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Quase tudo que você precisa saber

sobre Bacteriologia

Parte 2 – Relação Microbiota vs. Hospedeiro : A Defesa do

Hospedeiro

Rafael Nobre

Obs. O trabalho que faço é apenas reunir os pontos mais importantes de cada assunto. Muitos quesitos foram

ignorados enquanto eu escrevi este ‘resumo’ e para o entendimento completo é fundamental ler um livro

específico.

Introdução

O Sistema imunológico é o somatório dos mecanismos de defesa do hospedeiro diante de uma

agressão microbiana. As principais funções do sistema imune são :

1. Proteger o hospedeiro de microorganismos patogênicos, e dos metabólitos tóxicos

produzidos por eles.

2.Prevenir o desenvolvimento e a disseminação de neoplasias (tumores).

3.Estabelecer diferenciação precisa entre os componentes próprios e os não-próprios (

antígenos ou Ag) de cada organismo, para que a reação se desencadeie apenas frente aos

corpos estranhos, não havendo destruição do seu patrimônio.

1. A Resposta Imuno-Inflamatória

O intuito da resposta defensiva é destruir o agente agressor com o mínimo de

prejuízo tecidual ao hospedeiro, para que posteriormente a reparação dos danos causados

pelo patógeno esteja facilitada. Infelizmente, respostas muito intensas e/ou prolongadas

contribuem para aumentar o dano tecidual iniciado pelo patógeno. A intensidade dessa

resposta é regulada por substâncias denominadas Mediadores da Inflamação. Com a

agressão dos tecidos¹, esses mediadores químicos são liberados provocando dilatação das

arteríolas e aumento de permeabilidade dos capilares e vênulas, o que permite um maior

afluxo de sangue para a área agredida, bem como a exsudação (extravasamento) de

líquido, proteínas e células de defesa (migração dos leucócitos através da parede vascular

para o espaço intersticial, denominado diapedese ou emigração leucocitária). O primeiro

evento inflamatório, após a agressão do patógeno, é a dilatação das arteríolas, causada

pela liberação das prostaglandinas. Ao mesmo tempo, a liberação de outro grupo de

mediadores (histamina, bradicinina, leucotrienos e etc), provocará o aumento da

¹(infecções microbianas, queimaduras, radiações, traumatismos mecânicos, toxinas, substâncias

cáusticas, presença de tecido necrótico etc.)

permeabilidade das vênulas, resultando no extravasamento de um líquido plasmático rico

em proteínas. Esse aumento da permeabilidade é responsável pelo edema, marca

registrada das inflamações agudas

Uma função primordial da resposta inflamatória é levar leucócitos à região

agredida, pois muitos deles desempenham papel importante na defesa, fagocitando ou

produzindo substâncias que destroem microorganismos, tecidos necróticos, e degradam

ou inativam os antígenos, que por sua vez, podem desencadear uma resposta inflamatória.

Os neutrófilos, monócitos, linfócitos e eosinófilos chegam ao sítio da agressão pela

corrente circulatória, atravessam a parede dos vasos (Diapedese) e migram em direção

ao sítio de agressão (através da Quimiotaxia). Os leucócitos, presentes na corrente

sanguínea, após se aderirem a parede do endotélio, atravessam o vaso e, seguem “a trilha”

de substâncias que foram liberadas por Macrófagos, que reconheceram o patógeno. Assim,

os leucócitos são levados até o local da infecção. Ao encontrar o patógeno, a célula inicia

um processo chamado fagocitose, principalmente executado por neutrófilos e macrófagos.

Após reconhecer e se fixar ao microorganismo, a célula fagocitária envolve o

microorganismo, e libera produtos bactericidas e bacteriostáticos, culminando na

destruição do agente agressor.

Algumas vezes a célula fagocitária é capaz de reconhecer e ingerir o patógeno

diretamente, mas na maioria das vezes a fagocitose só é possível após o envolvimento das

partículas por opsoninas. As opsoninas são fatores naturais do soro (por exemplo, um

fragmento da imunoglobulina G e o fator C3b do sistema complemento) que se ligam a

partículas facilitando a fixação de células fagocitárias nos microorganismos, culminando

num processo chamado opsonização. [...]Portanto, a fagocitose se dá em três etapas:

inicialmente o reconhecimento e fixação do leucócito às partículas/microrganismos, seguida

da ingestão das partículas/microrganismos pelo leucócito e, finalmente, da degradação das

partículas/microrganismos no interior de fagolisossomos do leucócito.

A Via Metabólica da Ciclooxigenase

A Membrana das nossas células é composta por uma camada de Fosfolipídeos. A partir de qualquer tipo de agressão, uma enzima chamada Fosfolipase A2 agirá sobre essa membrana, liberando o Ácido Araquidônico. A partir do Ác. Araquidônico, rapidamente, as Enzimas Cicloxigenase 1 e 2 irão sintetizar substâncias denominadas Prostanoides (Prostaglandinas, Prostaciclinas e Leucotrienos), que estão relacionados com o processo inflamatório. Os Antiinflamatórios agem interferindo em fatores relacionados com essa via metabólica. Além de processos de resposta inflamatória, as cicloxigenase estão relacionadas com a fisiologia do corpo. Segundo estudos, a COX 1 é responsável principalmente pela proteção gástrica, agregação plaquetária , secreção do ácido clorídrico do estômago e drenagem do humor aquoso (controle da pressão intra-ocular). Por outro lado, a COX2 está relacionada a vasodilatação, dor, edema, rubor, calor, sensibilidade à dor e febre, tornando-a ideal para ser bloqueada pelos fármacos anti-inflamatórios. Acompanhe a figura ao lado:

A inflamação está represente por 4 Sinais clínicos. Esses famosos sinais cardinais, enunciados por Celsus, um médico e cientista que viveu na época de Cristo. São eles : rubor, tumor, calor e dor, bem como o quinto sinal, introduzido posteriormente por Virchow, um patologista alemão do inicio dos anos 1800,perda de função.

O Rubor do tecido inflamado resulta da hiperemia local, determinada pelo aumento do fluxo sangüíneo e dilatação de capilares e vênulas da área envolvida na resposta inflamatória.

O Tumor (tumefação, inchaço) deve-se ao extravasamento e retenção de líqüido de edema no espaço intersticial da área inflamada.

Existem 3 motivos para o ocorrência de dor nos tecidos inflamados (Dor inflamatória). Alguns mediadores químicos vasculares, como a bradicinina e a histamina, estimulam as terminações nervosas sensitivas (nociceptores = receptores sensíveis a estímulos potencialmente nocivos), gerando um impulso que se transmite pelo axônio em direção ao sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). As prostaglandinas provocam hipersensibilidade nociceptores e diminuem o limiar de excitabilidade, tornando os tecidos inflamados mais sensíveis a estímulos que normalmente produziriam pouca dor, essa resposta exagerada a dor se chama hiperalgesia inflamatória. Além disso, sabe-se que as inflamações que ocorrem em tecidos que se tornam tensos quando relativamente pouco líqüido de edema se acumula neles, tais como os tecidos subcutâneos nas regiões em que a pele é intimamente aderida ao osso, ou em tecidos confinados em cavidades de paredes resistentes, como é o caso da polpa dental, são muito mais dolorosos do que inflamações semelhantes em tecidos que se distendem mais facilmente. Isto deve-se à pressão exercida pelo líqüido de edema sobre as terminações nervosas do tecido inflamado. O aumento local de temperatura (Calor) pode ser facilmente percebido em inflamações de tecidos superficiais, e deve-se ao aumento do afluxo de sangue (hiperemia), aliado ao aumento do metabolismo.

O aumento sistêmico de temperatura (febre) deve-se à liberação de polipeptídeos denominados genericamente de pirógenos endógenos, dentre eles a interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF), que estimulam a síntese de prostaglandinas no centro termorregulador do hipotálamo. Como conseqüência, ocorre a liberação de neurotransmissores simpáticos no centro vasomotor hipotalâmico, desencadeando vasoconstrição periférica, diminuição da dissipação de calor e febre.

Referências Bibliográficas : 1.LORENZO, José Luiz de.Microbiologia para o Estudante de Odontologia.São Paulo:Atheneu,2004 2.CARRANZA Jr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H. Periodontia clínica , 9 o ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2004. 3. LAMANO. Teresa L.C.INFLAMAÇÃO.Ribeirão Preto: 2008- http://www.forp.usp.br/mef/digipato/Microsoft_Word_-_INFLA.2008.pdf 4. Richard A. Goldsby, Thomas J. Kindt, Barbara J. Osborne. Kuby Imunologia. 4 ed. [S.l.]: Revinter, 2002. ISBN 85-7309-637-3 5.Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Nelson Fausto. Robbins e Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 7 ed. [S.l.]: Elsevier, 2005. 1504 p. ISBN 85-352-1391-0