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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS
GERADAS PELA EMBRAPA
Nome da Tecnologia: “Substrato orgânico a base de Vermicomposto e fino de carvão vegetal”
Ano de avaliação da Tecnologia: 2013
Unidade: Embrapa Agrobiologia
Equipe de Avaliação:
Edson Martins – Embrapa Agrobiologia
Ana Cristina Siewert Garofolo – Embrapa Agrobiologia
Cristhiane da Graça Oliveira Amâncio – Embrapa Agrobiologia
Robson Amâncio – UFRRJ
Dione Galvão da Silva - Embrapa Agrobiologia
Nilton César Silva dos Santos (bolsista de Inovação tecnológica da FAPERJ)
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS
PELA EMBRAPA
1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA
1.1. Nome/Título: Substrato orgânico a base de Vermicomposto e fino de carvão vegetal
1.2. Objetivo Estratégico
Benefícios para o Público Alvo
X Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio
X Inclusão da Agricultura Familiar
X Segurança Alimentar – Nutrição e Saúde
Sustentabilidade dos Biomas
X Avanço do Conhecimento
Não se aplica
1.3. Descrição Sucinta:
Nas últimas décadas, a busca pelo aumento da produtividade agrícola tem resultado no
crescente processo de modernização da agricultura, no entanto, nem sempre as preocupações a
respeito das questões ambientais e de saúde ocupacional e alimentar estão suficientemente
atreladas a esse desenvolvimento.
Diante desse quadro, os Sistemas de Produção Orgânicos representam uma alternativa para
produção de alimentos saudáveis e para a minimização dos impactos ambientais causados pelas
práticas convencionais da agricultura. Segundo Neves et al. (2004), os Sistemas de Produção
Orgânicos podem ser definidos como um sistema de manejo sustentável da unidade de
produção, com enfoque holístico, que privilegia a preservação ambiental, a agrobiodiversidade,
os ciclos biológicos e a qualidade de vida do homem, visando a sustentabilidade social,
ambiental e econômica no tempo e no espaço.
A produção de mudas para a Agricultura Orgânica, de acordo com Rosa et al. (2004) e
Reghin et al. (2007), é uma etapa vital na produção de olerícolas porque interfere diretamente
no desempenho da planta durante seu cultivo. Segundo Rodrigues (2004) a expansão da
olericultura orgânica nacional demandará adequado nível de especialização e neste cenário a
produção de substratos orgânicos para mudas e de adubos organo-minerais à base de
compostagem, deverão constituir opções comerciais valorizadas em futuro muito próximo.
Um bom substrato pode elevar a relação custo/benefício em um sistema orgânico de
produção e para reduzir os custos do substrato, a pesquisa por materiais alternativos para sua
formulação tem se apresentado como uma preocupação crescente, pois também minimiza a
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utilização de insumos industrializados e traz benefícios econômicos e ecológicos capazes de
fomentar sistemas agrícolas sustentáveis.
Os principais pontos fortes do substrato orgânico para produção de mudas de hortaliças
apresentado neste relatório são a utilização de matérias-primas provenientes de fontes
renováveis de energia e pelo fato dos atributos físicos e químicos que respeitarem a
regulamentação técnica da Agricultura Orgânica (Lei nº 10.831 /2003; Instrução Normativa nº
64/2008 – MAPA), o que permite a sua utilização em sistemas orgânicos de produção, inclusive
os certificados.
Este substrato para a produção de mudas de hortaliças em Sistema Orgânico resulta de uma
mistura de 83% de húmus de minhocas (vermicomposto), 15% de “fino de carvão vegetal” e
2% de torta de mamona peneirada. O processo de obtenção do substrato orgânico se dá em
fases, a saber: obtenção do húmus, processamento do vermicomposto, solarização do
vermicomposto estabilizado, processamento do “fino de carvão vegetal” e da torta de mamona
e mistura do substrato, conforme descrito a seguir.
a) O húmus é obtido por meio da vermicompostagem de esterco bovino, que por sua
vez, deve ter sua origem em rebanhos submetidos a manejo orgânico. Caso esse esterco seja
proveniente de manejo convencional, deverá ser devidamente compostado antes de ser
fornecido às minhocas. O vermicomposto pode ser produzido em canteiros de alvenaria com
dimensões de 6 m de comprimento por 1 m de largura e 0,5 m de altura. Para utilização do
esterco bovino, este deve estar estabilizado, com temperatura próxima a 30°C e ser distribuído
em camadas de 30 cm de espessura, como demonstrado na figura 1A. Em seguida as minhocas
devem ser depositadas na superfície, correspondendo a uma densidade populacional de 1000
indivíduos/ m³ de esterco. Para proteger as minhocas da insolação excessiva, reduzir a
infestação pelas ervas espontâneas e evitar a predação por pássaros, os canteiros devem
permanecer cobertos com tela sombrite, conforme demonstrado na figura 1B. Além disso,
deve-se buscar manter a umidade do vermicomposto em valores próximos a 60% visando a sua
estabilização num período de 45-50 dias (OLIVEIRA, 2011).
b) Após estabilizado, o vermicomposto deve ser retirado dos canteiros, coletando-se as
minhocas por meio de iscas de esterco fresco. Em seguida, o vermicomposto deve ser peneirado
A B
Figura 1: (A) Distribuição do esterco bovino no canteiro de vermicompostagem; (B) Canteiros de
vermicompostagem cobertos com tela sombrite.
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em malha 2mm. Para isso, pode-se fazer uso de peneiras elétricas conforme apresentado na
figura 2 (OLIVEIRA, 2011).
c) Em seguida, o vermicomposto peneirado (figura 3) deve ser armazenado em sacos
plásticos transparentes para ser submetido à solarização. Esse procedimento é realizado com a
simples manutenção dos sacos fechados à exposição do sol, ou sobre tela aposta a placa de
alumínio para intensificar o aquecimento, por um período de 15 dias. Na ocorrência de dias
nublados e/ou chuvosos, o período de solarização deve ser prolongado por mais alguns dias.
(OLIVEIRA, 2011)
d) O “fino de carvão vegetal” deve ser adquirido de estabelecimentos que processam
madeiras de áreas reflorestadas e com amparo legal. Em média, apresenta custo próximo a R$
0,075/kg e é utilizado para aumentar a porosidade e melhorar a aeração do substrato. Para isso,
deve ser processado em peneiras com malhas metálicas de 5 e 3mm visando a obtenção de
partículas com granulometrias padronizadas, como mostra a figura 4. (OLIVEIRA, 2011)
A torta de mamona comercial, por sua vez, é peneirada em malha de 2 mm, eliminando se,
assim, as cascas secas e não desintegradas dos frutos da mamoneira e é misturada com o restante
dos materiais. As cascas secas descartadas no peneiramento da torta de mamona poderão ser
utilizadas na adubação das lavouras, constituindo-se assim numa excelente fonte de nitrogênio
e de potássio (OLIVEIRA, 2011).
e) Após processamento, o vermicomposto, o fino de carvão vegetal e a torta de mamona
peneirados são misturados até obter homogeneização uniforme (figura 5), respeitando-se a
proporção de 83% de vermicomposto, 15% de fino de carvão vegetal e 2% de torta de mamona,
utilizando se o critério volume por volume (volume/volume). A mistura do substrato orgânico
pode ser homogeneizada manualmente com uso de pá e enxada (figura 6) ou utilizando
betoneira. Respeitando esses procedimentos obtêm-se como resultado um substrato adequado
para o bom desenvolvimento das mudas (figura 7).
Figura 2. Peneira elétrica utilizada no processamento
do vermicomposto estabilizado
Figura 3. Solarização do vermicomposto estabilizado
e peneirado.
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Figura 4. “Fino” de carvão vegetal após peneiramento Figura 5. Mistura do substrato orgânico composto de 83%
de vermicomposto, 15% de fino de carvão vegetal e 2% de
torta de mamona.
Figura 6. Substrato orgânico pronto para utilização Figura 7. Desenvolvimento uniforme de hortaliças no
interior da casa de vegetação
A título de conclusão pode-se destacar que a tecnologia em questão além de atender os
condicionantes legais para produção de mudas (I.N. nº 64/2008 – MAPA) agrega, como
vantagens, a possibilidade de utilização de materiais disponíveis localmente tais como o esterco
de gado e o fino de carvão o que também permite maior controle da qualidade e a
rastreabilidade. A eliminação do uso de possíveis contaminantes ambientais, representados
pelos agrotóxicos utilizados no sistema convencional de produção, também constitui um grande
benefício do substrato orgânico.
1.4. Ano de Lançamento: 2011
1.5. Ano de Início da adoção: 2013
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1.6. Abrangência
Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul
AL AC DF ES PR
BA AM GO MG RS
CE AP MS RJ X SC
MA PA MT SP
PB RO
PE RR
PI TO
RN
SE
1.7. Beneficiários
Embora este estudo tenha se restringido aos agricultores orgânicos do Estado do Rio de
Janeiro, pode-se afirmar que, de forma geral, os benefícios desta tecnologia podem ser
expandidos para grande parte dos produtores rurais envolvidos na cadeia agroalimentar da
produção orgânica de hortaliças de todo o Brasil, pois ela é bastante simples e utiliza materiais
relativamente abundantes no meio rural. Os agricultores avaliados estão vinculados ao projeto
“Sistema Integrado para a Produção de Mudas de Hortaliças” (SIPM): tecnologias para o
fortalecimento da agricultura familiar Fluminense”, sob liderança da pesquisadora da Embrapa
Agrobiologia Cristiane de Oliveira da Graça Amâncio.
2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA
O Estado do Rio de Janeiro possui o maior nível de consumo de hortaliças per capita
do Brasil, alcançando 50 kg ano-1 (Embrapa, 2000). O cultivo de hortaliças no Rio é feito,
predominantemente, em pequenos estabelecimentos rurais com características de produção
familiar, mas com nível, regra geral, avançado de utilização de fertilizantes sintéticos
concentrados e agrotóxicos. Nessas unidades o trabalho manual é intensivo, fortalecendo o
vínculo da exploração olerícola à agricultura familiar, com expressivos benefícios sociais
(Guerra et al., 2007).
O cultivo de hortaliças representa uma parcela econômica significativa no cenário da
agricultura fluminense. Dentro dos conceitos modernos de produção de hortaliças, a
disponibilidade de mudas com padrão de qualidade é um dos requisitos primordiais dos
sistemas produtivos. Além de outras recomendações técnicas, a utilização dessas mudas torna
a exploração olerícola mais eficiente e, consequentemente, mais rentável, condicionando
adequada produtividade e diminuição de riscos das lavouras (CALVETE & SANTI, 2000;
REGHIN et al., 2007).
Desta forma, conferir alta qualidade às mudas geradas pelo segmento de Orgânicos, com
ênfase na agricultura familiar é um grande desafio, dado o restrito acesso à tecnologias
apropriadas à sua realidade. Aliado à qualidade das mudas, o produtor de hortaliças faz face à
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necessidade de reduzir os custos de produção. Para tanto, a pesquisa de materiais alternativos
para a formulação de misturas que sirvam como substrato ou meio de crescimento vegetal tem
se tornado preocupação crescente, visando reduzir a participação de insumos industrializados,
assim trazendo benefícios econômicos e ecológicos capazes de fomentar sistemas agrícolas
sustentáveis. Segundo Minami & Puchala (2000), a utilização de substratos apropriados torna-
se imprescindível quando se pretende otimizar a relação custo-benefício dos sistemas de
produção de hortaliças, a partir da formação de mudas em ambiente protegido. De acordo com
Lima et al. (2009) e Lüdic et al (2009), esta alternativa proporciona maior rendimento em
relação aos métodos tradicionais, por induzir precocidade, menor possibilidade de
contaminação por fitopatógenos, menor gasto de sementes, além de proporcionar condições
mais favoráveis ao desenvolvimento do sistema radicular das plântulas. Assim sendo, o
substrato orgânico para produção de mudas é um insumo essencial para dinamização da cadeia
produtiva de orgânicos pois está diretamente ligado a produção primária de mudas,
especialmente de olerícolas.
3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS
3.1. Avaliação do Impacto
A tecnologia de produção do Substrato orgânico a base de Vermicomposto e fino de
carvão vegetal, apesar de ter sido finalizada em 2011 e de terem sido feitas várias ações de
transferência da tecnologia (dias de campo e cursos) só chegou efetivamente aos produtores
avaliados neste estudo no ano de 2013, graças a um projeto financiado pela FAPERJ/RJ.
Este projeto, de liderança da pesquisadora da Embrapa Cristhiane de Oliveira da Graça
Amâncio conta com a participação de pesquisadores e analistas da Embrapa Agrobiologia e
professores e alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Através deste projeto
buscou-se introduzir e consolidar a produção de substrato a partir de vermicomposto
estimulando a cadeia produtiva de mudas de olerícolas orgânicas.
Intitulado “Sistema Integrado para a Produção de Mudas de Hortaliças” (SIPM):
tecnologias para o fortalecimento da agricultura familiar Fluminense, o projeto pretende
disponibilizar as seguintes tecnologias: uma estufa de baixo custo concedida pela PESAGRO-
Rio, um sistema de irrigação baseado no uso energia solar (célula fotovoltaica) disponibilizada
pela UFRRJ, uma cisterna de placas de concreto disponibilizada pela Articulação Semi Árido
Brasileiro (ASA) e tecnologia para produção de substrato orgânico formado a base de
vermicomposto e fino de carvão vegetal, disponibilizado pela Embrapa Agrobiologia e UFRRJ
com recursos de instalação fomentados pela FAPERJ.
Dentro do previsto no projeto a tecnologia de produção do composto foi transferida para
o público de interesse em cinco regiões produtoras fluminenses, com o intuito de melhor inseri-
los na cadeia produtiva de olerícolas orgânicas. Este público em questão foi composto de
agricultores familiares e assentados de reforma agrária, que se interessaram pela proposta de
inserção na cadeia de produção de olerícolas no Estado do Rio de Janeiro.
Até final de 2013, apenas um produtor apresentava dados passiveis de serem avaliados, o
qual se constituiu no marco zero de avaliação de impactos desta tecnologia. Em 2014, foi
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realizado a avaliação em 3 agricultores participantes do projeto, sendo que 2 são do sexo
masculino e um do sexo feminino. Os agricultores são residentes nos municípios de Nova
Iguaçu, Seropédica e Teresópolis, todos situados no Estado do Rio de Janeiro.
Considerou-se que o tipo de impacto econômico da tecnologia foi a “expansão da produção
em novas áreas” uma vez que a tecnologia visa introduzir novos produtores na cadeia de
produção de olerícolas orgânicas no Estado do Rio de Janeiro e/ou consolidar aqueles que já
estão inseridos nessa atividade.
Tabela 1 - Benefícios Econômicos devido a Expansão da Produção em Novas Áreas
Ano
Renda com
Produto
Anterior -R$
Renda com
Produto
Atual - R$
Renda
Adicional
Obtida R$
Participação
da Embrapa
%
Ganho
Líquido
Embrapa
R$/UM
Área de
Adoção
Benefício
Econômico
(A) (B) C=(B-A) (D) E=(CxD) F=(CxD) G2=(ExF)
2011 0% 0 0
2012 0% 0 0
2013 1.000,00 1.000,00 50% 500,00 1 500,00
2014 10.560,00 10.560,00 50% 5.280,00 1 5.280,00
3.2. Análise dos Impactos Econômicos
A avaliação dos impactos econômicos foi realizada com 2 dos 3 agricultores avaliados em
2014.
Um dos produtores avaliados possui uma estrutura de minhocário com possibilidade de
produção de 1,8m³ de húmus a cada 60 dias com densidade de 360kg/m³. No caso da produção
de substrato o agricultor entrevistado produziu cerca de 1000 kg que foi comercializado ao valor
máximo de R$ 2,00 o saquinho com 2kg (venda para o comércio em geral). Isto resultou em
um faturamento de R$ 1.000,00/ano.
O segundo produtor avaliado produz cerca de 400 litros por mês de substrato sendo que
consome em torno de 160 litros por mês para a produção própria de mudas que é realizada com
40 badejas de isopor. O restante, 240 litros, é utilizado para fazer mudas em vasos e também
para venda direta em feiras que participa. O valor de venda do substrato é de R$ 3,00/kg e do
húmus R$ 2,00/kg. Como a maior parte do substrato produzido é utilizado para a produção de
mudas próprias ou para a produção de mudas para comercialização, optou-se por calcular o
valor econômico da produção através na multiplicação da produção média mensal pelo valor
de mercado adotado apara o húmus, R$2,00, resultando em um faturamento da ordem de R$
9.600,00/ano O produtor afirma estar bastante satisfeito com o resultado do seu trabalho e que
pretende expandir sua produção.
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A participação da Embrapa foi preponderante no processo de desenvolvimento e
transferência da tecnologia de produção de substrato orgânico. O estudo que deu origem a
tecnologia “Desenvolvimento de substratos orgânicos, com base na vermicompostagem, para
produção de mudas de hortaliças em cultivo protegido” foi desenvolvido pela pesquisadora Eva
Adriana Gonçalves de Oliveira em sua dissertação de mestrado obtido na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que foi desenvolvida na Fazendinha Agroecológica (Sistema
Integrado de Produção Agroecológica – SIPA) sob co-orientação do pesquisador da Embrapa
Agrobiologia Dr. José Guilherme Marinho Guerra. As demais instituições atuaram de diferentes
formas: no financiamento do projeto (FAPERJ) na construção da estufa (PESAGRO-Rio), no
sistema de irrigação (UFRRJ) e na construção da cisterna (ASA).
.
3.3. Fonte de Dados
Os dados relativos ao faturamento anual foram obtidos através de visita técnica realizada a
2 agricultores familiares participantes do projeto, sendo que residem nos municípios de Nova
Iguaçu e Teresópolis, ambos localizados no Estado do Rio de Janeiro.
Tabela 2– Número de consultas realizadas por município
Municípios Estado Produtor Familiar Produtor Patronal
Total
Pequeno Médio Grande Comercial
Nova Iguaçu RJ 1 1
Teresópolis RJ 1 1
Total 2
4. Avaliação dos Impactos Sociais
4.1. Avaliação dos Impactos
A avaliação do impacto social foi realizada junto aos produtores familiares que já possuem
o canteiro de produção de húmus em funcionamento e estão comercializando a sua produção
de vermicomposto. Sendo que um deles não comercializa a produção diretamente, utilizando o
substrato produzido para produção de mudas próprias e também para venda nos mercados
locais. A tabela 3 abaixo apresenta o resumo dos impactos sociais do “Aspecto Emprego”.
Para o bom desenvolvimento das atividades produtivas foi necessário a realização de
capacitações locais e de especialização, ambas de nível básico realizado através do contato
direto com os produtores mediante visitas técnicas e cursos. As capacitações foram
consideradas importantes, na medida em que possibilitaram que aspectos conceituais do manejo
do vermicomposto e do substrato fossem trabalhados, resultando num coeficiente de impacto
igual a 6,5.
Verificou-se grande aumento em 2 dos componentes do indicador “oportunidade de
emprego local qualificado”, contudo devido à escala de ocorrência resultaram em um
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coeficiente de impacto de apenas 1,1. O componente “origem” do trabalhador apresentou
grande aumento no seu coeficiente o mesmo ocorreu com o componente “braçal”
O indicador “oferta de emprego e condição do trabalhador” apresentou moderado aumento
em seus componentes “temporário” e “familiar” devido à criação de postos de trabalho para
trabalhadores nessas modalidades, e como ambos estão na escala de ocorrência “pontual”
resultaram em um coeficiente de impacto igual a 0,5.
Quanto ao indicador qualidade de emprego houve moderado aumento nos componentes
“prevenção do trabalho infantil” e “jornada de trabalho menor que 44h” resultando em um
coeficiente de impacto igual a 2,0. A manutenção dos trabalhos no minhocário e produção de
substrato não requerem uma jornada de trabalho superior a 44 horas semanais.
Tabela 3. Impactos Sociais – Aspecto Emprego
Indicadores Se aplica (sim/não) Média Geral
Capacitação Sim 6,5
Oportunidade de emprego local qualificado Sim 1,1
Oferta de emprego e condição do trabalhador Sim 0,5
Qualidade do Emprego Sim 2,0
A tabela 4 abaixo apresenta o resumo dos impactos sociais no “Aspecto Renda” que é
constituído de 3 indicadores diferentes.
O indicador “Geração de Renda”, apresenta significativa variação entre as observações
apresentadas pelos agricultores avaliados. Em média observa-se um moderado aumento nos
coeficientes dos componentes “segurança”, “distribuição” e “montante” sendo que apenas o
componente “estabilidade” sofreu grande aumento em seu coeficiente resultando em um
coeficiente de impacto igual a 7,5.
Quanto ao indicador “diversidade de fontes de renda” a produção de substrato resultou na
ampliação dessas fontes, sendo que a venda de húmus de minhoca é a mais frequente delas. Há
também a venda de diversos tipos de mudas feitas com o substrato de produção própria, sendo
possível encontrar desde mudas de plantas ornamentais, medicinais, temperos e pequenas
jardineiras que reúnem em um só vaso diferentes tipos de plantas de uso alimentar. Por essa
razão, o coeficiente de impacto deste indicador foi de 3,8.
Os coeficientes associados ao “valor da propriedade” sofreram moderado aumento em
função do “investimento em benfeitorias” que a tecnologia exige. Como um dos produtores
utilizava anteriormente metodologia de produção convencional, com uso de agrotóxicos, o
componente “conservação dos recursos naturais” sofreu grande aumento resultando num
coeficiente de impacto do indicador igual a 5,0. Esse resultado pode ser extrapolado para outras
áreas, pois a expansão da Agricultura Orgânica terá como resultado positivo a redução do uso
de agrotóxicos e, consequentemente, melhora na conservação dos recursos naturais.
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Tabela 4. Impactos Sociais – Aspecto Renda
Indicadores Se aplica (sim/não) Média Geral
Geração de Renda Sim 7,5
Diversidade de Fonte de Renda Sim 3,8
Valor da Propriedade Sim 5,0
A tabela 5, apresentada abaixo, apresenta o resumo dos indicadores do “Aspecto Saúde
e Segurança”. Os estercos podem se tornar grandes contaminantes dos cursos d’água com
nitrato e outros elementos presentes em sua composição e por essa razão o indicador “Saúde
Ambiental e Pessoal” apresentou grande diminuição no coeficiente do componente “emissão
de poluentes hídricos” devido ao seu uso na vermicompostagem evitando sua dispersão
descontrolada no ambiente, contudo, em razão da escala de ocorrência - local, resultou num
coeficiente de impacto de apenas 0,6. Os demais componente não foram afetados pela
tecnologia pois apesar do uso adequado do esterco por meio da vermicompostagem reduzir a
presença de moscas domésticas, as quais estão associadas a transmissão de diversas doenças
tais como as salmoneloses, enterites, verminoses etc., não há registro de doenças endêmicas
relacionadas a este inseto.
Em termos de segurança e saúde ocupacional considerou-se que, de forma geral, a
expansão da Agricultura Orgânica tenderá a reduzir drasticamente o uso de agrotóxicos
resultando em grande diminuição dos coeficientes dos componentes “periculosidade” e
“agentes químicos” cujo efeito é sentido na escala de ocorrência do entorno da propriedade
resultando em um coeficiente de impacto igual a 6,0. Não é demais frisar que embora a
produção de mudas de hortaliças orgânicas atue apenas numa parte do processo de produção
orgânica, ela colabora com o desenvolvimento dessa tecnologia como um todo.
Considera-se que a tecnologia impacta fortemente o indicador “Segurança Alimentar”,
notadamente os componentes “Garantia da produção” e “Quantidade de alimento” que
apresentaram grande aumento em seus coeficientes. Isso acontece em razão da possibilidade de
melhorar o planejamento da produção de mudas e, ao mesmo tempo, o planejamento da
propriedade agrícola como um todo, bem como à possibilidade de produção de mudas de
melhor qualidade que resultaram em plantas com melhor desenvolvimento no campo. Também
observa-se melhoria no componente “Qualidade nutricional” dos alimentos gerados com a
tecnologia pois a produção orgânica de alimentos prescinde do uso de agrotóxicos, resultando
em um coeficiente de impacto final igual a 15,0 para este indicador.
Tabela 5. Impactos Sociais – Aspecto Saúde e Segurança
Indicadores Se aplica (sim/não) Média Geral
Saúde ambiental e pessoal Sim 0,6
Segurança e saúde ocupacional Sim 6,0
Segurança Alimentar Sim 15,0
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A tabela 6 apresenta o resumo dos impactos no “Aspecto Gestão e Administração”.
Sendo que o indicador “Dedicação e perfil do responsável” resultou em um coeficiente de
impacto de 10,5. Os componentes “Capacitação dirigida à atividade”, “Horas de permanência
no estabelecimento” e “Engajamento familiar” foram os melhores pontuados, apresentando
grande aumento nos seu coeficientes. Já os demais componentes do indicador apresentaram
moderado aumento em seus coeficientes. O uso de um sistema contábil, de um modelo formal
de planejamento e sistema de certificação e rotulagem ainda são pouco frequentes.
No indicador “Condição de comercialização” os componentes “Processamento e
armazenamento local”, “Transporte e propaganda/marca próprias” e “Cooperação com outros
produtores locais” apresentaram grande aumento em seus coeficientes. Mas os demais
componentes, “Venda direta” e “Encadeamento com produtos/atividades/serviços anteriores”
apresentaram moderado aumento pois embora o estímulo e fortalecimento da “reciprocidade”
tenham sido previstos nos objetivos do projeto, os resultados alcançados ainda estão aquém do
esperado repercutindo no coeficiente de impacto que foi igual a 12,0.
O indicador “Disposição de resíduos” apresentou um coeficiente de impacto de 10,0
sendo que a “Variável de tratamento de resíduos domésticos” foi responsável por 40% dessa
pontuação devido a correta “Disposição sanitária” e “Compostagem/reaproveitamento” dos
resíduos. A “Variável de tratamento de resíduos da produção” apresentou grande aumento em
seus componentes “Reaproveitamento” e “Destinação e tratamento final” sendo responsável
por 60% da pontuação do indicador.
No indicador “Relacionamento institucional” observou-se um grande aumento na
“Utilização de assistência técnica” e um moderado aumento no “Associativismo e
cooperativismo” previamente existente no entorno dos agricultores entrevistados resultando em
um coeficiente de impacto igual a 4,8. Como já mencionado anteriormente, embora a questão
da “reciprocidade” tenha sido prevista no projeto espera-se que a tecnologia e, principalmente,
a forma como está proposta no projeto venha a influenciar de forma mais acentuada o
associativismo e demais formas de cooperação.
Tabela 6. Impactos Sociais – Aspecto Gestão e Administração
Indicadores Se aplica (sim/não) Média Geral
Dedicação e perfil do responsável Sim 10,5
Condição de comercialização Sim 12,0
Disposição de resíduos Sim 10,0
Relacionamento institucional Sim 4,8
4.2.- Análise dos Resultados
A tecnologia de produção de “Substrato orgânico a base de Vermicomposto e fino de
carvão vegetal” promoveu impactos sociais positivos que irradiam desde as propriedades rurais
onde foram implantadas unidades de produção até o seu entorno resultando um Índice Geral de
Impacto Social igual a 6,36. A tecnologia apresenta efeito em todos os 14 indicadores avaliados,
sendo que em nenhum deles se observou coeficientes de impacto negativos. Os melhores
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impactos foram observados na “Segurança Alimentar” e nas “Condições de comercialização”.
Como tradicionalmente acontece, as tecnologias de produção orgânicas são desenvolvidas a
partir do contexto de utilização de recursos naturais disponíveis localmente e valorização da
mão-de-obra local, por essa razão é coerente que a tecnologia em questão tenha sido
relativamente bem pontuada através desta metodologia de avaliação de impacto.
Média Geral
6,36
4.3.-Impactos sobre o Emprego
Os agricultores receptores da tecnologia são tipicamente familiares, contribuindo apenas
para a geração de emprego no âmbito da família e eventualmente algum trabalho temporário.
No caso dos agricultores entrevistados nesta avaliação de impacto, a mão de obra utilizada
consiste a dos próprios lavradores, esposa e filhos. Vale destacar que estes agricultores relatam
que há grandes dificuldades de contratação de mão-de-obra em suas regiões devido a sua
escassez.
4.4.-Fonte de dados
Os dados apresentados neste relatório são provenientes das entrevistas realizadas junto a 3
agricultores familiares adotantes da tecnologia, sendo que 2 deles são do sexo masculino e um
do sexo feminino. Os agricultores são residentes nos municípios de Nova Iguaçu, Seropédica e
Teresópolis, todos situados no Estado do Rio de Janeiro.
5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
5.1. Avaliação do impacto Ambiental
5.1.1. Alcance da Tecnologia
O alcance da tecnologia é expresso pela escala geográfica na qual a tecnologia de produção
de substrato tem influência. É definida pela sua “abrangência”, que é a área total cultivada com
o produto, e a sua “influência” que é a percentagem desta área as qual a tecnologia se aplica.
Como a tecnologia é bastante simples e utiliza materiais com grande disponibilidade nos
diversos locais onde se desenvolve a produção agropecuária no Brasil, entende-se que seu
alcance envolve a quase totalidade dos agricultores orgânicos e também produtores
convencionais que consigam estabelecer de forma vantajosa uma rotina de produção de mudas
próprias. Naturalmente há que se considerar que grandes produtores de hortaliças, para obterem
as vantagens da produção em escala recorrem à especialização em algumas de suas atividades
produtivas, acabando por adquirir suas mudas de produtores especializados nesse tipo de
atividade e, portanto, não terão interesse nesta tecnologia.
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5.1.2. Eficiência Tecnológica
A tabela 7 apresenta o resumo dos indicadores obtidos no “Aspecto Eficiência
Tecnológica”. O indicador “Uso de Agroquímicos” que avalia o uso de insumos químicos na
produção resultou em um coeficiente de impacto igual a 4,5 sendo que o componente
“Frequência” do uso de pesticidas e de “NPK hidrossolúvel” apresentaram grande diminuição
em seus coeficientes em razão da Agricultura Orgânica prescindir do uso desses elementos.
Como a ação positiva da matéria orgânica sobre o pH do solo depende do seu uso continuado e
abundante, considerou-se adequado que o coeficiente permanecesse inalterado para o
componente “calagem”. De forma semelhante ponderou-se sobre o componente
“micronutrientes” cujo fornecimento pelo uso de matéria orgânica dependerá do manejo
alimentar realizado com o rebanho bovino fornecedor de esterco.
Quando se considera o uso de substratos comerciais, tradicionalmente utilizados na
produção de mudas da agricultura convencional que tem sua origem relativamente distante das
unidades produtivas rurais, necessitando ser transportado a longas distâncias e resultando no
inevitável uso de combustíveis fosseis como o “diesel” e a “gasolina”, o uso de substâncias
encontradas localmente como o esterco e o carvão resultam em redução do uso desses materiais,
resultando em um coeficiente de impacto de 1,0.
Mudas de boa qualidade, resultam em plantios de melhor padrão técnico, onde as plantas
podem expressar o máximo de seu potencial produtivo, resultando em otimização do uso de
todos os recursos naturais envolvidos, principalmente “água para irrigação” e “solo para
plantio”. A tecnologia em questão apresenta como acréscimo à tecnologia de produção de
mudas tradicional a possibilidade de utilizar recursos locais, tais como o esterco e o carvão, e a
eliminação do uso de agroquímicos resultando em um coeficiente de impacto igual 3,5.
Tabela 7. Dimensão Ambiental – Aspecto Eficiência Tecnológica
Indicadores Se aplica (sim/não) Média Geral
Uso de Agroquímicos Sim 4,5
Uso de energia Sim 1,0
Uso de recursos naturais Sim 3,5
5.1.3. Conservação Ambiental
O resumo dos coeficientes obtidos para o indicador “Aspecto Conservação Ambiental”
da tecnologia de produção de substrato são apresentados na tabela 8 abaixo. O indicador
“Atmosfera” teve apenas um de seus componentes alterado pela ação da tecnologia, a redução
dos “Odores” emitidos pelo esterco em processo natural de decomposição são eliminados pelo
processo de vermicompostagem resultando em um coeficiente de impacto igual a 1,5. Sua
escala de ocorrência atinge o entorno e assim foi considerado em razão das propriedades rurais
avaliadas serem bastante pequenas e possuírem moradias de vizinhos situadas com bastante
proximidade das áreas de produção de húmus.
O indicador “Qualidade do Solo” também é afetado positivamente pela tecnologia pois
como o substrato é constituído de matéria orgânica de alta qualidade e de carvão vegetal que é
15
um condicionador de solo, resulta que os componentes “perda de matéria orgânica”, “perda de
nutrientes” e “compactação” perceberam uma moderada diminuição em seus coeficientes
resultando num coeficiente de impacto igual a 3,8.
Quanto ao indicador “Qualidade da água” observou-se que a “Demanda bioquímica de
oxigênio” e a “Turbidez” são afetadas positivamente pela tecnologia uma vez que o esterco
antes disperso pelo ambiente e sujeito à ação das chuvas, com consequente carreamento para
os cursos d’água, agora passa a ter uma destinação adequada evitando a poluição hídrica e
permitindo a sua melhor utilização como vermicomposto estabilizado que, inclusive,
promoverá melhorias na qualidade do solo colaborando para evitar a produção de
“Sedimentos/Assoreamentos” resultando em melhora no indicador que apresentou coeficiente
de impacto igual a 6,3.
A tecnologia de produção de substrato orgânico tem grande interface com a qualidade e
preservação do ambiente pois está associado aos sistemas orgânicos de produção que
promovem a melhoria e conservação da qualidade dos solos e atuam, consequentemente, na
redução da degradação ambiental, evitando a necessidade de abertura de novas áreas de
produção agrícola tal qual ocorre com a agricultura convencional, prevenindo a perda de
vegetação nativa e de corredores de fauna resultando em um coeficiente de impacto final de 3,5
Tabela 8. Dimensão Ambiental – Aspecto Conservação Ambiental
Indicadores Se aplica
(sim/não)
Média
Geral
Atmosfera Sim 1,5
Qualidade do solo Sim 3,8
Qualidade da água Sim 6,3
Biodiversidade Sim 3,5
5.1.4. Recuperação Ambiental
A tabela 9 abaixo apresenta o resumo do “Aspecto Recuperação Ambiental” cujo
coeficiente de impacto foi de 2,4. A tecnologia de produção de substrato orgânico apresenta
efeitos positivos sobre a prevenção e recuperação de solos degradados. A produção de mudas
de boa qualidade permite que a planta expresse todo o seu potencial de crescimento e
desenvolvimento, promovendo a rápida cobertura do solo, reduzindo assim a exposição direta
a ação de degradação promovida pelo sol e pelas chuvas. A matéria orgânica presente no
substrato é elemento fundamental para a manutenção da estrutura do solo e como essa
tecnologia está inserida no sistema orgânico de produção, mais matéria orgânica deverá ser
utilizada para o bom desenvolvimento das mudas. Nesse contexto é possível afirmar que a
tecnologia também poderá promover efeitos positivos em termos de recuperação ambiental para
os ecossistemas na escala de ocorrência local.
16
Tabela 9. Dimensão Ambiental – Aspecto Recuperação Ambiental
Indicadores Se aplica
(sim/não)
Média
Geral
Recuperação Ambiental Sim 2,4
5.1.5. Qualidade do Produto
Este item não dever ser preenchido quando a tecnologia for avaliada segundo os critérios
do AMBITEC Agro.
5.1.6. Capital Social
Este item deve ser preenchido somente quando a tecnologia for avaliada segundo os
critérios do AMBITEC Agroindústria.
5.1.7. Bem-estar e Saúde Animal
Este item deve ser preenchido somente quando a tecnologia for avaliada segundo os
critérios do AMBITEC Produção Animal
5.2. Índice de Impacto Ambiental
O Índice de Impacto Ambiental Geral da tecnologia de produção de “Substrato orgânico
a base de Vermicomposto e fino de carvão vegetal” foi de 3,3 o que revela, pelo menos em
parte, as preocupações ambientais que foram consideradas no desenvolvimento dessa
metodologia de trabalho. O uso de recursos disponíveis localmente como esterco e o fino de
carvão reflete a preocupação com o reaproveitamento de materiais e integração de atividades
de lavoura e pecuária.
O indicador “Qualidade da água” foi o que apresentou maior coeficiente de impacto
evidenciando, por um lado, o potencial poluente dos cursos d’água que o esterco representa
quando não lhe é dado uma destinação adequada e, por outro lado, quando utilizado
corretamente, o seu potencial como agente estruturador dos solos, agregando suas partículas
primárias, prevenindo a sua desestruturação. A eliminação do uso de agroquímicos é outra
característica ambiental relevante da tecnologia principalmente quando se compara com os
sistemas tradicionais de produção.
.
Média Geral
3,3
17
5.3. Fonte de dados
Os dados apresentados neste relatório são provenientes de entrevista realizada junto a 3
agricultores familiares adotantes da tecnologia, sendo que 2 são do sexo masculino e um do
sexo feminino. Os agricultores são residentes nos municípios de Nova Iguaçu, Seropédica e
Teresópolis, todos situados no Estado do Rio de Janeiro.
6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO
E POLÍTICO-INSTITUCIONAL.
A avaliação dos impactos sobre conhecimento, capacitação e político institucionais
seguiram o mesmo procedimento de coleta de informações utilizados nos itens anteriores onde
foram compiladas opiniões dos diversos atores envolvidos no desenvolvimento e aplicação da
tecnologia.
Observou-se que, em geral, não houve grandes discrepâncias nas pontuações realizadas
pelos 3 pesquisadores avaliados o que facilitou a interpretação dos resultados.
6.1. Impactos sobre o Conhecimento
Na tabela 10 são apresentados os resultados do impacto sobre o conhecimento e de forma
geral pode-se perceber que a tecnologia produção de substrato orgânico a base de
vermicomposto e fino de carvão vegetal é resultado de um nível positivo de geração de novos
conhecimentos, técnicas e métodos desenvolvidos. Sendo que o maior destaque da tecnologia
está no grau de inovação das técnicas e métodos gerados que envolveu o uso de materiais
relativamente abundantes no meio rural como o esterco de bovinos e o carvão.
O indicador “artigos técnico-científicos publicados em periódicos indexados” recebeu
pontuação relativamente baixa evidenciando a necessidade de ampliar o esforço de geração de
pesquisas para o avanço científico nos temas relacionadas Agricultura Orgânica.
Tabela 10 - Impacto sobre o conhecimento
Indicador
Não se
aplica
Avaliador 1
Avaliador 2
Avaliador 3
Média
Nível de geração de novos conhecimentos Sim 1 1 3 1,67 Grau de inovação das técnicas e métodos gerados Sim 0 3 3 2,00 Nível de intercâmbio de conhecimento Sim 1 3 1 1,67 Diversidade dos conhecimentos apreendidos Sim 1 1 3 1,67 Patentes protegidas Não - - - - Artigos técnico-científicos publicados em periódicos indexados
Sim 1 1 0 0,67
Teses desenvolvidas a partir da tecnologia Sim 1 1 1 1,00 Escala: (-3): redução de mais de 75% ; (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; (0 ): sem mudança; (1):
aumento de mais de 25% e menos de 75%; (3) aumento de mais de 75%
18
6.2. Impactos sobre a Capacitação
A síntese dos indicadores do impacto sobre a Capacitação são apresentados na Tabela 11
abaixo e de forma geral apresentaram valores médios superiores a 2, representando um aumento
significativo no escore desses indicadores.
Foram treinadas 76 pessoas, entre agricultores, agentes de ATER, organizações da
sociedade civil e estudantes nas tecnologias de produção de substrato e sua utilização para
produção de mudas, o que reflete o esforço de capacitação e formações de capacidades da
equipe técnica e de pessoas externas ao projeto. Também ressalta-se as exigências de
desenvolvimento de competências para o bom andamento do projeto financiado pela FAPERJ,
em especial da capacidade de se relacionar com ambiente externo, formar redes, estabelecer
parcerias, compartilhar equipamentos e instalações e socializar conhecimentos.
Tabela 11 - Impacto sobre a Capacitação
Indicador
Não se
aplica
Avaliador 1
Avaliador 2
Avaliador 3
Média
Capacidade de se relacionar com o ambiente externo Sim 0 3 3 2,00
Capacidade de formar redes e de estabelecer parcerias
Sim 1 3 3 2,33
Capacidade de compartilhar equipamentos e instalações
Sim 0 3 3 2,00
Capacidade de socializar o conhecimento gerado
Sim 1 3 3 2,33
Capacidade de trocar informações e dados codificados
Sim 1 1 1 1,00
Capacitação da equipe técnica Sim 1 3 3 2,33 Capacitação de pessoas externas Sim 3 0 3 2,00
Escala: (-3): redução de mais de 75% ; (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; (0 ): sem mudança; (1):
aumento de mais de 25% e menos de 75%; (3) aumento de mais de 75%
6.3. Impacto Político-Institucional
Os impactos gerados nos indicadores Político Institucionais estão apresentados na Tabela
12. Os indicadores menos trabalhados e que merecem destaque em futuros projetos foram as
mudanças organizacionais, no marco institucional e nas relações de cooperação público
privada. A melhora na imagem da instituição juntamente com a capacidade de captar recursos
foram os pontos fortes destacados nesta avaliação e fazem referência financiamento recebido
pela FAPERJ.
Embora os resultados apontem divergências quanto a questão da interdisciplinaridade,
o projeto contemplou a presença de profissionais de diversas áreas de atuação tais como
engenheiros agrônomos, biólogos e técnicos agropecuários mas também deve-se considerar a
necessidade de aprimorar esse tema em projetos futuros.
O indicador adoção de novos métodos de gestão e de qualidade expressa avanço em
questões relevantes como uma maior valorização institucional de tecnologias voltadas à
19
agricultura familiar e a agroecologia. Essa valorização também é esperada na forma de
mudanças na orientação de políticas públicas, onde o papel da tecnologia é mostrar sua
viabilidade diante do crescente interesse do mercado por produtos sustentáveis.
Tabela 12 - Impacto Político-Institucional
Indicador
Não se
aplica
Avaliador 1
Avaliador 2
Avaliador 3
Média
Mudanças organizacionais e no marco institucional Sim 0 0 0 0,00
Mudanças na orientação de políticas públicas Sim 0 3 0 1,00 Relações de cooperação público privada Sim 0 0 1 0,33 Melhora da imagem da instituição Sim 1 3 3 2,33 Capacidade de captar recursos Sim 0 3 3 2,00 Multifuncionalidade e interdisciplinaridade das equipes
Sim 1 0 3 1,33
Adoção de novos métodos de gestão e de qualidade
Sim 3 1 1 1,67
Escala: (-3): redução de mais de 75% ; (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; (0 ): sem mudança; (1):
aumento de mais de 25% e menos de 75%; (3) aumento de mais de 75%
6.4. Fonte de Dados
Para a realização desta avaliação dos impactos sobre conhecimento, capacitação e político-
institucional foram entrevistados 1 pesquisador, 1 analista e 1 pós graduando, todos com
atuação na área de agroecologia.
7. Avaliação Integrada e comparativa dos Impactos gerados
A tecnologia de produção de substrato orgânico a base de vermicomposto e fino de carvão
vegetal obteve um Índice Geral de Impacto Social igual a 6,36, sendo um conhecimento passível
de ser utilizado por um grande número de agricultores. Como tradicionalmente acontece, as
tecnologias de produção orgânicas são desenvolvidas a partir do contexto de utilização de
recursos naturais disponíveis localmente e valorização da mão-de-obra local, por essa razão é
coerente que a tecnologia em questão tenha sido relativamente bem pontuada através desta
metodologia de avaliação de impacto. Os indicadores “Segurança Alimentar” e “Condição de
comercialização”, apresentados abaixo, foram os que tiveram maior alteração positiva em seus
componentes.
O indicador “Segurança Alimentar” que inclui os componentes “Garantia da produção” e
“Quantidade de alimento” apresentaram grande aumento em seus coeficientes, resultando em
um coeficiente de impacto final igual a 15,0. Isso acontece em razão da possibilidade de
melhorar o planejamento da produção de mudas e, ao mesmo tempo, o planejamento da
propriedade agrícola como um todo, bem como à possibilidade de produção de mudas de
melhor qualidade que resultaram em plantas com melhor desenvolvimento no campo. Também
observa-se melhoria no componente “Qualidade nutricional” dos alimentos gerados com a
tecnologia pois a produção Orgânica de alimentos prescinde do uso de agrotóxicos.
20
No indicador “Condição de comercialização” os componentes “Processamento e
armazenamento local”, “Transporte e propaganda/marca próprias” e “Cooperação com outros
produtores locais” apresentaram grande aumento em seus coeficientes. Mas os demais
componentes, “Venda direta” e “Encadeamento com produtos/atividades/serviços anteriores”
apresentaram moderado aumento pois embora o estímulo e fortalecimento da “reciprocidade”
tenham sido previstos nos objetivos do projeto, os resultados alcançados ainda estão aquém do
esperado repercutindo no coeficiente de impacto que foi igual a 12,0.
Como os agricultores receptores da tecnologia são tipicamente familiares e, dessa forma, os
conhecimentos adquiridos contribuem para a geração de emprego apenas no âmbito da família
e eventualmente algum trabalho temporário. No caso dos agricultores entrevistados nesta
avaliação de impacto, a mão de obra utilizada consiste a dos próprios lavradores, esposa e filhos.
Vale destacar que estes agricultores relatam que há grandes dificuldades de contratação de mão-
de-obra em suas regiões devido a sua escassez.
O Índice de Impacto Ambiental Geral da tecnologia de produção de “substrato orgânico a
base de Vermicomposto e fino de carvão vegetal” foi de 3,3 o que revela, pelo menos em parte,
as preocupações ambientais que foram consideradas no desenvolvimento dessa metodologia de
trabalho. O uso de recursos disponíveis localmente como esterco e o fino de carvão refletem a
preocupação com o reaproveitamento de materiais e integração de atividades de lavoura e
pecuária.
O indicador “Qualidade da água” foi o que apresentou maior coeficiente de impacto
evidenciando, por um lado, o potencial poluente dos cursos d’água que o esterco representa
quando não lhe é dado uma destinação adequada e, por outro lado, quando utilizado
corretamente, o seu potencial como agente estruturador dos solos, agregando suas partículas
primárias, prevenindo a sua desestruturação. A eliminação do uso de agroquímicos é outra
característica ambiental relevante da tecnologia principalmente quando se compara com os
sistemas tradicionais de produção.
A avaliação dos impactos sobre conhecimento indicam que a tecnologia é resultado de um
nível positivo de geração de novos conhecimentos, técnicas e métodos desenvolvidos. Sendo
que o maior destaque da tecnologia está no grau de inovação das técnicas e métodos gerados
que envolveu o uso de materiais relativamente abundantes no meio rural como o esterco de
bovinos e o carvão.
Os indicadores do impacto sobre a Capacitação apresentaram, forma geral, valores médios
superiores a 2, representando um aumento significativo no escore desses critérios de avaliação.
As capacitações realizadas envolveram 76 pessoas, entre agricultores, agentes de ATER,
organizações da sociedade civil e estudantes o que reflete o esforço de transmissão dos
conhecimentos e formações de capacidades da equipe técnica e de pessoas externas ao projeto.
Dos impactos gerados nos indicadores Político Institucionais estão apresentados destaca-se
a melhora na imagem da instituição juntamente com a capacidade de captar recursos, fazem
referência ao grande esforço que significou levar a campo a tecnologia e ao financiamento
recebido pela FAPERJ.
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A título de conclusão pode-se afirmar que a tecnologia representa um importante passo no
processo de criação de tecnologias adaptadas ás necessidades dos agricultores e que estejam
aliadas a uma visão abrangente de desenvolvimento sustentável. O projeto como um todo
também representa uma inovação no processo de transferência de tecnologia unindo
agricultores de diversas regiões do Estado do Rio de janeiro.
8. Custos da Tecnologia
8.1. Estimativa de Custos
Os custos da tecnologia foram estimados com base em investimentos feitos pela
Embrapa e pelas agências de fomento de pesquisa a partir de projetos externos. Foram também
considerados os custos relativos à operacionalização da tecnologia pelo agricultor.
Tabela 12 – Estimativa de custos
8.2. Análise dos Custos
Na estimativa de custos foi incluído o valor proporcional ao tempo de trabalho
dedicados à atividade de dois pesquisadores e de um analista da Embrapa acrescidos dos seus
correspondentes encargos trabalhistas. Os custos de transferência de tecnologia computaram o
valor referente à construção dos minhocário e as estruturas necessárias para a produção do
substrato, os quais foram financiadas pelo projeto SIPM (os custos dos demais minhocários são
responsabilidade do produtor). Também se considerou custos referentes ao bolsista de inovação
tecnológica e as capacitações necessárias para a transferência de tecnologia, incluindo-se aqui
material didático, alimentação, deslocamentos e demais recursos necessários. Para o cálculo da
contribuição do valor do bolsista para o custeio total da bolsa foi dividido pelas quatro área de
atuação do projeto SIPM.
9. Referências Bibliográficas
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Tecnologias geradas pela Embrapa: Metodologia de Referência. Brasília, DF, 2008.
CALVETE, EO; SANTI, R. Produção de mudas de brócolis em diferentes substratos
comerciais. Horticultura Brasileira, v. 18, p.483-484, 2000.
Ano Custos de
pessoal
Outros
custeios
Depreciação
de capital
Custos de
administração
Custos de
transferência
de tecnologia
Total
2013 R$ 40.680,00 R$ 6.220,00 R$ 11.655,00 R$ 58.555,00
2014 R$ 41.066,49 R$ 5.188,00 R$ 12.687,00 R$ 58.941,49
22
REGHIN, MY; OTTO, RF; OLINK, JR; JACOBY, CFS. Produtividade da chicória
(Cichorium endivia L.) em função de tipos de bandejas e idade de transplante de mudas.
Ciência e Agrotecnologia, v. 31, n. 3, p. 739-747, 2007.
RODRIGUES, JR. Caracterização e avaliação de composto a base de capim Napier
(Pennisetum purpureum) e esterco de “cama” de aviário para produção de hortaliças em
sistema orgânico. Seropédica: 2004.105 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia),
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
RODRIGUES, G. S., CAMPANHOLA, C., KITAMURA, P. C. Avaliação de impacto
ambiental da inovação tecnológica agropecuária: Ambitec-Agro. Jaguariúna: Embrapa
Meio Ambiente, 2003a. 93 p. (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 34).
RODRIGUES, G. S.; CAMPANHOLA, C.; KITAMURA, P. C.; IRIAS, L. J. M.;
RODRIGUES, I. Sistema de Avaliação de Impacto Social da Inovação Tecnológica
Agropecuária (Ambitec-Social). Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2005. 31 p.
(Embrapa Meio Ambiente. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 35).
VEDOVOTO, G.L., AVILA, A. F. D., MARQUES, D. V., JUNIA, R. de A. Avaliação dos
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RODRIGUES, G.S e VEDOVOTO, G.L. (Ed. Téc.). Avaliação dos Impactos de
Tecnologias geradas pela Embrapa: Metodologia de Referência. Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnológica, 2008. p. 71-83.
OLIVEIRA, EVA ADRIANA GONÇALVES. Desenvolvimento de substrato orgânico,
com base na vermicompostagem, para produção de mudas de hortaliças em cultivo
protegido/Eva Adriana Gonçalves de Oliveira – 2011. 78 f
10. Equipe Responsável
Edson Martins – Embrapa Agrobiologia
Ana Cristina Siewert Garofolo – Embrapa Agrobiologia
Cristhiane da Graça Oliveira Amâncio – Embrapa Agrobiologia
Dione Galvão – Embrapa Agrobiologia
Robson Amâncio – UFRRJ
Nilton César Silva dos Santos (bolsista de Inovação tecnológica da FAPERJ)