Post on 09-Nov-2018
Polissonografia : como interpretar os resultados?
Gleison Marinho Guimarães
Especialista em Pneumologia pela SBPT
Certificação em Medicina do Sono pela SBPT
Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB
Profº assistente Pneumologia UFRJ - Macaé
Mestre em Clínica Médica/Pneumologia UFRJ
Curso de Atualização em Pneumologia SBPT
21 de abril de 2017 - Rio de Janeiro
Estudo de noite inteira no laboratório, sob supervisão de um técnico habilitado.
A polissonografia (PSG) é a mais importante técnica laboratorial para
avaliação do sono e dos seus distúrbios.
Polissonografia Completa
Quais especialistas que fizeram o diagnóstico
da Apneia do sono? (n=506)
64%
21%10%
3%
Sleep Specialist PulmonologistGP/ Internist CardiologistEndocrinologist NeurologistEar Nose Throat (ENT) Other
(Percentages under 3% not shown for transparency).
© American Academy of Sleep Medicine 2016
Polissonografia – a importância de interpretar os resultados
Que tipo de profissional de saúde inicialmente
avisou sobre o risco de apneia do sono?
n=61
28%15%
30%
6% 4%
12%
Sleep Specialist Pulmonologist GP/ Internist
Cardiologist Endocrinologist Neurologist
Ear Nose Throat (ENT) Other I raised the issue
O que o levou a levantar a questão de seu
risco de apneia do sono com seu médico?
56%
34%
16%
26%
70%
34%
2%
20%
Excessive Drowsiness
Poor Quality of Life
Work Performance
Friend/ relative has sleep apnea
Snoring/ Disturbing bed partner
Encouragement from bed partner
Automotive Accident
Learned about sleep apnea inreading/ watching programs
(Percentages under 3% not shown for transparency).
“Eu me queixei”
© American Academy of Sleep Medicine 2016
Polissonografia – a importância de interpretar os resultados
Plano de aula:
Polissonografia – como interpretar os resultados?
Fundamentos teóricos e recomendações;
O que precisa estar no laudo?
Informações gerais e iniciais;
Análise da polissonografia neurológica;
Análise da polissonografia respiratória;
Exemplos de casos clínicos e laudos.
A Polissonografia : boas práticas
O teste diagnóstico deve ser realizado em conjunto a uma história
clínica, epidemiologia e seguimento adequado.
Recomendações
1. Métodos clínicos, questionários e algoritmos de predição
não deverão ser usados para diagnóstico de SAOS, na
ausência de polissonografia completa ou portátil. (STRONG)
2. A polissonografia portátil pode ser usada para o diagnóstico de
SAOS em pacientes adultos sem comorbidades, que
apresentem sinais e sintomas com alta probabilidade de SAOS
moderada e grave. (STRONG)
Clinical practice guideline for diagnostic testing for adult obstructive sleep apnea: an American Academy
of Sleep Medicine. J Clin Sleep Med. 2017;13(3):479–504.
A polissonografia: recomendações
3. Se o teste domiciliar for negativo, inconclusivo ou tecnicamente
inadequado, nova PSG completa deve ser realizada para diagnóstico
de SAOS. (STRONG)
4. A PSG completa, mais do que a PSG portátil, deve ser usada para
o diagnóstico de SAOS em pacientes com doença cardiorrespiratória
ou neuromuscular, hipoventilação durante o dia e/ou relacionada ao
sono, uso crônico de opióide, história de AVC ou insônia. (STRONG)
Clinical practice guideline for diagnostic testing for adult obstructive sleep apnea: an American Academy
of Sleep Medicine. J Clin Sleep Med. 2017;13(3):479–504.
Parâmetros gerais:
Derivações do EEG
Derivações do EOG
EMG de queixo e EMG de membros
Sensores de fluxo aéreo e esforço respiratório
Saturação de oxigênio
Posição corporal
Eletrocardiograma
Parâmetros do sono:
Luz apagada e luz acesa (hora:min);
TTS (min);
TTR (min): luz apagada até luz acesa;
Latência para sono (min): luz apagada até primeiro estágio de sono;
Latência para sono REM (min): início do sono até a primeira época de REM;
Tempo acordado após início do sono (TTR – latência – TTS) em min;
Eficiência do sono (%);
Tempo em cada estágio (min);
Percentual de cada estágio no TTS.
Polissonografia Completa Parâmetros recomendados no laudo
(AASM Scoring Manual Version 2.4 - 2017)
Eventos de despertar:
Número de despertares
Índice de despertares (nºde despertares x 60/TTS)
Eventos cardíacos:
FC média durante o sono.
FC máxima durante o sono.
FC máxima durante o registro.
Ocorrência de bradicardia (se observada), reportando a menor FC;
Ocorrência de assistolia (se observada), com a mais longa pausa;
Ocorrência de taquicardia sinusal durante o sono (se observada), com a maior FC;
Ocorrência de taquicardia complexa (se observada), com a maior FC;
Ocorrência de fibrilação atrial (se observada), com a FC média;
Ocorrência de outras arritmias, listar arritmias.
Polissonografia Completa Parâmetros recomendados no laudo
(AASM Scoring Manual Version 2.4 - 2017)
ERICKSON SILVA RODRIGUES (22a 11m - M) Exame: 00092-01 (29/11/2011)
LOC
ROC
C3-Rf
C4-Rf
O1-Rf
O2-Rf
Cz-Rf
A1-Rf
A2-Rf
Queix
Cardi54.8
T ibia
T ibia
Press
Cinta
Cinta
T ermi
Ronco
Do Do Do Do Do DoPosic
85% 83% 82% 82% 82% 127%SpO2
70 64 45 40 90 114FreqC
100 µV
Ganhos: EEG : 100µV/cm ECG : 1.0mV/cm EMGQ : 30µV/cm EMGT : 100µV/cm EOG : 100µV/cm SpO2 : 2%/mm
Micro Despertar-6.51
Arritmia-5.27
Movto.Perna-4.30
Obstrut iva-33.01
03:13:35 03:13:50 03:14:05
Pausa sinusal 5,27 seg.
ECG na Polissonografia
Época de 30 seg
Eventos de movimento:
Número de movimentos periódicos de pernas durante o sono.
Número de movimentos periódicos de pernas durante o sono associados com
despertares.
Índice de movimentos periódicos de pernas durante o sono.
Índice de movimentos periódicos de pernas durante o sono associados com despertares.
Eventos respiratórios:
Número de apneias obstrutivas, centrais e mistas;
Número de hipopneias;
IAH, IA, IH;
RERA, RONCO, IDR, ODI = OPCIONAIS;
Saturação média de O2;
Saturação mínima de O2 durante o sono;
Ocorrência de Cheyne-Stokes e sua duração (absoluta ou como % do
TTS) ou número de respirações).
Polissonografia Completa Parâmetros recomendados no laudo
(AASM Scoring Manual Version 2.4 - 2017)
Conclusões:
Achados relacionados ao diagnóstico;
Observações do EEG e ECG;
Observações comportamentais;
Hipnograma (OPCIONAL).
Polissonografia Completa Parâmetros recomendados no laudo
(AASM Scoring Manual Version 2.4 - 2017)
Nome: Data: ___/___/___.
Exame: POLISSONOGRAFIA NOTURNA Convênio:
Nº do exame:
Médico solicitante: Dr.(a):
Idade: __ anos ___m.
Circunferência do pescoço: ____em cm
Escala de sonolência de EPWORTH: _____ (N = até 9)
Indicação clínica:
Altura: _____m
Peso: ____kg
IMC: _______ Kg/m2
Mallanpati modificado: classe _____.
Uso de medicação regular:
O laudo: informações gerais
Exame teve início as ___h___min___s e término às ____h____min
___s.
A duração do exame foi de ___h ___min ___s, com tempo total de
sono de ___h___min___s, sob boas condições técnicas.
Houve monitorização simultânea dos seguintes parâmetros: EEG,
EOG, EMG de queixo, ECG, sensor de fluxo aéreo (transdutor e
termistor), SaO2, FC, sensor de ronco, cinta torácica e
abdominal, sensor de movimento de pernas e sensor de
posição corporal.
Laudo segue normas técnicas do "The AASM Manual for the
Scoring of Sleep and Associated Events - Rules, Terminology
and Technical Specifications" - American Academy of Sleep
Medicine, 2017 (versão 2.4).
O laudo: informações iniciais
O laudo: referências neurológicas
Estrutura do sono (EEG, EMG queixo, EOG)
Tempo total de sono (TTS): tempo total de todos os estágios do
sono somados, em minutos;
Tempo total de registro (TTR): tempo desde o “boa noite” até o
“bom dia” (min)
Eficiência de sono: relação do TTS por TTR, em percentual;
calculada como tempo total dormido dividido pelo tempo total de
procedimento (ou tempo total no leito). Valor de referência >85%)
Situações:
Critérios de aceitabilidade da polissonografia;
Conceitos de dormidor curto e longo.
“Efeito de primeira noite em laboratório do sono”.
Má-percepção do sono.
Insônia.
Análise de qualidade x eficiência;
O laudo: referências neurológicas
Informações relacionadas ao sono
Latência de sono: tempo entre “boa noite” até a 1ª época de
qualquer estágio do sono (min)
Latência de sono REM: tempo decorrido do início do sono até o
primeiro registro de sono REM, dado em minutos;
Número de despertares (microdespertares ou despertares
breves): número de despertares > 3 seg; (normal < 10/h)
Índice de despertares: número de despertares pelo TTS;
Situações:
Alteração da latência para sono: causas;
Alteração da latência para sono REM: causas;
Conceito de fragmentação do sono e sua importância.
O laudo: referências neurológicas
Estagiamento do sono
Percentual de sono estágio I (%N1): somatório do tempo
em minutos de estágio 1 de sono NREM dividido pelo TTS: 2 a
5% do total do sono
Percentual de sono estágio 2 (%N2): 45 a 55% do TTS;
Percentual de sono estágio 3 (%N3): 13 a 23% do TTS;
Percentual de sono REM (%REM): 20 a 25% do TTS;
Situações:
Variações fisiológicas;
Critérios de qualidade do sono: superficial x profundo;
Uso de medicações que interferem na distribuição dos
estágios.
Patologias que interferem na distribuição normal.
Carskadon e Dement, 2011.
O laudo: referências neurológicas
Movimentos periódicos de membros
Movimentos periódicos de membros (MPM): número dos
movimentos registrados pelos eletrodos localizados nas pernas (EMG);
Índice de movimentos periódicos de membros durante o sono.
Classificados de acordo com a Classificação Patológica dos
Movimentos Periódicos de Pernas:
MPM leve – PLM: 15-24/h
MPM moderado – PLM: 25-50/h
MPM grave – PLM: >50/h.
Situações:
Conceitos : distúrbio motor do sono;
SMPM e SPI: suas síndromes clínicas
Causa de hiperssonia;
Suas comorbidades: relação com sintomas gerais e
com DCV.
O laudo
variáveis respiratórias
Apneia central (AC): número total de apneias centrais
(cessação de fluxo inspiratório e esforço tóraco-abdominal por no
mínimo dez segundos) durante o TTS;
Apneia obstrutiva (AO): número total de apneias obstrutivas
(cessação de fluxo inspiratório por no mínimo dez segundos)
durante o TTS;
Apneia mista (AM): número total de apneias de gênese
central e obstrutiva durante o TTS;
Hipopneia: número total de hipopneias;
Padrão respiratório típico, como Respiração Periódica de
Cheyne Stokes (RPCS);
Índice de apneia e hipopneia (IAH): número de apneias
obstrutivas, mistas e hipopneias por hora de sono:
Índice de distúrbio respiratório (IDR): número de apneias
centrais, obstrutivas, mistas e hipopneias por hora de sono, e
pode ser anotado quando existir marcação de RERA na leitura;
Saturação mínima, média e basal da hemoglobina (SaO2):
saturação aferida por oxímetro de pulso;
Tempo com saturação menor que 90%: percentual do TTS
em que o paciente apresentar saturação da hemoglobina,
medida por oxímetro de pulso, menor que 90%;
Frequência cardíaca mínima, média e máxima aferida pelos
eletrodos do eletrocardiograma.
O laudo
variáveis respiratórias
Polissonografia e seus diagnósticos
• Síndrome da apneia obstrutiva do sono
Prevalência = 32,8% dos adultos em SP Tufik S. Sleep Med 2010
Diagnóstico:
- IAH entre 5 - 14,9 + sintomas (ronco, SED, sono não-reparador, fadiga, ap. observadas).
- IAH ≥ 15 independente de sintomas.
• Síndrome da apneia central do sono– Apneia central idiopática
– Respiração Cheyne-stokes
• Síndrome da hipoventilação sono
Distúrbios respiratórios do sono
AASM. The International Classification of Sleep
Disorders: Diagnostic and Coding Manual. 2005
Exemplos de laudo - caso 1
Índice de apneia central > 5 eventos/hora de sonoPresença de padrão respiratório do tipo Cheyne-Stokes