PROTOCOLO DE VIGILÂNCIA E ATENÇÃO À SAÚDE DOS ... · e 18% utilizam do álcool combustível em...

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PROTOCOLO DE VIGILÂNCIA E ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS–SP

Autores - Maria Aparecida Torres Mourão Amâncio, Ivanilda Mendes, Alexandre Polli Beltrami, Mirian Pedrollo Silvestre, Andrea Marques Tavares e colaboradores (GT)

No. TRABALHADORES ATENDIDOS POR DISTRITO DE SAÚDE

35 40

207

LESTE NOROESTE SUDOESTE SUL

Introdução e JustificativaO benzeno, uma substância reconhecidamente carcinogênica, tem sido objeto de controle no âmbito mundial, dada sua característica de contaminante universal e seus potenciais efeitos à saúde humana (2). Em 1995, criou-se a Comissão Nacional Permanente do Benzeno, fórum tripartite que visa a proteção da saúde dos trabalhadores. No município de Campinas, o “Projeto Frentistas” surgiu em 2006, por demanda da Comissão Estadual e Regional do Benzeno junto ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) para promoção da saúde dos trabalhadores em postos de combustíveis. A execução do “Projeto” teve início em 2008, através de um grupo de trabalho (GT) intersetorial e interinstitucional que congregava Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Campinas em seus vários níveis (5 Distritos de Saúde - regional, Coord. de Vigilância em Saúde, CEREST, Vigilância Ambiental), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE - GRTE e FUNDACENTRO), Sindicato dos Frentistas e outros.

ObjetivosDiagnosticar as condições de saúde dos trabalhadores de postos decombustíveis e elaborar protocolo de vigilância e acompanhamento de saúde,considerando os riscos específicos relacionados a exposição química(principalmente o benzeno).

Metodologia1) Levantamento bibliográfico e de projetos similares já realizados na Bahia e no Paraná;2) Formação do GT, intersetorial e interinstitucional, para elaboração, implementação eacompanhamento do Projeto; 3) Levantamento e mapeamento dos postos de combustíveisdo município, identificando-se os localizados em áreas contaminadas, a partir dos dados doPrograma VIGISOLO e CETESB; 4) Definição de 10 estabelecimentos para aplicação deroteiro de vistoria definido pelo GT por parte das cinco equipes de vigilância do município -VISAs regionais (vigilancia sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador e ambiental) emcaráter experimental; 5) Avaliação de saúde dos trabalhadores dos postos selecionados, porequipe multi-disciplinar do CEREST, através das seguintes etapas: 1- acolhimento comênfase na avaliação de exposição; 2- avaliação clínica, com ênfase no sistemahematopoiético, função hepática e função renal; 3- avaliação audiológica (audiometria,avaliação de reflexo estapediano e processamento auditivo); 6) Elaboração de banco dedados com as informações coletadas (EPIINFO); 7) Análise do total de informações(vistorias, atendimentos individuais, VIGISOLO e VIGIAGUA), buscando-se identificarfatores de risco à saúde dos trabalhadores, incluindo as especificidades para o sexofeminino, considerando os possíveis impactos sobre a gestação; 8) Elaboração doprotocolo e divulgação para uso pela rede básica de saúde do SUS.

Resultados (parciais) das avaliações individuais Entre 10/02/2009 e 19/03/2010 o CEREST atendeu 102 trabalhadores de 8postos de combustíveis . Dentre os examinados 76% tinham entre 21 e 40 anos,com média de 33 anos de idade, havendo predomínio do sexo masculino (86%)e escolaridade de nível médio (48%). Quanto à exposição ao risco a maioria(55,9%) tinha de 1 a 8 anos na função, sendo que 34,3% tinham mais de 9 anosde exposição. Quanto a procedimentos de risco verificou-se que: 49% dosavaliados têm exposição dermal pelo “uso do paninho” no abastecimento; 25%cheiram a tampa do tanque para diferenciar o tipo de combustível; 69%aproximam a face no abastecimento quando cliente solicita “encher o tanque atéa boca”; 46% realizam ou já realizaram coleta de amostra em caminhão tanque;e 18% utilizam do álcool combustível em procedimentos de limpeza, como naremoção de sujidade das mãos ou mesmo da bomba de abastecimento e piso daloja de conveniência. Quanto às condições de saúde, os sintomas maisprevalentes foram: cefaléia (42,2%); irritação nos olhos (25,5%); problemas nacoluna (24,5%); queixas gástricas (20,6%); irritação no nariz (19,6%); irritação napele (16,7%); dor nas pernas (17,6%). Os diagnósticos mais frequentes foram,em nº absolutos: Hipertensão Arterial Sistêmica (12); Síndrome Dispéptica (9);Sobrepeso (8); Perda Auditiva Neurosensorial (7); Cefaléia crônica (6);Neutropenia relativa (5) Nas avaliações audiológicas, apesar da maioriaapresentar normalidade audiométrica (76%), houve grande prevalência dealterações de reflexo estapediano (62%), despertando suspeita de alteraçõesem tronco encefálico que podem estar relacionadas à exposição a combustíveis.

Considerações FinaisAs informações obtidas até o momento propiciaram ao Sistema de Vigilância em Saúde o desenvolvimento de ações de intervenção nos ambientes fiscalizados, visando redução e monitoramento dos riscos decorrentes da exposição a combustíveis. Pretende-se no passo seguinte aprimorar o Protocolo de ações de vigilância e de acompanhamento desses trabalhadores, testado em caráter piloto, para implantação na rede SUS de Campinas. Este projeto aponta a importância do trabalho intra e intersetorial na potencialização das ações de saúde do trabalhador e saúde ambiental.

Referência Bibliográfica1- Ciênc. saúde coletiva vol.8 no.4 Rio de Janeiro 2003 - Alternativas e processos de vigilância em saúde do trabalhador relacionados à exposição ao benzeno no Brasil - Jorge Mesquita Huet MachadoI; Danilo Fernandes CostaII; Luiza Maria CardosoIII; Arline ArcuriIII2- Barale R 1995. Genotossità del benzene, pp. 41-50. In Minoia C, Apostoli P & Bartolucci GB (orgs.). Il benzene: tossicologia, ambienti di vita e di lavoro. Morgan Ed., Milão

FAIXA ETÁRIA

4%

39% 35%

16%6%

< 21 21 - 30 31 - 40 41 - 50 > 50

SEXO

86%

14% MASC

FEM

ESCOLARIDADE

2%4%

48%

28%16%

2%

ANALF 1a.-4a. 5a. - 8a. médio superior ign

FUNÇÃO

65%

9%

7%

5%3%

1%2%

FRENTISTAFRENT CAIXATROC OLEOLAVADORAUX ADMSECRETBALCONISTAATEND VENDASVIGIA NOTSUP PISTAMOTORISTAGERENTECHEFE PISTA

TEMPO EXPOSIÇÃO TOTAL

34,3%

9%20,6%

34,3%

2%

< 1 1 a 4 5 a 8 > 9 IGN

FAZ USO DO PANINHO NO ABASTECIMENTO

43%57%

SIMNÃO

TEM HÁBIDO DE CHEIRAR A TAMPA ANTES DE ABASTECER (ÁLCOOL OU GASOLINA?)

30%45%

25%

SIM NÃO PERGUNTA NÃO REALIZADA

APROXIMA A FACE AO "ENCHER O TANQUE ATÉ A BOCA"

I6%

69%25%

SIMNÃOIGN

REALIZA/OU COLETA DE AMOSTRA NO CAMINHÃO TANQUE

46%

54%SIMNÃO

REALIZA/OU MEDIÇÃO DO TANQUE COM RÉGUA (MANUAL)

71%29%

SIMNÃO

FAZ USO DO ÁLCOOL COMBUSTÍVEL NA LIMPEZA

18%82%

SIM

NÃO

PRINCIPAIS GRUPOS DE SINTOMAS42%

26% 25% 21% 20% 18% 17% 14% 14% 14% 11% 10% 10% 10%

CEFALEIA OLHOS COLUNA ESTOMAGO NARIZ

DOR PERNAS PELE TONTURA RINITE AUDITIVO

FALTA DE AR PALPITAÇÕES BRONQUITE CANSAÇO

76%

24%

normal alterado

AUDIOMETRIA

38%

62%

normal alterado

REFLEXO ESTAPEDIANO

DIAGNOSTICO POR CID

1919

1716

151010

98

77

64

32

0 5 10 15 20

DOENÇAS DO AP GENITURINARIO N00 - N99

DOENÇAS DA PELE L00-L99

DOENÇAS DO OLHO - H00 - H59

LESÕES, C. EXTERNAS S00 - S99 E T00 - T99

DOENÇAS DO SANGUE - D50-D77

TRANST MENTAIS - F00 - F99

DOENÇAS SIST NERVOSO G00 - G99

DOENÇAS SIST OSTEOMUSCULAR M00 - M99

DOENÇAS DO AP RESPIRATÓRIO - J00 - J99

FATORES INFLUENCIAM SAUDE - Z00 - Z99

DOENÇAS DO OUVIDO - H60 - H95

DOENÇAS ENDOCRINAS - E00 - 90

ACHADOS ANORMAIS EXAMES R00 - R99

DOENÇAS AP CIRCULATORIO I00 - I99

DOENÇAS AP DIGESTIVO K00 - K93

CEREST CAMPINAS – 32721292 / 32728025EMAIL: saude.crst@campinas.sp.gov.br

cerest_campinas@yahoo.com.br