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Proposta de uma Praxis Pedagógica Embasada no Sócio-Interacionismo e na
Zona do Desenvolvimento Proximal de Vygotsky: Relato da experiência aplicada em
Instituições do Ensino no período de 2003 a 2008.
RESUMO
A inquietação com os rumos da educação e a ausência de uma metodologia que
reconheça o aluno como base da ação pedagógica é o fator motivador na proposição dessa
nova práxis pedagógica para o ensino das disciplinas da área contábil. Esse trabalho apresenta
a pesquisa realizada no período de 2003 a 2008, em instituições de ensino superior, e tem
como principal fundamentação teórica a utilização dos conceitos de sócio-interacionismo,
presente na Teoria do Desenvolvimento Proximal (ou Zona do Desenvolvimento Proximal) de
Vygotsky, como um fator de sucesso para o processo ensino-aprendizagem. Nas Fases I e II,
os dados foram obtidos em cadernetas eletrônicas. A Fase III é composta pelas respostas dos
questionários aplicados após a finalização do semestre. Os resultados evidenciam que: trocar a
função de PROFESSOR pela função de MEDIADOR possibilitou ao aluno o pensar –
fundamental no processo de aprendizagem e de construção do conhecimento; houve
modificações na postura dos alunos, em relação à proposta após a vivência; o sucesso da
metodologia comprovou-se pelo percentual de 93% dos alunos que afirmam ter obtido êxito
na apreensão dos conceitos básicos da disciplina; o lúdico pode, e deve ser utilizado no
processo ensino-aprendizagem de adultos por ser uma fonte de promoção do
desenvolvimento. Conclui-se então que a metodologia de ensino, baseada nas características e
conceitos da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é um fator de sucesso no processo
ensino-aprendizagem. Indicam ainda que, nesta pesquisa, o lúdico, assim como os desafios,
foram utilizados como instrumentos de motivação.
Palavras-Chave: Desenvolvimento Cognitivo; Lúdico; Processo Ensino-
aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta os resultados obtidos em pesquisa realizada no período de
2003 a 2008, em instituições de ensino superior no estado da Bahia e propõe uma nova práxis
pedagógica fundamentada na utilização dos conceitos de sócio-interacionismo daTeoria do
Desenvolvimento Proximal (Zona do Desenvolvimento Proximal) de Levy Vygotsky, como
um fator de sucesso para o processo ensino-aprendizagem.
A questão norteadora deste trabalho foi: a utilização dos conceitos sócio-
interacionistas, presente na teoria do Desenvolvimento Proximal é um fator de sucesso para o
processo ensino-aprendizagem? Para o alcance do objetivo deste trabalho, partiu-se dos
conceitos da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e do Sociointeracionismo para a
definição do processo ensino-aprendizagem e a relação deste com a ZDP.
A principal motivação para pesquisa foi a inquietação com os rumos da educação, bem
como as dificuldades em identificar uma metodologia que reconheça que o aluno é o centro e
a base da ação.
I. REVISÃO DA LITERATURA 1. ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL
Para compreender a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é necessário
identificar, primeiramente, os cinco postulados que embasam as ideias de Vygotsky: a
relação individuo/sociedade, resultado da interação dialética do homem e seu meio sócio-
cultural que traz em seu bojo a integração dos aspectos sociais e biológicos do individuo; a
origem cultural das funções psíquicas uma vez que a cultura é parte constitutiva da natureza
humana ; o cérebro como base biológica do funcionamento psicológico por ser um
“sistema aberto”; a mediação, característica presente em quaisquer atividade humana,
definida com os instrumentos técnicos e os sistemas de signos utilizados na
interação/mediação dos seres humanos entre si e entre o ambiente em que vivem, daí a
importância da linguagem e; a análise psicológica, capaz de conservar as características
básicas dos processos psicológicos (REGO, 2007).
Vygotsky identifica dois níveis de desenvolvimento: o Real e o Potencial. Nível de
Desenvolvimento Real é entendido como as funções ou capacidades que a criança já aprendeu
e domina. O nível de Desenvolvimento Potencial refere-se às funções e capacidades que a
criança é capaz de fazer mediante a ajuda de outra pessoa (diálogo, colaboração, imitação,
experiência compartilhada e /ou pistas fornecidas).
A distância entre o que a criança é capaz de fazer sem ajuda (nível de
desenvolvimento real) e o que ela pode realizar com a colaboração do se grupo social (nível
de desenvolvimento potencial) caracteriza a chamada Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP). Vygostky afirma que “aquilo que é a zona de desenvolvimento proximal hoje será o
nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com
assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã” (1984:98 apud REGO, 2007:74).
A mediação e a interação social, presentes na ZDP são consideradas as características
mais relevantes nesta pesquisa, por possibilitar a utilização destes conceitos para definir
limites, competência e responsabilidades no processo de ensino-aprendizagem.
1.1 Sociointeracionismo
Ao definir o sujeito como uma “unidade múltipla, que se realiza na relação eu-outro,
sendo constituído e constituinte do processo sócio-histórico” (PALANGANA, 2001:116),
Vygostky afirmava sua crença na corrente interacionista e construtivista, da qual Piaget
também fazia parte. No entanto, por viver em um mundo marxista, houve, em suas idéias, a
predominância do social, daí o uso do termo sociointeracionismo. (ANTUNES, 2007).
Para Palangana (2001:133), “o processo do conhecimento implica em uma relação
entre o sujeito que busca conhecer e o objeto a ser conhecido, de tal forma que, entre ambos,
estabelecem-se relações recíprocas que modificam tanto o primeiro quanto o segundo”.
Quando uma teoria não privilegia nem o sujeito nem o objeto de estudo, mas sim, a interação
que se estabelece entre eles, ela é denominada como uma teoria de abordagem
interacionista. Piaget e Vygotsky ressaltam a relevância do sujeito na construção do
conhecimento mas, apenas Vygotsky adota como matriz epistemológica de seu interacionismo
a dialética-materialista, percebendo o efeito do ambiente sócio-histórico sobre o
desenvolvimento cognitivo.
Conclui-se então que, o interacionismo defendido por Vygotsky se refere a ações
partilhadas não por um único sujeito e sim por vários, concebendo o desenvolvimento das
funções psíquicas do homem como um processo essencialmente cultural e histórico.
2. PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Na Psicologia, aprendizagem pode ser conceituada como “as modificações nas
capacidades ou disposições do homem que não podem ser atribuídas simplesmente à
maturação” (GIL, 1997:58), ou seja, a aprendizagem acontece quando ocorre um aumento da
capacidade de uma pessoa para executar determinados desempenhos.
Na educação, o conceito de aprendizagem, segundo Gil (1997:58) “refere-se à
aquisição de conhecimentos ou ao desenvolvimento de habilidades e atitudes em decorrência
de experiências educativas, tais como aulas, leituras, pesquisas, etc.”.
O Processo de aprendizagem é considerado complexo devido aos aspectos
relacionados às diferenças individuais (cada pessoa apresenta diferenças significativas em
relação à aprendizagem); a motivação para aprender e apreender o objeto, a concentração que
depende da motivação e de outros fatores estranhos à motivação; a reação ou a resposta ao
estímulo ou conjunto de estímulos proposto pelo professor; a realimentação ou feedback; a
memorização, possibilitada pela compreensão do objeto e; a transferência, que é a aplicação
do conhecimento aprendido (GIL, 1997:58-63).
Para Gil, a aplicação de princípios psicológicos com base em conhecimento prévio dos
alunos (avaliação diagnóstica), permite o reconhecimento das diferenças individuais, a
motivação dos alunos, a concentração, a reação, o feedback a retenção e a transferência dos
conhecimentos discutidos em sala de aula, por meio de estratégias de ensino-aprendizagem,
ou seja, aplicação de procedimentos (métodos de ensino, métodos didáticos, técnicas
pedagógicas, técnicas de ensino, atividades de ensino, dentre outras), para o alcance dos
objetivos evidenciados nos planos de ensino (GIL, 1997:63-68).
Vygotsky conceitua aprendizagem com base em quatro princípios básicos: a ajuda do
mediador para a aprendizagem; a capacidade docente em provocar desafios e propiciar
experimentos que levem os alunos a questionar os significados que atribuem aos conteúdos
que aprendem; um clima propício à aprendizagem, com apoio e suportes favoráveis e;
avaliação embasada no qualitativo, ou seja, no desempenho de cada um (diferença entre o
desenvolvimento real e o potencial).
3. A RELAÇÃO ENTRE O SOCIOINTERACIONISMO (ZDP) E O PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
A relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem sempre foi questão central nos
estudos de Vygotsky que a explica com base em princípios interacionistas, ressaltando a
unidade dialética entre estes dois pólos, preservando, no entanto, a identidade de cada um.
Para Vygotsky, as concepções que tratam desta relação possuem três posições teóricas: a
primeira fundamentada no pressuposto de que o desenvolvimento é um processo
maturacional que ocorre antes e independente da aprendizagem.
A segunda, que postula que a aprendizagem é sinônimo de desenvolvimento e que
entende por desenvolvimento a acumulação de respostas aprendidas (o desenvolvimento
ocorre simultaneamente à aprendizagem). E, a terceira posição combina as duas abordagens
anteriores sugerindo que desenvolvimento e aprendizagem são dois processos independentes
que interagem afetando-se mutuamente.
Vygotsky reconhece que o desenvolvimento e a aprendizagem são processos distintos
e interdependentes e seus estudos se orientam no sentido de explicar essa relação, ressaltando
a competência da linguagem na interação entre esses dois processos já que é por meio da
apreensão e internalização da linguagem que ocorre o desenvolvimento da criança
(PALANGANA, 2001:125-131)
A compreensão do conceito de zona do desenvolvimento proximal possibilita a
reavaliação do papel da imitação na aprendizagem uma vez que para a psicologia clássica,
somente as tarefas que a criança consegue desenvolver sozinha pode ser indicativo do seu
desenvolvimento mental, definindo a imitação como um processo puramente mecânico. Na
observação de Vygotsky, as crianças podem imitar ações muito além de suas capacidades
reais e efetivas, criando zonas de desenvolvimento proximal, apoiando sua tese de que a
aprendizagem antecede ao desenvolvimento.
Dentre as diversas contribuições de Vygotsky ao processo de ensino-aprendizagem,
destacam-se a liberação da aprendizagem do jugo do desenvolvimento, ou seja, para
Vygotsky a aprendizagem é que permite o desenvolvimento cognitivo, diferentemente de
Piaget que defende que é o desenvolvimento mental (ou cognitivo) que possibilita o
aprendizado. Assim, o processo de apropriação do conhecimento se dá durante o
desenvolvimento das relações, determinadas pelas condições histórico-sociais, entre o sujeito
e o mundo real.
É por isso que Vygotsky não pode ser classificado apenas como um autor
interacionista uma vez que ele se enquadra muito mais na vertente sócio-interacionista, em
vista das relações recíprocas, evidenciadas em suas obras, que se estabelecem entre o sujeito e
objeto.
4. A EXPERIÊNCIA REALIZADA
Entre os anos de 2005 a 2008, trabalhou-se as disciplinas da área contábil, ministradas
em três instituição de ensino superior da cidade, utilizando-se métodos e técnicas de ensino
embasadas nas características da Metodologia do Desenvolvimento Proximal (Zona de
Desenvolvimento Proximal), destacando-se a mediação e o sociointeracionismo.
4.1 Metodologia
Definida como seria a obtenção dos dados (registros nas cadernetas eletrônicas), das
disciplinas ministradas em cursos de graduação, nos semestres de 2003.1 a 2008.1, em três
instituições de ensino superior, separou-se estes dados em três fases: Fase I, Fase II e Fase
III.
Na Fase I, alocou-se os dados referentes ao período de 2003.1 a 2004.2. Neste período,
as disciplinas foram ministradas com a metodologia tradicional. A Fase II, iniciada em 2005.1
e finalizada em 2008.2, é composta de dados obtidos também, dos registros em caderneta
eletrônica. A Fase III é constituída pelos resultados apurados na tabulação dos questionários
aplicados após a finalização do semestre, de forma aleatória entre os discentes, no qual foram
evidenciadas a opinião dos discentes sobre a metodologia utilizada, totalizando 253 (duzentos
e cinqüenta e três) questionários em 3 (três) anos, divididos em 3 (três) blocos: Parte I –
Opinião antes de cursar a disciplina; Parte II – opinião cursando a disciplina; Parte III –
Opinião após cursar a disciplina.
Participaram desta pesquisa um total de 3.669 (três mil, seiscentos e sessenta e nove)
discentes, sendo 1.572 (um mil, quinhentos e setenta e dois) discentes na primeira fase e
2.097 (dois mil e noventa e sete) discentes na segunda fase (Os números referentes aos alunos
que trancaram a disciplina, bem como os alunos que foram aprovados após a realização de
Prova Final, não foram considerados).
Por meio da inferência estatística, a quantidade de questionários recebidos foi
considerado relevante (amostra representativa), pois ao se calcular qual seria a amostra válida,
para um nível de 5% de confiabilidade, o número encontrado foi de 163 questionários.
Cálculo efetuado:
(1,96)2
x (0,121 x 0,879) = 0,408589 = 163,44
(0,05)2
0,0025
4.2 Dados Obtidos e Análise dos Dados (Fase I e Fase II)
Os resultados obtidos na Fase I (período de 2003.1 a 2004.2), os dados evidenciam os
resultados obtidos com a utilização de métodos e técnicas tradicionais da área da educação.
Na Fase II (período de 2004.1 até 2008.2), os resultados foram obtidos com a
aplicação dos conceitos da Teoria de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, aliando-se
novas técnicas de ensino, com aulas mais dinâmicas. Os conceitos passaram a ser trabalhados
pelo aluno, com base no conhecimento empírico do assunto e, depois de discutidos,
apresentava-se o conceito teórico-científico. As avaliações tornaram-se continuas,
priorizando-se as avaliações qualitativas.
Os trabalhos em equipe passaram a ser elaborados de forma a priorizar o uso da
argumentação lógica e a interação entre os membros da equipe. As atividades de avaliação
escrita (prova) foram adaptadas para atividades efetuadas em duas aulas (dias alternados),
respondidas em grupo, sem utilização de consulta, mas com a intervenção do orientador da
disciplina (andaimento ou scaffolding1), quando surgia a necessidade (por exemplo, uma
mesma dúvida para vários discentes).
O lúdico foi incorporado às aulas teóricas como forma de motivação e interação. Em
termos de linguagem, além das convencionais, normalmente utilizadas em sala de aula com o
auxílio do quadro de giz, retroprojetor, data show, cartazes, painéis, dentre outros, o uso de
vídeos com mensagens de otimismo tem dado bons resultados. Em relação aos signos, (sons e
símbolos) que possibilitam a interação social, como prendas2, ou relacionadas ao conceito a
ser trabalhado na disciplina, o retorno é positivo e permite interação entre os participantes e o
mediador.
Tabela 01 – Dados obtidos nas cadernetas eletrônicas
Semestre Aprovados Prova FinalNão
FrequentamAbandono Total
2003.1 a 2004.2 872 522 90 88 1.572
2005.1 a 2008.2 1.602 281 138 76 2.097
Totais 2.474 803 228 164 3.669 FONTE: elaborado pela autora, 2010
Gráfico 01 – Comparação dos dados
0
500
1.000
1.500
2.000 Comparação entre os períodos
2003.1 a 2004.2
2005.1 a 2008.2
FONTE: elaborado pela autora, 2010
Tabela 02 – Diferenças em termos percentuais
SemestreAprovados
%
Prova Final
%
Não
Frequentam %
Abandono
%
Variação 2003.1 a 2008.2 37,72 (59,65) 14,95 (35,26) FONTE: elaborado pela autora, 2010
Analise dos dados (Fase I e Fase II)
No período de 2005.1 a 2008.2, o percentual de alunos que obtiveram pontuação
necessária para aprovação foi de 76%. No período 2003.1 a 2004.2 este percentual foi 55%,
uma redução de 27,63%. Em relação ao percentual de alunos que precisaram de Prova Final, a
redução foi de 60,61%. Em relação ao percentual de alunos que abandonaram a disciplina, a
redução entre os períodos analisados foi de 33%. Em relação a alunos que se matriculam,
porém, não freqüentam a disciplina, houve um aumento de 16,67%. Esta situação pode ser
conseqüência de dificuldades financeiras e profissionais, por este motivo este percentual não
foi alvo de análise. Observou-se então que ocorreu um aumento de 37,72% no número de
1 Andaimento é definido como o processo de diálogo de apoio (diálogo colaborativo) que orienta o aprendiz para
os elementos/características primordiais do ambiente 2 Prendas são brincadeiras infantis, comuns no Brasil, em que os participantes disputam entre si e os perdedores
pagam uma prenda – objeto, coisa ou fazer alguma coisa, como, por exemplo, dançar, cantar, declamar uma
poesia, dentre outras
alunos aprovados, uma redução de 59,65% de alunos que necessitavam de avaliação final e
uma redução de 35,26% do número de alunos que abandonavam a disciplina.
Verificou-se que trocar a função de PROFESSOR pela função de MEDIADOR, e
trabalhar o desenvolvimento psicológico dos alunos através da convivência social possibilitou
ao aluno o pensar – fundamental no processo de aprendizagem e da construção do
conhecimento – permitindo que este, molde o objeto de estudo e identifique de que forma este
conhecimento pode ser aplicado ao seu mundo, as suas metas e objetivos. A utilização de uma
linguagem mais adequada ao complexo mundo em que estamos inseridos também faz parte
das causas dos ótimos resultados obtidos no período de 2004.1 a 2008.2.
A inserção dos conceitos da Teoria do Desenvolvimento Proximal (ou ZDP),
possibilita o resgate dos alunos. Podemos afirmar que as respostas positivas para as questões
que nortearam esta fase da pesquisa foram resultados de: a) agir como Mediador; b) permitir a
construção do pensamento (ensinar a pensar); c) utilizar signos não convencionais (analogia)
que conduzam a percepção da linguagem pelos vários sentidos humanos e; d) priorizar os
conhecimentos úteis, que não sejam descartados por nossa seletiva e inteligente memória,
mediante a definição clara e concisa do objetivo a ser alcançado com a disciplina, eliminando
a memorização. Conclui-se então que a aplicação destes conceitos possibilita melhorias no
processo de ensino-aprendizagem; e sua utilização reduz os percentuais de repetência e
abandono das disciplinas.
Dados e Análise dos dados (Fase III)
Parte I – Antes de cursar a disciplina
Este bloco contém questões (Q) que envolvem opinião do aluno antes de cursar a
disciplina.
Tabela 03 – Dados Obtidos Parte I
Questão 01 % Questão 02 % Questão 03 % Questão 04 %
Sim 185 73,4 Sim 92 36,8 Sim 43 17,0 Sim 20 8,0
Não 67 26,6 Não 158 63,2 Não 210 83,0 Não 230 92,0
Total 252 100 Total 250 100 Total 253 100 Total 250 100
PARTE I
FONTE: elaborado pela autora, 2010.
Em relação à crença na Dificuldade do aprendizado (Q01), os dados obtidos indicam
que 73% dos respondentes acreditavam que teriam muitas dificuldades no aprendizado da
disciplina. Apenas 27% acreditavam que não haveria dificuldade no aprendizado da disciplina
Em relação à crença de que a nova didática não iria reduzir as dificuldades (Q02), Os
dados indicam que 63% dos alunos acreditavam que a nova didática não iria reduzir as
dificuldades para o aprendizado da disciplina e 37%, após ouvirem a proposta, acreditaram
que seria possível a redução das dificuldades no aprendizado.
Em relação à crença na facilidade de aprovação com a aplicação da nova didática
(Q03), 83% dos respondentes acreditavam que não haveria facilidade de aprovação com a
aplicação da didática proposta. Apenas 17% acreditaram na possibilidade de aprovação sem a
necessidade de estudo ou esforço próprio.
Em relação à crença de que a didática proposta trata-se apenas de uma forma do
professor fugir das responsabilidades e obrigações inerentes a sua profissão (Q04), 94% dos
alunos acreditavam que a didática proposta seria uma forma do professor fugir das suas
obrigações e responsabilidades com o processo de ensino-aprendizagem, apenas 6% não
acreditavam nessa possibilidade
Analise dos dados Parte I
Observa-se que, antes mesmo do inicio da discussão dos conteúdos programático da
disciplina, os alunos estavam predispostos a crer que terão dificuldades na preensão dos
conceitos básicos do componente curricular. Esta situação pode estar relacionada com a baixa
estima dos discentes e a um pré-conceito cultural de que professor é “inimigo de aluno” e que
disciplinas de cálculo são difíceis. Ao serem apresentados à nova metodologia embasada na
Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, os alunos demonstram descrença, não só
com a metodologia apresentada, como também pela seriedade do professor, o que evidencia a
deterioração da base para o processo de ensino-aprendizagem: a confiança entre os atores
sociais do processo ensino-aprendizagem, o professor e o aluno.
Parte II – Durante o semestre, cursando a disciplina e experimentando a didática
proposta.
Este bloco contém questões que envolvem a opinião do aluno durante a execução da
pesquisa.
Tabela 04 – Dados obtidos – Parte II
Questão 01 % Questão 02 % Questão 03 % Questão 04 %
Ótimo 88 34,8 Sim 240 96,0 Sim 242 96,0 Não houve 6 2,1
Bom 147 58,1 Não 10 4,0 Não 10 4,0 Obrigado pelos colegas 29 10,0
Regular 18 7,1 Total 250 100 Total 252 100 Obrigado pelo professor 32 11,0
Total 253 100,0 Foi motivado 105 36,2
Cobrança e exigências normais 118 40,7
Total 290 100
PARTE II
FONTE: elaborado pela autora, 2010.
Em relação ao Comportamento e Comprometimento do aluno no processo de ensino-
aprendizagem (Q01), 35% dos alunos avaliaram seu comportamento e comprometimento no
processo de ensino-aprendizagem como ÓTIMO. 58% dos alunos consideraram esse
comportamento e comprometimento como BOM e apena 7%, como REGULAR.
Em relação à adequação dos limites estabelecidos na aplicação da metodologia (Q02),
96% dos alunos consideraram que os limites estabelecidos foram adequados e 4% discordam
dessa adequação.
Em relação à interação e companheirismo entre os membros do grupo (Q03), 96% dos
alunos indicam que a metodologia proposta possibilitou melhor interação e companheirismo
entre os membros do grupo. 4% não concordam com essa afirmação.
Em relação ao sentimento do aluno quanto às exigências de leitura estudo e
participação (Q04), para 10% dos alunos, a cobrança foi em conseqüência a sua imagem
perante os colegas; 11% dos alunos respondentes indicam que se sentiram cobrados pela
figura do professor. 36% afirmam que a cobrança foi conseqüência de motivação e, 41%
responderam que as cobranças e exigências foram iguais às disciplinas que não trabalham
com a metodologia proposta e 2% afirmaram que na houve cobrança..
Análise dos dados Parte II
O comprometimento e o comportamento dos alunos, por meio dessa metodologia
forma de 93%, o que, comparando-se ao comprometimento obtido em outras disciplinas que
utilizam uma metodologia tradicional, é superior ao envolvimento esperado. Os limites
estabelecidos no início dos trabalhos (regras de convivência, responsabilidades individuais, do
orientador e do grupo) foram validados por 98% dos participantes, o que comprova a
necessidade de pré-estabelecimento de regras e limites claros para a eficiência e eficácia dos
trabalhos.
Outro ponto relevante para o sucesso dessa metodologia é a interação e o
companheirismo entre os integrantes do grupo. Os números indicam que 97% dos alunos
evidenciaram a melhoria nesse aspecto. A base para aplicação da ZDP ao processo de ensino-
aprendizagem é a interação social dos indivíduos para a disseminação e construção do
conhecimento.
Observa-se ainda que, para os participantes desse trabalho, as exigências normais em
um processo de ensino-aprendizagem não desaparecem, apenas diferem em relação ás causas
(a imagem perante os colegas, o professor ou por necessidade própria). 41% dos participantes
consideraram que as exigências são as mesmas que a de outras disciplinas.
Parte III – Durante o semestre, cursando a disciplina e experimentando a
didática proposta.
Este bloco contem questões que envolvem a opinião do aluno durante a execução da
pesquisa. Tabela 05 – Dados obtidos – Parte III
Questão 01 % Questão 02 % Questão 03 % Questão 04 %
Sim 125 49,8 Maior 42 18,0 Sim 233 92,5 Menos que 50% 10 4,0
Não 126 50,2 Menor 136 58,4 Não 19 7,5 50% 55 22,0
Total 251 100 Igual 55 23,6 Total 252 100 60% 89 35,6
Total 233 81,97425 Mais que 60% 96 38,4
Total 250 100
Questão 05 % Questão 06 % Questão 07 % Questão 08 %
Sim 228 90,8 Sim 208 82,9 Sim 229 90,5 Sim 40 15,8
Não 23 9,2 Não 43 17,1 Não 24 9,5 Não 213 84,2
Total 251 100 Total 251 100 Total 253 100 Total 253 100
Questão 09 % Questão 10 % Questão 11 % Questão 12 %
Sim 213 84,2 Sim 227 90,1 Sim 226 91,1 Sim 236 94,4
Não 40 15,8 Não 25 9,9 Não 22 8,9 Não 14 5,6
Total 253 100 Total 252 100,0 Total 248 100 Total 250 100
Questão 13 % Questão 14 % Questão 15 % Questão 16 %
Sim 231 93,5 Sim 225 91,1 Sim 225 90,7 Favoravel 237 95,2
Não 16 6,5 Não 22 8,9 Não 23 9,3 desfavorável 12 4,8
Total 247 100 Total 247 100 Total 248 100 Total 249 100
PARTE III
FONTE: elaborado pela autora, 2010.
Tabela 05a – Dados obtidos – Parte III Questão 18 %
Sim 229 93,5
Não 16 6,5
Total 245 100 FONTE: elaborado pela autora, 2010.
Em relação a Dificuldade no aprendizado com a nova metodologia (Q01), 50% dos
respondentes afirmaram não ter sentido dificuldade de aprendizado com a aplicação da
metodologia proposta e 50% afirmaram que tiveram dificuldade de aprendizado.
Em relação à Intensidade da dificuldade encontrada em relação ao esperado (Q 02),
para 58%, a dificuldade no aprendizado com a aplicação da nova metodologia foi menor do
que a dificuldade esperada. 24% afirmaram que a dificuldade correspondeu ao esperado e
15% afirmaram que a dificuldade foi maior que a dificuldade esperada.
Em relação à Aprendizagem dos conceitos básicos das disciplinas (Q 03), 93% dos
respondentes afirmaram que conseguiram aprender e apreender os conceitos básicos da
disciplina com a utilização da metodologia proposta e 7% afirmaram que, mesmo com a
aplicação da nova metodologia, não conseguiram aprender os conceitos básicos da disciplina.
Em relação à avaliação de aprendizagem dos conceitos básicos em termos percentuais
(Q 04), 74% dos alunos respondentes acreditam que alcançaram o aprendizado de 60% ou
mais dos conceitos básicos da disciplina. 22% afirmaram ter apreendido 50% dos conceitos
básicos e, 4% acreditam ter aprendido menos de 50% dos conceitos básicos.
Em relação a uma Modificação no modo de pensar a vida acadêmica (Q 05), para 91%
dos respondentes, a metodologia aplicada modificou positivamente seu modo de pensar a vida
acadêmica. 9% acreditam que não houve modificação do seu modo de pensar a vida
acadêmica com a vivência da nova didática.
Em relação a uma Modificação no modo de pensar a vida pessoal (Q 06), para 83%
dos respondentes, a metodologia aplicada modificou positivamente o seu modo de pensar a
vida pessoal. 17% não concordam com essa afirmação.
Em relação a uma Modificação no modo de pensar a vida profissional (Q 07), para
91% dos respondentes, a metodologia aplicada modificou positivamente o seu modo de
pensar a vida profissional. 9% não concordam com essa afirmação.
Em relação à Crença na aprovação sem esforço pessoal (Q 08), 84% dos alunos
respondentes não acreditam que a nova metodologia possibilita a aprovação do aluno sem
esforço pessoal. 16% concordam com essa afirmação.
Em relação ao Impacto da nova metodologia na auto-estima (Q 09), para 84% dos
alunos, a metodologia aplicada causou um impacto positivo na auto-estima, possibilitando a
crença de que os obstáculos podem ser superados. 16% não concordam com essa afirmação.
Em relação ao Impacto da nova metodologia no relacionamento entre os membros do
grupo (Q 10), para 90% dos respondentes, a nova metodologia melhorou o relacionamento
entre os membros do grupo, mesmo após o término do semestre. 10% não concordam com
essa afirmação.
Em relação ao Impacto da nova metodologia no grupo (Q 11), para 91% dos
respondentes, o grupo evoluiu após a vivência com a nova metodologia. 9% não concordam
com essa afirmação.
Em relação ao Impacto da nova metodologia no desenvolvimento do raciocínio lógico
(Q 12), 94% dos respondentes acreditam que a didática aplicada possibilita o
desenvolvimento do raciocínio lógico. 6% não concordam com essa afirmação.
Em relação à nova metodologia aplicada como desafio ao grupo (Q 13), para 94% dos
respondentes, a nova metodologia possibilita ao aluno um desafio constante, mantendo o seu
interesse e sua motivação. 6% não concordam com essa afirmação.
Em relação à Possibilidade de aprendizado de técnicas de planejamento por meio da
nova metodologia (Q 14), para 91% dos alunos que participaram da pesquisa, a metodologia
aplicada possibilita o aprendizado de técnicas de planejamento. 9% não concordam com essa
afirmação.
Em relação ao Impacto da nova metodologia na responsabilidade do aluno em relação
ao aprendizado (Q 15), 91% dos respondentes evidenciam que a metodologia aplicada
aumenta a responsabilidade do aluno em relação ao seu aprendizado. 9% não concordam com
essa afirmação.
Em relação ao Desenvolvimento Pessoal (Q 16), 95% dos alunos creditam que a nova
metodologia proposta favorece o desenvolvimento pessoal do aluno. 5% discordam dessa
afirmação.
A questão 17 solicitava o porquê da resposta dada na questão 16. Dentre as
justificativas dadas pelos participantes da pesquisa, destacam-se: 1. “O aumento da responsabilidade do aluno em relação ao seu aprendizado, possibilita a
construção de futuros líderes e favorece o desenvolvimento pessoal”.
2. “Força o aluno a adquirir o raciocínio lógico”.
3. “Proporciona melhores condições, aprendizado e conhecimento para a vida profissional”.
4. “o aluno aprende a ter liberdade com responsabilidade”.
5. “facilitou o aprendizado, o comprometimento e a responsabilidades com a disciplina, assim
como ampliou os horizontes pessoais, acadêmicos e profissionais”.
6. “Possibilita ao aluno fazer pesquisas e ir além da sala de aula. Conhecer diferentes visões e
aprofundar pontos do seu interesse”.
7. “Desenvolve a responsabilidade e o comprometimento do aluno, além do senso de
solidariedade com os colegas”.
8. “ajuda o aluno a perceber que o aprendizado é responsabilidade dele, sendo assim, por
vontade própria, ele busca o seu melhor resultado”.
9. “aguça os interesses dos alunos por conhecimentos mais específicos”.
10. “O aluno compreende, desde o início, que a responsabilidade pelo aprendizado depende
unicamente de seus esforços. Se ele resolve não se esforçar, deve estar consciente que pode até passar
porém, não vai absorver o que foi proposto, o que implicará em dificuldades nos semestres futuros”.
11. “Apesar dos trabalhos serem em grupos, todos os participantes realmente participam de
forma construtiva e positiva para a execução dos trabalhos”.
12. “possibilitou a troca de conhecimentos com o grupo, o que gera maior integração e
desenvolvimento entre as pessoas”.
Em relação à Possibilidade de acréscimo de valores através da nova metodologia
didática aplicada (Q 18), para 94% dos alunos, a metodologia aplicada acrescentou valores a
sua vida pessoal, acadêmica e profissional. 6% discordam dessa afirmação.
A questão 18 solicitava um depoimento sobre a experiência com a didática aplicada.
Dentre os relatos obtidos, destacam-se: 1. “Tive muitas dificuldades. O tempo foi curto e não deu para aprofundar mais o estudo”.
2. “apesar da quantidade de atividades, a forma de trabalho era leve e divertida, facilitando o
interesse e a aprendizagem”.
3. “a integração, a responsabilidade e a consciência das suas necessidades, sem a intervenção
do professor no ato de cobrança das tarefas. Amadurecimento do ser humano e desenvolvimento das
habilidades. Muito construtivo”.
4. “Maravilhosa pois adquirimos conhecimentos, aprimoramos o convívio com os colegas,
aprendemos os assuntos e a certeza de uma vida profissional segura e tranqüila Fiz uma excelente
opção quando escolhi a XXXXXX por ter um elevado nível de professores, didática fácil que gera um
comprometimento saudável com os alunos”.
5. “Achei a proposta maravilhosa mas acredito que ainda falta mais para que dê certo. Senti
falta de maior acompanhamento fora da sala de aula na elaboração dos trabalhos”.
6. “Aprendi de um jeito mais fácil do que imaginava”.
7. “não esperava o rendimento que tive. Os resultados foram além da minha expectativa”.
8. “A didática é ousada mas eficaz. Não tenho apreço por disciplinas de cálculo mas, com essa
didática senti facilidade na compreensão do conteúdo”.
9. “No começo, sentia um pouco de dificuldade mas, aprendi bastante com meus amigos de sala.
Gostei dos resultados pois é uma experiência maravilhosa e me tornei uma pessoa mais flexível”.
10. “desperta responsabilidade sem necessidade de cobrança ou monitoramento”.
11. “Existe facilidade para que alunos copiem as avaliações dos colegas ou até mesmo, pagarem
para algum professor que tenha conhecimento, responder”.
12. “Houve falhas mas, podem ser corrigidas”.
13. “nos levou a buscar nossos interesses e diagnosticar o que realmente seria relevante para a
nossa formação pessoal e profissional”.
14. “gostaria que fosse aplicada em todas as instituições de ensino”.
15. “Me incentivou a procurar outras fontes de conhecimento para complementar meus estudos”.
Relato de um aluno que citou a Pedagogia Libertária de Mauricio Tragtenberg (1985:45):
“trata-se de inverter a ordem dos procedimentos pedagógicos. Em vez de
se colocar como tarefa “dar um curso”, por que não se perguntar “em que medida
o saber acumulado é formulado pelo professor tem chance de tornar-se o saber do
aluno?’.
O interessante dessa didática proposta e aplicada, é que o aluno não é um mero receptáculo
de conhecimento. Ele participa, sugere, interage e dá novas alternativas para a sua avaliação.
Conseqüentemente, o compromisso aumenta e o processo avaliativo, oras escolhido, é automaticamente
legitimado pela classe.
Afinal, o que prova a prova senão apenas o ridículo fato de que o aluno sabe fazê-lá? Por
acaso, o exame dado nestas condições prova o saber do aluno?.
Na medida em que o aluno memoriza o conteúdo, a pressão do exame pressupõe que ele prove
sua capacidade de DECOREBA. A passagem do conhecimento do professor ao aluno resume-se nisto:
o aluno não é estimulado a produzir conhecimento, a amalgamar seu saber ao do professor. Nessa
relação dialética, não há saber ou ignorância absoluta. Confrontam-se dois tipos de saber: “o saber do
professor inacabado e a ignorância do aluno relativa”.
Análise Parte III
É possível observar as modificações na postura dos alunos, em relação à nova
metodologia aplicada e proposta, após a vivência. A opinião de que seriam encontradas
dificuldades no aprendizado da disciplina dilui-se na intensidade da dificuldade encontrada
(maior que o esperado para 15%). O sucesso da nova metodologia no processo de ensino
aprendizagem comprova-se através do total de 93% dos alunos que afirmam ter conseguido
apreender os conceitos básicos da disciplina, sendo que para 96% este aprendizado envolve
um percentual de 50% ou mais dos conteúdos abordados.
Também o impacto da aplicação dessa nova metodologia na postura dos alunos em
relação a vida acadêmica, pessoal e profissional é positiva para mais de 90% dos
participantes. Comprova-se ainda que, com todas as “facilidades” apresentadas, não existe
aprovação sem esforço pessoal com a aplicação desta metodologia (opinião de 84% dos
participantes).
Os impactos na auto-estima, no relacionamento entre os membros dos grupos, na
evolução do conhecimento do grupo e no desenvolvimento do raciocínio lógico foi validado
na opinião de 90% dos participantes. Além disso, os resultados ratificam a importância de se
manter um desafio constante (94%) para que os alunos sintam-se motivados.
A aplicação desta nova metodologia evidencia ainda, através dos resultados obtidos, a
possibilidade do aprendizado de técnicas de planejamento (aprender a aprender), ratificados
por 90% dos respondentes, bem como da transferência da responsabilidade do aprendizado do
professor para o aluno (90%). Observa-se ainda que a metodologia, embasada na Zona do
Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotsky, favorece o desenvolvimento pessoal e
acrescenta valores à vida pessoal profissional e acadêmica dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo das idéias defendidas por Vygotsky de que o processo de desenvolvimento
segue o processo de aprendizagem, que cria a área de desenvolvimento proximal (ZDP); que
na abordagem sócio-interacionista o desenvolvimento humano é compreendido como uma
troca recíproca, que se estabelece durante toda a vida entre o individuo e o meio, os resultados
obtidos com a aplicação da pesquisa evidenciam que a nova metodologia de ensino, embasada
nas características e conceitos da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), foi um fator de
sucesso no processo ensino-aprendizagem.
Os resultados apurados indicam ainda que, a aplicação do lúdico ou brincadeira, muito
utilizada no ensino infantil, pode, e deve ser utilizada também no processo de ensino-
aprendizagem de adultos. Para Vygotsky, a brincadeira é uma importante fonte de promoção
do desenvolvimento. Nesta pesquisa, o lúdico, assim como os desafios, foram constantemente
aplicados como instrumentos de motivação.
Devemos considerar algumas limitações na aplicação desta nova práxis pedagógica: a
metodologia proposta não foi testada por outros docentes; as dificuldades para a elaboração de
avaliações que necessitem de raciocínio lógico, quantitativo e qualitativo; o tempo
despreendido no diagnóstico comportamental das turmas, relevante para a identificação de
fatores motivacionais; o papel do outro na construção do conhecimento, uma vez que o pilar
desta metodologia é a interação entre os indivíduos e; a compreensão de que a avaliação deve
ser individual pois cada sujeito se desenvolve de acordo com sua vivência social, cultural e
histórica logo, não se pode trabalhar este tipo de metodologia com avaliações tradicionais.
REFERÊNCIAS
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TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 9 ed. Rio de Janeiro: Vozes,
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