Recursos Estilísticospessoal.educacional.com.br/up/580001/1078242/figuras de linguage… ·...

Post on 07-Jul-2020

10 views 0 download

Transcript of Recursos Estilísticospessoal.educacional.com.br/up/580001/1078242/figuras de linguage… ·...

Recursos EstilísticosFiguras de Linguagem

Figuras de Linguagem

Sons Palavras

EstruturasSintáticas

Significado

Figuras de Linguage

m

FIGURAS DE LINGUAGEM:

SÃO RECURSOS

ESTILÍSTICOS UTILIZADOS

NO NÍVEL DOS SONS, DAS

PALAVRAS, DAS

ESTRUTURAS SINTÁTICAS

OU DO SIGNIFICADO PARA

DAR MAIOR VALOR

EXPRESSIVO PARA A

LINGUAGEM.

Num mundo como o de hoje, de raciocínios

algébricos, e onde os valores supremos são as

máquinas e a automação; e onde o pensamento

ameaça converter-se em atividade cibernética de

robô, é preciso saudar tudo aquilo que contribua para

destruir as unidades ideológicas, para manter o

homem no mundo passional do homem, no espaço dos

saberes problemáticos, da dialética, da argumentação

e do debate, da intuição e do sentimento, das

probabilidades e das crenças, da ficção, do mito e do

sonho; esse é o mundo humano; e esse ainda é –

felizmente – o mundo das figuras, um mundo

metafórico.

(LOPES, Edward. Metáfora – da retórica à semiótica.)

1) AS FIGURAS DE PALAVRAS

Uso figurado, simbólico, de uma palavra por

outra quer por uma relação muito próxima

(contiguidade), quer por uma associação,

uma comparação, uma similaridade.

Contiguidade e similaridade nos levam a

dois tipos de figuras de palavras: a

metonímia e a metáfora.

METÁFORA, do grego metaphorá, transporte

Definição: Transferência de um termo para um contexto

de significação que não lhe é próprio.

Clarividência

O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares

nele o teu nariz, não culpes o mágico.

(Mário Quintana)

METONÍMIA

Definição: Ocorre quando uma palavra é utilizada em

lugar de outra, para designar algo que mantém uma

relação de “proximidade” com o referente da palavra

substituída.

- A parte pelo todo: Ele tem duzentas cabeças de gado.

- O continente pelo conteúdo: Almocei dois pratos.

- O autor pela obra: Dúvida na ortografia? Pergunte ao

Aurélio.

DESAFIO

MAS SER PLANTA, SER ROSA, NAU VISTOSA

DE QUE IMPORTA, SE AGUARDO SEM DEFESA

PENHA A NAU, FERRO A PLANTA, TARDE A ROSA?

(MATOS, Gregório. Poemas Escolhidos)

Tipos de Metonímia

ANTONOMÁSIA: consiste

na identificação de uma

pessoa não por seu nome,

mas por uma

característica ou atributo

que a distingue das

demais.

Castro Alves = Poeta dos

Escravos

Ronaldo = Fenômeno

Roberto Carlos = O Rei

SINÉDOQUE: substituição de

uma palavra por outra que

sofre, no contexto, uma

redução ou ampliação do

seu sentido básico.

“Verdade é que, ao lado

dessas faltas, coube-me a

boa fortuna de não comprar

o pão com o suor do meu

rosto.”

Machado de Assis, Memórias

póstumas de Brás Cubas

COMPARAÇÃO (Símile)

Definição: metáfora evidente através do uso de

partícula comparativa (como, feito, tal qual, qual,

assim como, tal, etc.)

Exemplo:

Virá, impávido que nem Muhammed Ali

Virá que eu vi, apaixonadamente como Peri

Virá que eu vi, tranquilo e infalível como Bruce Lee

(Índio, Caetano Veloso)

CATACRESE

Ocorre quando, na falta de uma palavra específica para

designar determinado objeto, utiliza-se uma outra a

partir de alguma semelhança conceitual.

Pé de mesa

Barriga da perna

Embarcar no avião

Dente de alho

SINESTESIA (junção de sensações)

Relaciona planos sensoriais diferentes.

1) Os carinhos (tato) de Godofredo não tinham mais o

gosto (paladar) dos primeiros tempos." (Autran Dourado)

2) Este perfume tem um cheiro doce.

3) "O céu ia envolvendo-a até comunicar-lhe a sensação

do azul, acariciando-a como um esposo, deixando-lhe o

odor e a delícia da tarde." (Gabriel Miró)

2) FIGURAS DE SINTAXE

ALTERAÇÕES INTENCIONAIS

NEM SEMPRE OS TEXTOS APRESENTAM FRASES

ESTRUTURADAS DO MODO ESPERADO. É FREQUENTE

OCORREREM INVERSÕES, OMISSÕES E REPETIÇÕES QUE

LEVAM A UMA MAIOR EXPRESSIVIDADE.

Lembre-se: Sintaxe é a parte da gramática que estuda o

modo como as palavras se combinam nas orações.

ELIPSE

É a omissão de um termo ou de uma oração inteira,

sendo que essa omissão geralmente fica subentendida

pelo contexto.

Ex:

Na estante, livros e mais livros.

João estava com pressa. Preferiu não entrar.

As mãos eram pequenas e os dedos delicados.

ZEUGMA

Forma particular de elipse. Ocorre quando o termo

omitido em um enunciado foi utilizado anteriormente.

FedEx Express:

Poupar tempo, dinheiro e algo igualmente precioso: sua

paciência.

ANACOLUTO

Mudança de rumo inesperada na construção sintática de

um enunciado.

“O filme que eu vi ontem, eu achei que você vai

adorar.”

“Fomos ver o rio. E pouco andamos, porque já estava

entrando pelas estrebarias. O marizeiro que ficava

embaixo, a correnteza corria por cima dele. Era um mar

d’água roncando.”

(REGO, José Lins do. Menino de Engenho.)

ANÁFORA

Repetição de palavras no início de versos ou, nos textos

em prosa.

“Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia”. (Manuel Bandeira)

“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade

Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade

Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”.

(Vinícius de Moraes)

HIPÉRBATO

Inversão sintática.

SUJEITO VERBO COMPLEMENTOS

“Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ”

(Carlos Drummond de Andrade)

O HINO NACIONAL

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante

E o sol da liberdade em raios fúlgidos,

Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte,

Em teu seio, ó liberdade,

Desafia o nosso peito a própria morte!

Sem inversão (hipérbato)

As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado

retumbante de um povo heróico, e o sol da liberdade

brilhou nesse instante, em raios fúlgidos no céu da

pátria.

Se conseguimos conquistar com braço forte o penhor

dessa igualdade, o nosso peito desafia, em teu seio,

ó liberdade, a própria morte.

POLISSÍNDETO

É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos

conectivos. Observe o exemplo:

"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita,

luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e

morre." ( Olavo Bilac )

"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e

deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.

PLEONASMO

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as

mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é

realçar a ideia, torná-la mais expressiva.

Exemplo:

Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.

Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o

pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto

pleonástico.

Exemplos de pleonasmo...

"Vi, claramente visto, o lumo vivo." (Luís de Camões)

"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de

Portugal." (Fernando Pessoa)

3) Figuras de pensamento

SÃO AQUELAS QUE PROVOCAM ALTERAÇÕES NO PLANO

DO SIGNIFICADO (SEMÂNTICO) QUANDO MANIPULAMOS

INTENCIONALMENTE O SENTIDO DAS PALAVRAS E DAS

EXPRESSÕES.

HIPÉRBOLE

Ocorre quando expressamos exageradamente

uma ideia, a fim de enfatizar essa

informação.

“Rios te correrão dos olhos, se chorares (…)”

(Olavo Bilac)

Exemplos... “Brota esta lágrima e cai (…)

Mas é rio mais profundo

Sem começo e nem fim

Que atravessando por este mundo

Passa por dentro de mim”. (Cecília

Meireles)

“Queria querer gritar setecentas mil

vezes

Como são lindos, como são lindos os

burgueses” (Caetano Veloso)

Eufemismo

Quando desejamos evitar o uso de palavras ou expressões que se consideram desagradáveis ou excessivamente fortes.

Exemplos:

Ele faltou com a verdade.

Ela é desprovida de beleza.

Exemplos:

Consoada, Manuel Bandeira

Quando a indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

- Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

PROSOPOPEIA

Atribuição de características humanas a animais e

objetos inanimados .

“O cipreste inclina-se em fina reverência

e as margaridas estremecem, sobressaltadas.

(Cecília Meireles)

“A ventania às vezes surpreendia

as janelas abertas do meu lar

e então as doces sombras se moviam

trêmulas, trêmulas a bailar”.

(Jorge de Lima)

ANTÍTESE

Associação de ideias contrárias, por meio de palavras ou

enunciados de sentido oposto.

“O Pensamento ferve, é um turbilhão de lava:

A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...

E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,

Que, perfume e clarão, refulgia e voava.”

(Olavo Billac)

PARADOXO

Associação de termos contraditórios, inconciliáveis.

Exemplos:

Ernesto adora estudar, mas detesta ler.

"Se você tentou falhar e conseguiu, você descobriu o

que é paradoxo.“

Fernando Pessoa

Amor é um fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Antítese

Eu sou um velho, você um moço.

Paradoxo

Eu sou um velho moço.

GRADAÇÃO

Consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou

decrescente.

“ Ó não guardes, que a madura idade

te converta essa flor, essa beleza

em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.”

Gregório de Matos

“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.”

Monteiro Lobato

APÓSTROFE

É a interpelação de uma pessoa (real ou imaginária),

presente ou ausente, como uma forma de enfatizar uma

ideia ou expressão.

Exemplo:

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde desde então corre o infinito...

Onde estás, Senhor Deus?...

Castro Alves

4) FIGURAS DE SOM

EM CONTEXTOS DIFERENTES, OS FALANTES SENTEM A

NECESSIDADE DE EXPLORAR SONS PARA PRODUZIR

EFEITOS DE SENTIDO. O USO MAIS FREQUENTE DE

ALGUNS DESSES EFEITOS SONOROS FEZ COM QUE

PASSASSEM A DESIGNAR FIGURAS DE LINGUAGEM

ESPECÍFICAS.

ONOMATOPEIA

Palavras especiais criadas para representar sons

específicos.

Exemplos:

Aaai! – grito de dor

Ah! – grito de surpresa, dor, medo, pavor ou descoberta

Bam! – tiro de revólver

Chomp! nhoc! nhac! nhec!- mastigar

ALITERAÇÃO

REPETIÇÃO DE UM MESMO SOM CONSONANTAL.

“ A boiada seca

Na enxurrada seca

A trovoada seca

Na enxada seca

Segue o seco sem secar que o caminho é seco

sem sacar que o espinho é seco

sem sacar que seco é o Ser Sol

Sem sacar que algum espinho seco secará

E a água que sacar será um tiro seco

E secará o seu destino secará”

(Segue o seco, BROWN, Carlinhos e MONTE, Marisa)

ASSONÂNCIA

Consiste em repetir sons de vogais em um verso ou em

uma frase

Exemplo:

“ Ó Formas alvas, brancas, Formas claras” (Cruz e Sousa)

(assonância em A)

“(...) Sou um mulato nato

No sentido lato

Mulato democrático do litoral” (Caetano Veloso)

PARANOMÁSIA

Ocorre quando os textos exploram uma semelhança sonora

e gráfica entre palavras de significados distintos

(parônimas) intencionalmente utilizada.

“Menina a felicidade

É cheia de praça, é cheia de traça

É cheia de lata, é cheia de graça

Menina a felicidade

É cheia de pano, é cheia de peno

É cheia de sino, é cheia de sono

Menina a felicidade

É cheia de ano, é cheia de eno

É cheia de hino, é cheia de ono” (Tom Zé, Menina, amanhã de manhã.)

PARALELISMO

O paralelismo constitui uma das características estruturais

da lírica galego-portuguesa, consistindo na repetição

simétrica de palavras, estruturas rítmico-métricas ou

conteúdos semânticos.

Exemplo:

Eno sagrad', en Vigo,

bailava corpo velido:

amor ey!

En Vigo, no sagrado,

bailava corpo delgado

amor ey! (Martin Codax)