8,5% RSU 11,81a 50,85c -0,14a 36,63a
Média 7,82 52,95 -4,26 32,49
CV4
(%) 3,27 1,93 -4,63 2,44
Efeitos – ANOVA5 p-valor
Tratamento 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
Análise de Regressão p-valor
Linear 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
Quadrática 0,1900 0,5730 0,1001 0,5100 ¹Roche; ²L – Luminosidade, a* - Intensidade de cor do verde ao vermelho, b* - Intensidade de cor do azul ao
amarelo; ³RSU – Resíduo da semente de urucum; 4CV – Coeficiente de variação;
5ANOVA – Análise de
variância; Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem pelo teste SNK.
Na avaliação da cor das gemas pelo leque colorimétrico, observou-se redução na
cor com a substituição total do milho pelo sorgo e que a ração contendo 8,5% de RSU
52
proporcionou o maior valor de coloração, com escore médio de 11,81, sendo este valor
superior à faixa de cor preferida pelos brasileiros, que é em torno de 7 a 10, segundo Galobart
et al. (2004). Observou-se também que a inclusão de 2,5% do RSU foi suficiente para
obtenção de coloração da gema superior à obtida com a ração contendo milho. Entre os níveis
de inclusão de RSU na ração contendo sorgo, houve aumento linear para o escore de cor
avaliada pelo leque colorimétrico (Y = 6,32 + 1,4X; R² = 0,98), com o aumento do nível de
inclusão do RSU.
A redução na coloração das gemas com a substituição total do milho pelo sorgo
confirma os relatos de outros pesquisadores como sendo o principal problema para o uso
desse grão na alimentação das poedeiras (SILVA et al., 2006; BRAZ et al., 2007; GARCIA et
al. 2009). Entretanto, os efeitos da adição do RSU corroboram, em parte, com os resultados
obtidos por outros pesquisadores. Silva et al. (2006) avaliaram a inclusão do RSU em rações
com 40% de sorgo e observaram que, embora a adição do RSU tenha aumentado a coloração
das gemas, o nível máximo de 12% de inclusão não foi suficiente para produzir gema com
coloração semelhante a do milho. Braz et al. (2007), verificaram que o nível máximo de 2%
do RSU promoveu melhora na coloração da gema porém os valores foram inferiores aos
obtidos com a ração à base de milho.
Para os valores do parâmetro L* (luminosidade), as gemas dos ovos das aves
alimentadas com sorgo sem a adição do RSU apresentaram maior valor, diferindo
significativamente dos resultados obtidos para os demais tratamentos. Esse parâmetro não
diferiu significativamente entre as gemas das aves alimentadas com a ração contendo milho
quando comparado com a ração contendo sorgo com inclusão de 2,5% do RSU, entretanto,
esses dois tratamentos proporcionaram valores de luminosidade significativamente superiores
aos obtidos nas gemas dos ovos das aves alimentadas com a inclusão de 4,5; 6,5 e 8,5% do
RSU na ração contendo sorgo. Entre os diferentes níveis de inclusão do RSU, houve redução
linear para os valores de L* (Y = 53,77 – 0,79X; R² = 0,91), com o aumento do nível de
inclusão do RSU na ração contendo sorgo.
Os resultados obtidos para a luminosidade (L*) sugerem que a adição de RSU na
ração de poedeiras promove uma coloração mais intensa, reduzindo a luminosidade e estão de
acordo com os relatados por Harder et al. (2007) e Garcia et al (2009), que observaram
aumento da luminosidade das gemas quando o sorgo substituiu integralmente o milho da
ração e redução desse parâmetro quando a semente de urucum foi adicionada.
Para os valores do parâmetro a* (intensidade da cor verde ao vermelh) houve
diferença significativa entre todos os tratamentos. As gemas dos ovos das aves alimentadas
53
com sorgo e adição de 8,5% do RSU apresentaram maior valor de a*, indicando maior
intensidade da cor vermelha. A menor intensidade de a* foi determinada para as gemas das
aves alimentadas com sorgo e, embora esse parâmetro tenha aumentado com a ração contendo
milho, ainda sim, os resultados foram significativamente menores que os obtidos com a
adição de RSU a partir de 2,5% na ração. Entre os níveis de inclusão do RSU nas rações,
houve aumento linear para os valores de a* (Y = -6,52 + 1,64X; R² = 0,98), com o aumento
do nível de inclusão do RSU na ração contendo sorgo.
Os efeitos da adição da substituição total do milho pelo sorgo e da adição da RSU
sobre a intensidade de vermelho nas gemas se assemelham aos relatados por Garcia et al.(
2009) de que a adição de sorgo reduz o valor de a* nas gemas deixando-as em frequência de
espectro de cor mais distante do vermelho, enquanto, a adição de semente de urucum aumenta
os valores de a*, deixando as gemas mais avermelhadas.
Diante do exposto, os efeitos da inclusão do RSU sobre os valores de a* sugerem
que o RSU utilizado na pesquisa continha bixina, que é um pigmento carotenóide vermelho-
alaranjado e o principal pigmento presente na semente integral do urucum, sendo este o
responsável pelo aumento nos valores de a* nas gemas, conferindo o tom mais alaranjado.
Na avaliação da intensidade da cor amarela (b*) nas gemas, os ovos das aves
alimentadas com sorgo sem a adição do RSU apresentaram menor valor, diferindo
significativamente dos resultados obtidos para os demais tratamentos. Esse parâmetro não
diferiu significativamente entre as gemas dos ovos das aves alimentadas com a ração
contendo milho ou sorgo com inclusão de 6,5% ou 8,5% do RSU, entretanto, esses
tratamentos proporcionaram valores de b* significativamente superiores aos obtidos nas
gemas dos ovos das aves alimentadas com a inclusão de 2,5 e 4,5% do RSU na ração. Entre os
níveis de inclusão, houve aumento linear para os valores de b* (Y = 30,99 +1,54X; R² =
0,91), com o aumento do nível de inclusão do RSU na ração contendo sorgo.
Os efeitos da adição da substituição total do milho pelo sorgo e da adição da RSU
sobre a intensidade de amarelo nas gemas se assemelham aos relatados por Garcia et al.(2009)
de que a adição de sorgo reduz o valor de b* nas gemas, enquanto, a adição de semente de
urucum aumenta os valores de b*, deixando as gemas mais amareladas. Entretanto, os
pesquisadores só obtiveram intensidade de b* semelhante à determinada com o milho, quando
inclusão de semente integral de urucum foi de 2,5%. Entretanto, Silva et al (2006) relataram
que, embora os valores de b* tenham aumentado linearmente com a adição de RSU na ração
contendo 40% de sorgo, mesmo com a inclusão de 12% de RSU não foi possível chegar a
intensidade de b* alcançada com a ração contendo milho.
54
Os efeitos da inclusão do RSU sobre os valores de b* sugerem que o RSU
utilizado na pesquisa continha norbixina, que é um pigmento carotenóide amarelo e presente
em menor proporção que a bixina na semente integral do urucum, sendo este o responsável
pelo aumento nos valores de b* nas gemas das aves alimentadas com ração contendo sorgo.
Por sua vez, a zeaxantina é o principal pigmento carotenóide do milho e confere cor amarela,
o que explica os maiores valores de b* determinados nas gemas dos ovos das aves
alimentadas com rações contendo milho como principal fonte de energia.
A pigmentação da gema, além da quantidade total de pigmentos, também depende
da proporção de carotenóides amarelos e vermelhos ingerida. Isso fica evidente, nos
resultados obtidos para os parâmetros de cor a* (vermelho) e b* (amarelo) entre a ração
composta por milho e as contendo RSU. A adição de RSU beneficiou em maior proporção a
cor vermelha, devido a sua maior riqueza em pigmentos vermelhos-alaranjado (bixina),
enquanto, o milho beneficiou a cor amarela em razão da maior presença de zeaxantina.
Em geral, os efeitos da inclusão do RSU sobre a pigmentação das gemas são
semelhantes ao relatados para adição da semente integral de urucum em rações à base de
sorgo (HARDER et al., 2008; CARVALHO et al., 2009; GARCIA et al., 2009; LAGANÁ et
al., 2011 e SPADA et al.,2012). Entretanto, vale ressaltar que, assim como ocorre para a
adição da semente integral de urucum, a magnitude da coloração das gemas e,
consequentemente, a variação de resultados entre os experimentos, estão relacionados à
quantidade de pigmentos na variedade do urucum utilizado e, no caso do resíduo, ao modo de
processamento para sua obtenção (GARCIA et al., 2009).
Na avaliação econômica, não foi observada diferença significativa entre os
tratamentos sobre o custo com ração por quilograma de massa de ovo, o índice de eficiência
econômica e o índice de custo (Tabela 10). Embora o custo do quilograma de ração (Tabela 4)
com a inclusão do nível mais elevado de RSU tenha reduzido aproximadamente 8,5% em
relação a ração formulada com milho como principal fonte de energia, isso não foi suficiente
para influenciar significativamente as variáveis propostas para a avaliação econômica. Por
outro lado, os resultados mostraram que é economicamente viável a utilização do RSU em
rações contendo sorgo em substituição ao milho, visto que isso não prejudicou na avaliação
econômica.
É possível que a magnitude da diferença entre os preços dos ingredientes da ração
tenham uma grande influencia nos resultados obtidos para avaliação econômica através dessas
variáveis, pois conforme os números apresentados (Tabela 10) a substituição do milho pelo
sorgo e a adição do RSU em rações contendo somente sorgo, tiveram efeitos diretos nos
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números obtidos para o custo com ração para produzir um quilograma de ovo e nos índices de
eficiência econômica e de custo, que foram piores para a ração contendo milho e melhor com
a ração contendo 2,5% de RSU.
Tabela 10 - Avaliação econômica do uso de sorgo e resíduo da semente de urucum em
rações de poedeiras
Tratamentos
Parâmetros
Custo da Ração¹
(R$/kg M. ovo)
Índice de Eficiência
Econômica (%)
Índice de Custo
(%)
Milho + 0,0% RSU2 1,86 94 106
Sorgo + 0,0% RSU 1,81 97 104
Sorgo + 2,5% RSU 1,75 100 100
Sorgo + 4,5% RSU 1,76 99 101
Sorgo + 6,5% RSU 1,77 98 102
Sorgo + 8,5% RSU 1,78 98 102
Média 1,79 98 102
CV (%)3 3,98 4,04 4,05
Efeitos – ANOVA4 p-valor
Tratamento 0,1606 0,1630 0,1337
Análise de Regressão p-valor
Linear 0,3131 0,2875 0,3141
Quadrática 0,3792 0,4502 0,4018
1Custo das rações, calculado em função dos valores de mercado dos alimentos (R$/kg), no mês de janeiro de
2014 no município de Fortaleza/CE: milho: 0,70; farelo de soja: 1,74; sorgo: 0,56; RSU: 0,50; óleo de soja: 2,11;
calcário: 0,19; fosfato bicálcico: 3,00; DL-metionina: 13,50; suplemento vitamínico e mineral: 14,00; sal
comum: 0,28. 2RSU – Resíduo da semente de urucum;
3CV – Coeficiente de variação;
4ANOVA – Analise de
variância; (P>0,05) Efeito estatístico não significativo.
Certamente, os preços dos ingredientes determinaram a substituição do milho pelo
sorgo e o uso do RSU em rações contendo somente o sorgo como fonte de energia. Além
disso, deve-se considerar que a adição de RSU é uma opção eficiente para resolver o
problema de coloração das gemas dos ovos, quando da substituição total do milho pelo sorgo
nas rações e até mesmo para melhor atender a preferência de alguns consumidores por gemas
mais pigmentadas, conforme demonstrado anteriormente na avaliação dos efeitos da adição
do RSU sobre a pigmentação das gemas.
56
4 CONCLUSÃO
Pode-se incluir até 8,5% do RSU em rações de poedeiras contendo sorgo como
principal fonte de energia, sendo possível reduzir os problemas de pigmentação da gema com
a substituição total do milho pelo sorgo com a inclusão do RSU a partir de 2,5%.
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