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PREVENÇÃO E CONTROLE DA NOCIVIDADE
DOS RISCOS QUÍMICOS PARA PROMOVER A
SAÚDE NOS AMBIENTES DE TRABALHO
Maria Bernadete Fernandes Vieira de Melo (UFPB )
beta@ct.ufpb.br
Diogo Sergio Cesar de Vasconcelos (UFPB )
diogoscv@hotmail.com
Maria do Socorro Marcia Lopes Souto (UFPB )
masouto@producao.ct.ufpb.br
Riscos Químicos são substâncias que podem modificar a composição
química do ambiente de trabalho, e, devido à sua nocividade, são capazes de
produzir danos à saúde dos trabalhadores, quando superados os limites de
tolerância fixados pela legislação. Através de um estudo de caso realizado
numa empresa de grande porte do setor alimentício comprova-se que a
correta aplicação de medidas de prevenção e controle dessa nocividade é
uma ferramenta capaz de promover a saúde ocupacional. Por fim, discutem-
se as medidas de controle desses riscos adotadas pela empresa, bem como o
mau entendimento dos indicadores propostos por normas internacionais
como forma de garantir a saúde ocupacional nas empresas.
Palavras-chaves: Nocividade dos Riscos Químicos, Prevenção e controle,
Saúde Ocupacional.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
Os Riscos Químicos são substâncias, compostos ou produtos que têm a capacidade de
modificar a composição química do meio ambiente de trabalho e podem ser absorvidos pelo
organismo do trabalhador por ingestão, inalação ou contato direto, sendo mais comuns as
formas de absorção cutânea e respiratória. O organismo do trabalhador elimina rapidamente
parte desses riscos, porém outros podem se concentrar em determinados órgãos ou tecidos,
causando desde tonturas até câncer ou mutações genéticas.
A exposição aos ambientes laborais insalubres torna o trabalhador vulnerável ao
desenvolvimento de doença que o incapacitará para o trabalho, afastando-o para tratamento.
Na volta ao trabalho, após o tratamento, persistindo as mesmas condições insalubres
provavelmente esse trabalhador voltará a ficar doente e assim sucessivamente até que fique
totalmente incapacitado para o trabalho. Percebe-se que proporcionar apenas o tratamento da
doença significa agir na consequência e não na causa fundamental que é a contaminação do
ambiente de trabalho e exposição ao risco.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que, quase 2 em cada 3
trabalhadores no mundo inteiro estão expostos à substâncias químicas, estimando-se que 1,5 a
2 bilhões de pessoas são afetadas. Estes números são indicadores de que as questões de
segurança e saúde ocupacional estão relacionadas com saúde pública.
Nesse contexto, esse artigo aborda os riscos químicos e respectivos limites de tolerância
estipulados pela legislação, tanto brasileira como internacional e utiliza os resultados de uma
pesquisa numa empresa de grande porte do setor alimentício situada em João Pessoa/PB, que
analisou as medidas adotadas para prevenção e controle dos riscos químicos nessa empresa,
para apresentar como discussão a decisão da empresa em agir prioritariamente no trabalhador,
através do uso do EPI, embora o ambiente permaneça insalubre.
Cuidar do meio ambiente de trabalho de uma empresa fazendo o reconhecimento dos agentes
nocivos presentes, a avaliação dessa nocividade para a saúde dos trabalhadores e a
implantação de medidas preventivas e de controle, é proporcionar aos funcionários um
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ambiente laboral qualificado e sadio para a realização de suas tarefas, com mais motivação e
qualidade de vida.
2. Gestão de Riscos Químicos
Dada a complexidade da gestão de riscos químicos, considera-se importante para nortear sua
análise e posterior controle, a adoção de uma abordagem sistêmica e integrada.
A ABHO - Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (2012) define Higiene
ocupacional como “a ciência e a arte dedicada ao estudo e ao gerenciamento das exposições
ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, por meio de ações de antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle das condições e locais de trabalho, visando à
preservação da saúde e bem estar dos trabalhadores, considerando ainda o meio ambiente e a
comunidade.” Dessa forma, por definição, a higiene ocupacional, atua na gestão de riscos
ocupacionais utilizando, de forma integrada, as etapas metodológicas: antecipação,
reconhecimento, avaliação e controle.
A etapa de Antecipação envolve a análise de novos projetos, instalações, produtos, métodos
ou processos de trabalho ou de modificação das já existentes, cujo objetivo é a identificação
dos riscos potenciais e a introdução das medidas de controle necessárias, antecipando-se a
exposição ao risco ambiental.
O Reconhecimento é da maior importância, pois se um agente tóxico não for reconhecido, não
será avaliado nem controlado (BREVIGLIERO et al., 2006). Esta etapa baseia-se no
reconhecimento dos agentes ambientais que afetam a saúde dos trabalhadores, o que implica o
conhecimento profundo dos produtos envolvidos no processo, métodos de trabalho, fluxo do
processo, layout das instalações, número de trabalhadores expostos, etc. (SALIBA;
CORREIA, 2000; SALIBA et al., 2002).
A Avaliação é uma etapa imprescindível que se compara a uma ferramenta de prevenção de
doenças do trabalho. Trata-se de realizar a avaliação quantitativa e/ou qualitativa dos agentes
físicos, químicos e biológicos existentes nos postos de trabalho. Exigem-se conhecimentos de
avaliação, baseados na calibração dos equipamentos, tempo de coleta, tipo de análise química
a ser feita, etc. (SALIBA; CORREIA, 2000; SALIBA et al., 2002). A não realização dessa
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etapa ou sua realização de maneira inadequada, certamente resultará no adoecimento dos
trabalhadores.
O controle desses agentes deve ser feito preferencialmente através de medidas de engenharia,
protegendo o ambiente de trabalho. De modo geral para todos os agentes, as medidas de
controle devem ser adotadas, priorizando a sua eficiência, isto é, em primeiro lugar as que se
referem à fonte, seguidas das que se referem ao percurso e finalmente as relativas aos
trabalhadores (BREVIGLIERO et al., 2006). O objetivo desta etapa é adotar medidas que
visem à eliminação ou minimização do risco presente no ambiente. (SALIBA; CORREIA,
2000; SALIBA et al., 2002).
De acordo com Brevigliero et al. (2006), o estudo, desenvolvimento e implementação das
medidas coletivas deverão obedecer à seguinte hierarquia (Figura 1):
Medidas que eliminem ou reduzam a utilização ou formação dos agentes ambientais
prejudiciais à saúde (controle na fonte): substituição de produtos químicos; modificação de
métodos e processos de trabalho; modificação de projetos; manutenção de equipamentos;
etc.;
Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho
(controle na trajetória): criação de sistemas de ventilação/exaustão; enclausuramento de
máquinas e substâncias; etc.;
Medidas que reduzam os níveis de concentração desses agentes no ambiente de trabalho
(controle no receptor): utilização de equipamentos de proteção individual; realização de
treinamentos periódicos sobre segurança no desenvolvimento das atividades; realização de
exames médicos periódicos para detectar precocemente doenças profissionais.
Figura 1 – Prioridade das medidas de controle
Fonte: Adaptado de BREVIGLIERO et al., 2006
3. Materiais e métodos
A investigação realizada para alcançar o objetivo do presente estudo se apresenta em duas
etapas: a pesquisa bibliográfica, tendo por base a literatura existente sobre o tema e normas
brasileiras e internacionais de segurança e saúde ocupacional, e estudo de caso em uma
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empresa do setor alimentício.
O estudo de caso foi realizado utilizando como instrumentos uma pesquisa em documentos,
referentes aos anos de 2009 a 2013, relacionados à segurança e saúde ocupacional (Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais-PPRA; Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional-PCMSO; Programa de Proteção Respiratória-PPR; Relatórios de análises
químicas; Ordens de Serviço; e Mapas de Risco) e um roteiro de observação do processo
produtivo.
A pesquisa documental buscou identificar os agentes químicos presentes no processo
produtivo, bem como verificar o tipo de amostragem realizada, as metodologias de análise e
as concentrações desses agentes no ambiente de trabalho. E com base nesta identificação e
verificação, foi determinado o posto de trabalho crítico da empresa em relação a presença dos
agentes químicos.
Após a determinação do posto de trabalho crítico, foram realizadas visitas às instalações
fabris com o objetivo de estudar o processo produtivo, bem como verificar in loco a gestão de
riscos químicos da empresa estudada. Após essa análise procedeu-se a comparação com as
informações constantes nos documentos investigados anteriormente.
Nas visitas utilizou-se um roteiro de observação com vistas à identificação e definição do
posto de trabalho e das tarefas e operações a serem executadas; determinação dos métodos de
trabalho; descrição do local de trabalho; obtenção de dados referentes ao ser humano, às
ações, às condições ambientais e às condições organizacionais.
Durante a pesquisa de campo, foram também realizadas entrevistas semi-estruturadas, com os
trabalhadores envolvidos no posto objeto de estudo desta investigação, bem como com os
gerentes da área.
A entrevista com os trabalhadores teve o objetivo de obter informações acerca dos impactos
dos produtos químicos sobre sua saúde e confirmar as informações obtidas durante a
aplicação do roteiro de observação. Já a entrevista com a gerência do posto de trabalho
escolhido teve o intuito de verificar os aspectos políticos, administrativos e organizacionais
adotados pela empresa em relação ao tema segurança e saúde ocupacional, e compará-los com
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as práticas apresentadas nos documentos analisados.
Posteriormente, e de acordo com os dados obtidos nas fases anteriores, verificou-se a
existência de medidas de controle que visem à eliminação ou minimização dos riscos
presentes no ambiente de trabalho.
Por fim foi feita uma comparação entre as etapas presentes na definição de Higiene
Ocupacional da ABHO (antecipação, reconhecimento avaliação e controle) e a gestão de
riscos químicos existente na empresa objeto de estudo deste trabalho. O objetivo desta
comparação foi propor medidas complementares àquelas já adotadas pela empresa, como
forma de melhorar a gestão de riscos químicos, bem como de proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores.
4. Resultados e discussão
4.1 O ambiente de trabalho pesquisado
Seguindo recomendação da American Industrial Hygiene Association – AIHA, a empresa
realiza avaliações químicas quantitativas daqueles agentes químicos manipulados
frequentemente e cuja natureza constitui incômodo ou risco à saúde ou integridade física do
trabalhador. Em 2013 foram realizadas num total de nove avaliações químicas quantitativas,
sendo uma varredura de metais, uma varredura de solventes, três de bicarbonato de amônia,
duas de poeira respirável e duas de poeira total.
De todas as avaliações químicas quantitativas realizadas, duas de bicarbonato de amônia
tiveram seus valores de concentração (69,8 ppm e 136,7 ppm) acima do limite de tolerância
estabelecido pela NR-15 (20 ppm) e pela ACGIH (35 ppm STEL e 25 ppm TWA).
Por este motivo, para esta pesquisa, escolheu-se estudar os impactos deste produto químico
nos postos de trabalho onde os valores de concentração obtidos estiveram acima dos limites
de tolerância estabelecidos pela legislação nacional e internacional.
Foram então escolhidos os postos de trabalho denominados de “mistura de matérias primas” e
“masseira”, onde os valores de concentração do bicarbonato de amônia estão acima dos
limites de tolerância.
4.2 Resultados e Discussão
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A seguir procede-se com a comparação entre as etapas presentes na definição de Higiene
Ocupacional da ABHO e a gestão de riscos químicos existente na empresa objeto de estudo
deste trabalho. O objetivo desta comparação é propor medidas de controle aos riscos
químicos, complementares àquelas já adotadas pela empresa, como forma de melhorar a
gestão de riscos químicos, bem como de proteger a saúde e a integridade física dos
trabalhadores.
Os resultados obtidos são apresentados e discutidos, e paralelamente comparados às quatro
etapas apresentadas anteriormente.
4.2.1 Antecipação aos riscos
Esta etapa inicia-se com o processo de antecipação aos riscos químicos. Como a empresa em
questão não possui atualmente projetos de novas instalações, processos de trabalho ou
produtos, não se pode atualmente analisar ou discutir esta primeira fase da etapa.
4.2.2 Reconhecimento dos riscos
Na empresa em questão a primeira etapa inicia-se com o processo de reconhecimento dos
agentes químicos através de programas de prevenção exigidos pela legislação brasileira.
Conforme dito anteriormente, após a pesquisa bibliográfica, procedeu-se a uma pesquisa
documental com o intuito de conhecer a metodologia de gestão de riscos químicos da empresa
em estudo. Entre os documentos analisados estão o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), o
Programa de Proteção Respiratória (PPR), entre outros apresentados a seguir.
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é um conjunto de ações visando à
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção
do meio ambiente e dos recursos naturais (PUGAS et al., 2001).
O PPRA foi estabelecido pela Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, do Ministério do
Trabalho, por meio da Norma Regulamentadora NR 9, Portaria 3214/78, com objetivo de
definir uma metodologia de ação para garantir a preservação da saúde e integridade dos
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trabalhadores face aos riscos existentes nos ambientes de trabalho.
Analisando o PPRA da empresa, pode-se perceber que devido ao setor de atuação, ao mix de
produtos e a complexidade dos processos produtivos, a empresa em questão possui em suas
linhas de produção uma grande quantidade de produtos químicos, nem todos manipulados
permanentemente.
Esta grande utilização de produtos químicos pode também ser comprovada através da análise
dos mapas de risco da empresa. De acordo com Santos et al. (2004), mapa de risco é uma
representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho (sobre a
planta baixa da empresa, podendo ser completo ou setorial), capazes de acarretar prejuízos à
saúde dos trabalhadores ou acidentes de trabalho.
O Bicarbonato de Amônia (Carbonato Hidrogênio Amônia, Carbonato Ácido de Amônia,
ácido carbônico ou sal de monoamônio), cuja fórmula química é CH5NO3, é utilizado nos
postos de trabalho “mistura de matérias primas” (136,7 ppm) e “masseira” (69,8 ppm).
Na empresa ele é utilizado em forma de pó como fermento químico, com o objetivo de
aumentar a massa dos produtos durante a mistura dos insumos e também de garantir uma
maior crocância ao produto final. Por ser volátil, seu forte aroma desaparece quando aquecido
(no forno), sem deixar sabor ou aroma no produto final. Suas propriedades físico-químicas
podem ser observadas no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 – Propriedades físico-químicas do bicarbonato de amônia
Estado físico: Pó branco cristalino sólido Aspecto: Cristais
Cor: Branco Odor: Amoniacal
pH: 7,8 (solução 0.1 N a 25ºC) Temperaturas específicas ou faixas de temperaturas nas quais ocorrem mudanças de estado físico:
Ponto de ebulição: Ponto de fusão:
Não aplicável. 107.5ºC (decompõe-se).
Temperatura de decomposição: 107,5ºC
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Ponto de fulgor: Não aplicável produto não inflamável. Solubilidade: Em água 17.4% a 20ºC. Em solventes orgânicos é solúvel em
glicerol e insolúvel em acetona, benzeno e etanol. Densidade do vapor (ar = 1): 5,7.
Pressão de vapor: 58,9 mmHg a 25ºC. Densidade específica (H2O=1): 1,59 g/mL.
Fonte: Ficha de Informações para Segurança de Produtos Químicos - FISPQ
De acordo com informações presentes na Ficha de Informações para Segurança de Produtos
Químicos – FISPQ do Bicarbonato de Amônia, os efeitos adversos à saúde humana são:
Em caso de inalação: A poeira pode causar irritação ao nariz, garganta e pulmões. Os
vapores da amônia liberados pela decomposição podem causar irritação do trato
respiratório superior, vômito e vermelhidão das mucosas. Em concentrações mais elevadas
(> 1000 ppm) podem causar agitação, edema pulmonar, pulsação fraca.
Em caso de contato com a pele: Pode causar irritação com vermelhidão e dor.
Em caso de contato com os olhos: Pode causar irritação, vermelhidão e dor.
Em caso de ingestão: Quando ingerido em grande quantidade pode causar irritação ao
sistema gastrointestinal
Apesar de não ser considerado um produto inflamável, medidas de armazenagem e manuseio
devem ser tomadas visando à segurança no ambiente do trabalho. Regras de descarte do
bicarbonato de amônia e de suas embalagens devem ser seguidas a fim de evitar impactos ao
meio ambiente.
4.2.3 Avaliação dos riscos
De acordo com o PPRA da empresa, a amostragem utilizada foi do tipo ativa e o
procedimento de coleta do agente químico foi individual, ou seja, o sistema de coleta (bomba
de amostragem e coletor) foi colocado no próprio trabalhador.
Ainda de acordo com o PPRA, o procedimento de coleta do agente químico dividiu-se nas
seguintes etapas:
I. Calibrar a bomba de amostragem
II. Montar o sistema de coleta acoplando o dispositivo de coleta á bomba o sistema de
amostragem por meio da mangueira.
III. Instalar o sistema de coleta no trabalhador na altura do sistema respiratório.
IV. Verificar-se a entrada de ar do dispositivo de coleta está livre e ligar a bomba de
amostragem.
V. Acompanhar e observar o processo e as atividades de trabalho assim como a ocorrência
que podem interferir nos resultados durante o período da coleta.
VI. Anotar a data, horário do inicio da coleta, código do filtro, numero da bomba de
amostragem e demais dados em formulário de registro.
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VII. Após a realização da coleta, os amostradores devem ser enviados a laboratórios
credenciados para realização das análises e verificação da concentração dos agentes
químicos no ambiente de trabalho, identificando aqueles que ultrapassaram os limites
concentração estabelecidos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores de limites de
exposição adotados pela ACGIH (American Conference of Governamental Industrial
Hygienists).
A bomba de amostragem utilizada é da marca SENSYDINE, modelo GilAir BDX-II,
calibrada com calibrador de bombas de amostragem da marca TSI, modelo GilAir BDX-II.
Ambos os instrumentos, bomba e calibrador, apresentavam certificados de calibração
emitidos por órgão credenciado ao INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia).
De acordo com o NIOSH (The National Institute for Occupational Safety and Health) o
método de análise do bicarbonato de amônia é o “NIOSH S347 - Medidor de Íon específico”,
que estabelece que durante a coleta sejam utilizados, como coletores, um cassete de 37 mm,
referencia SKC 225-2250, com filtro de éster de celulose com porosidade de 0,8 m
referência SKC 225-5, seguido de tubo de sílicagel impregnada com ácido sulfúrico, de
200/100 mg referência SKC 226-10-06. Com o objetivo de se calibrar a vazão da bomba no
valor exigido para a amostragem, utilizou-se um “kit de redução de vazão” para amostragens
de gases e vapores orgânicos (0,005 a 0,5 L/min). Este kit é também utilizado para proteger os
tubos de silicagel (de vidro), e evitar que os mesmos sejam acidentalmente quebrados durante
a avaliação e venham a ferir o trabalhador.
Independente do resultado da comparação da análise quantitativa com os limites de tolerância
estabelecidos, o monitoramento da exposição dos trabalhadores aos agentes químicos é
realizado anualmente pela empresa. Todos os dados são armazenados, constituindo assim um
histórico técnico e administrativo da exposição dos trabalhadores aos agentes químicos.
Nos postos analisados (“mistura” e “masseira”) constatou-se que após o monitoramento não
existe um plano de ação para implantar medidas corretivas focadas na fonte ou na trajetória do
agente químico, de modo a controlar a sua nocividade e promover a saúde nos citados
ambientes de trabalho. Do ponto de vista da legislação brasileira não há o cumprimento da
mesma, pois medidas corretivas já deveriam ser tomadas quando a concentração ultrapassasse
50% do limite de tolerância estabelecido (10 ppm para o bicarbonato de amônia).
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4.2.4 Controle dos riscos
A fim de minimizar os impactos do bicarbonato de amônia sobre os trabalhadores, a empresa
faz a entrega gratuita de respiradores purificadores de ar tipo peça semifacial ou facial. A
entrega desse EPI e sua substituição periódica podem ser comprovadas através do “Termo de
responsabilidade de entrega e reposição de EPI” devidamente assinados pelos trabalhadores.
Foi verificado no Programa de Proteção Respiratória (PPR) da empresa, elaborado de acordo
com a Instrução Normativa (IN) 01/94 da Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho, que são realizados anualmente “ensaios de vedação”
com todos os trabalhadores que fazem uso de respiradores purificadores de ar (semifacial ou
facial).
De acordo com Pugas et al. (2001), o PPR é um conjunto de medidas práticas e
administrativas que devem ser adotadas por toda empresa onde for necessário o uso de
respirador. O propósito do PPR é proporcionar o controle de doenças ocupacionais
provocadas pela inalação de poeiras, fumos, névoas, fumaças, gases e vapores. Além disso,
são necessárias recomendações para elaboração, implantação e administração de um programa
de como selecionar e usar corretamente os equipamentos de proteção respiratória.
Com objetivo de monitorar a saúde dos trabalhadores expostos a produtos químicos, a
empresa possui o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO). O
Programa, elaborado de acordo com a Norma Regulamentadora n.º 7 do MTE, tem caráter de
prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho,
inclusive de natureza subclínica, além de constatação da existência de casos de doenças
profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
Nesse programa estão contemplados todos os exames (admissionais, periódicos, etc.)
realizados pelos funcionários da empresa. De acordo com o PCMSO, para detectar se a
exposição ao Bicarbonato de Amônia vem causando algum dano a saúde dos trabalhadores,
são realizados periodicamente radiografias de tórax e espirometrias com os funcionários dos
postos “mistura” e “masseira”.
Percebe-se assim que a empresa em questão adota medidas de controle focadas apenas no
trabalhador, como uma forma de diminuir o impacto dos agentes químicos sobre a saúde do
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mesmo. De acordo com a legislação brasileira e internacional estas medidas deveriam ser
tomadas apenas em último caso e de forma complementar a outras medidas focadas na fonte
ou na trajetória, que tenham como objetivo de eliminar ou neutralizar os riscos químicos.
5. CONCLUSÃO
Esse estudo consistiu em uma pesquisa, no sentido de conhecer o modelo de gestão de riscos
químicos implantado pela referida empresa, estabelecendo uma comparação com as etapas
presentes na definição de Higiene Ocupacional da ABHO (antecipação, reconhecimento
avaliação e controle), evidenciando os pontos não conformes, na ótica da metodologia em
análise e desfavoráveis à eficiência da gestão de riscos da empresa.
A existência de planos de ação anuais repetitivos, treinamentos e medidas de controle com
foco apenas na proteção individual, ausência de medidas que tratem o ambiente e ausência do
processo completo de monitoramento são as principais não conformidades detectadas que se
constituem em entraves para a melhoria contínua.
Todas as não conformidades observadas culminam para ações corretivas focadas apenas no
trabalhador, que acontecem de forma isolada, gerando assim um mau entendimento dos
indicadores propostos por normas nacionais e internacionais.
O número de casos de doenças relacionadas ao trabalho é um dos indicadores de saúde
ocupacional existentes na legislação brasileira (Norma Regulamentadora n.º 4 do Ministério
do Trabalho e Emprego). No entanto, o não adoecimento dos trabalhadores não significa que
a nocividade dos riscos químicos está controlada, bem como não é indicador da salubridade
do ambiente de trabalho, que deve ser garantida pelo atendimento aos limites de tolerância
estabelecidos.
A empresa estudada não possui casos de doenças ocupacionais relacionadas ao agente
químico bicarbonato de amônia, porém as concentrações deste agente nos postos de trabalho
analisados (“mistura” e “masseira”) estão acima dos limites de tolerância estabelecidos nas
normas nacionais e internacionais. As medidas de controle focadas apenas na proteção
individual dos trabalhadores garantem o cumprimento da legislação trabalhista, no entanto, o
ambiente de trabalho continua insalubre e a saúde do trabalhador está sendo lentamente
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comprometida pela ação nociva desses agentes químicos.
Em síntese, o modelo metodológico para a gestão dos riscos químicos proposto apresenta uma
visão sistêmica, contribuindo para a integração das etapas de antecipação, reconhecimento,
avaliação e controle e respectivas ações corretivas no sentido de garantir continuamente a
salubridade do ambiente de trabalho e saúde dos trabalhadores, refletindo na sustentabilidade
empresarial e ambiental.
REFERÊNCIAS
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http://www.abho.org.br. Access: 20 jan. 2013.
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______.Ministério do Trabalho. Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 – Norma
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República Federativa do Brasil, Brasília.
______. Ministério do Trabalho. Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978 – Norma
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