Post on 17-Dec-2018
Relatório
Agrupamento de Escolas
de Matosinhos
AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS
Área Territorial de Inspeção
do Norte
2016 2017
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
1
CONSTITUIÇÃO DO AGRUPAMENTO
Jardins de Infância e Escolas EPE 1.º CEB 2.º CEB 3.º CEB SEC
Escola Básica de Matosinhos • • • •
Escola Básica Augusto Gomes, Matosinhos • •
Escola Básica Florbela Espanca, Matosinhos • •
Escola Básica de Godinho, Matosinhos •
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
2
1 – INTRODUÇÃO
A Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação
pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a autoavaliação e para a
avaliação externa. Neste âmbito, foi desenvolvido, desde 2006, um programa nacional de avaliação dos
jardins de infância e das escolas básicas e secundárias públicas, tendo-se cumprido o primeiro ciclo de
avaliação em junho de 2011.
A então Inspeção-Geral da Educação foi
incumbida de dar continuidade ao programa de
avaliação externa das escolas, na sequência da
proposta de modelo para um novo ciclo de
avaliação externa, apresentada pelo Grupo de
Trabalho (Despacho n.º 4150/2011, de 4 de
março). Assim, apoiando-se no modelo construído
e na experimentação realizada em doze escolas e
agrupamentos de escolas, a Inspeção-Geral da
Educação e Ciência (IGEC) está a desenvolver
esta atividade consignada como sua competência
no Decreto Regulamentar n.º 15/2012, de 27 de
janeiro.
O presente relatório expressa os resultados da
avaliação externa do Agrupamento de Escolas de
Matosinhos, realizada pela equipa de avaliação,
na sequência da visita efetuada entre 14 a 17 de
novembro de 2016. As conclusões decorrem da
análise dos documentos fundamentais do
Agrupamento, em especial da sua autoavaliação,
dos indicadores de sucesso académico dos alunos,
das respostas aos questionários de satisfação da
comunidade e da realização de entrevistas.
Espera-se que o processo de avaliação externa
fomente e consolide a autoavaliação e resulte
numa oportunidade de melhoria para o
Agrupamento, constituindo este documento um
instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao
identificar pontos fortes e áreas de melhoria,
este relatório oferece elementos para a
construção ou o aperfeiçoamento de planos de
ação para a melhoria e de desenvolvimento de
cada escola, em articulação com a administração
educativa e com a comunidade em que se insere.
A equipa de avaliação externa visitou a
escola-sede do Agrupamento, as escolas básicas
com jardim de infância Augusto Gomes e
Florbela Espanca e a Escola Básica de Godinho.
A equipa regista a atitude de empenhamento e de mobilização do Agrupamento, bem como a colaboração
demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da avaliação.
ESCALA DE AVALIAÇÃO
Níveis de classificação dos três domínios
EXCELENTE – A ação da escola tem produzido um impacto
consistente e muito acima dos valores esperados na melhoria
das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos
respetivos percursos escolares. Os pontos fortes predominam
na totalidade dos campos em análise, em resultado de
práticas organizacionais consolidadas, generalizadas e
eficazes. A escola distingue-se pelas práticas exemplares em
campos relevantes.
MUITO BOM – A ação da escola tem produzido um impacto
consistente e acima dos valores esperados na melhoria das
aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos
percursos escolares. Os pontos fortes predominam na
totalidade dos campos em análise, em resultado de práticas
organizacionais generalizadas e eficazes.
BOM – A ação da escola tem produzido um impacto em linha
com os valores esperados na melhoria das aprendizagens e
dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos
escolares. A escola apresenta uma maioria de pontos fortes
nos campos em análise, em resultado de práticas
organizacionais eficazes.
SUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto
aquém dos valores esperados na melhoria das aprendizagens
e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos
escolares. As ações de aperfeiçoamento são pouco
consistentes ao longo do tempo e envolvem áreas limitadas
da escola.
INSUFICIENTE – A ação da escola tem produzido um impacto
muito aquém dos valores esperados na melhoria das
aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos
percursos escolares. Os pontos fracos sobrepõem-se aos
pontos fortes na generalidade dos campos em análise. A
escola não revela uma prática coerente, positiva e coesa.
O relatório do Agrupamento apresentado no âmbito da
Avaliação Externa das Escolas 2016-2017 está disponível na página da IGEC.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
3
2 – CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO
O Agrupamento de Escolas de Matosinhos foi criado em 2004, situando-se no concelho de Matosinhos e
distrito do Porto. Desde 2007-2008 é um Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP). É
constituído por duas escolas básicas com jardim de infância, uma escola básica do 1.º ciclo e pela Escola
Básica de Matosinhos com educação pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º ciclos (escola-sede). Foi avaliado em 2009,
no âmbito do primeiro ciclo da avaliação externa das escolas.
Celebrou contrato de autonomia com o Ministério da Educação e Ciência, que entrou em vigor em 1 de
setembro de 2013 e está abrangido pelo contrato interadministrativo de delegação de competências -
contrato de educação e formação municipal – firmado em 9 de junho de 2015 entre o Município de
Matosinhos, a Presidência do Conselho de Ministros e o Ministério da Educação e Ciência. Na escola-
sede funciona uma unidade de apoio especializado para a educação de alunos com multideficiência e
surdocegueira congénita, frequentada por 10 alunos.
No ano letivo de 2016-2017, o Agrupamento é frequentado por 1868 crianças e alunos: 201 na educação
pré-escolar (nove grupos); 863 no 1.º ciclo do ensino básico (37 turmas); 498 no 2.º ciclo, (22 turmas); 267
no 3.º ciclo (13 turmas) e 39 nos cursos vocacionais do ensino básico (duas turmas). Acresce que é
responsável pelo ensino de duas turmas no 1.º ciclo e três turmas no 2.º ciclo (Educação e Formação de
Adultos - B2) no Estabelecimento Prisional do Porto, no total de 140 formandos.
O número de alunos, no triénio de 2014-2015 a 2016-2017, mantém-se globalmente estável, verificando-
se um aumento no 1.º ciclo e uma diminuição acentuada no 3.º ciclo. O Agrupamento é frequentado por
43 alunos de outras nacionalidades. Relativamente à ação social escolar verifica-se que 50,4% dos
alunos não beneficiam de auxílios económicos. Já no que respeita às tecnologias de informação e
comunicação 70% dos alunos possuem computador com internet, em casa.
A educação e o ensino são assegurados por 178 docentes, dos quais 84,8% pertencem aos quadros. A
experiência profissional é significativa, pois 92,1% lecionam há 10 ou mais anos. O pessoal não docente
é composto por 92 profissionais, dos quais 32,3% têm 10 ou mais anos de serviço. O Agrupamento conta
ainda com três técnicos colocados no âmbito do programa TEIP (uma assistente social e duas
educadoras sociais) e uma animadora social colocada no âmbito do Contrato de Autonomia.
Os dados relativos à formação académica dos pais e das mães dos alunos revelam que 13% têm formação
superior e 23% possuem o ensino secundário. Quanto à ocupação profissional 18% dos pais/mães
exercem atividades profissionais de nível superior e intermédio.
De acordo com os dados de referência disponibilizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e
Ciência relativamente ao ano letivo de 2014-2015, os valores das variáveis de contexto do Agrupamento,
quando comparados com os das outras escolas públicas, são bastante desfavoráveis, embora não seja dos
mais desfavorecidos. Refere-se, em particular, a média do número de alunos por turma, a idade média
dos alunos no 3.º ciclo e a percentagem dos que não beneficiam da ação social escolar nos 1.º e 3.º ciclos.
3 – AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO
Considerando os campos de análise dos três domínios do quadro de referência da avaliação externa e
tendo por base as entrevistas e a análise documental e estatística realizada, a equipa de avaliação
formula as seguintes apreciações:
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
4
3.1 – RESULTADOS
RESULTADOS ACADÉMICOS
Na educação pré-escolar, a avaliação das aprendizagens assume uma dimensão contínua e sistemática,
sustentada na informação resultante da observação e das produções das crianças. A avaliação na sua
dimensão reguladora carece de aprofundamento no que respeita à reorientação da ação, no sentido de
potenciar as capacidades das crianças e alargar os contextos e as oportunidades de aprendizagem.
Relativamente às sínteses trimestrais de avaliação das aprendizagens, partilhadas aos encarregados de
educação, nem todas assumem um caráter qualitativo e descritivo.
No ensino básico, em 2014-2015, considerando os modelos para comparação estatística dos resultados
académicos em escolas de contexto análogo, verifica-se que as taxas de conclusão nos 4.º e 6.º anos e as
percentagens de positivas nas provas finais do 9.º ano de português estão acima dos valores esperados.
Em linha com estes valores estão as percentagens de positivas em português no 6.º ano e em
matemática no 9.º ano. Ao invés, as percentagens de positivas nas provas finais de português e
matemática no 4.º ano e a matemática no 6.º ano e a taxa de conclusão no 9.º ano situam-se aquém dos
valores esperados.
Numa análise evolutiva de 2012-2013 a 2014-2015, verifica-se uma tendência de agravamento nas
percentagens de positivas a matemática no 6.º ano e nas taxas de conclusão no 9.º ano. Por sua vez, as
percentagens de positivas a português e matemática no 9.º ano apresentam uma tendência de melhoria.
Em síntese, ponderados todos os indicadores, os resultados observados situam-se globalmente em linha
com os valores esperados.
Uma visão aprisionada à externalização das causas do insucesso fragiliza a capacidade de análise dos
fatores internos, comprometendo a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem.
A desistência e o abandono escolar têm vindo a melhorar nos últimos três anos, sendo de um e dois
alunos, respetivamente, nos 2.º e 3.º ciclos, no ano de 2015-2016.
RESULTADOS SOCIAIS
No enquadramento dos objetivos e princípios expressos nos documentos estruturantes, o Agrupamento
orienta a sua ação educativa para o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, visando a formação de
cidadãos responsáveis e autónomos. Este desiderato consubstancia-se essencialmente na participação
dos alunos em diferentes atividades e projetos, alguns dos quais em parceria com a Câmara Municipal
de Matosinhos, e na oferta complementar de educação para a cidadania no 1.º ciclo e de formação cívica,
nos restantes ciclos de ensino. Destacam-se algumas ações de cariz solidário e de voluntariado, com a
participação e/ou iniciativa de alunos, contribuindo para a sua formação pessoal e social, no exercício de
uma cidadania responsável.
A participação dos alunos nas decisões que lhes dizem respeito é residual. Refira-se que a realização de
assembleias de delegados e subdelegados dos 2.º e 3.º ciclos, com a direção, apenas foi instituída no
presente ano letivo. Já em algumas escolas do 1.º ciclo são realizadas assembleias de turma, ou outras
formas de auscultação dos alunos, mas enquanto práticas individuais em sala de aula. A participação
não generalizada dos alunos nos conselhos de turma e a integração de um aluno na equipa de
autoavaliação, apenas no corrente ano letivo, evidenciam uma cultura ainda incipiente de participação
dos alunos na vida escolar, não se verificando uma melhoria convincente nesta área, desde a anterior
avaliação externa, que constituía àquela data um ponto fraco. Esta fragilidade condiciona o
desenvolvimento de um clima relacional aberto à participação.
A indisciplina tem vindo a constituir um eixo prioritário de intervenção e o Agrupamento tem
desencadeado um conjunto de iniciativas, de que são exemplo os projetos Nos pressupostos da (in)
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
5
disciplina e Ser e Estar, formação para profissionais docentes e não docentes e formação parental
Acresce, ainda, a ação do Gabinete do Aluno, Gabinete de Mediação de Conflitos, Gabinete Social,
Serviço de Psicologia e Orientação Escolar e Plano de Ação Tutorial. O programa anim´Arte, de
animação dos recreios no 1.º ciclo, orientado por uma animadora social, contribui para uma maior
regulação dos comportamentos dos alunos e um bom ambiente educativo.
Nos 2.º e 3.º ciclos, no triénio 2013-2014 a 2015-2016, verificaram-se, respetivamente, 410, 426 e 419
medidas disciplinares corretivas e 55 e 57 e 47 sancionatórias. Estes dados revelam a persistência deste
problema, já identificado na anterior avaliação externa, com impacto na qualidade do ambiente escolar e
nas condições de e para a aprendizagem. Apesar das medidas já em curso existe espaço de melhoria
sustentado numa análise identificativa das suas eventuais causas, tendente a uma ação mais
articulada, atuante e eficaz.
O Agrupamento conhece informalmente o percurso de alguns dos seus alunos, após concluírem a
escolaridade básica, porém, faltam mecanismos de monitorização que lhe permitam avaliar, com rigor, o
real impacto da escolaridade nos percursos escolares dos alunos e (re)orientar a sua ação educativa.
RECONHECIMENTO DA COMUNIDADE
A comunidade escolar, nas respostas aos questionários de satisfação aplicados a alunos, profissionais
docentes e não docentes e encarregados de educação, no âmbito da presente avaliação externa mostra-se
parcialmente satisfeita com a ação educativa do Agrupamento.
Uma análise das opiniões dos diferentes grupos de inquiridos permite verificar que a abertura da escola
ao exterior, o conhecimento das regras de funcionamento da escola, a disponibilidade e a relação dos
diretores de turma com as famílias, conhecimento dos critérios de avaliação, o gosto pelas atividades de
expressão plástica no 1.º ciclo e ter amigos na escola são áreas que evidenciam maiores índices de
satisfação. Por sua vez, o ambiente de tranquilidade e respeito na sala de aula, o comportamento dos
alunos e o respeito pelos trabalhadores docentes e não docentes, a existência e utilização de
computadores na escola e em sala de aula, a fraca higiene e limpeza do edificado escolar,
particularmente das instalações sanitárias, na escola-sede, são os aspetos percecionados como menos
satisfatórios.
O contributo do Agrupamento no desenvolvimento da comunidade ganha visibilidade através das
atividades, projetos e outras iniciativas que desenvolve, algumas de projeção externa e com o
envolvimento da comunidade, bem como no trabalho desenvolvido por técnicos especializados de ação
social, junto de famílias e alunos.
O Agrupamento desenvolve ações de estímulo e valorização dos resultados académicos e sociais dos seus
alunos. Neste sentido, instituiu a atribuição de prémios de mérito e de valor. No entanto, há margens de
melhoria a nível da integração destas práticas numa política educativa global e articulada de promoção
do sucesso em todos os níveis de educação e ensino, atentos os comportamentos e os resultados dos
alunos.
Em síntese, A ação da escola tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na melhoria
das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. O Agrupamento
apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas
organizacionais eficazes. Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio
Resultados.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
6
3.2 – PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EDUCATIVO
PLANEAMENTO E ARTICULAÇÃO
A articulação horizontal do currículo é definida nos conselhos de ano de escolaridade, no 1.º ciclo, e nas
reuniões de grupo de recrutamento e/ou docentes que lecionam a mesma disciplina nos restantes ciclos,
através da elaboração de planificações de médio e longo prazo.
A gestão do currículo na educação pré-escolar realiza-se em sede de departamento, sendo definidas
orientações para a elaboração do planeamento e operacionalização da ação educativa. Não é visível a
existência de um planeamento sustentado nas características e ritmos de aprendizagem das crianças e
em estratégias e atividades diferenciadas.
Os planos de trabalho da turma (PT) são elaborados a partir de uma estrutura definida e fornecem
informação sobre o percurso socioeducativo dos alunos, elencam as dificuldades diagnosticadas e traçam
estratégias, globais, a adotar. Para a resolução dos problemas identificados são evocadas metodologias e
estratégias diferenciadas que se traduzem em medidas promotoras do sucesso e no reforço das
aprendizagens.
Nos 2.º e 3.º ciclos, os PT incluem uma recolha de temas e conteúdos comuns a diferentes áreas
disciplinares com vista à realização de atividades conjuntas. A operacionalização destes planos de
atividades, enquanto instrumentos de planificação estratégica com incidência nos problemas concretos
diagnosticados, na definição de metas intermédias a atingir e na avaliação da eficácia das medidas
implementadas, constitui uma área que se considera necessário aprofundar. A articulação integrada e
sistemática do currículo tem, essencialmente, visibilidade no curso vocacional de 3.º ciclo.
A transmissão de informação sobre as aprendizagens realizadas pelas crianças, no caso da educação
pré-escolar, e sobre o perfil e percurso escolar dos alunos, nos restantes ciclos de ensino, concretiza-se
nas reuniões de início do ano letivo. Relativamente aos alunos que evidenciam dificuldades de
aprendizagem, as medidas de promoção do sucesso, (ex.: apoio educativo, tutorias, acompanhamento
social ou psicológico) são desencadeadas pelos docentes titulares das turmas e pelos diretores de turma.
O plano anual de atividades explicita, de forma genérica, entre outras, atividades a desenvolver no
âmbito das medidas de promoção do sucesso, a intervenção dos diferentes serviços e parcerias,
nomeadamente os projetos promovidos pela Câmara Municipal de Matosinhos, entre os quais se destaca
o projeto A Ler Vamos, dirigido às crianças da educação pré-escolar e alunos do 1.º ciclo, e focalizado
numa intervenção atempada, promotora da literacia e preventiva do insucesso. Porém, a articulação
destas diferentes atividades com o desenvolvimento do currículo não perspetiva uma abordagem
integrada das aprendizagens.
A coerência entre o ensino e a avaliação é assegurada através da definição e aprovação de critérios
gerais e específicos e da elaboração de planificações conjuntas. A construção de matrizes e testes comuns
que se verifica em algumas disciplinas não é, ainda, uma prática consistente e generalizada.
O trabalho colaborativo entre docentes é assumido como constituindo prática regular, facilitada pelo
bom relacionamento que existe. A análise e partilha de abordagens e estratégias de ensino ocorrem
informalmente e nas reuniões das equipas educativas. Também as assessorias em sala de aula, nas
disciplinas de português, matemática e inglês, favorecem este tipo de trabalho entre os docentes.
PRÁTICAS DE ENSINO
Na educação pré-escolar, a gestão e a operacionalização do currículo evidenciam fragilidades, com maior
enfoque em alguns grupos, de que são exemplo a realização de trabalhos estereotipados e o recurso a
livros de fichas de atividades.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
7
A adequação da aprendizagem e do ensino às capacidades e ritmos dos alunos traduz-se, sobretudo, em
práticas individuais e não generalizadas, com maior expressão no 1.º ciclo. As práticas de diferenciação
pedagógica em sala de aula ocorrem pontualmente, tendo maior incidência nas turmas do 1.º ciclo e do
curso vocacional.
Assim, ao invés de medidas de diferenciação pedagógica e de adequação do ensino às capacidades dos
alunos, verifica-se, sobretudo, o seu encaminhamento para a frequência de apoios (disponibilizados
apenas em algumas disciplinas) que, apesar de se reconhecerem como importantes, não devem retirar a
centralidade dos processos de ensino em sala de aula.
As medidas de promoção do sucesso dirigidas aos alunos com dificuldades de aprendizagem, como é o
caso do apoio educativo no 1.º ciclo e do apoio curricular no âmbito do projeto Biblio+ e do Gabinete de
Intervenção para o Sucesso (nas disciplinas de português, matemática e inglês), têm-se revelado
positivas, com expressão na melhoria dos resultados dos alunos no 3.º ciclo.
Os docentes de educação especial articulam o seu trabalho com o dos técnicos especializados e apoiam os
docentes das turmas que integram alunos com necessidades educativas especiais na elaboração dos
programas educativos individuais e na implementação e avaliação das medidas educativas. Estes
docentes participam nos conselhos de turma em conjunto com os técnicos especializados, sempre que
necessário.
O desenvolvimento dos planos individuais de transição para a vida pós-escolar em empresas e serviços
da comunidade, dos alunos com necessidades educativas especiais, constitui um desafio que se coloca ao
Agrupamento, considerando que estes ocorrem, essencialmente, em espaços e serviços da escola-sede.
Os equipamentos, espaços, materiais e tecnologias de apoio da unidade de apoio especializado carecem
de reavaliação, no sentido de melhor adequação às necessidades e ao bem-estar dos alunos.
O estímulo ao desenvolvimento das potencialidades dos alunos realiza-se através do incentivo à sua
participação em concursos, campeonatos e adesão a projetos. Contudo, a escassez de recursos ligados às
tecnologias de informação e comunicação disponíveis, quer nas bibliotecas, quer em salas de atividades
na educação pré-escolar, ou em sala de aula no ensino básico, não facilita a concretização destes
objetivos.
As duas bibliotecas do Agrupamento desenvolvem um trabalho de promoção do gosto pela leitura e
constituem um recurso fundamental na dinamização de atividades culturais, na articulação com os
departamentos curriculares e no auxílio ao desenvolvimento de métodos de estudo através do projeto
Biblio+.
Apesar de existirem espaços e materiais específicos no âmbito da abordagem às ciências, na maioria das
escolas básicas com educação pré-escolar, as práticas experimentais das ciências não são realizadas de
forma regular e sistemática. Este aspeto, já identificado na anterior avaliação externa, não foi
ultrapassado.
A valorização da dimensão artística expressa-se na realização de concursos e atividades culturais, na
criação de oficinas, como é o caso da Oficina de Expressões, na elaboração de trabalhos artísticos e sua
divulgação à comunidade, e, ainda, no protocolo para o ensino artístico especializado da música.
O acompanhamento e a supervisão da prática letiva, aspeto referenciado como ponto fraco na anterior
avaliação externa, são feitos pelos coordenadores de departamento através da análise e verificação do
cumprimento das planificações. A atividade Práticas Colaborativas em sala de aula, implementada em
grupos e turmas de todos os níveis de educação e ensino desde o ano letivo anterior, e que teve grande
adesão dos docentes, apesar de constituir um projeto promissor, carece, ainda, de aprofundamento e
generalização.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
8
MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ENSINO E DAS APRENDIZAGENS
Os critérios gerais e específicos de avaliação são definidos e aprovados pelos órgãos da escola e
divulgados junto dos alunos e encarregados de educação. Contudo, apesar do recurso a diferentes
modalidades e instrumentos de avaliação, em função das aprendizagens, estar previsto nos projetos
curriculares dos grupos e nos planos de trabalho das turmas, a avaliação numa perspetiva contínua e
formativa em todos os níveis de educação e ensino necessita de assumir maior consistência.
Constatam-se iniciativas de aferição de critérios e de instrumentos de avaliação no 1.º ciclo e,
pontualmente, nos restantes ciclos. Contudo, também neste domínio existe margem para melhoria
através de práticas mais frequentes e generalizadas de elaboração de matrizes comuns e de formas de
aferição interna das aprendizagens com vista à calibragem dos instrumentos ou à sua reformulação
para a regulação dos processos de ensino e de aprendizagem.
Periodicamente, e no final do ano letivo, realiza-se a análise estatística dos resultados da avaliação
interna e ou externa nas estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica. Contudo, esta
reflexão não se traduz numa avaliação aprofundada das eventuais causas das dificuldades e dos
sucessos dos alunos, das estratégias e medidas implementadas, não resultando num plano de melhoria
com orientações concretas, diferenciadas e específicas, com vista à melhoria dos processos de ensino e de
aprendizagem.
A prevenção e o combate à desistência e ao abandono escolar constitui um dos eixos enunciados no
projeto educativo, sendo desenvolvidas medidas específicas no combate a esta problemática. Em
resultado de um trabalho articulado que tem vindo a ser efetuado pelos diretores de turma, serviço de
psicologia e outros serviços e agentes educativos internos e externos, bem como pela oferta do curso
vocacional de 3.º ciclo, as taxas de abandono têm vindo a diminuir.
Em síntese, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na
melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. O
Agrupamento apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas
organizacionais eficazes, o que justifica a atribuição da classificação de BOM no domínio Prestação do
Serviço Educativo.
3.3 – LIDERANÇA E GESTÃO
LIDERANÇA
O projeto educativo define a missão e a visão do Agrupamento, enunciando a priorização da
implementação de práticas pedagógicas inovadoras e diferenciadas, de acordo com estilos individuais de
aprendizagem. No entanto, esta missão e visão enunciadas não têm uma correspondência direta nas
atividades propostas neste e nos documentos operacionalizadores que não apontam para o
desenvolvimento de práticas inovadoras e de diferenciação pedagógica.
Os objetivos operacionais referidos são globalmente genéricos e pouco operacionalizáveis e as atividades
propostas não se encontram explicitamente ligadas a objetivos concretos. As diferentes ações não
apresentam metas intermédias e finais que permitam a sua monitorização e avaliação periódicas.
A análise dos documentos estruturantes revela uma diversidade de atividades enunciadas sem que haja
uma estratégia evidente para a consecução da missão do Agrupamento nomeadamente de uma
intervenção sistémica e integrada da promoção do sucesso escolar, o que sugere a existência de margens
de melhoria ao nível de uma visão e ação mais estratégicas.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
9
O pessoal docente e não docente valoriza a liderança da diretora e da sua equipa, destacando o facto de
a direção ser acessível, democrática e dialogante. Também as lideranças intermédias a nível da
coordenação de departamento são consideradas disponíveis e dialogantes, aferindo orientações para
uma ação concertada e mobilizadora dos docentes.
De destacar, a ação das coordenadores de estabelecimento das escolas básicas com jardim de infância ao
nível da boa gestão da vida escolar, bem como a ação dos diretores de turma no incentivo à motivação de
alunos e na gestão de conflitos.
Têm sido desenvolvidas parcerias com entidades da comunidade local, no sentido de dar resposta às
necessidades das crianças e dos alunos. Destaca-se a parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos,
que tem vindo a desenvolver programas de intervenção no âmbito da promoção do sucesso escolar desde
a educação pré-escolar. A título exemplificativo, referem-se os projetos A Ler Vamos e Matiga –
Matemática Amiga. Não obstante a reconhecida relevância destes projetos, não é percetível a sua
articulação com uma estratégia global interna de promoção do sucesso.
Os espaços e materiais, nomeadamente para a abordagem às ciências e no domínio da matemática,
existentes nas escolas básicas com jardins de infância carecem de uma utilização mais regular pelos
diferentes grupos/turmas. Na escola-sede existem fragilidades a nível da conservação, higiene e limpeza
de alguns espaços.
GESTÃO
A gestão dos recursos humanos tem em consideração os perfis profissionais e as aptidões pessoais. No
entanto, a distribuição de serviço pelos assistentes operacionais carece de uma afetação mais
equilibrada destes trabalhadores na escola-sede (ex.: vigilância dos espaços exteriores, limpeza das
instalações sanitárias e serviço de bufete).
São enunciados critérios de natureza pedagógica para a constituição de turmas, a elaboração dos
horários dos alunos e a distribuição de serviço docente. Sempre que possível e desejável, é assegurada a
continuidade das equipas pedagógicas. No entanto, a distribuição semanal dos tempos para o
desenvolvimento das medidas de promoção do sucesso, nem sempre persegue os referidos critérios e as
necessidades dos alunos, o que poderá comprometer a participação dos alunos e a eficácia das medidas.
É efetuado o levantamento de necessidades de formação do pessoal docente e não docente. A Câmara
Municipal de Matosinhos tem disponibilizado ações de formação diversificadas, adequadas e pertinentes
às necessidades dos assistentes técnicos e operacionais. A formação do pessoal docente tem sido feita
através de ações internas ao nível das relações interpessoais e gestão de conflitos e de participação em
algumas ações de formação externa, que se têm revelado úteis para o desempenho profissional.
Os membros da comunidade escolar comunicam através de correio eletrónico institucional, o que torna
eficaz a circulação da comunicação. A atividade do Agrupamento é divulgada publicamente na sua
página da Internet, aspetos apreciados pela comunidade educativa.
AUTOAVALIAÇÃO E MELHORIA
Existe uma equipa de autoavaliação que foi constituída em 2011 e que tem vindo progressivamente a
integrar representantes dos vários elementos da comunidade educativa. Numa fase inicial, a equipa
orientou, essencialmente, o seu trabalho para uma reflexão sobre os resultados escolares e para a
análise do cumprimento das metas contratualizadas no âmbito do projeto TEIP. Posteriormente
procedeu à aplicação de inquéritos de satisfação à comunidade. No ano letivo de 2015-2016, no âmbito
das ações de melhoria implementadas, foi avaliado o impacto das ações desenvolvidas junto dos alunos e
dos profissionais envolvidos, tendo-se considerado positivo.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
10
O relatório de autoavaliação, apesar de proceder a uma análise estatística de resultados académicos,
não integra as análises sobre a qualidade do sucesso por turma, que é efetuada trimestralmente.
Avaliam-se medidas de promoção do sucesso, mas não se chega à avaliação dos processos que ocorrem
dentro da sala de aula. O grande investimento na produção de dados estatísticos não é visível em ações
concretas do plano de melhoria.
Apesar de se referir, no documento de apresentação da escola, que o relatório de avaliação externa,
efetuada em 2009, serviu de ponto de partida para os planos de melhoria que têm vindo a ser
implementados, o facto é que vários dos pontos fracos então referenciados não foram superados, como
por exemplo as incipientes práticas experimentais das Ciências, com maior incidência, na educação pré-
escolar e no 1.º ciclo e a inexistência de planos de melhoria que orientem e garantam a superação das
dificuldades identificadas no processo de autoavaliação.
Apesar do trabalho de autoavaliação que o Agrupamento tem vindo a realizar, a sua visão genérica do
insucesso e da indisciplina, a ausência de uma metodologia específica e de uma ação estruturada neste
âmbito, que permitam um plano sustentado de melhoria, fragilizam uma visão mais holística e
conferem-lhe reduzida consistência e eficácia como processo regulador do desempenho organizacional e
de desenvolvimento profissional.
Em síntese, a ação do Agrupamento tem produzido um impacto em linha com os valores esperados na
melhoria das aprendizagens e dos resultados dos alunos e nos respetivos percursos escolares. O
Agrupamento apresenta uma maioria de pontos fortes nos campos em análise, em resultado de práticas
organizacionais eficazes. Tais fundamentos justificam a atribuição da classificação de BOM no domínio
Liderança e Gestão.
4 – PONTOS FORTES E ÁREAS DE MELHORIA
A equipa de avaliação realça os seguintes pontos fortes no desempenho do Agrupamento:
As ações de cariz solidário e de voluntariado, com a participação e/ou iniciativa de alunos,
contribuindo para a formação pessoal e social, no exercício de uma cidadania responsável.
O trabalho desenvolvido no âmbito da animação dos recreios no 1.º ciclo, enquanto contributo
para uma maior regulação dos comportamentos dos alunos.
As práticas de articulação curricular, com particular destaque em algumas disciplinas e no
curso vocacional.
O trabalho realizado pelos diretores de turma, em articulação com outros agentes educativos,
no combate à interrupção precoce do percurso e abandono escolares.
Os circuitos de comunicação para divulgar as atividades, a oferta formativa e afirmar a
qualidade do serviço educativo prestado à comunidade.
A equipa de avaliação entende que as áreas onde o Agrupamento deve incidir prioritariamente os seus
esforços para a melhoria são as seguintes:
A análise reflexiva e rigorosa das dificuldades dos alunos, com particular enfoque nos fatores
internos explicativos do insucesso escolar, com vista à melhoria dos resultados académicos dos
alunos.
Agrupamento de Escolas de Matosinhos
11
O fomento de uma cultura participativa dos alunos nas diferentes dimensões da vida escolar,
nomeadamente na promoção de maior disciplina e civismo com particular enfoque nos 2.º e 3.º
ciclos.
O desenvolvimento regular e sistemático de metodologias ativas e experimentais que fomentem
o espírito crítico e despertem a curiosidade científica das crianças e alunos.
A promoção de um plano de ação estratégico de melhoria, articulado com a missão e a visão
enunciadas no projeto educativo e demais documentos orientadores.
A implementação de práticas de autoavaliação mais estruturadas e abrangentes de forma a
aumentar a consistência e a eficácia deste processo regulador do desempenho organizacional e
de desenvolvimento profissional.
10-03-2017
A Equipa de Avaliação Externa: Ana Penha; Ilídia Cabral e Maria Judite Cruz
Concordo.
À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação.
A Chefe de Equipa Multidisciplinar da Área Territorial de Inspeção do Norte
Maria Madalena Moreira
2017-03-13
Homologo.
O Inspetor-Geral da Educação e Ciência
Por delegação de competências do Senhor Ministro da Educação
nos termos do Despacho n.º 5477/2016, publicado no D.R. n.º 79,
Série II, de 22 de abril de 2016