Post on 30-Jul-2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
(UNIDADE CIDADE DE GOIÁS)
Edital MDA/SAF/CNPq – Nº 58/2010
AGROECOLOGIA E EDUCAÇÃO DO CAMPO:
PESQUISA, AÇÃO E REFLEXÃO A PARTIR DAS
ESCOLAS DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE GOIÁS – GO
Goiás/GO, novembro de 2010.
a) Título do projeto
Agroecologia e educação do campo: pesquisa, ação e reflexão a partir das escolas do
campo no município de Goiás – GO
b) Identificação da Instituição Proponente (executora)
Nome: FUEG – Fundação Universidade Estadual de Goiás
CNPJ: 01.112.580/0001 - 71
Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, n. 14, Bairro Jundiaí – Anápolis/GO – Tel: (62)
3328 – 1128.
Responsável pela Universidade: Luiz Antônio Arantes
RG: 1196855 – SSP/GO
CPF: 124.865.741-15
Unidade Universitária: Cidade de Goiás
Endereço: Av. Deusdete Ferreira de Moura s/n, Centro, Goiás/GO - Tel: (62) 3936 –
2160.
Responsável pela Unidade: Flávio Antônio dos Santos
RG: 3998108 – DGPC/GO
CPF: 904.652.961-49
c) Identificação do coordenador (proponente)
Nome: Murilo Mendonça Oliveira de Souza
Endereço: Rua Bom Pastor, Qd. 3, lote 2, s/n, Centro, Cidade de Goiás/GO. Tel.: (62)
8552-1890.
Cargo: Professor efetivo do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás
(Unidade Cidade de Goiás).
Qualificação: Graduado em Medicina Veterinária e Geografia, com Curso de
Aperfeiçoamento em Agroecologia, Doutorando em Geografia.
RG: 14.024.905 SSP/MG
CPF: 802.887.231-04
d) Objetivo(s) geral(is) e específico(s)
d.1. Objetivo Geral: Constituir e promover núcleo interdisciplinar de pesquisa e
extensão, aproximando a universidade das escolas do ensino básico no campo, das
Instituições de extensão rural e das entidades representativas da agricultura familiar,
tendo como princípio gerador os preceitos teóricos e práticos da agroecologia.
d.2. Objetivos Específicos:
- Constituir um Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia, envolvendo
professores e alunos universitários, professores e alunos das escolas do campo,
profissionais de instituições de assistência técnica e extensão rural, agentes de entidades
representativas da agricultura familiar e produtores familiares camponeses;
- Pesquisar e resgatar os saberes tradicionais da agricultura familiar camponesa
(educativos, produtivos, ambientais, medicinais, etc.), em sua amplitude de significados
simbólicos e relevância prática, buscando para isto a participação dos alunos e
professores do ensino básico de escolas situadas no espaço rural do município de Goiás;
- Proporcionar espaços de reflexão e ação (oficinas, cursos, palestras, atividades
práticas) sobre a agroecologia nas escolas do campo, buscando uma ampla participação
de discentes e docentes da Universidade Estadual de Goiás e da Universidade Federal
de Goiás, assim como, dos profissionais ligados à extensão rural no município;
- Executar práticas agroecológicas na escola (implantação hortas agroecológicas,
canteiros de plantas medicinais, etc.) com a participação e acompanhamento de
docentes e discentes das escolas e da instituição proponente, além da participação dos
técnicos das entidades parceiras;
- Contribuir, a partir da pesquisa e da extensão, para o fortalecimento de ações
agroecológicas já em desenvolvimento nas escolas do campo e nas comunidades de
agricultores familiares camponeses do município de Goiás;
- Produzir, compartilhadamente, conhecimentos científicos que visem a promoção e
consolidação de um território agroecológico, valorizando o “fazer ciência” das
comunidades tradicionais camponesas na área de abrangência do projeto;
e) Justificativas para realização do projeto
O processo de desenvolvimento do campo no território brasileiro pautou-se,
historicamente, por um modelo agrícola importado e baseado em uma matriz
tecnológica com elevada exigência em insumos externos. Esta estrutura produtiva, por
sua vez, foi construída, ideologicamente, a partir de estratégias excludentes de educação
e extensão rural. Foram privilegiados os grandes proprietários e empresários que
aderiram ao pacote tecnológico da Revolução Verde. Esse modelo de ocupação
produtiva do campo persiste e se renova a cada dia. Sua renovação, dentro do mesmo
paradigma, tem sido possibilitada pelo avanço da engenharia genética, especialmente,
com as sementes geneticamente modificadas. Essa renovação está permitindo, ao
mesmo tempo, a intensificação do monopólio de poucas empresas do agronegócio sobre
as sementes e outros conhecimentos produtivos, erodindo os saberes acumulados
historicamente pelos agricultores familiares.
Nesse contexto, torna-se cada dia mais clara a necessidade de fortalecimento de
uma proposta alternativa para o desenvolvimento da agricultura e transformação social
de forma geral. Tal proposta, contanto, já está em desenvolvimento dentro dos preceitos
da agroecologia, em várias regiões do país. Cabe agora, entendemos, potencializar e
expandir estas ações locais, focando o trabalho na investigação científica popular, na
educação do campo e na construção de territórios agroecológicos. Essa transformação
paradigmática irá ocorrer a partir do trabalho cotidiano e nas bases de um processo de
reflexão constante sobre temas como educação, democratização do acesso à terra,
produção com base ecológica, medicina alternativa, economia solidária, segurança e
soberania alimentar, tendo como fundamento o fortalecimento do território familiar
camponês, em toda sua amplitude.
Partindo destes pressupostos iniciais e pensando na superação do paradigma
apresentado e consolidado pela Revolução Verde, propomos a implantação de um
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia que tenha a educação do campo como
fundamento e o território local/regional da agricultura familiar como ponto de partida.
Seguindo esta linha de interpretação da realidade, apresentamos nossa justificativa
buscando identificar: a premência geral quanto à necessidade de promoção de um
projeto alternativo de agricultura, o papel a ser exercido pela educação do campo neste
processo de transformação e as experiências/potencialidades existentes no território
onde está o município de Goiás, área principal de execução da proposta apresentada.
e.1. A necessidade de superação de um modelo socialmente excludente e
ambientalmente nocivo e a proposta agroecológica
O processo de produção do espaço agrário brasileiro foi baseado, historicamente,
em um modelo monocultor-exportador a partir do estabelecimento precoce de grandes
latifúndios. Desde a invasão européia, foram delimitados os parâmetros a serem
seguidos na conformação de nosso território. As diretrizes iniciais deste processo foram
fornecidas pela empresa monocultora de cana-de-açúcar no litoral nordestino, onde o
trabalho escravo tornou-se a base de sustentação e a pequena agricultura foi
impossibilitada pelo poder dos senhores de engenho. Seguiram a produção canavieira,
de forma mais representativa, as lavouras de café na região Sudeste e a economia
gomífera na Amazônia. Todos estes sistemas produtivos tiveram na grande propriedade
e na exploração extensiva suas bases de desenvolvimento. Nesse contexto, com a
possibilidade de acesso ilimitado às terras livres, a agricultura brasileira pouco evoluiu
tecnicamente.
Essa dinâmica começou a mudar apenas com a Marcha para o Oeste, iniciada e
impulsionada pelo Estado a partir da década de 1940. Como descreve Pessoa (1999),
apesar de não transformar significativamente as práticas agrícolas enraizadas desde a
época colonial entre os produtores do país, esse movimento permitiu profundas
alterações políticas e econômicas para o território brasileiro, com a incorporação de
novas terras ao processo produtivo e a construção de infra-estrutura para ligar o Centro-
Sul do país às demais regiões. Foram implantadas também neste período oito colônias
agrícolas nacionais, sendo instalada em Goiás a primeira delas. Desta forma, as áreas de
cerrado de forma geral e o território goiano, especificamente, foram incorporados ao
processo produtivo nacional como fornecedores de produtos alimentícios de baixo custo
para o crescente parque industrial de São Paulo e Rio de Janeiro. Ou seja, incrementou-
se a produção pela incorporação de novas terras ao processo produtivo e não pelo
desenvolvimento das tecnologias produtivas.
Somente a partir da década de 1960 as práticas agrícolas brasileiras passaram a
mudar significativamente. A adesão ao pacote tecnológico da Revolução Verde, com
base no elevado uso de insumos químicos e na mecanização, permitiu uma
transformação qualitativa na matriz agrícola brasileira. A agricultura passou a ser
desenvolvida a partir dos parâmetros estabelecidos para a produção industrial. Isso
promoveu um intenso processo de modernização da agricultura brasileira, tendo como
intensificador o capital internacional. Diversos programas de desenvolvimento agrícola
foram implantados nos estados de Minas Gerais e Goiás a partir da injeção massiva de
capitais binacionais, tendo como financiadores, basicamente, os norte-americanos e os
japoneses. O mais representativo destes programas, como escreveu Souza (1999), foi
sem dúvida o PRODECER (Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para
Desenvolvimento dos Cerrados), criado em 1976. Este programa, apenas no âmbito de
suas três primeiras etapas, atingiu os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí, transformando progressivamente o cerrado
brasileiro.
A partir destes programas intensivos de modernização agrícola e ocupação
produtiva do cerrado, como o PRODECER e vários outros que o precederam e
sucederam, pretendeu-se transformar o cerrado em um Armazém pronto a satisfazer as
necessidades alimentares de todo o mundo. Essa modernização da agricultura brasileira,
entretanto, como bem e progressivamente analisou Silva (1982; 1996), ocorreu de forma
conservadora e dolorosa. A mudança se deu apenas na base técnica da agricultura, não
transformando a estrutura agrária persistente no país desde o período colonial. Em
outras palavras, todo o processo de modernização da agricultura brasileira promoveu um
expressivo incremento produtivo, mas foi ambientalmente nociva e socialmente
excludente, como refletem as palavras abaixo.
Este modelo agropecuário que resultou da implantação da Revolução Verde
permitiu um considerável aumento da produtividade agrícola, permitindo a
oferta de alimentos no mercado interno e um aumento significativo da
capacidade exportadora de produtos primários, contribuindo de forma
consistente com a balança comercial brasileira. No entanto, a adaptação do
pacote tecnológico às condições dos biomas brasileiros, inclusive com a
famosa conquista do cerrado, através das técnicas de correção da acidez do
solo, tem sido responsável por sérios impactos ambientais. Passados mais de
30 anos do início deste processo no cerrado, tornam-se visíveis os efeitos
perversos do modelo da Revolução Verde na região ensejando severas
críticas à sua manutenção. (BALESTRO; SAUER, 2009, p. 10).
E da mesma forma como sinaliza a citação acima com relação à perspectiva
ambiental, o processo de modernização agrícola também foi socialmente excludente,
pois penalizou os produtores camponeses, que tiveram como destino migrar para os
centros urbanos ou seguir rumo às novas fronteiras, especialmente, a amazônica. Os
programas de desenvolvimento da agricultura procuravam passar a idéia de que sua
principal justificativa dizia respeito ao desenvolvimento social e bem-estar das
populações atingidas. No entanto, seus fins foram outros. Em verdade, estava em
processo a modernização conservadora, onde os beneficiários constituem uma minoria
privilegiada, enquanto a grande maioria da população do campo, seguindo a lógica
concentradora do capitalismo, continuou explorada (PESSÔA, 1988). Resumidamente,
as principais conseqüências da Revolução Verde foram o intenso êxodo rural, a
ampliação da concentração da terra e intensos impactos sobre o meio ambiente. E
demoramos a perceber, mas, juntamente com os problemas ambientais e sociais,
proliferaram intoxicações e contaminações de trabalhadores rurais com os agrotóxicos
utilizados neste modelo.
Essa matriz de desenvolvimento agrícola, considerada importante para o
crescimento do país a partir de meados do século XX (mas que revelou posteriormente
impactos sócio-ambientais irreversíveis), está sendo, nos últimos anos, potencializada
pelo apoio da engenharia genética, no que os teóricos têm chamado de Segunda
Revolução Verde. É certo, por um lado, que o processo de desenvolvimento
tecnológico, especialmente no que se refere à produção alimentar, é de extrema
importância para a manutenção da vida humana.
Por outro lado, entendemos que tem sido desconsiderada a necessidade de um
processo mais criterioso de adoção de sementes geneticamente modificadas, assim
como, uma análise mais pormenorizada de suas possíveis conseqüências. No mesmo
sentido, é imprescindível que os ganhos com o desenvolvimento tecnológico sejam
apropriados coletivamente. O monopólio de empresas estrangeiras sobre as tecnologias
produtivas, muitas vezes desenvolvidas por organizações do Estado brasileiro, impede a
socialização efetiva dos ganhos advindos dos avanços tecnológicos alcançados. Além
disso, é necessário que a comunidade científica, hoje focada no desenvolvimento de
tecnologias para as empresas, volte suas pesquisas também para a busca de alternativas
sustentáveis de desenvolvimento humano e da agricultura familiar camponesa,
especificamente, como propõe o presente edital. Ou melhor, que sejam feitas pesquisas
a partir das necessidades dos produtores brasileiros e não somente para a acumulação
capitalista de algumas poucas empresas, em sua maioria estrangeiras.
Nesse contexto, no sentido de apresentar uma alternativa produtiva ao modelo
implantado pela Revolução Verde e pelo padrão de consumo do modo capitalista de
produção de uma forma geral, vem sendo desenvolvidas atividades científicas e
políticas no sentido de construir um paradigma ambiental e socialmente sustentável. Em
vários cantos do mundo e em diferentes espaços sócio-políticos têm sido propostos e
debatidos conceitos de desenvolvimento sustentável. Essa discussão ficou notabilizada
especialmente a partir da Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, a partir de quando a
academia intensificou sua produção sobre os temas sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável. A partir daí, estes termos transformaram-se em palavras chave para
qualquer ação política ou debate acadêmico. No entanto, como assevera Martins (2002),
é necessário separar o joio do trigo, pois não são poucos os autores que tem mostrado as
inúmeras contradições e o enorme abismo entre os discursos e as práticas pretensamente
ditas sustentáveis.
Nas últimas duas décadas foi construído um largo arcabouço teórico que
congrega várias definições e conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável que, por sua vez, servem a diferentes finalidades e interesses.
Especificamente no que concerne à atividade agropecuária são várias as propostas de
desenvolvimento sustentável. Entre os extremos representados pelas empresas do
agronegócio e os movimentos sociais no campo, diversas foram as teorias, análises e
diagnósticos apresentados.
As técnicas de plantio direto adotadas há algumas décadas, por exemplo, foram
visualizadas como um avanço ambiental por não compactarem tanto os solos. Por outro
lado, esta técnica aumentou consideravelmente a utilização de insumos químicos. No
mesmo sentido foram apresentadas as sementes geneticamente modificadas, que
possibilitariam a diminuição na utilização de agrotóxicos, mas que, por fim,
reproduziram mais um pacote tecnológico ambiental e socialmente excludente. ONGs e
movimentos sociais, por sua vez, vem já há algumas décadas propondo alternativas
orgânicas e sustentáveis de produção agrícola, mas que se traduziram mais em termos
de modelos ideais a serem seguidos do que como alternativas concretas a serem
democratizadas.
A partir deste grande pacote de propostas e intenções, questionamos quais
seriam as novas alternativas para contrapor o atual modelo de desenvolvimento, baseado
em altos padrões de consumo e, consequentemente, na destruição crescente do planeta?
E, especificamente na agricultura, quais seriam as fórmulas para produzir alimentos de
forma mais sustentável, garantindo segurança e soberania alimentar a uma população
crescente? E, ainda, qual seria o papel a ser desempenhado por cada grupo social na
construção de um novo padrão de desenvolvimento humano? Estas são questões ainda
sem respostas definitivas, mas que, certamente, tem preocupado não somente políticos
como também acadêmicos de todo o mundo. Nesse sentido, entendemos que seja
importante, acima de tudo, buscar um equilíbrio na relação sociedade-natureza, que
valorize o ambiente natural, mas que ao mesmo tempo busque alternativas de
sobrevivência digna para toda a população do planeta e não apenas para uma parte dela.
Democratizando, assim, e não transformando em mercadoria, os bens naturais que
possibilitam a reprodução humana no planeta.
Seguindo esta perspectiva, nos últimos anos tem sido fortalecida uma corrente
de pesquisadores e técnicos que propõem como alternativa a Agroecologia. Essa
proposta não é recente no país, pois de acordo com Saquet et al. (2010), já em meados
da década de 1970 eram desenvolvidas algumas experiências agroecológicas no
sudoeste do Paraná. No entanto, de forma um pouco mais ampla, as práticas
agroecológicas passaram a ser desenvolvidas a partir das décadas de 1980 e 1990. A
partir daí, especificamente, foram constituídos centros agroecológicos em diferentes
regiões do país. São exemplos deste processo a ASSESOAR (Associação de Estudos,
Orientações e Assistência Rural) no Paraná, o CAA (Centro de Agricultura Alternativa)
no norte de Minas Gerais e a AS-PTA no Nordeste. Estas entidades são representativas
de várias outras pelo país que tem buscado apresentar alternativas produtivas com base
nos preceitos agroecológicos.
Em apoio a estas entidades e experiências agroecológicas tem sido implantadas,
nos últimos anos, algumas políticas públicas direcionadas pelo DATER (Departamento
de Assistência Técnica e Extensão Rural), órgão ligado ao MDA (Ministério de
Desenvolvimento Agrário). Para além do apoio material a algumas experiências
agroecológicas, entendemos que esta instituição foi importante, especialmente, no
sentido de fortalecer o debate teórico e metodológico em torno das concepções da
agroecologia. Nesse sentido, vários cursos, presenciais ou não, foram realizados. Isto,
de forma geral, intensificou a discussão da agroecologia em vários cantos do país,
abrindo um forte precedente para o desenvolvimento de práticas sustentáveis.
No mesmo sentido foi direcionada a Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural, estabelecida a partir de junho de 2003. Esta política opta claramente
por uma forma de desenvolvimento rural baseada em parâmetros mais sustentáveis,
rompendo com o histórico modelo difusionista consolidado no país.
A nova Ater nasce a partir da análise crítica dos resultados negativos da
Revolução Verde e dos problemas já evidenciados pelos estudos dos modelos
convencionais de Ater baseados no difusionismo, pois só assim o Estado
poderá oferecer um instrumento verdadeiramente novo e capaz de contribuir,
decisiva e generosamente, para a construção de outros estilos de
desenvolvimento rural e de agricultura que além de sustentáveis possam
assegurar uma produção qualificada de alimentos e melhores condições de
vida para a população rural e urbana. (MDA, 2004).
O fato é que estas organizações, governamentais ou não, assumiram a construção
da alternativa e da transição agroecológica no país. Estão criando, ao mesmo tempo, um
arcabouço teórico e uma diversidade de práticas que começam a caracterizar e
identificar a agricultura agroecológica. Para uma congregação conceitual, esse grupo
tem seguido as formulações consolidadas na obra de Miguel Altieri, que propõe que a
agroecologia constitui uma forma de produzir socialmente justa e ambientalmente
equilibrada, representando uma alternativa de transformação para uma sociedade mais
justa no campo e na cidade (ALTIERI, 1989). O foco tem sido dispensado à
contraposição ao modelo do agronegócio, considerado nocivo social e ambientalmente,
e à diferenciação de outras práticas produtivas de base ecológica que se limitam a
produzir sem a utilização de insumos químicos.
Tentando agregar todas as formulações e diferenciações conceituais, a
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) produziu um marco teórico,
onde destaca principalmente a amplitude e a inter-relação da agroecologia com a
concepção de sustentabilidade.
A Agroecologia somente pode ser entendida na sua plenitude quando
relacionada diretamente ao conceito de sustentabilidade e justiça social.
Nesse sentido, a Agroecologia se concretiza quando, simultaneamente,
cumpre com os ditames da sustentabilidade econômica (potencial de renda e
trabalho, acesso ao mercado), ecológica (manutenção ou melhoria da
qualidade dos recursos naturais), social (inclusão das populações mais pobres
e segurança alimentar), cultural (respeito às culturas tradicionais), política
(movimento organizado para a mudança) e ética (mudança direcionada a
valores morais transcendentes). (EMBRAPA, 2006, p. 5).
Buscando também congregar e apresentar um marco teórico e conceitual para a
discussão da agroecologia, assim como, para sua aplicação prática, a Associação
Brasileira de Agroecologia (ABA) vem realizando diversos debates e encontros. Em seu
Estatuto esta organização busca ressaltar o caráter interdisciplinar e a relação teoria-
prática, propondo como conceito gerador para a agroecologia o seguinte:
Agroecologia é entendida como enfoque científico, teórico, prático e
metodológico, com base em diversas áreas do conhecimento que se propõe a
estudar processos de desenvolvimento sob uma perspectiva ecológica e
sociocultural e, a partir de um enfoque sistêmico, adotando o agroecossistema
como unidade de análise, apoiar a transição dos modelos convencionais de
agricultura e de desenvolvimento rural para estilos de agricultura e de
desenvolvimento rural sustentáveis. (ABA, 2004, não paginado).
Esta tem sido, de forma geral, a compreensão assumida sobre a Agroecologia
pela maioria das entidades envolvidas no processo de construção de um ambiente
produtivo mais saudável e socialmente justo. E é a partir desta perspectiva que
visualizamos, particularmente, uma possibilidade real de construção de uma sociedade
e, especificamente, de um projeto para o campo que seja, de fato, mais equilibrado
ambiental e socialmente. Pois, esta proposta, entre outras prerrogativas, prioriza os
agricultores familiares camponeses como sujeitos centrais no processo de construção de
um mundo mais sustentável e situa o território, culturalmente construído, como espaço
privilegiado e prioritário para a projeção coletiva de alternativas de produção e vida.
Esse processo de transformação da matriz produtiva e tecnológica, por sua vez,
deve ser construído tendo como base central a educação. Pois, foi a partir de um
processo educativo, a educação para o capital, como se referiu Fonseca (1985), que a
Revolução Verde foi desenvolvida e consolidada como modelo tecnológico para a
agricultura brasileira. Portanto, entendemos que será também a partir da educação, mas
agora de uma educação talhada especificamente pelo e para o campo, a educação do
campo, que faremos a transição agroecológica. No sentido de reforçar esta perspectiva,
centrada na educação do campo, apresentamos alguns elementos a seguir.
e.2. A educação do campo como estratégia para promover a proposta agroecológica
Como discutimos no item anterior, estamos vivenciando uma crise de
paradigma, especialmente, no que se refere à produção agrícola e ao padrão de consumo
estabelecido pelo modo capitalista de produção. Estamos vivenciando um processo de
questionamento da lógica de desenvolvimento que degrada as condições de vida, tanto
no campo quanto na cidade, que não se preocupa em preservar o meio ambiente, modelo
este que está nos fazendo sentir os primeiros sintomas de um grave problema ambiental:
o aquecimento global. E, para além da crise ambiental, é importante destacar que
vivenciamos uma não menos intensa crise de valores.
Os padrões de consumo mundializados pela globalização, assim como, a gana
capitalista para acumular cada vez mais, deturparam fortemente valores educacionais e
ambientais, transformando a relação do homem com a natureza em uma relação de
compra e venda. Este cenário é resultado, entre outras questões, da consolidação de uma
educação também direcionada à acumulação capitalista. Este processo educativo,
centrado em uma visão simplificadora e urbanizada da realidade, tem promovido uma
educação que degrada os saberes construídos historicamente pelas comunidades
tradicionais do campo, substituindo-os pelos modelos vendidos pelas empresas do
agronegócio. Este modelo educacional cumpriu todas as suas etapas no processo de
modernização do campo brasileiro. Nesse contexto, na transição para um modelo
agroecológico de agricultura e justo de sociedade, é necessário partir de uma proposta
também includente de educação.
Nesse sentido, a escola do campo pode desempenhar um importante papel na
construção de uma sociedade sustentável. Para tal ela precisa de algumas mudanças em
suas práticas pedagógicas, necessita ainda de um urgente apoio em relação aos saberes
técnicos, humanos e ambientais. Assim ela poderá contribuir para impulsionar o
desenvolvimento rural sustentável. O trabalhador e a trabalhadora rural necessitam de
apoio para o desenvolvimento de habilidades e competências para se inserirem no
mundo do trabalho, de forma a produzir com qualidade em um ambiente
ecologicamente sustentável (SILVA, 2004).
Os princípios que norteiam a concepção e a prática da educação nas escolas do
campo visam a construção do desenvolvimento local sustentável, e neles estão a relação
com a terra, o modo de produzir, a relação com o meio ambiente, bem como os
diferentes saberes e culturas do homem e da mulher do campo.
Assim, a educação do campo tem um papel fundamental na construção de um
projeto de desenvolvimento sustentável em que os sujeitos do campo tenham vez e voz
na formulação de políticas econômicas, sociais, culturais, agrícolas, agrárias e
educacionais. Isto acontece porque a escola dedica seu tempo à construção do saber, de
valores, atitudes e comportamentos. O projeto de desenvolvimento rural sustentável tem
suas raízes na democratização do acesso a terra, na construção de atitudes e valores para
novas relações de gênero, no fortalecimento da agricultura familiar (SILVA, 2004).
Ao conceber a democratização do acesso a terra como um instrumento de
fundamental importância na promoção da função social da terra, no combate as
desigualdades sociais e econômicas, através da geração de empregos, como uma forma
ímpar de combate a fome, ao promover a interação harmônica entre
sujeitos/terra/natureza, colaborando no processo de implementação de uma relação de
respeito às necessidades da sociedade, sem esquecer da dinâmica da natureza, a
educação do campo estará contribuindo para a implementação de um projeto de
transição agroecológica (SILVA, 2004).
Seguindo uma proposta alternativa de desenvolvimento rural sustentável a escola
do campo ao valorizar a construção de atitudes e valores para novas relações de gênero,
fundamentadas na igualdade, no reconhecimento do direito de cada pessoa, estará
contribuindo para a construção de novas relações sociais.
Outro importante papel da educação do campo na construção de um projeto
diferenciado de desenvolvimento rural sustentável diz respeito ao fortalecimento da
agricultura familiar. A agricultura familiar deve ser reconhecida como estratégica para a
manutenção e/ou recuperação do emprego, para o processo de geração e redistribuição
de renda no campo.
A educação do campo pode contribuir para a produção de alimentos de forma
ecologicamente ética, de forma solidária e economicamente viável garantindo a
segurança e soberania alimentar (SILVA, 2004). E ainda mais importante, a escola do
campo pode contribuir decisivamente para a solução de um dos grandes problemas do
campo, a evasão dos jovens do campo em busca de empregos na cidade. Neste caso,
especificamente, devemos fortalecer a discussão dos valores e práticas agroecológicas
nas escolas de ensino básico no campo, buscando renovar a identidade camponesa entre
estudantes de diferentes faixas etárias. A escola que temos hoje educa para a vida na
cidade e menospreza as possibilidades de sobrevivência digna no campo.
Para que o processo educativo no campo brasileiro seja solidificado, contudo, é
importante que tenhamos a clareza de qual o formato de educação que deve ser
desenvolvido e consolidado. Nesse sentido, é válido destacar, estamos falando de uma
educação do campo, e não apenas de uma educação no campo, como ocorreu
historicamente em nosso país.
Como já foi destacado por Souza e Fernandes (2009), a Educação no Campo
expressa um vínculo à localização do ensino, especificamente, no campo. Já o termo
Educação do Campo possibilita a reflexão e a construção da escola do campo, que
valoriza a identidade camponesa, congregando a pluralidade das idéias e das concepções
pedagógicas, não só da cidade, mas principalmente do campo. Nesse processo, para o
fortalecimento e recriação do campesinato, é importante que haja uma escola que esteja
não só no campo, mas que também seja do campo.
Considerando que o sujeito dessa proposta de educação é o agricultor familiar
camponês, a agroecologia surge como um importante modelo de produção alternativa
no campo para esses sujeitos. Ainda, considerando os princípios da educação no/do
campo, a agroecologia pode contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar
camponesa na medida em que um dos principais elementos que sustentam a
agroecologia é o envolvimento integral da comunidade, sendo assim, socialmente
ativadora, ainda que pelo uso extensivo do conhecimento tradicional, por abarcar todos
os cultivos e também pela sua aplicação de baixo custo, ainda por essa ter como
prioridade a sustentabilidade socioambiental.
É importante ressaltar, ainda, que assim como a proposta agroecológica e em
parceria com ela, a construção de um projeto para a educação do campo tem sido
intensificada. Os espaços de debate sobre os novos rumos do campo brasileiro e a
necessidade de promoção de uma nova educação têm aumentado ininterruptamente no
país. O Observatório da Educação do Campo, estabelecido na Universidade de Brasília
(UnB), por exemplo, vem realizando periodicamente o Encontro Nacional de Pesquisa
em Educação do Campo e este ano (2010), realizou concomitantemente I Encontro
Internacional de Educação do Campo, no mês de agosto em Brasília. Um dos espaços
de discussão neste evento teve como tema o seguinte: “Educação do campo,
agroecologia e soberania alimentar”. Isto revela uma preocupação crescente em
conectar a pesquisa em educação do campo com a agroecologia.
No mesmo sentido, cabe ressaltar a recente consolidação do PRONERA
(Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária) como política pública. No
âmbito deste programa foram desenvolvidas ricas experiências educativas para o
campo, em especial, direcionadas aos assentamentos rurais. A nova perspectiva
assumida por este programa, de política pública, certamente potencializará a ligação
entre educação do campo e agroecologia. Portanto, é nesse amplo contexto de
possibilidades que situamos a educação do campo como parceira incontestável no
processo de transição agroecológica. E é, também a partir desta parceria, que esperamos
com este projeto contribuir para a consolidação de um território agroecológico que
inclua o município de Goiás e a região de seu entorno.
e.3. Caracterização do município de Goiás a partir de sua estrutura agrária, das
potencialidades da agricultura familiar camponesa e da educação do campo
O município de Goiás localiza-se no Centro-Oeste brasileiro, aproximadamente,
entre as coordenadas de 53’ 54” e 16º 00” S e 50º 00” e 50º 40’ W, com uma área
territorial de 3.108 km². Lima (2003) afirma que, em 1957 a área do município de Goiás
era de 25.757 Km². No entanto, devido ao desmembramento e emancipação dos
municípios de Araguapaz, Aruanã, Britânia, Diorama, Faina, Heitoraí, Itapirapuã,
Jussara, Matrinchã, Montes Claros de Goiás, Mozarlândia e Santa Fé, restou para o
Município de Goiás, uma área total de 3.108 Km².
Administrativamente o município encontra-se inserido na mesorregião geográfica
do Noroeste Goiano e compõe a microrregião do Rio Vermelho (BRASIL, 2006),
constituindo um dos municípios que se destaca economicamente no cenário goiano,
sobretudo em função da sua história e dos atrativos turísticos. O município que
atualmente constitui um dos principais atrativos turísticos do Estado de Goiás,
compondo o denominado Caminho do Ouro (AGETUR, 2004), tem como principais
vias de acesso a GO-070, que parte de Goiânia passando pela cidade e seguindo a oeste,
em direção ao Estado do Mato Grosso; e a GO-164, também conhecida como “estrada
do boi”, que sai da cidade de Goiás e faz ponte entre o sul-sudoeste e noroeste do
Estado.
Conforme dados do Censo (IBGE, 2001), o município de Goiás tem uma
população estimada de 27.120 habitantes, dos quais 13.665 (50,4% da população) são
do sexo masculino e 13.455 (49,6% da população) são do sexo feminino, indicando uma
diferença insignificante entre homens e mulheres no município. A densidade
demográfica para o período em questão, obtida a partir da relação do quantitativo
populacional e da área territorial do município, é de 8,73 hab/Km². Grande parte desta
população vive ainda no campo, apesar ter ocorrido um intenso processo de êxodo rural
a partir da modernização agrícola nos anos 1970. Isso decorreu, em especial, do modelo
assumido pelo processo de formação territorial levado a cabo na região e no município,
especificamente.
O processo de formação territorial de Goiás teve início através da distribuição de
sesmarias e, posteriormente, pelas grandes posses em terras devolutas, constituindo ali
verdadeiras famílias oligárquicas, possuidoras de posse e poder político. Pois, as
sesmarias, durante o processo de ocupação das terras no período colonial, eram “[...]
concedidas aos nobres ou pessoas que, notoriamente, tivesse fortuna” (AGUIAR, 2003,
p. 58). Assim, por estar situado na região que historicamente marcou o início da
ocupação no Estado de Goiás, o município de Goiás está constituído por grandes
latifúndios.
Segundo a mesma autora, com a decadência da mineração cai também o
interesse em pedir e em ceder sesmarias, pois, na agropecuária, além do lucro ser menor
exigia mais tempo e áreas mais extensas. Também, pela abundância das terras devolutas
nota-se que na prática da pecuária, as exigências burocráticas das sesmarias não as
tornavam atraentes.
O principal fator que dificultava a legalização das sesmarias era a exigência da
medição, uma vez que somente “agrimensores”, profissionais raros na época, poderiam
realizá-la. Justifica assim, segundo a autora, ter encontrado no período pesquisado
(1726-1770), a confirmação de apenas 12 sesmarias em Goiás-GO, apesar dos 1.052
pedidos. Com isso as grandes propriedades passaram a ser através de grandes
apossamentos.
A Resolução de 17 de julho de 1822 pôs termo ao regime de sesmarias no Brasil,
confirmando um fato já consumado, ou seja, a instituição das sesmarias já havia perdido
o interesse da classe social. Assim, seu processo de doação já se agonizava, uma vez
que corria solto o sistema de apossamento sobre as terras devolutas.
Portanto, foi posterior a fase de ocupação aurífera em Goiás, que iniciou o que
muitos autores denominam de segunda fase da ocupação, era a ocupação através das
posses para a prática da agropecuária. Em Goiás, assim como em diversas regiões do
Brasil, o sistema de apossamento campeava livremente. Segundo Pessoa (1999, p. 43),
“[...] as ocupações passavam a ser feitas, sobretudo pelos grandes proprietários. Na
verdade, as ocupações se constituíram em certa “reserva”, visando às futuras divisões
por herança”, não mudando muita coisa em relação ao período sesmarial, ou seja,
quanto mais poder, maior quantidade de terra se apoderava. Ao referir-se a esse período
Lima (2002, p. 58) assim resume: “[...] a tendência para a grande propriedade estava já
definitivamente arraigada na psicologia da nossa gente”. Assim, as terras devolutas no
Brasil e em Goiás, iam tomando destino.
A Lei de Terras de 1850 não resolveu o problema de posse e uso da terra, pois,
nem mesmo o governo tinha noção da quantidade de terras definitivamente ocupadas.
Foi ai que o governo imperial, no intuito de tomar conhecimento da quantidade de terras
que estavam apropriadas, bem como das terras devolutas ainda existentes, determinou
que os detentores de terras fizessem um registro de declaração junto às paróquias.
A intenção do império em priorizar as paróquias para esse tipo de declaração de
registro das terras, ao invés dos órgãos governamentais. Pois, tomando como exemplo a
Província de Goiás, onde existia na época apenas uma sede administrativa, em Vila Boa
(atual município de Goiás), por outro lado existiam quarenta e quatro paróquias
espacialmente distribuídas em toda a Província. Ou seja, o contato direto com a
população era maior por parte da igreja, através das paróquias, do que pelos próprios
órgãos públicos.
Antes de falar de luta pela terra, é preciso mencionar os mediadores que
exerceram influência junto aos camponeses, em vários momentos de luta. No entanto,
“[...] a mediação tanto pode ser no sentido de questionar ou de reproduzir a dominação a
que estão submetidos” (DUARTE, 1998, p. 230). Para o autor, o mais importante de
tudo isso é que a classe camponesa possui autonomia e até certa rebeldia, se
manifestando à frente de seus mediadores, desenvolvendo e sobressaindo sua própria
cultura e sua racionalidade.
Antes da chegada de D. Tomás Balduino, a atuação da Diocese de Goiás era
considerada conservadora, pois, priorizava as ações sacramentais nos moldes
tradicionais, conforme afirma Duarte (1998, p. 240):
D. Tomás encontrou uma igreja com uma estrutura interna bastante
verticalizada, no ápice estava o bispo que era a autoridade máxima, em
seguida estava os padres, que cumpriam a vontade do bispo, depois vinham
as religiosas, que auxiliavam os padres na catequese, na liturgia e
principalmente nas atividades assistenciais, por último estavam os fiéis, que
se relacionavam com a igreja através dos sacramentos, dos dízimos e das
festas religiosas.
Com essa nova metodologia de ação junto à comunidade, a diocese transformou-
se no principal pólo de atuação da “igreja progressista”. Destaca-se também a atuação
de várias congregações de religiosos, que juntos desenvolveram diversas pastorais que
fizeram e fazem a diocese caminhar. Dentre esses, os padres beneditinos (tendo como
referência desses o Mosteiro São Bento), além dos padres diocesanos.
Destacam-se também no apoio aos camponeses em luta no município, na década
de 1980, a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Barromeo-
Scalabrinianas, também conhecidas como Carlistas Scalabrinianas que, junto com os
beneditinos e diocesanos, desenvolveram importante atuação nos acampamentos. Nas
entrevistas realizadas no Assentamento Mosquito são constantes as citações dos nomes
de Irmã Zenaide (Scalabriniana), Padre Philipe (Beneditino), também de Dom Tomás e
de Frei Marcos (Diocesanos). Ainda hoje são desenvolvidos trabalhos pastorais por
essas congregações juntos aos assentamentos rurais do município de Goiás.
Segundo Dom Tomás, a maioria dos movimentos de luta no campo nasceram da
CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), num relacionamento profundo com a igreja, a
religião, a fé, e a leitura bíblica, assim, no momento em que esses trabalhadores tomam
iniciativas por conta própria, a igreja entra com o apoio.
Destaca-se na época da ditadura militar a criação da CPT (Comissão Pastoral da
Terra) que, apesar de ser um organismo autônomo quanto à organização administrativa,
é vinculada a igreja católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). A função principal da CPT na igreja católica era de mediações nas questões
agrárias. No município de Goiás, o trabalho da igreja antecipou aos trabalhos da CPT e
do próprio MST. O assentado Milton Duarte da Costa, afirma:
Esse trabalho começou aqui no município de Goiás através da igreja. A
minha mulher era catequista e, através do trabalho de um bispo exemplar, que
era D. Tomás, um trabalho social na região. Ele achou a melhor forma desse
engajamento através das catequistas, N/É? Aí ele inventou num encontro, que
cada catequista levasse à sua região a proposta de luta pela terra, porque
quando foi na época da mudança de regime (a passagem da ditadura militar
para a democracia da Nova República), a proposta política era “Eleições
Diretas, Democracia e Reforma Agrária”. [...] E aí começou através das
catequistas, levando para suas comunidades essa proposta. Cada um ficou
encarregado de criar na sua região uma comissão.
Ainda segundo senhor Milton Duarte as dificuldades enfrentadas na época eram
grandes, pois, quando falavam da importância e necessidade de ocupar grandes
latifúndios improdutivos, encontravam resistência dos próprios companheiros. O
município de Goiás era um reduto de famílias tradicionais, onde predominava o
domínio de trabalho escravo. Por ser um município estritamente agrário, tinha os
problemas voltados para a questão fundiária concentrada nas mãos de grandes
proprietários e de grileiros, gerando conflitos com antigos posseiros.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a igreja católica, através da Diocese de Goiás
e a CPT, com sua mediação contribuiu na conscientização daqueles camponeses,
fomentando o início da resistência e luta pela terra no município de Goiás.
Foi contando com essa importante mediação que começou a esperança
camponesa no município de Goiás, quando trabalhadoras e trabalhadores rurais
desempregados nas cidades de Itapuranga-GO e Goiás-GO, iniciaram a história do
Assentamento Mosquito.
Segundo informação de Dom Tomás, a igreja não comandava os camponeses,
apenas colaborava na realização dos encontros e debates onde os próprios camponeses
discutiam sua realidade e tomava suas decisões. A mediação da igreja pautava, além da
orientação, também em apoio moral e jurídico.
Isso acarretou no encorajamento de um grupo de sem terra, que decidiu ocupar a
Fazenda São Sebastião do Mosquito, resultando em sua desapropriação. Iniciou-se a
partir daí diversos outros movimentos de ocupação de latifúndios do município e,
conseqüentemente, a constituição de vários assentamentos rurais de reforma agrária. Os
camponeses se organizaram coletivamente em Goiás-GO, ocuparam, resistiram, lutaram
e conquistaram a terra, formando inicialmente os assentamentos São João do Bugre e
Mosquito, abrindo caminho para outros 20 assentamentos que viriam posteriormente.
Como resultado, o município de Goiás possui atualmente 22 assentamentos (Ver
Quadro 1) abrangendo uma área total de 27.411,59 ha, com 647 famílias assentadas.
Quadro 1: Relação e dados de assentamentos existentes no município de Goiás-GO. NOME DO ASSENTAMENTO ÁREA (há) Nº. DE FAMÍLIAS DATA DE CRIAÇÃO
P. A. Mosquito 1.786,2397 42 17/10/1986
P. A. São João do Bugre 454,8255 9 25/04/1988
P. A. São Felipe 674,0000 10 03/09/1991
P. A. Acaba Vida II 271,8076 03 03/09/1991
P. A. Retiro 736,4457 23 03/09/1991
P. A. Rancho Grande 800,1473 21 03/09/1991
P. A. São Carlos 5.711,8198 152 06/12/1995
P. A. Lavrinha 706,7123 28 06/12/1995
P. A. Mata do Baú 1.561,0707 39 09/04/1996
P. A. Novo Horizonte 1.018,5037 22 16/05/1996
P. A. Paraíso 1.278,8022 37 14/10/1996
P. A. Buriti Queimado 1.198,1491 21 07/11/1996
P. A. União Buriti 760,6935 22 14/11/1996
P. A. Varjão 1.088,8791 16 05/03/1998
P. A. Magali 423,2522 08 05/03/1998
P. A. Holanda 1.347,0227 24 16/09/1998
P. A. Bom Sucesso 1.714,1569 30 30/05/1996
P. A. Baratinha 762,8931 16 02/10/1997
P. A. Vila Boa 793,2248 13 17/10/1997
P. A. Engenho Velho 1.122,1655 30 09/12/1997
P. A. Serra Dourada 239,3928 14 17/12/1999
P. A. Dom Tomás Balduíno 2.961,3902 67 21/06/2005
T O T A L. . . . (22). . . 27.411,587 647 . . . . . . . . . .
Fonte: Divisão de Suporte Operacional do INCRA-GO - 2007
Org.: COELHO, J. B. – 2007
Esse quadro reflete a importância da reforma agrária no campo, pois a área de
apenas 22 proprietários, que sequer moravam no local, com os assentamentos cederam
lugar para 647 famílias de camponeses que trabalham na terra, retirando dali o sustento
familiar. Ou seja, ocorreu no município de Goiás, a partir da década de 1980, uma
verdadeira reestruturação do espaço agrário, com um intenso processo de
reterritorialização camponesa em toda a região. O município de Goiás constitui-se,
atualmente, no município goiano com maior número de assentamentos rurais
implantados.
Por outro lado, ocorre no espaço agrário regional um fenômeno identificado
também em outras regiões brasileiras, a saber, o não reflexo da mudança na estrutura
agrária sobre a transformação das relações de poder. Ou melhor, ainda que tenham sido
assentadas 647 famílias nas últimas três décadas no município de Goiás, não houve uma
mudança política considerável. Isto se reflete, especialmente, no processo produtivo,
pois pouco apoio do poder público municipal tem sido direcionado para o
fortalecimento dos assentamentos.
Os programas do Governo Federal direcionados aos produtores familiares tem
sido uma alternativa para o desenvolvimento dos assentamentos. Foi constituído na
região, por exemplo, o Território do Rio Vermelho. Também tem sido acessados
recursos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e pelo PRONAF, com os
quais foi construída, por exemplo, uma estrutura para distribuição da produção dos
assentamentos. Todas estas políticas, no entanto, encontram uma intensa resistência da
administração municipal e do grupo conservador que ainda controla a cidade. O
Território do Rio Vermelho tem sido controlado por grupos locais que bloqueiam o
estabelecimento de um processo verdadeiramente democrático. A estrutura financiada
pelos recursos do PRONAF para comercialização da produção dos agricultores
familiares, por exemplo, será provavelmente perdida para a construção do fórum da
cidade. A principal alegação do poder público municipal é a baixa utilização desta
estrutura pelas famílias assentadas.
Nesse contexto, apresenta-se a necessidade premente de uma rearticulação das
entidades que trabalham diretamente com a agricultura familiar, ligando pesquisa e
extensão a partir de parceiros que lutem de forma conjunta pela manutenção dos
avanços alcançados a partir da luta dos camponeses e pela conquista de novos espaços
de discussão política, de produção, comercialização, etc. Entendemos que esta
congregação pode ocorrer por meio da focalização em ações que tenham nas escolas e
na educação do campo uma linha de trabalho e na agroecologia o caminho a ser
caminhado.
Algumas pesquisas realizadas no âmbito da Universidade Estadual de Goiás têm
revelado um potencial das escolas do campo para fortalecer a identidade camponesa no
município de Goiás. Estas escolas estão representadas por uma Escola Família Agrícola
e por quatro escolas pólo de ensino básico, como mostrado no Mapa, abaixo.
Dentre as cinco escolas que serão espaços para a formação do núcleo de
pesquisa e extensão em agroecologia no município de Goiás, está a Escola Família
Agrícola de Goiás (EFAGO), as Escolas Municipais Pólos: Terezinha de Jesus Rocha, a
Holanda, Olimpya Angélica de Lima e Vale do Amanhecer.
A Escola Família Agrícola de Goiás (EFAGO) foi fundada no ano de 1992, com
a participação de membros do Projeto de Assentamento Mosquito, Rancho Grande e
Retiro Velho, no entanto, a escola só iniciou suas atividades em 1994 num prédio
provisório cedido pela escola do Lar São José com uma turma de 23 alunos.
Posteriormente, mudou-se para o prédio recém-construído no meio rural do município
de Goiás, num local denominado Arraial dos Ferreiros, cerca de 6 km da área urbana,
em um espaço de 7,2 ha, de propriedade da Associação de Pais e Alunos da EFAGO. A
Escola Família Agrícola de Goiás é regida pela Associação de Pais e Alunos, que a
mantém parcialmente, pois o estado assume parte das despesas da escola com o
custeamento dos salários dos professores.
Essa escola atende o ensino médio de 1ª a 3ª série além do ensino
profissionalizante técnico em agropecuária. É preciso ressaltar que devido aos
problemas financeiros essa escola que, atendia todas as séries do ensino fundamental,
passou no ano de 2006, a desativá-lo gradativamente. No ano de 2010, ela matriculou
75 alunos atendidos por 13 professores. O sistema de ensino da escola é o da
alternância, em regime de semi-internato, em que o alunado permanece 15 dias na
escola e 15 dias na sua propriedade, entretanto, Jesus (2004) ressalta que ela é uma
pedagogia que não se preocupa apenas com a formação, mas, ao mesmo tempo promove
uma ação integrada junto à família.
Essa escola atende 12 assentamentos localizados no município de Goiás, são
eles: Bom Sucesso, Engenho Velho, Mosquito, São Felipe, Paraíso, Lavrinha, Magali,
Mata do Baú, São Carlos Retiro, Rancho Grande e Serra Dourada, além de mais um
assentamento localizado no município de Araguapaz denominado de Taquaral.
A EFAGO utiliza instrumentos pedagógicos específicos na integração escola-
familia-comunidade, esses instrumentos são a visita à família e comunidade, levando ao
conhecimento dessas instâncias à Escola e os anseios da comunidade para a escola;
Plano de Estudo (PE); Trabalho Prático que desenvolve atividades de olericultura e
agropecuária com espaços que servem de laboratório como a horta, apicultura,
experimento com leguminosas, práticas de adubação orgânica, produção de mudas,
campo de produção de sementes de milho crioulo e pomar com plantas frutíferas.
Entretanto um dos principais problemas dessa escola é a assistência técnica na execução
das atividades agropecuárias.
Outra escola que é objeto desta proposta é a Escola Municipal Olimpya Angélica
de Lima que foi criada em 29 de setembro de 1992, essa escola está localizada no meio
rural, especificamente no Projeto de Assentamento São Carlos com uma distância de 51
km da área urbana do município de Goiás, sendo que, 18 km são de estrada não
pavimentada e 34 km são de estrada pavimentada. No ano de 2008 foram matriculados
151 alunos que contam com 11 professores. Já no ano de 2010 o número de alunos
diminuiu significativamente para aproximadamente 60 alunos.
Sua criação se deu a partir das reivindicações dos moradores da região,
objetivando atender as necessidades dos alunos moradores dos assentamentos. Ela
atende o Projeto de Assentamento São Carlos, Buriti Queimado e União dos Buritis e
outras propriedades agrícolas, esse atendimento se dá, em regime de externato,
atendendo o ensino infantil jardim I, II e III, e o ensino fundamental do 1º ao 9º anos. A
Escola Municipal Olimpya Angélica de Lima possui bom acervo de livros e material
pedagógico, o que facilita o desenvolvimento das atividades escolares desde que os
professores busquem associar os conteúdos dos livros com a realidade dos alunos
campesinos.
A Escola Municipal Holanda, foi criada em março de 2005, e esta localizada na
comunidade do assentamento denominado de Holanda, no meio rural, distante 23 km da
área urbana do município de Goiás. Ela possui 13 professores com um alunado
eminentemente do campo, sendo que foram matriculados em 2008, 188 alunos no ano
de 2010 foram mariculaos aproximadamente 90 alunos. Ela atende sete assentamentos
sendo eles: Holanda, Engenho Velho, Baratinha, Vila boa, Paraíso, Dom Tomas, São
João do Bugre. O assentamento mais distante tem 75 km, sendo quatro linhas a serem
percorridas para a coleta dos alunos e uma para os professores.
Essa escola atende o ensino infantil jardim I, II, III e o ensino fundamental de 1º
a 9º anos, sendo que suas atividades de ensino funcionam no prédio da Associação
Holanda em regime de externato. Os instrumentos pedagógicos são basicamente quadro
giz aparelhos de DVD, televisão, vídeo, retro-projetor, e livros didáticos conseguidos
por meio de doações.
Em 1999, foi criada a Escola Municipal Terezinha de Jesus Rocha, localizada no
distrito de Buenolândia. No ano de 2007, foram matriculados 126 alunos, oriundos de
seis projetos de assentamentos, sendo os mesmos: São João da Lavrinha, Mata do Baú,
Magali, Novo Horizonte I e II, Rancho Grande e Mosquito. A Escola visa atender a
educação infantil e ao ensino fundamental, funcionando no período vespertino, para
atender os alunos que moram no campo, pois os mesmos dependem de transporte para
chegar até a Escola.
A Escola Pólo Municipal Vale do Amanhecer está situada no distrito de
Calcilândia, distante 60 km do núcleo urbano da cidade de Goiás. Essa foi formada em
2002, a partir da aglomeração de sete escolas situadas em fazendas circunvizinhas que
funcionavam em sistema multisseriado. No ano de 2010 essa escola matriculou 115
alunos oriundos do distrito de Calcilândia ou de propriedades do entorno. Diferente das
outras escolas ela não atende alunos oriundos de assentamento. Atualmente conta com 8
professores, Diretor, Coordenador e merendeiras. Em entrevistas realizadas na escola
foi constatado que a escola tem buscado a implantação de atividades práticas, mas não
conseguiu o apoio da comunidade escolar.
Por fim, é preciso ressaltar que as escolas nasceram das reivindicações dos
camponeses que encontravam dificuldades de deslocar seus filhos ate à cidade do
município de Goiás, e ainda por estarem mais próximas da realidade do campo. Essas
escolas atendem todos os 23 assentamentos do município de Goiás e comunidades
rurais.
É importante destacar que das cinco escolas, três não possuem espaços para a
prática pedagógica ligada a realidade do homem do campo, como horta, piscicultura,
apicultura, pecuária, dentre outras atividades agropecuária sendo que uma possui, no
entanto, está subaproveitado. Partindo do contexto histórico de formação dessas escolas
é que se faz necessário um núcleo de pesquisa e extensão ligado a agroecologia.
e.4. Experiências/potencialidades agroecológicas e de educação do campo em
desenvolvimento no município de Goiás
Nos últimos anos têm sido estabelecidos embrionariamente, no município de
Goiás e na microrregião do rio vermelho de forma geral, alguns espaços de resistência
ao modelo dominante da agricultura baseada em pacotes tecnológicos e na produção em
larga escala. São experiências que englobam uma gama de ações que convergem, de
forma geral, para a construção de uma sociedade socialmente mais justa e
ambientalmente mais sustentável.
O estabelecimento da Escola Família Agrícola de Goiás (EFAGO), o trabalho de
pesquisa e extensão nas escolas do campo (e naquelas da cidade que recebem alunos do
campo) desenvolvido no âmbito da UEG (Universidade Estadual de Goiás – Unidade
Goiás), a implantação de quintais agroecológicos pela CPT (Comissão Pastoral da
Terra), a prática de formas solidárias de comercialização consolidadas pela COOPAR
(Cooperativa Mista de Agricultores Familiares do Município de Goiás e Região) a partir
do Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal, o desenvolvimento de
medicamentos a partir de plantas do cerrado já enraizado pelos trabalhos da Pastoral da
Saúde e Casa da Agricultura Familiar “Dom Tomás Balduíno”, entre várias outras
experiências, são exemplos que podem ser identificados no espaço agrário do município
de Goiás e região.
Todas estas ações, entendemos, podem ser inseridas no que assumimos como
agroecologia. Contudo, são ainda experiências realizadas de forma pontual e
isoladamente, sem um direcionamento conjunto que as fortaleça como proposta real de
construção de um território agroecológico. É possível identificar, por outro lado, um
grande potencial para que esta transformação paradigmática possa de fato ocorrer.
Entendemos, ainda, que é a partir do acúmulo apresentado por estas entidades e
experiências que poderemos consolidar a discussão e a prática agroecológica no
município de Goiás. Em uma relação dialética estas experiências podem fortalecer a
identidade camponesa entre alunos do ensino básico de todo o município. Por outra via
e ao mesmo tempo, a Universidade Estadual de Goiás poderá apoiar estas entidades
quanto à realização de atividades de pesquisa e extensão em conjunto. Por isso,
acreditamos ser importante apresentar um resumo de cada uma destas experiências.
1. Formação de Técnicos Agrícolas em uma perspectiva de libertação (Escola Família
Agrícola de Goiás - EFAGO)
A Escola Família Agrícola de Goiás (EFAGO). Nesta instituição está em
processo um resgate das práticas agroecológicas entre camponeses do município de
Goiás, partindo de igual resgate de um processo educativo originado e voltado para as
atividades do campo. A Pedagogia da Alternância permite o desenvolvimento de um
processo educativo que respeita as características próprias do campo e do campesinato,
além de permitir que o aprendizado seja imediatamente testado e aplicado nas
comunidades de origem dos alunos.
Borges (2010), analisando especificamente a EFAGO destaca um processo de
reconstrução da identidade camponesa no município a partir de tal experiência.
“Acredita-se que as crenças populares, a sabedoria popular, a medicina alternativa, as
tradições, o lazer, as festas os costumes, os valores e o trabalho, sejam o que há de mais
expressivo na identidade camponesa em Goiás, marcando suas práticas culturais”.
(BORGES, 2010, p. 162). Todos estes elementos citados pela autora são formadores de
uma cultura agroecológica, subjetivamente imersa no mundo camponês e pouco
analisada pela academia.
Atualmente estão matriculados nesta escola 75 alunos provenientes dos
assentamentos e de outras comunidades camponesas de Goiás. Anteriormente a escola
contava também com o ensino fundamental, mas em 2006 devido à falta de recursos
estas séries foram desativadas, restando apenas o ensino médio/técnico. E
consequentemente, pela não oferta do ensino fundamental, a própria procura pelo curso
médio/técnico tem diminuído. A formação que antes era integral no sentido de resgatar
a identidade agroecológica, agora foi fragmentada.
Por isso, também, a importância de desenvolvermos um projeto com as escolas
pólo do campo de Goiás, pois são estas potencialmente as fornecedoras dos alunos para
a EFAGO. Trazendo a experiência desta escola técnica para o projeto, e a conectando
com as demais escolas do campo no município, poderemos consolidar um contexto de
ensino extremamente importante para a construção de uma proposta agroecológica.
2. Implantação de Quintais Agroecológicos (Projeto da Comissão Pastoral da Terra)
O desejo e a necessidade dos agricultores/as familiares em construírem uma vida
digna no campo passam por um modelo de produção que seja sustentável
ecologicamente e economicamente. Neste sentido, os quintais agroecológicos tem se
tornado um espaço de reflexão e redefinição do modelo de se produzir alimentos. A
integração e inter-relação de diversas culturas e animais em uma área reduzida tem se
mostrado como uma forte alternativa no sentido de diversificar a produção e gerar
renda. Incentivar a produção de alimentos utilizando-se de princípios agroecológicos e
favorecer a segurança alimentar com qualidade e variedade, é sem dúvidas, resgatar a
tradição da fartura no campo, abandonada em função da monocultura da atividade
leiteira.
A metodologia utilizada na implantação dos quintais seguiu um dos princípios
básicos da agroecologia, a valorização do conhecimento e das orientações técnicas que
os agricultores detêm. Juntamente com toda a família foram tomadas as decisões mais
importantes do processo participativo da família na construção da concepção do mesmo
levou à diferentes resultados, principalmente por utilizar os recursos disponíveis na
propriedade e a tecnologia alternativa que melhor se adequaria a tal realidade.
Basicamente, os quintais contemplaram plantas frutíferas, hortaliças em geral,
grãos e animais de pequeno porte, como peixes, aves e suínos, num processo de inter-
relação na cadeia alimentar. E as famílias beneficiadas com o projeto foram aquelas que
mais gostariam de passar do modelo convencional de agricultura para o alternativo, e
sentiram a necessidade de melhorar e diversificar a produção, para tentarem sair da
cadeia do leite.
Estas, por sua vez, são famílias que estão intimamente ligadas a associações de
pequenos produtores, sindicatos dos trabalhadores rurais e as feiras de pequenos
produtores, e que sabem a importância de um modelo sustentável de agricultura que
respeite o próprio agricultor e o meio ambiente.
O processo prático de implantação dos quintais contou com grande apoio das
comunidades das famílias beneficiadas, vários encontros e mutirões foram realizados
para executar o trabalho de forma coletiva. O trabalho de (in)formação técnica realizada
com os agricultores e o acompanhamento da implantação dos quintais foi realizado pela
equipe técnica da Comissão Pastoral da Terra.
Alguns quintais foram implantados totalmente com recursos das famílias. Outros
receberam apoio financeiro do Populorum Progressio (Braço Social do Vaticano na
América Latina) e a contrapartida dos beneficiários.
Vários resultados positivos eclodiram desde a implementação do projeto. O
primeiro e talvez mais importante foi a melhoria na quantidade, qualidade e variedade
de produtos alimentícios que as famílias passaram a ter na mesa. São dezenas de
quintais implantados em diversas regiões. Algumas famílias conseguiram, ainda,
resultados economicamente mais significativos, passando a comercializar os produtos,
principalmente hortaliças, nas feiras dos pequenos produtores, no Programa Compra
Antecipada com Doação Simultânea e agora mais recentemente, no programa da
merenda escolar.
Este projeto, entendemos, possui um grande potencial para o resgate da
identidade agroecológica camponesa. Acreditamos que poderia ser implantado nas
Escolas Pólo do município de Goiás, permitindo a investigação por parte dos alunos e
professores. Este processo de aprendizado agroecológico, a ser apoiado com pesquisas
pela Universidade Estadual de Goiás, poderia refletir indiretamente na adoção das
práticas desenvolvidas na escola pelos pais dos alunos.
3. Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar (Projeto da COOPAR)
A COOPAR (Cooperativa Mista de Agricultores Familiares do Município de
Goiás e Região) é uma organização composta atualmente por 20 cooperados, em sua
maioria, produtores familiares assentados. A cooperativa foi fundada para fortalecer a
organização dos assentados e produtores tradicionais do município, mas também para
inserir tais produtores no Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal. A
adesão a este programa gerou uma possibilidade concreta para a comercialização dos
produtos da agricultura familiar.
A partir da criação da cooperativa e da inserção no PAA este grupo de
agricultores familiares passou a produzir uma maior quantidade e diversidade de
produtos. Tais produtos são destinados a atender 19 entidades (entre escolas, creches,
asilos, etc.) da cidade de Goiás. Este foi certamente um largo passo no sentido da
consolidação do território camponês no município. Por outro lado, contudo, o processo
produtiva ainda tem sido direcionado basicamente pelo modelo tradicional de
agricultura. Ou seja, com a utilização de adubos e produtos químicos que são nocivos
tanto para os produtores como para quem consome tais produtos.
Considerando que os filhos das famílias cooperadas estudam, via de regra, nas
escolas pólo nas quais propomos desenvolver a presente proposta, entendemos que a
pesquisa e a extensão poderá também atingir estes produtores. Estes já demonstraram
um grande interesse em iniciar uma experiência agroecológica, produzindo alimentos
mais saudáveis para sua família e para as entidades atendidas através do PAA. As
experiências implantadas nas escolas podem servir como referências para esta
cooperativa e também para todas as demais comunidades onde estão inseridas estas
instituições de ensino.
Em sentido oposto, da mesma forma, os conhecimentos de alguns dos
cooperados da COOPAR podem servir ao processo de aprendizagem para os alunos das
escolas pólo e mesmo para os estudantes e professores universitários envolvidos no
projeto.
4. Desenvolvimento de medicamentos e manutenção de Farmácia com plantas
medicinais do cerrado e rede de agentes pastorais de saúde (Projeto da Pastoral da
Saúde e Casa da Agricultura Familiar Dom Tomás Balduíno)
A Pastoral da Saúde e o espaço representado pela Casa da Agricultura Familiar
Dom Tomás Balduíno constituem uma referência importante, para o município de Goiás
e para toda a região, de saúde popular construída a partir dos conhecimentos tradicionais
camponeses. Há várias décadas este espaço tem mantido um trabalho de resgate de
práticas tradicionais de tratamento, buscando nas plantas do cerrado soluções para
diversas enfermidades.
Estão compostos atualmente 18 grupos de agentes que estudam e ensinam sobre
os medicamentos do cerrado. Estes grupos estão distribuídos nas comunidades rurais do
município de Goiás e da microrregião do Rio Vermelho, constituindo uma ampla rede
de saúde popular. A partir destes grupos são realizados dias de campo para
reconhecimento e coleta de plantas medicinais, cursos e palestras para os agricultores
das comunidades, além de visitas às famílias camponesas de cada comunidade.
Para além destas atividades, uma diversidade de medicamentos é desenvolvida
no espaço da Casa da Agricultura Familiar para venda direta à população da cidade de
Goiás. Este espaço tem se tornado uma referência para um grande número de pessoas
que buscam um tratamento alternativo. Neste mesmo espaço são comercializados
artesanatos produzidos por famílias assentadas.
Esta experiência em particular, que possui um largo acúmulo de conhecimento
na medicina popular, pode ser um grande apoio para a discussão das práticas
agroecológicas. A saúde, quando pensamos na produção de alimentos, é um ponto
central da discussão. Ou seja, a partir do estudo sobre as plantas medicinais podemos
refletir sobre que tipo de produtos estamos produzindo para nós e para nossos filhos.
Portanto, propomos desenvolver nas escolas participantes do projeto, juntamente com
experiências agroecológicas de produção, também a produção de canteiros de plantas
medicinais. Tal experiência abrirá, ainda, a possibilidade de pesquisa para estudantes
universitários. Poucos estudos têm sido realizados, na região, sobre a utilização plantas
ervas medicinais do cerrado.
f) O envolvimento do proponente e/ou de sua instituição com projetos em execução
no país relacionados com os objetivos da proposta
f.1. Proponente
1. Programa de Apoio Científico e Tecnológico aos Assentamentos de Reforma Agrária
– PACTo – MG/Triângulo Mineiro (2004 – 2006).
- Caracterização: Projeto multidisciplinar desenvolvimento, entre 2004 e 2006,
no âmbito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a partir de convênio
realizado concomitantemente com o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e MDA (Ministério de
Desenvolvimento Agrário).
- Objetivo: Desenvolver atividades de pesquisa e extensão, em todas as áreas do
conhecimento, nos assentamentos rurais da mesorregião geográfica do Triângulo
Mineiro/Alto Paranaíba.
- Função Exercida: Professor orientador responsável pela pesquisa e extensão na
área da produção animal.
2. Projeto ATER: Formação técnica de produtores rurais tradicionais, assentados e
acampados na região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, em formas de organização
social e produtiva, técnicas de produção agroecológica e meio ambiente. (2005 – 2007).
- Caracterização: Projeto desenvolvido no âmbito da Animação Pastoral e Social
no Meio Rural (APR), em convênio com o Ministério de Desenvolvimento
Agrário (MDA).
- Objetivo: Formação de produtores rurais assentados em práticas agroecológicas
de produção e discussão da questão ambiental no contexto das áreas de
assentamento.
- Função Exercida: Coordenador do processo de formação na área agroecológica
e instrutor em práticas de produção animal com sustentabilidade.
3. Projeto de Pesquisa: A territorialização das práticas agroecológicas no município de
Goiás (2010 – atual).
- Caracterização: Projeto de pesquisa apresentado à Pró-reitoria de Pesquisa e
Pós Graduação da Universidade Estadual de Goiás para desenvolvimento a partir
de 2010 entre assentados e agricultores familiares tradicionais do município de
Goiás.
- Objetivo: Identificar práticas de agroecologia entre os produtores familiares do
município de Goiás e do território do Rio Vermelho, contribuindo ao mesmo
tempo com o resgate do conhecimento tradicional camponês.
- Função Exercida: Coordenador do projeto e pesquisador.
g) As estratégias para o desenvolvimento do projeto
A principal e mais importante estratégia para a efetivação desta proposta está,
sem dúvida, relacionada às parcerias estabelecidas. Pois, como mencionamos em outros
momentos na elaboração desta proposta, experiências têm sido realizadas, mas de forma
pontual. Somente com a congregação das entidades e organizações que trabalham com a
agricultura familiar, direta ou indiretamente, poderemos construir um projeto
agroecológico. Tudo isto a partir do direcionamento estabelecido no Núcleo de Pesquisa
e Extensão em Agroecologia e Educação do campo. Especificamente estabelecemos as
seguintes estratégias para o desenvolvimento do presente projeto:
- Situar a Educação do Campo como perspectiva central para o desenvolvimento do
projeto, especificamente, e para a construção de um território agroecológico de forma
mais geral, buscando nas escolas do campo a parceria primeira para que estas ações
tenham validade em longo prazo;
- Potencializar propostas educacionais adequadas para a agricultura familiar e para as
escolas do campo, tendo como referência a Pedagogia da Alternância, além de outras
metodologias educacionais construídas a partir da experiência das famílias camponesas;
- Estabelecer uma proposta baseada na discussão coletiva e democrática entre as
entidades envolvidas no projeto, buscando valorizar as competências e o acúmulo de
conhecimentos teórico-práticos de cada uma delas;
- Estimular o desenvolvimento de atividades de pesquisa direcionadas à produção de
conhecimento para a agricultura familiar, englobando neste contexto toda sua
amplitude, social, econômica, ambiental, cultural, etc.;
- Apoiar ações em agroecologia já existentes e orientar o desenvolvimento de
experiências agroecológicas nas escolas do campo e, consequentemente, nas
comunidades camponesas do município de Goiás e na região de seu entorno;
- Desenvolver atividades de resgate dos saberes históricos da agricultura familiar,
promovendo ao mesmo tempo o resgate objetivo de sementes e plantas crioulas e raças
de animais adaptadas ao contexto camponês;
- Apoiar o fortalecimento do Território do Rio Vermelho, procurando fazer deste um
espaço de debate e consolidação de políticas públicas que sejam apropriadas para a
agricultura familiar;
- Proporcionar a construção de metodologias participativas para aproximar o
conhecimento científico do saber histórico da agricultura familiar, buscando o acúmulo
coletivo na produção de conhecimentos;
h) Resultados, avanços, aplicações esperadas e indicadores de progresso
Esperamos constituir, de forma geral, um grupo de pesquisa e extensão que se
consolide na produção de conhecimentos em agroecologia e na busca de sua aplicação
prática entre agricultores familiares do município de Goiás. De forma específica, no
entanto, esperamos produzir os seguintes avanços e gerar as seguintes aplicações:
- Instituir um espaço (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Educação do
Campo) de produção do conhecimento e extensão que sirva de referência à comunidade
escolar e da agricultura familiar do município de Goiás;
- Criar nas escolas do campo um ambiente de constante aproximação dos processos
educativos e das práticas agroecológicas;
- Fortalecer a Escola Família Agrícola, direcionando participativamente mais alunos das
escolas do campo para este espaço de formação técnica;
- Instalar nas escolas pólo do município experiências práticas de agroecologia, que
sirvam objetivamente ao processo de aprendizagem dos alunos e dos professores, assim
como, para a aproximação da comunidade onde está inserida cada escola;
- Produzir trabalhos (livros, artigos, cartilhas, etc.) para potencializar o debate e a
discussão, além das próprias práticas dos agricultores familiares do município e da
região;
i) Instituições e pesquisadores envolvidos (explicitando qualificação e tempo de
dedicação ao projeto)
i.1. UEG – Universidade Estadual de Goiás (Campus Cidade de Goiás)
A UEG apresenta-se como entidade proponente, onde estará centralizado o
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Educação do Campo. Além da infra-
estrutura e dos professores desta unidade da UEG, também estarão envolvidos
profissionais e professores de outras unidades desta universidade. Os nomes dos
pesquisadores, qualificação e tempo de dedicação ao projeto seguem abaixo.
Auristela Afonso da Costa
Qualificação: Professora efetiva do Curso de Geografia da Universidade Estadual de
Goiás (UEG – Unidade Goiás), Mestre em Geografia (Área de Concentração: Ambiente
e apropriação do cerrado) pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Elisabeth Maria de Fátima Borges
Qualificação: Professora do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás
(UEG – Goiás), Mestre em História.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais
Francilane Eulália de Souza
Qualificação: Professora efetiva do Curso de Geografia da Universidade Estadual de
Goiás (UEG – Unidade Goiás), Mestre em Geografia pela Universidade Federal de
Goiás (UFG), Doutoranda em Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo
(UNESP) com concentração na área de Educação do Campo.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais
José Braga Coelho
Qualificação: Professor do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás
(UEG - Unidade Goiás), Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goiás
(UFG).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais
Murilo Mendonça Oliveira de Souza
Qualificação: Professor efetivo do Curso de Geografia da Universidade Estadual de
Goiás (UEG – Unidade Goiás), Graduado em Medicina Veterinária e Geografia, com
Curso de Aperfeiçoamento em Agroecologia, Mestre em Geografia e Doutorando em
Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Robson de Sousa Morais
Qualificação: Professor efetivo do Curso de Geografia da Universidade Estadual de
Goiás (UEG – Unidade Goiás), Mestre em Geografia pela Universidade Federal de
Goiás (UFG).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Jaqueline de Jesus Gomes
Qualificação: Aluna do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG –
Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Rafael Mecenas de Freitas
Qualificação: Aluno do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG –
Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Katharyn Aquino Gonçalves
Qualificação: Aluna do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG –
Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
Ana Michele Ferreira Tadeu dos Santos
Qualificação: Aluna do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG –
Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
i.2. UEG – Universidade Estadual de Goiás (Unidade Ipameri)
Abdala Untar
Qualificação: Professor do Curso de Agronomia da Universidade Estadual de Goiás
(UEG – Unidade Ipameri), Graduado em Agronomia, Mestre em Extensão Rural, com
experiência na Coordenação da Turma Especial de Agronomia para alunos provenientes
de movimentos rurais do campo, em Cáceres/MT.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas mensais
i.3. UEG – Universidade Estadual de Goiás (Unidade Quirinópolis)
José Novais de Jesus
Qualificação: Professor do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás, com
Especialização em Pedagogia da Alternância e Mestre em Geografia pela Universidade
Federal de Goiás (UFG).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas mensais.
i.4. UFG – Universidade Federal de Goiás
George Francisco Ceolin
Qualificação: Professor efetivo do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de
Goiás (UFG – Campus Goiás), Mestre em Serviço Social, com trabalho concentrado na
área de direitos humanos para efetivação de direitos sociais e ampliação da cidadania
entre populações camponesas.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 10 horas semanais.
Thiago Fernando Sant’Anna e Silva
Qualificação: Professor efetivo do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de
Goiás (UFG – Campus Goiás), Doutor em História, coordenador de extensão da UFG –
Goiás.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 10 horas semanais.
i.5. CPT – Comissão Pastoral da Terra
Aguinel Lourenço da Fonseca Filho
Qualificação: Coordenador da Comissão Pastoral da Terra da Cidade de Goiás (CPT),
Historiador, com Especialização na área de Gestão de Cooperativas pela Organização
das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 10 horas semanais.
Fábio José da Silva
Qualificação: Agente da Comissão Pastoral da Terra de Goiás (CPT – Goiás), Técnico
Agrícola, com Especialização em Agroecologia e Administrador de Empresas.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 20 horas semanais.
i.6. COOPAR – Cooperativa Mista de Agricultores Familiares do Município de Goiás e
Região
Aderson Liberato Gouvea
Qualificação: Produtor Rural, Presidente da COOPAR (Cooperativa Mista de
Agricultores Familiares do Município de Goiás e Região), Coordenador Estadual da
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
i.7. Casa da Agricultura Familiar Dom Tomás Balduíno/Pastoral da Saúde
Maria Luiza da Silva Oliveira
Qualificação: Coordenadora da Pastoral da Saúde e da Casa da Agricultura Familiar
“Dom Tomás Balduíno”, Especialista em Plantas Medicinais.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais
i.8. Escola Família Agrícola (EFAGO)
Izaias da Glória de Araújo
Qualificação: Diretor da Escola Família Agrícola de Goiás (EFAGO), graduado em
geografia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG – Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
i.9. Escola Municipal Pólo Olímpia Angélica de Lima
Ronaldo Santos Martins
Qualificação: Professor de Geografia da Escola Municipal Pólo Olímpia Angélica de
Lima, graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG – Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
i.10. Escola Municipal Pólo Vale do Amanhecer
Ana Paula Barbosa
Qualificação: Professora de Geografia da Escola Pólo Vale do Amanhecer, graduada
em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG – Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
i.11. Escola Municipal Pólo Terezinha Rocha de Jesus
Luscélia Soares
Qualificação: Professora de História da Escola Municipal Pólo Terezinha Rocha de
Jesus, graduada em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG – Goiás).
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
i.12. Escola Municipal Pólo Holanda
Ricardo Pereira dos Santos
Qualificação: Professor de História da Escola Pólo Holanda, graduado em História pela
Universidade Estadual de Goiás (UEG – Goiás), com Especialização em Produção
Animal.
Tempo de Dedicação ao Projeto: 5 horas semanais.
j) infra-estrutura física, recursos financeiros e competências existentes nas
instituições participantes do projeto, incluindo o envolvimento da equipe técnica
das instituições participantes no desenvolvimento das atividades do projeto
j.1. UEG – Universidade Estadual de Goiás
A estrutura e equipamentos utilizados no projeto, em grande parte, será a da
Universidade Estadual de Goiás/Unidade de Goiás. Os demais participantes –
Universidade Federal de Goiás, Comissão Pastoral da Terra, COOPAR e Casa da
Agricultura Familiar Dom Tomás Balduíno/Pastoral da Saúde – contribuirão com a
parceria técnica e no trabalho junto à comunidade envolvida no projeto.
A UEG/Unidade de Goiás é uma das referências no ensino superior na região.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico da Unidade (PPP), o prédio, inaugurado
em 1996, apresenta 273 m² para ambiente administrativo e 991,59 m² para ambiente
pedagógico, totalizando 1.870,71 m² de área construída e 3.729,29 m² de área livre. Na
área construída são quatro pavilhões, onde funcionam as atividades administrativas e
acadêmicas.
Atualmente a Unidade possui 23 salas de aula, 01 auditório para 170 lugares
com suas respectivas dependências, 04 laboratórios (Laboratório de Climatologia e
Laboratório de Cartografia, Geologia e Prática Pedagógica, ambos vinculados ao curso
de Geografia; 02 Laboratórios de Informática); 01 sala para o Centro de Pesquisas e
Documentação e Memória/CEPEDOM, vinculado ao curso de História, 01 biblioteca,
01 sala com 06 computadores para bolsistas de pesquisa; 01 sala para Almoxarifado, 01
sala para Mecanografia, 01 sala para recursos humanos da Unidade, 01 sala para
secretaria acadêmica, 02 salas para arquivo, 01 sala para coordenação de pesquisa, 01
sala para a coordenação pedagógica, 01 sala para os professores, 02 banheiros para os
professores (um para sexo masculino e outro para sexo feminino), 04 banheiros para
alunos (dois para sexo masculino e dois para sexo feminino), 01 cozinha e suas
respectivas dependências, 01 cantina, 01 espaço de convivência (usado para lanches e
também para atividades acadêmicas diversas), 01 sala e 01 banheiro para direção, 01
sala de espera, onde funciona também a Secretaria Administrativa da Direção, 01 sala
para coordenações, entre outros (tabela 01).
Tabela 01 – Espaço físico da UEG/Unidade Universitária de Goiás (2006)
Item Tipo Quantidade Tamanho (m2)
(larg.x comp.)
1. Salas de aula 23 46,96 m2 (7,55 x 6,22)
2. Banheiro para Alunos (Feminino) 02 42 m2 ( 9,56 x 8,70)
3. Banheiro para Alunos (Masculino) 02 42 m2 ( 9,56 x 8,70)
4. Sala dos Professores 01 34,03 m2 (6,21 x 5,48)
5. Banheiro para Professores
(Feminino)
01 3,83 m2 (1,59 x 2,41)
6. Banheiro para
Professores(Masculino)
01 3,83 m2 (1,59 x 2,41)
7. Sala de Coordenação de Pesquisa 01 8, 96 m2 (2,66 x 3,37)
8. Secretaria Acadêmica
Sala de arquivo
Sala de Arquivo
01
01
01
26,35 m2 (6,20 x 4,25)
3,83 m2 (1,59 x 2,41)
8,50 m2 (3,30 x 2,50)
9. Sala Recursos Humanos da UnU 01 22,32 m2 (6,20 x 3,60)
10. Mecanografia 01 22,38 m2 (6,20 x 3,61)
11. Laboratório de Climatologia e
Coordenação do Curso de Geografia
01 22,67 m2 ( 6,21x 3,65)
12. Laboratório de Cartografia,
Geologia e Prática Pedagógica
01 101,27 m2( 12,35x8,20)
13. Almoxarifado 01 3,83 m2 (1,59 x 2,41)
14. Laboratório de Informática
Sala para bolsistas de pesquisa da
UnU
01
01
91,14 m2 (14,7 x 6,20)
15. Biblioteca 01 136,71m2 (22,05 x 6,20)
16. Auditório
Banheiro
Hall de Espera
Camarim
01
01
01
01
206,44 m2 (10,40x19,85)
17. Sala da Direção
Sala de Espera
01 14,57 m2 ( 4,70 x 3,1)
7,28 m2 (2,35 x 3,10)
18. Espaço de Convivência 01 -
19. Cantina 01 -
20. Sala de Coordenação dos cursos 01 60,63 m2 (9,70 x 6,20)
21. Cozinha
Hall
Banheiro
Deposito
Despensa
01
01
01
01
01
13,91 m2 (4,56 x 3,05)
1,30 m2 (0,78 x 1,65)
2,06 m2 ( 1,65 x 1,25)
2,06 m2 (1,65 x 1,25)
7,71 m2 (4,56 x 1,69)
22. Sala de Coordenação de Serviços
Gerais
01 7,30 m2 ( 3,11 x 2,35)
23. Sala de Coordenação de Pós-
graduação
01 8, 96 m2 (2,66 x 3,37)
24. Sala do Centro Acadêmico 01 1,84 m2 (2,30 x 0,80)
25. Arquivo Morto 01 14,74 m2 (6,22 x 2,37)
Fonte: Plano Político Pedagógico da Unidade de Goiás (2006)
Org.: BOMTEMPO, K. (2006)
Entre os espaços acima relacionados, uma parte é de uso comum dos cinco
cursos da Unidade: Geografia, História, Letras, Matemática e Tecnólogo em Turismo.
Existem outros que estão sob a responsabilidade de cada curso, para o desenvolvimento
prioritário de suas atividades acadêmicas específicas, mas que pode ser agendado
também para a utilização dos demais docentes e discentes da Unidade.
Entre os espaços coordenados pelos cursos da unidade têm-se os laboratórios
que dão suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão da UEG/Unidade de Goiás
e que possibilitam o desenvolvimento de aulas práticas de algumas disciplinas das
Matrizes Curriculares de cada curso.
Laboratório de Cartografia, Geologia e Prática Pedagógica
O Laboratório de Cartografia, Geologia e Prática Pedagógica foi criado em 2004
e é coordenado pelo curso de Geografia. Embora administrativamente constitua um
único espaço, o laboratório encontra-se dividido em três partes: uma para atividades de
cartografia, outra para geologia e geografia física e uma terceira para materiais de
atividades pedagógicas. Sua função é propiciar a formação dos discentes da unidade,
valorizando os aspectos relacionados ao ensino, à pesquisa e à extensão e fornecendo
ambiente de apoio para a realização de aulas práticas que envolvem os conhecimentos
de Cartografia, Geologia e Prática de Ensino. O laboratório conta com acervo
bibliográfico e cartográfico, bem como amostras de rochas e minerais, destinados a
estudos e elaboração de projetos que envolvam as áreas de conhecimento às quais está
vinculado ou outras que se apóiem em estudos dessa natureza.
O mobiliário é constituído por: três mesas grandes, três balcões, dois grandes e
um de tamanho médio, três mesas pequenas, uma escrivaninha, um armário tipo
fichário, um quadro branco, 25 bancos de madeira para estudos individuais, dois
armários (um em aço e outro em madeira), duas prateleiras em aço, vários armários em
aço e vidro (tipo vitrine), que serão usados para arquivos de documentos cartográficos e
mostruário de rochas, e dois bancos almofadados.
Os equipamentos e materiais do laboratório ainda não estão totalmente
catalogados, visto que parte deles foram recebidos por doação. Entre aqueles que já
estão catalogados podemos citar: 01 notbook, 01 GPS, 07 bússolas, 01 DVD, 02 globos,
05 espectrógrafos, 01 pantógrafo profissional, 02 pantógrafos de madeira, 01 planímetro
profissional, 05 réguas de mesa, planisférios, mapas temáticos variados, cartas
topográficas diversas (escalas de 1:250.000, 1:100.000 e 1:25.000), plantas da cidade de
Goiás (1:2000), amostras de minerais e rochas, além de materiais didático-pedagógicos
produzidos nas disciplinas do curso (tabela 02).
Tabela 02 - Material do Laboratório de Cartografia, Geologia e Prática Pedagógica da
UEG/Unidade Universitária de Goiás (2010)
Item Objeto Quantidade
1. Pantógrafo Profissional 01
2. Pantógrafo de Madeira 02
3. Planímetro Profissional 01
4. GPS 01
5. Notbook 01
6. DVD 01
7. Bússolas 07
8. Espectrógrafos 03
9. Globos 02
10. Réguas de Mesa 05
11. Planisférios, Mapas Temáticos, Cartas
Topográficas e Plantas
Catalogação em andamento
12. Amostras de Minerais e Rochas Catalogação em andamento
13. Fotografias aéreas Catalogação em andamento
14. Imagens de satélite Catalogação em andamento
Fonte: Plano Político Pedagógico da Unidade de Goiás – Primeira parte (2006),
atualizado a partir de pesquisa direta (2010)
Org.: COSTA, A. A. (2010)
De acordo com o PPP da Unidade, o espaço que compõe a Prática Pedagógica
foi idealizado para “dar suporte pedagógico à atividade prática de cada disciplina da
Matriz Curricular do Curso de Geografia.” (Projeto Político Pedagógico, 2006, p. 58).
Dentre os materiais do qual dispõe essa parte do laboratório tem-se livros didáticos,
Parâmetros Curriculares Nacionais, monografias, periódicos e outros.
Laboratório de Climatologia
O Laboratório de Climatologia foi criado em 2008, a partir das necessidades do
curso e da aprovação de um projeto da UEG/Unidade de Goiás, intitulado “Implantação
de rede de coleta de dados climáticos como subsídio à pesquisa geoambiental na bacia
do Rio Vermelho” e vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECTEC).
Com a aprovação do projeto, a SECTEC enviou a primeira remessa de materiais
que possibilitou a abertura do Laboratório. Nesse período foram enviados: dois
computadores, uma impressora, dois estabilizadores, um ar condicionado, três mesas e
duas cadeiras para computador. Os demais equipamentos, especialmente aqueles que
possibilitarão a coleta dos dados meteorológicos deveriam ter sido enviado
posteriormente pela SECTEC, mas até o presente momento ainda não se efetivou.
Além dos materiais citados, o laboratório possui atualmente uma estação
meteorológica, um quadro com os principais tipos de nuvens, dois armários em aço (um
de gavetas e um de duas portas), um banco almofadado e 07 cadeiras.
O Laboratório conta, ainda, com uma área disponibilizada pela Unidade
Universitária em seu terreno para a implantação de uma estação meteorológica, a qual já
se encontra cercada. Até o momento, está implantado apenas um relógio do sol,
adquirido com recursos próprios do curso de Geografia.
Na tabela 03 estão relacionados os principais mobiliários e equipamentos que
compõem o referido laboratório.
Tabela 03 – Mobiliários e equipamentos do laboratório de Climatologia da Unidade
Universitária de Goiás (2010)
Item MOBILIÁRIO Quantidade
1. Mesas para computadores 02
2. Mesa escrivaninha 01
3. Cadeiras giratórias 02
4. Armário de duas portas em aço 01
5. Armário de gavetas em aço 01
6. Cadeiras 07
7. Banco almofadado 01
Item Materiais/Equipamentos Quantidade
1. Computadores 02
2. Estabilizadores 02
3. Impressora a jato de tinta 01
4. Ar condicionado 01
5. Quadro com os tipos de nuvens 01
6. Hobble para entrada de
equipamentos como pendrive
(doação de professora do curso)
01
7. Estação climatológica 01
8. Relógio do Sol 01
Fonte: Pesquisa Direta (2010)
Org.: COSTA, A.A. (2010)
Laboratório de Informática
Atualmente a UEG/Unidade de Goiás conta com dois Laboratórios de
Informática. Esses laboratórios foram criados a partir de uma parceria entre a
UEG/Unidade de Goiás e a Fundação Universitária do Cerrado. Nesse acordo, a
Fundação utiliza o espaço físico da UEG/Unidade de Goiás para a realização de cursos
voltados para pessoas da comunidade e também beneficiários do Programa Renda
Cidadã, mas em contrapartida fez a doação de computadores para a unidade
universitária.
Cada laboratório conta 15 computadores completos e em funcionamento (CPU,
monitores, teclados e mouse), nos quais estão instalados os pacotes do Linux. Também
contam com internet em funcionamento em todos os computadores.
Cada laboratório possui ainda mesas, cadeiras e um quadro branco.
Esses laboratórios podem ser utilizados pelos docentes e discentes da Unidade,
exceto nos horários em que estão sendo realizados os cursos para a comunidade.
Num dos laboratórios funciona também uma sala para pesquisa, onde os
bolsistas vinculados a projetos de pesquisa da UEG/Unidade de Goiás desenvolvem
suas pesquisas. Esta conta atualmente com computadores, internet, mesas e cadeiras e
armário.
Centro de Pesquisas e Documentação e Memória/CEPEDOM
O Centro de Pesquisa, Documentação e Memória (CEPEDOM) está localizado
na cidade de Goiás que recebeu em dezembro de 2001, em Helsinque, na Finlândia, o
título de Patrimônio Histórico da Humanidade. Este Laboratório de Pesquisa foi criado
em 2007.
O Centro de Pesquisa, Documentação e Memória (CEPEDOM) desempenha um
importante papel para o Curso de História e para a Cidade de Goiás e para a região, ao
investir num sistema de arquivos que intensifica o fluxo de documentos e informações
históricas da Cidade e região, atendendo às necessidades de seus usuários, internos e
externos; acomodando documentos contribui para a preservação do patrimônio
documental.
É projeto do CEPEDOM implementar um processo híbrido de microfilmagem e
digitalização de documentos históricos na cidade de Goiás por meio de um conjunto de
ações do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória da UEG-Goiás.
No Laboratório se encontram digitalizados parte do acervo iconográfico da
jornalista aposentada Arcelina Helena Públio, documentos do acervo de Frei Simão
Dorvi, do Lar São José, além de vários documentos dos Assentamentos de Reforma
Agrária do Municipio.
O CEPEDOM visa complementar os acervos da cidade de Goiás, além de
modernizar o sistema de arquivos da cidade de Goiás para atender o fluxo de
informações e às necessidades de seus usuários, pesquisadores internos e externos. Visa
ainda viabilizar as pesquisas de pós-graduação e, especialmente, as de iniciação
científica, uma vez que os alunos, nesse processo de aprendizagem no manejo das
fontes primárias, ao mesmo tempo em que realizam o seu curso, podem fazê-lo de
forma mais fácil e completa. O Laboratório também trabalha no sentido de garantir a
conservação das informações contidas em documentos de valor permanente que se
encontrem danificados ou sejam objetos de constante manuseio.
O CEPEDOM vem trabalhando no sentido de informatizar o sistema de arquivo
de documentos recebidos pelo curso de História, como vem sendo realizado com o
acervo iconográfico da Jornalista Arcelina Helena Públio, além de trabalhar no intuito
de facilitar a consulta de documentos.
Portanto, este Laboratório atua no sentido de beneficiar o público em geral
envolvido com a memória e a preservação de acervos documentais locais relativos às
práticas culturais, políicas e de identidades que conformam a experiência de homens e
mulheres ao longo do tempo e que acabam por definir o papel do próprio país.
Espera-se, em pouco tempo, ampliar a produção e a produtividade do Centro de
Pesquisa, Documentação e Memória da UEG-Goiás (CEPEDOM) e, assim, criar um
centro de referência estadual e nacional compatível com a cidade de Goiás e com o
título de Patrimônio Histórico da Humanidade.
O alargamento de suas atribuições permitirá ainda a incorporação de um vasto
acervo de documentos do período colonial, bem como conjuntos de originais
provenientes de instâncias judiciárias, cartorais, fundações e até mesmo privadas.
O CEPEDOM atua no sentido de preservação da documentação local, atuando como
meio de viabilizar as pesquisas de pós-graduação e, especialmente, as de iniciação
científica, uma vez que os alunos, nesse processo de aprendizagem no manejo das
fontes primárias, ao mesmo tempo em que realizam o seu curso, podem fazê-lo de
forma mais fácil e completa. Afinal, as ciências humanas necessitam de laboratórios de
pesquisa tanto quanto as outras áreas do conhecimento.
Outros materiais disponibilizados pela UEG/Unidade de Goiás
Além dos materiais dos laboratórios, já descritos anteriormente, a UEG/Unidade
de Goiás conta com outros materiais de uso comum entre os cursos.
Muitos equipamentos foram adquiridos recentemente pela Unidade e o setor
responsável pelo patrimônio, não teve como disponibilizar os dados. Portanto, o
levantamento aqui apresentado é de 2006 e constam no Projeto Político Pedagógico da
Unidade – parte I. Cabe ressaltar que após esse período, a Unidade já adquiriu novos
materiais, especialmente computadores, impressoras e datashow.
Assim, de acordo com o PPP, em 2006, a Unidade contava com dois veículos,
sendo um deles um carro popular para trabalhos administrativos, marca volkswagem,
modelo gol special 1.0 geração II, branco cristal, ano 2002, e o outro, um microônibus,
ano 1988, atualmente utilizado apenas para viagens curtas, devido aos constantes
problemas mecânicos decorrentes do tempo de uso.
Os materiais pedagógico, tecnológico e de apoio da Unidade Universitária de
Goiás são importantes para a efetivação do ensino-aprendizagem na Unidade e deles
dependem o desenvolvimento das atividades de professores, alunos e funcionários. De
acordo com o PPP, em 2006, a Unidade possuía: 19 computadores, 1 máquina de
datilografar, 7 impressoras, sendo uma matricial, 2 scanners, 1 servidor de firewall, 1
TV 29 polegadas, 03 aparelhos de TV para uso em sala, 4 aparelhos de vídeo-cassete, 2
microfones, 1 caixa de som, 3 aparelhos de minisystem, 4 telas para projeção, 1
filmadora, 1 câmera fotográfica, 5 retroprojetores, 1 projetor data show e 1 projetor de
slides, entre outros (tabela 04)
Tabela 04 - Descrição de material pedagógico da Unidade Universitária de Goiás (2006)
Local Objeto Quantidade
Biblioteca Computadores 05
Máquina de Datilografia 01
Sala de coordenação Computadores 01
Impressora 01
Secretaria Geral Computadores 01
Impressora 01
Secretaria Acadêmica Computadores 04
Impressora 03
Scanner 01
Servidor de firewall (proxy) 01
Sala dos professores Computadores 01
Impressora matricial 01
Diretoria Computador 01
Impressora 01
Scanner 01
Tv 29 polegadas 01
Videocassete 01
Aparelho de Dvd 01
Material Pedagógico para uso
comum
Projetor Data show 01
Projetor de Slides 01
Filmadora 01
Retroprojetores 05
Minisystem 03
Aparelho de Tv 03
Fonte: Plano Político Pedagógico da Unidade de Goiás – Primeira parte (2006) Org.:
SOUZA, K. B. (2006)
Biblioteca da Unidade Universitária de Goiás
A biblioteca Frei Simão Dorvi, no início de 2006, segundo consta no PPP da
Unidade Universitária de Goiás, recebeu novas instalações, mais amplas e adequadas do
que as anteriores (saiu de um espaço físico de 8,20 m por 12,35 m e passou a contar
com um espaço de 10 m po 80 m de comprimento, divididos entre a administração,
mesas de estudo e prateleiras com o acervo).
A biblioteca funciona nos três turnos e também no sábado, durante o turno
matutino. Atualmente conta com uma bibliotecária responsável pela catalogação e
organização do acervo e por vários funcionários que auxiliam nessa função, além de
atenderem o público.
A biblioteca atualmente possui 02 computadores para cadastro do acervo e três
usados pelos alunos para pesquisa no sistema gerenciador, implantado pela
Universidade Estadual de Goiás em todas as unidades. O software denominado
GNUTECA - Sistema de Gestão de Acervo, Empréstimo e Colaboração para
Bibliotecas – já é utilizado pelos/as alunos/as de todos os cursos para pesquisa de
referências disponibilizadas pela biblioteca da Unidade de Goiás. A pesquisa no
software é devidamente orientada pelos/as funcionários/as da biblioteca.
Quanto ao mobiliário, o levantamento que consta no PPP, aponta que em 2006
havia 11 estantes de face única, usadas para periódicos e livros de bolso, 12 estantes
face dupla para livros, 1 expositor de revistas, 9 mesas coletivas de estudo, uma
videoteca com 170 fitas de vídeo com assuntos diversos e 8 dvd’s que não estão
catalogados, possui ainda 2 mapas antigos, sendo um planisfério e um de Goiás. A parte
destinada à administração contava ainda com 11 estantes de face única com livros para
consulta, inclusão na base e para descarte. Possuía também 2 arquivos com recortes de
jornais sobre a cidade, região, cultura e temas diversos, bem como obras de referência,
tais como dicionários, enciclopédias, revistas e outros, que não estavam catalogados
naquele período.
O acervo da biblioteca Frei Simão Dorvi, em 2006, estava organizado em 55
áreas de conhecimento e contava com aproximadamente 4.168 títulos e 5.827
exemplares. Contava ainda com apenas um periódico, a revista Isto é, que não era
adquirido pela Unidade, mas sim pela sede da Universidade, situada em Anápolis.
Atualmente há na Unidade alguns periódicos doados por outras instituições ou
professores, mas que não estão catalogados.
Recursos financeiros
Segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional, o Estado de Goiás, através
da Emenda Constitucional N. 39, de dezembro de 2005 alterou o art. 158 da
Constituição Estadual designando 2% (dois por cento) para a Universidade Estadual de
Goiás, com repasses em duodécimos mensais. Conforme esse documento o repasse
garante autonomia financeira à UEG.
As receitas orçamentárias da Universidade são provenientes de recursos do
tesouro, próprios e convênios.
Esses recursos são repassados às Unidades Universitárias através dos Fundos
Rotativos, criado a partir da Lei nº 13.785, de 03 de janeiro de 2001 para 29 unidades –
dentre elas a Unidade de Goiás – e Lei nº 16.836, de 15 de dezembro de 2009 para 14 as
demais 14 unidades.
Com esse recurso, conforme consta no art. 4º da Lei 16.836, a Unidade pode
cobrir desde depesas de pronto pagamento da Universidade Estadual de Goiás até a
compra de materiais de consumo, serviços, instalação e manutenção de equipamentos,
entre vários outros.
A partir dessa lei, em seu artigo 2º, foram revalidados e revigorados os Fundos
criados em 2001, no valor total de R$ 272.000,00 (duzentos e setenta e dois mil reais).
Para a Unidade de Goiás são repassados R$ 11.000,00 (onze mil reais).
j.2. UFG – Universidade Federal de Goiás
O campus da UFG em Goiás está em fase de expansão, pois serão abertos novos
cursos. Atualmente, é importante destacar, existe uma turma especial de Direito Agrário
direcionada à formação de filhos de assentados rurais. Especificamente, no que se refere
à infra-estrutura esta Universidade possui uma Biblioteca e salas de aulas. Além do
espaço físico, equipamentos, especialmente, computadores, impressoras, etc., poderão
ser utilizados pelos professores desta instituição durante o desenvolvimento do projeto.
j.3. CPT – Comissão Pastoral da Terra
A CPT conta com a infra-estrutura da Diocese de Goiás, como veículos para o
trabalho dos agentes da entidade, espaços para cursos e palestras, etc. As atividades de
formação da entidade são mantidas por convênios realizados com organizações
internacionais ligadas à Igreja Católica ou não. Atualmente, está sendo mantido um
convênio com a Miserior – organização que apoio o trabalho missionário na América
Latina. Os recursos acessados através deste convênio são utilizados nos programas de
formação e nos eventos realizados pela CPT.
j.4. COOPAR – Cooperativa Mista de Agricultores Familiares do Município de Goiás e
Região
A COOPAR conta, atualmente, apenas com um escritório e com um espaço para
comercialização e repasse dos produtos direcionados ao Programa de Aquisição de
Alimentos do Governo Federal.
j.5. Casa da Agricultura Familiar “Dom Tomás Balduíno”/Pastoral da Saúde
A Casa da Agricultura Familiar Dom Tomás Balduíno e a Pastoral da Saúde
utilizam a estrutura da Diocese de Goiás, como veículos para realizar os trabalhos nas
comunidades rurais, espaços para cursos, etc. Possui, contudo, um espaço próprio onde
são produzidos os medicamentos e comercializados alguns produtos da agricultura
familiar.
k) Plano de trabalho detalhado, com metodologia e cronologia;
A metodologia de opção para o desenvolvimento deste projeto assume uma
abordagem participante da pesquisa e democrática da extensão. O desenvolvimento de
um trabalho de investigação científica conectado à extensão deve assumir um caráter
prático e de aproximação com os sujeitos pesquisados. No mesmo sentido, é importante
o estabelecimento de uma proposta metodológica para o acompanhamento das
atividades realizadas. A extensão, em especial, exige da metodologia parâmetros que
possibilitem a validação progressiva das experiências e ações implantadas nos processos
extensionistas. Neste sentido, buscaremos estabelecer uma metodologia que alcance, ao
mesmo tempo, as necessidades de produção de conhecimento científico e aquelas das
ações de extensão na comunidade camponesas. Apontamos a seguinte cronologia para o
desenvolvimento das atividades propostas:
I Semestre: mobilização dos envolvidos no projeto e desenvolvimento de atividades
educativas nas escolas pólo envolvidas na proposta. Estas atividades terão no DRP
(Diagnóstico Rural Participativo) o conjunto de instrumentos metodológicos centrais
para seu desenvolvimento. Os alunos serão incentivados, sob a orientação dos
professores e bolsistas da UEG, a realizarem pesquisas em suas comunidades de
origem, aprendendo ao mesmo tempo os parâmetros científicos e a características de seu
território. Durante este período serão realizadas oficinas, cursos e palestras para
professores e alunos das escolas participantes do projeto. Estas atividades serão
direcionadas pelos técnicos das entidades parceiras e pelos pesquisadores envolvidos no
projeto. Neste mesmo período realizaremos as pesquisas de resgate dos conhecimentos
tradicionais da comunidade de cada escola.
II Semestre: Durante o segundo semestre de realização do projeto serão implantadas
experiências práticas nas escolas pólo do município de Goiás, com a participação
efetivas das entidades parceiras e dos alunos e professores das escolas pólo. Estas
experiências serão direcionadas para o desenvolvimento de hortas agroecológicas,
mandalas, produção animal agroecológica, canteiros de plantas medicinais. As
experiências serão desenvolvidas participativamente, tendo como direcionadores os
alunos e professores das escolas pólo. Os técnicos envolvidos no projeto, especialmente,
os da CPT acompanharão e orientarão periodicamente as atividades. A idéia central é
que estas experiências sejam laboratórios educativos para o resgate da identidade
camponesa do território onde se insere a escola.
III Semestre: Neste terceiro período de desenvolvimento de nossa proposta realizaremos
pesquisas, mais detalhadas, sobre práticas agroecológicas nas comunidades de cada
escola pólo. Estas pesquisas serão realizadas em parceria com estas escolas,
potencializando a produção de conhecimentos de forma participativa com as
comunidades investigadas. Novamente, o DRP será um dos instrumentos selecionados
para a investigação. Ai será também inserida, como metodologia, a História Oral. Este
instrumento será imprescindível para o resgate dos conhecimentos tradicionais das
comunidades camponesas. Outras metodologias e instrumentos metodológicos poderão
ser utilizados de acordo com as necessidades exigidas pela pesquisa.
IV Semestre: Esta última fase de desenvolvimento do projeto será direcionada para a
organização das informações alcançadas durante a execução do projeto. Lembramos que
este processo será realizado de forma também participativa com as escolas e
comunidades. Serão nesta fase, ainda, publicados trabalhos científicos sobre as
experiências desenvolvidas durante o projeto. Será realizada nesta fase também uma
avaliação final das atividades desenvolvidas.
l) Orçamento detalhado
Elemento de
Despesa
Quantidade Valor
Unitário
Duração
(meses)
Total
Bolsa IEX 05 R$ 360,00 24 R$ 43.200,00
Bolsa ATP - A 01 R$ 550,00 24 R$ 13.200,00
Computador 05 R$ 1.500,00 - R$ 7.500,00
Impressora laser 01 R$ 1.000,00 - R$ 1.000,00
Tonner impressora 05 R$ 300,00 - R$ 1.500,00
Papel A4 4 cx R$ 500,00 - R$ 1.500,00
Diária 20 R$ 187,83 - R$ 3.756,60
Material
Bibliográfico
(Livros)
30 R$ 50,00
(média)
- R$ 1.500,00
Total R$ 73.156,60
m) Cronograma físico-financeiro
NATUREZA DA
DESPESA
MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8 MÊS 9 MÊS 10 MÊS 11 MÊS 12
Bolsa IEX R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00
Bolsa ATP A R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00
Computador R$ 7.500,00
Impressora laser R$ 1.000,00
Tonner impressora R$ 300,00 R$ 300,00 R$ 300,00
Papel A4 R$ 500,00
Diária R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66
Material Bibliográfico R$ 500,00 R$ 500,00
SUBTOTAL R$ 12.475,66 R$ 2.300,00 R$ 2.300,00 R$ 2.675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.600,00 R$2. 675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.800,00 R$ 2.675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.975,66
Continuação... MÊS 13 MÊS 14 MÊS 15 MÊS 16 MÊS 17 MÊS 18 MÊS 19 MÊS 20 MÊS 21 MÊS 22 MÊS 23 MÊS 24
Bolsa IEX R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00
Bolsa ATP A R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00
Computador R$ 7.500,00
Impressora laser R$ 1.000,00
Tonner impressora R$ 300,00 R$ 300,00
Papel A4
Diária R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66 R$ 375,66
Material Bibliográfico R$ 500,00
SUBTOTAL R$ 11.100,00 R$ 2.675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.300,00 R$ 2.675,66 R$ 2.600,00 R$ 2.800,00 R$ 2.675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.675,66 R$ 2.300,00 R$ 2.675,66
TOTAL R$
23.575,66
R$
4.975,66
R$
4.600,00
R$
4.975,66
R$
4.975,66
R$
5.200,00
R$
5.975,66
R$
4.975,66
R$
5.100,00
R$
5.351,32
R$
4.600,00
R$
5.351,32
n) descrição das tarefas específicas dos membros da equipe, estabelecendo a
estratégia (ou metodologia) de articulação entre os mesmos, tendo em vista o
objetivo comum
Auristela Afonso da Costa: Participará do projeto por meio do desenvolvimento de
atividades de pesquisa e extensão, orientação de alunos, inserção em atividades práticas
nas comunidades de cada escola. Tendo experiência no trabalho com solos,
desenvolverá atividades ligadas à conservação de solos, matas ciliares, etc, nas
comunidades com a participação dos alunos das escolas pólo.
Elisabeth Maria de Fátima Borges: Desenvolverá extensão e pesquisa na área de
história, buscando resgatar os conhecimentos tradicionais dos agricultores familiares
ligados às escolas inseridas no projeto. Estas atividades serão desenvolvidas
participativamente com os alunos e professores das escolas. Atuará também na
orientação de alunos do curso de história da UEG, para a produção de conhecimentos
sobre o contexto histórico de desenvolvimento da agroecologia na região.
Francilane Eulália de Souza: Desenvolverá pesquisas na área de educação do campo,
buscando focalizar, em especial, o resgate da identidade camponesa a partir dos alunos
das escolas pólo participantes do projeto. Participará ativamente nas atividades de
extensão realizadas nas escolas e nas comunidades camponesas, ministrando oficinas e
palestras sobre temas ligados à identidade camponesa.
José Braga Coelho: Desenvolverá pesquisas na área de geografia agrária,
especialmente, focando o contexto de formação territorial do município de Goiás e do
campesinato na região. Neste sentido, orientará alunos também na investigação da
questão agrária regional, procurando abrir esta discussão, no âmbito da extensão, com
os professores e alunos das escolas inseridas na proposta. Ministrará oficinas, palestras
e cursos nas comunidades e nas escolas inseridas no projeto.
Murilo Mendonça Oliveira de Souza: Será responsável pela coordenação do projeto,
participando também na orientação de alunos de graduação em geografia sobre o tema
específico das práticas agroecológicas desenvolvidas no município de Goiás. Tendo
também formação na área das ciências agrárias, ministrará oficinas sobre produção
pecuária agroecológica e participará efetivamente na implantação das experiências
agroecológicas desenvolvidas nas escolas e nas comunidades da agricultura familiar.
Robson de Sousa Morais: Com experiência na área de discussão política, terá como
responsabilidade abrir um debate sobre o processo de constituição das lutas camponesas
nas escolas e nas comunidades inseridas no projeto. Participará também das atividades
de extensão direcionadas para as comunidades das escolas.
Jaqueline de Jesus Gomes: Desenvolverá pesquisa e extensão na área de agroecologia e
educação do campo, participando efetivamente das atividades de extensão nas escolas
pólo inseridas no projeto.
Rafael Mecenas de Freitas: Desenvolverá pesquisa e extensão na área de agroecologia e
educação do campo, participando efetivamente das atividades de extensão nas escolas
pólo inseridas no projeto.
Katharyn Aquino Gonçalves: Desenvolverá pesquisa e extensão na área de agroecologia
e educação do campo, participando efetivamente das atividades de extensão nas escolas
pólo inseridas no projeto.
Ana Michele Ferreira Tadeu dos Santos: Desenvolverá pesquisa e extensão na área de
agroecologia e educação do campo, participando efetivamente das atividades de
extensão nas escolas pólo inseridas no projeto.
Abdala Untar: Sendo professor da unidade de Ipameri, do curso de agronomia, estará
inserido no projeto como consultor para assuntos específicos ligados à produção
agrícola. Será responsável pela formação entre alunos e professores das escolas do
campo em técnicas de produção agroecológica. Disponibilizará 20 horas mensais para
estas atividades.
José Novais de Jesus: exercerá a função de consultor na área da pedagogia da
alternância não somente para as atividades da Escola Família Agrícola como também
para as demais escolas pólo localizadas no campo do município de Goiás. Será inserido
também como consultor, dedicando 20 horas mensais ao projeto.
George Francisco Ceolin: será professor colaborador, trabalhando em cursos e palestras
no sentido de formar os alunos e a comunidade quanto aos direitos da cidadania, que
muitas vezes são negligenciados pelas autoridades e pouco conhecidos pelos
agricultores familiares.
Thiago Fernando Sant’Anna e Silva: como professor e pesquisador colaborador
auxiliará na investigação sobre a questão de gênero na agricultura familiar, participando
também de atividades práticas de extensão nas escolas de nas comunidades inseridas no
projeto.
Aguinel Lourenço da Fonseca Filho: como membro da CPT terá papel fundamental na
mobilização das comunidades envolvidas na proposta, assim como, do desenvolvimento
das atividades objetivas de extensão. Será responsável pelo acompanhamento das
atividades práticas agroecológicas implantadas nas escolas.
Fábio José da Silva: Será o técnico responsável pela implantação e acompanhamento
das experiências agroecológicas nas escolas inseridas no projeto. Participará como
ministrador de oficinas sobre agroecologia para os estudantes e professores das escolas
pólo participantes do projeto.
Aderson Liberato Gouvea: Sua participação será imprescindível no sentido de
representar a comunidade camponesa do município de Goiás. Trará para o projeto a
experiência vivida no cotidiano produtivo na região. Ainda, a partir da cooperativa terá
a função de mobilização das comunidades conectadas a cada escola do projeto.
Maria Luiza da Silva Oliveira: participará ativamente ministrando cursos sobre plantas
medicinais e tratamentos alternativos aos alunos e professores das escolas inseridas no
projeto, assim como, auxiliará nas pesquisas realizadas no campo da medicina
alternativa.
Izaias da Glória de Araújo: Como diretor da escola participante auxiliará nas atividades
a serem desenvolvidas nas escolas, disponibilizando a infra-estrutura escolar e
mobilizando os alunos e professores nas atividades propostas. Será importante também
na aproximação dos pais de alunos.
Ronaldo Santos Martins: Como professor da escola participante auxiliará nas atividades
a serem desenvolvidas nas escolas, disponibilizando a infra-estrutura escolar e
mobilizando os alunos e professores nas atividades propostas. Será importante também
na aproximação dos pais de alunos.
Ana Paula Barbosa: Como professora da escola participante auxiliará nas atividades a
serem desenvolvidas nas escolas, disponibilizando a infra-estrutura escolar e
mobilizando os alunos e professores nas atividades propostas. Será importante também
na aproximação dos pais de alunos.
Luscélia Soares: Como professora da escola participante auxiliará nas atividades a
serem desenvolvidas nas escolas, disponibilizando a infra-estrutura escolar e
mobilizando os alunos e professores nas atividades propostas. Será importante também
na aproximação dos pais de alunos.
Ricardo Pereira dos Santos: Como professor da escola participante auxiliará nas
atividades a serem desenvolvidas nas escolas, disponibilizando a infra-estrutura escolar
e mobilizando os alunos e professores nas atividades propostas. Será importante
também na aproximação dos pais de alunos.
o) no caso de solicitação de bolsas, inclusão do plano de trabalho resumido de cada
bolsista, do perfil profissional desejado para o candidato e das atividades a serem
executadas no projeto
o.1. Plano de Trabalho 1: Educação do Campo: o resgate da identidade camponesa a
partir das escolas do campo no município de Goiás-GO
Objetivo: Compreender as características assumidas pela educação do campo no
município de Goiás, assim como, identificar os elementos de identidade camponesa
persistentes entre os alunos do ensino básico no campo.
Atividades a serem desenvolvidas: O bolsista inserido neste plano de trabalho
desenvolverá atividades com os alunos das escolas pólo localizadas no campo do
município de Goiás, trabalhando tanto na formação como na investigação sobre a
educação do campo.
Perfil esperado do candidato a bolsa: Espera-se que o bolsista que assuma este projeto
tenha experiência na educação básica, assim como, especificamente com alunos de
escolas localizadas no campo. Este estudante deverá também ter facilidade de inserção
na comunidade onde está inserida a escola, pois a proposta privará pela aproximação
constante entre escola e comunidade.
o.2. Plano de Trabalho 2: O processo de territorialização das práticas agroecológicas
no município de Goiás/GO
Objetivo: Estudar o processo de territorialização das práticas agroecológicas no
município de Goiás, buscando ao mesmo tempo resgatar elementos da identidade
camponesa em sua amplitude produtiva, social, econômica, cultural e ambiental.
Atividades a serem desenvolvidas: Espera-se que o aluno bolsista desenvolva atividades
de pesquisa, resgatando e estudando de forma participativa os saberes e práticas
agroecológicas da região de abrangência deste projeto. O aluno bolsista deverá, ao
mesmo tempo, produzir conhecimentos relevantes para o desenvolvimento da produção
agroecológica na região de estudo, escrevendo e publicando trabalhos relacionados a
esta questão.
Perfil esperado do candidato a bolsa: O aluno incluído como bolsista neste projeto
deverá apresentar um perfil de trabalho que possibilite uma investigação e extensão de
fato participativa. Ao mesmo tempo, espera-se que este aluno tenha facilidade na
inserção entre os agricultores familiares e que esteja familiarizado com as atividades
produtivas do campo.
o.3. Plano de Trabalho 3: O papel das plantas medicinais na construção de um
território agroecológico
Objetivo: O objetivo geral deste plano é estudar as plantas medicinais do cerrado,
resgatando práticas de saúde utilizadas historicamente pelos agricultores familiares.
Atividades a serem desenvolvidas: Neste projeto o bolsista desenvolverá atividades de
pesquisa junto às escolas e comunidades envolvidas no projeto, assim como, atividades
de extensão trabalhando na formação de alunos das escolas pólo e Escola Família
Agrícola em competências referentes às plantas medicinais. Deverá também participar,
em termos de aprendizado, de atividades desenvolvidas no âmbito da Pastoral da Saúde,
onde os medicamentos são produzidos e comercializados.
Perfil esperado do candidato a bolsa: Espera-se deste bolsista tenha disponibilidade
para participar de atividades educativas e investigativas nas áreas de cerrado e nas
comunidades e escolas do campo inseridas em nossa proposta.
p) Contrapartida da instituição executora
A contrapartida da instituição executora (UEG – Unidade Goiás) será a
disponibilização para utilização no projeto de toda a infra-estrutura disponível, descrita
no item sobre a infra-estrutura deste projeto. Além disto, será disponibilizado veículos
(Carro e Ônibus) para transporte dos alunos para as escolas e comunidades de
agricultores familiares envolvidos no projeto. Será também reservada sala específica
para a concentração das atividades do projeto.
q) Resultados esperados
- Constituir e consolidar um Núcleo de Pesquisa e Extensão em Agroecologia e
Educação do Campo que congregue entidades de apoio aos agricultores familiares,
instituições de extensão, escolas de ensino básico e técnico do campo, assim como, as
universidades localizadas no município e na região;
- Formar e despertar o interesse pela agroecologia entre alunos do ensino básico das
escolas do campo no município de Goiás, abrangendo um grupo de beneficiários de
aproximadamente 650 alunos das escolas no campo;
- Formar e despertar o interesse pela agroecologia em aproximadamente 650 famílias de
agricultores familiares assentados e não assentados, procurando implantar em suas
comunidades as experiências inicialmente desenvolvidas nas escolas;
- Iniciar na pesquisa e na extensão em agroecologia aproximadamente 300 alunos do
ensino superior da Universidade Estadual de Goiás, promovendo ao mesmo tempo um
intenso processo de produção de conhecimento em agroecologia;
- Criar na comunidade e nas escolas do campo um ambiente propício para a constituição
de um território agroecológico;
- Esperamos, ainda, que as experiências desenvolvidas nas escolas sejam um parâmetro
para o resgate de práticas agroecológicas entre os agricultores familiares do município
de Goiás;
r) Referências
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