Post on 07-Jan-2017
S E R L E I M A R I A F I S C H E R R A N Z I
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA:
ASPECTOS SOCIODEMOGRÃF I COS - 1850-919
Dissertaçao apresentada ao Curso de
Pos-Graduaçao em Historia do Brasil -
opção História Demográfica — do Setor
de Ciências H u m a n a s , Letras e Artes
da Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial a obtenção do
grau de Mestre.
ORIENTADOR: D r . Sérgio Odilon Nadalin.
CURITIBA
1983
AGRADECIMENTOS
Ao D r . SÉRGIO ODILON N A D A L I N , O r i e n t a d o r .
A o Conselho N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o C i e n t í f i c o
e Tecnológico (CNPq).
à Coordenação do Curso de P ó s - G r a d u a ç ã o em H i s t ó r i a .
E ainda a:
A r l e n e , D e n i s e , D e r l i , P r o f . J a y m e , P r o f . J a i r ,
Ivanir, M a c l Õ v i a , P r o f . R u y .
iii
S U M Á R I O
I N T R O D U Ç Ã O 1
I P A R T E - OS M É T O D O S E A S T É C N I C A S 13
1 D E F I N I Ç Ã O DO G R U P O 16
2 F O N T E S 25
2.1 C o n t e ú d o dos r e g i s t r o s d e b a t i s m o s 27
2.2 C o n t e ú d o dos r e g i s t r o s de c a s a m e n t o s 28
2.3 C o n t e ú d o d o s r e g i s t r o s d e s e p u l t a m e n t o s ... 29
3 C R Í T I C A DOS D A D O S 31
3.1 R e g i s t r o s d e b a t i s m o s 32
3.2 R e g i s t r o s d e c a s a m e n t o s 34
3.3 R e g i s t r o s de s e p u l t a m e n t o s 36
II P A R T E - E X P L O R A Ç Ã O S U M Ã R I A D O S D A D O S 38
1 M O V I M E N T O G E R A L D A P O P U L A Ç Ã O 40
2 N U P C I A L I D A D E 44
2.1 O r i g e m dos n o i v o s 44
2.2 D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l d e c a s a m e n t o s 47
2.3 D i s t r i b u i ç ã o s e m a n a l de c a s a m e n t o s 52
2.4 I d a d e m é d i a ao c a s a r 54
2.5 I d a d e c r u z a d a ao c a s a r 55
3 N A S C I M E N T O S E B A T I S M O S 59
3.1 D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l dos n a s c i m e n t o s e c o n c e p -
ç õ e s 59
3.2 D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l de b a t i s m o s 63
.3.3 I n t e r v a l o e n t r e o n a s c i m e n t o e o b a t i s m o .. 65
3.4 L e v a n t a m e n t o o n o m á s t i c o 68
3.4.1 N o m e s m a s c u l i n o s 69
3.4.2 N o m e s f e m i n i n o s 71
3.4.3 C o m b i n a ç ã o de n o m e s 72
4 D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L DE Õ B I T O S 75
5 V I S Ã O DE C O N J U N T O 78
iv
III PARTE - OS CONTATOS C U L T U R A I S 81
1 E S C O L H A DOS CÔNJUGES 85
1.1 Casamentos intra e i n t e r é t n i c o s 85
1.2 Casamentos interétnicos em função do sexo . 91
2 E S C O L H A DAS T E S T E M U N H A S E M F U N Ç Ã O DA O R I G E M
DOS NOIVOS 96
3 E S C O L H A DOS PADRINHOS DE B A T I S M O 104
4 C O N V E R S Ã O DE A L E M Ã E S E V A N G É L I C O S 113
5 V I S Ã O DE C O N J U N T O 120
CONCLUSÕES 125
A N E X O 1 - M o v i m e n t o geral da p o p u l a ç ã o 132
ANEXO 2 - N u p c i a l i d a d e 134
A N E X O 3 - N a s c i m e n t o s , c o n c e p ç õ e s e b a t i s m o s . 14 2
ANEXO 4 - S e p u l t a m e n t o s 151
REFERÊNCIAS B I B L I O G R Á F I C A S 155
V
LISTA DE QUADROS
1 Origem combinada dos n o i v o s (%) 45
2 Distribuição semanal de c a s a m e n t o s (%) 52
3 Idade p r e f e r e n c i a l ao casar 56
4 Idade cruzada ao casar . 56
5 Batismos em 25 de d e z e m b r o 6 4
6 Intervalo entre o n a s c i m e n t o e o batismo .... 66
7 Intervalo médio entre o n a s c i m e n t o e o batis-
mo (%) 6 7
8 Freqüência dos nomes m a s c u l i n o s m a i s utiliza-
dos 69
9 Freqüência d e c e n a l dos nomes masculinos mais
utilizados (%) 70
10 Freqüência dos nomes femininos mais utiliza-
dos 71
11 Freqüência decenal dos nomes femininos m a i s
utilizados 72
12 Freqüência d e c e n a l de binomes (%) 73
13 Relação entre o nome do b a t i z a n d o e o nome dos
pais ou dos p a d r i n h o s (%) 73
14 Distribuição d e c e n a l de óbitos p o r grupo de
idade (%) 76
15 Distribuição decenal de óbitos p o r grupo de
idade (%) 77
vi
16 Casamentos intra e i n t e r é t n i c o s - 1870-919 . . 89
17 C a s a m e n t o s intra e i n t e r é t n i c o s - 1850-919 .. 90
18 Casamentos intra e i n t e r é t n i c o s q u a n t o â ori-
gem do c ô n j u g e 92
19 Casamentos intra e i n t e r é t n i c o s q u a n t o à ori-
gem das t e s t e m u n h a s 97
20 Casamentos i n t e r é t n i c o s q u a n t o â o r i g e m das tes-
m u n h a s 102
21- Escolha dos p a d r i n h o s de b a t i s m o em função da
origem dos pais dos b a t i z a n d o s - U n i õ e s intra-
étnicas - Pais de o r i g e m alemã 105
22 E s c o l h a dos p a d r i n h o s de b a t i s m o em função da
origem dos pais dos b a t i z a n d o s - U n i õ e s inter-
étnicas - Pai de o r i g e m alemã 106
23 Escolha dos p a d r i n h o s de b a t i s m o em função da
o r i g e m dos pais dos b a t i z a n d o s - Uniões inter-
étnicas - Mãe de o r i g e m alemã 106
24 C o n v e r s õ e s registradas nas atas de b a t i s m o .. 114
25 Noivos de religião p r o t e s t a n t e 116
vil
LISTA DE GRÁFICOS
1 Distribuição anual de c a s a m e n t o s , s e p u l t u r a s ,
batismos e nascimentos 39
2 Distribuição decenal de c a s a m e n t o s , sepultu-
r a s , batismos e nascimentos 42
3 Distribuição m e n s a l de c a s a m e n t o s 4 9
4 Distribuição m e n s a l de n a s c i m e n t o s 58
5 Distribuição m e n s a l de b a t i s m o s 62
6 Distribuição m e n s a l de s e p u l t a m e n t o s 75
7 Casamentos intra-êtnicos 87
8 Casamentos interétnicos 87
9 Homem de cultura alemã 87
10 Mulher de cultura alemã 87
11 Escolha das testemunhas de c a s a m e n t o - Uniões
intra-êtnicas . 98
12 Escolha das testemunhas de casamento - Uniões
interétnicas 100
13 Padrinhos de batismo - Filhos de u n i õ e s intra-
étnicas 107
14 Padrinhos de batismo - Filhos de uniões inter-
étnicas - Pai alemão 109
15 Padrinhos de batismo - Filhos de uniões inter-
étnicas - Mãe alemã . 110
vi ii
2
O tema deste trabalho é o i m i g r a n t e a l e m ã o c a t ó l i c o e
seus descendentes em C u r i t i b a , t o m a d o s q u a n t o aos seus as-
pectos s o c i o d e m o g r á f i c o s .
T r a t a - s e de uma pesquisa v i n c u l a d a ao p r o j e t o do De-
partamento de História da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á que
tem por objetivo o estudo q u a n t i t a t i v o da p o p u l a ç ã o e das
estruturas sociais do P a r a n á .
No caso e s p e c í f i c o deste E s t a d o , já foram r e a l i z a d o s
alguns estudos de c o n t i n g e n t e s p o p u l a c i o n a i s de o r i g e m euro-
péia que compõem a sociedade p a r a n a e n s e . N o e n t a n t o restrin-
giram-se a grupos d e l i m i t a d o s , seja em t e r m o s de c o n f i s s ã o
religiosa — como é o caso da c o m u n i d a d e e v a n g é l i c a luterana
de Curitiba e p o l o n e s e s da P a r ó q u i a Santa Ana de A b r a n c h e s —
seja de localização t e r r i t o r i a l — sobre o grupo i m i g r a n t e
italiano de Santa F e l i c i d a d e . C o n t u d o , n e s s e s e s t u d o s que
envolvem imigrantes e seus d e s c e n d e n t e s e s c a p a m a q u e l e s que
não p e r t e n c e m a c o m u n i d a d e s r e l i g i o s a s como as i n d i c a d a s .
Por essa r a z ã o , o o b j e t i v o d e s t e trabalho ê justamen-
te o de localizar os imigrantes a l e m ã e s e seus d e s c e n d e n t e s
de religião católica em C u r i t i b a , no p e r í o d o de 1 8 5 0 - 9 1 9 , a
partir dos registros p a r o q u i a i s . P o r t a n t o , e n s a i a r uma re-
c o n s t i t u i ç ã o dessa p o p u l a ç ã o e , s o b r e t u d o , r e a l i z a r a "ex-
ploração sumária" desses dados a fim de v i s u a l i z a r alguns
3
a s p e c t o s s o c i o d e m o g r ã f i c o s do g r u p o .
Isso p o s t o , d e v e - s e c o n s i d e r a r q u e o t r a b a l h o e m
q u e s t ã o se i n s e r e no q u a d r o m a i s a m p l o d e e s t u d o s q u e v i s a m
m e d i r a p a r t i c i p a ç ã o dos e l e m e n t o s é t n i c o s na s o c i e d a d e b r a -
s i l e i r a . E s s a r e a l i d a d e se e v i d e n c i a p r i n c i p a l m e n t e no S u l
do B r a s i l , o n d e essa p a r t i c i p a ç ã o , a p a r t i r do s e g u n d o q u a r -
t e l do s é c u l o X I X , foi a l t a m e n t e s i g n i f i c a t i v a .
0 - p e r í o d o d e m a r c a d o p a r a e s t e e s t u d o (1850-919) jus-
t i f i c a - s e p o r q u e em 1850 t ê m i n i c i o na C a t e d r a l c u r i t i b a n a
^
os r e g i s t r o s da " r e m i g r a ç a o " a l e m a d e R i o N e g r o p a r a C u r i -
t i b a , q u e c o m e ç a na d é c a d a de 183 0,' e t a m b é m p o r q u e a p a r -
tir da d é c a d a de 1 8 5 0 2 se i n i c i a o u t r o f l u x o r e m i g r a t ó r i o
v i n d o p r i n c i p a l m e n t e da C o l ô n i a D o n a F r a n c i s c a ( J o i n v i l l e ,
SC) . A f i n a l i z a ç ã o em 1919 d e v e - s e ao n ú m e r o e l e v a d o d e re-
g i s t r o s q u e as d é c a d a s p o s t e r i o r e s a p r e s e n t a v a m , e m p a r t e
p e l a a f l u ê n c i a de i m i g r a n t e s a C u r i t i b a no p e r í o d o e n t r e
G u e r r a s , t o r n a n d o i n v i á v e l r e a l i z a r o e s t u d o no p r a z o p r e -
v i s t o .
P a r a e f e t u a r e s t e t r a b a l h o , a l é m das t r ê s s é r i e s de
r e g i s t r o s p a r o q u i a i s , u t i l i z o u - s e c o m o f o n t e a d i c i o n a l p a r t e
da l i t e r a t u r a e x i s t e n t e no B r a s i l s o b r e a t e m á t i c a . O b s e r -
v o u - s e q u e , i n i c i a l m e n t e no B r a s i l , os e s t u d o s t i n h a m u m a
*Sabe-se que os registros de 1850 se referem às famílias oriun-
das de Rio Negro, devido ao confronto efetuado entre os nomes das famí-
lias arroladas na Catedral e os constantes no Álbum Comemorativo do Cen-
tenário da Imigraçao Alema abaixo indicado.
'OS ALEMÃES nos Estados do Paraná e Santa Catarina: 1829-1929.
Curitiba, 1929. p.69-70.
BALHANA, Altiva Pilatti. A evolução demografica de Curitiba no
século XIX. In: Boletim da Universidade Federal do Paraná, Departamento de História, Curitiba, (15):13, 1972.
4
p r e o c u p a ç ã o m u i t o m a i s c o m a e x p r e s s ã o n u m é r i c a do g r u p o ,
sua l o c a l i z a ç ã o e o p o s t e r i o r d e s e n v o l v i m e n t o d a s c o l ô n i a s
por e l e s f u n d a d a s . P o s t e r i o r m e n t e , ou s e j a , s o m e n t e a p a r -
tir da d é c a d a de 1 9 3 0 , tem i n i c i o a p r o d u ç ã o d e t r a b a l h o s
e n v o l v e n d o a c a r a c t e r i z a ç ã o é t n i c a do g r u p o , a n a l i s a n d o a s s i m
o d e s e n v o l v i m e n t o do p r o c e s s o d e a c u l t u r a ç ã o .
N e s s e s e n t i d o , as o b r a s d e W I L L E M S 3 f o r a m as p i o n e i -
r a s , s e n d o o seu t r a b a l h o r e l e v a n t e na c o m p l e m e n t a ç ã o de es-
t u d o s s o b r e a l e m ã e s no B r a s i l . A f o r a os a s p e c t o s t e ó r i c o s
já não m a i s a c e i t o s no m e i o a n t r o p o l ó g i c o e s o c i o l ó g i c o , o
c o n j u n t o de i n f o r m a ç õ e s c o n t i d a s em seus l i v r o s d á ao p e s -
q u i s a d o r uma v i s ã o g e r a l s o b r e o p r o c e s s o de r e l a ç õ e s d e
c u l t u r a no B r a s i l , no c a s o e s p e c í f i c o do e l e m e n t o é t n i c o
a l e m ã o .
C o n t u d o , o p r ó p r i o W I L L E M S ê q u e a l e r t a p a r a a n e c e s -
s i d a d e de e l a b o r a r uma m o n o g r a f i a p a r a c a d a n ú c l e o ou p a r a
cada r e g i ã o , a fim de m e l h o r c o n s t a t a r c o m o se c o n s t i t u í r a m
as r e l a ç õ e s d e c u l t u r a das p o p u l a ç õ e s d e o r i g e m g e r m â n i c a ,
p o i s todas e l a s t i v e r a m u m d e s e n v o l v i m e n t o i n d i v i d u a l c o m
d i f e r e n ç a s b a s t a n t e p r o n u n c i a d a s . 4
R e a l m e n t e , o q u e se o b s e r v a m a i s r e c e n t e m e n t e é uma
p r e o c u p a ç ã o de e s t u d a r o s e l e m e n t o s é t n i c o s n a s suas e s p e c i -
f i c i d a d e s l o c a i s . E s s a nova o r i e n t a ç ã o p e r m i t e q u e se faça
3WILLEMS, Emílio. A aculturação dos alemães no Brasil', estudo antropológico dos imigrantes alemaes e seus descendentes no Brasil. Sao
Paulo, Companhia Editora Nacional, 1946. 609 p.
4WILLEMS, Emílio. Assimilação e populações marginais no Brasil'. estudo sociológico dos imigrantes germânicos e seus descendentes. Sao
Paulo, Companhia Editora Nacional, 1940. 343 p.
5
uma a n á l i s e c o m p a r a t i v a , t a n t o e n t r e os p r ó p r i o s a l e m ã e s co-
m o d e l e s c o m o u t r a s e t n i a s . S e n d o esta a n á l i s e c o m p a r a t i v a ,
um de seus o b j e t i v o s a p o i a r - s e - á em e s t u d o s e n f o c a n d o d i v e r -
sas e t n i a s , a p r e e n d i d o s , p o r é m , n u m m e s m o e s p a ç o g e o g r á f i c o .
S e r ã o c o m p a r a d o s e s p e c i a l m e n t e a l g u n s r e s u l t a d o s c o m o s da
c o m u n i d a d e e v a n g é l i c a l u t e r a n a d e C u r i t i b a , p o r t r a t a r - s e d e
e l e m e n t o s de m e s m a o r i g e m é t n i c a , b e m c o m o p e l a s e v i d e n t e s
r e l a ç õ e s e x i s t e n t e s e n t r e os d o i s g r u p o s , u m a v e z q u e c o n v i -
v e m em uma m e s m a c o m u n i d a d e u r b a n a , c o n s t i t u i n d o , t a l v e z , u m
s5 g r u p o é t n i c o , r e l i g i o s a m e n t e d i f e r e n c i a d o . E , a i n d a , p o r
c o i n c i d i r b a s i c a m e n t e o p e r í o d o em q u e os d o i s e s t u d o s se
e n q u a d r a m .
O p t o u - s e t a m b é m p o r e s s a a n á l i s e c o m p a r a t i v a p o r q u e
ela p o s s i b i l i t a ao o b s e r v a d o r a f a s t a r - s e do seu p r ó p r i o p o n -
to de o b s e r v a ç ã o , de sua s o c i e d a d e p a r t i c u l a r , s e m o q u e n ã o
há o b j e t i v i d a d e p o s s í v e l nas c i ê n c i a s s o c i a i s . 5
A p a r t i r da i n t e n ç ã o i n i c i a l m e n t e d e m o n s t r a d a , as
q u e s t õ e s q u e se a p r e s e n t a m são as s e g u i n t e s :
1 . A t é q u e p o n t o é v e r d a d e i r a a a f i r m a t i v a de q u è o s
a l e m ã e s c a t ó l i c o s e m C u r i t i b a , e m f u n ç ã o da r e l i g i ã o , inte-
g r a r - s e - i a m m a i s f a c i l m e n t e q u e os l u t e r a n o s na s o c i e d a d e
c u r i t i b a n a ?
2 . E m q u e m e d i d a . o s a l e m ã e s c a t ó l i c o s r e s p e i t a v a m os
p r e c e i t o s r e l i g i o s o s de sua I g r e j a ?
5 CAÍtDOSO, Ciro Flamarion & BRIGNOLI, Hector Perez. Os métodos e técnicas da História', introdução aos problemas, métodos e técnicas da historia demográfica, econômica e social. Rio de Janeiro, Graal, 1979. p.410.
6
3. A t é q u e p o n t o a m u l h e r d e s e m p e n h o u u m p a p e l m a i s
c o n s e r v a d o r q u e o do h o m e m nas r e l a ç õ e s c u l t u r a i s c o m a so-
c i e d a d e c u r i t i b a n a ?
4 . E m q u e m e d i d a os c a s a m e n t o s i n t e r é t n i c o s ou i n t r a -
é t n i c o s i n f l u e n c i a r a m ou f o r a m c o n s e q ü ê n c i a do p r o c e s s o in-
t e g r a t ó r i o ?
5 . A t é q u e p o n t o a e s c o l h a d o s p a d r i n h o s d e b a t i s m o
e de c a s a m e n t o p o d e ser i n d i c a d o r a d e c o n t a t o s c u l t u r a i s en-
t r e a l e m ã e s c a t ó l i c o s e a s o c i e d a d e m a j o r i t á r i a ?
De u m m o d o g e r a l se a f i r m a q u e , d e v i d o às c o n d i ç õ e s
m a i s f a v o r á v e i s , os i m i g r a n t e s i n s t a l a d o s no B r a s i l em zona
u r b a n a t e r i a m d e s e n v o l v i d o um p r o c e s s o i n t e g r a t õ r i o c o m a
s o c i e d a d e de a d o ç ã o em u m t e m p o b e m m a i s c u r t o do q u e os
i n s t a l a d o s em zona r u r a l .
C o m o C u r i t i b a e s e u s a r r e d o r e s p o d e m ser c a r a c t e r i z a -
dos c o m o zona u r b a n a , p o d e r - s e - i a f a c i l m e n t e a c r e d i t a r q u e o
e l e m e n t o a l e m ã o r a d i c a d o n e s t a c a p i t a l m a n i f e s t a s s e u m com-
p o r t a m e n t o d i n a m i z a d o r n o p r o c e s s o de i n t e g r a ç ã o .
E n t r e t a n t o n ã o b a s t a c o n s i d e r a r o a l e m ã o c o m o e t n i a .
E l e deve ser a n a l i s a d o t a m b é m em f u n ç ã o da r e l i g i ã o , d a l a
n e c e s s i d a d e de d i v i d i - l o em c a t ó l i c o s e p r o t e s t a n t e s : o
c r e d o r e l i g i o s o d e t e r m i n a , d e n t r o da p r ó p r i a s o c i e d a d e a l e m ã ,
c o n c e p ç õ e s f i l o s ó f i c a s , p a d r õ e s de c o m p o r t a m e n t o e a t i t u d e s
d i v e r s a s . A l é m d i s s o , e s t u d o s6 r e a l i z a d o s até a g o r a têm de-
m o n s t r a d o q u e a i n f l u ê n c i a r e l i g i o s a foi m u i t o i m p o r t a n t e no
6 SOARES, Neusa Regina Ramires. A dinâmica da integração alemã
em São Lourenço do Sul; a partir de registros paroquiais - 1861-1930.
Curitiba, 1982. 195 p. Dissertaçao, Mestrado, Universidade Federal do
Paraná.
7
c o m p o r t a m e n t o é t n i c o d o g r u p o l u t e r a n o n o s e n t i d o d e p r e -
s e r v a r o " D e u t s c h t u m " ; 7 c o n s e q ü e n t e m e n t e o g r u p o a l e m ã o c a -
t ó l i c o n ã o t e r i a r e c e b i d o e s s e t i p o de i n f l u ê n c i a e a p r e s e n -
t a r i a u m c o m p o r t a m e n t o d i f e r e n c i a d o .
A a n á l i s e d a s m i g r a ç õ e s e n v o l v e u m a d e f i n i ç ã o a d e q u a -
da a c a d a t i p o de e s t u d o r e a l i z a d o , p o d e n d o s e r a b r a n g e n t e
o u r e s t r i t a .
N o c a s o e s t u d a d o , a m i g r a ç ã o f o i c o n s i d e r a d a c o m o u m a
f o r m a de m o b i l i d a d e e s p a c i a l e n t r e u m a u n i d a d e g e o g r á f i c a e
o u t r a , e n v o l v e n d o m u d a n ç a s p e r m a n e n t e s de r e s i d ê n c i a . 8
O p t o u - s e p o r e s s a d e f i n i ç ã o , p o r q u e o g r u p o a n a l i s a d o ,
ao m i g r a r d o s e u l o c a l de o r i g e m , f i x o u r e s i d ê n c i a n o B r a s i l .
M e s m o q u e n ã o t e n h a m p e r m a n e c i d o n o l o c a l i n i c i a l m e n t e e s t a -
b e l e c i d o , o d e s l o c a m e n t o se p r o c e s s a v a d e n t r o do p r ó p r i o p a í s .
A s e g u i r , n u m a t e n t a t i v a d e e x p l i c i t a r os f a t o r e s re-
p u l s i v o s na á r e a de o r i g e m e os a t r a t i v o s na á r e a d e d e s t i n o
d e s s e s i m i g r a n t e s , f a r - s e - ã o , em l i n h a s g e r a i s , c o n s i d e r a ç õ e s
s o b r e o p r o c e s s o h i s t ó r i c o r e s p o n s á v e l p e l a i m i g r a ç ã o a l e m ã
p a r a o B r a s i l . M e s m o p o r q u e u m e s t u d o d e c a r á t e r m o n o g r á f i c o
c o m o e s t e d e v e s e r , na m e d i d a do p o s s í v e l , i n s e r i d o n u m c o n -
7 E n t e n d e - s e por "Deutschtum" a conservaçao do espirito alemao,
isto i, falar alemao, pensar em alemao, viver ã maneira alema, conservar
hábitos e costumes alemaes, energia e ideais germânicos.
SEYFERT, Giralda. Identidade étnica e identificação numa comu-nidade do vale do Itajat-Mirim. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1974. p.15. (Inédito)
8 UNITED NATIONS. The determinantes and consequences of popula-tion trends. 1973. _v.l, p.173. Citado por R E N N E R , Cecília H. &_PATARRA,
Neide L . A explicaçao social dos fenômenos demográficos: migrações. In:
SANTOS, Jair L.F. et alii, org. Dinâmica da população, teoria, métodos e técnicas de análise. São P a u l o , T . A . Q u e i r o z , 1980. p . 2 3 7 .
8
t e x t o m a i s a m p l o , q u e é , n o c a s o , a c o n j u n t u r a m u n d i a l do
s é c u l o X I X e i n i c i o do s é c u l o X X .
0 c r e s c i m e n t o d e m o g r á f i c o na E u r o p a a p a r t i r d o s é c u -
lo X I X , a l i a d o a sua e v o l u ç ã o t é c n i c a e e c o n ô m i c a , a g e c o m o
u m e s t i m u l a n t e e d e t e r m i n a m o v i m e n t o s m i g r a t ó r i o s q u e p e r m i -
t e m c e r t a a d a p t a ç ã o da o f e r t a â p r o c u r a n o m e r c a d o de t r a b a -
l h o . E s s e p r o c e s s o m i g r a t ó r i o v a i p r o p i c i a r na E u r o p a a c o n -
c e n t r a ç ã o u r b a n a e o d e s e n v o l v i m e n t o da i n d ú s t r i a e d o c o m é r -
c i o .
N o e n t a n t o , as t r o c a s i n t e r i o r e s a l i n ã o b a s t a m , e
b o m n ú m e r o de e u r o p e u s , q u e r t e m p o r á r i a , q u e r d e f i n i t i v a m e n -
t e , e x p a t r i a m - s e , m o t i v a d o s , p o r u m l a d o , p e l o s e n t i m e n t o d e
a l g u m t i p o de i n s e g u r a n ç a e i n a d e q u a ç ã o e m s e u a m b i e n t e so-
c i a l o r i g i n a l e , p o r o u t r o l a d o , p e l a i n t e n s a p r o p a g a n d a r e a -
l i z a d a p o r a s s o c i a ç õ e s r e l i g i o s a s , c o m p a n h i a s d e n a v e g a ç ã o e
p e l o s p a í s e s i n t e r e s s a d o s e m r e c e b e r e s s e a f l u x o d e i m i g r a n -
t e s .
U m c o n j u n t o d e c i r c u n s t â n c i a s , c o m o o d e s e n v o l v i m e n t o
e a p o p u l a r i z a ç ã o d o s m e i o s d e t r a n s p o r t e s , i m p o s s i b i l i d a d e
de a c o l h e r n a s c i d a d e s t o d o s o s e r r a d i c a d o s d o s c a m p o s , li-
b e r d a d e p a r a o e m i g r a n t e ir e m b o r a e i n s t a l a r - s e e m v a s t a s
á r e a s a i n d a v a z i a s c o n t r i b u í r a m p a r a a d i s p e r s ã o no s é c u l o
X I X .
E s s e s e f e i t o s v ã o c o n t r i b u i r c o m o p r o p u l s o r e s d e s s e s
m o v i m e n t o s d e p o p u l a ç ã o , e m b o r a o seu f u n d a m e n t o se a l i c e r c e
no d e s e n v o l v i m e n t o d o c a p i t a l i s m o , q u e n ã o p o d e s e r d i s s o c i a -
d o d o s p r o c e s s o s m i g r a t ó r i o s .
P a r t i c u l a r m e n t e a A l e m a n h a c o n t r i b u i u c o m g r a n d e p a r -
te d e s s e c o n t i n g e n t e m i g r a t ó r i o , c u j o s c o m p o n e n t e s p r o c u r a r a m
9
f u g i r , i n i c i a l m e n t e , d a s c r i s e s q u e a n t e c e d e r a m a sua U n i f i -
c a ç ã o . E m i g r a v a m , e n t ã o , n e s s e p e r í o d o , f i l h o s d e c a m p o n e -
ses c u j a s p r o p r i e d a d e s t i n h a m a t i n g i d o a c o n d i ç ã o d e m i n i -
fúndio e a r t e s ã o s i n c a p a z e s de e n c o n t r a r o c u p a ç ã o n o s es-
t r e i t o s m e r c a d o s .
C o n t u d o ,
com o desenvolvimento da grande industria
no último quartel do século, o novo modo de
produção fez surgir um excedente populacio-
nal diferente: artesaos e trabalhadores da
industria doméstica arruinados pela concor-
rência das grandes empresas; proletários
lançados ao desemprego pelas crises de con-
juntura; camponeses tornados redundantes
pela revolução agrícola. 9
A l é m d o s f a t o r e s e c o n ô m i c o - s o c i a i s q u e e x p l i c a m a
e m i g r a ç ã o a l e m ã , o u t r o f a t o r , n ã o m e n o s i m p o r t a n t e , v e m
a l i a r - s e a e l e s : o f a t o r p o l i t i c o . D e s s a f o r m a , o u t r o c o n -
t i n g e n t e p o p u l a c i o n a l f o r m a d o p e l o s l i b e r a i s q u e se c o l o c a -
ram c o n t r a as m o n a r q u i a s c o n s e r v a d o r a s é f o r ç a d o a e m i g r a r .
E s s e s f a t o r e s r e p u l s i v o s v ã o e n c o n t r a r e c o n o s a t r a -
t i v o s em p a í s e s da A m é r i c a , á v i d o s p o r r e c e b e r e m e s s e e x c e -
d e n t e p o p u l a c i o n a l e u r o p e u .
D e n t r e os p a í s e s a m e r i c a n o s , o B r a s i l , p a r t i c u l a r m e n -
t e , p r o c u r o u i n c e n t i v a r o f l u x o i m i g r a t ó r i o d u r a n t e o s é c u l o
X I X , p r e o c u p a n d o - s e i n i c i a l m e n t e em s u b s t i t u i r o t r a b a l h o
e s c r a v o p e l o do i m i g r a n t e a s s a l a r i a d o e u r o p e u .
D e s s a m a n e i r a , a m e l h o r i a d o s s i s t e m a s d e t r a n s p o r t e s
e das v i a s de c o m u n i c a ç ã o , o a p e r f e i ç o a m e n t o d o s p r o c e s s o s
9 SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e evolução urbana:
analise da evolução economica de Sao P a u l o , Blumenau, Porto A l e g r e , Belo
Horizonte e Recife. Sao Paulo, Editora Nacional, 1968. p.378.
10
de b e n e f i c i a m e n t o de c a f é e d o f a b r i c o do a ç ú c a r , o c r e s c i -
m e n t o da p o p u l a ç ã o l i v r e , o e s b o ç o d e u m a e c o n o m i a de m e r c a -
do m o d i f i c a v a m as c o n d i ç õ e s da e c o n o m i a e c r i a v a m m a i o r e s
p o s s i b i l i d a d e s p a r a o t r a b a l h o l i v r e . 1 0
No e n t a n t o , n o Sul do B r a s i l h o u v e n e c é s s i d a d e da
u t i l i z a ç ã o dos i m i g r a n t e s d e f o r m a d i f e r e n c i a d a . E l e s f o r a m
r e c r u t a d o s p a r a a f o r m a ç ã o de n ú c l e o s de c o l o n i z a ç ã o o f i c i a i s
ou p a r t i c u l a r e s . "A c r i a ç ã o d e s t e s n ú c l e o s a b r a n g e o p e r í o -
do de 1820 a 1 8 7 6 , f o r m a d o s p r i n c i p a l m e n t e p o r a l e m ã e s , suí-
ços e a u s t r í a c o s . " 1 1
A c o l o n i z a ç ã o b a s e a d a no r e g i m e da p e q u e n a p r o p r i e d a -
d e a g r í c o l a não t e v e s o m e n t e a l c a n c e d e m o g r á f i c o , m a s p r i n -
c i p a l m e n t e e c o n ô m i c o , c u l t u r a l , s o c i a l e , em c e r t o g r a u , a t é
p o l í t i c o . J a m a i s t e v e o b j e t i v o s m e r a m e n t e a g r í c o l a s , a c o m -
p a n h a n d o a f u n d a ç ã o de v i l a s e c i d a d e s em suas m a n i f e s t a ç õ e s
m a i s e x p r e s s i v a s , p r i n c i p a l m e n t e n a s t r ê s p r o v í n c i a s s u l i n a s
e no E s p í r i t o S a n t o .
De qualquer forma, a organizaçao da econo-
mia do Brasil M e r i d i o n a l , com a peculiari-
dade de nao se ter baseado na produção de
produtos de exportaçao para o mercado inter-
nacional, nao d i f e r i u , nos mecanismos bási-
cos, da economia escravocrata vigente no
resto do país. Ao contrário, padeceu das
mesmas limitações da produção escravista,
com o agravante de ter estado sempre mais
exposta a crises porque (....) era, por um
1 0 VIOTTI DA COSTA, Emília. 0 escravo na grande lavoura. In:
BUARQUE DE HOLANDA, Sergio, d i r . História da civilização brasileira.
São Paulo, DIFEL, 1976. t . 2 , v . 3 , p.177.
1 1 RENNER, Cecília H . & P A T A R R A , Neide L. A explicação social
dos fenomenos demográficos: migrações. In: SANTOS, Jair L.F. et alii,
org. Dinâmica da população, teoria, métodos e técnicas de analise. São Paulo, T.A. Queiroz, 1980. p.250.
11
lado, uma e c o n o m i a subsidiária do m e r c a d o
na área de p r o d u ç ã o para e x p o r t a ç a o , e, por
outro l a d o , nao se b a s e o u em p r o d u t o s de
m o n o p õ l i o . 1 2
0 P a r a n á , m e s m o i n s e r i d o n a s p r o v í n c i a s s u l i n a s , a p r e -
senta p e c u l i a r i d a d e s , r a z ã o p o r q u e sua H i s t ó r i a m e r e c e uma
a b o r d a g e m d i f e r e n c i a d a da das d e m a i s p r o v í n c i a s na f o r m a ç ã o
de sua c o m u n i d a d e .
E essa c o m u n i d a d e tem c o m o um d o s t r a ç o s a f o r m a ç ã o
de um c e n t r o s o c i a l de i r r a d i a ç ã o q u e se l o c a l i z o u em C u r i -
t i b a , q u e , p e l o s r e s u l t a d o s s a t i s f a t ó r i o s c o n s e g u i d o s na co-
l o n i z a ç ã o de seus a r r e d o r e s , a t r a i u g r a n d e p a r t e dos i m i g r a n -
tes i n s t a l a d o s em o u t r a s r e g i õ e s do P a r a n á e m e s m o de o u t r a s
p r o v í n c i a s , os q u a i s se d i s p e r s a r a m p e l a s c o l ô n i a s já e x i s -
t e n t e s ou f o r m a r a m c o l ô n i a s p a r t i c u l a r e s , ou i n g r e s s a r a m n a s
a t i v i d a d e s a r t e s a n a i s e i n d u s t r i a i s da c i d a d e . 1 3
E é j u s t a m e n t e uma p a r c e l a d e s s a p o p u l a ç ã o q u e f i x o u
r e s i d ê n c i a e m C u r i t i b a e a r r e d o r e s q u e se o b j e t i v a a n a l i s a r ,
e n f o c a n d o p r i n c i p a l m e n t e as r e l a ç õ e s c u l t u r a i s d e s s e g r u p o
m i n o r i t á r i o c o m a s o c i e d a d e c u r i t i b a n a e a b o r d a n d o t a m b é m
c e r t o s a s p e c t o s d e m o g r á f i c o s .
A p r e s e n t e d i s s e r t a ç ã o e s t á d i v i d i d a e m t r ê s p a r t e s ,
m a i s a i n t r o d u ç ã o , c o n c l u s ã o e a n e x o s .
Da p r i m e i r a p a r t e c o n s t a m a s f o n t e s , o s m é t o d o s e téc-
1 2 C A R D O S O , Fernando H e n r i q u e . Rio Grande do Sul e Santa Catari-
n a . In: BUARQUE DE H O L A N D A , S é r g i o , d i r . História geral da civilização
brasileira. São P a u l o , D I F E L , 1972. t . 2 , v . 2 , p . 4 8 5 .
1 3 B A L H A N A , Altiva P i l a t t i ; P I N H E I R O M A C H A D O , Brasil; W E S T P H A L E N ,
Cecília M a r i a . Paraiiã t r a d i c i o n a l . In: EL K A T I B , F a i s s a l , o r g . Histó-
ria do Paraná. G r a f i p a r , C u r i t i b a , 1969. v . 2 , p . 1 6 8 .
nicas u t i l i z a d a s . Nesta p a r t e , além da c r í t i c a das f o n t e s ,
e n c o n t r a - s e a d e f i n i ç ã o do g r u p o e as d e c i s õ e s t o m a d a s com
relação aos critérios para defini-lo..
Na segunda p a r t e , v e r i f i c a r a m - s e certas t e n d ê n c i a s da
p o p u l a ç ã o a p a r t i r do estudo do m o v i m e n t o s a z o n a l de nasci-
m e n t o s , casamentos e ó b i t o s , u t i l i z a n d o p a r a esse fim técni-
cas comuns na d e m o g r a f i a h i s t ó r i c a .
Na terceira e última p a r t e , r e u n i u - s e uma série de
variáveis p a s s í v e i s de serem a n a l i s a d a s a p a r t i r de regis-
tros p a r o q u i a i s , que de certa forma r e v e l a m o c o m p o r t a m e n t o
do grupo nas r e l a ç õ e s i n t e r é t n i c a s .
14
Conforme indicado a n t e r i o r m e n t e , o p r e s e n t e trabalho
foi d e s e n v o l v i d o a p a r t i r de uma p e r s p e c t i v a da H i s t ó r i a De-
m o g r á f i c a , c o n s t i t u í d a por uma i n t e r d i s c i p l i n a r i e d a d e da His-
tória e D e m o g r a f i a .
Desse m o d o , "a H i s t ó r i a D e m o g r á f i c a p r o c u r a a s s o c i a r
o m é t o d o e s t a t í s t i c o , os c o n c e i t o s e a p r o b l e m á t i c a da Demo-
grafia â critica h i s t ó r i c a das fontes e à p e r s p e c t i v a do his-
t o r i a d o r , atento ã e s p e c i f i c i d a d e das d i f e r e n t e s s o c i e d a d e s
e é p o c a s " . 1 4 Essa ação conjunta tem feito a p a r e c e r d i f e r e n -
ças locais e regionais i m p o r t a n t e s , p r i n c i p a l m e n t e pela mul-
tiplicação de estudos e n v o l v e n d o esses dois campos do conhe-
cimento .
Na História D e m o g r á f i c a , a u t i l i z a ç ã o da e s t a t í s t i c a
o b j e t i v a , t a m b é m , a m e n s u r a ç ã o de c o m p o r t a m e n t o s , como o re-
ligioso, o m e n t a l , o s o c i a l , o u , até m e s m o , o c o n t a t o cultu-
ral entre grupos sociais d i s t i n t o s . Razão p o r que os resul-
tados obtidos a p a r t i r dos r e g i s t r o s p a r o q u i a i s não são so-
m e n t e d e m o g r á f i c o s . Eles vão m u i t o além: f o r n e c e m à Histó-
ria Social um forte e m b a s a m e n t o para a r m a ç ã o de seus e s t u d o s ,
p r i n c i p a l m e n t e pela r e c o n s t i t u i ç ã o de f a m í l i a s , m é t o d o sis-
1 4 CARDOSO & BR1GN0LI, p.126-7.
15
t e m a t i z a d o p o r M . F L E U R Y & L . H E N R Y , 1 5 q u e a t r a v é s da o r g a -
n i z a ç ã o das fichas f a m i l i a r e s p o s s i b i l i t a u m e s t u d o d e m o g r á -
fico e m p r o f u n d i d a d e .
C o m a u t i l i z a ç ã o dos r e g i s t r o s p a r o q u i a i s , a H i s t ó r i a
D e m o g r á f i c a t e m c o n s e g u i d o a t i n g i r p a r c e l a d o d i f í c i l d o m í -
nio das m e n t a l i d a d e s c o l e t i v a s . N e s s e p a r t i c u l a r , é i m p o r -
t a n t e c o n s i d e r a r o p a p e l q u e a I g r e j a r e p r e s e n t o u , p o i s era
e l a , a t é b e m p o u c o t e m p o , q u e d i t a v a n o r m a s c o m p o r t a m e n t a i s
v i n c u l a d a s ãs p r e s c r i ç õ e s r e l i g i o s a s .
É n e c e s s á r i o d i z e r q u e a i n d a r e s t a m u i t o a f a z e r ,
pois e s s e s r e g i s t r o s e s t ã o se r e v e l a n d o uma f o n t e e x t r e m a -
m e n t e r i c a . 0 t r a b a l h o d e a r r o l a m e n t o e d e p o i s a sua e x p l o -
r a ç ã o e x i g e m g r a n d e p a r t e do t e m p o d e p e s q u i s a , f o r ç a n d o o
p e s q u i s a d o r a d e l i m i t a r seu c a m p o e s c o l h e n d o p a r t e de u m a
p a r ó q u i a ou uma p a r ó q u i a p e q u e n a p a r a t r a b a l h a r .
1 5 FLEURY, Michel & H E N R Y , Louis. Nouveau manuel de dépouille-ment et d'exploitation de l'état civil ancien. Paris, Institut; National d'Études Démographiques, 1965. 182 p .
1 DEFINIÇÃO DO GRUPO
Como etapa p r e l i m i n a r , foi m a n t i d o ura p r i m e i r o conta-
to com os registros de batismo dos cinqüenta anos iniciais
desta pesquisa (1850-900), isto ê , foi r e a l i z a d o um levan-
tamento da freqüência de nomes de o r i g e m alemã e n c o n t r a d o s
nesses anos na Paróquia Nossa Senhora da Luz de C u r i t i b a .
Após a análise do referido l e v a n t a m e n t o , o p t o u - s e por
concretizar o e s t u d o , uma vez que os dados r e v e l a v a m possi-
bilidade de ensaiar uma r e c o n s t i t u i ç ã o do grupo a l e m ã o cató-
lico através dos registros p a r o q u i a i s . T r a n s f o r m a r o traba-
lho num ensaio tornou-se i n d i s p e n s á v e l , na m e d i d a em que a
tarefa foi limitada pelas c i r c u n s t â n c i a s em que se e n c o n t r a m
os dados nos registros da p a r ó q u i a em e s t u d o , b e m como pelas
dificuldades inerentes ao p r ó p r i o tema e s c o l h i d o .
.Assim, teve início um trabalho sistemático de arrola-
mento dos dados em dois tipos de fichas: para os registros
de casamentos foram utilizadas as fichas de f a m í l i a , que se-
rão completadas em estudos p o s t e r i o r e s ; para os registros
de batismos e óbitos a opção foi pelas fichas i n d i v i d u a i s ,
segundo modelo Fleury/Henry, 1 6 a d a p t a d o aos d a d o s contidos nos
registros p a r a n a e n s e s .
1 6 FLEURY & HENRY, p.44-53.
17
T r a t a n d o - s e , a p o p u l a ç ã o a ser r e c o n s t i t u í d a , d e um
g r u p o m i n o r i t á r i o n o s r e g i s t r o s da P a r ó q u i a d e N o s s a S e n h o r a
da L u z , f e z - s e n e c e s s á r i a a a d o ç ã o d e c r i t é r i o s a p r i o r i pa-
ra d i s t i n g u i - l a dos d e m a i s g r u p o s é t n i c o s .
A s s i m s e n d o , a p o p u l a ç ã o q u e s e r v i u de a n á l i s e foi
c a r a c t e r i z a d a p o r u m c r i t é r i o é t n i c o - l i n g ü í s t i c o - r e l i g i o s o ,
isto é , o g r u p o a l e m ã o c a t ó l i c o foi i d e n t i f i c a d o p e l o sobre-
n o m e , o q u e r e v e l a v a sua o r i g e m g e r m â n i c a , e p e l a n a t u r a l i -
d a d e , q u a n d o esta i n f o r m a ç ã o c o n s t a v a n o s r e g i s t r o s de ba-
t i s m o s , c a s a m e n t o s e ó b i t o s .
No e n t a n t o , p o r o c a s i ã o do a r r o l a m e n t o , c o m o a m a i o -
ria dos r e g i s t r o s n ã o c o n t i n h a a n a t u r a l i d a d e da p o p u l a ç ã o e
em v i r t u d e de o p a d r ã o de r e g i s t r o s d i f i c u l t a r âs v e z e s a
i d e n t i f i c a ç ã o , d e c i d i u - s e c o p i a r t o d o e q u a l q u e r n o m e q u e
s u s c i t a s s e d ú v i d a s de ser ou n ã o de o r i g e m g e r m â n i c a .
C o n c l u í d o o a r r o l a m e n t o , p a s s o u - s e ao r e c o n h e c i m e n t o
d o s s o b r e n o m e s das f a m í l i a s . Um d o s e l e m e n t o s a u x i l i a r e s
para a v e r i f i c a ç ã o da o r i g e m d o s s o b r e n o m e s foi o l i v r o de
Hans B A H L O W , Ve.utòcheA Mcumn£íxZkon (Familien - Und V o r n a m e n
nach U r s p r u n g und Sinn e r k l ä r t ) , 1 7 um t r a b a l h o e s p e c i a l i z a d o
em n o m e s a l e m ã e s em g e r a l .
N o e n t a n t o , m u i t o s n o m e s q u e p a r e c i a m ser a l e m ã e s n ã o
c o n s t a v a m do r e f e r i d o l i v r o , t a l v e z p e l a m o d i f i c a ç ã o s o f r i d a
nos r e g i s t r o s b r a s i l e i r o s . P a r a e s s e s u t i l i z o u - s e a c o l e ç ã o
do I n s t i t u t o H a n s S t a d e n : F a m í l i a B r a s i l e i r a s d e O r i g e m Ger-
1 7 BAIILOW, Hans. Deutsahes Namenlexikon. Familien - Und Vornamen
nach Ursprung und Sinn erklärt. Frankfurt, Suhrkamp, 1972. 588 p.
18
m â n i c a 1 8 e o l i v r o do p a s t o r W i l h e l m F U G M A N N , D i e D e u t s c h e n
in P a r a n á . 1 9
M e s m o a s s i m r e s t a r a m f i c h a s c u j a c l a s s i f i c a ç ã o era
d u v i d o s a , p o i s n a s m e s m a s os s o b r e n o m e s se e n c o n t r a v a m a l t e -
r a d o s . E m a l g u n s c a s o s foi p o s s í v e l i d e n t i f i c á - l o s c o m o de
o r i g e m a l e m ã p e l o s r e g i s t r o s p o s t e r i o r e s , já c o m a g r a f i a
c o r r e t a . C o m o e x e m p l o p o d e - s e c i t a r o s o b r e n o m e H a n c h q u e
foi e n c o n t r a d o c o m o A n g u e r , A n e l e .
F i n a l m e n t e , as f i c h a s r e s t a n t e s f o r a m s u b m e t i d a s ã
a p r e c i a ç ã o de e s t u d i o s o s * da i m i g r a ç ã o em n o s s o E s t a d o . I s s o ,
a fim de s e l e c i o n a r as p e r t e n c e n t e s à e t n i a a l e m ã , e l i m i n a n d o
as d e m a i s cuja o r i g e m n ã o t i n h a s i d o i d e n t i f i c a d a ou q u e , se
i d e n t i f i c a d a , c o n s t a t o u - s e não f a z e r p a r t e d o g r u p o em q u e s -
tão .
N a t u r a l m e n t e , um c r i t é r i o b a s t a n t e d i s c u t í v e l q u a n d o
n ã o se i d e n t i f i c a p e l a n a t u r a l i d a d e . N o e n t a n t o f o i o ú n i c o
m o d o e n c o n t r a d o p a r a a t i n g i r o o b j e t i v o p r o p o s t o , q u e ê o de
e n s a i a r a r e c o n s t i t u i ç ã o do g r u p o a l e m ã o c a t ó l i c o , a fim d e ,
p o s t e r i o r m e n t e , e n g l o b a r n u m a a n á l i s e m a i o r t o d o s os a l e m ã e s
de C u r i t i b a c o m o e t n i a , p o r é m d e s v i n c u l a d o s d o a s p e c t o reli-
g i o s o q u e ora os s e p a r a .
D e s s e m o d o , c o n s i d e r o u - s e como p e r t e n c e n t e ao g r u p o ,
n u m p r i m e i r o p l a n o , t o d o e q u a l q u e r i n d i v í d u o n a s c i d o na Eu-
*0s estudiosos consultados foram: P r o f e s s o r Sérgio O d i l o n Nada-
lin, pesquisador dos alemaes no P a r a n á , e P r o f e s s o r Ruy W a c h o w i c z , estu-
dioso do grupo polonês neste E s t a d o .
1 8 M O Y A , Salvador & F O U Q U E T , C a r l o s . Famílias brasileiras de
origem germânica: subsídios g e n e a l ó g i c o s . São P a u l o , Hans S t a d e n , 1965.
6 v.
1 9 F U G M A N N , W i l h e l m . Die deutschen in Faranã. C u r y t i b a , Olivei-
ro, 1929. p . 7 7 - 9 0 .
19
r o p a g e r m â n i c a ; e m s e g u i d a , t o d o e q u a l q u e r i n d i v í d u o q u e
t i v e s s e a s c e n d ê n c i a p a t e r n a e m a t e r n a d e o r i g e m a l e m ã ; e ,
p o r f i m , e l e m e n t o s q u e a p r e s e n t a s s e m p e l o m e n o s a a s c e n d ê n -
cia p a t e r n a ou m a t e r n a d e s s a o r i g e m .
É bera v e r d a d e q u e o e i x o c e n t r a l p a r a d e f i n i r o g r u p o
r e s i d e na p r i m e i r a e s e g u n d a c l a s s i f i c a ç ã o . A t e r c e i r a , p o r
sua v e z , e s t á c o l o c a d a n u m a p o s i ç ã o i n d e f i n i d a p e l o c a s a m e n t o
i n t e r é t n i c o , p o i s o p e s q u i s a d o r n ã o d i s p õ e d e e l e m e n t o s p a r a
s a b e r se o c ô n j u g e d e o r i g e m a l e m ã p e r m a n e c e u m a n t e n d o c o n -
t a t o c o m o seu g r u p o o u se p a s s o u a f a z e r p a r t e do g r u p o a
q u e p e r t e n c i a a p e s s o a c o m a q u a l c o n t r a i u m a t r i m ô n i o .
A p a r t i r d e s s a d o c u m e n t a ç ã o e x t r a í d a d o s r e g i s t r o s
p a r o q u i a i s t o r n a - s e d i f í c i l c l a s s i f i c a r o t e u t o - b r a s i l e i r o ,
p o i s o s o b r e n o m e ê a ú n i c a i n d i c a ç ã o p o s s í v e l de q u e p e r t e n -
ce ao g r u p o é t n i c o e m e s t u d o .
O u t r a s c a r a c t e r í s t i c a s c o n s i d e r a d a s c o m o i d e n t i f i c a -
d o r a s do t e u t o - b r a s i l e i r o , s e g u n d o p e s q u i s a r e a l i z a d a p e l a
p r o f e s s o r a G i r a l d a S E Y F E R T 2 0 — c o m o a c o n s e r v a ç ã o do e s p í -
r i t o a l e m ã o , i s t o ê , f a l a r a l e m ã o , p e n s a r e m a l e m ã o , v i v e r ã
m a n e i r a a l e m ã , c o n s e r v a r h á b i t o s e c o s t u m e s a l e m ã e s , e n e r g i a
e i d e a i s g e r m â n i c o s — , n ã o s ã o p a s s í v e i s d e v e r i f i c a ç ã o
n e s t e c a s o .
S e r i a n e c e s s á r i o a i n d a v e r i f i c a r c o m o o g r u p o se a u t o -
i d e n t i f i c a v a e t a m b é m c o m o os o u t r o s g r u p o s o v i a m . S e g u n d o
B A R T H , g r u p o é t n i c o é u m g r u p o d e m e m b r o s q u e se i d e n t i f i c a
e é i d e n t i f i c a d o p o r o u t r o s c o m o c o n s t i t u i n t e de u m a c a t e g o -
2 0 SEYFERT, p . 15 .
r i a d i s t i n g u í v e l d e o u t r a s c a t e g o r i a s d a m e s m a o r d e m .2 1 In-
f e l i z m e n t e e s t e t i p o d e t r a b a l h o n ã o p e r m i t e v e r c o m o o s a l
m ã e s se i d e n t i f i c a v a m e n e m c o m o o s o u t r o s o s v i a m .
P o r o u t r o l a d o , se a l í n g u a c o n s t i t u í a u m f a t o r i m -
p o r t a n t e na c o n s e r v a ç ã o d o " D e u t s c h t u m " , c o n f o r m e s a l i e n t a
S e y f e r t , é o u t r o d a d o q u e p r e c i s a s e r m e n c i o n a d o , e m s e t r a
t a n d o d e a l e m ã e s c a t ó l i c o s . 0 q u e se o b s e r v a , a p a r t i r d e
a l g u n s e s t u d o s s o b r e a l e m ã e s , é q u e p a r a o s a d e p t o s d a s
I g r e j a s E v a n g é l i c a s L u t e r a n a s a r e l i g i ã o n ã o só f o i o e l e -
m e n t o m a i s i m p o r t a n t e na c o n s e r v a ç ã o d a c u l t u r a , m a s t a m b é m
r e p r e s e n t o u , a t é c e r t o p o n t o , u m a b a r r e i r a n o p r o c e s s o d o s
c o n t a t o s c u l t u r a i s . N ã o a r e l i g i ã o e m s i , m a s a i d e o l o g i a
da i m p o s s i b i l i d a d e d e s e p a r a r a I g r e j a d a o r i g e m é t n i c a é
q u e r e p r e s e n t a v a u m o b s t á c u l o , p r i n c i p a l m e n t e p o r q u e a I g r e
ja E v a n g é l i c a , a t é q u a n d o f o i p o s s í v e l , m a n t e v e o s c u l t o s
s e m p r e e m l í n g u a l i t ú r g i c a . 2 2
P a r a o s a l e m ã e s c a t ó l i c o s , e m g e r a l , e s s a m a n u t e n ç ã o
d a l í n g u a a l e m ã n a s i g r e j a s n e m s e m p r e s e v e r i f i c o u , p o i s ,
s e n d o a I g r e j a r e p r e s e n t a n t e d o c l e r o u n i v e r s a l , n ã o m a n t i -
n h a e s s a f u n ç ã o d e p r e s e r v a ç ã o d o p a t r i m ô n i o e i n t e r e s s e é t -
n i c o - c u l t u r a l c o m o a r e l i g i ã o l u t e r a n a .
2 1 BARTH, Frederick. Ethnic groups and boundaries: the social organization of culture difference. Org. Boston, Little Brown, 1969. p.10-1. Citado por CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Identidade, etnia e estrutura social. Sao Paulo, Pioneira, 1976. p.2.
11 ~ . , BERGER, Manfredo. A funç.ao da igreja no processo de acultura
çao dos teuto-brasileiros. In: II Colóquios de teuto-brasileiros. Re-cife, Universitária, 1974. p.521.
21
E m C u r i t i b a , p a r t i c u l a r m e n t e em fins d o s é c u l o X I X e
i n í c i o d o s é c u l o X X , o b s e r v o u - s e uma t e n t a t i v a de f o r m a ç ã o
de a l g u m a s c o m u n i d a d e s r e l i g i o s a s q u e e n g l o b a s s e m os a l e m ã e s
c a t ó l i c o s .
A p r i m e i r a i n i c i a t i v a n e s s e s e n t i d o o c o r r e u em 1 8 9 5 ,
q u a n d o o b i s p o D . J o s é de C a m a r g o c o n v i d a o P . F r a n z A u l i g ,
de Santa C a t a r i n a , p a r a a q u i f u n d a r uma c o m u n i d a d e c a t ó l i c a
a l e m ã . 2 3
F o i c e d i d a â c o m u n i d a d e , i n i c i a l m e n t e , a c a p e l a d e
N o s s a S e n h o r a do R o s á r i o , a q u a l s e r v i u aos a l e m ã e s só a t é
1 8 9 7 . N e s s e s d o i s a n o s s o m e n t e um r e g i s t r o de b a t i s m o de
d e s c e n d e n t e de a l e m ã e s foi e n c o n t r a d o na r e f e r i d a c a p e l a . N o
e n t a n t o , de 1880 a 1 8 8 9 , p e r í o d o a n t e r i o r à f o r m a ç ã o da co-
m u n i d a d e , a r r o l a r a m - s e 108 r e g i s t r o s de b a t i s m o s nos l i v r o s
d e s s a c a p e l a de e l e m e n t o s da m e s m a o r i g e m . C o n c l u i - s e , en-
t ã o , q u e a r e f e r i d a c o m u n i d a d e já e x i s t i a a n t e s e era a t e n -
dida na r e f e r i d a c a p e l a , ou q u e e f e t i v a m e n t e n u n c a se f o r m o u
a l i uma c o m u n i d a d e c a t ó l i c a a l e m ã .
E m 1 8 9 7 , a "sede" da c o m u n i d a d e foi t r a n s f e r i d a p a r a
a Igreja da O r d e m T e r c e i r a , q u e p a s s a a ser o c e n t r o da v i d a
e s p i r i t u a l p a r a os i m i g r a n t e s a l e m ã e s . S e g u n d o D . P e d r o Fe-
d a l t o , essa i g r e j a s e r v i u aos a l e m ã e s a t é 1 9 3 7 , q u a n d o p o r
i n s t i g a ç ã o de a l g u n s n a c i o n a l i s t a s e x a l t a d o s d e i x o u de fazê-
lo. 2 4
2 3 OS ALEMÃES ..., p.77.
2 4 FEDALTO, Pedro. A arquidiocese de Curitiba na sua historia. Curitiba, s.e., 1958. p.180.
22
Ainda segundo o à l b u m do C e n t e n á r i o da I m i g r a ç ã o Ale-
m ã , a Capela da Ordem ficou sob o encargo da c o m u n a alemã
desde 1897, no que se refere a sua c o n s e r v a ç ã o , q u e sempre
foi feita com fundos a r r e c a d a d o s p e l o s a s s o c i a d o s . 2 5
Em decorrência dessas i n f o r m a ç õ e s , era 'de se e s p e r a r
que essa Capela c o n c e n t r a s s e g r a n d e número de b a t i z a d o s de
descendentes de a l e m ã e s . O q u e se o b s e r v a , c o n t u d o , ê jus-
tamente o c o n t r á r i o .
A única e x p l i c a ç ã o p l a u s í v e l para a a u s ê n c i a de re-
gistros é de que grande parte dos b a t i z a d o s e n c o n t r a d o s como
pertencentes ã C a t e d r a l sejam de r e g i s t r o s de b a t i s m o s efe-
tuados na Capela da O r d e m . S e n ã o , o q u e e x p l i c a r i a a comu-
nidade que afirmam ter e x i s t i d o ?
E , por fim, outra c o m u n i d a d e do grupo a l e m ã o se for-
mou na Capela do Bom J e s u s , s e g u n d o D . P e d r o F e d a l t o , a par-
tir de 1901 , 2 6 e essa a f i r m a t i v a r e a l m e n t e se c o m p r o v a . A l i se
encontram registros de b a t i s m o s de d e s c e n d e n t e s de a l e m ã e s
realizados desde 1902; esses r e g i s t r o s a u m e n t a m no d e c o r r e r
dos a n o s , chegando a suplantar em n ú m e r o os da C a t e d r a l nos
últimos anos da p e s q u i s a .
Essas são c o m u n i d a d e s t r a d i c i o n a l m e n t e v i n c u l a d a s aos
a l e m ã e s . No e n t a n t o , ao levantar o n ú m e r o de seus descenden-
tes registrados e m todas as c a p e l a s de a b r a n g ê n c i a da Cate-
d r a l , outras também e v i d e n c i a r a m uma p r e f e r ê n c i a do grupo
a l e m ã o , p r i n c i p a l m e n t e a p a r t i r do século X X . D e n t r e elas
d e s t a c a m - s e a do S e m i n á r i o e a Capela do S a g r a d o C o r a ç ã o de
2 5 OS ALEMÃES . . . , p. 78.
2 6 FEDALTO, p.153.
23
M a r i a . V e r i f i c a - s e , c o m i s s o , q u e no d e c o r r e r d o s é c u l o X I X
os a l e m ã e s p r o f e s s a v a m sua fé n a s c a p e l a s do c e n t r o da c i d a -
d e . A p a r t i r do s é c u l o X X , c o m a e x p a n s ã o da c i d a d e , p a s s a -
ram a u t i l i z a r - s e de c a p e l a s p e r i f é r i c a s .
A o t o d o são 4 9 as c a p e l a s q u e continhaitf r e g i s t r o s de
d e s c e n d e n t e s de a l e m ã e s , p e r f a z e n d o 38% d o s r e g i s t r o s d e
a l e m ã e s e x i s t e n t e s na C a t e d r a l ; d e s s e s , 20% são da C a p e l a
do B o m J e s u s , a q u e p o s s u í a a m a i o r c o n c e n t r a ç ã o d e s s e s re-
g i s t r o s . O r e s t a n t e e s t á d i s t r i b u í d o e s p a r s a m e n t e n a s d e m a i s .
N ã o o b s t a n t e a p r e o c u p a ç ã o da I g r e j a c a t ó l i c a e m a t e n -
d e r o g r u p o de fiéis a l e m ã e s de f o r m a d i s t i n t a , c o m o a rea-
l i z a ç ã o de p r é d i c a s e m l í n g u a a l e m ã nas I g r e j a s da O r d e m e
B o m J e s u s , e s s e g r u p o n ã o f o r m o u c o m u n i d a d e s i m i l a r ã d o s
a l e m ã e s l u t e r a n o s . M e s m o a s s i m , a I g r e j a C a t ó l i c a d e s e m p e -
n h o u u m p a p e l i m p o r t a n t e na m a n u t e n ç ã o do " D e u t s c h t u m " , uma
v e z q u e ela os m a n t i n h a l i g a d o s p e l a l í n g u a m a t e r n a .
N o e n t a n t o , e s s e p a p e l f o i r e s t r i t o a o g r u p o q u e p e r -
tencia a uma das i g r e j a s r e f e r i d a s . E c o m o g r a n d e p a r t e da
p o p u l a ç ã o e s t u d a d a se c o n c e n t r a na C a t e d r a l , d e d u z - s e q u e a
m a i o r i a do g r u p o não b u s c a v a na I g r e j a e s s e p a p e l i n t e g r a d o r ,
p o i s a C a t e d r a l , com c e r t e z a , n ã o se p r e o c u p a v a c o m e l e s d e
m a n e i r a d i f e r e n c i a d a .
Isso n ã o q u e r d i z e r q u e e l e s n ã o t i n h a m i n t e r e s s e em
i d e n t i f i c a r - s e e t n i c a m e n t e , o q u e p o d e r i a ser f e i t o a g r u p a n -
d o - s e em s o c i e d a d e s t e u t o - b r a s i l e i r a s o u f r e q ü e n t a n d o esco-
las a l e m ã e s , e n t i d a d e s q u e d e s e m p e n h a r a m p a p e l m u i t o i m p o r -
t a n t e na c o n s e r v a ç ã o do g e r m a n i s m o .
Se a i d e n t i d a d e é t n i c a ê u m v a l o r e n q u a n t o c a t e g o r i a
24
i d e o l o g i c a m e n t e v a l o r i z a d a , c o m o a f i r m a C A R D O S O DE O L I V E I -
R A , 2 7 e se ela é p a s s í v e l d e u m a c e r t a e s c o l h a ou o p ç ã o em
s i t u a ç õ e s d e t e r m i n a d a s , a m a i o r i a dos a l e m ã e s c a t ó l i c o s fi-
zeram sua e s c o l h a o p t a n d o p e l a n ã o i d e n t i f i c a ç ã o é t n i c o - r e -
l i g i o s a .
2 7 CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Identidade, etnia e. estrutura social. Sao Paulo, Pioneira, 1976. p.27.
2 F O N T E S
P a r a e s t e e s t u d o u t i l i z a r a m - s e , c o m o f o n t e f u n d a m e n -
t a l , os r e g i s t r o s de b a t i s m o s , c a s a m e n t o s e õ b i t o s c o n s t a n -
tes do a r q u i v o da Sé M e t r o p o l i t a n a e P a r ó q u i a N o s s a S e n h o r a
da Luz de C u r i t i b a .
0 a c e r v o do a r q u i v o c i t a d o e n c o n t r a - s e n u m a d a s s a l a s
do p r e s b i t é r i o . As p e s q u i s a s n o l o c a l n e c e s s i t a m a p e n a s de
a u t o r i z a ç ã o p r é v i a de seu s e c r e t a r i o , v i s t o o m e s m o n ã o dis-
p o r de p e s s o a l t é c n i c o e s p e c i a l i z a d o . O h o r á r i o p a r a con-
sulta é o m e s m o do e x p e d i e n t e p a r o q u i a l , f u n c i o n a n d o , d u r a n -
t e todo o p e r í o d o da p e s q u i s a , na p a r t e da t a r d e .
0 a r q u i v o p o s s u i m a t e r i a l d a t a d o de 1683 . 2 8 N o en-
t a n t o , p a r a e s t a p e s q u i s a e p a r a o p e r í o d o f i x a d o (1850-919)
foram c o n s u l t a d o s 44 l i v r o s d e b a t i z a d o s , 17 de c a s a m e n t o s e
11 de õ b i t o s .
Os l i v r o s p e r t e n c e n t e s ao p e r í o d o m e n c i o n a d o e n c o n -
t r a m - s e t o d o s e n c a d e r n a d o s . N ã o são u n i f o r m e s q u a n t o ao ta-
m a n h o , r e u n i n d o , âs v e z e s , v á r i o s a n o s n u m m e s m o v o l u m e . A l -
guns l i v r o s a p r e s e n t a m c o n d i ç õ e s p r e c á r i a s d e c o n s e r v a ç ã o e ,
p e l o q u e foi p o s s í v e l o b s e r v a r , n ã o e x i s t e no A r q u i v o u m
s e r v i ç o de r e s t a u r a ç ã o .
28BALIIANA, A evolução ..., p.9.
26
Cora referência ã c o n t i n u i d a d e dos r e g i s t r o s no d e c o r -
rer dos a n o s , p o d e - s e afirmar que ela e x i s t e para as séries
de assentos de b a t i s m o s e casamentos,, o q u e não o c o r r e com a
série de registros de ó b i t o s . Estes a p r e s e n t a m uma lacuna
de cinco a n o s , c o r r e s p o n d e n t e s ao p e r í o d o de 1892 a 1 8 9 6 .
Tentou-se um contato com e l e m e n t o s r e s p o n s á v e i s pela documen-
tação na Cúria M e t r o p o l i t a n a a fim de o b t e r a l g u m e s c l a r e c i -
mento para a referida l a c u n a , p o r é m nada foi e s c l a r e c i d o .
Os a s s e n t a m e n t o s e n c o n t r a m - s e s e p a r a d o s em séries or-
denadas c r o n o l o g i c a m e n t e por m ê s e a n o . E n t r e t a n t o , como a
Igreja Nossa Senhora da Luz f o i , até bem p o u c o t e m p o , o cen-
tro da vida religiosa em C u r i t i b a , ela e n g l o b o u em seus li-
vros os registros de todas as c a p e l a s p e r t e n c e n t e s â Capi-
t a l . A s s i m s e n d o , essa ordem c r o n o l ó g i c a n e m sempre era ob-
servada, p r i n c i p a l m e n t e nos r e g i s t r e s de b a t i s m o s , pois em
certas épocas eram em p r i m e i r o lugar o r d e n a d o s c r o n o l o g i c a -
m e n t e os assentos da C a t e d r a l e depois os de cada capela em
s e p a r a d o . O c o r r e r a m , i n c l u s i v e , casos de r e g i s t r o s q u e só
foram catalogados no ano s e g u i n t e , d e v i d o ao a t r a s o da capela
em enviá-los â C a t e d r a l .
Convêm relevar q u e , para o p r e s e n t e t r a b a l h o , limi-
tou-se o campo de estudo aos n o m e s de o r i g e m g e r m â n i c a , in-
c l u i n d o , por outro l a d o , todas as c a p e l a s c o n t i d a s nos li-
vros da M a t r i z .
Das capelas que e n v i a v a m seus r e g i s t r o s para a Igreja
Nossa Senhora da L u z , em 4 9 delas e n c o n t r a r a m - s e a s s e n t a m e n -
tos de d e s c e n d e n t e s de a l e m ã e s . D e s s a s , seis c a p e l a s se
destacam: a Capela de Bom J e s u s é a p r i m e i r a em n ú m e r o de
batismos de origem a l e m ã ; em s e g u i d a , em m e n o r e s p r o p o r ç õ e s ,
27
a Capela do S a n t u á r i o do Sagrado C o r a ç ã o de M a r i a , C a p e l a do
R o s á r i o , Capela do C a j u r u e C a p e l a da O r d e m .
De uma m a n e i r a g e r a l , os r e g i s t r o s e n c o n t r a m - s e em
condições satisfatórias q u a n t o ao c o n t e ú d o e l e g i b i l i d a d e .
Sua qualidade d e p e n d i a , em g r a n d e p a r t e , da p e s s o a e n c a r r e -
gada de a n o t á - l o s .
2.1 C O N T E Ú D O DOS REGISTROS DE B A T I S M O S
Os registros de b a t i s m o s , de um m o d o g e r a l , f o r n e c e m
informações sobre: data e local de b a t i s m o , n o m e e idade do
batizando ou data do n a s c i m e n t o (às v e z e s somente o ano do
n a s c i m e n t o ) , a condição do m e s m o q u a n t o ã f i l i a ç ã o (legítimo
ou n a t u r a l ) , capela ou p a r ó q u i a em que foi b a t i z a d o e, quan-
do não nascido em C u r i t i b a , local de n a s c i m e n t o (este dado
constou por alguns a n o s ) .
A p a r e c e ainda o nome e s o b r e n o m e dos p a i s (âs v e z e s o
sobrenome de solteira da mãe) e dos p a d r i n h o s (com raras ano-
tações sobre o grau de p a r e n t e s c o ) , como t a m b é m se o batizan-
do é filho de pais p r o t e s t a n t e s .
A n a c i o n a l i d a d e ou n a t u r a l i d a d e dos pais e dos p a d r i -
nhos constam com certa f r e q ü ê n c i a , p r i n c i p a l m e n t e nas três
p r i m e i r a s décadas do p e r í o d o em e s t u d o . N a s d é c a d a s poste-
riores esta i n f o r m a ç ã o aparece o c a s i o n a l m e n t e .
N ã o se e n c o n t r a m dados sobre os avós dos b a t i z a n d o s ,
assim como sobre as p r o f i s s õ e s do grupo em q u e s t ã o . Este úl-
timo dado seria de suma i m p o r t â n c i a para u m estudo sõcio-pro-
fissional, a fim de d e t e c t a r no interior dos c o m p o r t a m e n t o s
28
demográficos as relações de c l a s s e .
Nem todos os itens c o n s t a n t e s nas fichas de b a t i s m o
puderam ser p r e e n c h i d o s devido â falta de a l g u m a s informa-
ç õ e s . Por outro l a d o , o c u p a r a m - s e esses e s p a ç o s para colo-
car informações não p r e v i s t a s na ficha, como a capela em que
foi batizada a c r i a n ç a , ou m e s m o a n o t a ç õ e s sobre o p o s t e r i o r
casamento do b a t i z a n d o ( a ) , o q u e era e s p e c i f i c a d o ao lado do
registro de b a t i s m o . Essas i n f o r m a ç õ e s s u p l e m e n t a r e s são da
maior importância para futuros e s t u d o s do g r u p o , uma vez que
os casamentos assim r e g i s t r a d o s e r a m , em sua m a i o r i a , de ma-
trimônios r e a l i z a d o s fora da C a p i t a l .
Foi utilizada também a p a r t e lateral da ficha para
informações sobre a religião do b a t i z a n d o e/ou dos p a i s , com
observações de que era um b a t i z a d o c o n d i c i o n a l â m e d i d a em
que os pais ou os b a t i z a n d o s p r o f e s s a v a m outra r e l i g i ã o que
não a c a t ó l i c a . N e s s e s e n t i d o , c o n s t a v a t a m b é m o j u r a m e n t o
do convertido e/ou do r e s p o n s á v e l c o m p r o m e t e n d o - s e a seguir
a religião c a t ó l i c a .
A n o t o u - s e nas fichas de b a t i s m o , em e s p a ç o p r ó p r i o , o
número do livro e a página em que se e n c o n t r a v a o a s s e n t o ,
de modo a facilitar a r e c o n s u l t a . P o s t e r i o r m e n t e essas fi-
chas foram separadas por a n o , s e g u i n d o uma o r d e m c r o n o l ó g i c a
rigorosa e , dentro dessa c l a s s i f i c a ç ã o a n u a l , foram n u m e r a d a s
2.2 CONTEÚDO DOS REGISTROS DE C A S A M E N T O S
As informações básicas c o n t i d a s nos r e g i s t r o s de ca-
samentos p e r m a n e c e m p r a t i c a m e n t e as m e s m a s d u r a n t e todo o
período e s t u d a d o . As v a r i a ç õ e s mais i m p o r t a n t e s o c o r r e m com
29
relação â idade ou data de n a s c i m e n t o dos n o i v o s ; e s t a s ,
nos p r i m e i r o s trinta a n o s , são o m i t i d a s . 0 local de nasci-
mento dos n o i v o s , ao c o n t r á r i o da i d a d e , passa a ser o m i t i d o
nos últimos v i n t e anos da p e s q u i s a .
Esses r e g i s t r o s f o r n e c e m f r e q ü e n t e m e n t e i n f o r m a ç õ e s
sobre: o nome dos c o n t r a e n t e s , dos pais (com i n d i c a ç ã o oca-
sional do nome de solteira da m ã e ) , n o m e das t e s t e m u n h a s ,
data e local da c e r i m ô n i a , i n d i c a ç ã o da p a r ó q u i a a q u e per-
tenciam, freqüência de "recasamentos" j u n t a m e n t e c o m o n o m e
do cônjuge a n t e r i o r , laços de c o n s a n g ü i n i d a d e dos n u b e n t e s e,
m e s m o , quando o c a s a m e n t o era i n t e r - r e l i g i o s o . N e s t e c a s o ,
o convertido(a) tinha que a b j u r a r o p r o t e s t a n t i s m o , p r o m e t e n -
do seguir dali para. a frente o c a t o l i c i s m o , i n i c i a n d o inclu-
sive seus filhos n e s t e caminho; ou então o c ô n j u g e c a t ó l i c o
jurava que faria o c o n v e r t i d o seguir as n o r m a s da r e l i g i ã o
c a t ó l i c a .
2.3 C O N T E Ú D O DOS REGISTROS DE S E P U L T A M E N T O S
Por sua v e z , os a s s e n t a m e n t o s de óbitos são os que
contêm informações mais c o n c i s a s . C o n s t i t u e m a série m a i s
i n c o m p l e t a , se comparada ã de b a t i s m o s ou de c a s a m e n t o s .
Informam apenas a data do r e g i s t r o de s e p u l t a m e n t o ,
nome (nem sempre o s o b r e n o m e ) , i d a d e , f i l i a ç ã o (quando sol-
teiro) , estado c i v i l , nome do c ô n j u g e e local de s e p u l t a m e n t o .
A l é m do grande número de s u b - r e g i s t r o s , o q u e se de-
duz talvez pela d e s p r o p o r ç ã o e n t r e o n ú m e r o de b a t i z a d o s e
o de s e p u l t a m e n t o s , há uma lacuna nos r e g i s t r o s de sepulta-
30
mentos de um período de cinco a n o s , ou s e j a , e n t r e 1892 e
1896.
Por outro l a d o , nesses 70 anos em e s t u d o há uniformi-
dade no conteúdo dos d a d o s , isto ë , a não ser p e l a s informa-
ções esparsas sobre a causa m o r t i s , o restante* das informa-
ções p e r m a n e c e m as m e s m a s no d e c o r r e r do p e r í o d o .
3 C R Í T I C A D O S D A D O S
P a r a as d u a s s é r i e s d e r e g i s t r o s — b a t i s m o s e c a s a -
m e n t o s — não se p o d e f a l a r e m h o m o g e n e i d a d e d o s d a d o s , p o i s
os r e s p o n s á v e i s p e l o s r e g i s t r o s o m i t i a m o u a c r e s c e n t a v a m da-
d o s , v a r i a n d o de a c o r d o com a é p o c a .
M e s m o a s s i m , os r e g i s t r o s p a r o q u i a i s c o n s t i t u e m - s e
numa fonte da m a i o r i m p o r t â n c i a p a r a e s t u d o s d e m o g r á f i c o s
das p o p u l a ç õ e s r e t r o s p e c t i v a s . N o B r a s i l , a t é 1 9 1 6 , e l e s
p o s s u í a m v a l i d a d e l e g a l , isto ê , s u b s t i t u í a m os r e g i s t r o s
c i v i s ; c o n s e q ü e n t e m e n t e , e s p e r a - s e d e l e s m u i t a c r e d i b i l i d a -
d e . A i n d a a s s i m , o A r q u i v o da P a r ó q u i a N o s s a S e n h o r a da L u z
e x i g e m u i t o c u i d a d o n e s s e s e n t i d o p o r p a r t e do p e s q u i s a d o r ,
p o i s a l g u m a s f a l h a s f o r a m e v i d e n c i a d a s na r e d a ç ã o das a t a s
no d e c o r r e r do p e r í o d o , s e n d o as m a i s f r e q ü e n t e s as q u e se
r e f e r e m â o r t o g r a f i a de n o m e s e s o b r e n o m e s .
E s s e fato t e m r e l e v â n c i a p a r a e s t e e s t u d o , p r i n c i p a l -
m e n t e p o r q u e os n o m e s de f a m í l i a s a r r o l a d o s f o r a m os de o r i -
gem a l e m ã , d i f i c u l t a n d o a s s i m na d i s t i n ç ã o d o s s o b r e n o m e s .
A l é m do p r o b l e m a c o m a o r t o g r a f i a d o s s o b r e n o m e s , os
n o m e s e r a m na g r a n d e m a i o r i a r e g i s t r a d o s p e l o s s a c e r d o t e s
e m v e r n á c u l o , isto é , o n o m e d a s p e s s o a s r e g i s t r a d a s em q u a l -
q u e r uma das três s é r i e s a p a r e c i a q u a s e em sua t o t a l i d a d e no
c o r r e s p o n d e n t e em p o r t u g u ê s , c o m o , p o r e x e m p l o , W i l h e l m -
G u i l h e r m e . Essa l a t i n i z a ç ã o d o s n o m e s era u m a e x i g ê n c i a do
32
v i g á r i o g e r a l f o r e n s e , p o r t a - v o z do B i s p o de São P a u l o em
C u r i t i b a . 2 9 P o s t e r i o r m e n t e a d i o c e s e da C a p i t a l s e g u i u a
m e s m a o r i e n t a ç ã o . N e s s e c a s o , a s e l e ç ã o l e v a n d o em c o n t a
t a m b é m o n o m e do r e g i s t r a d o só foi p o s s í v e l q u a n d o e s s e s n o -
m e s e r a m t i d o s c o m o c o m u n s ã e t n i a .
P o r o c a s i ã o da q u a n t i f i c a ç ã o d o s d a d o s , u m a s é r i e de
e r r o s n a s i n f o r m a ç õ e s d o s r e g i s t r o s f o r a m e n c o n t r a d o s , d o s
q u a i s foi p o s s í v e l r e t i f i c a r u m a p a r c e l a na c o n f r o n t a ç ã o d a s
fichas de b a t i s m o e de c a s a m e n t o . F i c a a q u i , p o r t a n t o , o
a l e r t a p a r a os q u e a i n d a r e s t a r a m e q u e d e p e n d e r ã o de estu-
dos p o s t e r i o r e s p a r a s e r e m c o r r i g i d o s .
3.1 R E G I S T R O S DE B A T I S M O S
Os r e g i s t r o s de b a t i s m o s f o r n e c e m a m a i o r p a r t e das
i n f o r m a ç õ e s u t i l i z a d a s p a r a e s t e e s t u d o , p o i s se c o n s t i t u e m
na série m a i s c o m p l e t a . A i n d a a s s i m , e l e s t a m b é m a p r e s e n t a m
a l g u m a s o m i s s õ e s .
P a r a i d e n t i f i c a r , a t r a v é s d o s r e g i s t r o s de b a t i s m o s ,
os e l e m e n t o s q u e f a r i a m p a r t e do g r u p o a l e m ã o p r o c e d e u - s e da
s e g u i n t e forma:
© f o r a m c o m p u t a d o s t o d o s os r e g i s t r o s c u j o s b a t i z a n -
dos t i v e s s e m a s c e n d ê n c i a p a t e r n a e m a t e r n a d e o r i g e m a l e m ã ;
® foi feito o m e s m o q u a n d o os b a t i z a n d o s a c u s a s s e m
ter p e l o m e n o s a a s c e n d ê n c i a m a t e r n a o u a p a t e r n a de o r i g e m
a l e m ã .
2 9 WACHOWI.CZ, Ruy Christovam. Abranches: um estudo de História
Demográfica. Curitiba, Vicentina, 1976. p.27.
33
Para este ú l t i m o c r i t é r i o d e p a r o u - s e com um o b s t á c u l o :
a falta, em muitos c a s o s , do s o b r e n o m e de família da m ã e .
Essa omissão não p e r m i t i u i d e n t i f i c a r a l g u m a s m u l h e r e s de
origem alemã que tenham casado c o m i n d i v í d u o s de o u t r a e t n i a .
Por outro l a d o , quando o m a r i d o era de o r i g e m -alemã e sua
m u l h e r não levasse o nome de f a m í l i a , ela foi c o n s i d e r a d a
como pertencente ao g r u p o , m e s m o p o d e n d o não s e r .
Foi adotado tal p r o c e d i m e n t o p o r q u e se a c r e d i t a numa
compensação estatística de erros e a c e r t o s . Isso significa
que p o d e m ter sido e l i m i n a d a s m u i t a s m u l h e r e s de o r i g e m ale-
mã casadas com homens de outra e t n i a , p o r não c o n s t a r o seu
sobrenome de s o l t e i r a , como t a m b é m p o d e m ter sido i n c l u í d a s
o u t r a s , m e s m o não sendo de o r i g e m a l e m ã , apenas p e l o fato de
serem casadas com homens dessa e t n i a .
A l é m da falta de o r i g e m dos pais dos b a t i z a n d o s , os
registros de batismos a p r e s e n t a r a m l a c u n a s , em alguns casos
no mês de n a s c i m e n t o , ou m e s m o i n f o r m a ç õ e s e r r ô n e a s q u a n t o ã
idade da c r i a n ç a . Ou s e j a , h á d i v e r g ê n c i a s e n t r e a idade do
batizando c o n s t a n t e no d o c u m e n t o em c o n f r o n t o com seu ano de
n a s c i m e n t o .
A n ã o - i n f o r m a ç ã o do m ê s de n a s c i m e n t o i n f l u e n c i o u no
levantamento do m o v i m e n t o m e n s a l das c o n c e p ç õ e s , que não pô-
de ser feito em sua t o t a l i d a d e , embora essa lacuna tenha re-
presentado apenas 2,1% do t o t a l de c r i a n ç a s b a t i z a d a s .
Outro problema e n f r e n t a d o foi com r e l a ç ã o aos b a t i s -
mos duplos que âs vezes a p a r e c i a m em d a t a s bem d i s t a n t e s u m
do o u t r o . Em alguns casos c o n s t a t o u - s e q u e os b a t i s m o s ti-
nham sido feitos em duas c a p e l a s , em épocas d i f e r e n t e s . Nes-
ses casos d e c i d i u - s e c o n s i d e r a r o p r i m e i r o r e g i s t r o , comple-
34
tando alguns dados com base no s e g u n d o , q u a n d o n e c e s s á r i o .
Para computar o número de n a s c i m e n t o s c o n f o r m e o s e x o ,
este foi identificado p e l o nome e pela a n o t a ç ã o do s a c e r d o t e .
Em raros c a s o s , q u a n d o o c o n f r o n t o entre o n o m e do b a t i z a n d o
e a anotação do sacerdote suscitou d ú v i d a s , o c r i t é r i o que
prevaleceu foi o do nome da c r i a n ç a . Como e x e m p l o , p o d e - s e
citar o caso em que o b a t i z a n d o c o n s t a v a no r e g i s t r o como
"Edgar" e do sexo feminino: no ato da t a b u l a ç ã o , conside-
rou-se como sexo m a s c u l i n o .
Da m e s m a f o r m a , i d e n t i f i c o u - s e a freqüência de filhos
i l e g í t i m o s , pela a n o t a ç ã o do s a c e r d o t e de ser a criança fi-
lho legítimo ou n ã o . N o s casos em que não era m e n c i o n a d o o
nome do pai e não constava nenhuma r e f e r ê n c i a â l e g i t i m i d a d e
ou n ã o , os b a t i z a n d o s foram c o m p u t a d o s como filhos ilegíti-
m o s . A p r o p o r ç ã o de filhos i l e g í t i m o s , e n t r e t a n t o , ê m í n i m a ,
acusando apenas 0,045% do total de n a s c i m e n t o s l e v a n t a d o s .
3.2 REGISTROS DE C A S A M E N T O S
Nos registros de c a s a m e n t o s , até p o r v o l t a de 1900
constou q u a s e que i n i n t e r r u p t a m e n t e a o r i g e m dos n o i v o s . A
partir dessa d a t a , por não constar a i n f o r m a ç ã o e pela m á
qualidade das a n o t a ç õ e s , torna-se m a i s d i f í c i l e s t a b e l e c ê - l a .
Os c r i t é r i o s p a r a c l a s s i f i c a r os a l e m ã e s e/ou descen-
dentes a p a r t i r dos r e g i s t r o s de c a s a m e n t o s foram os seguin-
tes :
o noivo ou n o i v a , ou a m b o s , o r i g i n á r i o s da E u r o p a
germânica;
35
° no i v o s c o m a s c e n d ê n c i a p a t e r n a e m a t e r n a d e o r i g e m
a l e m ã ;
© p e l o m e n o s um dos c ô n j u g e s c o m a s c e n d ê n c i a p a t e r n a
e m a t e r n a a l e m ã .
P a r a o r e c o n h e c i m e n t o o n o m á s t i c o d o s r e g i s t r o s de ca-
s a m e n t o s as d i f i c u l d a d e s f o r a m b e m m e n o s a c e n t u a d a s q u e n o s
r e g i s t r o s de b a t i s m o s e de ó b i t o s , p o i s , c o n f o r m e foi indi-
c a d o a c i m a , a t é fins do s é c u l o X I X c o n s t a v a a o r i g e m d o s
n o i v o s .
A i n d a a s s i m , o m a i o r p r o b l e m a foi d i s t i n g u i r os n o m e s
de o r i g e m p o l o n e s a d o s de o r i g e m a l e m ã , p r i n c i p a l m e n t e q u a n -
do a q u e l e s t i n h a m c o m o p r o c e d ê n c i a a Á u s t r i a o u a P r ú s s i a .
E s s a d i f i c u l d a d e e x i s t i u d e v i d o â d u p l a n a c i o n a l i d a d e de no-
m e s , q u e t a n t o p o d i a m ser a l e m ã e s c o m o p o l o n e s e s (por e x e m -
p l o , O t t o , K l o s s , D i b n e r , F e r s t , L a u f e r ) , e que, ãs v e z e s
g r a f a d o s e r r a d a m e n t e , a j u d a v a m a c o n f u n d i r ; ou p o r q u e , m e s -
m o t e n d o o s o b r e n o m e a l e m ã o , já h a v i a m a b s o r v i d o a e t n i a p o -
l o n e s a . F o i feito um e s t u d o r i g o r o s o p a r a d e c i d i r o n d e en-
q u a d r á - l o s , e p a r a s a n a r a l g u m a d ú v i d a m a n t e v e - s e c o n t a t o
com a l g u m a s f a m í l i a s a fim de i d e n t i f i c á - l o s m e l h o r .
A l é m dos p o l o n e s e s , a l g u n s r e g i s t r o s em q u e c o n s t a v a
a o r i g e m a u s t r í a c a e r a m de n o m e s i t a l i a n o s ; e s t e s , p o r é m ,
f o r a m m a i s f a c i l m e n t e d i s t i n g u i d o s . Isso se e x p l i c a , s e g u n -
do W I L L E M S , p e l o fato de q u e a m a i o r p a r t e d o s a u s t r í a c o s
e n t r a d o s no B r a s i l a n t e s de 1914 p a r e c e ter s i d o , e t n i c a m e n -
te f a l a n d o , de p o l o n e s e s e i t a l i a n o s . 3 0
30 WILLEMS, Aculturação ..., p.65.
36
A a f i r m a t i v a a c i m a é c o m p r o v a d a n o s r e g i s t r o s p a r o -
q u i a i s da I g r e j a N o s s a S e n h o r a da L u z . I s s o v a l e p r i n c i p a l -
m e n t e em se t r a t a n d o dos p o l o n e s e s , d o s q u a i s se e n c o n t r a r a m
m u i t o s c a s o s em q u e c o n s t a v a a n a c i o n a l i d a d e c o m o s e n d o a u s -
t r í a c a ou p r u s s i a n a .
V e r i f i c a d o esse a s p e c t o , f o r a m e l i m i n a d a s as f i c h a s
c u j o s r e g i s t r o s c o m p r o v a s s e m s e r e m os n o m e s p o l o n e s e s ou
i t a l i a n o s .
P o r o u t r o l a d o , a l g u n s c a s o s de e l e m e n t o s d e o r i g e m
r u s s a , p o l o n e s a , suíça e d i n a m a r q u e s a e n c o n t r a d o s nos r e g i s -
t r o s , t e n d o c o m p r o v a d a a o r i g e m d o s n o m e s c o m o a l e m ã , c o m o
tal f o r a m c o n s i d e r a d o s , p o i s , d e a c o r d o c o m W I L L E M S , e l e m e n -
tos d e s s a s e t n i a s v i n d o s ao B r a s i l e r a m em g r a n d e p a r t e teu-
t o s . 3 1
3.3 R E G I S T R O S DE S E P U L T A M E N T O S
P a r a a série de r e g i s t r o s d e ó b i t o s , a p e s a r d o r e d u -
zido n ú m e r o , t e n t o u - s e m a n i p u l a r e s s e s d a d o s , p o r p e r f a z e r e m
os a s s e n t a m e n t o s o n ú m e r o e x i g i d o p a r a a n á l i s e s do m o v i m e n t o
s a z o n a l .
0 d e f u n t o f o i c l a s s i f i c a d o c o m o de o r i g e m a l e m ã q u a n d o :
® se c r i a n ç a , fosse f i l h o de p a i ou m ã e de o r i g e m a l e m ã :
• se a d u l t o , q u a n d o m u l h e r , l e v a s s e o s o b r e n o m e de
s o l t e i r a ou d e c a s a d a de o r i g e m a l e m ã ; e x c l u í r a m - s e , p o r é m ,
30 WILLEMS, Aculturação ..., p.65.
37
as m u l h e r e s cujo s o b r e n o m e a c u s a s s e outra o r i g e m q u e não a
a l e m ã , m e s m o que o nome e s o b r e n o m e do m a r i d o r e v e l a s s e a
origem a l e m ã ;
® se adulto do sexo m a s c u l i n o , levasse o s o b r e n o m e de
origem a l e m ã .
Os dados e n c o n t r a d o s nos r e g i s t r o s de s e p u l t a m e n t o s
são poucos e além d i s s o não h o u v e m a n e i r a de v e r i f i c a r se a
data do sepultamento c o r r e s p o n d i a â do ó b i t o .
E n f i m , esta a p r e c i a ç ã o dos dados tem p o r o b j e t i v o de-
m o n s t r a r os passos seguidos p a r a a r e a l i z a ç ã o d e s t e t r a b a l h o ,
bem corno esclarecer e c o m p l e m e n t a r a a n á l i s e crítica dos re-
sultados o b t i d o s , expostos a s e g u i r .
GRAFICO N2 |
DISTRIBUIÇÃO ANUAL DE CASAMENTOS, SEPULTURAS, BATISMOS E NASCIMENTOS* 1850 -1919 n^bso lutos
1 MOVIMENTO GERAL DA POPULAÇAO
O estudo do m o v i m e n t o geral da p o p u l a ç ã o imigrante
católica alemã revela alguns p o n t o s que m e r e c e m d e s t a q u e ,
conforme o Gráfico 1.
Inicialmente, é necessário e s c l a r e c e r que não se pôde
estudar o crescimento da p o p u l a ç ã o a p a r t i r dos dados extraí-
dos dos registros de c a s a m e n t o s , n a s c i m e n t o s e ó b i t o s . Isso
porque para a população em estudo não existe n e n h u m tipo de
r e c e n s e a m e n t o , lista nominativa ou "status animarum" que in-
forme sobre o total da p o p u l a ç ã o por d e c ê n i o . N ã o dispondo
desse total, é impossível saber se o que ocorre ê um cresci-
mento vegetativo da população ou um aumento d e c o r r e n t e tam-
bém de fluxos i m i g r a t ó r i o s .
Por outro lado, esse m o v i m e n t o p e r m i t e e s t a b e l e c e r
relações entre as três s é r i e s , o b s e r v a n d o se há uma corres-
pondência entre e l a s .
O Gráfico 1 mostra que há uma semelhança das curvas
de nascimentos e batismos durante todo o p e r í o d o . Essa se-
melhança só não é maior porque os alemães c a t ó l i c o s não ti-
nham o costume de batizar seus filhos logo que n a s c i a m . Esse
fato vai justificar também a finalização dos registros de
nascimento em 1917 e não em 1919, como os registros de ba-
tismos. A s s i m , grande número de n a s c i m e n t o s o c o r r i d o s nos
últimos dois anos pesquisados só vão aparecer nos registros
41
u m ou d o s a n o s m a i s t a r d e , u l t r a p a s s a n d o o a n o d e l i m i t a d o
p a r a o t é r m i n o do e s t u d o .
Com r e l a ç ã o âs c u r v a s d e n a s c i m e n t o s e c a s a m e n t o s , h á
d o i s m o m e n t o s a d e s t a c a r : o p r i m e i r o , u m a f a s t a m e n t o m a i o r
e n t r e as d u a s , q u e tem i n í c i o p o r v o l t a d e 18 9 0, p r o s s e g u i n -
do até 1 9 0 0 , q u a n d o se o b s e r v a l i g e i r a a p r o x i m a ç ã o , p a r a em
s e g u i d a o c o r r e r n o v o d i s t a n c i a m e n t o , q u e se a c e n t u a a p a r t i r
do f i n a l da p r i m e i r a d é c a d a do s é c u l o X X . F a z - s e n e c e s s á r i o
o b s e r v a r q u e e s s e s a f a s t a m e n t o s se d e v e m m a i s âs e l e v a ç õ e s
o c o r r i d a s na c u r v a d e n a s c i m e n t o s q u e na de c a s a m e n t o s , o n d e
n ã o se r e g i s t r a m a u m e n t o s s i g n i f i c a t i v o s no d e c o r r e r d o pe-
r í o d o .
Na c u r v a de ó b i t o s a l g u m a s p o n t a s se a p r e s e n t a m em
1 8 7 8 , 1 8 8 3 , 1 8 9 0 , 1910 e 1 9 1 8 . C o m r e l a ç ã o às p o n t a s d o sé-
c u l o X I X , e x i s t e uma c o i n c i d ê n c i a c o m as e v i d e n c i a d a s p e l o
e s t u d o da p o p u l a ç ã o t o t a l da P a r ó q u i a N o s s a S e n h o r a da Luz. 3 2
Isso se e x p l i c a p e l o s f r e q ü e n t e s s u r t o s de v a r í o l a o c o r r i d o s
na c i d a d e n e s s e p e r í o d o . A s s i m , o a n o de 1 8 9 0 , q u e a c u s a
m a i o r n ú m e r o de ó b i t o s t a n t o p a r a os a l e m ã e s c a t ó l i c o s q u a n -
to p a r a o t o t a l da p o p u l a ç ã o da P a r ó q u i a N o s s a S e n h o r a da
L u z , c o r r e s p o n d e a u m p e r í o d o c r í t i c o de v a r í o l a , q u e v a i d e
1889 a 1 8 9 1 . 3 3
3 2 BALHANA, A evolução p.5-19.
3 3 DALLEDONE, Márcia Terezinha Andreatta. Condições sanitárias e as epidemias de varíola na Província do Paraná: 1853-1880. Curitiba, 1980. 334 p. Dissertaçao, Mestrado, Universidade Federal do Paraná.
42 GRAFICO N-2
DISTRIBUIÇÃO DECENAL
CASAMENTOS, SEPULTURAS, BATISMOS E NASCIMENTOS*
1850 - 1919
EM MONO-LOG
Para m e l h o r p e r c e b e r as r e l a ç õ e s e n t r e as curvas foi
feito o Gráfico 2 em escala s e m i l o g a r í t m i c a q u e , m i n i m i z a n d o
as flutuações e d i m i n u i n d o a a m p l i t u d e dos n ú m e r o s m a i o r e s ,
p e r m i t e v i s u a l i z a r a tendência das três séries numa perspec-
tiva de longa d u r a ç ã o . E x a m i n a d a s em c o n j u n t o , as curvas
a s s i n a l a m uma tendência a s c e n d e n t e para as três s é r i e s , le-
vando-se em conta q u e a queda e x i s t e n t e entre 1890 e 1899
nos óbitos refere-se a uma lacuna e x i s t e n t e nos r e g i s t r o s em
cinco anos dos dez c a r a c t e r i z a d o s no g r á f i c o .
Pode-se o b s e r v a r também uma certa h o r i z o n t a l i d a d e na
década de 1 8 9 0 - 9 9 , v á l i d a para os n a s c i m e n t o s , b a t i s m o s e ca-
s a m e n t o s . Ê p r o v á v e l que essa e s t a b i l i d a d e também se apre-
sentasse para os ó b i t o s , se não h o u v e s s e a lacuna acima re-
f e r i d a .
2 N U P C I A L I D A D E
2.1 O R I G E M DOS N O I V O S
P a r a uma c l a s s i f i c a ç ã o p o s s í v e l da o r i g e m d o s n o i v o s ,
d a d a a d i v e r s i d a d e de l o c a i s , f e z - s e n e c e s s á r i o p r o d u z i r u m
q u a d r o s i n t e t i z a d o m a s q u e f o r n e c e s s e uma i d é i a g e r a l de sua
p r o c e d ê n c i a .
C o n f o r m e já foi i n d i c a d o , a p o p u l a ç ã o em e s t u d o n ã o ê
c o m p o s t a d e i m i g r a n t e s v i n d o s d i r e t a m e n t e da A l e m a n h a em sua
m a i o r i a , e sim de d e s c e n d e n t e s de a l e m ã e s o u i m i g r a n t e s es-
t a b e l e c i d o s a n t e s e m o u t r a s p a r t e s d o B r a s i l , c o m o o inte-
r i o r de S a n t a C a t a r i n a , i n t e r i o r do P a r a n á ou m e s m o já fixa-
dos e m C u r i t i b a m u i t o t e m p o a n t e s .
D e s s a f o r m a , d e c i d i u - s e d i v i d i r o q u a d r o em seis i t e n s :
1) E u r o p a G e r m a n i z a d a - C o n s i d e r a r a m - s e c o m o t a l os
p e q u e n o s e s t a d o s q u e f a z i a m p a r t e da c o n f e d e r a ç ã o alemã, b e m
como p a í s e s q u e t i n h a m d i v i s a c o m e s s e s e s t a d o s , c u j o s e l e -
m e n t o s p e r t e n c i a m ã e t n i a a l e m ã . N e s s e s e n t i d o , os p a í s e s
a s s i m c l a s s i f i c a d o s f o r a m : A l e m a n h a , Á u s t r i a , P r ú s s i a , Rús-
s i a , Suíça e D i n a m a r c a .
2) E u r o p a N ã o G e r m a n i z a d a - N e s t e s e g u n d o i t e m f o r a m
i n c l u í d o s p a í s e s c o m o a I t á l i a , P o l ô n i a e I n g l a t e r r a .
3) I n t e r i o r de S a n t a C a t a r i n a - P r i n c i p a l m e n t e cida-
des de c o l o n i z a ç ã o a l e m ã , c o m o J o i n v i l l e , B l u m e n a u e B r u s q u e .
45
4) Paraná - Cidades dos a r r e d o r e s de C u r i t i b a e inte-
rior do Paraná: algumas de c o l o n i z a ç ã o a l e m ã , o u t r a s n ã o .
5) Outras L o c a l i d a d e s - Toda e q u a l q u e r cidade brasi-
leira que não fizesse p a r t e do E s t a d o do P a r a n á ou Santa Ca-
tarina .
6) Indeterminados - Q u a n d o não há n e n h u m a a n o t a ç ã o
nos registros sobre a o r i g e m dos n o i v o s .
Esses itens foram u t i l i z a d o s p a r a fazer o Q u a d r o 1,
que demonstra p e r c e n t u a l m e n t e a o r i g e m c o m b i n a d a dos n o i v o s .
QUADRO 1
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
ORIGEM COMBINADA DOS NOIVOS (%)
1850-919
\ cd C/3
\ NOIVO ct) « aj a •H Î-) o 01
O 13 cd
N. o T3 •O n) x) ai a \ cd !cfl cd 4-1 T3 •rH \ N S N
• rH í-i O
cd CJ
í-i o
cd £i cd x)
6 ^ MÉDIA NOIVA \
cd C! n3 d •H • h \cd •rA '.n • i—i d) NOIVA \ tx tfl Cu cd í-l cd c 4-1 cd i—i 4J
\ O e O e QJ •u cu cd •H p cd a) \ M M >-i u 4-1 e 4-) >-i U 4-) u . T3 \ 3 QJ D ci cd C cd D o C
\ W O W O M C/3 M PH U O hJ M
Europa
Germanizada 13 ,32 1, 19 0 ,37 1, 19 1,93 0, 82 - 18, 82
Europa Nao Germanizada 1 ,75 - 0 ,37 0, 37 0,92 0, 09 0 ,09 3, 59
Interior de
Santa Catarina 1 ,10 0, 46 0 ,64 0, 37 0,73 0 , 19 - 3, 49
Interior do
Parana 1 ,93 0 , 64 0 ,64 1, 56 1,84 0 , 28 - 6, 89
Curitiba 9 ,18 3, 03 2 ,57 4 , 04 24,33 1, 93 0 ,37 4 5 , 45
Outras
Localidades 0 ,18 0 , 18 0 ,09 0 , 28 0,83 0 , 18 - 1, 74
Indeterminados 0 ,18 - - 0,09 - 19 ,75 20, 02
MÉDIA 27 ,64 5, 50 4 ,68 7, 81 30,67 3, 49 20 ,21 -
46
Em relação ao item Europa G e r m a n i z a d a , c o n s t a t a - s e
que a p r o p o r ç ã o de noivos dessa p r o c e d ê n c i a , 2 8 % , ê m a i o r
que a de n o i v a s , 1 9 % . Ainda em se tratando de noivos dessa
o r i g e m , hã dois pontos a d e s t a c a r : 13% d e l e s c a s a m - s e com
m u l h e r e s n a s c i d a s na Europa G e r m a n i z a d a e 9% com noivas de
C u r i t i b a .
N o que c o n c e r n e ao segundo i t e m , Europa N ã o Germani-
zada, a única p o r c e n t a g e m que se s o b r e s s a i diz r e s p e i t o aos
casamentos de homens d a í p r o v e n i e n t e s com m u l h e r e s curitiba-
nas de descendência a l e m ã , q u e p e r f a z e m 3% do t o t a l .
N o interior de Santa C a t a r i n a t ê m - s e a p e n a s 4% de ho-
m e n s e 3% de m u l h e r e s , o que r e p r e s e n t a um n ú m e r o inferior
ao e s p e r a d o , uma vez que a l i t e r a t u r a sobre m i g r a ç ã o para o
n o s s o Estado acusa a v i n d a de grande c o n t i n g e n t e de remigran-
tes alemães de Santa Catarina para c P a r a n á . 0 q u e pode ex-
p l i c a r , em p a r t e , essa evidência é o fato de Santa C a t a r i n a
c o n s t i t u i r , em alguns c a s o s , s i m p l e s m e n t e o p o n t o de passa-
gem de c o n t i n g e n t e s m i g r a t ó r i o s .
Quanto ao item Interior do P a r a n á , hã 7% de n o i v o s
para 6% de noivas o r i u n d a s de várias l o c a l i d a d e s p r ó x i m a s a
C u r i t i b a , inclusive Rio N e g r o , que foi o foco i n i c i a l de co-
lonização alemã no P a r a n á .
Dentre os noivos do Interior do E s t a d o , 4% d e l e s se
c a s a m com m u l h e r e s de C u r i t i b a , m a r c a n d o o único d e s t a q u e
nessa c o l u n a .
Do total geral de c a s a m e n t o s , o item C u r i t i b a se sa-
lienta por a p r e s e n t a r m a i o r e s p o r c e n t a g e n s : 31% dos noivos
e 45% das n o i v a s . A l é m d i s s o , a p a r e c e m c o m d e s t a q u e o s 24%
de c a s a m e n t o s entre c u r i t i b a n o s em p e r í o d o s m a i s r e c e n t e s .
47
N o t o c a n t e ao i t e m O u t r a s L o c a l i d a d e s , o b s e r v a - s e
uma p o r c e n t a g e m m í n i m a , n ã o h a v e n d o m u i t a d i s c r e p â n c i a e n t r e
o t o t a l de n o i v o s e o de n o i v a s .
F i n a l m e n t e , c a b e c o m e n t a r o n ú m e r o c u j a o r i g e m e s t á
c o m o I n d e t e r m i n a d o s , t o t a l i z a n d o 20% p a r a o s n o i v o s e 20%
p a r a as n o i v a s . E s s e a l t o p e r c e n t u a l d e I n d e t e r m i n a d o s se
d e v e â a u s ê n c i a de d a d o s , p r i n c i p a l m e n t e n a s ú l t i m a s d é c a d a s
e m e s t u d o .
C o m p r o v a - s e a a f i r m a t i v a de q u e a g r a n d e m a i o r i a d o s
a l e m ã e s r a d i c a d o s em C u r i t i b a já e r a m r e m i g r a n t e s , i s t o é ,
t e r i a m v i n d o de o u t r a s l o c a l i d a d e s .
2.2 D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L DE C A S A M E N T O S
O c a s a m e n t o , f u n d a m e n t o da f a m í l i a , foi t r a d i c i o n a l -
m e n t e r e g u l a d o p e l a I g r e j a C a t ó l i c a p o r c o n s t i t u i r - s e em u m
s a c r a m e n t o .
S e g u n d o os p r i n c í p i o s da m o r a l c r i s t ã , e r a m p r o i b i d o s
os c a s a m e n t o s e n t r e c r i a n ç a s e e n t r e p a r e n t e s p r ó x i m o s . A l é m
d i s s o , p r e g a v a - s e o d e v e r de f i d e l i d a d e e a i n d i s s o l u b i l i d a -
de do c a s a m e n t o .
C o m o a Igreja C a t ó l i c a na E u r o p a d u r a n t e os s é c u l o s
X V I I e X V I I I n ã o c e l e b r a v a os c a s a m e n t o s no A d v e n t o (dezem-
b r o ) e na Q u a r e s m a (março ou a b r i l ) , e s s e foi u m c o s t u m e q u e
p e r d u r o u p o r m u i t o t e m p o e n t r e as p o p u l a ç õ e s c a t ó l i c a s . 3 4
3 4 ARMENGAUD, André. La famille et Venfant: en France et en
Angleterre du X V I e au X V I I I e ; aspects démographiques. P a r i s , Société
d'Edition d'Enseignement Superieus, 1975. p.34.
48
No caso b r a s i l e i r o , t r a t a n d o - s e de um p a í s em que a
Igreja Católica se m a n t e v e até o início do século XX a p e g a d a
a valores t r a d i c i o n a i s , ainda que não fosse p r o i b i d a a rea-
lização de casamentos nas r e f e r i d a s é p o c a s , o c a s a l não rece-
bia a bênção n u p c i a l por ser "vetitum t e m p u s " . E n c o n t r o u - s e
essa restrição nos seguintes termos: " p r o h i b e m - s e as b ê n ç ã o s
m a t r i m o n a e s desde q u a r t a feira de cinzas até ao p r i m e i r o do-
m i n g o depois da Paschoa (....) e desde o p r i m e i r o domingo do
Advento até o de Reis" 3 5 .
Em p r i n c í p i o , o m o v i m e n t o s a z o n a l de c a s a m e n t o s m o s t r a
em que m e d i d a os a l e m ã e s c a t ó l i c o s o b e d e c i a m ou não âs ordens
de abstinência i m p o s t a s pela I g r e j a . A p a r t i r dessa a v a l i a ç ã o
o b t é m - s e , em p a r t e , o grau de c o n f o r m i s m o m o r a l e r e l i g i o s o
do g r u p o .
Um outro fator c o n d i c i o n a n t e do m o v i m e n t o s a z o n a l de
casamentos ê a o c u p a ç ã o p r o f i s s i o n a l . Para os a g r i c u l t o r e s ,
por e x e m p l o , os meses de p r e p a r a ç ã o do solo e p l a n t i o m a r c a m
época p o u c o favorável â c e l e b r a ç ã o de c a s a m e n t o s , da m e s m a
forma que os meses p o s t e r i o r e s ã colheita c o r r e s p o n d e m ã épo-
ca preferida para c a s a r .
No caso p r e s e n t e , t o d a v i a , em razão da i n e x i s t ê n c i a
de dados referentes seja ã p r o f i s s ã o , seja ã r e s i d ê n c i a do
grupo e s t u d a d o , não há como v e r i f i c a r se m a i o r p a r t e do grupo
se dedicava a agricultura ou se e x e r c i a alguma o c u p a ç ã o urba-
na .
3 S ALMANACH Paranaense. Ano 2, 1897. p.34.
49
O Gráfico 3 evidencia a preferência do grupo alemão
católico por contrair núpcias nos meses de fevereiro, maio,
junho e setembro, semelhante em parte ao que ocorria com os
alemães protestantes (maio, junho e setembro) e também com
outros grupos étnicos da Capital: italianos (fevereiro, ju-
nho e setembro), poloneses (fevereiro, maio e junho) e luso-
brasileiros (fevereiro e junho) . 3 6
GRAFICO NS3
DISTRIBUIÇÃO MENSAL DE CASAMENTOS
1850 - 1919
J F M A M J J A S O N D
100
36 . . . BALHANA, Altiva Pilatti et alii. A pesquisa em demografia
histórica na Universidade Federal do Paraná. In: III Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Vitoria, 1982. p.8—10. Copia xerografica.
50
O u t r o t r a ç o c o m u m e n t r e o s g r u p o s m e n c i o n a d o s é a
forte d i m i n u i ç ã o d o s c a s a m e n t o s nos m e s e s de m a r ç o e a g o s t o .
C o m r e l a ç ã o ao m ê s de d e z e m b r o , o c o m p o r t a m e n t o d o s a l e m ã e s
c a t ó l i c o s se a p r o x i m a do dos a l e m ã e s l u t e r a n o s , 3 7 d i v e r g i n d o
dos d e m a i s g r u p o s é t n i c o s c o n s i d e r a d o s . I s s o p o r q u e , e n q u a n -
to p a r a os i t a l i a n o s , p o l o n e s e s e l u s o - b r a s i l e i r o s h á uma sen-
s í v e l q u e d a no r e f e r i d o m ê s , p a r a os a l e m ã e s c a t ó l i c o s o b s e r -
v a - s e u m n ú m e r o de c a s a m e n t o s l e v e m e n t e a c i m a d a m é d i a , o u
s e j a , 100 c a s a m e n t o s p o r m ê s , e m r e l a ç ã o a 1 . 2 0 0 .
A p r e f e r ê n c i a do g r u p o p e l o m ê s d e f e v e r e i r o se d e v e
t a l v e z a u m a c o m p e n s a ç ã o p e l a Q u a r e s m a , é p o c a em q u e n ã o se
r e c o m e n d a v a m os c a s a m e n t o s . P a r a os m e s e s d e m a i o e j u n h o
seria p o s s í v e l e s t a b e l e c e r a h i p ó t e s e da i n f l u ê n c i a do ca-
l e n d á r i o a g r í c o l a , um p e r í o d o c a r a c t e r i z a d o c o m o de r e c e s s o
a g r í c o l a : 3 8 A l a v o u r a s o f r e u m a p a r a l i s a ç ã o e é a g u a r d a d o o
m o m e n t o p r o p í c i o p a r a r e i n i c i a r o p l a n t i o com o p r e p a r o da
t e r r a em a g o s t o . D e s s a f o r m a , o m ê s de a g o s t o s o f r e uma con-
s i d e r á v e l q u e d a no n ú m e r o de c a s a m e n t o s . E s s a r e t r a ç ã o p o d e
ter s i d o , t a m b é m , i n f l u ê n c i a d a s u p e r s t i ç ã o q u e e n v o l v e o
m ê s de a g o s t o , t i d o c o m o um m ê s a ser e v i t a d o , c o n f i g u r a n d o ,
n e s s e c a s o , uma e x p l i c a ç ã o u r b a n a p a r a e s s a a v e r s ã o .3 9 E m de-
c o r r ê n c i a d i s s o , e x p l i c a - s e o a u m e n t o de c a s a m e n t o s v e r i f i c a -
dos no m ê s de s e t e m b r o c o m o uma p r o v á v e l c o m p e n s a ç ã o .
3 7 N A D A L I N , Sérgio Odilon. Une paroisse d'origine germanique au Brésil: la communauté evangelique lutherienne a Curitiba entre 1866 et
1969. Paris, 1978. p.219. Tese, Doutorado, Ecole des Hautes Études en
Sciences Sociales.
3 8 B A L H A N A et alii , p . 14 .
3 9 BALHANA et alii, p. 14.
51
N o q u e c o n c e r n e ã o b e d i ê n c i a a o s p r e c e i t o s r e l i g i o s o s ,
p o d e - s e a f i r m a r q u e os a l e m ã e s c a t ó l i c o s r e s p e i t a v a m a Q u a -
r e s m a , c o m o p r o v a a n í t i d a d e p r e s s ã o no m ê s de m a r ç o , a c o m -
p a n h a d a p o r uma r e t r a ç ã o no m ê s de a b r i l . I s s o se e x p l i c a
p e l o fato de ser a P á s c o a uma f e s t a m ó v e l , c h e g a n d o âs v e z e s
a ser c o m e m o r a d a em a b r i l .
O m e s m o já n ã o a c o n t e c e c o m r e s p e i t o ao A d v e n t o :
n e s t e c a s o , n ã o o c o r r e n e n h u m a d i m i n u i ç ã o no n ú m e r o de c a s a -
m e n t o s , m a n t i d o s e m t o r n o da m é d i a p e l a i n c l u s ã o de c a s a m e n -
tos de p r o t e s t a n t e s c o n v e r t i d o s , q u e r e p r e s e n t a m 21% d o s ca-
s a m e n t o s r e a l i z a d o s em d e z e m b r o d u r a n t e t o d o o p e r í o d o e s t u -
d a d o . Essa p a r t i c i p a ç ã o dos l u t e r a n o s é i m p o r t a n t e e se ex-
p l i c a p o r ser d e z e m b r o um dos m e s e s p r e f e r i d o s p o r e l e s p a r a
40
c a s a r . ™
De c e r t a f o r m a , as o s c i l a ç õ e s do m o v i m e n t o s a z o n a l do
g r u p o a l e m ã o c a t ó l i c o e s t ã o r e l a c i o n a d a s c o m o c a l e n d á r i o
a g r í c o l a , o q u e p o d e r i a s i g n i f i c a r q u e u m a p a r c e l a c o n s i d e -
r á v e l d e s s a p o p u l a ç ã o se d e d i c a v a ã a g r i c u l t u r a .
Q u a n t o ao a s p e c t o r e l i g i o s o , as c o r r e l a ç õ e s e n t r e o
c o m p o r t a m e n t o do g r u p o e as i n t e r d i ç õ e s r e l i g i o s a s são m a i s
e v i d e n t e s . O b s e r v a - s e , a s s i m , um g r a n d e r e s p e i t o p e l a Q u a -
r e s m a e uma s e m i c o n t i n ê n c i a n o A d v e n t o . E s t a p o d e r i a indi-
car n ã o m a i s u m a o b e d i ê n c i a , m a s sim s o b r e v i v ê n c i a , h á b i t o
h e r d a d o , sem q u a l q u e r s u b s t â n c i a m o r a l .
4 0 NADALIN, p.21.7.
52
2.3 DISTRIBUIÇÃO S E M A N A L DE C A S A M E N T O S
O estudo do m o v i m e n t o s e m a n a l de c a s a m e n t o s tem por
finalidade descobrir q u a l o dia da semana p r e f e r i d o para con-
trair m a t r i m ô n i o . Esse dado pode indicar q u a i s os c o s t u m e s
de um g r u p o , bem como as p o s s í v e i s v a r i a ç õ e s c o n f o r m e a
é p o c a .
É uma constante em todas as d é c a d a s a p r e f e r ê n c i a do
grupo alemão católico por casar no s á b a d o . N o e n t a n t o , al-
gumas v a r i a ç õ e s , que não c o m p r o m e t e m essa p r e f e r ê n c i a , se
a p r e s e n t a m no decorrer dos d e c ê n i o s .
QUADRO 2
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
DISTRIBUIÇÃO SEMANAL DE CASAMENTOS (%)
1850-919
DÉCADA . DOM SEG TER QUA QUI SEX SÃB
1850-59 14,28 14,28 28,27 14,28 - - 28,27
1860-69 9,09 2,27 11,36 6,81 22,72 4,54 43,18
1870-79 3,61 4,82 15,66 2,41 6,02 2,41 65,06
1880-89 6,02 5,26 10,53 4,51 7,52 3,, 76 61,65
1890-99 3,90 4,76 6,49 4,76 3,90 3,46 72,72
1900-09 2,18 3,50 3,49 5,68 3,49 1,75 80,35
1910-19 8,01 4,42 3,04 3,87 6,08 3,04 71,55
MÉDIA TOTAL 5,42 4,32 6,24 4,59 5,88 2,94 70,52
O Quadro 2 m o s t r a q u e , a p e s a r do p e q u e n o n ú m e r o de
c a s a m e n t o s no p r i m e i r o d e c ê n i o , a t e r ç a - f e i r a d i v i d e a pre-
ferência com o s á b a d o , ambos c o m 2 8 % .
N o p e r í o d o de 1 8 6 0 - 6 9 , contra os 41% de c a s a m e n t o s
53
r e a l i z a d o s no s á b a d o , d e s t a c a m - s e 22% e f e t u a d o s na q u i n t a -
f e i r a , s e g u i n d o - s e , p o r o r d e m de i m p o r t â n c i a , 11% na t e r ç a -
feira e 9% no d o m i n g o .
N a d é c a d a s e g u i n t e , 65% d o s c a s a m e n t o s m a n t ê m a p r e -
f e r ê n c i a p e l o s á b a d o , d e s t a c a n d o - s e em s e g u i d a t e r ç a - f e i r a
com 1 5 % .
A d é c a d a de 1 8 8 0 - 8 9 c o n f i r m a a p r e f e r ê n c i a p e l o sába-
do e t e r ç a - f e i r a , q u e a p a r e c e m r e s p e c t i v a m e n t e c o m 61 e 1 0 % .
E m 1 8 9 0 - 9 9 a u m e n t a a p o r c e n t a g e m dos c a s a m e n t o s rea-
l i z a d o s no s á b a d o , q u e f i g u r a a b s o l u t o na p r e f e r ê n c i a a t é a
ú l t i m a d é c a d a e m e s t u d o . N o s ú l t i m o s d o i s d e c ê n i o s a t e r ç a -
feira p e r d e o s e g u n d o l u g a r , q u e p a s s a a p e r t e n c e r , a p a r t i r
d a i , r e s p e c t i v a m e n t e â q u a r t a - f e i r a e ao d o m i n g o .
E s s e m o v i m e n t o h e b d o m a d á r i o d e m o n s t r a u m a p r e f e r ê n c i a
do g r u p o por c a s a r n o s á b a d o , a u m e n t a n d o g r a d a t i v a m e n t e essa
e s c o l h a , s e g u i d a p e l a t e r ç a - f e i r a em q u a t r o d a s c i n c o p r i -
m e i r a s d é c a d a s . A p r e f e r ê n c i a p e l a t e r ç a - f e i r a c o m o s e g u n d a
o p ç ã o p o d e ser r e s u l t a d o da i n f l u ê n c i a s o f r i d a no c o n t a t o
c o m o u t r a s e t n i a s de C u r i t i b a , q u e m a n t i n h a m n o s é c u l o X V I I I
e m e a d o s do s é c u l o X I X a t e r ç a - f e i r a c o m o d i a p r e f e r i d o p a r a
c a s a r . E x p l i c a r - s e - i a e s s a p r e d i l e ç ã o c o m o r e s u l t a d o da fu-
são e n t r e a r e l i g i o s i d a d e e t r a d i ç õ e s p o p u l a r e s e n v o l v e n d o a
d e v o ç ã o p o p u l a r e m t o r n o de S t o . A n t ô n i o , o " s a n t o c a s a m e n -
t e i r o " , q u e c o s t u m a v a ser h o m e n a g e a d o âs t e r ç a s - f e i r a s .4 1 N a s
d é c a d a s m a i s r e c e n t e s do e s t u d o , da m e s m a f o r m a q u e p a r a a
4 1 CARDOSO, Jayme Antonio & N A D A L I N , Sergio Odilon. Os meses e
os dias de casamento no Paraná: séculos XVIII, XIX, XX. Curitiba, 1983. p.22. (A ser publicado.)
54
sociedade c u r i t i b a n a , 4 2 houve uma p e q u e n a v a r i a ç ã o no com-
p o r t a m e n t o do grupo alemão c a t ó l i c o , e v i d e n c i a n d o uma m a i o r
concentração na p r e f e r ê n c i a por casar no s á b a d o , v a r i a ç ã o
essa m o t i v a d a , t a l v e z , pela n e c e s s i d a d e da u t i l i z a ç ã o do
tempo de forma mais r a c i o n a l , a c o m p a n h a n d o a s s i m as m u d a n ç a s
s õ c i o - e c o n ô m i c a s d e c o r r e n t e s da u r b a n i z a ç ã o .
0 dia menos e s c o l h i d o p a r a casar é a s e x t a - f e i r a
(2,9%), talvez por ser c o n s i d e r a d o um dia t r i s t e , um dia
m a l d i t o , conforme afirma A R M E N G A U D . 4 3 Ele m o s t r a q u e , se-
gundo pesquisa realizada numa p a r ó q u i a f r a n c e s a , a p r o p o r ç ã o
de casamentos celebrados na s e x t a - f e i r a ê de a p e n a s 3 , 1 % .
2.4 IDADE M É D I A A O C A S A R
Como a idade dos n o i v o s nos p r i m e i r o s trinta anos
p e s q u i s a d o s foi omitida nos r e g i s t r o s de c a s a m e n t o s e poste-
r i o r m e n t e aparecia ainda de m a n e i r a e s p o r á d i c a , o q u a d r o ela-
borado sobre a idade média ao casar (Anexo 2) d á uma v i s ã o
dessa média somente de d e t e r m i n a d a é p o c a e de uma p a r t e - d a
p o p u l a ç ã o e s t u d a d a , m a s , m e s m o a s s i m , a c r e d i t a - s e serem esses
n ú m e r o s r e p r e s e n t a t i v o s da a t i t u d e do g r u p o , p e l o m e n o s de
1880 em d i a n t e .
A idade média dos alemães c a t ó l i c o s ao c a s a r gira e m
torno de 21,6 anos para as m u l h e r e s e 26 anos p a r a os h o m e n s .
4 2 CARDOSO, p.22. 4 3 ARMENGAUD, p.34.
55
Ha uma coincidência desses r e s u l t a d o s c o m a q u e l e s o b t i d o s
com os alemães l u t e r a n o s , que se situam e n t r e 21,2 p a r a as
m u l h e r e s e 26,9 para os homens no p e r í o d o a n t e r i o r a 1 8 9 5 , e
21,5 para as m u l h e r e s e 25,9 p a r a os h o m e n s no p e r í o d o de
1895 a 1919. 4 4
No c o n f r o n t o entre o c o m p o r t a m e n t o d o s a l e m ã e s lute-
ranos e o dos alemães c a t ó l i c o s , essa foi à m a i o r s e m e l h a n ç a
já encontrada nos r e s u l t a d o s . Esse c a s a m e n t o , se pode ser
considerado t a r d i o , a u t o m a t i c a m e n t e reduz a a t i v i d a d e repro-
dutora do g r u p o , e deve estar ligado a v á r i o s f a t o r e s tais
como a situação econômica do n o i v o ou c o s t u m e h e r d a d o dos
ascendentes vindos da E u r o p a .
2.5 IDADE CRUZADA A O C A S A R
Nesses quarenta anos em q u e a p a r e c e a i d a d e dos noi-
v o s , o b s e r v a - s e uma p r e f e r ê n c i a do elemento do sexo m a s c u l i -
no para casar entre 20 e 24 anos c o m n o i v a s de 15-19 anos
(ver Quadro 3).
Essa p r e f e r ê n c i a c o n s t i t u i 13% dos 952 c a s o s em q u e
consta a idade ao c a s a r .
A faixa etária que a p r e s e n t a o segundo lugar na pre-
ferência ê a de noivos com 20-24 a n o s , casando com n o i v a s
também de 20-24 a n o s , p e r f a z e n d o essa p r e f e r ê n c i a 11% do to-
t a l .
4 4 NADALIN, p . 250-1.
56
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA PAROQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
IDADE PREFERENCIAL AO CASAR 1880-919
NOIVOS
NOIVAS 20-•24 25-•29
NA % NA %
15-19 124 13,0 47 4,9
20-24 105 11,0 58 6,0
TOTAL 229 24,0 105 10,9
H á uma d i s p e r s ã o m u i t o g r a n d e das idades n e s s e s qua-
renta anos e também um n ú m e r o m u i t o elevado de idades inde-
terminadas (Quadro 4).
QUADRO 4
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
IDADE CRUZADA AO CASAR 1880-919
NOIVAS g o i v o s 1 5 _ 1 9 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50+ IND " TOTAL
-15 1 5 2 - - - - - - 8
15-19 12 124 47 10 1 1 - - 5 200
20-24 3 105 58 16 11 - - 2 196
25-29 1 5 17 4 3 2 1 - 3 36
30-34 - 2 3 6 3 1 1 1 - 17
35-39 - - 1 2 - - 1 1 - 5
40-44 - - - - 1 - 1 - - 2
45-49 - - - - - 1 - - - 1
50+ - - - - 1 - 3 - 4
IND* - 12 4 4 3 - 1 - 463 487
TOTAL 17 253 132 42 22 6 5 6 473 956
57
Para os noivos a p e r c e n t a g e m de i n d e t e r m i n a d o s é
49,5% do total; para as noivas chega a 51,0% do t o t a l . Isso
quer dizer que m e s m o para esses q u a r e n t a anos a idade só apa-
rece em 50% dos c a s o s . Por essa razão foram d e i x a d o s de la-
do os i n d e t e r m i n a d o s , c o m p u t a n d o somente os n ú m e r o s em que
constava a i d a d e , para a análise que s e g u e .
Se analisada i n d i v i d u a l m e n t e a p r e f e r ê n c i a da idade
para c a s a r , os e l e m e n t o s do sexo m a s c u l i n o a c u s a m 5 2 % , ou
s e j a , a maior p o r c e n t a g e m , na faixa etária de 20-24 a n o s ,
para em seguida cair em 50% a o u t r a faixa m a i s e s c o l h i d a ,
que ê a de 25-29 a n o s .
As m u l h e r e s não a p r e s e n t a m no t o t a l uma p r e f e r ê n c i a
m a r c a n t e . São duas as faixas etárias que p r e v a l e c e m , m a n t e n -
do-se e q u i l i b r a d a s , isto é , 43% e 42% p a r a as faixas de 15-19
e 20-24 anos r e s p e c t i v a m e n t e .
Observa-se ainda que a p r e f e r ê n c i a r e t r a t a d a no caso
dos homens não se m o d i f i c a m u i t o no d e c o r r e r das d é c a d a s , não
chegando em n e n h u m m o m e n t o a m u d a r a faixa e t á r i a p r e f e r e n -
c i a l .
Já as m u l h e r e s m a n t ê m nas três p r i m e i r a s d é c a d a s a
faixa de 20-24 anos como m a i o r p o r c e n t a g e m , i n v e r t e n d o - s e
essa p r e f e r ê n c i a na última d é c a d a , q u a n d o a escolha r e c a i na
faixa a n t e r i o r .
08
GRAFICO N&4
DISTRIBUIÇÃO MENSAL DE NASCIMENTOS
1850-1917
concepções J F M A M J J A S O N D noscimentoi O N D J F M A M J J A S
1850 - 1889
1890- 1899
1900- 1909
1910- 1917
1850- 19 17
concept*» J F M A M J J A S O N D nascimento. O N D J F M A M J J A S
3 NASCIMENTOS E BATISMOS
3.1 DISTRIBUIÇÃO MENSAL DOS
NASCIMENTOS E CONCEPÇÕES
Através da repartição m e n s a l de nascimentos é possí-
vel estabelecer o movimento sazonal das concepções correspon-
dentes, o que é feito considerando que ocorrem nove meses
antes dos nascimentos.
Do mesmo modo que para os c a s a m e n t o s , os registros de
batismos permitem observar em que medida as relações sexuais
no grupo obedecem ou não â abstinência da Quaresma e do Ad-
vento, o que se evidencia a partir do número de concepções
ocorridas no p e r í o d o .
O gráfico do movimento mensal das c o n c e p ç õ e s , que re-
sume a tendência do grupo alemão católico nos setenta anos
em estudo, evidencia um comportamento quase homogêneo em to-
dos os meses do a n o , ou seja, com oscilações m í n i m a s .
Mesmo assim, destacam-se alguns m e s e s por figurarem
acima ou abaixo da m é d i a . Ê o que acontece com os meses de
novembro, janeiro e d e z e m b r o , que nessa ordem registram os
pontos mais altos de c o n c e p ç õ e s .
Esses meses correspondem â estação quente em C u r i t i b a ,
e conforme atestam os estudos sobre os luso, polono e teuto-
60
b r a s i l e i r o s , na estação q u e n t e a freqüência das c o n c e p ç õ e s é
m a i o r . 4 5
A maior retração r e g i s t r a d a foi no m ê s de m a r ç o , ati-
tude facilmente explicada pelo fator r e l i g i o s o , p o i s se tra-
ta do m ê s da Q u a r e s m a , e, como a i n t e r d i ç ã o r e l i g i o s a , em al-
guns a n o s , abrange também o m ê s s e g u i n t e , a p e q u e n a r e t r a ç ã o
c o n s t a t a d a em abril é também d e c o r r ê n c i a d i s s o . O u t r a expli-
cação que se vem juntar a esta é a de que os c a s a m e n t o s , em
v i r t u d e do m e s m o fator r e l i g i o s o , s o f r e r a m uma q u e d a p r o n u n -
ciada nesses m e s e s .
Para a p e q u e n a redução de c o n c e p ç õ e s no m ê s de feve-
reiro não se e n c o n t r o u n e n h u m m o t i v o a p a r e n t e . Sendo ele o
mês que antecede a Q u a r e s m a , d e v e r i a a p r e s e n t a r uma alta no
número de concepções como c o m p e n s a ç ã o pela a b s t i n ê n c i a que
se s e g u i r i a , fato esse c o n s t a t a d o nos c a s a m e n t o s .
A s s i m como os m e s e s q u e n t e s m a r c a m um a u m e n t o no nú-
mero de c o n c e p ç õ e s , os meses frios julho e agosto c a r a c t e r i -
zam-se por sua m e n o r f r e q ü ê n c i a . A fim de m e l h o r o b s e r v a r a
evolução do c o m p o r t a m e n t o r e l a t i v o ãs c o n c e p ç õ e s , e l a b o r o u - s e
o conjunto de Gráficos 4, onde cada um deles a g r u p a no m í n i -
mo 1.200 casos; a s s i m , o p r i m e i r o engloba q u a t r o d é c a d a s ,
que tomadas isoladamente não p e r f a z i a m o total m í n i m o esta-
belecido .
A l g u n s traços que p o d e m c a r a c t e r i z a r um c o m p o r t a m e n t o
de longa duração foram e v i d e n c i a d o s e cabe aqui d e s t a c á - l o s .
É constante a d i m i n u i ç ã o das ò o n c e p ç õ e s nos m e s e s de
4 S N A D A L I N , p . 2 3 1 .
61
fevereiro e m a r ç o e o seu a u m e n t o nos m e s e s de n o v e m b r o e
j a n e i r o .
Afora essas p e r m a n ê n c i a s , o u t r o s m e s e s se d e s t a c a m
por p e q u e n a s m u d a n ç a s no c o m p o r t a m e n t o do g r u p o : ê o que
acontece em j u n h o , que na década de 1890 a p r e s e n t a uma rela-
tiva d i m i n u i ç ã o , p a r a já na d é c a d a seguinte a t i n g i r o segun-
do lugar em número de c o n c e p ç õ e s .
O mês de agosto sofre uma m o d i f i c a ç ã o na última déca-
da em e s t u d o , quando jã não a p r e s e n t a m a i s q u e d a nas concep-
ções .
Comparando os q u a t r o g r á f i c o s do m o v i m e n t o m e n s a l das
c o n c e p ç õ e s , fica e v i d e n t e a m a i o r h o r i z o n t a l i d a d e d a q u e l e que
aponta o c o m p o r t a m e n t o do grupo na última d é c a d a . Isso pro-
va que houve uma m u d a n ç a de a t i t u d e s frente ã vida nos últi-
m o s anos e s t u d a d o s , pois a tendência p a r e c e ser a de uma dis-
tribuição cada vez m a i s h o m o g ê n e a e n t r e os m e s e s do a n o , sal-
vo os da Q u a r e s m a .
A n a l i s a n d o o g r á f i c o que denota a t e n d ê n c i a g e r a l do
grupo alemão c a t ó l i c o , v e r i f i c a m - s e certas d i v e r g ê n c i a s em
relação ã tendência geral dos a l e m ã e s l u t e r a n o s , 4 6 no q u e diz
respeito ao c o m p o r t a m e n t o c o n c e p t i v o : os a u m e n t o s d a s con-
cepções nos m e s e s de a b r i l , a g o s t o e d e z e m b r o para os lute-
ranos só coincide com o a u m e n t o em d e z e m b r o p a r a os católi-
cos .
Da m e s m a f o r m a , as d i m i n u i ç õ e s nos m e s e s de julho e
setembro para o grupo luterano só t ê m semelhança com r e l a ç ã o
ao m ê s de julho para os c a t ó l i c o s .
4 6 N A D A L I N , p.230.
63
Esse número de c o n c e p ç õ e s acima da m é d i a (100 em re-
lação a 1.200) no mês de dezembro d e m o n s t r a uma s e m i c o n t i n ê n -
cia do grupo alemão católico no A d v e n t o , uma a t i t u d e já evi-
denciada no caso dos c a s a m e n t o s .
3.2 D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L DOS B A T I S M O S
O m o v i m e n t o m e n s a l de b a t i s m o s visa d e t e c t a r o m ê s
p r e f e r i d o pelos pais para b a t i z a r e m suas c r i a n ç a s , b e m como
as variações nesse c o m p o r t a m e n t o .
Idêntico ao m o v i m e n t o m e n s a l de n a s c i m e n t o s , foi rea-
lizado um conjunto de Gráficos 5, a g r u p a n d o - s e em cada um no
m í n i m o 1.200 c a s o s .
O que se destaca no c o n j u n t o ê uma nítida p r e f e r ê n c i a
pelas épocas de festas r e l i g i o s a s , como a t e s t a m as p o n t a s
nos meses de abril e d e z e m b r o , que c o r r e s p o n d e m respectiva-
m e n t e â Páscoa e ao N a t a l .
C o n t u d o , o p r i m e i r o g r á f i c o , que a b r a n g e as q u a t r o
primeiras d é c a d a s , se apresenta de m a n e i r a d i f e r e n c i a d a sob
um aspecto em relação ãs d e m a i s , p o i s a e l e v a ç ã o que a p a r e c e
é no mês de m a r ç o e não no mês de a b r i l , e a i n d a a s s i m m e n o s
pronunciada que nos d e c ê n i o s s e g u i n t e s .
Percebe-se que os pais e s p e r a v a m os m e s e s de festas
para b a t i z a r e m seus f i l h o s , o que ê r e v e l a d o p e l o d e c r é s c i m o
de b a t i z a d o s no p e r í o d o que a n t e c e d e as festas r e l i g i o s a s .
Nos demais m e s e s do ano a curva de b a t i s m o s apresen-
ta pequenas flutuações que p o d e m ser a l e a t ó r i a s .
Com relação ao m ê s de d e z e m b r o , fez-se um l e v a n t a m e n t o
64
para verificar a c o n c e n t r a ç ã o de b a t i s m o s nos dias de f e s t a s ,
isto é, 24, 25 e 31. O q u a d r o r e s u l t a n t e m o s t r a que a m a i o r
c o n c e n t r a ç ã o era de fato no dia 25 de- d e z e m b r o . Dessa f o r m a ,
elaborou-se o Quadro 5, que m o s t r a a e v o l u ç ã o dessa p r e f e r ê n -
cia .
QUADRO 5
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
BATISMOS EM 25 DE DEZEMBRO
1850-919
DÉCADA NÍJMEROS
ABSOLUTOS
NÚMEROS
RELATIVOS
1850-59 1 11,1
1860-69 3 15,7
1870-79 7 13,7
1880-89 17 19,1
1890-99 50 29,7
1900-09 63 30,1
1910-19 120 37,38
TOTAL 261 30,00
Conforme d e m o n s t r a o q u a d r o a c i m a , o b a t i s m o em 25 de
dezembro foi um c o s t u m e que se a c e n t u o u com o p a s s a r das dé-
c a d a s . Essa p r e f e r ê n c i a pelos dias de festas r e l i g i o s a s , es-
p e c i a l m e n t e o N a t a l , poderia ser e x p l i c a d o pela d i f i c u l d a d e
de acesso ã cidade por parte de alguns a l e m ã e s que h a b i t a v a m
os seus a r r e d o r e s . Sendo a s s i m , a p r o v e i t a v a m o s dias de
festas para b a t i z a r seus f i l h o s .
65
3.3 INTERVALO ENTRE O N A S C I M E N T O E O B A T I S M O
O cálculo do intervalo entre o n a s c i m e n t o e o b a t i s m o ,
ao e v i d e n c i a r a demora ou não do a l e m ã o c a t ó l i c o em b a t i z a r
os filhos, pode sugerir o grau de r e l i g i o s i d a d e do g r u p o .
Isso p o r q u e a o b s e r v â n c i a aos p r e c e i t o s da r e l i g i ã o ,
que recomenda o b a t i z a d o das c r i a n ç a s logo após o n a s c i m e n t o ,
indicaria m a i o r rigor no c o m p o r t a m e n t o r e l i g i o s o .
Essa análise foi p o s s í v e l p o r q u e os r e g i s t r o s , a l é m
de fornecerem o dia do b a t i s m o , f o r n e c e m t a m b é m a idade do
b a t i z a n d o ou a data do n a s c i m e n t o .
0 Quadro 6 m o s t r a que a m a i o r i a a b s o l u t a dos b a t i s m o s ,
isto é , 92%, se e n c o n t r a m na faixa de idade do p r i m e i r o dia
a 1 a n o .
A n a l i s a n d o e s m i u ç a d a m e n t e o referido q u a d r o , o b s e r v a -
se que a m a i o r p o r c e n t a g e m , 6 1 % , se e n c o n t r a na faixa que
vai até os 4 m e s e s de i d a d e , e n q u a n t o que a p e n a s 13% se acu-
m u l a m nos p r i m e i r o s dias de v i d a .
0 Quadro 7 p e r m i t e o b s e r v a r m e l h o r esse c o m p o r t a m e n t o ,
comprovando agora q u e r e a l m e n t e a idade m é d i a g e r a l ao bati-
zar as crianças é de 4 m e s e s de i d a d e . N o e n t a n t o , como não
havia meio de fazer essa m é d i a de todo o q u a d r o a n a l i s a d o ,
devido à grande d i s p e r s ã o da faixa etária q u e se c o n c e n t r a
;apõs 1 ano de i d a d e , ele foi s u b d i v i d i d o em: 1 dia a 1 ano e
de 2 anos até 5 a n o s .
E como se e n c o n t r a r a m até p e s s o a s em idade adulta
sendo b a t i z a d a s , d e c i d i u - s e p o r c a l c u l a r a m é d i a até os 5
anos de idade, pois a p a r t i r d a í o n ú m e r o de b a t i z a d o s é tão
i n s i g n i f i c a n t e e d i s p e r s o que só iria i n t e r f e r i r na m é d i a ,
a l t e r a n d o - a .
Q U A D R O 19
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S DE C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A SENHORA D A L U Z
I N T E R V A L O ENTRE O N A S C I M E N T O E O B A T I S M O
1850-919
DÉCADA DIAS MESES ANOS
IND DÉCADA -IA 15-29 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14+
IND
1850-59 17,3 16,1 14,8 18,5 3,7 3,7 4,9 4,9 3,7 1,2 - 1,2 1,2 8,6
1860-69 9,2 10,7 17,0 17,5 11,7 6,3 3,9 5,8 2,4 1,0 4,4 - 1,5 4,8 - 0,5 - 0,5 - - - - - - - - ' - 2,9
1870-79 14,0 15,3 13,1 14,8 9,0 5,8 4,4 4,4 1,9 2>7 1,4 1,0 0,2 6,3 1,2 1,0 0,5 0,2 - 0,2 - - 0,5 - - - - 2,2
1880-89 11,9 11,6 9,2 12,3 8,7 5,8 6,5 3,9 4,3 2,8 1,4 2,6 2,1 7,9 3,2 1,0 0,8 0,5 0,1 0,3 0,5 > - 1,0 1,4
1890-99 14,5 9,4 9,6 16,0 10,4 6,6 4,4 4,4 3,2 2,8 1,6 1,9 1,7 7,1 2,1 0,6 0,3 0,1 0,3 0,1 - - - 0,2 - - 2,0 0,3
1900-09 11,8 5,6 8,5 14,5 11,3 8,5 6,2 4,7 3,7 3,1 2,9 1,8 1,4 8,2 2,8 0,8 0,5 0,5 0,5 0,1 0,1 1,7 1,3
1910-19 14,2 6,7 6,9 11,4 8,6 7,1 5,8 4,2 3,8 3,5 2,6 2,1 1,9 10,6 3,2 i. s 1,0 0,6 0,4 0,4 0,3 0,2 0,4 0,1 0,4 0,1 1,3 1,0
MÉDIA 13,4 8,3 8,8 13,6 9,6 7,0 5,5 4,4 3,5 3,0 2,2 1,9 1,6 8,5 2,5 1,1 0,6 - 0,3 0,3 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 1,.4 1,2
Oi
67
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS EM CURITIBA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
INTERVALO MÉDIO ENTRE O NASCIMENTO E O BATISMO (%)
1850-919
IDADE MÉDIA AO BATIZAR
DÉCADA ( £ m m e S £ S )
0-12 13-60
1850-59 2,62 -
1860-69 3,67 42,50
1870-79 3,44 29,50
1880-89 4,32 27,43
1890-99 4,02 24,88
1900-09 4,72 28,67
1910-19 5,04 28,57
MÉDIA 4,38 28,02
A idade m é d i a somente das c r i a n ç a s b a t i z a d a s c o m m a i s
de 1 ano (7% do total) se c o n c e n t r a nos 2 anos de idade (ver
Q u a d r o 6).
C o n f o r m e já foi i n d i c a d o , a c r e d i t a - s e q u e g r a n d e par-
te desses b a t i z a d o s tardios c o r r e s p o n d e m a b a t i s m o s de con-
v e r t i d o s , pois entre os a l e m ã e s , apesar de b a t i z a r e m seus
filhos tardiamente com relação às o u t r a s etnias de r e l i g i ã o
c a t ó l i c a , não era comum batizar as c r i a n ç a s após 1 ano de
i d a d e .
O que se pode o b s e r v a r , ainda no Q u a d r o 7, é um au-
m e n t o gradativo da p r i m e i r a â última década na faixa de 0 a
12 m e s e s e uma flutuação na faixa dos 13 aos 60 m e s e s .
Com relação aos p o l o n e s e s da P a r ó q u i a N o s s a Senhora
de A b r a n c h e s , a idade para b a t i z a r e m suas c r i a n ç a s se con-
c e n t r a n o s p r i m e i r o s t r i n t a d i a s a p ó s o n a s c i m e n t o , o u s e j a ,
96,6% dos p o l o n e s e s b a t i z a v a m as c r i a n ç a s até 30 d i a s de vi-
d a . 4 7
P a r a os i t a l i a n o s de S a n t a F e l i c i d a d e v e r i f i c a - s e
p r a t i c a m e n t e o m e s m o c o m p o r t a m e n t o dos p o l o n e s e s , p o i s 89,6%
dos b a t i z a d o s e r a m r e a l i z a d o s no p r i m e i r o m ê s d e v i d a da
c r i a n ç a . 4 8
E s s a c o m p a r a ç ã o p e r m i t e a f i r m a r q u e p a r a os a l e m ã e s
c a t ó l i c o s n ã o se e v i d e n c i a um c o m p o r t a m e n t o s i m i l a r ao das
o u t r a s e t n i a s de r e l i g i ã o c a t ó l i c a , q u e p r o c u r a v a m s e g u i r
m a i s de p e r t o as e x i g ê n c i a s d e sua I g r e j a . É uma a t i t u d e
q u e se a p r o x i m a m a i s d a q u e l a já e v i d e n c i a d a d o s a l e m ã e s lu-
t e r a n o s . 4 9
3.4 L E V A N T A M E N T O O N O M Á S T I C O
C o m o o b j e t i v o de v e r i f i c a r a i n f l u ê n c i a é t n i c a na
e s c o l h a dos n o m e s das c r i a n ç a s , f e z - s e u m l e v a n t a m e n t o o n o -
m á s t i c o dos r e g i s t r o s d e b a t i s m o s nos s e t e n t a a n o s em e s t u d o .
O p r i m e i r o p a s s o foi s e p a r a r os n o m e s a n u a l m e n t e ,
a g r u p a n d o em s e g u i d a os de m a i o r f r e q ü ê n c i a . S e n t i u - s e n e -
c e s s i d a d e de s e l e c i o n a r e s s e s n o m e s p o r d e c ê n i o , p o i s e m
c e r t a s d é c a d a s h o u v e a o c o r r ê n c i a d e n o m e s q u e f i g u r a v a m en-
4 7 WACHOWICZ, p.69.
4 8 BALHANA, Altiva Pilatti. Famílias coloniais: fecundidade e descendência. Curitiba, 1977. p.62. Tese, Cátedra, Universidade Fe-deral do Paraná.
4 9 NADALIN, p.99.
69
tre os de m a i o r r e i t e r a ç ã o , p o r é m q u a n d o i n c l u í d o s nos se-
tenta anos tornavam-se i n s i g n i f i c a n t e s (ver A n e x o 3 ) .
Esse trabalho foi d i f i c u l t a d o p o r q u e os nomes dos ba-
t i z a n d o s , em sua m a i o r i a , eram escritos em p o r t u g u ê s , con-
forme exigência da Igreja C a t ó l i c a em C u r i t i b a .
Ainda a s s i m , o p t o u - s e por r e a l i z á - l o , numa t e n t a t i v a
de r e l a c i o n a r os nomes p r e f e r i d o s com os s i m i l a r e s em a l e m ã o .
3.4.1 Nomes m a s c u l i n o s
0 Quadro 8 m o s t r a os n o m e s que m a i s se d e s t a c a r a m na
p r e f e r ê n c i a dos a l e m ã e s c a t ó l i c o s . N ã o se v e r i f i c a uma pre-
dileção m a r c a n t e nos nomes do sexo m a s c u l i n o ; o b s e r v a m - s e ,
sim, alguns nomes que se d i s t i n g u e m dos d e m a i s , como J o ã o ,
J o s é , Carlos e A l f r e d o .
QUADRO 8
ALEMÃES CATÓLICOS EM CURITIBA
PARÕQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQÜÊNCIA DE NOMES MASCULINOS MAIS UTILIZADOS
1850-919
NOME FREQÜÊNCIA NOME FREQÜÊNCIA NOME FREQÜÊNCIA
João 206 Paulo 57 Eduardo 35 Jose 148 Pedro 56 Emilio 31 Carlos 130 Afonso 56 Miguel 26 Alfredo 116 Luís 55 Oscar 25 Francisco 87 Ernesto 48 Evaldo 23 Artur 81 Júlio 47 Edmundo 22 Augus to 79 Adolfo 45 Leopoldo 21 Antonio 77 Gustavo 44 Rubens 21 Guilherme 67 Manoel 44 Ricardo 20 Rodolfo 64 Albino 41 Oto 19 Henrique 64 Waldemar 41 Teodoro 18 Alberto 64 Roberto 38 Bertoldo 17 Frederico 60 Oswaldo 38 Bernardo 17 Jorge 58 Germano 37 Bruno 16
Outros 1.210
TOTAL 3.469
A p r e f e r ê n c i a dos nomes J o ã o e José nada indica de
concreto se a n a l i s a d o s com relação â e t n i a , pois são c o m u n s
a muitas por serem n o m e s r e l i g i o s o s . • C a r l o s e A l f r e d o é q u e
p o d e m revelar uma influência étnica embora os q u a t r o sejam
facilmente i d e n t i f i c a d o s na língua a l e m ã .
Para v e r i f i c a r a freqüência d e c e n a l dos n o m e s m a i s
u t i l i z a d o s , e l a b o r o u - s e o Q u a d r o 9.
QUADRO 9
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQUÊNCIA DECENAL DOS NOMES MASCULINOS
MAIS UTILIZADOS (%)
1850-919
NOMES 1850-59 1860-69 1870-79 1880-89 1890-99 1900-09 1910-19
João 14,29 10,60 10,73 5,73 6,83 5,19 4,80
José 7,14 4,81 7,80 5,21 4,23 3,86 3,52
Carlos 4,76 7,69 6,34 4,95 4,64 3,46 2,24
Alfredo 2,93 4,43 3,00 4,26 3,04
Francisco 2,88 3,90 4,17 2,19 2,39 2,16
Artur 1,95 2,34 2,32 3,86 1,76
Augusto 4,88 3,12 2,73 1,60 1,84
Antonio 7,14 3,85 1,46 2,34 1,78 2,79 1,92
0 Quadro 9 demonstra que , m e s m o os nomes m a i s u t i l i -
zados, no fim do p e r í o d o vão p e r d e n d o a i m p o r t â n c i a , n ã o so-
b r e s s a i n d o mais n e n h u m outro n o m e .
E v i d e n c i a - s e , p r i n c i p a l m e n t e a p a r t i r da d é c a d a de 8 0 ,
uma v a r i e d a d e m u i t o g r a n d e de nomes e s c o l h i d o s e que se am-
plia g r a d a t i v a m e n t e .
Os únicos nomes que p e r s i s t i r a m em todos os d e c ê n i o s
foram J o ã o , J o s é , C a r l o s e A n t ô n i o .
71
D e c e n a l m e n t e , c o n s t a t o u - s e que a dupla J o ã o e José
a p a r e c e m e n c a b e ç a n d o a p r e f e r ê n c i a em todas as d é c a d a s acom-
panhados de outros nomes que v a r i a v a m c o n f o r m e a d é c a d a .
3.4.2 Nomes femininos
E n t r e os nomes femininos há uma p r e f e r ê n c i a q u e se
destaca" com relação ao nome M a r i a , seguido de p e r t o p o r A n a ,
conforme demonstra o Q u a d r o 1 0 .
QUADRO 10
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQÜÊNCIA DOS NOMES FEMININOS MAIS UTILIZADOS
1850-919
NOME FREQÜÊNCIA NOME FREQÜÊNCIA NOME FREQÜÊNCIA
Maria 311 Amália 39 Amélia 27
Ana 181 Emília 37 Josefina 27
Rosa 80 Alice 36 Otília 26
Adelaide 74 Guilhermina 35 Joana 26
Ema 71 Francisca 35 Berta 25
Helena 70 Sofia 33 Carlota 24 Ida 62 Catarina 33 Isabel 24
Lídia 61 Leonor 32 Nair 23 Teresa 50 Julia 31 Elisa 20 Elvira 49 Margarida 31 Augus ta 19 Olga 48 Mercedes 30 Ângela 18 Clara 47 Matilde 30 Elza 18 Cecília 46 Carolina 29 Inês 18
L u i z a . 44 Paulina 28 Outros 1.474
TOTAL 3.422
Os nomes Maria e A n a , da m e s m a forma q u e os m a s c u l i -
n o s , não revelam uma i n f l u ê n c i a é t n i c a na e s c o l h a , p o i s são
nomes r e l i g i o s o s .
Conforme o Q u a d r o 11, os n o m e s Maria e Ana são os
únicos que figuram em todos os d e c ê n i o s . I n i c i a l m e n t e com
m a i o r ê n f a s e , d e c a i n d o a p r e f e r ê n c i a com o p a s s a r das d é c a d a s .
72
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQÜÊNCIA DECENAL DOS NOMES FEMININOS
MAIS UTILIZADOS (%)
1850-919
NOME 1850-59 1860-69 1870-79 1880-89 1890-99 1900-09 1910-19
Maria 31,00 21,57 12,98 13,11 9,09 8,76 5,68
Ana 5,13 10,78 11,54 8,48 5,87 4,73 2,80
Rosa 1,92 2,06 2,24 3,06
Adelaide 1,92 1,54 3,92 2,50 1,44
Ema 1,96 2,88 4,11 2,94 2,50
Helena 1,44 1,80 2,66 2,22 2,00
Os nomes f e m i n i n o s , ainda m a i s que os m a s c u l i n o s , so-
frem com o tempo uma v a r i a ç ã o m u i t o g r a n d e , n ã o e v i d e n c i a n d o
influência de moda na escolha nas ú l t i m a s d é c a d a s .
3.4.3 C o m b i n a ç ã o de nomes
A c o m b i n a ç ã o de nomes d e m o n s t r a ser um c o s t u m e dos
a l e m ã e s , p o i s desde a p r i m e i r a década os e l e m e n t o s do sexo
m a s c u l i n o já os u t i l i z a v a m . E n t r e t a n t o , sua f r e q ü ê n c i a va-
riou m u i t o c o n f o r m e o d e c ê n i o .
O Q u a d r o 12 m o s t r a que a p a r t i r da d é c a d a de 1870 as
combinações de nomes femininos a u m e n t a m s i g n i f i c a t i v a m e n t e ,
u l t r a p a s s a n d o os m a s c u l i n o s . N o t o t a l g e r a l de b a t i s m o s os
binômes m a s c u l i n o s p a r t i c i p a m com 1 0 , 9 % , e n q u a n t o q u e os bi-
nômes femininos c o m p a r e c e m com 1 5 , 0 % .
Para a u x i l i a r essa análise da escolha dos nomes d a s
c r i a n ç a s , fez-se um q u a d r o para v e r i f i c a r a i n f l u ê n c i a do
nome dos p a i s e/ou dos p a d r i n h o s nessa e s c o l h a . E s s e q u a d r o
levou em conta a r e l a ç ã o entre o(s) nome(s) dos b a t i z a n d o s e
o(s) nome(s) dos p a i s e/ou p a d r i n h o s de b a t i s m o (Quadro 1 3 ) .
QUADRO 12
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBÁ
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQÜÊNCIA DECENAL DE BINOMES (%)
1850-919
BINOMES
DÉCADA
Masculinos Femininos
1850-59 7,14
1860-69 3,84 4,90
1870-79 8,78 10,57
1880-89 7,03 12,08
1890-99 7,51 11,32
1900-09 10,50 16,68
1910-19 15,28 19,36
MÉDIA TOTAL 10,86 15,10
QUADRO 13
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
RELAÇAO ENTRE 0 NOME DO BATIZANDO E
0 NOME DOS PAIS OU DOS PADRINHOS (%)
1850-919
DÉCADA PAI PADRINHO MAE MADRINHA OUTROS
NOMES TOTAL
1850-59 7,41 25,93 3,70 23,46 39,50 100 1860-69 5,83 17,96 6,31 19,42 50,48 100 1870-79 8,47 14,53 4,12 13,80 59,08 100 1880-89 6,34 10,61 6,34 10,09 66,62 100 1890-99 5,67 6,57 3,80 7,60 76,36 100 1900-09 4,42 3,87 1,90 4,83 84,98 100 1910-19 4,92 5,88 2,48 5,64 81,08 100
MÉDIA TOTAL 5,40 7,20 3,30 7,50 76,60 100
74
N o s p r i m e i r o s trinta anos p e s q u i s a d o s essa i n f l u ê n c i a
é s i g n i f i c a t i v a , pois a p r o p o r ç ã o gira em torno de 50% do
t o t a l . N o e n t a n t o , a m a i o r p r e f e r ê n c i a ê com r e l a ç ã o ao no-
me dos p a d r i n h o s e não ao dos p a i s .
A p a r t i r da década de 1880 continua p r e v a l e c e n d o a
influência dos nomes dos p a d r i n h o s , p o r é m o t o t a l de o u t r o s
nomes que não o dos p a i s ou p a d r i n h o s a u m e n t a g r a d a t i v a m e n t e ,
chegando a mais de 80% nas ú l t i m a s d é c a d a s .
Isso significa q u e os p a i s , pelo m e n o s nas três pri-
m e i r a s d é c a d a s , quando iam b a t i z a r os filhos n ã o se p r e o c u -
p a v a m tanto com a influência étnica dos n o m e s , mas sim em
agradar aos p a d r i n h o s , e s c o l h e n d o para seus filhos o nome de
um d e l e s , embora nessa época a grande p a r t e dos p a d r i n h o s
convidados fossem de etnia a l e m ã .
4 DISTRIBUIÇÃO MENSAL DE ÓBITOS
Em virtude da possibilidade de omissões nos dados
obtidos, que resultaram em pequeno número, optou-se por
reunir todas as faixas de idade em um único gráfico (ver
Gráfico 6). Através dele é possível verificar a tendência
da mortalidade do grupo, sem discriminar, no entanto, as
oscilações sazonais no interior das faixas etárias.
GRÁFICO N&6
DISTRIBUIÇÃO MENSAL DE SEPULTAMENTOS
1850-1919
J f m a m j j a s o n d
O ponto mais alto dos óbitos está no mês de março,
seguido muito de perto pelos meses de janeiro e fevereiro.
Outros meses que se destacam por apenas ultrapassarem a mé-
dia são dezembro e depois abril.
76
Esse aumento da m o r t a l i d a d e nos m e s e s de j a n e i r o , fe-
v e r e i r o e d e z e m b r o , m e s e s que c o r r e s p o n d e m ao v e r ã o , p o d e ser
explicado pela alta p o r c e n t a g e m de ó b i t o s de c r i a n ç a s de 0 a
9 a n o s , que p e r f a z 59% do total (ver Q u a d r o 1 4 ) .
QUADRO 14
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
DISTRIBUIÇÃO DECENAL DE ÓBITOS POR GRUPO DE IDADE (%)
1850-919
0 1-9 10-49 50 e + IND TOTAL
1850-59 8,33 25,00 16,67 50,00 - 100
1860-69 23,53 23,53 26,47 23,53 2,94 100
1870-79 36,22 33,86 14,96 10,24 4,72 100
1880-89 36,40 28,87 26,36 6,70 1,67 100
1890-99 37,66 28,57 16,23 16,89 0,65 100
1900-09 32,55 22,75 18,04 24,70 1,96 100
1910-19 30,33 22,62 24,16 19,80 3,09 100
MÉDIA 33,14 25,87 21,32 17,27 2,40 100
A p r o b a b i l i d a d e de m o r t e e n t r e as p e s s o a s idosas é
m a i o r d u r a n t e os m e s e s de i n v e r n o , p o r q u e são m a i s s e n s í v e i s
ao frio; o Gráfico 6, c o n t u d o , n ã o acusa a p a r e n t e m e n t e ne-
nhuma elevação do n ú m e r o de ó b i t o s n e s s e s m e s e s , que seriam
j u n h o , julho e a g o s t o .
Essa m o r t a l i d a d e abaixo da m é d i a no inverno pode ser
resultado da baixa p o r c e n t a g e m de ó b i t o s de p e s s o a s c o m m a i s
de 50 a n o s , ou s e j a , 1 7 % , c o n f o r m e m o s t r a o Q u a d r o 14; com-
p a r a d o s â r e p a r t i ç ã o d e c e n a l de ó b i t o s d o s a l e m ã e s l u t e r a n o s
77
(Quadro 1 5 ) , e s t e s a p r e s e n t a m uma p o r c e n t a g e m b e m m a i s e l e -
v a d a , 2 6 % , d e ó b i t o s de p e s s o a s d e s s a f a i x a de i d a d e . 5 0
QUADRO 15
ALEMÃES LUTERANOS DE CURITIBA
DISTRIBUIÇÃO DECENAL DE ÕBITOS POR GRUPO DE IDADE (%)
0 1-9 10-49 50 e + IND TOTAL
Antes de 1880 19,9 26,3 25,0 18,6 10,2 100
1880-89 29,9 19,7 23,0 19,4 6,0 100
1890-99 30,0 27,9 20,0 20,8 1,3 100
1900-09 21,0 20,0 23,8 32,7 2,5 100
1910-19 21,6 18,0 28,4 31,5 0,5 100
TOTAL 25,12 21,84 24,24 26,10 2,70 100
F O N T E : NÁDALIN, Sérgio Odilon. Une paroisse d'origine germanique au
Brésil: la communauté evangelique lutherienne a Curitiba entre 1866 et
1969. Paris, 1978. 555 p. Tese, Doutorado, Ëcole des Hautes Études
en Sciences Sociales.
A i n d a c o m r e l a ç ã o a e s s a a n á l i s e c o m p a r a t i v a , v e r i f i -
c a - s e u m a p o r c e n t a g e m m a i s e l e v a d a de ó b i t o s de c r i a n ç a s de
0 a n o de i d a d e e n t r e os a l e m ã e s c a t ó l i c o s .
A f o r a e s s a s d u a s d i f e r e n ç a s q u e se o b s e r v a m e n t r e o s
d o i s g r u p o s , o r e s t a n t e da d i s t r i b u i ç ã o p o r c e n t u a l p o r f a i x a
e t á r i a é m u i t o s e m e l h a n t e .
S 0 N A D A L I N , p.236.
5 VISÃO DE CONJUNTO
Na exploração sumária dos dados foram abordados al-
guns aspectos demográficos do g r u p o , dentre eles os movimen-
tos sazonais de casamento, n a s c i m e n t o - c o n c e p ç ã o e sepulta-
m e n t o , os quais permitem delinear algumas atitudes do grupo
frente às prescrições r e l i g i o s a s .
É importante verificar a influência da Igreja Cató-
lica na moral do grupo alemão e ver se ele se o r i e n t a , tal
qual a sociedade t r a d i c i o n a l , pelos fundamentos dos valores
religiosos. Da mesma forma, verificar se o catolicismo mar-
ca sua presença de modo claro no tocante ao comportamento de
alguns preceitos ditados pela Igreja.
Pôde-se perceber que os alemães católicos guardavam a
Quaresma (interdito religioso) tanto para os casamentos como
para as concepções, ou seja, sempre apresentaram iam m í n i m o
de casamentos e concepções nos meses de março e a b r i l . Em
outro período do calendário r e l i g i o s o , o A d v e n t o , não foi
observada a mesma atitude do g r u p o , pois eles m a n t i v e r a m uma
semicontinência, aproximando-se em parte do comportamento
evidenciado pelos luteranos.
Outra v a r i á v e l , os nascimentos i l e g í t i m o s , considera-
dos transgressão maior da m o r a l c r i s t ã , não é expressiva en-
tre os alemães católicos, dando a impressão de uma discipli-
na m o r a l muito g r a n d e .
79
A p a r e n t e m e n t e p o d e - s e falar que a Igreja C a t ó l i c a ,
como uma i n s t i t u i ç ã o s o c i a l , regulava o c o m p o r t a m e n t o dos
alemães católicos e impunha a sua ideologia sobre o m a t r i m ô -
n i o , família e , quem s a b e , até sobre a r e p r o d u ç ã o .
As o s c i l a ç õ e s sazonais e v i d e n c i a m , de certa f o r m a ,
que grande parte do grupo exercia a t i v i d a d e s a g r í c o l a s , po-
rém não se pode ter certeza de tal f a t o , p o i s s o m e n t e após
realizar a r e c o n s t i t u i ç ã o de famílias e após e s t u d o s q u e se
refiram â p r o f i s s ã o t o r n a r - s e - ã p o s s í v e l d e f i n i r com p r e c i s ã o
esse a s p e c t o .
Já pelo m o v i m e n t o sazonal de b a t i s m o s , d e t e c t o u - s e
uma c o n c e n t r a ç ã o dos m e s m o s no m ê s de d e z e m b r o , o q u e revela
que os alemães a g u a r d a v a m épocas de festas r e l i g i o s a s p a r a
b a t i z a r e m seus f i l h o s . Essa a t i t u d e vem m a i s uma vez refor-
çar a idéia de que grande p a r t e do grupo se d e d i c a v a â agri-
cultura e, pela d i f i c u l d a d e de acesso ã c i d a d e , b a t i z a v a m os
filhos em épocas p r o p í c i a s . E s s e c o m p o r t a m e n t o v a i influen-
ciar também na média do intervalo entre o n a s c i m e n t o e o ba-
tismo das c r i a n ç a s , p r i n c i p a l m e n t e na g r a n d e c o n c e n t r a ç ã o de
batismos na faixa de idade de 1 a n o . A e x p l i c a ç ã o do batis-
m o t a r d i o , excluindo os 6% acima de 2 anos de i d a d e , d o s ale-
m ã e s c a t ó l i c o s , aliado ao p r o b l e m a do d i f í c i l a c e s s o ã cida-
d e , pode ser buscada também no c o m p o r t a m e n t o dos a l e m ã e s lu-
t e r a n o s , e v i d e n c i a n d o uma atitude étnica m u i t o s i m i l a r , em-
bora e s t e s , em função da p r ó p r i a r e l i g i ã o q u e a t r i b u í a ao
batismo um valor r e l a t i v o , 5 1 tenham a p r e s e n t a d o uma m é d i a
bem m a i s elevada do intervalo entre o n a s c i m e n t o e o b a t i s m o .
5 1 NADALIN, p.95.
80
Com relação a v a r i á v e l escolha dos n o m e s , o g r u p o não
demonstra p r e f e r ê n c i a s a c e n t u a d a s por esse ou a q u e l e n o m e ,
apesar das p e q u e n a s d i f e r e n ç a s v i s u a l i z a d a s nos Q u a d r o s 10 e
13. No e n t a n t o , a m a i o r i a dos n o m e s l e v a n t a d o s são facilmen-
te identificados como p e r t e n c e n t e s ao "stock" c u l t u r a l germâ-
n i c o , d e m o n s t r a n d o assim uma i n f l u ê n c i a étnica na e s c o l h a .
T o r n o u - s e p o s s í v e l , a p a r t i r de a l g u n s d a d o s e x t r a í -
dos da p e s q u i s a , e s b o ç a r uma a n á l i s e de c e r t o s f a t o r e s ca-
r a c t e r i z a d o s a q u i c o m o i n d i c a d o r e s de a c u l t u r a ç ã o .
A u t i l i z a ç ã o do t e r m o a c u l t u r a ç ã o b a s e o u - s e n u m e s t u -
do r e a l i z a d o p o r W A C H T E L , 5 2 c o m a l g u m a s a d a p t a ç õ e s . E s s e au-
tor a l e r t a p a r a os p a r a d o x o s e a m b i g ü i d a d e s q u e o t e r m o r e ú -
n e e t e n t a uma g e n e r a l i z a ç ã o do seu c o n c e i t o .
S e g u n d o o a u t o r , se a t i p o l o g i a da a c u l t u r a ç ã o f o r n e -
ce os p r i n c í p i o s de u m a o r d e m g e r a l , ao m e s m o t e m p o q u e o p e -
r a t ó r i a s , não é s u f i c i e n t e c o n t u d o p a r a e s g o t a r a c o m p l e x i -
d a d e d i n â m i c a do p r o c e s s o . E l e r e q u e r d o i s m é t o d o s c o m p l e -
m e n t a r e s : p o r um l a d o , o i n v e n t á r i o c o m p a r a t i v o , e , p o r o u -
t r o , a a n á l i s e t a n t o e s t r u t u r a l q u a n t o h i s t ó r i c a d e c a d a ca-
so c o n c r e t o . A a c u l t u r a ç ã o n ã o se r e d u z e n t ã o â a d i ç ã o de
u n i d a d e s i s o l a d a s , p o i s toda c u l t u r a c o n s t i t u i uma t o t a l i d a -
de s i g n i f i c a n t e , e , p o r o u t r o l a d o , o p r o c e s s o se d e s e n v o l
ve em n í v e i s m ú l t i p l o s e s e g u i n d o r i t m o s t e m p o r a i s d i f e r e n t e
W a c h t e l c o n s i d e r a o f e n ô m e n o de a c u l t u r a ç ã o , t a n t o em
seu p r o c e s s o q u a n t o em seus r e s u l t a d o s , r e p a r t i d o e m d o i s
" W A C H T E L , . Nathan. A aculturação. In: LE G O F F , Jacques & N O R A ,
Piérre, dir. História: novos problemas. Rio de J a n e i r o , Francisco Al-
ves Editora, 1976. p.113-29.
83
pólos: o p r i m e i r o como i n t e g r a ç ã o e o segundo como a s s i m i -
lação .
N o processo de i n t e g r a ç ã o , os e l e m e n t o s e s t r a n h o s são
incorporados ao sistema a u t ó c t o n e (no c a s o , os i n d í g e n a s )
que os submete a seus p r ó p r i o s esquemas e c a t e g o r i a s ; e , mes-
m o se p r o v o c a m m u d a n ç a s no c o n j u n t o da s o c i e d a d e , essa reor-
ganização a d q u i r e sentido no interior dos m o d e l o s e v a l o r e s
a u t ó c t o n e s .
No p r o c e s s o de a s s i m i l a ç ã o o f e n ô m e n o se inverte: a
adoção de elementos da cultura d o m i n a n t e (europeus) se acom-
panha da e l i m i n a ç ã o das t r a d i ç õ e s da p o p u l a ç ã o a u t ó c t o n e (in-
d í g e n a s ) , s u b m e t e n d o - s e aos m o d e l o s e aos v a l o r e s da socieda-
de d o m i n a n t e ; ao final dessa e v o l u ç ã o , a i d e n t i d a d e é t n i c a
se dissolve nas v a r i a n t e s da cultura o c i d e n t a l .
N o e n t a n t o , entre esses dois p ó l o s s i t u a m - s e tipos
i n t e r m e d i á r i o s . É o caso dos d i v e r s o s s i n c r e t i s m o s , combi-
nações de elementos saídos de c u l t u r a s d i f e r e n t e s m a s que
dão lugar a novo sistema o r d e n a d o segundo p r i n c í p i o s daque-
les que regiam os sistemas de o r i g e m .
Esses d i v e r s o s p r o c e s s o s de a c u l t u r a ç ã o p o d e m refle-
t i r , em certos m o m e n t o s , um p r o c e s s o que envolva g r u p o s ét-
n i c o s , que não de situação c o l o n i a l , em c o n t a t o . Essa ê uma
situação onde se e n q u a d r a m os a l e m ã e s c a t ó l i c o s de C u r i t i b a ,
e n v o l v e n d o , no e n t a n t o , uma a c u l t u r a ç ã o e s p o n t â n e a e não uma
a c u l t u r a ç ã o i m p o s t a , como se observa em s o c i e d a d e s de força
d e s i g u a l , sendo uma d o m i n a n t e , outra d o m i n a d a .
A m a i o r ou m e n o r a p r o x i m a ç ã o i n t e r c u l t u r à l é um pro-
cesso de longa d u r a ç ã o , ou s e j a , a d u r a ç ã o h i s t ó r i c a do con-
tato muitas vezes d e t e r m i n a r á o caráter da a c u l t u r a ç ã o .
84
O que se p r o p õ e neste t r a b a l h o n ã o é v e r i f i c a r se o
grupo alemão católico a n u l o u - s e em função da s o c i e d a d e re-
ceptora ou v i c e - v e r s a , m a s s i m , na m e d i d a do p o s s í v e l , de-
tectar como se p r o c e s s a r a m os c o n t a t o s c u l t u r a i s , se o gru-
po d e m o n s t r o u muita r e s i s t ê n c i a para i n t e r a g i r com os o u t r o s
grupos étnicos aqui i n s t a l a d o s .
Para m e d i r q u a n t i t a t i v a m e n t e c e r t o s i n d i c a d o r e s d e s s e
p r o c e s s o foram u t i l i z a d a s a l g u m a s v a r i á v e i s , como a e s c o l h a
do cônjuge fora do grupo étnico; a e s c o l h a dos p a d r i n h o s
para batizar a criança ou das t e s t e m u n h a s de c a s a m e n t o ; as
conversões em função do c a s a m e n t o . Esses d a d o s p o d e m reve-
lar t r a n s f o r m a ç õ e s o c o r r i d a s no grupo nos setenta anos ob-
s e r v a d o s , isto ê , m u d a n ç a s c o m p o r t a m e n t a i s na a u t o - i d e n t i d a -
de do grupo em função de fatores que f a c i l i t a r a m ou dificul-
taram a a c u l t u r a ç ã o .
1 A ESCOLHA DOS CÔNJUGES
1.1 CASAMENTOS INTRA E INTERÉTNICOS*
Para obter a freqüência de casamentos intra e inter-
êtnicos, utilizou-se da origem dos noivos quando esse dado
constava nos registros de c a s a m e n t o s . Na sua falta, os noi-
vos foram classificados por meios onomásticos., isto ê , foram
distinguidos quando o sobrenome revelasse serem eles de ori-
gem germânica.
Os imigrantes alemães radicados em Curitiba tiveram
várias procedências: muitos eram r e m i g r a n t e s , vindos ini-
cialmente de Rio Negro e posteriormente de Santa Catarina;
outros, imigrantes vindos diretamente da A l e m a n h a .
Sendo assim, conforme a época em que foram c h e g a n d o ,
instalaram-se tanto na zona urbana como nos arredores de
Curitiba, porém sem formar efetivamente uma colônia só de
indivíduos de origem a l e m ã . Dessa forma, os teutos e seus
descendentes encontravam-se espalhados na vasta área que era
ou seria domínio da cidade, exercendo atividades tipicamente
urbanas ou a g r í c o l a s .
*Com a expressão interétnico, quer-se referir a casamentos entre
elementos de etnias diferentes. Da mesma forma que intra-étnicos quer
significar casamentos entre indivíduos de uma mesma etnia.
86
E s s a d i s p e r s i b i l i d a d e d i f e r e n c i a os a l e m ã e s a q u i e s -
t a b e l e c i d o s d a q u e l e s i n s t a l a d o s em c o l ô n i a s i s o l a d a s . P o r es-
se a s p e c t o , a c r e d i t a - s e n u m c o m p o r t a m e n t o d i v e r s i f i c a d o c o m
r e l a ç ã o aos c r i t é r i o s de e s c o l h a do c ô n j u g e , m a n i f e s t a n d o - s e
d e m a n e i r a a d a r m a r g e m a uma m a i o r a p r o x i m a ç ã o i n t e r c u l t u -
r a l .
P a r a a d é c a d a e m q u e se i n i c i a e s t e e s t u d o ( 1 8 5 0 - 5 9 ) ,
s e m p r e se o b s e r v a u m a c a r a c t e r í s t i c a d i f e r e n t e no q u e c o n -
c e r n e às a t i t u d e s d o g r u p o f r e n t e ãs o u t r a s e t n i a s (ver Grá-
f i c o s 7 e 8); n e s s e c a s o , p o r e x e m p l o , a p o r c e n t a g e m d e ca-
s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s , 7 1 % , s u p e r a e em m u i t o a d e c a s a m e n -
t o s i n t r a - ê t n i c o s , e , a p e s a r de p e q u e n o , o n ú m e r o de c a s a m e n t o s
n e s s a d é c a d a p o d e r i a s u g e r i r q u e a e x o g a m i a do g r u p o a l e m ã o
c a t ó l i c o já era uma r e a l i d a d e .
C o m r e l a ç ã o a e s s e p r i m e i r o d e c ê n i o , s e r i a j u s t i f i c a -
t i v a d e s s a m a i o r c o n c e n t r a ç ã o de c a s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s o
fato de h a v e r p o u c o s i m i g r a n t e s a l e m ã e s na c a p i t a l p a r a n a e n -
s e , f o r ç a n d o uma m a i o r i n t e g r a ç ã o sua c o m a s o c i e d a d e curi-
t i b a n a .
S a b e - s e q u e a p a r t i r da d é c a d a d e 1830 c o m e ç a m a v i r
p a r a C u r i t i b a r e m i g r a n t e s de R i o N e g r o , e d e s s a d é c a d a a t é
1 8 5 0 , a o q u e tudo i n d i c a , n ã o h o u v e p r a t i c a m e n t e a v i n d a d e
o u t r o s i m i g r a n t e s a l e m ã e s .
Um o u t r o m o v i m e n t o m i g r a t ó r i o , já c o m u m n ú m e r o b e m
m a i o r de r e m i g r a n t e s v i n d o s p r i n c i p a l m e n t e d e S a n t a C a t a r i n a
a p a r t i r de 1 8 5 5 , S 3 v a i i n f l u e n c i a r no a u m e n t o c o n s i d e r á v e l de
5 3 BALHANA, A evolução p.13.
87
GRAFICO N27
CASAMENTOS INTRA - ÉTNICOS
50%-
0 -I85CV59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 0 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19
medja período
1850/1919
5 0 % -
0-
GRAFICO N 2 8
CASAMENTOS INTERETNICOS
1850/59 6 0 / 6 9 70 / 79 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19
período
1850/1919
25 %-
O-
GRAFICO N2 9
HOMEM DE CULTURA ALEMA
1850/59 6 0 / 6 9 70/79 80 /89 9 0 / 9 9 I900/09 10/19
media pen'odo
I 850 —1919
GRAFICO N-10
MULHER DE CULTURA ALEMÃ
25%-
1030/59 6 0 6 9 70/79 80/89 9 0 / 9 9 I90(y09 10/19
me ia ponodo
1850-1919
88
casamentos após a década de 1 8 6 0 .
A partir desta década há uma p e q u e n a s u p e r i o r i d a d e
dos casamentos i n t r a - é t n i c o s (Gráficos 7 e 8), m a n t i d a até a
década de 1890, quando n o v a m e n t e os i n t e r c a s a m e n t o s p a s s a m a
apresentar uma p o r c e n t a g e m s u p e r i o r à dos m a t r i m ô n i o s intra-
é t n i c o s , p e r m a n e c e n d o essa v a n t a g e m até o final d o p e r í o d o
e s t u d a d o , embora na ú l t i m a década a d i f e r e n ç a tenha d i m i n u í -
do .
A elevação do índice de c a s a m e n t o s i n t e r é t n i c o s a
partir da década de 18 90 p a r e c e n a t u r a l , uma vez q u e o tempo
é um fator decisivo no p r o c e s s o de a c u l t u r a ç ã o , p r i n c i p a l -
m e n t e em C u r i t i b a , d e v i d o âs c o n d i ç õ e s favoráveis já retra-
tadas a n t e r i o r m e n t e . N o e n t a n t o , a sua p e q u e n a d i m i n u i ç ã o
justamente na época m a i s recente da p e s q u i s a chama a t e n ç ã o ,
uma vez que p a r e c e r i a lógico h a v e r uma m a i o r c o n c e n t r a ç ã o
com o p a s s a r do t e m p o , d i m i n u i n d o ainda m a i s a p o r c e n t a g e m
dos c a s a m e n t o s i n t r a - é t n i c o s .
E n t r e t a n t o , é p o s s í v e l a v e n t a r uma e x p l i c a ç ã o para a
o c o r r ê n c i a , pois este último decênio situa-se no p e r í o d o que
antecedeu a Primeira Guerra M u n d i a l , um p e r í o d o c a r a c t e r i z a -
do pelo início de um fluxo i m i g r a t ó r i o g e r m â n i c o p a r a o Bra-
sil, que vai atingir o seu ápice no p e r í o d o e n t r e - G u e r r a s .
Desse fluxo Curitiba r e c e b e u uma p a r c e l a d e imigran-
tes a l e m ã e s , e são talvez estes i m i g r a n t e s que fazem m u d a r a
tendência normal do c o m p o r t a m e n t o do g r u p o . Isso e x p l i c a
por que os alemães natos m a n i f e s t a m p r e f e r ê n c i a em c a s a r com
indivíduos de o r i g e m g e r m â n i c a , a f i r m a t i v a essa c o m p r o v a d a
por W I L L E M S em estudos sobre a " m i s c i g e n a ç ã o entre e l e m e n t o s
t e u t o - b r a s i l e i r o s " . E s s a p r o p o s i ç ã o é f á c i l de ser a c e i t a
l e v a n d o em c o n s i d e r a ç ã o as c o n d i ç õ e s p s i c o l ó g i c a s do e l e
m e n t o t e u t o r e c é m - c h e g a d o a u m l o c a l t o t a l m e n t e d i v e r s o do
seu l o c a l de o r i g e m .
C o m p a r a n d o o c o m p o r t a m e n t o dos a l e m ã e s c a t ó l i c o s c o m
o d o s a l e m ã e s l u t e r a n o s , v e r i f i c a - s e h a v e r uma d i f e r e n ç a
a c e n t u a d a nas p o r c e n t a g e n s , a s s i n a l a n d o e s t e s c o m o u m g r u p o
de t e n d ê n c i a s m a i s e n d o g â m i c a s do q u e a q u e l e s , c o n f o r m e m o s -
t r a m os Q u a d r o s 16 e 1 7 , a s e g u i r .
QUADRO 16
ALEMÃES EVANGËLICO-LUTERANOS DE CURITIBA CASAMENTOS INTRA E INTERÉTNICOS
1870-919
DÉCADA
CASAMENTOS
INTRA-ÉTNIC0S
CASAMENTOS
INTERÉTNICOS TOTAL
NA % NA %
1870-79 104 83,0 8 6,4
1880-89 202 86,0 24 10,2
1890-99 192 82,3 15 7,2
1900-09 172 96,0 5 2,4
1910-19 196 94,0 12 5,8
TOTAL 866 93 64 6,9 930
FONTE - NADALIN, Sérgio Odilon. Une paroisse d'origine germanique au
Brésil: la communauté evangelique lutherienne a Curitiba entre 1866 et
1969. Paris, 1978. p . 1 7 2 . T e s e , Doutorado, École des Hautes Études
en Sciences Sociales.
54 f . . • ~
WILLEMS, Emilio. A miscigenação entre brasileiros de ascenden
cia germânica. Sociologia, Sao P a u l o , 25(2):97, 1953.
90
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CASAMENTOS INTRA E INTERÊTNICOS
1850-919
DÉCADA
CASAMENTOS INTRA-ÉTNICOS
NA %
CASAMENTOS INTERÊTNICOS
NA %
TOTAL
1850-59 2 28,57 5 71,43
1860-69 23 52,27 21 47,73
1870-79 45 54,22 38 45,78
1880-89 75 56,39 58 43,61
1890-99 91 39,39 140 60,61
1900-09 85 37,12 144 62,88
1910-19 146 40,33 216 59,67
TOTAL 467 42,88 622 57,12 1 . 0 8 9
A endogamia evidenciada no grupo a l e m ã o luterano (ver
Quadros 16 e 17) confirma a h i p ó t e s e de q u e , em função da
r e l i g i ã o , os l u t e r a n o s , c o m p a r a d o s aos a l e m ã e s c a t ó l i c o s ,
sofreriam uma m e n o r i n t e r f e r ê n c i a c u l t u r a l a d v i n d a de o u t r o s
grupos é t n i c o s .
No entanto sabe-se que as c o m u n i d a d e s l u t e r a n a s pro-
curaram d u r a n t e m u i t o tempo p r e s e r v a r , pela m a n u t e n ç ã o da
l í n g u a , tradições e v í n c u l o s de d e p e n d ê n c i a com a Igreja de
o r i g e m . Essa t e n d ê n c i a , segundo W I L L E M S , se faz e s p e c i a l -
m e n t e notar na estreita c o r r e l a ç ã o e x i s t e n t e , para os lute-
r a n o s , entre v a l o r e s r e l i g i o s o s e s e n t i m e n t o de n a c i o n a l i s m o
g e r m â n i c o , a um tal p o n t o que tornaria i m p o s s í v e l d i s s o c i a r
91
r e l i g i ã o e c u l t u r a a l e m ã . 5 5
A i n d a p a r a W I L L E M S , "a b i p a r t i ç ã o r e l i g i o s a — linh a
de d e m a r c a ç ã o c u l t u r a l — não p o d i a d e i x a r de c r i a r c o n d i -
ç õ e s d e a c u l t u r a ç ã o d i f e r e n t e s p a r a p r o t e s t a n t e s e c a t ó l i -
c o s , uma r e c e p t i v i d a d e p a r a v a l o r e s c u l t u r a i s e s t r a n h o s q u e
h a v i a d e v a r i a r c o m o c r e d o do e m i g r a n t e e a a f i n i d a d e reli-
g i o s a d o m e i o a c o l h e d o r " . 5 6
1.2 C A S A M E N T O S I N T E R É T N I C O S E M F U N Ç Ã O DO S E X O
A s u n i õ e s i n t e r é t n i c a s , c o m o já foi i n d i c a d o a n t e r i o r -
m e n t e , a p a r e c e m d e s d e o i n i c i o do p e r í o d o e s t u d a d o . R e s t a
s a b e r , e n t r e t a n t o , q u a l a v a r i a ç ã o q u e h o u v e no c o n t a t o c u l -
t u r a l em f u n ç ã o d o s e x o dos i n d i v í d u o s d o g r u p o c o n s i d e r a d o .
É p o s s í v e l l e v a n t a r a h i p ó t e s e de q u e as c o n d i ç õ e s de
c o n t a t o c u l t u r a l v a r i a m em f u n ç ã o d e d i v e r s o s f a t o r e s , d e n t r e
eles o sexo: a p r i o r i , é p o s s í v e l c o n s i d e r a r q u e n a s s o c i e -
d a d e s o n d e p e r m a n e c e m a l g u m a s e s t r u t u r a s d e t i p o t r a d i c i o n a l ,
a m u l h e r se isola m a i s do q u e o h o m e m . C o n s e q ü e n t e m e n t e , a
p o p u l a ç ã o f e m i n i n a p e r t e n c e n t e a uma e t n o c u l t u r a m i n o r i t á r i a
d e v e a p r e s e n t a r uma m a i o r r e s i s t ê n c i a c u l t u r a l q u e o g r u p o
m a s c u l i n o . 5 7
P a r a e s s a a n á l i s e o r g a n i z a r a m - s e o Q u a d r o 18 e o s G r á -
ficos 9 e 1 0 , q u e p e r m i t e m v i s u a l i z a r a t e n d ê n c i a m a s c u l i n a e
f e m i n i n a c o m r e l a ç ã o ao m a t r i m ô n i o fora d o g r u p o é t n i c o .
5 5 W I L L E M S , Aculturação ..., p . 4 6 8 .
5 6 WILLEMS, Aculturação p . 4 6 8 .
5 7 NADALIN, p . 173.
92
QUADRO 24
ALEMÃES CATÕLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CASAMENTOS INTRA E INTERÉTNICOS
1850-919
DÉCADA
UNIÕES INTERÊTNICAS
UNIÕES
INTRA-ÉTNICAS Homem de Etnia
Alemã com ...
Mulher de Etnia
Alema com ... Total
•NA % N A % N A % N A %
1850-59 2 2.8,57 4 57,14 1 14,29 5 71,43
1860-69 23 52,27 16 36,36 5 11,37 21 47,73
1870-79 45 54,22 26 31,32 12 14,46 38 45,78
1880-89 75 56,39 21 15,79 37 27,82 58 43,61
1890-99 91 39,39 67 29,01 73 31,60 140 60,61
1900-09 85 37,12 63 27,51 81 35,37 144 62,88
1910-19 146 40,33 115 31,77 101 27,90 216 59,67
T O T A L 467 42,88 312 28,65 310 28,47 622 57,12
Nas três p r i m e i r a s d é c a d a s , isto ê , d e 1850 a 1 8 7 9 , o
que se observa ê uma p r e f e r ê n c i a dos i n d i v í d u o s do sexo mas-
culino por contrair m a t r i m ô n i o com m u l h e r e s de o u t r a o r i g e m
é t n i c a , embora desde a primeira década a m u l h e r de o r i g e m
alemã marque presença nos c a s a m e n t o s i n t e r é t n i c o s .
A situação se inverte na década de 1 8 8 0 , q u a n d o as
m u l h e r e s p a s s a m a liderar os c a s a m e n t o s e f e t u a d o s com ele-
m e n t o s de outra e t n i a . A queda dos c a s a m e n t o s e x ó g a m o s por
parte dos indivíduos do sexo m a s c u l i n o , de 34 para 1 6 % , v e m
de encontro ao a u m e n t o de m a i s de 50% (12 p a r a 27%) dos ca-
samentos exógamos de m u l h e r e s de o r i g e m a l e m ã . A p a r t i r de
e n t ã o , e l e m e n t o s do sexo feminino c o n t i n u a m a m a n t e r a m e s m a
i n c l i n a ç ã o , ou s e j a , p e r m a n e c e m na liderança dos c a s a m e n t o s
93
interétnlcos a c o m p a n h a d a s agora p e l o a u m e n t o t a m b é m dos ca-
samentos exógamos do elemento do sexo m a s c u l i n o . E s s a ele-
vação da p o r c e n t a g e m de a m b o s os sexos na e s c o l h a de compa-
nheiros fora do grupo é t n i c o , a p a r t i r da d é c a d a de 1 8 9 0 ,
fez com que h o u v e s s e uma queda a b r u p t a dos c a s a m e n t o s intra-
é t n i c o s .
N o último d e c ê n i o , o c o r r e um p e q u e n o a u m e n t o dos ca-
samentos i n t r a - é t n i c o s , c o i n c i d i n d o com uma d i m i n u i ç ã o dos
enlaces m a t r i m o n i a i s exógamos f e m i n i n o s , que c h e g a r a m a ser
superados pelos m a s c u l i n o s .
Isso p o s t o , alguns a s p e c t o s d e v e r ã o ser c o n s i d e r a d o s .
Apesar de as m u l h e r e s a p r e s e n t a r e m p o r c e n t a g e n s m e n o r e s de
casamentos i n t e r ê t n i c o s nas três p r i m e i r a s d é c a d a s , não se
pode dizer q u e elas tenham tido um c o m p o r t a m e n t o c o m tendên-
cia â n ã o - i n t e g r a ç ã o . Isso p o r q u e o índice m e n o r de casa-
m e n t o s interêtnicos femininos foi de 1 1 % , u m í n d i c e q u e ,
comparado ao da c o m u n i d a d e luterana e v a n g é l i c a de C u r i t i b a ,
revela ser altamente s i g n i f i c a t i v o , p o i s na r e f e r i d a comuni-
d a d e , nos m e s m o s setenta a n o s , o m a i o r foi de 6,7%. 5 8
E , se no início do p e r í o d o houve uma m a i o r p o r c e n t a -
gem de casamentos e x ó g a m o s do sexo m a s c u l i n o , a e x p l i c a ç ã o
m a i s p l a u s í v e l seria de que havia u m d e s e q u i l í b r i o entre os
sexos. Pois se sabe q u e , em um m o v i m e n t o i m i g r a t ó r i o , gran-
de parte dele é c o n s t i t u í d o por e l e m e n t o s do sexo m a s c u l i n o .
Para os alemães e seus d e s c e n d e n t e s da c o m u n i d a d e
evangélica luterana de C u r i t i b a , n ã o se o b s e r v a uma d i f e r e n -
5 8 N A D A L I N , p . 172.
ça s e n s í v e l em f u n ç ã o d o sexo a t é a d é c a d a d e 1 9 1 0 ; 5 9 t o d a -
v i a , c o m o jã foi d e m o n s t r a d o , e l e s a p r e s e n t a m uma m a i o r re-
s i s t ê n c i a p a r a os c o n t a t o s i n t e r c u l t u r a i s .
E m P o r t o A l e g r e , n u m a p e s q u i s a r e a l i z a d a e n t r e os
t e u t o - b r a s i l e i r o s no a n o de 1 9 1 0 , s e g u n d o J . R O C H E , as mu-
l h e r e s a p r e s e n t a v a m uma t e n d ê n c i a m a i s c o n s e r v a d o r a q u e os
h o m e n s , p o i s m a n t i n h a m uma p o r c e n t a g e m s u p e r i o r de c a s a m e n -
tos i n t r a - é t n i c o s . 6 0
C o n s e q ü e n t e m e n t e , ele c o n c l u i q u e as m u l h e r e s s e m p r e
se m o s t r a r a m m a i s fiéis do q u e o s h o m e n s à e t n i a d e o r i g e m ,
p o i s e s t e s p a r e c i a m c a d a vez m a i s i n d i f e r e n t e s à h e t e r o g e -
n e i d a d e é t n i c a da f a m í l i a q u e f u n d a v a m . 6 1
E s s a é uma a f i r m a ç ã o q u e n ã o se a p l i c a ao. c o m p o r t a -
m e n t o f e m i n i n o do g r u p o a l e m ã o c a t ó l i c o (pelo m e n o s é o q u e
i n d i c a m os n ú m e r o s ) , uma vez q u e as m u l h e r e s , d e s d e o i n í c i o
do p e r í o d o e s t u d a d o , a p r e s e n t a r a m p o r c e n t a g e n s s e n s í v e i s de
c a s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s , c h e g a n d o em d e t e r m i n a d a s é p o c a s a
m a n t e r uma s u p e r i o r i d a d e c o m r e l a ç ã o ao h o m e m n e s s e s e n t i d o .
A a n á l i s e da f r e q ü ê n c i a d e c a s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s
p a r a v e r i f i c a r o p r o c e s s o de a c u l t u r a ç ã o do g r u p o ê e s s e n -
c i a l , p o i s , c o m o o b s e r v a W I L L E M S , "é n e c e s s á r i o q u e o c o r r a m
a l t e r a ç õ e s a n t e s e m o u t r a s e s f e r a s c u l t u r a i s , a b r i n d o , as-
s i m , o c a m i n h o p a r a o c a s a m e n t o i n t e r - é t n i c o " . 6 2
5 9 NADALIN, p.176.
6 0 ROCHE, Jean. A colonização alemã no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, Globo, 1969. v.II, p.617.
6 1 ROCHE, p.618.
6 2 WILLEMS, A aculturação ..., p.45'1.
95
Sendo o c a s a m e n t o uma r e l a ç ã o q u e m a i s n a t u r a l m e n t e
expressa a i n t e g r a ç ã o dos i m i g r a n t e s , 6 3 p o d e - s e a f i r m a r q u e
os alemães católicos no final do p e r í o d o e s t u d a d o jã h a v i a m
superado muitos o b s t á c u l o s e já c a m i n h a v a m p a r a uma integra-
ç ã o , uma vez que somente de 1860 a 1889 as u n i õ e s e n d o g â m i -
cas u l t r a p a s s a r a m as e x o g ã m i c a s . A p a r t i r de 1890 até o fim
do período analisado houve uma inversão que p r a t i c a m e n t e não
mais se m o d i f i c o u .
6 3 ROCHE, p . 612 .
2 ESCOLHA DAS TESTEMUNHAS EM FUNÇÃO DA ORIGEM DOS NOIVOS
A escolha das testemunhas de casamento é importante
porque revela, principalmente nesse c a s o , se o c r i t é r i o uti-
lizado levou em consideração a o r i g e m étnica das testemunhas
ou n ã o . Isto ê , não se pode m e d i r se o que p r e v a l e c e u na
escolha da testemunha foi o critério e c o n ô m i c o , o social ou o
sentimental. Pode-se i n f e r i r , no e n t a n t o , se havia uma pre-
ferência ou não por elementos da mesma e t n i a .
Para os casamentos na Paróquia Nossa Senhora da Luz
h a v i a , na maior parte dos c a s o s , duas t e s t e m u n h a s , sempre do
sexo m a s c u l i n o . Quando apareceram registros de testemunhas
do sexo feminino (apenas cinco c a s o s ) , a m u l h e r fazia p a p e l
secundário, uma vez que eram m a n t i d a s as duas t e s t e m u n h a s do
sexo m a s c u l i n o . Isso não quer dizer que a m u l h e r não tenha
participado da cerimônia como t e s t e m u n h a . Ela e r a , com cer-
t e z a , uma peça f i g u r a t i v a , pois sua p r e s e n ç a não seria eter-
nizada em relação ao evento como o h o m e m , que era registrado
como t e s t e m u n h a .
A fim de verificar a dinâmica da i n t e g r a ç ã o c u l t u r a l ,
foram elaborados os Quadros 19 e 20 e os Gráficos 11 e 12,
indicando decenalmente qual a relação entre a o r i g e m dos
noivos e a escolha das testemunhas de c a s a m e n t o .
Como não havia p o s s i b i l i d a d e de descobrir a o r i g e m de
todos os padrinhos devido à grande d i v e r s i d a d e é t n i c a , optou-
QUADRO 19
ALEMAES CATÓLICOS DE CURITIBA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CASAMENTOS INTRA E INTERÊTNICOS QUANTO Ã ORIGEM DAS TESTEMUNHAS
1850-919
D É C A D A
CASAMENTOS INTRA-ÉTNICOS
TESTEMUNHAS
Origem Alema
Ambas
NA
So Uma
NA
Ambas de
Outra
Origem
NA %
Total
NA %
CASAMENTOS INTERÊTNICOS
TESTEMUNHAS
Origem Alema
Ambas So Uma
Ambas de
Outra
Origem
NA NA NA %
Total
N A %
1850-59 1 50,0 1 50,0 — — 2 100 2 40,0 1 20,0 2 40,0 5 100
1860-69 20 86,9 2 8,7 1 4,4 23 100 5 23,8 6 28,6 10 47,6 21 100
1870-79 36 80,0 6 13,3 3 6,7 45 100 5 13,2 13 34,2 20 52,6 38 100
1880-89 50 66,7 14 18,7 11 14,6 75 100 2 3,4 22 37,9 34 58,7 58 100
1890-99 64 70,3 21 23,1 6 6,6 91 100 12 8,6 61 43,6 67 47,8 140 100
1900-09 53 62,3 22 25,9 10 11,8 85 100 27 18,7 55 38,2 62 43,1 144 100
1910-19 99 67,8 36 24,7 11 7,5 146 100 34 15,7 101 46,8 81 37,5 216 100
TOTAL 323 69,2 102 21,8 42 9,0 467 100 87 14,0 259 41,6 276 44,4 622 100
"S3
98
GRÁFICO N2II
ESCOLHA DAS TESTEMUNHAS DE CASAMENTOS
UNIÕES INTRA-ÉTNICAS
1850 - 1919
5 0 % -
O - 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 " 3 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19
media período
1850-1919 AMBAS DE ORIGEM ALEMA
50%
0-
médria período
UMA TESTEMUNHA DE ORIGEM ALEMA 1850/59 60 /69 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919
2 5
O- i—H~ 1850/59 60 /69 7 0 / 7 9 8 0 / 3 9 9 0 / 9 9 l90Cy09 10/19
media período
C Z I 1850-1919
AMBAS DE OUTRA ORIGEM
99
se somente por d i s t i n g u i r os de o r i g e m a l e m ã , sendo o res-
tante dos p a d r i n h o s c o n s i d e r a d o s como de "outra o r i g e m " .
U t i l i z o u - s e também uma coluna para d e t e r m i n a r q u a n d o
somente uma das t e s t e m u n h a s era de o r i g e m a l e m ã . Essa colu-
na foi construída para o caso das u n i õ e s i n t e r é t n i c a s , a fim
de verificar se seria o homem ou a m u l h e r de o r i g e m alemã
que teria m a i o r influência na escolha de p e l o m e n o s um dos
padrinhos de origem a l e m ã .
A n a l i s a n d o o Q u a d r o 19 e o G r á f i c o 11, que e n g l o b a m
os setenta anos e m e s t u d o , v e r i f i c a - s e q u e p r e v a l e c e p a r a os
casamentos i n t r a - é t n i c o s a escolha de p a d r i n h o s da m e s m a
o r i g e m , incluindo ainda no m e s m o caso a e s c o l h a de pelo me-
nos um deles de o r i g e m a l e m ã , o que soma 91% do t o t a l . Isso
equivale a dizer q u e , para os 467 c a s a m e n t o s i n t r a - é t n i c o s
(43% do t o t a l ) , somente 9% tiveram as duas t e s t e m u n h a s de
outra o r i g e m , d u r a n t e os setenta anos o b s e r v a d o s .
Essas p o r c e n t a g e n s i n d i c a m , para os c a s a m e n t o s intra-
é t n i c o s , uma atitude c o n s e r v a d o r a do grupo por m a n t e r 69,2%
de testemunhas escolhidas i n t e i r a m e n t e no seu i n t e r i o r . Já
os 21,8%, que c o r r e s p o n d e m ã escolha de somente uma testemu-
nha do próprio g r u p o , a s s i n a l a m uma c o n c e s s ã o ao grupo cir-
c u n d a n t e , enquanto que os 9,0% r e s t a n t e s , que e s c o l h e r a m as
testemunhas de outra o r i g e m , i n d i c a r i a m uma a t i t u d e de rup-
tura p e r a n t e a m a i o r i a do grupo i m i g r a n t e . P o d e - s e a v e n t a r
a p o s s i b i l i d a d e de que estes 9% se c o n s t i t u í a m de e l e m e n t o s
francamente i n t e g r a d o s , e os 21,8% de e l e m e n t o s t e n d e n d o â
i n t e g r a ç ã o .
Esse c o m p o r t a m e n t o n ã o ê o b s e r v a d o q u a n d o se trata de
uniões i n t e r é t n i c a s , p o i s somente 14% dos p a d r i n h o s escolhi-
100
GRÁFICO N2I2
ESCOLHA DAS TESTEMUNHAS DE CASAMENTOS
UNIÕES INTERETNICAS
1850 -1919
5 0 % -
O - 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 I900/Ü9 10/19
media período
1 8 5 0 - 1919 AMBAS DE ORIGEM ALEMA
5Q%-
0-
meijia período
UMA TESTEMUNHA DE ORIGEM ALEMA 1850/59 60/«9 70 /79 B O ' 8 9 9 0 / 9 9 1900'Ce 10/19 1850 1919
50°/.-
0-
media período
I85CV59 60 /69 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 I 9 0 C 0 9 1 0 / 1 9 1850-1919
AMBAS DE OUTRA ORIGEM
101
dos são ambos de origem a l e m ã . T a m b é m , ao c o n t r á r i o do que
ocorre com os casamentos i n t r a - ê t n i c o s , 41,6% dos n o i v o s ma-
n i f e s t a r a m sua p r e f e r ê n c i a na escolha de p e l o m e n o s um dos
p a d r i n h o s de origem a l e m ã . Somando esses dois c a s o s , eles
p e r f a z e m 54%, isto é , para m a i s de 50% dos p a d r i n h o s convi-
d a d o s , m e s m o quando o c a s a m e n t o é i n t e r é t n i c o , foi levada em
consideração a etnia a l e m ã .
Há que c o n s i d e r a r , e n t r e t a n t o , que os c a s a i s de uniões
interétnicas já r e v e l a v a m uma tendência m a i o r de m a n t e r con-
tato fora do g r u p o , p o i s , ao m e s m o tempo que 50% dos c a s a i s
e s c o l h e r a m pelo menos um elemento de o r i g e m germânica., eles
também e s c o l h e r a m na m e s m a p r o p o r ç ã o e l e m e n t o s de outra e t n i a .
Assim s e n d o , os 44,4% de p a d r i n h o s c o n v i d a d o s da s o c i e d a d e
m a j o r i t á r i a m o s t r a m m u i t o bem uma atitude i n t e g r a d o r a desses
c a s a i s .
Do m e s m o m o d o que no item a n t e r i o r , não h á d i f e r e n ç a
entre o c o m p o r t a m e n t o m a s c u l i n o e o feminino na escolha das
testemunhas q u a n d o o c a s a m e n t o ê i n t e r é t n i c o (ver Q u a d r o 20).
Pensou-se i n i c i a l m e n t e q u e , no c a s a m e n t o i n t e r é t n i c o , q u a n d o
a m u l h e r fosse de o r i g e m a l e m ã , deveria h a v e r uma m a i o r in-
fluência sua na escolha dos p a d r i n h o s , levando-se em consi-
deração que ela c o n v i d a r i a a l g u é m pelo c r i t é r i o é t n i c o .
D e c e n a l m e n t e , com relação aos c a s a m e n t o s i n t r a - é t n i c o s ,
deixando de lado a p r i m e i r a década pelo r e d u z i d o n ú m e r o en-
c o n t r a d o , a escolha de p a d r i n h o s da mesma o r i g e m , na faixa
dos 80% nas d é c a d a s de 186 0 e 1 8 7 0 , cai p a r a 60% no d e c ê n i o
s e g u i n t e , girando em torno dessa p o r c e n t a g e m até o fim da
década de 1910.
QUADRO 19
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CASAMENTOS INTERETNICOS QUANTO Ã ORIGEM DAS TESTEMUNHAS
1815-919
CASAMENTOS INTERÊTNICOS
TESTEMUNHAS TESTEMUNHAS
DÉCADA Origem Alema Ambas de Origem Alemã Ambas de
Outra Total Outra Total
Ambas SÕ Uma Origem Ambas SÓ Uma Origem
NA % NA % NA % NA % NA % NA % NA % NA %
1850-59 1 25,0 1 25,0 2 50,0 4 100 1 100,0 - - - - 1 100
1860-69 4 25,0 5 31,2 7 43,8 16 100 1 20,0 1 20,0 3 60,0 5 100
1870-79 4 15,4 9 34,6 13 50,0 26 100 1 8,3 4 33,3 7 58,4 12 100
1880-89 1 4,8 8 38,1 12 57,1 21 100 1 2,7 14 37,8 22 59,5 37 100
1890-99 8 11,9 30 44,8 29 43,3 67 100 4 5,5 31 42,5 38 52,0 73 100
1900-09 12 19,0 23 36,5 28 44,5 63 100 15 18,5 32 39,6 34 41,9 81 100
1910-19 18 15,7 55 47,8 42 36,5 115 100 16 15,7 46 45,5 39 38,6 101 100
TOTAL 48 15,4 131 42,0 133 42,6 312 100 39 12,6 128 41,3 143 46,1 310 100
Cl co
103
Eni r e s u m o , os casais de uniões i n t r a - é t n i c a s , que
c o n s t i t u e m 43% do total de c a s a m e n t o s do grupo em q u e s t ã o ,
apresentam um c o m p o r t a m e n t o em r e l a ç ã o ã e s c o l h a dos padri-
nhos que não se m o d i f i c a no d e c o r r e r do p e r í o d o . E m b o r a
houvesse contato com outros grupos é t n i c o s , m e s m o q u a n d o es-
se contato res.ultou na escolha de ambos os p a d r i n h o s de ou-
tra o r i g e m , ela nunca u l t r a p a s s o u a faixa dos 1 5 % .
Por se tratar de um grupo l o c a l i z a d o em sua g r a n d e
parte na zona urbana ou a r r e d o r e s de C u r i t i b a , o índice de
escolha de p a d r i n h o s da m e s m a o r i g e m é a l t o , p o i s a t r a v é s
do processo de u r b a n i z a ç ã o é n o r m a l o c o r r e r e m a l t e r a ç õ e s na
vida interna das c o m u n i d a d e s , f a c i l i t a n d o o c o n t a t o interêt-
n i c o . N o e n t a n t o , os a l e m ã e s c a t ó l i c o s , a l é m de apresenta-
rem alto índice de escolha de i n d i v í d u o s do m e s m o grupo ét-
nico e de m a n t e r e m alto esse índice até o século X X , se ca-
racterizam a p r i o r i como um grupo que não forçava m u i t o uma
maior a p r o x i m a ç ã o i n t e r c u l t u r a l .
Da mesma f o r m a , mas com m e n o r i n t e n s i d a d e , a p r e s e n t o u -
se o c o m p o r t a m e n t o dos casais de u n i õ e s i n t e r é t n i c a s (Gráfi-
co 1 2 ) . A partir da década de 1870 até 1890 h o u v e uma m a i o r
c o n c e n t r a ç ã o no item em q u e ambos os p a d r i n h o s e r a m de o u t r a
o r i g e m . A partir de então r e a p a r e c e a s i t u a ç ã o a n t e r i o r ã
da década de 1 8 7 0 , q u a n d o havia a p r e d o m i n â n c i a na escolha
de testemunhas de o r i g e m a l e m ã .
S u r p r e e n d e n t e m e n t e , p a r a este c a s o , a p o r c e n t a g e m de
ambos os p a d r i n h o s de outra o r i g e m d i m i n u i u com o d e c o r r e r
das d é c a d a s . Uma v e z que se a c r e d i t a que o c a s a m e n t o inter-
étnico exerça um p a p e l a m p l i a d o r de c o n t a t o s fora do grupo
é t n i c o , era de esperar que a p r e f e r ê n c i a por p a d r i n h o s de
outra origem a u m e n t a s s e .
3 ESCOLHA DOS PADRINHOS DE B A T I S M O
O convite para apadrinhar uma criança marca um m o m e n -
to importante no relacionamento dos pais com os p a d r i n h o s :
os escolhidos para exercer essa função d e v e m estar prepara-
dos para assumir um p a p e l significativo, que é o de substituir
os pais,quando n e c e s s á r i o , na vida da c r i a n ç a . A l é m d i s s o ,
essa relação de compadrio faz com que se e s t r e i t e m os laços
de amizade já e x i s t e n t e s .
Do m e s m o m o d o que na escolha das testemunhas de casa-
m e n t o , esta deveria obedecer a certos c r i t é r i o s , que p o d e r i a m
ser desde simples laços de p a r e n t e s c o e a m i z a d e até interes-
ses e c o n ô m i c o s .
No entanto, para este trabalho o único critério pas-
sível de ser verificado ê o critério é t n i c o , que pode m u i t o
bem ser um indicador do processo de integração do grupo ale-
mão c a t ó l i c o .
Os Quadros 21, 2 2 e 2 3 foram elaborados c o n s i d e r a n d o
separadamente casais de uniões endogâmicas e e x o g â m i c a s , a
fim de verificar como variou a escolha dos p a d r i n h o s em fun-
ção da origem étnica dos pais dos b a t i z a n d o s . A separação
permite ainda analisar se havia d i f e r e n ç a s c o m p o r t a m e n t a i s
do homem e/ou da m u l h e r de o r i g e m a l e m ã , no caso das uniões
interétnicas, com relação â escolha dos p a d r i n h o s .
105
Q u a n t o ao t o t a l d o s b a t i z a n d o s , o b s e r v a - s e q u e 4 . 6 5 2 ,
ou s e j a , 6 7 % , são f i l h o s de c a s a i s de o r i g e m a l e m ã . C o n s e -
q ü e n t e m e n t e , os f i l h o s de c a s a i s i n t e r é t n i c o s r e p r e s e n t a m
a p e n a s 33% d e s s e t o t a l .
QUADRO 21
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM
FUNÇÃO D A ORIGEM DOS PAIS DOS BATIZANDOS
Uniões Intra-Étnicas - Pais de Origem Alemã 1850-919
PADRINHOS
DÉCADA De I Origem Alema
Ambos de Total DÉCADA
Ambos Padrinho Madrinha Outra Origem
Total
NA % N A % NA % NA % N A %
1850-59 30 44,1 5 7,4 3 4,4 30 44,1 68 100
1860-69 128 74,4 9 5,2 8 4,7 27 15,7 172 100
1870-79 257 76,0 18 5,3 12 3,6 51 15,1 338 100
1880-89 374 68,8 22 4,0 35 6,4 113 20,8 544 100
1890-99 650 65,1 58 5,8 93 9,3 198 19,8 999 100
1900-09 562 56,1 73 7,3 95 9,5 271 27,1 1.001 100
1910-19 827 54,0 101 6,6 142 9,3 460 30,1 1.530 100
TOTAL 2.828 60,8 286 6,2 388 8,3 1.150 24,7 4.652 100
106
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM
FUNÇÃO DA ORIGEM DOS PAIS DOS BATIZANDOS
Uniões Interétnicas - Pai de Origem Alemã 1850-919
PADRINHOS
De Origem Alema
D É C A D A
Ambos Padrinho Madrinha
NA % NA % NA % NA % NA %
1850-59 1 9,1 3 27,3 - - 7 63,6 11 100
1860-69 3 18,7 2 12,5 - - 11 68,8 16 100
1870-79 6 12,5 3 6,2 4 8,3 35 73,0 48 100
1880-89 23 19,2 10 8,3 12 10,0 75 62,5 120 100
1890-99 38 18,5 19 9,3 24 11,7 124 60,5 205 100
1900-09 42 20,4 22 10,7 30 14,6 112 54,3 206 100
1910-19 71 19,6 28 7,7 40 11,1 .223 61,6 362 100
TOTAL 184 19,0 87 9,0 110 11,4 587 60,6 968 100
Ambòs de _ ^ • Total
Outra Origem
QUADRO 23
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM DOS PAIS DOS BATIZANDOS
Uniões Interétnicas - Mãe de Origem Alemã 1850-919
PADRINHOS
DÉCADA De Origem Alema
Ambos de Total DÉCADA
Ambos Padrinho Madrinha Outra Origem
NA % NA % NA % NA % NA %
1850-59 - - - — - - 2 100,0 2 100
1860-69 11 61,1 - - 2 11,1 5 27,8 18 100
1870-79 9 33,3 5 18,5 8 _ 29,6 5 18,5 27 100
1880-89 25 22,9 14 12,8 14 12,8 56 51,4 109 100
1890-99 66 27,2 . 25 10,3 31 Í2.7 121 49,8 243 100
1900-09 64 24,2 32 12,1 58 22,0 110 41,7 264 100
1910-19 144 23,7 62 10,2 83 13,6 319 52,5 608 100
TOTAL 319 25,1 138 10,9 196 15,4 618 48,6 1.271 100
107
GRÁFICO N-13
PADRINHOS DE BATISMO
FILHOS DE UNIÕES INTRA -ÉTNICAS
1850- 1919
5 0 % -
O -
medjo período
AMBOS DE ORIGEM ALEMA 1850/59 6 0 / 6 9 70 /79 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 I90C/09 10 /19 1650— 1919
2 5 % -
I I 1 " T " I 1 I I I I PADRINHOS DE ORIGEM ALEMÃ 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8Q/89 . 90 / 9 9 1900/C9 10/19 1850-1919
2 5 % -
0_ I I -J I 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 80 /89 9 0 / 9 9 1900/09 10/09
50%-
I I MADRINHAS DE ORIGEM ALEMA 1850-1919
1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919 AMBOS DE OUTRA ORIGEM
108
O Gráfico 13 e Q u a d r o 21, que a p r e s e n t a m a l g u m a s ten-
dências do grupo na escolha dos p a d r i n h o s de b a t i s m o , de-
m o n s t r a m que dos casais de uniões i n t r a - ê t n i c a s a escolha
dos padrinhos recaiu p r i n c i p a l m e n t e sobre i n d i v í d u o s de ori-
gem a l e m ã .
Nessa e s c o l h a , a p r o x i m a d a m e n t e 61% dos p a d r i n h o s e r a m ,
a m b o s , de o r i g e m alemã; em 6% dos casos somente o p a d r i n h o
era dessa origem; e em 8%, só a m a d r i n h a p e r t e n c i a ã etnia
a l e m ã .
Isso equivale a dizer q u e os casais de uniões endogâ-
micas c o n v i d a v a m para a p a d r i n h a r seus filhos p r e f e r e n c i a l -
mente elementos de o r i g e m g e r m â n i c a , numa p r o p o r ç ã o de 75%
contra 25% de ambos os p a d r i n h o s de o u t r a o r i g e m é t n i c a .
Esse c o m p o r t a m e n t o sofre uma inversão q u a n d o se trata
dos c a s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s , h a v e n d o i n c l u s i v e d i f e r e n ç a s
quanto ao sexo.
N e s t e c a s o , o h o m e m de o r i g e m alemã a p a r e c e como um
elemento mais d i n a m i z a d o r do q u e a m u l h e r , pois supera-a na
escolha de p a d r i n h o s fora do seu grupo é t n i c o . Isso ainda
pode ser comprovado pela diferença — 19% para os homens e
25% para as m u l h e r e s — na e s c o l h a de e l e m e n t o s da p r ó p r i a
etnia para apadrinhar seus filhos (ver G r á f i c o s 14 e 1 5 ) .
Pela primeira vez neste t r a b a l h o a m u l h e r alemã m o s -
tra-se mais c o n s e r v a d o r a que o h o m e m . M e s m o a s s i m , não se
pode afirmar que a m u l h e r de o r i g e m a l e m ã , n e s t e caso a ca-
tólica, exerceu p a p e l de refrear r e l a ç õ e s i n t e r ê t n i c a s .
A análise d e c e n a l dos G r á f i c o s 13, 14 e 15 não r e v e l a ,
como era de e s p e r a r , um grupo fechado e t n i c a m e n t e na década
de 1850, q u a n d o a imigração para C u r i t i b a era ainda p e q u e n a .
.10.9
GRAFICO N-14
PADRINHOS DE BATISMO
FILHOS DE UNIÕES INTERETNICAS - PAI ALEMÃO
1850 - 1919
2 5 % - mecjia período
I85CV59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 0 8 0 / S 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 AMBOS DE ORIGEM ALEMA
1850 - 1919
2 5 % -
1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919 PADRINHOS DE ORIGEM ALEMA
2 5 %
O -1850/59 60 /69 7 0 / 7 9 80 /89 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919
MADRINHAS DE ORIGEM ALEMA
5 0 % -
0 -1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8CV89 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919
AMBOS DE OUTRA ORIGEM
110
GRÁFICO N2|5
PADRINHOS DE BATISMO
FILHOS DE UNIÕES INTERETNICAS - MÃE A L E M Ã
1850- 1919
5 0 % -
medla período
AMBOS DE ORIGEM ALEMA 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8CV89 9 0 / 9 9 1900/09 10/1 9 1850-1919
2 5%-
I | PADRINHOS DE ORIGEM ALEMA 1850/59 6 0 / 6 9 7 0 / 7 9 8 0 / 8 9 9 0 / 9 9 1900/09 10/19 1850-1919
25% -
O - MADRINHAS DE ORIGEM ALEMA
1850/59 6CV63 7 0 / 7 9 8 0 / 6 9 9 0 / 9 9 1900/09:10/19 1850-1919
5 0 % -
_ ] AMBOS DE OUTRA ORIGEM 1850/59 60/69 70 /79 8 0 / 8 9 90 /99 1900/09 10 /19 1850-1919
111
C o n s t a t o u - s e nesse p e r í o d o uma p r e f e r ê n c i a m a r c a n t e pela es-
colha de p a d r i n h o s de outra o r i g e m é t n i c a . Essa c o l o c a ç ã o é
válida tanto para os c a s a m e n t o s intra q u a n t o para os inter-
é t n i ç o s .
A m e s m a atitude já foi e v i d e n c i a d a na e s c o l h a dos
cônjuges e dos p a d r i n h o s de c a s a m e n t o s . A v e n t o u - s e para es-
se c o m p o r t a m e n t o a e x p l i c a ç ã o do r e d u z i d o n ú m e r o de imigran-
tes alemães em C u r i t i b a .
A p a r t i r da década de 1860 h o u v e uma m u d a n ç a n e s s e
sentido, pois os pais de b a t i z a n d o s de u n i õ e s i n t r a - ê t n i c a s
(Gráfico 13) e s c o l h i a m em escala bem m e n o r p a d r i n h o s de ou-
tra o r i g e m . Basta v e r que no p e r í o d o de 1850-60 h o u v e uma
queda nessa p r e f e r ê n c i a , de 44 para 1 6 % , m a n t e n d o - s e d u r a n t e
algumas décadas em torno desta p o r c e n t a g e m e a p r e s e n t a n d o
uma ascensão nos dois últimos decênios e s t u d a d o s .
Quanto aos pais de b a t i z a n d o s de c a s a m e n t o s inter-
étnicos (Gráficos 14 e 1 5 ) , o b s e r v a - s e nas d é c a d a s de 1860 e
1870 uma d i v e r g ê n c i a na e s c o l h a dos p a d r i n h o s . A m u l h e r se
m o s t r a mais c o n s e r v a d o r a e s c o l h e n d o p r e f e r e n c i a l m e n t e padri-
nhos dentro do p r ó p r i o g r u p o . J á o h o m e m se m o s t r a m a i s di-
n a m i z a d o r , pois m a n t ê m a mesma tendência i n i c i a l , isto ê ,
escolhe p r e f e r e n c i a l m e n t e e l e m e n t o s de outra o r i g e m para ba-
tizar os filhos.
E n t r e t a n t o , a p a r t i r de 1880 o c o m p o r t a m e n t o dos ca-
sais interêtnicos apresenta uma t e n d ê n c i a q u e p e r m a n e c e até
1919, com p e q u e n a s o s c i l a ç õ e s , p r e v a l e c e n d o a e s c o l h a de pa-
drinhos de outra o r i g e m que não a alemã para b a t i z a r e m os
f i l h o s .
112
C o n c l u i n d o , p o d e m - s e e v i d e n c i a r dois c o m p o r t a m e n t o s
dos alemães c a t ó l i c o s com respeito a escolha de p a d r i n h o s de
batismo para seus f i l h o s .
U m , que p r e v a l e c e u nos setenta anos e se refere aos
casamentos e n d o g â m i c o s , d e m o n s t r a n d o q u e eles c o n t r i b u í r a m
para m a n t e r o grupo e t n i c a m e n t e u n i d o , uma vez q u e os ale-
mães católicos d e m o n s t r a r a m uma p r e f e r ê n c i a por e l e m e n t o s
que p e r t e n c i a m ao m e s m o grupo é t n i c o .
O u t r o , que se relaciona aos c a s a m e n t o s i n t e r ê t n i c o s ,
indicando que teriam c o n t r i b u í d o para u m m a i o r r e l a c i o n a m e n t o
do grupo com outras e t n i a s , embora sempre t i v e s s e m m a n t i d o
uma m a r g e m de contatos com elementos de o r i g e m a l e m ã .
4 CONVERSÃO DE ALEMÃES E V A N G É L I C O S
Este item sobre conversões tem como o b j e t i v o verifi-
car a freqüência de conversões de e v a n g é l i c o s para o catoli-
cismo, pois elas p o d e m revelar a a c e i t a ç ã o ou não de a l e m ã e s
católicos em contrair núpcias com alemães p r o t e s t a n t e s , na
medida em que p e r t e n c e m a um m e s m o grupo é t n i c o p o r é m de re-
ligião d i f e r e n t e , e até m e s m o indicar o grau de m a r g i n a l i -
zação sofrida pelos luteranos em relação ã sociedade majori-
tária c a t ó l i c a , optando neste c a s o , pela r e l i g i ã o d o m i n a n t e .
As conversões encontradas nos registros do a r q u i v o da
Paróquia Nossa Senhora da Luz p o d e m ser c a r a c t e r i z a d a s como
sendo de dois tipos: u m a , em função p u r a m e n t e do casamento
com um cônjuge de religião católica; o u t r a , de conversões
feitas individualmente ou por opção de f a m í l i a , incluindo
desde os recém-nascidos até p e s s o a s a d u l t a s de uma mesma fa-
m í l i a .
Analisando o número das conversões registradas p o r
ocasião do batismo (crianças, jovens e adultos), ele c o n s t i t u i
uma parcela pouco r e p r e s e n t a t i v a , se c o m p a r a d o com o total
geral de b a t i s m o s , não atingindo 1% do c o n j u n t o . E s s e s re-
gistros só iniciam na década de 1880, a p r e s e n t a n d o sua m a i o r
porcentagem em 1890-99, de 1,8%, d e c a i n d o nos anos p o s t e r i o -
res (ver Quadro 24).
114
QUADRO 24
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PAROQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CONVERSÕES REGISTRADAS NAS ATAS DE BATISMO
1850-919
SEXO
Masculino Feminino Total
1850--59 - - -
1860--69 - - -
1870--79 1 - 1
1880--89 8 2 10
1890--99 11 16 27
1900--09 8 4 12
1910--19 7 10 17
TOTAL 35 32 67
No e n t a n t o , p o d e - s e aventar a p o s s i b i l i d a d e de haver
ura número b e m m a i o r de c o n v e r s õ e s , o que se deduz do e x a m e
da freqüência de b a t i z a d o s de c r i a n ç a s e m idade a v a n ç a d a pa-
ra o b a t i s m o na Igreja C a t ó l i c a .
Essa c o n s t a t a ç ã o pode ser feita a p a r t i r da a n á l i s e
do intervalo entre o n a s c i m e n t o e o b a t i s m o das c r i a n ç a s ,
o b s e r v a n d o - s e uma p r e f e r ê n c i a q u a s e absoluta dos casais por
batizar seus filhos até um ano de i d a d e . Dessa f o r m a , crian-
ças q u e foram batizadas após essa idade não r e v e l a m um costu-
me dos alemães c a t ó l i c o s , p o d e n d o r e a l m e n t e t r a t a r - s e de con-
versões .
Outro fato que c o n t r i b u i para a a f i r m a ç ã o de que
grande p a r t e dos b a t i s m o s de crianças após essa idade sejam de
conversões ê a o b r i g a ç ã o que a Igreja C a t ó l i c a impunha aos
p a i s , de levarem seus filhos â pia b a t i s m a l tão c e d o q u a n t o
115
p o s s í v e l , s e n d o r e p r o v a d a p e l o C o n c í l i o P l e n á r i o B r a s i l e i r o
a d i l a ç ã o p o r m a i s de dez d i a s a p ó s o n a s c i m e n t o . 6 4 M e s m o as-
s i m , há q u e s a l i e n t a r q u e os a l e m ã e s c a t ó l i c o s n ã o r e s p e i t a -
v a m o r e f e r i d o c o n c í l i o , p o i s a g r a n d e m a i o r i a do g r u p o n ã o
b a t i z a v a nos d e z p r i m e i r o s d i a s . A p e n a s 13% d e l e s c o s t u m a -
v a m .batizar n e s s e p e r í o d o pré—fixado p e l a I g r e j a C a t ó l i c a .
C o n s i d e r a n d o e n t ã o q u e o n ú m e r o de c o n v e r s õ e s p o s s a
ser m a i s s i g n i f i c a t i v o do q u e o e v i d e n c i a d o , p e r g u n t a - s e :
p o r q u e r a z ã o os p a i s b a t i z a v a m s e u s f i l h o s na I g r e j a C a t ó -
lica?
P e l a s c o n v e r s õ e s r e g i s t r a d a s no q u e c o n c e r n e a o g r u p o ,
c o n s t a t o u - s e q u e a m a i o r i a a b s o l u t a dos p a i s d o s c o n v e r t i d o s
e r a m de o r i g e m a l e m ã . S e n d o os p a i s da m e s m a e t n i a e da re-
l i g i ã o p r o s t e s t a n t e , n ã o h a v e r i a r a z ã o p a r a b a t i z a r e m os fi-
lhos na I g r e j a C a t ó l i c a , a m e n o s q u e u m d o s c ô n j u g e s , q u a n d o
s o l t e i r o , p r o f e s s a s s e a r e f e r i d a r e l i g i ã o , t e n d o - s e c o n v e r -
t i d o p o r o c a s i ã o do c a s a m e n t o . N e s t e c a s o , p o d e r i a h a v e r
uma i n f l u ê n c i a do c ô n j u g e c o n v e r t i d o no b a t i s m o d o s f i l h o s ,
q u e t e r i a o p t a d o p e l a sua r e l i g i ã o de o r i g e m .
Q u a n t o a o u t r a f o r m a d e c o n v e r s ã o , r e a l i z a d a p a r a
fins m a t r i m o n i a i s , s o m a r a m 13,7% e m r e l a ç ã o ao t o t a l d o s ca-
s a m e n t o s de a l e m ã e s c a t ó l i c o s .
Os c a s a m e n t o s r e l i g i o s o s m i s t o s p o d e m i n d i c a r u m a
a c e i t a ç ã o p e l o c o n v e r t i d o da p e r d a da " g e r m a n i d a d e " m a n t i d a
p e l a sua r e l i g i ã o de o r i g e m . Isso o c o r r e p r i n c i p a l m e n t e
q u a n d o o c o n v e r t i d o e f e t u o u um m a t r i m ô n i o c o m o c ô n j u g e d e
o u t r a e t n i a p o r é m da r e l i g i ã o c a t ó l i c a .
6 4 PENIDO, M . Teixeira Leite. Iniciação teológica: o mistério
dos sacramentos. Rio de Janeiro, Vozes, 1961. p.118.
116
A m a i o r incidência de c o n v e r s õ e s fica com os a l e m ã e s
do sexo m a s c u l i n o , c o n f i r m a n d o , nesse c a s o , a f i r m a ç õ e s q u e
colocam a m u l h e r como um e l e m e n t o de m a i o r r e s i s t ê n c i a âs
m u d a n ç a s c u l t u r a i s .
Conforme o Q u a d r o 25, os c a s a m e n t o s i n t e r - r e l i g i o s o s
a p a r e c e m desde o inicio do p e r í o d o e s t u d a d o e , d i f e r e n t e m e n t e
dás conversões dos r e g i s t r o s de b a t i s m o s , a p r e s e n t a m um p i c o
na década de 1 8 6 0 - 6 9 , para p o s t e r i o r m e n t e d e c r e s c e r , elevan-
do-se novamente em 1890-99 e d e c a i n d o b a s t a n t e nas u l t i m a s
décadas do p e r í o d o e s t u d a d o .
QUADRO 25
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
NOIVOS DE RELIGIÃO PROTESTANTE
1850-915
SEXO
DÉCADA
Masculino Feminino Ind.
Total
Masculino Feminino Ind.
NA %
1850-59 - - 1 1 14,29
1860-69 14 - 2 16 36,37
1870-79 15 5 - 20 24,09
1880-89 11 9 - 20 15,04
1890-99 22 25 2 49 21,21
1900-09 11 11 4 26 11,35
1910-19 5 7 6 18 4,97
TOTAL 78 57 14 149 13,68
Essa coincidência do a c r é s c i m o em 1890- 99 c o m as con-
versões feitas por o c a s i ã o do b a t i s m o (Quadro 24) é fácil de
e x p l i c a r , pois o c o n v e r t i d o devia b a t i z a r - s e a n t e s de c a s a r .
No e n t a n t o , essa não é uma regra fixa, uma ve z q u e nem todos
117
os c ô n j u g e s c o n v e r t i d o s f o r a m e n c o n t r a d o s n o s r e g i s t r o s d e
b a t i s m o s , a s s i m c o m o n e m t o d o s os i n d i v í d u o s q u e f o r a m b a t i -
zados e s.e c o n v e r t e r a m em i d a d e p r ó p r i a p a r a o c a s a m e n t o o
f i z e r a m na P a r ó q u i a . 0 q u e p o d e o c o r r e r é q u e , n e s s e s ca-
s o s , o p r o c e s s o de c o n v e r s ã o t e n h a sido f e i t o na C a t e d r a l e
o c a s a m e n t o , p o s t e r i o r m e n t e em o u t r a p a r ó q u i a .
Os f a t o s a c i m a m e n c i o n a d o s r e f o r ç a m a a f i r m a t i v a de
q u e d e v e h a v e r l a p s o s n o s r e g i s t r o s , q u a n t o às c o n v e r s õ e s .
Isso p o d e -ser a l i a d o a i n d a ao d e c r é s c i m o d e c o n v e r s õ e s n a s
•últimas d é c a d a s em e s t u d o , e v i d e n c i a n d o t a l v e z u m a c e r t a
d e s p r e o c u p a ç ã o da I g r e j a C a t ó l i c a com os r e g i s t r o s d e con-
v e r s ã o e não uma d i m i n u i ç ã o r e a l d e s s e s c a s a m e n t o s .
E s s e p o r c e n t u a l d e c a s a m e n t o s i n t e r - r e l i g i o s o s l e v a a
c r e r q u e o g r u p o d á i m p o r t â n c i a em p r i m e i r o l u g a r à e t n i a do
c ô n j u g e e e m s e g u n d o l u g a r a sua r e l i g i ã o .
E s s a é uma c a r a c t e r í s t i c a t a m b é m e v i d e n c i a d a e m Jarirn,
i n t e r i o r de S a n t a C a t a r i n a , a f i r m a n d o A L B E R S H E I M q u e na "es-
colha do c ô n j u g e p r e p o n d e r a , em p r i m e i r o l u g a r , o c r i t é r i o
étnico" e q u e "além do c r i t é r i o é t n i c o p r e v a l e c e o r e l i g i o s o ,
i m p e d i n d o os c a s a m e n t o s e n t r e c a t ó l i c o s e p r o t e s t a n t e s , a p e -
sar das r e l a ç õ e s e n t r e os d o i s g r u p o s s e r e m m u i t o b o a s . Em-
bora h a j a o p o s i ç ã o p o r a m b a s as p a r t e s , o p a d r e é m a i s rígi-
d o , r e c u s a n d o - s e a c e l e b r a r a u n i ã o , e x t r e m o ao q u a l o p a s -
tor n ã o t e m c h e g a d o " . 6 5
N o e n t a n t o , q u a n t o à p r o b l e m á t i c a I g r e j a e c a s a m e n t o
i n t e r - r e l i g i o s o , o b s é r v o u - s e c o m r e l a ç ã o a o g r u p o e s t u d a d o a
6 S ALBERSHEIM, Orsula. Uma comunidade beuto-brasileira; Jarim.
Rio cie Janeiro, INEP/CBPE/MEC, 1962. p.112.
118
m e s m a r e s i s t ê n c i a da I g r e j a C a t ó l i c a , uma v e z q u e d e s d e 1850
já se e n c o n t r a m c a s o s de c o n v e r s õ e s p a r a o c a s a m e n t o . H a v i a ,
é l ó g i c o , a o b r i g a ç ã o d o c ô n j u g e não-.católico de c o n v e r t e r -
s e , a b j u r a n d o o p r o t e s t a n t i s m o e p r o m e t e n d o d a l i p a r a a
f r e n t e s e g u i r o c a t o l i c i s m o , i n i c i a n d o i n c l u s i v e s e u s f i l h o s
n e s s e c a m i n h o . O u , e n t ã o , o c ô n j u g e c a t ó l i c o j u r a v a f a z e r o
c o n v e r t i d o s e g u i r as n o r m a s da r e l i g i ã o c a t ó l i c a .
N o i n i c i o do p e r í o d o e s t u d a d o , p o d e r i a m t a m b é m t e r
c o n t r i b u í d o p a r a os c a s a m e n t o s i n t e r - r e l i g i o s o s
os sérios obstáculos provenientes da apli-
caçao estrita de princípios da constituição
do Império, entre estes, o de somente reco-
nhecer como válidos os casamentos celebra-
dos por sacerdotes catõlicos. Como conse-
qüência, tanto os matrimonios protestantes
como a prole deles advinda sao legalmente
classificados como ilegítimos. Somente em
1861, por força de um decreto, essa situa-
çao foi m o d i f i c a d a , sendo então estabele-
cidas as condiçoes para o reconhecimento
legal dos casamentos evangélicos. 6 6
E n t r e t a n t o , ê j u s t a m e n t e na d é c a d a d e 1 8 6 0 , q u a n d o os
c a s a m e n t o s p r o t e s t a n t e s já e r a m l e g a i s , q u e se t e m o p i c o de
c a s a m e n t o s i n t e r - r e l i g i o s o s .
E s s a c o n t r a d i ç ã o se e x p l i c a e m p a r t e p o r q u e a lei d e
1861 e o d e c r e t o d e 186 3, q u e l e g a l i z a v a m o c a s a m e n t o ãs re-
l i g i õ e s t o l e r a d a s , n ã o a t e n d i a m a t o d o s os l e g í t i m o s inte-
r e s s e s da o r g a n i z a ç ã o s o c i a l p r o t e s t a n t e , p o i s o s c a s a m e n t o s
m i s t o s c o n t i n u a v a m s o b o e x c l u s i v o d o m í n i o c a t ó l i c o r o m a n o . 6 7
6 6 CAMARGO, C.P.F. et alii. Católicos, protestantes e espíritas.
Petrópolis, Vozes, 1973. p.184
6 7 RIBEIRO, Boanerges. Protestantismo no Brasil monárquico,
1822-1888: aspectos culturais de aceitaçao do protestantismo no Brasil.
São Paulo, Pioneira, 1973. p.114-5.
119
Esse o b s t á c u l o ao c a s a m e n t o m i s t o fez com que m a i s tarde os
pastores p a s s a s s e m a e x i g i r dos c a t ó l i c o s a a b j u r a ç ã o por
escrito do c a t o l i c i s m o r o m a n o .
A solução final para esse p r o b l e m a foi a s e p a r a ç ã o
entre os efeitos civis e a c e r i m ô n i a r e l i g i o s a , p o r m e i o do
casamento c i v i l , somente a d m i t i d o a p a r t i r da R e p ú b l i c a . 6 8
68 RIBEIRO, p .116 .
5 VISÃO DE CONJUNTO
A dinâmica dos contatos culturais apresenta o g r u p o
alemão católico com um comportamento d i f e r e n c i a d o do de ou-
tros grupos alemães dos quais foram t a m b é m a n a l i s a d a s as
variáveis c a s a m e n t o , padrinhos de batismo e testemunhas de
c a s a m e n t o .
Para o caso dos c a s a m e n t o s , d e i x a n d o de lado a pri-
meira década pelo pequeno número de núpcias c o n t r a í d a s , po-
de-se dizer que os alemães católicos m a n t i v e r a m uma tendên-
cia â exogamia, considerada n o r m a l em q u a l q u e r contato inter-
grupal, p o i s , conforme a questão levantada no início do tra-
b a l h o , o tempo deve ser um fator favorável â i n t e g r a ç ã o .
Nesse caso dos c a t ó l i c o s , a integração foi ainda f a v o r e c i d a ,
uma vez que a religião não os m a n t e v e ligados ao Víivtsdttum,
como ocorreu com a religião p r o t e s t a n t e ; d a í o caráter mais
éndogâmico do grupo p r o t e s t a n t e . Outro fator já m e n c i o n a d o
e que colaborou também para a integração foi a localização
dos alemães católicos num m e i o urbano e s e m i - u r b a n o .
Esse caráter m a i s éndogâmico do grupo p r o t e s t a n t e já
foi evidenciado também entre os p r o t e s t a n t e s de São L o u r e n ç o
do Sul; 6 9 entretanto a endogamia dos c a t ó l i c o s t a m b é m de São
6 9 SOARES, p.51-127.
121
Lourenço do Sul supera e em m u i t o a dos c a t ó l i c o s curitiba-
n o s . A e x p l i c a ç ã o para essa v a r i a ç ã o do índice de endogamia
;entre os dois grupos c a t ó l i c o s e s t á na l o c a l i z a ç ã o territo-
rial de a m b o s . Se os alemães c a t ó l i c o s de C u r i t i b a s o f r e r a m
grande influência do m e i o u r b a n o , os de São L o u r e n ç o , ao con-
t r á r i o , se localizavam em uma c o l ó n i a , o que f a v o r e c e u a coe-
são étnica do g r u p o . Para ter uma idéia da v a r i a ç ã o da in-
tensidade e n d o g â m i c a desses d o i s g r u p o s de r e l i g i ã o c a t ó l i c a ,
é só r e l a c i o n a r os números: para estes o m a i s b a i x o í n d i c e
de casamentos e n d o g â m i c o s foi de 75%, e n q u a n t o que p a r a
aqueles o mais alto foi de 5 6 , 4 % .
Com relação aos c a s a m e n t o s e x ó g a m o s , o grupo c a t ó l i c o
curitibano apresenta uma c o n s t a n t e e l e v a ç ã o das p o r c e n t a g e n s
com o passar das d é c a d a s , com e x c e ç ã o da ú l t i m a , em que há
um pequeno d e c r é s c i m o . Os a l e m ã e s c a t ó l i c o s de São L o u r e n ç o
do Sul m a n t ê m p e q u e n a s o s c i l a ç õ e s , ora se e l e v a n d o , ora di-
m i n u i n d o . E n t r e t a n t o a d i f e r e n ç a e n t r e a m e n o r p o r c e n t a g e m
dos alemães católicos de Curitiba e a m a i o r do grupo de São
Lourenço do Sul chega a quase 5 0 % .
N o grupo alemão católico de C u r i t i b a a m u l h e r n ã o
aparece com uma atitude c o n s e r v a d o r a : p e r c e b e - s e uma peque-
na resistência no início do p e r í o d o e s t u d a d o , m a s ela a c a b a
assumindo posição m e n o s conservadora que o h o m e m , em c e r t o s
m o m e n t o s , na a m p l i a ç ã o dos c o n t a t o s i n t e r é t n i c o s . N o entan-
t o , é uma situação m a i s uma v e z d i f e r e n c i a d a da d o grupo ca-
tólico de São L o u r e n ç o . N e s t e , os c a s a m e n t o s e x ó g a m o s , c o m
exceção da primeira d é c a d a , foram sempre l i d e r a d o s por indi-
víduos do sexo m a s c u l i n o . Segundo a a u t o r a , isso se explica
pelo isolamento da c o l ô n i a , que levaria seus h a b i t a n t e s a um
122
tipo de vida t r a d i c i o n a l em que o h o m e m tinha m a i s a c e s s o ,
em função de suas a t i t u d e s , ao g r u p o l u s o - b r a s i l e i r o , faci-
l i t a n d o os contatos mais Íntimos; a l i a - s e a esse a s p e c t o o
fato de haver um d e s e q u i l í b r i o entre os s e x o s , em q u e o ele-
m e n t o m a s c u l i n o seria m a i s n u m e r o s o . Dessa f o r m a , a locali-
zação t e r r i t o r i a l do grupo c u r i t i b a n o teria i n f l u e n c i a d o no
comportamento m e n o s c o n s e r v a d o r do e l e m e n t o a l e m ã o do sexo
f e m i n i n o .
Na escolha das t e s t e m u n h a s de c a s a m e n t o , os casais de
uniões intra-étnicas m a n t i v e r a m os laços d e n t r o do g r u p o ,
resistindo mais a interagir c o m o u t r o s g r u p o s . J á os casais
de uniões i n t e r é t n i c a s , r e s p o n d e n d o âs e x p e c t a t i v a s , escolhe-
ram em quase 50% dos casos e l e m e n t o s fora do grupo é t n i c o ,
e m b o r a , ao c o n t r á r i o dos c a s a m e n t o s i n t r a - é t n i c o s , c o m o
p a s s a r do t e m p o , esses casais d e m o n s t r a s s e m uma t e n d ê n c i a
mais e n d o g â m i c a , e v i d e n c i a n d o , t a l v e z , uma m a i o r i n f l u ê n c i a
do c ô n j u g e de o r i g e m alemã na escolha das t e s t e m u n h a s , tra-
z e n d o , n e s t e c a s o , o c ô n j u g e não a l e m ã o p a r a o c o n v í v i o do
g r u p o .
N o v a m e n t e c o m p a r a n d o os r e s u l t a d o s com os do g r u p o
alemão católico de São L o u r e n ç o do S u l , c o n s t a t a - s e q u e os
casais de uniões e n d o g â m i c a s de C u r i t i b a se a p r e s e n t a m m e n o s
conservadores do que a q u e l e s , p o i s e s c o l h e m g r a n d e p o r c e n t a -
gem de p a d r i n h o s m i s t o s , e n q u a n t o que o g r u p o de São Louren-
ço c o n v i d a , em m a i o r i a a b s o l u t a , c a s a i s d e n t r o da m e s m a e t n i a .
O m e s m o já n ã o ocorre com r e l a ç ã o ao c o m p o r t a m e n t o dos
casais de uniões e x o g â m i c a s : o grupo c a t ó l i c o de C u r i t i b a e
o de são Lourenço a p r e s e n t a m u m c o m p o r t a m e n t o s i m i l a r . A m b o s
e s c o l h e m , na m e s m a p r o p o r ç ã o , p r e f e r e n c i a l m e n t e p a d r i n h o s
123
m i s t o s ou ambos de outra o r i g e m . Da m e s m a m a n e i r a , em ambos
os casos não houve p r a t i c a m e n t e d i f e r e n ç a no c o m p o r t a m e n t o
feminino e no m a s c u l i n o nessa e s c o l h a .
Para os dois g r u p o s , p o r é m com m e n o s i n t e n s i d a d e en-
tre os alemães de C u r i t i b a , o c a r á t e r e n d o g â m i c o f a v o r e c e u
uma atitude mais c o n s e r v a d o r a , e n q u a n t o que o s c a s a m e n t o s
exõgamos p o s s i b i l i t a r a m forte t e n d ê n c i a à i n t e g r a ç ã o d i n a m i -
zando esse p r o c e s s o .
Na escolha dos p a d r i n h o s de b a t i s m o , p a r a o s c a s a i s
de uniões i n t r a - ê t n i c a s não se v e r i f i c o u a m e s m a t e n d ê n c i a
evidenciada para as t e s t e m u n h a s de c a s a m e n t o , p o i s a p r e f e -
rência por e l e m e n t o s do grupo cai de 91% para 75%; h á q u e sa-
l i e n t a r , no e n t a n t o , que esta p o r c e n t a g e m ê t a m b é m b a s t a n t e
s i g n i f i c a t i v a .
Da m e s m a f o r m a , porém com m a i o r i n t e n s i d a d e , m o s t r a -
se o comportamento dos casais i n t e r é t n i c o s c o m r e l a ç ã o â
escolha dos p a d r i n h o s de b a t i s m o . P o i s , com e x c e ç ã o da ati-
tude da m u l h e r nas d é c a d a s de 1860 e 1 8 7 0 , em que se m a n t é m
uma p r e f e r ê n c i a na escolha de p a d r i n h o s a l e m ã e s , t a n t o o ho-
m e m de origem alemã q u a n t o a m u l h e r e s c o l h e r a m p r e f e r e n c i a l -
m e n t e e l e m e n t o s fora do grupo é t n i c o p a r a a p a d r i n h a r seus
filhos e em escala b e m m a i o r que na escolha de p a d r i n h o s de
c a s a m e n t o . Isso quer dizer que para a e s c o l h a do p a d r i n h o
de b a t i s m o não levaram tanto em conta a e t n i a .
N e s s e caso não existe c o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e o g r u p o
de Curitiba e o de São L o u r e n ç o , pois este se m o s t r a m u i t o
mais c o n s e r v a d o r para a e s c o l h a de p a d r i n h o s de b a t i s m o do
que para as testemunhas de c a s a m e n t o , v a r i a n d o t a l v e z os cri-
térios u t i l i z a d o s p e l o s dois g r u p o s nessa e s c o l h a . O compa-
124
d r i o em zonas r u r a i s t e n d e a ser m a i s f o r t e e d e v e p e r m a n e -
c e r em g r a n d e p a r t e d e n t r o d o p r ó p r i o c í r c u l o f a m i l i a r ou
d e n t r o do g r u p o é t n i c o , h a v e n d o , q u e m s a b e , uma r e l a ç ã o m a i s
í n t i m a e n t r e e l e s , a t i t u d e q u e n u m c e n t r o u r b a n o n ã o p e r m a -
n e c e tão f i r m e .
A s c o n v e r s õ e s f o r a m c o n s i d e r a d a s a q u i c o m o u m f e n ô m e -
no de a c u l t u r a ç ã o , p o i s os a l e m ã e s c a t ó l i c o s a o c a s a r c o m
e l e m e n t o s de r e l i g i ã o d i f e r e n t e p o r é m da m e s m a e t n i a e s t a r i a m
r e v e l a n d o uma t e n d ê n c i a e n d o g â m i e a na -medida e m q u e s e r i a le-
v a d a em c o n t a a e t n i a do c ô n j u g e e n ã o a r e l i g i ã o . Os a l e -
m ã e s c a t ó l i c o s de C u r i t i b a , p e l o n ú m e r o d e c a s a m e n t o s c o m
a l e m ã e s l u t e r a n o s , l e v a r a m em conta a e t n i a e n ã o a r e l i g i ã o
do n o i v o ( a ) . A t i t u d e c o n t r á r i a da e v i d e n c i a d a no R i o G r a n d e
do S u l em a l g u n s e s t u d o s s o b r e a l e m ã e s c a t ó l i c o s , q u e , se-
g u n d o W I L L E M S , p r e f e r i a m c a s a r c o m e l e m e n t o s d e o u t r a s e t n i a s
a c a s a r c o m o s p r o t e s t a n t e s a l e m ã e s . 7 0
7 0 WILLEMS, Assimilação ..., p.216.
126
O p r e s e n t e trabalho é um e n s a i o e , p o r t a n t o , não tem
a p r e t e n s ã o de esgotar o tema p r o p o s t o . D i v e r s o s f a t o r e s ,
alheios ã vontade do p e s q u i s a d o r , l e v a r a m - n o a d e l i m i t a r o
estudo do grupo ao p e r í o d o de 1850 a 1 9 1 9 . N ã o o b s t a n t e a
d e l i m i t a ç ã o t e m p o r a l , as fontes (registros p a r o q u i a i s ) foram
exploradas numa tentativa de e s g o t á - l a s . Se não foi p o s s í -
v e l , i.sso de deve às p r ó p r i a s l a c u n a s e x i s t e n t e s nas infor-
m a ç õ e s dos registros e a d i f i c u l d a d e s na t e n t a t i v a de deli-
m i t a r o g r u p o . A p e s a r d i s s o , os r e s u l t a d o s o b t i d o s p o d e m
ser s a t i s f a t o r i a m e n t e a p r o v e i t a d o s , pois a b r e m c a m i n h o a no-
vas c o m p a r a ç õ e s .
Com relação ao o b j e t i v o i n i c i a l p r o p o s t o — localizar
os imigrantes alemães c a t ó l i c o s e seus d e s c e n d e n t e s e m Curi-
tiba e realizar a e x p l o r a ç ã o sumária dos d a d o s r e f e r e n t e s ao
grupo — , pode-se a f i r m a r q u e todos os e s f o r ç o s foram concen-
trados para c u m p r i - l o s .
A e x p l o r a ç ã o sumária d o s d a d o s c o n t r i b u i u p a r a a com-
p r o v a ç ã o da hipótese sobre a i n f l u ê n c i a r e l i g i o s a na m o r a l
dos c a t ó l i c o s . Os a l e m ã e s c a t ó l i c o s , tal q u a l a s o c i e d a d e
c a t ó l i c a , p r o c u r a r a m seguir as n o r m a s de sua I g r e j a , guar-
dando c o e r e n t e , mas não r i g i d a m e n t e , os i n t e r d i t o s r e l i g i o -
s o s . A o b s e r v â n c i a desses i n t e r d i t o s , c a r a c t e r i z a d o s pela
127
Quaresma e A d v e n t o , r e f l e t e , j u n t a m e n t e com o n ú m e r o inex-
p r e s s i v o de nascimentos, i l e g í t i m o s , o grau de m o r a l i d a d e re-
ligiosa a p r e s e n t a d a p e l o s a l e m ã e s c a t ó l i c o s , d e m o n s t r a n d o um
certo respeito pelos p r e c e i t o s de sua I g r e j a .
N o e n t a n t o , segundo A n d r é B U R G U I È R E , 7 1 o único m e i o de
avaliar a ausência de c o n c e p ç õ e s na Q u a r e s m a , c o m o i n d i c a d o r
de m o r a l i d a d e , é v e r i f i c a r sua r e l a ç ã o c o m os i n d i c a d o r e s de
desvios como o de n a s c i m e n t o s i l e g í t i m o s e c o n c e p ç õ e s prê-
n u p c i a i s , c o m p o r t a m e n t o s esses q u e t r a n s g r i d e m a m o r a l reli-
giosa c a t ó l i c a .
No caso dos a l e m ã e s c a t ó l i c o s , o ú n i c o i n d i c a d o r ava-
liado foi o dos n a s c i m e n t o s i l e g í t i m o s , cujos r e s u l t a d o s re-
p r e s e n t a m uma p o r c e n t a g e m i n s i g n i f i c a n t e e n t r e o s m i g r a n t e s
de origem g e r m â n i c a , o q u e foi e v i d e n c i a d o t a m b é m p a r a os
luteranos. 7 2 Com r e f e r ê n c i a às c o n c e p ç õ e s p r ê - n u p c i a i s , não
há como v e r i f i c a r tal v a r i á v e l n e s t e e s t u d o p r e l i m i n a r dos
a l e m ã e s , p o i s p a r a isso será n e c e s s á r i a uma a n á l i s e q u e en-
volve a r e c o n s t i t u i ç ã o das f a m í l i a s .
Outro resultado v e r i f i c a d o a p a r t i r desta e x p l o r a ç ã o
dos dos dados foi a p o s s í v e l c a r a c t e r i z a ç ã o p r o f i s s i o n a l de
grande p a r t e do grupo: há fortes i n d í c i o s de q u e m u i t o s
alemães católicos e x e r c i a m a t i v i d a d e s a g r í c o l a s e h a b i t a v a m
nos arredores de C u r i t i b a . A d e f i n i ç ã o m a i s p r e c i s a das
p r o f i s s õ e s , e n t r e t a n t o , ainda ê um p r o b l e m a não r e s o l v i d o .
1 1 BURGUIÈRE, p.69.
7 2 NADALIN, p.329.
128
A continuação desta p e s q u i s a , d i r i g i n d o - s e c o n v e n i e n t e m e n t e
para outros tipos de fontes e u t i l i z a n d o o u t r a s t é c n i c a s ,
p e r m i t i r á , a m é d i o p r a z o , d e f i n i r as r e l a ç õ e s de c l a s s e s no
interior do g r u p o . A l é m d i s s o , s e r á p o s s í v e l d e s e n v o l v e r a
p r o b l e m á t i c a da a c u l t u r a ç ã o levando em conta os s e g m e n t o s
sociais para verificar quais r e v e l a v a m m a i o r r e s i s t ê n c i a aos
contatos i n t e r ê t n i c o s .
Um segundo reflexo da situação e c o n ô m i c a dos imigran-
tes poderia ser d e t e c t a d o através do e s t u d o da idade ao ca-
s a r , pois o c a s a m e n t o é , em p r i m e i r o l u g a r , uma a s s o c i a ç ã o
econômica fundada sobre a r e p a r t i ç ã o das tarefas entre os
sexos: é uma a s s o c i a ç ã o que e x i g e um m í n i m o de e c o n o m i a s
para a sua fundação — um lugar no c a m p o , uma l o j a , uma ofi-
cina na cidade ou uma p r o f i s s ã o . "Montar uma casa" e x i g e
antes de mais nada uma e s t a b i l i d a d e m o r a l e p r o f i s s i o n a l dos
c ô n j u g e s , condições que p o d e m e v e n t u a l m e n t e c o n t r i b u i r para
a demora entre a p r o m e s s a de c a s a m e n t o e sua r e a l i z a ç ã o . D a í
a importância de v e r i f i c a r se o c a s a m e n t o é t a r d i o ou n ã o .
E n t r e t a n t o , os r e s u l t a d o s o b t i d o s nesta p e s q u i s a i n i c i a l são
ainda b a s t a n t e h i p o t é t i c o s d e v i d o ao r e d u z i d o n ú m e r o de re-
gistros em que consta a idade dos n o i v o s .
N o caso dos ó b i t o s , t a m b é m a n a l i s a d o s nesta p e s q u i s a ,
r e f l e t e - s e a n e c e s s i d a d e de um estudo m a i s p r o f u n d o , m a i s
p a r t i c u l a r i z a d o , numa tentativa de c o r r e ç ã o dos dados retira-
dos dós r e g i s t r o s , uma vez q u e se a p r e s e n t a m com lacunas e
p o s s í v e i s f a l h a s . Para t a l , há a p o s s i b i l i d a d e de u t i l i z a r
técnicas já d e s e n v o l v i d a s pelos d e m ó g r a f o s - h i s t o r i a d o r e s .
129
N o p r o c e s s o de a c u l t u r a ç ã o dos a l e m ã e s c a t ó l i c o s ,
comprovo.u-se c o n s t i t u í r e m eles um grupo q u e g r a d a t i v a m e n t e
se foi integrando com a s o c i e d a d e m a j o r i t á r i a . N ã o se p o d e
negar que foi um p r o c e s s o l e n t o , m a s , c o m p a r a d o com o que
ocorreu com os alemães luteranos e/ou c a t ó l i c o s l o c a l i z a d o s
em c o l ô n i a s , o seu p r o c e s s o i n t e g r a t ó r i o , em um m e s m o p e r í o -
do de t e m p o , d e s e n v o l v e u - s e b e m m a i s i n t e n s a m e n t e .
E o c a s a m e n t o e x o g â m i c o vai c o n t r i b u i r de forma deci-
siva nesse p r o c e s s o . E n t r e t a n t o só vai a c o n t e c e r com o gru-
po alemão c a t ó l i c o , p o r causa das c o n d i ç õ e s f a v o r á v e i s e m q u e
se e n c o n t r a v a m seus e l e m e n t o s : de um l a d o , a p r e s s ã o inte-
gradora do m e i o urbano e , de o u t r o , a r e l i g i ã o , q u e não
atuou no sentido da c o n s e r v a ç ã o do VeuXAclitum. Desses dois fa-
t o r e s , h á , a p a r e n t e m e n t e , m a i o r i n f l u ê n c i a da r e l i g i ã o no
p r o c e s s o , como d e m o n s t r a m c o m p a r a ç õ e s c o m o g r u p o a l e m ã o
p r o t e s t a n t e inserido no m e i o u r b a n o , que r e v e l a m u m caráter
mais e n d o g â m i c o deste grupo nos seus c o n t a t o s com a socieda-
de m a j o r i t á r i a .
Outra c a r a c t e r í s t i c a do m e i o em que se i n s t a l a r a m os
alemães católicos e que p o d e r i a m u i t o b e m ser m a i s um fator
de a c u l t u r a ç ã o ê a grande d i v e r s i d a d e é t n i c a q u e C u r i t i b a já
apresentava n e s s e p e r í o d o , c o l o c a n d o em c o n t a t o não d o i s
grupos étnicos d i s t i n t o s , m a s v á r i o s . Seria i n t e r e s s a n t e
verificar neste caso se o e l e m e n t o a l e m ã o p r e f e r i a m a n t e r
relacionamento c o m os grupos m i g r a n t e s v i n d o s t a m b é m da Eu-
ropa e numa mesma época que e l e s , ou p r e f e r i a m i n t e r - r e l a -
cionar-se com o l u s o - b r a s i l e i r o já fixado a q u i . E s s e indi-
cador não foi a n a l i s a d o e e n v o l v e r i a um e s t u d o m i n u c i o s o dos
130
nomes das f a m í l i a s , uma vez q u e não consta nos r e g i s t r o s , na
maioria das vezes., a n a t u r a l i d a d e dos m i g r a n t e s .
N o estudo ,do r e l a c i o n a m e n t o entre a l e m ã e s p r o t e s t a n -
tes e alemães c a t ó l i c o s , m u i t a coisa resta a f a z e r . Sugere-
se uma pesquisa do conjunto p a r a a v a l i a r a i n f l u ê n c i a reli-
g i o s a no seu i n t e r - r e l a c i o n a m e n t o : por e x e m p l o , se os cató-
licos se c o n v e r t i a m também ao l u t e r a n i s m o e , m e s m o , se havia
arrependimento do c o n v e r t i d o . Isso é p a s s í v e l de v e r i f i c a -
ção no confronto das fichas arroladas nos r e g i s t r o s de cató-
licos e p r o t e s t a n t e s .
N e s t e t r a b a l h o , o número apurado de c o n v e r s õ e s para o
catolicismo p a r e c e indicar que o fator é t n i c o p r e v a l e c e u so-
bre as diferenças r e l i g i o s a s , a p r o x i m a n d o ambos os g r u p o s .
Resta s a b e r , no e n t a n t o , q u a l a p r o p o r ç ã o n u m é r i c a entre am-
bos os grupos e de q u e forma este fator n u m é r i c o teria con-
corrido com a religião de modo a c o n d i c i o n a r a m a i o r ou me-
nor a p r o x i m a ç ã o entre os g r u p o s .
A c r e d i t a - s e que q u a n d o for feita a r e c o n s t i t u i ç ã o das
famílias, p o d e r - s e - ã o avaliar com m a i o r segurança os resul-
tados i n i c i a l m e n t e e n c o n t r a d o s , p o i s a r e c o n s t i t u i ç ã o em si
obriga o p e s q u i s a d o r a buscar o m a i o r número p o s s í v e l de in-
formações sobre as f a m í l i a s . E , a p e s a r de e s t a r este traba-
lho a s s e n t a d o em fontes d e m o g r á f i c a s , p e l o d i r e c i o n a m e n t o que
o estudo t o m o u , ele a s s u m i u m a i s u m c a r á t e r da H i s t ó r i a So-
c i a l , â m e d i d a que p r i v i l e g i a as r e l a ç õ e s c u l t u r a i s , abor-
dando somente certos a s p e c t o s d e m o g r á f i c o s do g r u p o .
E v i d e n t e m e n t e , com o e s t u d o das famílias será p o s s í -
vel analisar certos a s p e c t o s r e f e r e n t e s a o ciclo v i t a l das
famílias alemãs c a t ó l i c a s , ligados a sua e s t r u t u r a , nupcia-
lidade, f e c u n d i d a d e , i n t e r v a l o s entre os n a s c i m e n t o s e mor-
talidade- P o d e r - s e - á , ao m e s m o tempo-, v e r i f i c a r de forma
mais profunda as r e l a ç õ e s entre os c a t ó l i c o s e p r o t e s t a n t e s
A p r e s e n t e p e s q u i s a , r e u n i n d o d a d o s até e n t ã o d i s p e r
sos sobre o grupo alemão c a t ó l i c o de C u r i t i b a , v i a b i l i z a o
a p r o f u n d a m e n t o dos estudos sobre essa etnia e sua c o n t r i b u i
ção ao d e s e n v o l v i m e n t o da s o c i e d a d e c u r i t i b a n a .
133
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R O Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
M O V I M E N T O A N U A L D E C A S A M E N T O S , B A T I S M O S , N A S C I M E N T O S E S E P U L T A M E N T O S
1850-919
BATISMOS m u n e NASCIMENTOS SEPULTAMENT05
AN0 CASAMENTOS tose fem Total
ILEGÍTIMOS Hasc. Fem. Total Ma sc. Fem. Total
Dos Quais
-5 anos Ind.
1850 1 2 2 4 2 3 5 1 - 1 - -
,1851 1 3 3 6 - 2 3 5 - - - - -
1852 - 3 2 5 - 4 1 5 - - - - -
.1853 1 1 - 1 - 2 - 2 - - - - -
1854 - 4 1 5 - 4 1 5 - 1 1 1 -
1855 1 6 6 12 - 6 7 13 1 - 1 - -
1856 - 3 8 11 - 3 7 10 1 - 1 - -
1857 1 8 1 9 - 9. 3 12 2 - 2 - 1 1858 1 7 8 15 - 8 7 15 2 1 3 1 -
1859 1 5 8 13 1 7 8 .15 2 1 3 1 -
18S0-S9 7 42 39 81 1 47 40 87 9 3 12 3 1
•I860 2 7 8 15 2 6 -8 14 . - - - -
1861 2 12 7 19 - 12 8 20 1 2 3 1 -
1862 - 9 8 17 1 12 8 20 1 1 2 1 -
1863 5 9 10 19 - 10 10 20 2 1 3 2 -
1864 6 13 6 19 1 18 6 24 3 2 5 3 -
1865 5 12 10 22 2 9 11 20 1 - 1 1 -
1866 8 13 15 .28 2 13 18 31 - 3 3 1 -
1867 7 5 12 .17 - 6 17 23 6 2 8 4 1 1868 5 15 13 28 2 18 11 29 6 - 6 3 -
1869 4 9 13 22 - 6 16 22 2 1 3 - . -
2860-6$ 44 104 102 206 10 110 113 223 22 12 34 16 1
1870 7 12 14 26 3 15 14 29 6 2 8 5 -
1871 6 16 14 •30 - 19 18 37 2 4 6 4 -
1872 14 20 20 40 2 19 24 43 4 5 9 6 -
1873 8 22 22 44 - 29 20 49 7 2 9 5 1 1874 8 18 17 35 - 15 24 39 4 1 5 3 -
1875 4 26 24 50 1 25 19 44 2 6 8 5 -
1876 11 14 17 31 - 20 23 43 8 11 19 15 -
1877 5 26 34 60 1 24 41 65 5 4 9 5 -
1878 7 27 21 48 3 30 28 58 14 20 34 21 4 1879 13 24 25 49 3 29 .29 58 14 6 20 12 1 1870-79 33 •205 203 413 12 225 240 465 66 61 127 81 6
1880 4 23 38 61 3 34 45 79 3 6 9 7 . 1881 11 42 28 70 o 38 21 59 8 2 10 1 1 1882 6 28 26 54 7 36 32 68 15 16 31 19 1 1883 11 37 38 75 4 38 41 79 20 14 34 23 -
1884 9 23 35 58 - 27 40 67 12 7 19 13 1 1885 9 48 37 85 8 47 51 98 6 4 10 7 -
1886 15 36 50 86 4 43 43 86 15 15 30 19 -
1887 14 45 46 91 8 44 50 94 9 12 21 15 1 1888 32 44 45 89 1 43 37 80 22 14 36 25 -
1889 22 58 46 104 4 66 41 107 24 15 39 21 -
1880-89 133 384 389 773 42 416 401 817 134 105 239 150 4
1890 22 66 42 108 3 58 50 108 29 18 47 34 -
1891 .16 72 61 133 9 65 61 126 29 12 41 24 -
1892 21 65 67 132 13 71 64 135 1893 13 64 66 130 4 63 86 149 . . . 1894 17 72 61 133 10 73 61 134 . . . ... 1895 40 69 98 167 11 79 83 162 1896 28 80 74 154 8 76 88 164 1897 23 88 94 132 11 85 76 1Ç1 " á iõ ié " 9 "i 1898 29 81 69 150 4 82 72 154 12 16 28 18 -
1899 22 75 83 158 9 75 83 158 12 8 20 11 -
1890-99 231 732 715 1 447 82 727 724 1 4SI 90 64 154 96 1
1900 20 79 82 161 7 67 82 149 8 5 13 6 1 1901 18 79 48 127 3 80 54 134 19 9 28 16 -
1902 22 48 53 101 3 65 61 126 16 19 35 17 -
1903 19 76 79 155 8 69 81 150 12 13 25 13 -
1904 25 75 71 146 6 72 66 13S 15 14 29 14 1 1905 24 83 68 151 3 79 92 171 12 11 23 16 -
1906 30 75 89 164 7 77 69 146 18 14 32 16 -
1907 17 77 70 147 14 96 72 168 8 13 21 11 1 1908 30 69 74 143 7 69 91 160 9 13 22 11 1 1909 24 91 85 176 12 112 98 210 15 12 27 13 1 1300-03 229 752 719 1 471 70 786 766 1 552 132 123 255 133 5
1910 31 105 103 •208 7 101 106 207 20 32 52 31 1 1911 42 123 126 249 16 125 121 246 12 24 36 16 2 1912 35 119 103 222 11 127 99 226 14 16 30 15 2 1913 50 118 136 254 8 118 140 258 29 9 38 20 4 1914 39 152 134 2.16 10 144 135 279 21 13 34 20 -
1915 37 126 125 251 9 119 136 255 20 20 40 20 1 1916 28 143 157 300 10 141 126 267 25 15 40 20 -
.1917 31 1-39 115 254 9 118 105 223 ;27 16 43 20 -
1918 28 122 126 .248 7 104 102 206 31 15 46 12 -
•1919 41 103 125 223 8 59 ,66 125 15 15 30 15 2 1910-11) .362 1.250 1.250 2 500 95 7. 150 1.136 2 292 214 175 389 189 12
1850-919 1.089 3.4119 3.4?.2 6 891 312 3.407 3. 420 6.887 0H7 .543 1.210 068 30
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E C A S A M E N T O S
1850-919
Jan. Fev. Mar. A b r . Maio Jun. Jül. Ago. S'èt. Out. Nov. Dez. TOTAL
Números absolutos 101 1 15 27 68 141 1 17 80 54 120 79 92 95 1 .089
Números por dia 3,25 4,07 0,87 2,26 4,54 3,90 2,58 1,74 4,00 2,54 3,06 3,06 35,87
Números proporcionais 109 136 29 76 152 131 86 58 134 85 102 102 1.200
Kj Caí Cn
136
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
PARÓ.QUIA N O S S A S E N H O R A .DA L U Z
• D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E C A S A M E N T O S
1.850-919
m Jan. Har. Abr. Maio Jun. Jul. •Ago. Set. -Out. -Nov.. Dez. TOTAL
1850 _ » 1 _ - 1 185) - - - - - - - 1 - - - - 1 1852 - - - - - - - - - - - -
1853 - - - - - - - - - - 1 - 1 1854 - - - - - - - • - - - - -
1855 - - - 1 - - - - - - - - 1 1856 - - - - - - - - - - - - -
1857 - - - - - - - - - - - 1 1 1858 - - - - - 1 - - - - - 1 1859 1 - - - - - - - - - - - 1 18S0-S9 1 - - 1 - - 1 1 1 - 1 1 7
1860 1 - - - - 1 - - - 2 1861 - - - • 1 - - - - 1 - - 2 1862 - - - - - - - - - - - - -
1863 1 - - - - - 1 2 1 - - - 5 1864 1 1 - - 1 1 1 - 1 - - - 6 1865 - 2 - - - 1 - 1 - - 1 - - 5 1866 - 1 - - - 1 - 2 - 2 1 1 8 1867 2 1 - - - 1 1 - 1 - 1 • 7 1868 1 1 - - 2 . - - 1 - - - 5 1869 - - - 1 - 1 - - 1 - 1 - 4 1860-63 5 7 - 1 - s 4 4 4 6 4 3 1 44
1870 - 1 - - . - 3 - 2 1 - 7 1871 - 3 - - - 1 - 1 - - - 1 6 1872 5 - - - 5 1 - 1 1 1 - - 14 1873 1 2 - - 1 - - 1 1 1 - 1 8 1874 1 - - - - 1 - 2 3 - 1 - 8 1875 - 3 - - - - - - - 1 - - 4 1876 3 - - - 3 1 3 - - - 1 - 11 1877 1 - - - - - - 1 1 1 1 5 1878 - - - 1 1 - 1 - - 1 1 2 7 1879 3 2 2 3 - - 1 - 1 1 - - 13 1870-79 13 12 2 4 10 4 S 8 7 8 S 5 83 1880 1 . 1 - 1 1 - - - _ - - 4 1881 2 3 - - 1 - 1 1 - 1 - 2 11 1882 - 1 - - 1 2 1 - - - 1 - 6 1883 - 1 - - 1 1 - 2 1 4 - 1 11 1884 - 3 • - - 2 1 2 - - 1 - 9 1885 1 - - 1 2 1 2 - 2 - - - 9 1886 - 3 1 - 1 2 - - - 1 4 3 15 1887 - - - 1 1 2 2 1 - 3 3 1 14 1888 1 5 - 4 4 5 3 3 1 1 4 1 32 1889 1 2 2 2 2 3 2 - 1 1 3 3 22 1880-89 8 18 4 8 14 19 12 9 5 11 16 11 133
1890 3 3 2 1 2 1 2 1 1 2 2 2 22 1891 2 2 - - 2 - 1 1 3 - 3 2 16 1892 1 - - 2 3 1 2 2 5 3 - 2 21 1893 2 1 - 1 2 - 2 - 2 - 1 2 13 1894 2 - 1 1 3 - 1 - 4 1 3 1 17 1895 5 1 1 3 14 3 - 3 3 3 3 1 40 1896 3 1 - - 5 2 •4 3 - 3 1 5 1 28 1897 2 3 - - 7 4 2 1 2 I 1 - 23 1898 3 3 1 1 5 2 1 4 2 2 2 3 29 1899 4 4 - 2 4 1 3 - 1 1 - 6 22 1890-99 23 18 5 11 47 14 18 IS 26 14 20 20 231 1900 2 1 - - 5 2 - - 5 1 4 - 20 1901 1 - 1 4 4 1 - - - 2 2 3 18 1902 1 6 - 1 2 3 2 - 3 - - 4 22 1903 3 2 - 1 3 3 - 2 3 1 1 - 19 1904 3 4 - 2 1 4 - 1 3 3 3 1 25 1905 5 - 1 2 t 3 1 2 2 . 2 5 24 1906 2 3 - 1 4 3 1 - 5 3 4 4 30 1907 2 1 - - 2 1 2 - 3 1 2 3 17 1908 1 9 - 2 1 4 - 1 5 2 4 1 30 1909 2 4 - 2 2 2 2 1 5 2 2 - 24 1900-09 22 30 2 IS 25 26 8 7 34 IS 24 21 229
1910 2 2 1 2 2 5 2 1 4 3 2 5 31 1911 2 6 - 2 2 4 2 4 9 3 8 42 1912 7 2 1 4 2 5 4 • I 3 4 2 35 1913 5 4 4 5 6 8 2 1 9 2 2 2 50 1914 1 6 1 5 4 3 3 1 3 2 5 5 39 1915 2 5 1 2 10 4 4 3 4 - - 2 37 1916 4 - - 1 3 4 4 1 3 3 4 1 28 1917 3 - 2 • 1 3 3 7 2 3 3 1 3 31 1918 1 1 1 3 4 5 2 . 7 1 1 2 28 1919 4 2 5 3 4 9 2 1 3 1 1 6 41 1910-19 31 30 14 28 40 . 60 32 10 41 27 23 38 362
137 A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
O R I G E M D O S N O I V O S
1850-919
Europa Germanizada 3 _ _ 1 1 _ 5 Europa Kão Germanizada I • - - - - - 1 In ter ior de-Santa Catarina - - - - • - - -
In ter ior :do Paraná - - - - - - - -
Curitiba - - - - - - -
Outras localidades - - - - - 1 - 1 Indeterminado - - - • - - - -
Total 4 - - 1 - 2 - 7
1860 -69
Europa Germanizada 19 _ _ _ - _ _ 19 Europa' Não Germanizada 1 - - - - - 1 Inter ior-de Santa Catarina - - - - - - . In ter ior do Paraná 3 - - - - - - 3 Curitiba 9 1 1 - - - - 11 Outras Localidades 1 - - 2 7 - - 10 .Indeterminado - - - - - - - -
Total 33 1 1 2 7 - - 44
1870 -79
Europa Germanizada 34 1 _ 1 1 1 _ 38 Europa Nao Germanizada 3 - - 1 - - - 4 •Interior de Santa Catarina - 1 - - - - - 1 In ter ior do Paraná 6 - - 1 - - - 7 Curitiba 21 - - 4 5 1 - 31 Outras Localidades 1 - - - - 1 Indeterminado - - - - - - 1 1 Total SS 2 - 7 6 2 1 83
1880 -89
Europa Germanizada 36 4 1 5 8 4 _ 58 Europa Não Germanizada 2 - - 1 1 1 - 5 Inter ior de Santa Catarina 5 1 1 3 3 1 - 14 Inter ior do Pararia 4 2 1 3 2 - - 12 Curitiba 12 4 8 4 9 1 - 38 Outras Local idades - 1 - - - - 1 Indeterminado 1 - - - - - 4 5 Total 60 12 U 16 23 7 4 133
1890--99
Europa Germanizada 23 5 2 4 6 2 42 Europa Não'Germanizada 11 - 2 - 5 - - 18 In te r ior de Santa Catarina 5 2 2 - 1 - - 10 Inter ior do Paraná 3 1 4 4 10 2 - 24 Curitiba 33 15 7 12 50 6 - 123 Outras Localidades - - - - 1 - - 1 Indeterminado - - - - - - 13 13 Tótal 75 23 17 20 73 10 13 231
1900--09
Europa Germanizada 6 3 - 3 - 1 - 13 Europa Não Germanizada 1 - 1 - 4 - - 6 Inter ior de Santa Catarina - 1 2 1 1 1 - 6 In ter ior do Paraná 1 1 - 5 .4 - - 11 Curitiba 12 7 6 9 131 1 - 166 Outras Localidades - - - - 1 - - 1 Indeterminado - - - - - - 26 26 Total 20 12 9 IS 144 3 26 229
1910--19
Europa Germanizada 24 1 2 3 _ . 30 Europa Não Germanizada - - 1 2 - - 1 4 •Interior de Santa Catarina 2 - 2 - 3 - • 7 Inter ior do Paraná 4 3 2 4 4 1 18 Curitiba 13 6 6 15 70 12 4 126 Outras Local idades - 1 1 1 - 1 - 4 Indeterminado 1 - - - 1 - 171 173 Total 44 10 li 24 81 14 176 362
18S0- 919
Europa Germanizada 145 13 4 13 21 9 . 205 Europa Nao Germ.tn i zada 19 - 4 4 10 1 1 39 In ter ior de .SodU Catarina 12 5 7 4 8 2 - 38 Inter ior do Paraná 21 7 7 17 20 3 • 75 Curitiba 100 33 28 44 265 21 4 495 Outras Local idades 2 2 1 3 9 2 - 19 In (Je terminado 2 - - 1 - 215 218 Total üunil 301 6o M 86 33-1 ,38 :220 1.089
138
A L E M A E S C A T Õ L I C O S D E C U R I T I B A
P A R O Q U I A N O S S A . S E N H O R A D A ,LUZ
D I S T R I B U I Ç Ã O S E M A N A L D E C A S A M E N T O S
1850-919
ANO Dom. Seg. Ter. Qua. Qu.1. Sex. Sãb. Ind. TOTAL
1850 1 • _ - . 1 1851 - - - - - - 1 - 1 1852 - - - • - - • - -
1853 - - - - - 1 - 1 1854 - - - - - - - - -
1855 - - 1 - - - - 1 1856 - - - - - - - - -
1857 - - 1 - - - - - 1 1858 - - - 1 - • • - 1 1859 1 - - - - - - - 1 18SO-S9 1 1 2 1 - - 2 - 7
1860 _ - . - _ 2 - 2 1861 - - - 1 1 - - - 2 1862 - - - - - - - - -
1863 - - 1 1 1 - 2 - 5 1864 - - - 1 - 2 3 - 6 1865 - - 1 - - - 4 - 5 1866 2 1 2 1 - 2 - 8 1867 1 - • - 4 - 2 - 7 1868 - - - • 3 - 1 1 5 1869 1 - 1 - - - 2 - 4 1860-69 4 1 5 3 10 2 18 1 44
1870 - 1 - 1 _ 5 - 7 1871 - - - 1 - - 5 - 6 1872 - - "1 1 - - 12 - 14 1873 - 1 3 - - 1 3 - 8 1874 - - 2 - 1 - 5 - 8 1875 - • - - 1 - 3 - 4 1876 1 1 5 - 1 - 3 - 11 1877 - - - - - - 5 - 5 1878 - - - - - 1 6 - 7 1879 2 2 1 - 1 - 7 - 13 1870-79 3 4 13 2 s 2 54 - 83
1880 - - 1 - - 1 2 - 4 1881 - - 1 - 2 - 8 - 11 1882 1 1 1 1 - - 2 - 6 1883 2 - - 1 2 - 6 - 11 1884 1 - 3 - - - • 5 - 9 1885 - - 1 2 - 1 5 - 9 1886 - 2 2 - 1 - 10 - 15 1887 1 1 - 1 1 1 .9 - 14 1888 2 1 2 - 4 '3 20 - 32 1839 1 2 3 1 - - - 15 - 22 1880-89 8 7 14 6 10 S 82 - 133
1890 1 1 3 1 1 1 14 - 22 1891 - 1 3 - - 2 10 - 16 1892 2 3 - - 1 - 15 - 21 1893 - - 1 - - - 12 - 13 1894 - 1 1 1 1 - 13 - 17 1895 1 1 3 3 - - 32 - 40 1896 3 1 1 1 - 2 20 - 28 1897 - 1 1 1 2 2 16 - 23 1898 1 2 1 1 3 1 20 - 29 1899 1 - 1 3 1 - 16 - 22 1890-99 9 11 IS 11 9 8 168 - 231
1900 - 1 1 1 1 1 15 - 20 1901 - 1 1 2 1 - 13 - 18 1902 - - 1 - 1 1 19 - 22 1903 2 1 - - - 16 - 19 1904 1 2 2 1 1 - 18 - 25 1905 - 1 2 - 2 - 19 - 24 1906 - - 1 6 - - 23 - 30 1907 1 - - - - - 16 17 1908 - 1 - 1 2 2 24 30 1909 1 - - 2 - - 21 - 24 1900-09 5 7 8 13 8 4 184 - 229
1910 - . 2 . 29 - 31 1911 - 2 2 - - 2 36 - 42 1912 2 1 1 - 6 1 24 - 35 1913 2 3 2 3 2 37 50 1914 8 3 1 3 1 2 21 - 39 1915 4 1 3 1 3 1 24 37 1916 2 1 - - 4 20 - 28 1917 4 2 - 2 1 22 - 31 1918 3 2 2 • 3 2 16 • 28 1919 4 1 - 3 2 1 30 - 41 1910-19 29 •16 11 14 .22 ,11 2S9 - ,382 .
139
A L E M Ã E S CATÕLI.COS D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
I D A D E C R U Z A D A A O C A S A R
1850-919
NOIVA NOIVO
-15 15-19 20-124 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50+ IN D. TOTAL
.1880-89
-15 - - •2 - - - - - - - 2 15-19 - 1 12 5 2 1 - - - 3 24 20-24 - 17 8 2 1 - - - - 28 25-29 - 1 3 1 2 - - - 2 9 30-34 - - - 1 1 - 1 - - - 3 35-39 - - - - - - - - - - -
.40-44 - - - - - - - • - - -
45-49 - - - - - - - - - - -
50+ - - - - - - - - - - -
Ind. - - 3 3 2 1 - 1 - 68 Total - ,1 35 20 8 5 1 1 - 63 134
1890-99
-15 - - - 2 - - - - - - 2 15-19 - 1 24 14 2 - - - - - 41 20-24 - - 20 19 7 5 - - - - 51 25-29 - - 1 2 1 1 1 1 - 1 8 30-34 - - - - 1 - - - 1 - 2 35-39 - - - - - - . . - - - - -
40-44 - - - - - - - - - - -
45-49 - - - - - - - - - - -
50+ - - - - - - - - - -
Ind. - - 2 - - ' 2 - - - 123 127 Total - 1 47 37 11 8 1 1 1 124 231
1900-09
-.15 - 2 - - - - - - - 2
15-19 - 3 30 10 2 - - - - - 45 20-24 - - 31 16 4 1 - - 1 1 54 25-29 - - 1 5 - - - - - - 6 30-34 - - - - 2 1 - - - - 3 35.-39 - - - - - - - - - -
40-44 - - - - - - - - - - -
45-49 - - - - - - - - - -
.50+ - - - - - - - - 1 - . 1 Ind. - - 3 1 1 - - - - 113 118 Total - 3 67 32 9 2 - - 2 114 229
1910-19
-15 - í 1 - , - - - • - - - 2
15-19 - 7 58 18 4 - 1 - - 2 90 20-24 - 3 37 15 3 4 - - - 1 63 25-29 - 1 2 7 2 - 1 - - - 13 30-34 - 2 2 2 2 - 1 - - 9 35-39 - - 1 •Z . - - 1 1 - 5 40-44 - - - - 1 - 1 - - 2 45-49 - - - - - 1 - - - 1 50+ - - - - 1 - 2 - 3 Ind. - 4 - 1 - - - - 169 174 Total - 12 104 43 14 7 4 3 3 172 362
140
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
IDADE MÉDIA AO CASAR, P O R GRUPO DE IDADE - NOIVAS
1880-919
FAIXA N9 DE IDADE IDADE IDADE PRODUTO
ETÁRIA CASAMENTOS •MÉDIA MÉDIA (17,5) MÉDIA (17,5-5-5) PRODUTO
( D (2.) (3) (4) (5) (2) x (5)
15-19 2,14 17,5 0 0 0 20-24 199 22,5 5 1 199
25-29 37 27,5 10 .2 74 30-34 18 32,5 15 3 53 35-39 5 37,5 20 4 20 40-44 2 42,5 25 5 .10
45-49 6 4 7 , 5 30 6 36
TOTAL 481 392
3 9 2 x 5 = 1 . 9 6 0
1 . 9 60 v 4 8 1 = 4 , 0 7
4 , 0 7 + 1 7 , 5 = 2 1 , 57
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
IDADE MÉDIA AO C A S A R , POR 'GRUPO DE IDADE - NOIVOS
1880-919
FAIXA
ETÃRIA
C D
N? DE
CASAMENTOS
(2)
IDADE
MÉDIA
(3)
IDADE
MÉDIA (17,5)
(4)
IDADE
MÉDIA (17,5^-5)
(5)
PRODUTO
(2) x (5)
15-19 18 17,5 0 0 0 20-24 258 22,5 5 1 258 25-29 136 27,5 10 2 27.2 .30-34 42 32,5 15 3 126
35-39 22 37,5 20 4 88 40-44 6 42,5 25 5 30 45-49 11 47,5 30 6 66
TOTAL 493 840
8 4 0 x 5 = 4 . 2 0 0
4 . 2 0 0 4- 49 3 = 8 , 5 2
8,5.2 + 1.7,5 = 2 6 , 0 2
141
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
D I S T R I B U I Ç Ã O A N U A L ' D E C O N V E R S Õ E S P O R O C A S I Ã O D O C A S A M E N T O
N O I V O S C O N V E R T I D O S
1 8 5 0 - 9 1 9
A N O H O M E M M U L H E R I N D . T O T A L A N O H O M E M M U L H E R I N D . T O T A L
1 8 5 0 - _ • — — 1 8 8 5 2 1 - 3
1 8 5 1 - - - - 1'886 1 3 - 4
1 8 5 2 - - - - 1 8 8 7 3 - - 3
1 8 5 3 - - - - .1888 4 2 - 6
1 8 5 4 - - - ; 1 8 8 9 - 1 - 1
1 8 5 5 - - - - 1 8 9 0 2 - - 2
1 8 5 6 - - - - 1 8 9 1 3 3 - 6
1 8 5 7 - - 1 1 1 8 9 2 2 - - 2
1 8 5 8 - - - - T 8 9 3 1 2 - 3
1-859 - - - - 1 8 9 4 1 3 - 4
1 8 6 0 - - - - 1 8 9 5 3 6 2 1 1
1 8 6 1 - - - - 1 8 9 6 3 4 - 7
1 8 6 2 - - - - 1 8 9 7 1 2 - 3
1 8 6 3 - - - - 1 8 9 8 3 2 - 5
1 8 6 4 - - 1 1 1 8 9 9 3 4 - 7
1 8 6 5 2 - - 2 1 9 0 0 1 - - 1
1 8 6 6 6 - - 6 1 9 0 1 - - - -
1 8 6 7 2 - - 2 1 9 0 2 - 1 - 1
1 8 6 8 1 - 1 2 1 9 0 3 2 - - 2
1 8 6 9 3 - - 3 1 9 0 4 2 1 - 3
1 8 7 0 2 - - 2 1 9 0 5 1 2 - 3
1 8 7 1 - - - - 1 9 0 6 3 - 1 4 1 8 7 2 5 - - 5 1 9 0 7 2 1 - 3
1 8 7 3 3 2 - 5 1 9 0 8 - 6 2 8
1 8 7 4 1 1 - 2 1 9 0 9 - - 1 1
1 8 7 5 1 1 - 2 1 9 1 0 - 2 - 2
1 8 7 6 1 - - 1 1 9 1 1 1 - 1 2
8 7 7 1 - - 1 1 9 1 2 - - 2 2
1 8 7 8 - - - - 1 9 1 3 - 3 1 4
1 8 7 9 1 1 - 2 1 9 1 4 1 1 2 4
1 8 8 0 - - - - 1 9 1 5 1 - - 1
1 8 8 1 1 1 - 2 1 9 1 6 - - - -
1 8 8 2 - - - - 1 9 1 7 2 - - 2
1 8 8 3 - . - - - 1 9 1 8 - 1 - 1
1 8 8 4 — 1 — 1 1 9 1 9 - - - -
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C Ü R I T Í B A
P A R Õ Q Ü I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E N A S C I M E N T O S E C O N C E C P Ç Õ E S
1850-917
MES DE NASCIMENTO -* Jan. Fev. Mar. Abr. Ma io Jun. Jul. A ao. Sét. Out. Nov. Dez. TÕtÂL 1 ND. TOTAL GERAL
MES DA CONCEPÇÃO -* Abr. Ma io Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar.
1850-89
Números absolutos Números por dia Números proporcionais
127 4,09
98
127 '4,49
108
137 4,41
106
119 3,96
95
109 3,51
84
135 123 4,50 3,96
108 95
136 4.38
105
135 4,50
108
156 5,03
121
114 3,80
91
105 3,-38
81
1.523 50,
1.200 , 0 1
69 1.592
1890-99
Números absolutos Números pòr dia Números proporcionais
í 08 3,48
88
117 4,14
105
113 3,64
92
129 4,30
109
118
3,80
97
124 120
4,13 3,87 105 98
157 5,06
128
114
3,80
97
1 2 5 4,03
102
114 3,80
96
101 3,25
83
1.440
47,3 1.200
11 I.45I
1900-09
Números absolutos Números por dia Números proporcionais
109 3,51
84
116
4,10
98
156
5,03 121
108
3,60 86
99 3,19
76
120 134 4,00 4,32
96 1
155 5,00
120
162
5,40
129
140 4,51
108
117 3,90 94
1Ò9
3,51 84
I.525 '50,
1.200 ,07
27 1.552
1910-17
Números absolutos Números pòr dia Números proporcionais
197 6,35
103
172 6,09
99
192
6,19 100
196
6,53 106
194
6,25 101
204 1 8 1 6,80 5,83
110 95
197 6,35
103
194 6,46
105
213
6,87
150 . 5,00 81
164 .5,29 86
2.254 74,
1.200 ,01
38 2.292
1850-91?
Números absolutos Números por dia Números proporcionais
541
17,<»5
95
532
18,83 102
598 19,29
104
552 18,40
100
520
16,77
91
583 558 19,43 18,00
105 97
645
20,80
113
605 20,16
109
634 20,45
111
495 16,50 89
479 15,45 84
6.742 221,
1.2Ò0 ,53
136 6.556
1
144
A L E M Ã E S C A T Õ L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A , D A ,LUZ
D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E N A S C I M E N T O S
1.850-917
AN0 Jan. Fev. 'Mar. Abr. Maio Jun. Jul . Ago. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL
1850 _ _ . _ 1 1 1 . . . 2 5 1851 - 2 • - - - - 1 1 1 5 1852 • 1 - 1 - - - 2 - - - - 4 1853 - • - - - - - - 1 - - 1 1854 1 - 2 • - - - - - 1 - 4 1855 1 - - - .2 - 2 2 2 - - - 9 1856 1 1 - - • - 4 2 - 1 - - •9 1857 1 1 3 1 • - - 1 - - - 2 2 11 1858 - 1 • 1 1 1 2 1 1 3 1 2 14 1859 - - - 2 1 3 2 1 3 1 - 2 15 1850-59 4 4 5 7 4 5 11 9 8 7 5 8 10*
1860 2 2 1 1 . 1 3 - 2 1 - 13 1861 2 2 3 1 3 1 1 1 1 3 - .2 20 1862 - 3 2 3 - 1 1 2 1 1 1 - 15 1863 2 1 4 - 1 2 2 4 2 1 1 - 20 1864 2 - - - 5 4 1 3 1 2 3 2 23 1865 3 1 4 2 - 2 2 1 - 2 2 1 20 1866 1 2 5 3 2 1 2 3 2 3 2 1 27 1867 2 2 2 - 1 - 2 • 2 1 5 5 22 1868 2 2 4 3 - 1 3 2 2 5 2 3 29 1869 3 3 - 1 1 1 1 2 3 1 2 1 19 1880-69 19 18 25 14 13 14 18 18 14 21 19 15 15*
1870 _ 3 1 2 - 5 2 4 1 6 3 . 27 1871 8 2 2 1 3 2 •4 3 2 3 3 3 36 1872 1 2 6 4 5 2 1 6 6 3 4 1 41 1873 3 5 2 2 5 3 6 3 2 10 1 4 46 1874 4 5 2 1 2 5 2 7 7 - 2 2 39 1875 4 1 4 5 3 6 4 4 3 1 5 1 41 1876 3 3 4 4 - 4 5 5 - 7 4 4 43 1877 5 8 4 3 4 3 6 6 3 4 9 8 63 1878 4 8 5 7 2 4 5 1 6 4 5 3 54 1879 4 3 5 3 3 4 3 4 7 7 5 7 55 1870-79 36 40 35 32 27 18 38 43 37 45 41 33 20*
1880 8 4 6 9 4 .5 7 3 9 8 3 7 73 1881 4 8 - 6 4 5 8 8 6 3 3 3 58 1882 .5 8 .8 7 5 10 3 5 5 2 2 5 65 1883 11 9 '9 3 9 3 3 6 6 7 6 5 77 1884 7 6 4 5 8 5 5 6 7 10 4 - 67 1885 7 8 10 5 7 13 2 6 10 11 8 7 94 1886 7 8 7 7 5 10 6 9 8 5 5 6 83 1887 6 5 6 6 11 8 8 9 7 14 7 6 93 1888 6 3 6 7 5 10 5 7 8 12 5 5 79 1889 7 6 16 11 7 9 9 7 10 11 6 5 104 1880-89 68 65. 72 66 65 78 56 66 76 83 49 49 24*
1890 9 9 6 16 5 11 6 16 9 6 10 5 108 1891 8 12 11 6 11 8 14 13 9 9 12 12 125 1892 11 11 11 17 10 8 7 12 14 11 9 13 134 1893 12 16 10 13 12 10 15 18 13 10 9 8 146 1894 10 11 8 9 15 13 13 16 7 10 10 11 133 1895 12 11 13 16 12 13 13 13 13 26 11 9 162 1896 6 15 16 15 14 11 14 21 10 15 12 13 162 1897 8 13 14 13 16 14 13 14 15 12 15 13 160 ;1898 17 9 7 '8 14 20 ,11 .20 10 9 16 12 153 1899 15 10 17 16 .9 16 14 14 14 17 10 5 157 1890-99 108 117 113 129 118 124 120 157 114 225 114 101 11*
1900 9 13 20 10 10 16 9 11 14 10 11 13 146 1901 10 16 10 10 7 7 12 13 11 13 9 8 131 1902 5 4 19 7 6 15 13 10 6 8 17 13 123 1903 8 15 17 9 8 11 15 12 23 18 6 6 148 1904 9 13 11 12 8 12 14 14 16 6 12 9 136 1905 10 14 17 11 13 13 13 18 13 22 14 11 169 1906 12 5 13 12 10 11 15 13 20 10 8 13 142 1907 14 10 17 14 13 9 16 26 20 13 8 8 168 1908 18 9 -10 8 11 9 14 19 15 15 14 14 156 1909 14 17 22 15 13 17 13 19 24 20 18 14 206 1900-09 109 116 156 108 99 120 134 155 162 140 117 109 27*
1910 13 12 11 22 20 17 13 26 20 22 14 14 204 1911 13 20 19 17 29 28 19 20 11 28 18 22 244 1912 25 10 t7 14 18 15 19 27 20 18 17 23 223 1913 19 15 25 17 23 29 19 16 28 28 16 18 253 1914 26 34 17 28 24 19 19 24 18 25 19 19 272 1915 19 18 18 21 21 28 24 26 15 19 20 21 250 1916 23 21 29 28 19 14 2B 22 24 24 17 17 266 1917 22 13 20 20 14 26 12 16 25 22 13 17 220
1910-1917 160 ~ 143 ,156 .167 168 176 1Í3 177 161 1S6 134 151 29*
Mndoeermlnado.
145
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
• D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E B A T I S M O S
1850-919
-ANO Jan. !Fev. •Mar.. Abr. • Mato Jun. Jul. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL
1850 _ 1 . _ 1 - 1 - 1 . 4 1851 2 - 1 1 - - - - - 1 1 6 1852 - - - 2 1 - - • - - 1 1 - 5 1853 - - - - - - - - - - - 1 1 1854 - - - 1 2 - 1 - - - - 1 .5-1855 . - - - - 3 1 1 2 1 2 2 12 1856 2 - - - - 1 1 3 3 - 1 - 11 1857 1 1 1 1 1 - - 1 - 2 1 9 1858 1 1 1 - 1 1 - 1 2 1 3 3 15 1859 1 - • 1 • - 2 1 2 3 3 • 13 1850-59 7 2 3 6 5 7 s 6 U 6 14 9 81
1860 1 - 4 2 1 - 2 2 . . 3 . 15 1861 1 - 4 1 2 2- 1 - 1 2 2 3 19 1862 1 • 5 1 2 2 1 2 - 1 2 17 1863 1 2 - 4 1 - - • 4 4 2 1 19 1864 - 1 1 - 3 4 2 1 - 2 2 3 19 1865 2 2 2 4 - 3 1 1 2 3 - 2 22 1866 1 - 1 5 2 3 1 2 3 3 4 3 28 1867 1 2 4 - 2 - 2 1 - 1 - 4 17 1868 1 3 3 2 5 4 1 - 2 2 4 1 28 1869 3 1 6 4 2 1 1 - 2 1 1 - 22 1860-69 12 11 30 23 20 19 11 8 16 18 19 19 206
1870 2 1 1 2 4 1 3 2 3 2 1 4 26 1871 2 2 4 4 1 3 1 3 4 3 1 2 30 1872 5 2 1 2 6 2 - 3 8 3 3 5 40 1873 4 - 3 1 4 4 4 4 2 3 9 6 44 1874 6 5 2 1 1. - 1 5 .6 3 1 4 35 1875 2 3 3 3 5 4 3 8 5 3 4 7 50 1876 1 2 4 3 1 - 3 3 1 5 5 3 31 1877 3 5 3 5 4 8 4 2 3 3 9 11 60 1878 5 6 6 5 3 1 - 3 4 6 6 3 48 1879 - 3 7 5 2 6 3 3 3 5 6 6 49 1870-79 30 29 34 31 31 29 22 36 39 36 45 51 413
1880 7 7 8 2 7 3 5 .5 1 6 2 8 61 1881 •8 7 5 2 3 6 3 8 9 7 4 8 70 1882 3 3 5 7 4 9 8 2 1 6 2 4 54 1883 6 6 8 9 8 8 5 5 5 4 6 5 75 1884 4 6 6 6 4 3 5 4 1 5 9 5 58 1885 11 1 8 7 6 10 4 8 3 6 11 10 85 1886 11 3 5 ,5 5 7 3 5 13 14 3 12 86 1887 7 7 6 5 6 10 2 8 8 15 5 12 91 1838 7 7 4 6 3 . .8 5 8 9 3 12 17 89 1889 12 7 8 9 15 8 9 7 8 8 5 8 104 1880-89 76 54 63 58 61 72 49 60 58 74 59 89 773
1890 14 5 7 14 10 9 6 10 6 6 10 11 108 1891 13 6 19 10 10 6 8 9 TO 15 11 16 133 1892 9 7 14 14 13 10 6 11 3 11 8 21 132 1893 10 13 7 19 15 5 9 13 16 4 10 9 130 1894 15 3 11 5 13 7 9 15 14 7 10 24 133 1895 .10 7 17 11 13 16 15 18 5 13 16 26 167 1896 5 10 18 15 19 11 15 13 17 8 8 15 154 1897 21 17 16 19 9 23 8 17 14 20 8 10 182 1898 15 9 13 15 3 .15 1.1 ,13 8 14 9 20 150 1899 ,24 8 12 13 8 15 18 .4 •12 ,10 14 20 153 1890-99 136 :ss 134 13S 118 117 105 123 110 108 104 172 1.447
1900 13 13 11 21 4 14 17 11 6 18 10 23 161 1901 12 6 9 14 5 7 9 9 6 17 11 22 127 1902 6 7 2 8 8 11 11 10 3 9 8 18 101 1903 8 12 13 18 9 7 11 12 13 16 17 19 155 1904 5 13 14 12 13 15 7 13 12 14 7 21 146 1905 16 8 8 13 2 11 14 13 18 15 10 23 151 1906 15 12 12 14 9 16 12 15 15 16 13 15 164 1907 15 5 7 13 10 9 10 17 19 10 10 22 147 1908 12 12 9 14 10 11 5 13 14 9 9 25 143 1909 18 12 16 15 11 13 13 18 11 11 17 21 176 1900-09 120 100 101 142 81 114 109 131 117 135 112 209 1.471
1910 29 8 14 15 -26 12 12 16 17 15 12 32 208 1911 21 12 16 24 13 .18 15 24 31 19 14 42 249 1912 28 12 16 16 17 14 14 10 16 19 22 38 222 1913 24 15 21 18 31 29 19 26 13 25 14 19 254 1914 16 25 21 37 32 19 26 23 15 32 19 21 286 1915 30 16 16 18 19 15 17 27 17 25 14 37 251 1916 16 33 26 25 26 19 31 19 21 25 11 48 300 1917 29 27 10 26 18 21 19 15 25 13 14 29 254 1918 20 10 28 25 21 12 18 '20 27 21 21 25 248 1919 13 18 24 26 11 18 17 21 19 20 11 30 228 1910-19 228 178 .200 .230 214 177 188 3 01 2 01 214 152 3m 2. 600
A L E M Ã E S C A T Ó L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L D E B A T I S M O S
1850-919
Jan. Fe v. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL
1850-89
Núme ros absolutos 125 96 130 118 117 127 87 110 124 134 137 168 1. • 473 Números por dia 4,03 3,39 4,19 3,93 3,77 4,23 2,80 .3,54 4,13 4,32 4,56 5,41 48,30 Números proporcionais 100 84 104 98 94 105 70 88 103 107 113 134 1. .200
1890-99
Números •absòlütos 136 85 134 135 118 117 105 123 1 10 108 104 172 1. .447 Nume ros por dia 4,38 3,00 4,32 4,50 3,80 3,90 3,38 3,96 3,60 3,48 3,46 5,54 47,32 Números proporc1ona1 s 111 76 110 114 96 99 86 100 91 88 88 141 1, .200
1900-09
Núme ros absolutos 12Ó 100 101 142 81 114 109 131 117 135 112 209 1, • 471 Números por dia 3,87 3,54 3,26 4,73 2,61 3,80 3,52 4,23 3,90 4,35 3,73 6,74 48,28 Núme ros proporcionai s 96 88 81 1 í 8 65 94 87 105 97 108 93 168 1. .200
1910-19
Nume ros absolutos 226 176 200 230 214 177 188 201 201 214 152 321 2. .500 Números por dia 7,29 6,23 6,45 7,66 6,90 5,90 6,06 6,48 6,70 6,90 5,06 10,35 81,98 Números proporcionai s 107 91 94 112 101 86 89 95 98 101 74 152 1 , .200
1850-919
Números absolutos Números por dia Números proporcionais
607 4'57 565 625 530 535 489 565 552 591 505 870 19,58 16,18 18,22 20,83 17,09 17,83 15,77 18,22 18,40 19,0(5 1.6,83 28,06
104 86 97 H O 91 94 84 97 98 101 89 149
6.891 226,07
1.200
147
A L E M Ã E S C A T Õ L I C O S D E C U R I T I B A
P A R Õ Q U I A N O S S A S E N H O R A D A L U Z
•RELAÇÃO E N T R E O N O M E D O B A T I Z A N D O E O N O M E D O S P A I S O U P A D R I N H O S
1850-919
ANO -PAI PADRINHO :MAE 'MADRINHA IND. TOTAL
1850 _ 1 - 3 4 1851 - 2 1 1 2 6 1852 1 • - - 4 5 1853 - 1 - - - 1 1854 2 1 - 1 1 5 1855 1 2 1 2 6 12 1856 - 2 1 5 3 11 1857 1 3 - 1 4 9 1858 1 3 • 5 6 15 1859 - 6 - 4 3 13 1850-S9 8 21 3 19 32 81
1860 _ 2 3 - 10 15 1861 2 4 2 3 8 19 1862 1 5 1 4 6 17 1863 1 4 - 5 9 19 1864 1 7 - 4 7 19-1865 1 3 1 7 10 22 1866 2 3 2 5 16 28 1867 1 1 1 5 9 17 1868 3 6 3 4 12 28 1869 - 2 - 3 17 22 1660-69 12 37 •13 40 104 208
1870 5 3 3 4 11 26 1871 5 5 3 5 12 30 1872 •1 7 1 5 26 40 1873 5 6 4 4 25 44 1874 3 6 1 3 22 35 1875 4 10 1 8 27 50 1876 1 1 1 4 24 31 1877 7 7 3 9 34 60 1878 - 10 - 6 32 48 1879 4 5 - 9 31 49 1870-79 35 60 17 57 244 413
1880 '4 5 8 8 36 61 1881 2 9 1 9 49 70 1882 6 5 2 5 '36 54 1883 8 7 4 6 50 75 1884 1 7 3 9 38 58 1885 4 13 10 8 50 85 1886 5 12 8 9 52 86 .1887 4 12 6 5 64 91. 1888 9 8 4 11 57 89 1889 6 4 3 8 83 104 1880-89 49 82 49 78 515 771
1890 8 10 1 15 74 108 1891 7 7 4 10 105 133 1892 9 12 7 7 97 132 1893 13 3 6 13 95 130 1894 6 14 4 8 101 133 1895 6 14 7 14 Í26 167 1896 9 9 4 11 121 154 1897 11 11 7 9 144 182 1898 7 9 8 12 1.14 150 1899 6 6 7 11 128 158 '1890-99 82 95 SS 110 1.105 1.447
1900 10 9 3 7 132 161 1901 6 12 - 5 104 127 1902 3 3 2 2 91 101 1903 7 4 2 9 133 155 1904 5 4 2 7 128 146 1905 7 2 5 11 126 151 1906 8 11 2 8 135 164 1907 8 6 4 7 122 147 1908 6 2 3 6 .126 143 1909 5 4 5 9 153 176 1900-09 es 57 28 71 1.250 1.471
1910 1-3 9 2 12 172 208 1911 6 15 4 11 213 249 1912 8 7 4 12 191 222 1913 14 16 9 19 196 254 1914 17 17 7 14 231 286 1915 17 12 6 19 197 251 1916 11 25 10 11 243 300 1917 12 14 3 10 215 254 1918 17 18 10 20 133 248 1919 8 14 7 13 186 228 1910-19 123 147 62 141 2.027 2. SOO
148
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PAROQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
CONVERSÕES PARA O CATOLICISMO ANOTADAS NOS REGISTROS DE BATISMOS
1873-919
ANO
SEXO
TOTAL •ANO
SEXO
TOTAL ANO
Masculino Feminino
TOTAL •ANO
Masculino Feminino
TOTAL
1873 1 1 1897 1 5 6
1874 - - 1898 2 2 4
1875 - - 1899 3 2 5
187.6 - - 1900 2 1 3
1877 - 1901 1 - 1
1878 - - 1902 - - -
1879 - - 1903 1 - 1
1880 1 1 1904 2 1 3
1881 - - 1905 1 2 3
1882 - - 1906 1 - 1
1883 - - 1907 - - -
1884 1 2 3 1908 - - -
1885 2 2 1909 - - -
1886 - - 1910 - - -
1887 2 2 1911 2 2
1888 1 1 1912 - - -
1889 1 1 1913 - 2 2
1890 - - 1914 2 1 3
1891 - - 1915 2 - 2
1892 - - 1916 1 - 1
1893 1 1 1917 1 4 5
1894 1 1 1918 1 1 2
1895 1 2 3 1919 - - -
1896 4 3 7
149
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
IDADE MÉDIA DO jBATISMO (EM MESES)
1850-919
MESES FREQÜÊNCIA PRODUTO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1.495
609
937
661
483
380
30.1
243
209
155
132
113
584
0
609
1.874
1.983
1.932
1.900
1.806
1.701
1.672
1.395
1.320
1.243
7.008
T O T A L 6.302 24.443
2 4 . ^ 3 : 6 . 3 0 2 = 3, 88 + 0,5 4,38
MESES FREQÜÊNCIA MÉDIA
MENSAL PRODUTO
13-24
25-36
37-48
49-60
172
72
44
•31
18,5
30,5
42/5
54,-5
0
72
88
93
TOTAL 319 253
253 x 12 = 3.036 f 9,52 + 18,5 = 28, 02
150
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
FREQÜÊNCIA DECENAL 'DOS NOMES DE BATISMO
1850-919
HOME DE HOMEM FREQÜÊNCIA « FREQÜÊNCIA NOME 0E
HOMEM FREQÜÊNCIA NOME 0E MULHER FREQÜÊNCIA
18S0-S9 Rodolfo 9 Rosina 5 Roberto 11 Teresa 7
Antônio 3 Ana 2 Outros 146 Outros 174 Benedito 3 Catarina 3 Total 384 Total 389 Carlos 2 Francisca 2 Frederico 2 Margarida 3 1890--99 João 6 Maria 12 José 3 Outros 17 Alfredo 22 Ana 42 Manoel 4 Artur 17 Augusta 8 Miguel 5 Alberto 11 Adelaide 28 Outros 14 Antônio 13 Clara 14 Total 42 Total •39 Afonso 11 Cecil ia 14
Augusto 20 Emília 10 1860-69 Carlos 34 Ema 21
Carlos Amália Ernesto 13 Edvirges 9
Carlos 8 Amália 3 Frederico 13 Francisca 10 Emílio •2 Ana 11 Francisco 16 Guilhermina 9 Eduardo 2 Catarina 2 Gustavo 18 Helena 19 Pedro 2 Carlota 2 Guilherme 15 Ida 16 Paulo 2 Carolina 5 Germano 16 Luíza 13 Frederico 3 Ema 2 Henrique 17 Lídia 8 Francisco 3 Emil ia 2 João 50 Leonor 9 Germano 2 Guilhermina 5 José 31 Maria 65 Henrique 7 Inês 2 Jorge 15 O t í l i a 8 João 11 Joana 3 Júlio 11 Olga 8 José 5 Luíza 2 Manoel 13 Rosa 16 Júlio 3 Maria 22 Rodolfo 19 Teresa 15 Luís 5 Margarida 2 Outros 357 Outros 373 Teodoro '4 O t í l i a 3 Total 732 Total 71S Antônio 4 Paulana 2 Adolfo 2 Teresa 2 1900-•09 Alberto 2 Outros 32 Outros 37 Albino 12 Ana 34 Total 104 Total 102 Adolfo 13 Amãlia 10
Al.be rto 20 Adelaide 18 1870-79 Afonso 23 Alice 12
Antônio Augusto 12 Cecíl ia 13
Antônio 3 Ana 24 Antônio 21 Ema 18 Augusto 10 Amélia 3 Ar.tur 29 Elvira 14 Artur 4 Augusta 5 Alfr.edo 32 Helena 16 Alfredo 6 Adelaide 4 Carlos 26 Ida 21 Bernardo 4 Berta 3 Frederico 16 Júl ia 8 Bertoldo 3 Clara 5 Francisco 18 Lídia 19 Carlos 13 Catarina 4 Guilherme 16 Maria 63 Frederico •6 Emília 4 Henrique 14 Mercedes 13 Francisco 8 Ema 6 João 39 Margarida 9 Henrique 6 Francisca 3 José 29 Olga 18 João 22 Guilhermina 3 Júl io 15 Rosa 22 José 16 Helena 3 Paulo 14 Sofia 7 Jorge '6 Ida 4 Pedro 13 Teresa 8 Júl io 4 Josefina 4 Rodolfo 17 El f r ida 7 Luiz Júl ia 5 Rubens 13 Francisca 7 Manoel 4 Luíza 10 Outros 360 Outros 382 Miguel Maria 27 Total 752 Total 719 Pedro 4 O t í l i a 3 Rodolfo 3 Rosa 4
1910- 19 Rober.to Sophia 3 1910- 19
Outros 69 Outros 81 Total 20S Total 208 Afonso 19 Ana 35
Alberto 18 Amãlia 14 1880-89 Artur 22 Adelaide 18
Antônio 24 Alz ira 10 Adolfo 6 Ana 33 Al f redo 38 Adelina 10 Alfredo 17 Amélia 8 Augusto 23 Alice 22 Artur 9 Amãlia 6 Carlos 28 Clara 10 Al berto 11 Adelaide 6 Eduardo 17 Catarina 14 Augusto 12 Berta 8 Ernesto 18 Cecíl ia 14 Antônio 9 Carolina 5 Francisco 27 Emil ia 11 Carlos 19 Clara 10 Guilherme 21 Elizabete 11 Frederico 8 Catarina 6 João 60 Elvira 28 Francisco 16 •Emília 5 José 44 Helena 25 Gustavo 9 Ema 16 Jorge 18 Ida 13 Guilherme 12 Edvirges S Luiz 16 Iracema 10 João 22 ^Guilhermina 9 Osvaldo 25 Jul ieta 11 José 20 Helena 7 Paulo 19 Lídia 30 Jorge -'9 Ida 7 Pedro 24 Maria 71 Júlio 9 Josefina 7 Waldemar 29 Mercedes 13 Luiz 11 Maria 51 Rodolfo 16 Matilde 9 Paulo 12 PaulIna 6 Outros 744 Óutrbs 871 Pedro 7 JRosa 8 Total 1.260 Total 1.260
A L E M Ã E S CATÓLICOS DE C U R I T I B A
P A R Ó Q U I A N O S S A S E N H O R Â D A LUZ
D I S T R I B U I Ç Ã O M E N S A L DE ÓBITOS
1850-919
Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Aqo. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL
Números absolutos
Números por dia
Números proporcionais
143 124 146 110
4,61 4,39 4,70 3.66
139 133 142 110
88 74 83 74 66
2,83 2,46 2,67 2,38 2,20
85 74 81 72 66
81 97 124 1.210
2,61 3.23 4,00 39,74
79 98 121 1.200
153
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA :NOSSA SENHORA DA LUZ
DISTRIBUIÇÃO ANUAL DE SEPULTAMENTOS POR GRUPO DE IDADE
1850-919
sAN0 0 1-9 10-49 '50+ 2IND. TOTAL •ANO 0 1-9 10-49 .50+ IND. TOTAL
1850 - - - 1 - 1 1885 4 3 2 1 - 10
1851 - - - - - 1886 12 10 6 2 - 30
1852 - ... - - - 1887 12 3 5 - 1 21
1853 - - - - - - 1888 .18 7 9 2 - -36
1854 1 - - - - 1 1889 13 11 11 4 - 39
1855 - - - 1 - 1 1880-89 88 69 63 15 4 239
,1,856 - - - 1 - 1 •1890 .24 11 9 3 _ 47
1857 - 1 - 1 - 2 1891 14 12 8 7 _ 41
1858 - 1 1 1 - 3 1892
1859 - 1 1 1 - 3 1893
1850-59 1 3 2 6 - 12 1894 ... • • • ... ... • • •
1860 - - - - - 1895 ... ... • . • 1861 1 - 1 1 - 3 1896 . . • • . • 1862 - 1 1 - - 2 1897 6 3 3 5 1 18
1863 2 - 1 - - 3 1898 8 10 4 6 - 28
1864 1 2 1 1 - 5 1899 5 9 1 5 - 20
1865 - 1 - - - 1 • '1890-99 57 45 25 26 1 154
1866 - 1 1 1 - 3 •1900 3 •4 1 4 1 13
1867 2 2 1 2 1 3 1901 10 6 4 8 28
1868 2 1 1 2 - 6 1902 10 9 9 7 _ 35
1869 - - 2 1 - 3 1903 8 5 7 5 • 25
1860-69 8 8 9 8 1 34 1904 5 11 4 8 1 29
1870 4 1 1 2 - 8 1905 13 3 2 5 - 23
1871 3 2 1 - - 6 1906 12 4 4 12 - 32
1872 4 3 2 - - 9 1907 7 5 2 6 1 21
1873 1 5 2 - 1 9 1908 7 4 7 3 1 22
1874 1 2 2 - - 5 1909 8 7 6 5 1 27
1875 4 2 1 1 - 8 1900-09 83 58 46 63 5 255
1876 7 8 .3 1 - 19 1910 22 13 7 9 1 52
1877 4 1 1 3 - 9 1911 11 1 8 8 2 36
1878 11 13 3 3 4 34 1912 9 6 7 6 2 30
1879 7 6 3 3 1 20 1913 15 7 7 4 4 38
1870-79 46 43 19 13 6 27 1914 15 5 8 6 - 34
1880 3 4 2 - - 9 1915 14 8 10 7 1 40
1881 1 - 5 3 1 10 1916 13 7 11 9 - 40
1882 11 ,8 10 1 1 31 1917 8 14 14 7 - •43
1883 8 16 9 1 - 34 1918 5 12 14 15 - 46
1884 6 7 4 1 1 19 1919 7 8 7 6 2 30
•1910-19 419 *87 •94 77 12 •389
154
ALEMÃES CATÓLICOS DE CURITIBA
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA LUZ
DIS.TRIBUIÇÃO-MENSAL DOS SEPULTAMENTOS POR GRUPO DE IDADE
1850-919
.GRUPO DE Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Ju l . Ago. Set. Out. Nov. Dez. TOTAL IDADE
Ago.
1850--59
0 _ - _ 1 - 1 1-9 1 - - - - - - 2 " - - - - 3 10T49 - - - - - - - - 1 - 1 - 2 50+ 1 3 - . - • 1 - - - - 1 - 6 Ind. - - - - - - - - - - - - -
Total 2 3 - - - 2 - 2 1 - 2 - 12
•uso-:s9
•0 _ 1 2 1 _ _ 1 2 1 _ 8 .1-9 3 2 - 1 - - - - 1 1 - - 8 10-49 1 1 - 2 - - 1 1 1 - - 2 9 50+ - 1 - - 1 1 2 1 - 1 - 1 8 Ind. - - - - - - 1 - - - - 1 Total 4 S - 5 2 1 4 . 2 . 3 4 1 3 34
1870-79
0 6 5 3 4. 4 1 3 3 3 2 3 9 46 1-9 8 3 6 2 6 1 3 2 - 3 5 4 43 10-49 1 3 2 '4 3 1 - - 1 2 1 1 19 50+ 2 - - 1 1 2 1 2 2 1 - 1 13 Ind. - 1 2 1 1 - 1 - - - - - 6 Total 17 .12 15 12 25 5 8 7 6 8 9 IS 127
1880- -89
0 11 12 15 8 2 3 3 - 4 8 8 13 87 1-9 6 11 14 10 4 3 4 3 3 3 4 4 69
í l0-49 9 .8 12 5 4 4 •5 3 •3 3 1 6 63 '50+ - 2 2 3 - 3 1 - 2 - 1 2 16 Ind. - - 1 - - - 1 - - 2 - - 4 Total 26 33 44 26 10 13 14 8 12 16 14 25 239
1890- •99
0 5 7 10 Q 7 4 7 4 _ 2 3 58 1 -9 4 4 9 8 6 2 •2 2 4 - 1 2 44 10-49 2 3 4 5 2 1 1 2 1 1 2 1 25 50+ 2 4 1 4 3 1 2 5 1 1 2 - 26 Ind. 1 - - - - - - - - - - - 1 Total 14 18 24 26 18 8 12 13 6 2 7 6 154
1900- -C)
0 7 4 : 4 4 5 4 8 3 7 9 15 13 83 1-9 10 5 6 4 3 3 2 3 3 5 8 6 58 10-49 2 6 8 2 3 3 1 3 6 3 4 5 46
'50+- 3 3 6 4 3 6 11 4 7 5 7 4 63 Ind. - - - - 1 - 1 2 - 1 - - 5 Total 22 18 24 15 16 23 15 23 23 34 28 255
1910- -19
0 21 15 11 -6 3 3 5 8 4 9 11 22 118 1-9 21 8 11 8 2 7 4 1 4 5 5 12 88 10-49 6 5 11 6 13 11 2 13 3 9 7 8 94 50+ 10 3 8 7 8 6 10 7 3 4 6 5 77 Ind. - 4 - - 2 2 1 - 1 1 1 - 12 Total S8 35 41 27 28 • 29 22 29 15 28 30 47 389
R E F E R E N C I A S B I B L I O G R Ã F I C A S
1 A B E C K , H e l m u t h . A colaboração g.eAmân-íca no Paraná noò Viltlmoò 50 anoi> : 1 9 2 9 - 1 9 7 9 . C u r i t i b a , C R M , 1 9 8 0 .
2 A L B E R S H E I M , Ú r s u l a . Uma comani:dddz t zu.t'0 - blaé-ílc-íia. J a r i m . Rio de J a n e i r o , C B P E , I N E P , M E C , 1 9 6 2 . 225 p .
3 A L M A N A C H p a r a n a e n s e . A n o 2 , 1 8 9 7 .
4 A U L T C H , W e r n e r . 0 Pa A anã <L oi> almãosò : e s t u d o c a r a c t e -r i o l ó g l c o s o b r e o s i m i g r a n t e s g e r m â n i c o s . C u r i t i b a , C o m i s s ã o d e F e s t a s do G r u p o É t n i c o G e r m â n i c o d o P a r a n á , 1 9 5 3 . 216 p .
5 A R M E N G A U D , A n d r é . La famille, et l'enfant: en F r a n c e et e n A n g l e t e r r e du X V I e au X V I I I e s i è c l e ; a s p e c t s d é m o -g r a p h i q u e s . P a r i s , S o c i é t é d ' É d i t i o n d ' E n s e i g n e m e n t S u p é r i e u r , 1 9 7 5 . 19 3 p .
6 B A H L O W , H a n s . VcutAche-ò Namcnlex-ikon; -Familien u n d V o r -n â m ë n nach U r s p r u n g und Si'nn erklÉirt. "Frankfurt, S u h r k a m p , 1 9 7 2 . 588 p .
7 -BALHANA, A l t i v a -Pilatti; .PINHEIRO 'MACHADO, 'Brasil; W E S T -P H A L E N , C e c í l i a M a r i a . A l g u n s a s p e c t o s ..relativos ao e s t u d o d e i m i g r a ç ã o e colonização.. In: S I M Õ E S DE P A U -L A , E u r í p e d e s , org.. Ana-íé do IV SÃ.mpóó-ío Nac-tonal doò Pno{i2.í>òo>iQ.í> UnÁvcfiò-itãfiZoò de H<LòtÕ>tÁ.a. S ã o P a u l o , 1 9 6 9 . p.. 3 4 5 - 8 9 .
8 . A e v o l u ç ã o d e m o g r á f i c a d e C u r i t i b a _ n o s é c u l o X I X . WõZtt-im da UnÁ v e^ò-idade Federal do Paraná, D e p a r t a m e n t o •de !Hi's tõr i a , C u r i t i b a , ( 15 ) : 5 -19 , 197 2 .
9 ,. FamZl-iai colon-ia^A : f e c u n d i d a d e e d e s c e n d ê n c i a . C u r i t i b a , 1977-. 318 p . T e s e , C á t e d r a , U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á .
10 ; PINHE.I-RO M A C H A D O , B r a s i l ; W E S T P H A L E N , C e c í l i a M a -r i a . P a r a n á t r a d i c i o n a l . In: E L K A T I B , F a i s s a l , o r g . Hi&tõnia do Pasianã. G r a f i p a r , C u r i t i b a . 1969 . p . 6 0 - 2 1 2 .
11 et a l i i . A p e s q u i s a em d e m o g r a f i a h i s t ó r i c a na U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á . In: E N C O N T R O N A C I O N A L DE E S T U D O S P O P U L A C I O N A I S , 3., V i t ó r i a , 1 9 8 2 . 32 p . (Inédito)
12 B E R G E R , M a n f r e d o . A f u n c ç ã o da I g r e j a no p r o c e s s o d e a c u l t u r a ç a o dos t e u t o - b r a s i l e i r o s . In: C O L Ó Q U I O S DE E S T U D O S T E U T O - B R A S I L E I R O S , 2 . R e c i f e , U n i v e r s i t á r i a , 197-4. '.pvSl^-^S-.
156
13 B E R N A R D E S , N i l o . A c o l o n i z a ç ã o e u r o p é i a no S u l d o B r a -s i l . Boletim G & o g i ã & i c o , R i o de J a n e i r o , ( 1 0 6 ) : 8 9 - 1 0 2 , j a n . / f e v . 1 9 5 2 .
14 B U R G U I Ê R E , A n d r é . A d e m o g r a f i a . In: LE G O F F , J a c q u e s & N O R A , P i e r r e , d i r . H-ii>tÓn.Za-. n o v a s a b o r d a g e n s . Rio d e .Janeiro, Eranci-sco A l v e s Editor^a, 1 9 7 6 . p . 5 9 - 8 2 .
15 C A M A R G O , C â n d i d o P r o c ó p i o F.,de ,et a l i i . CatÓX-iaoò, pno-te.òtante.6, qjò pZn.Zta.i>. Rio d e J a n e i r o , V o z e s , 1 9 7 3 .
16 C A R D O S O , C i r o F l a m a r i o n & B R I G N O L I , H e c t o r P é r e z . 0ò metodoé da k-iòtõsi-ia; i n t r o d u ç ã o a o s p r o b l e m a s , m é t o d o s e t é c n i c a s de h i s t ó r i a d e m o g r á f i c a , s o c i a l e e c o n ô m i c a . Rio de J a n e i r o , G r a a l , 1 9 7 9 . 528 p .
17 C A R D O S O , F e r n a n d o H e n r i q u e . R i o G r a n d e do S u l e S a n t a C a t a r i n a . In: B U A R Q U E DE H O L A N D A , S é r g i o , o r g . Hló-tõ&ira •,g.&%a.Ji -da. cZ.vU.tÃ.za.ção 'b^a^&eX/ia.: o iBrasil m o -n á r q u i c o . São P a u l o , D i f e l , 1 9 7 2 . t,3, v.2, p.473-505.
18 C A R D O S O , J a y m e A n t ô n i o & N A D A L I N , S é r g i o O d i l o n . ÕA me-&Z6 e 06 d-Lah de casamento no Paraná; s é c u l o s X V I I I , X I X e X X . C u r i t i b a , 1 9 8 3 . 33 p . M i m e o g r a f a d o .
19 C L A R K , F r e d e r i c o d e _ C a s t e l o B r a n c o . C o n t r i b u i ç ã o p a r a o e s t u d o da i m i g r a ç ã o e c o l o n i z a ç ã o no B r a s i l . RevÃ.6ta de. lmi.gn.aq.ac e. Colonização, R i o d e J a n e i r o , (4): 7 0 2 - 7 , dez.1944..
20 C O S T A , O d ä h Re'gina G u i m a r ã e s . A s í o n t e s ;prirtvárias E x i s -t e n t e s no a r q u i v o da Sé M e t r o p o l i t a n a e P a r ó q u i a N o s s a S e n h o r a da Luz d e C u r i t i b a . BoZe.ti.rn da Univ e.h.òidadz Fe.de.SLal .do PaAanã, D e p a r t a m e n t o d e H i s t ó r i a , C u r i t i b a , ( 6 ) : 4 9 - 9 9 , 1 9 6 8 .
2-1 D A L L E D O N E , M á r c i a T e r e s i n h a A n d r e a t t a . Condi.q.õe.4 àanl-tãfii.a6 e. ah epidemZaò de. vafiZoZa na Ph.ovZnc.Za do Para-ná: 1 8 5 3 - 1 8 8 9 . C u r i t i b a , 1 9 8 0 . 334 p . D i s s e r t a ç ã o , M e s t r a d o , U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á .
22 D I É G U E S J Ú N I O R , M a n u e l & Q U I N T E L A , M a r i a M a d a l e n a D i é -g u e s . Os a l e m ã e s no B r a s i l : t e n t a t i v a d e e s t u d o da b i b l i o g r a f i a e x i s t e n t e . In: C O L Ö Q U I O S DE E S T U D O S T E U -T 0 B R A S I L E I R O S , 2. R e c i f e , U n i v e r s i t á r i a , 1 9 7 4 . p . 5 5 3 - 8 9 .
23 . E s t u d o de r e l a ç õ e s ..étnicas no .Brasil,. SocZoZo-gia, São P a u l o , 16 (2) :2 3 - 3 5 , m a i o 1954 .
24 . lmi.gfiaq.ao, urbanização, induútfiZaZZzação: e s t u -do s o b r e a l g u n s a s p e c t o s da c o n t r i b u i ç ã o c u l t u r a l do i m i g r a n t e no B r a s i l . Rio d e J a n e i r o , M E C , I N E P , C B P E , 1 9 6 4 . 385 p .
25 . P e r s p e c t i v a s a t u a i s do e s t u d o d e r e l a ç õ e s d e c u l t u r a no B r a s i l . In: R E U N I Ã O B R A S I L E I R A D E A N T R O P O -L O G I A , 3 . Anaió. R e c i f e , U n i v e r s i t á r i a , 1 9 5 9 . p .
1 5 1 - 7 2 .
26 . RegZõ-eé c.uZ<tuAai<s do BftaòZZ. R i o d e J a n e i r o , M E C / I N E P , C B P E , 19'6'4 . 535 p .
157
27 D I S T R I B U I Ç Ã O t e r r i t o r i a l d o s a l e m ã e s e a u s t r í a c o s p r e -s e n t e s no B r a s i l em 1 9 5 0 . Rzviòta Rlaòilzína dz Eéta-t Z ò t i c a , R i o d e J a n e i r o , (67), j u l . 1 9 5 6 .
28 DUPAQUIER, J a c q u e s . Introduction a lá dzmogtiaphiz k-ÍA-tiiquz. P a r i s , G a m a , 1 9 7 4 . 125 p .
•29 D U P E U X , Georges.. R e l a t ó r i o G e r a l . in: D E S M I G R A T I O N S . San ,Francisco., .Ç.omis;s.ion I n t e r n a t i o n a l .pour 1'.études d u m o v e m e n t s s o c i a u x d e s s t r u c t u r e s s o c i a l e s . X X I V I n t e r n a t i o n a l O o n g r e s s of H i s t o r i c a l S c i e n c e s , 1 9 7 4 . p . 1 - 5 9 .
30 E L F E S , A l b e r t . Vo na-i nchwab zn -in Paraná. C u r i t i b a , s . e . , 1 9 7 1 . 112 p .
31 F E D A L T O , P e d r o . A arquidioce-ó z dz Curitiba na Aua kiò-toKia. C u r i t i b a , s . e . , 1 9 5 8 .
•3>2 'ELE.U.RY, 'Miche;! /HENRY-, L o u i s . M:ouv-.zau -manuzl d,.z 'dzp.oui-llzmzint zt d'.zxploiiatio.n dz ••V'ztat civíLl an.cizn. Barls., I n s t i t u t N a t i o n a l d ' É t u d e s D é m o g r a p h i q u e s , 1 9 6 5 . 182 p .
33 F U G M A N , Wilhelm.. Diz Vzutòchzn In Paraná. Cury.tiba, O l i v e i r o , 1 9 2 9 . 324 p .
34 G U I L L A U M E , P i e r r e & P O U S S O U , J e a n P i e r r e . Vzmographiz hiòtoriquz. P a r i s , A r m a n d C o l i n , 1 9 7 0 . 414 -p.
35 H E N R Y , L o u i s . Vzmographiz: a n a l y s e e t m o d è l e s . P a r i s , Larousse-, 1 9 7 2 . 337 p .
3'6 . Manuzl dz dzmographiz kiòtoriquiz. P a r i s , D r o z , 1 9 7 0 . 146 p .
37 . Tzcnica dz análihz. zm dzmogra^ia hiòtÓrica. C u r i t i b a , U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á , 19 7 7 . 165 p .
38 L A N D R Y , A d o l p h e . TKaitz dz dzmographiz. P a r i s , Payo.t, 1 9 4 9 .
39 M A R C Í L I O , M a r i a L u í z a , o r g . Vzmogra^ia hiòtõrica: o r i e n -t a ç õ e s e t é c n i c a s m e t o d o l ó g i c a s . São P a u l o , P i o n e i r a , 1 9 7 7 . 261 p .
40 M O Y A , S a l v a d o r & F O U Q U E T , C a r l o s . FamZliaò bnat>ilziraò dz origzm gzrmânica: s u b s í d i o s g e n e a l ó g i c o s . S ã o P a u -l o , I n s t i t u t o H a n s S t a d e n , 1 9 6 5 . 6 v .
41 N A D A L I N , S é r g i o O d i l o n . 04 alzmazò no Paraná z a comu-nidadz zvan.gzlica lutzrana dz C u r i t i b a . C u r i t i b a , 1 9 7 9 . 35 p . M i m e o g r a f a d o .
42 . A c o m u n i d a d e e v a n g é l i c a l u t e r a n a d e C u r i t i b a co-m o u m g r u p o s o c i a l d e f i n i d o . Ei tudo A BrasiIziro*, C u r i t i b a , 7(12) : 6 - 3 6 , 1 9 8 1 .
43 . I m i g r a n t e s a l e m ã e s e d e s c e n d e n t e s e m C u r i t i b a : c a r a c t e r i z a ç ã o de um g r u p o s o c i a l . Hiòtória: Quzòtõzò Z Vzbatzi,, C u r i t i b a , 2 (2) : 23-35 , j u n . 1 9 8 1 .
4 4 . . A -orig-zrn do 6 noivoi no a rzgiAtroA dz caAamznto ò ÏÏa comunidadz -zv angélica lutzrana dz Curitiba : 1870-1969 C u r i t i b a , T97''4. '341 p . 'Dissertação, M e s t r a d o , Uni-verdisa.de F e d e r a l do P a r a n á .
258
4 5 . N A D A L I N , S é r g i o O d i l o n . Unz paiol&òz d'ollglnz gzfima-nlquz au BAZÓII: a c o m m u n a u t é e v a n g e l i g u e l u t h e r i e n n e a C u r i t i b a e n t r e 1866 e t 1 9 6 9 . P a r i s , 1 9 7 8 . 555 p . T e s e , D o u t o r a d o , É c o l e d e s H a u t e s É t u d e s e n S c i e n c e s S o c i a l e s .
4.6 O B E R A C K E R J Ü N I O R , C a r l a s H.. A c o l o n i z a ç ã o b a s e a d a n o r e g i m e da p e q u e n a p r o p r i e d a d e agri-cöla. In: B U A R Q U E DE H O L A N D A , S e r g i o , d i r . Hl&iõtila ge.tia.1 da civiliza-ção bfiai,llzlfia, São P a u l o , Di f e l , 1 9 7 6 . t . 2 , v . 3 , p.. 2 2 0 - 3 1 9 .
47 OS A L E M Ã E S n o s E s t a d o s do P a r a n á e S a n t a C a t a r i n a : 1 8 2 9 - 1 9 2 9 . C u r i t i b a , 1 9 2 9 . 196 p .
48 P E N I D O , M . T e i x è i r a L e i t e . I n i d a ç ã o tzoLÕglza-. o m i s t é r i o d o s s a c r a m e n t o s . Rio de J a n e i r o , V o z e s , 1 9 6 1 .
49 P E T R O N E , ;Maria sTerß'Za íSchorer. .Imigração. _ In: -FAUST.O, Bóris,, d i r . H la tátüja -g&fyal da civilização iy^cu-M^ü'Jva.. S a o 'Paulo, Di f e l , 1 9 7 7 . t . 3 , v . 2 , p . 9 5 - 1 5 3 .
50 P I E R U C C I , Ã n t ô n i o F j á v i o ,de .Oliveira. lg fiz ja: cont^adl-çõzó z acomodaçãoideologia d o c l e r o c a t ó l i c o s o b r e a r e p r o d u ç ã o h u m a n a n o B r a s i l . Sao P a u l o , C E B R A P , 1 9 7 8 . 87 p .
51 RENNER-, C e c í l i a H . & P A T T A R A , N e i d e L . A explicação- so-c i a l d o s f e n ô m e n o s demográficos.: m i g r a ç õ e s . In: S A N -T O S , JairjL.*F. e t -aiii, o r g . V-lmâ'mlc'a da população., t-zo^ila, métodoò .z -Zzcnlcaó d~z anállòz. S ã o P a u l o , Q u e i r o z , 1 9 8 0 . p . 2 3 7 - 5 9 .
52 R I B E I R O , ,B,oaner,geis . ?.HQtzt,Íantlòmo .no .BsiaòII .monárquico, 1 822- 1 88-8 : a s p e c t o s c u l t u r a i s de a c e i t a ç ã o d o p r o t e s -t a n t i s m o no B r a s i l . S ã o P a u l o , P i o n e i r a , 1 9 7 3 . 179 p .
53 R O C H E , J e a n . A ao ionização alzmã z o Rio Gfiandz do Sul. P o r t o A l e g r e , G l o b o , 1 9 6 9 . 2 v .
54 S C H A D E N , E g o n . A c u l t u r a ç ã o d e a l e m ã e s e j a p o n e s e s n o B r a s i l . Rzvlt>ta dz Antropologia, São P a u l o , 4(1): 4 1 - 4 , j u n . 1 9 5 6 .
55 . O e s t u d o s ó c i o - a n t r o p o l ó g i c o da a c u l t u r a ç ã o d o s a l e m ã e s no Brasil- In: C O L Ó Q U I O S DE -ESTUDOS T E U T O -B R A S I L E I R O S , 2-. R e c i f e , U n i v e r s i t á r i a , 197-4. p.153-69.
56 S C H A R A D E R , A c h i m . jÊxifeos da a c u l t u r a ç ã o u r b a n a e ,rural de i m i g r a n t e s de o r i g e m -alemã e d o s s e u s d e s c e n d e n t e s n o S u l do B r a s i l . In: C O L Ó Q U I O S DE E S T U D O S T E U T O - B R A -S I L E I R O S , 2 . R e c i f e , U n i v e r s i t á r i a , 1 9 7 4 . p . 1 5 3 - 6 9 .
57 S E Y F E R T , G i r a i d a . A colonização alzmã no valz do ItajàZ-M l i l m : u m e s t u d o d e d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o . P o r t o A l e g r e , M o v i m e n t o , 1 9 7 4 . 158 p .
58 . I d z n t l d a d z ztnlca z Idzntl^lcação numa comunldd-dz tzuto- blaillzlAa do valz do I taj aZ-Ml-ilm. U n i v e r -s i d a d e F e d e r a l d o Rio de J a n e i r o , 1 9 7 4 . 39 p.. M i m e o -•gräf a d o .
159
59 S O A R E S , N e u s a R e g i n a R a m i r e s . A dinâmica da Integração alemã em São Lourenço do Sul: a p a r t i r d e r e g i s t r o s p a r o q u i a i s , 186.1-1930. C u r i t i b a , 1 9 8 2 . 195 p . D i s s e r -t a ç ã o , M e s t r a d o , U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a r a n á .
60 S I N G E R , P a u l . Desenvolvimento econômico e evolução ur-bana,: a n á l i s e da e v o l u ç ã o .econômica d e S ã o P a u l o , B l u -m e n a u , P o r t o A l e g r e , B e l o "Horizonte e R e c i f e . S ã o P a u l o , Ci-a vEdi-tora N a c i o n a l , 1 9 6 8 . 378 p .
61 SOC-IETE DE D E M O G R A P H I E H I S T O R I Q U E . M o d e l e s d e t a b l e a u p o u r les m o n o g r a p h i e s . VH Bulletin d'Information, P a r i s , ( 21): 2 2 , a v r . 1 9 7 7 .
62 T E N B R O C K , R o b e r t o - H e r m a n n . Histoire d'Allemagne. M ü n -c h e n , M á x H u e b e r , 1 9 6 6 . 37 p .
63 T R E U E , W o l f g a n g . Alemanla desde 1848: o j a d a h i s t ó r i c a . B o n n , I n t e r N a t i o n e s , 19:6-9. "133 p .
6'4 V I O T T I © A COSTA., 'Emalia . -O :e s c r a v o :na g r a n d e ^ l a v o u r a . In: B U A R Q Ü E _ D E H O L A N D A , S é r g i o , o r g . Historia geral da clvlllza-çao brasileira: o 'Bra«sil • m o n á r q u i c o . 'São P a u l o , D i f e l , 1 9 7 6 . t . 2 , v . 3 , p . 1 3 5 - 8 8 .
65 WACHOW-ICZ, Ruy C h r i s t o v a m . Abranches: u m e s t u d o d e h i s -t ó r i a d e m o g r á f i c a . C u r i t i b a , V i c e n t i n a , 1 9 7 6 . 186 p .
66 W A C H T E L , N a t h a n . A a c u l t u r a ç ã o . In: LE G O F F , J a c q u e s & N O R A , P i e r r e , d i r . Historia: n ü v o s p r o b l e m a s . Rio de -Jänelaro, 'íFrancistro A l v e s , 1 9 7 6 . p . 1 1 3 - 2 9 .
67 W A I B E L , L e o . O p r i n c í p i o d a c o l o n i z a ç ã o e u r o p e i a no S u l do. B r a s i l . Revista Brasileira de Gs.ogrcLÍla, R i o de Janeiro., 7 7. (2) : 1 5 9 - 2 2 2 , 1949 .
68 W I L L E M S , E m í l i o . A aculturação dos alemães no Brasil: e s t u d o a n t r o p o l ó g i c o dos i m i g r a n t e s a l e m ã e s e s e u s d e s c e n d e n t e s n o B r a s i l . S ã o P a u l o , C o m p a n h i a E d i t o r a N a c i o n a l , 1 9 4 6 . 609 p .
69 . Assimilação e populações marginais no Brasil: e s t u d o s o c i o l ó g i c o dos i m i g r a n t e s g e r m â n i c o s e seus descendentes,. São P a u l o , C o m p a n h i a E d i t o r a Nacron'al, 1 9 4 0 . 343 p .
70 . A m i s c i g e n a ç ã o e n t r e ^brasileiros d é a s c e n d ê n c i a g e r m â n i c a . Sociologia, S ã o P a u l o , 15(2): 9 5 - 8 , m a i o 19 5 3 .