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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
Terezinha Azevedo da Silva
POESIA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO
ORIENTADORA: Profª MsC. Renata Passos Filgueira de Carvalho NATAL
2009.2
TEREZINHA AZEVEDO DA SILVA
POESIA COMO FONTE DE INFORMAÇÂO
Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte através da disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba para fins de avaliação e como requisito para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª. MsC. Renata Passos Fil- gueira de Carvalho.
Natal, RN
2009
TEREZINHA AZEVEDO DA SILVA
POESIA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO
Monografia apresentada ao curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte através da disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba para fins de avaliação e como requisito para obtenção do título do bacharel em Biblioteconomia. Monografia aprovada em: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________ Profª. MsC. Renata Passos Filgueira da Carvalho Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Orientadora) __________________________________________________________ Profª. MsC. Maria do Socorro de Azevedo Borba Universidade Federal do Rio grande do Norte (Profª. Da Disciplina)
_________________________________________________________ Profª. Francisca de Assis de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Membro)
DEDICATÓRIA
Dedico a todos que em mim acreditaram A meu Deus Onipotente primordialmente Através DELE transcendeu a resistência
E agora celebro minha vitória obviamente.
Dedico também a minha família, aos filhos Cuja satisfação, até no anonimato encontrei
A minha mãe e ao meu pai em memória Aos irmãos que me apoiaram mais uma vez.
Aos professores oniscientes da informação Os conhecimentos repassados vão me ajudar É um aprendizado que perdura para sempre
Essencialmente o sucesso vamos comemorar.
Dedico também aos diletos colegas do Curso Apesar da maturidade prevaleceram encalços Minha ousadia de escolher mais um caminho Valeu a pena pressupor os vários percalços.
Dedico aos amigos que tanto me incentivaram Colegas de trabalho, direção e todo o alunado Nessa busca incessante pelo conhecimento Vocês estavam impregnados ao meu lado.
Jamais foi necessário ocultar a luz do próximo Para que a nossa passe muito mais a brilhar
O mundo forma uma imensa coleção de livros Que não existe bibliotecário para organizar.
AGRADECIMENTOS
Ao Pai do céu, imprescindivelmente o primeiro Por tantas vezes que me esqueci de agradecer
Por não ter me abandonado nos momentos nefastos Permitindo-me a conclusão desse Curso merecer.
Foi DEUS que esteve comigo em todas as ocasiões Principalmente naquelas que me vi com insegurança
NELE consegui forças para vencer as dificuldades Preservando em cada instante uma esperança.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta Ajudaram-me o Curso de Biblioteconomia terminar De uma forma muito especial toda minha família
Que durante a jornada não se negou em me apoiar.
As inusitadas dificuldades não foram escassas Os desafios quase superaram o meu caminhar
Os obstáculos às vezes pareciam intransponíveis O desânimo de vez em quando queria contagiar.
A garra evidentemente foi muito mais elevada Apesar da sinuosidade do tão longo caminho
E como sobrevivente de uma amistosa batalha Concluo o Curso com o sentimento de carinho.
Obrigada colegas, funcionários e professores Que de uma maneira enaltecida me ajudaram Desculpem por não ter sido um quase gênio
Mas a força de vontade vocês testemunharam.
Finalmente cheguei ao final da extensa jornada Foram tantos os amigos uma verdadeira multidão
Algumas decepções com jogos de interesse Mas a amizade está acima de qualquer escuridão.
Poesia é brincar com palavras
como se brinca com bola, papagaio, pião.
Só que bola, papagaio, pião
de tanto brincar se gastam.
As palavras não: Quanto mais se brinca
Com elas Mais novas ficam.
Como a água do rio Que é sempre nova.
Vamos brincar de poesia?
José Paulo Paes
RESUMO
Insere a poesia como um recurso na área da informação em todos os
aspectos, especialmente no âmbito da Biblioteconomia. Articula esse gênero literário como fonte de informação, além de ser um instrumento pedagógico muito usado na sala de aula. Aborda milhares de poesias que a cada dia surge dentro de um perfil moderno. Salienta que essas produções literárias requintam a informação tornando-a mais excitante, além de cultivar uma concepção própria, dependendo da fase em que o escritor se manifesta. Enfatiza a matéria-prima da poesia encontrada nos sentimentos nas emoções e o material do poeta é a vida. Enfoca a intenção do poeta de provocar emoção nos leitores ao mesmo tempo transmitir informações precisas. Enfoca a origem da poesia como a literatura de todos os povos, desde a antiguidade, onde poucas pessoas dominavam a leitura e a escrita. Analisa a poesia como fonte documental dentro de um contexto de heroísmo e bravura na História Antiga. Ressalta a importância da poesia nas questões sociais e políticas do país, evidenciando as injustiças visivelmente existentes. Destaca a poesia do Rio Grande do Norte, nas pessoas de Zila Mamede e Fabião das Queimadas. Mostra também a importância da poesia na biblioteca, possibilitando uma diversidade de temas que o usuário pode resgatar. Expõe a Literatura de Cordel como uma questão promissora de trabalhos científicos. Finaliza definindo o neocordel como uma inovação do cordel tradicional proporcionando um avanço nessa modalidade de poesia. A pesquisa utiliza como mecanismo metodológico a revisão de literatura eletrônica e impressa, com o objetivo de melhores resultados. Palavras-chave: Poesia. Poesia e Informação. Temas poéticos. Poesia e referência.
ABSTRACT
Inserts poetry an feature in the area of information in all aspects,
especially in the context of librarianship. Articulate this literary genre as a source of information, besides being an educational tool widely used in the classroom. Board thousands of poems that each day comes in a modern profile. Stresses that these literary productions refined to information making it more exciting, and develops a concept itself, depending on the phase in which the writer manifests. Inform what material of poetry lies in the emotions and feelings in the poet's material life. It focuses on the poet's intention to provoke emotion in readers while conveying specific information. Discusses the origin of poetry and literature of all peoples, from ancient times, where few people dominate the reading and writing. It analyzes the poetry as a source document within the context of heroism and bravery in ancient history, emphasized the importance of poetry in social and political issues in the country, clearly showing the existing injustices. Stresses the poetry of Rio Grande do Norte, in the persons of Zila Mamede and Fabião das Queimadas. It also shows the importance of poetry in the library, allowing a diversity of themes that the user can recover. Exposes Cordel Literature promising as a matter of scientific papers. Finish define the neocordel as an innovation of traditional string providing a breakthrough in this type of poetry. The research used as a mechanism methodological literature review electronic and print, with the objectives of better outcomes. Keywords: Poetry. Poetry and Information. Poetic subjects. Poetry and reference.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 09
2 POESIA E SUA HISTÓRIA 13
3 POESIA COMO FONTE DOCUMENTAL 17
3.1 ILÍADA E ODISSÉIA 19
3.2 OS LUSÍADAS 20
4 A MEDIAÇÃO ENTRE POESIA E INFORMAÇÃO 22
4.1 UMA QUESTÂO SOCIAL EM FORMA DE POESIA 24
4.2 MORTE E VIDA SEVERINA 26
5 A POESIA NO RIO GRANDE DO NORTE 30
5.1 O POETA DA LIBERDADE 31
5.2 O ARADO 34
6 POESIA COMO REFERÊNCIA 37
6.1 POESIA E BIBLIOTECA 39
6.2 POESIA E RELIGIÃO 40
6.3 POESIA E FOLCLORE 42
7 LITERATURA DE CORDEL 44
7.1 O NEOCORDEL REVOLUCIONA LITERATURA CONVENCIONAL 46
7.2 POESIA MATUTA 48
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 50
REFERÊNCIAS 51
APÊNDICES 54
9
1 INTRODUÇÃO
Não há uma definição que possa sintetizar a essência da poesia. De
acordo com o dicionário Aurélio (2002) poesia é “o ato de escrever em versos.
Composição poética de pequena extensão. Aquilo que desperta o sentimento
do belo. O que há de elevado e comovente nas pessoas ou nas coisas.
Encantamento, graciosidade, atração”.
Vários leitores contribuem para contrariar, ou mesmo impossibilitar uma
definição precisa. A multiplicidade de aplicações da palavra “poesia” associa-se
à diversidade de funções, que no decorrer dos tempos vem transformando a
forma de atuação e a própria qualidade do estilo poético. No extremo da
variação está evidentemente a realidade de cada época, cada período literário,
cada poeta ou crítico preservando uma concepção própria.
De acordo com a explicação etimológica, a palavra poíêsis em grego
estava ligada ao verbo poiein, cujo sentido originário era “fazer”. Assim
qualquer trabalho manual ficava no domínio do “fazer poético”. Somente a
partir do pensamento de Platão (importante filósofo grego da antiguidade,
nascido provavelmente em 427 a.C.) é que o conceito passa a ter uma
significação especializada, aparece mais claramente como atividade criadora
em geral.
Num sentido mais amplo “poesia” é um termo que pode se referir a tudo
que é poético, ou seja, que envolve emoção, sentimento, um modo diferente de
contemplar o mundo, de difundir a informação, de produzir conhecimento. Na
antiguidade os poetas não eram escritores, mas sim cantadores de poesias.
A história da poesia é caracterizada pelas mais diferentes origens,
provavelmente esse gênero literário surgiu juntamente com a música, a dança
e o teatro. Visto que nasceu da necessidade de comunicação entre as pessoas
que viveram em uma determinada comunidade.
Como a literatura de todos os povos trata de temas religiosos, muitos
pesquisadores acreditam que a poesia despontou paralelamente com as
religiões. Eram pouquíssimas as pessoas que sabiam ler e obviamente
escrever, então a poesia tinha como finalidade transmitir de geração em
geração, a história de uma nação, ajudando a manter os elos entre a
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população. Possivelmente as rimas foram sido introduzidas para auxiliar na
memorização de textos relativamente grandes.
Os poetas procuravam e continuam até hoje, transmitir através das suas
produções literárias, a sua visão, o seu ponto de vista, a sua realidade, o seu
espaço, a sua emoção. Vale a pena salientar a diferença existente entre a
forma como escreve um historiador e a forma como escreve um poeta.
O poeta conta e canta os acontecimentos, a realidade e, sobretudo
como deveriam ter acontecido na sua visão, levando para o lado emotivo. A
linguagem é usada para generalizar e ao mesmo tempo regenerar os
sentimentos do leitor.
No entanto foram abordadas algumas poesias escritas na antiguidade,
mas que até hoje são verdadeiras fontes documentais. Trata-se dos poemas
Ilíada e Odisséia, escritos por Homero, e estudados por pesquisadores do
mundo inteiro. Odisséia é também um poema homérico que conta uma história
de heroísmo e bravura dentro de um contexto romântico.
A contribuição da poesia também é mostrada nas questões sociais do
país, um grito em favor de injustiças seculares. A crítica ao poder político,
através da música, cujas composições são autênticas poesias. Destaca-se as
obras de Castro Alves, fervoroso adepto aos movimentos abolicionistas e Morte
e Vida Severina, que deixa bem evidente as mortes ocasionadas pelas
injustiças sociais.
Severino sai em busca da vida, encontra a morte. Em Recife ao
descobrir que seguia seu próprio enterro, decide dar um fim a sua vida. É
quando recebe a notícia do nascimento de uma criança que faz renascer a
esperança. É a detonação de uma nova vida. Percebe-se que o nome Severino
é comum a todos os homens que lutam para sobreviver no sertão nordestino.
A musicalidade que caracteriza esses textos poéticos é resultado da
utilização de recursos presentes em todos os tempos, tais como a métrica, o
ritmo, a rima, a alienação e a ressonância. É muito comum as pessoas
acharem que poesia é um texto escrito em versos com rimas que falam apenas
de amor, de saudade e outros sentimentos.
Entretanto essa idéia não é verdadeira, pois a poesia fala de tudo o que
faz parte da vida, informa no que for preciso, o belo, o feio, a alegria, a tristeza,
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o que é agradável, o que não agrada a guerra, a violência e as notícias do dia-
a-dia que produzem material para poesias.
Os poetas do Rio Grande do Norte também tiveram destaque especial,
entre eles a bibliotecária Zila Mamede, que nominou a Biblioteca Central da
UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Com seu livro “O
Arado”, a escritora conta sua história de menina do interior comparada com a
vida na cidade grande.
A poesia na biblioteca não pode passar despercebida, sensíveis ao
interesse do aluno por esse tipo de texto, os bibliotecários podem desenvolver
atividades relacionadas à poesia, requerendo ao mesmo tempo o enfoque
desse tema na capacitação do alunado.
Bem como na religião, já que o dom de escrever é revelado ao homem
por inspiração divina. Levando-se em consideração a multiplicidade de
verdades e o que se fez necessário para a humanidade com relação a
formação religiosa na forma poética, que torna-se uma fonte reveladora.
Poesia é a forma de descobrir que a vida pode ser reinventada, é
desvendar essas transformações como uma passagem que dificilmente é a
mesma. É criar gestos e gostos que a arte descobre na sua integridade
utilizando sua própria identidade.
O folclore e o humor expressam uma linguagem de preservação e
necessidade. O poeta como toda criatura, é espiritualmente múltiplo, cruzam-se
nele contraditórias ondas de temas, versado ou por versar, de modo que no
âmago de cada um encontrar-se-á informações que despertarão no leitor a
curiosidade e o estímulo pela leitura.
Finalmente a Literatura de Cordel que estar ganhando espaço nas
academias e escolas em geral, com o crescente número de trabalhos nos
congressos literários e lingüísticos, passando de uma literatura popular para
uma questão promissora de trabalhos científicos.
As universidades vêm abrindo linhas de pesquisa voltadas para a
discussão e equacionamento de questões pertinentes ao cordel. Com o
surgimento do neocordel (inovação do cordel tradicional), esse conceito poderá
ter um avanço bem mais acentuado.
A poesia matuta conclui o trabalho, enfocando seu objetivo principal, são
as criticas para determinadas medidas incorretas, especialmente por parte dos
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poderes públicos, que possam prejudicar a população. Sempre caracterizadas
pelo bom censo de humor, externando verdadeiras atrações.
Esse gênero literário em questão, sem dúvida é na opinião dos grandes
poetas da humanidade, na opinião também dos amantes da boa poesia, em
todas as línguas e raças, uma excelente fonte de informação, um modo de
conhecimento, se bem um conhecimento que não se encontra ordenado ao
discurso, mas à simples fricção poética.
O poeta vive num mundo de inovações, que podem transcender às
realidades do mundo material e objetivo. Boa parte deles, devido às várias
contingências e vicissitudes, acaba sofrendo preconceitos comprometidos pelo
ambiente no qual convivem, como também pela época.
Todavia a poesia continua com a força antagônica às revisões
qualitativas do progresso, prosseguindo com o intuito de informar, levar
conhecimentos aos seus leitores, divertir, proporcionar uma socialização, e o
mais agradável dentro de um contexto bastante salutar.
A principal característica de um texto poético é na verdade o ritmo. O
poeta pode utilizar vários recursos: a rima, o tamanho do verso, jogos de
palavras ou de fonemas, a pontuação, entre outros, mas a cadência do ritmo
toca a alma do ouvinte, até mesmo os não escritores acabam se envolvendo.
13
2 POESIA E SUA HISTÓRIA
.A necessidade de comunicação entre os homens primitivos foi surgindo
pouco a pouco. A princípio a comunicação era feita através de gestos ou
desenhos, pelos quais o homem da pré-história tentava repassar suas
aventuras vividas nas caçadas (único meio de sobrevivência daquela época),
para a família que permanecia na caverna a espera da alimentação.
A identidade do mito-poético era denotado através dos desenhos
paleolíticos, dos sinais oraculares, dos cânticos de guerra e de trabalho, as
fórmulas mágicas criadas nas rochas. A capacidade de representar suas
façanhas era motivada pelo desejo de concretizar na verdade essa pré-
figuração.
E essa remota modalidade da literatura reuniu por muito tempo, as
funções que mais tarde se ramificaram entre o romance, o conto, o drama e a
própria poesia. Vale salientar que está muito ligada também à música, o que
atestam os poemas cantados.
Pouco a pouco foram surgindo as primeiras palavras e
consequentemente as primeiras rimas. Portanto as raízes poéticas surgiram no
convívio das cavernas, no seio de um povo simples e humilde com uma
contribuição bastante importante para o desenvolvimento da época. Esse
mesmo indivíduo, com o decorrer do tempo, veio delinear o perfil do poeta, do
criador, do artista.
Escrever poesia é trabalhar a língua, é subverter a sintaxe, é falar a alma. Por isso, as primeiras manifestações literárias de um povo costumam ser em versos. Quando não havia escrita, as histórias se contavam em poemas, porque as rimas ajudavam no processo de memorização e facilitava a transmissão da cultura, de geração a geração. A perpetuação da ficção da comunidade ágrafa e da sua cultura – essa terá sido a primeira função da poesia. (CARVALHO, 2005, p. 55)
Evidentemente o primeiro valor artístico que se destacou nas narrativas
primitivas foi o ritmo e a música cantada ou simplesmente articulada. Até hoje
nas manifestações mais radicais da forma poética o ritmo continua a ser o
elemento chave da expressão. (PAIXÃO, 1983)
Com a evolução dos tempos os meios de comunicação foram se
modernizando e a poesia acompanhou esse desenvolvimento. Até os dias
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atuais a poesia está associada a gestos, herança dos homens primitivos que se
comunicavam gesticulando.
Nesse contexto a expressão gestual foi tão importante quanto a palavra,
complementando literalmente a fala, na proporção em que esta é limitada em
sua inteligibilidade. Percebe-se que os gestos foram formando um distintivo
entre o tom e o ritmo das palavras, desde a caracterização individual dos
primeiros contadores de caçadas.
Nos recitais, os gestos fazem parte de todo o contexto da declamação
da poesia, transmitindo uma beleza e graciosidade encantadoras. A saliência
cada vez maior do indivíduo que contava para a comunidade que ouvia seus
feitos e os feitos dos seus semelhantes acarretou a procura desses
complementos artísticos, no sentido de estabelecer uma comunicação mais
evidente.
A poesia tornou-se então, uma forma com exuberância existente na
literatura, formando contextos ricos de emotividade e subjetividade, numa
transcendente magia. Claro que a motivação rítmica varia entre o passado e o
presente não deixando de mencionar a modificação da fonética.
Com o desenvolvimento cultural, os aspectos primários tanto do som
como do ritmo, começaram a acompanhar as perspectivas imediatas, no
sentido de transmitir a informação, ampliando o conhecimento entre os povos.
Novas formas rítmicas mais intelectuais foram aparecendo e permitindo que as
narrativas fossem constituídas de forma mais moderna.
Para o poeta, a poesia não está no assunto do poema, mas nas palavras. As palavras como podemos inferir, remetem ao assunto e são elas que devem ser trabalhadas pelo poeta, em seu “ofício” de escritor. Essa consciência artesanal do poema foi um traço marcante do terceiro período do modernismo brasileiro. (ABDALA JUNIOR, 1995, p.88)
SAFO que viveu no século VI a.C. foi a primeira mulher poetisa
conhecida na história. Sua obra foi dedicada às musas em uma variedade de
poesia lírica: odes, elegias, hinos e epitálamos. Seguidamente Platão
classificou a poesia entre as artes representativas, ou artes plásticas ao lado
da dança, da música e do teatro simultaneamente.
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Os primórdios da Renascença tentaram impor à poesia uma linguagem
elevada, digna, universal, tendo mesmo codificado certos princípios que
visavam, através de uma linguagem polida, reatar com os modelos clássicos da
dicção poética, dentro dos padrões de harmonia, de proporção e integridade.
Enquanto no Renascimento, influenciado por Aristóteles a poesia era
vista como representação fictícia, cuja verdade estava no geral e no universal,
uma atividade mais próxima da filosofia do que da história. O poeta tirava o
partido dos sonhos como elemento subsidiário.
Entretanto no Romantismo a poesia enfatizava de um modo bem
particular, a emoção e os sentimentos individuais, atribuindo a esse gênero a
função determinante de expressar estados interiores. A teoria expressiva dos
poetas românticos pressupõe a existência de um conteúdo psicológico, anterior
ao poema, que se explicita e transmite ao leitor através de uma linguagem
artisticamente manipulada. (ABDALA JÚNIOR, 1995)
A poesia existe em toda parte, em todo lugar, em todos os momentos. Compete ao poeta captá-lo e transportá-la para o livro ou para o filme, ou para a televisão, ou para a música, ou para a dança, ou para o rádio... O poeta é o que ver poesia onde o comum dos mortais não vê nada, além do trivial. A poesia é necessária, porque nos revela, como as lentes, de quem tem problemas visuais, um mundo de maravilhas que não saberíamos ver sem ela. (CARVALHO, 2005, p. 83)
Na prosa, as palavras implicam geralmente a análise de um estado
mental, ao passo que na poesia as palavras aparecem como coisas objetivas,
que mantêm uma definida equivalência com o estado de intensidade mental do
poeta. É a expressão pela linguagem humana, elevada ao seu ritmo essencial,
dotada de autenticidade.
A poesia é uma obra que pode ser submetida a um processo
de análise e compreensão, mas jamais substituída. Em outras palavras: podemos desenvolver nossa sensibilidade por meio de um aprendizado sobre as coisas da pintura ou da poesia, mas nunca imaginar que nossas atividades analíticas sejam capazes de tomar lugar da tela ou do texto poético. (INFANTE, 2001, p.32)
Dependendo do efeito desejado, o poeta poderá utilizar recursos ou
vários deles combinados, não esquecendo que no seu conteúdo devem ser
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encontradas as devidas informações e que o leitor possa resgatar essas
informações.
Nesse contexto, a poesia deverá ser sempre uma fonte de informação e
de uma constituição fundamentalmente inerente ao conhecimento. Oferecendo
a constante oportunidade de sentir e viver aquilo que nela se sente e vive na
realidade ou na imaginação.
Uma boa poesia é antes de tudo, um todo intraduzível com a qualidade
de modelar a sensibilidade do ser humano. Confrontando a investidura na
universalidade, com um embasamento extraído do seio do povo. A poesia é
gênero ora com requintes de sofisticação, ora popularizada pela sua própria
essência.
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3 POESIA COMO FONTE DOCUMENTAL
A abordagem da poesia como fonte documental, principalmente no início
da civilização, foi de relevante importância nessa pesquisa. Nesse contexto,
destacam-se poesias que trazem informações históricas como a “Ilíada e
Odisséia” atribuídas a Homero (o maior poeta grego da antiguidade que viveu
no século VIII a. C.) e “Os Lusíadas” escrito por Luís Vaz de Camões (o maior
poeta português que nasceu em 1524 e faleceu em 1580), ambas de grande
interesse, no âmbito informacional para toda a humanidade.
Desde os tempos imemoriais o ser humano vem desenvolvendo
métodos para registrar seus feitos, formas de sobrevivência, acontecimentos e
fenômenos da natureza, construindo a memória da humanidade inserida nos
mais diversos suportes.
As inscrições rupestres, objeto de estudo dos antropólogos e
historiadores, funcionam como fontes de pesquisa que solucionam os suportes
para as respostas para as questões que, despontam ao longo dos tempos com
relação a origem do planeta. Essas inscrições deixadas pelos primitivos
constituem as primeiras fontes de informação deixadas pelo homem.
A partir dessas inscrições até o advento tecnológico tão moderno que é
a Internet, o homem vem deixando para trás um rastro de descobertas e
consequentemente seus registros, possibilitando novas descobertas que
sucedem as anteriores, quer dizer, as mais simples geraram as mais
complexas. Esse processo não pára, cada vez mais surgem invenções
surpreendentes.
Dessa maneira, o homem gerou através dos tempos uma variedade
impressionante de fontes que armazenam conhecimento e informações.
Campello e seus colaboradores (1997) dividiram as fontes de informação e
manifestação do conhecimento, para tornar mais fácil a busca e o acesso à
informação em: literatura (romances, poesias, literatura de massa, literatura
infanto-juvenil, ficção científica, romances, histórias em quadrinho e música);
formas do registro da informação e locais de busca como bibliotecas, museus e
arquivos.
O documento é toda a expressão da linguagem natural ou convencional
ou outra expressão gráfica, sonora ou em imagem, fixada em qualquer tipo de
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suporte material, inclusive o suporte diplomático, conforme a Lei do Patrimônio
Histórico Espanhol (BELLOTO, 2002)
De lá para cá, tanto a noção de documento quanto a de texto continuaram a ampliar-se. Agora todos os vestígios do passado são considerados matéria para o historiador. Dessa forma, novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia etc., foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e passíveis de leitura por parte do historiador. (CARDOSO, MAUAD,1997, p. 402)
A partir desse conceito verifica-se que a palavra documento originária
do latim, docere significando ensino e de documentum, o que ensina, envolve o
conceito de que é um suporte com uma informação, que poderá ensinar algo a
alguém. Então, nesse sentido, o documento remete a uma informação.
(BELLOTO, 2002)
A conclusão é bem nítida, não existe documento sem informação, a
noção de informação torna-se essencial para definir determinado documento.
Para Le Coadic (1994) a informação consiste em um conhecimento gravado
sob a forma escrita, oral ou audiovisual, comportando um significado a ser
transmitido por meio de uma mensagem, emitida através de uma determinada
inscrição.
Enquanto MCGarry (1994) relata que, para os profissionais que lidam
com a informação com a intenção de disponibilizá-la, terminam envolvendo
indeterminado assunto contido num texto e para isso é necessário que ela seja
estruturada, ordenada e armazenada, de uma maneira que sua busca seja
acessível. Por esse motivo a informação precisa de um espaço condutor, um
local adequado com as devidas condições.
Uma grande variedade de documentos pode-se encontrar, fornecendo
informações, evidentemente um elencado material do saber da memória da
humanidade. Devido a essa imensa diversidade os documentos se diferenciam
entre si de acordo com as propriedades físicas e intelectuais.
As físicas se relacionam com o material, a natureza dos símbolos
utilizados, o tamanho, o peso, a apresentação, a forma de produção, a
periodicidade, a possibilidade e a necessidade de utilizar um aparelho para a
finalidade de uso. As características intelectuais estão relacionadas com o
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objeto, o conteúdo, o assunto, o tipo de autor, a fonte, a forma de difusão a
acessibilidade e a originalidade.
A poesia foi um gênero bastante difundido na Idade Medieval. Os
poetas populares escreviam suas poesias e procuravam viver de sua arte nas
feiras ou em espetáculos, nas aldeias e castelos. Os trovadores (letristas e
músicos), de origem social superior, aproveitaram essa forma de arte,
modificando-a através da escrita.
Entretanto, permaneceram nessas formas, as articulações entre texto e
música, idênticos como acontecia desde os primeiros tempos da literatura oral.
Os trovadores faziam suas apresentações nos castelos, onde se encontravam
também os menestréis, isto é, os músicos agregados à corte.
Os próprios sentimentos do poeta eram analisados, pois para o homem culto do renascimento, através da razão e da Inteligência as emoções podiam ser entendidas mais plenamente. Razão e emoção seriam partes da grande harmonia do universo e, devidamente equilibradas, levariam os artistas a fruir da beleza, do bem e da verdade. (ABDALA JUNIOR, 1995, p. 18)
E dessa maneira eles repassavam todo o tipo de informação, levando
em consideração que o acesso a leitura era extremamente restrito. Entretanto
essas poesias tinham várias finalidades: informar, divertir, reunir a comunidade
e despertar para o conhecimento.
As cantigas de amigo eram poesias de origem popular, com marcas
evidentes da literatura oral, tais como as contínuas repetições de palavras. Os
compositores se colocavam na posição da mulher para revelar as inquietações
delas da zona rural, que por sua vez se deslocavam até uma fonte, sentindo
saudades do namorado ausente, ou faziam uma romaria a um centro religioso,
para lá encontrarem o namorado.
Às vezes, essas cantigas registravam as expectativas das moças
diante do namoro e do casamento, que na oportunidade exteriorizavam os
sentimentos para a mãe ou para as amigas. Era comum serem cantadas por
duas ou mais pessoas que se alternavam e repetiam o mesmo refrão.
(ABDALA JÚNIOR, 1995)
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3.1 ILÍADA E ODISSÉIA
Segundo a mitologia grega, Pégaso, o cavalo alado, levava os poetas
até a fonte de Hipocrene, de cuja água deveriam beber para obter inspiração.
Por isso, Pégaso é o símbolo do gênio poético e “montar o Pégaso” significa
fazer versos.
Ilíada e Odisséia são dois poemas cuja autoria é atribuída a Homero,
provavelmente ele tenha aproveitado narrativas já existentes na tradição
popular. Coube-lhe o mérito de reuni-las, transformando-as em peças de valor
literário perene. Esses poemas eram usados como textos escolares na Grécia
clássica.
No ato da decoreba dos versos, os jovens adquiriam o gosto pela vida
heróica, adquiriam também espírito de luta e nobreza de caráter. Os poemas
homéricos constituem ainda hoje, documentos importantes para o estudo dos
tempos heróicos gregos, excelente fonte de informação.
Homero foi tão importante para a Grécia que sua passagem tornou-se
um marco para a história, chamado “Tempos Homéricos” que vai do século XII
ao VIII a. C. A denominação se explica pelo motivo de serem suas obras os
melhores documentos para o estudo sobre a Grécia Antiga.
Ilíada é um poema épico, composto de 24 cantos com mais de 15 000
versos. Relata os feitos dos gregos durante a guerra de Tróia. Odisséia é
também um poema épico, com o mesmo número de cantos com 12 000 versos.
Narra as peripécias enfrentadas por Ulisses ou Odisseu, rei de Ítaca, para
retornar à sua pátria após a guerra de Tróia.
Durante dez anos o herói vaga pelos mares tendo aventuras fabulosas,
no decorrer das quais perecem todos os bravos que lhe acompanham. Em
Ítaca, Penélope, dedicada esposa, espera-o pacientemente, enquanto
adversários ambiciosos conspiram para tomar o poder.
No momento que superou todos os perigos, Ulisses voltou, vingou-se
dos traidores e restabeleceu sua autoridade. Através dessa magnífica obra
literária, chamada Odisséia, os historiadores colheram interessantes
informações sobre a vida social, os costumes e os ideais da época do povo
grego nos primórdios de sua existência. (MOCELLIN, 1997)
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3.2 OS LUSÍADAS
Poesia lírica da literatura portuguesa escrita por Luís Vaz de Camões, o
maior poeta português de todos os tempos. Foi concluída em 1555 mas sua
publicação se deu em 1572. “Os Lusíadas” é considerados o maior poema
épico da língua portuguesa, não pelos 8 816 versos decassílabos distribuídos
nas suas 1 120 estrofes de oito versos cada uma, mas pelo seu valor poético e
informativo.
O poeta deixa expresso nas primeiras estrofes a glória do povo
navegador de Portugal. Contudo, a ação central foi a descoberta do caminho
marítimo para a Índia por Vasco da Gama, e a edificação de um Império
Português no Oriente.
Os episódios da história de Portugal são o ponto principal uma
glorificação do povo português, já que no decorrer da poesia, vários episódios
da história de Portugal são relatados. Portanto a estrutura narrativa da obra
apresenta-se no contexto dessa grande aventura que foi a viagem.
Na epopéia, os deuses heróis lusitanos recebem o auxílio dos deuses
Vênus e Marte, passando por várias aventuras e nunca deixando de ressaltar o
valor desse povo enaltecendo a fé cristã de cada um deles. Com a viagem
completa, Vênus os recompensa proporcionando um momento de descanso na
Ilha dos Amores, um paraíso natural que de acordo com a navegação, faz
lembrar o Brasil recém descoberto naquela época.
Além da navegação, o poeta acolhe na sua obra, os reis portugueses
que tentaram ampliar o império. Essa obra literária é também uma importante
fonte documental, pela qual os estudiosos encontraram valiosos subsídios para
descobertas dos costumes do povo daquela época.
Na cidade serrana de Martins, situada no Médio Oeste Potiguar, distante
362 quilômetros de Natal, existe um exemplar de “Os Lusíadas” publicado em
1880 e oferecido a D. Pedro II pelo editor português Emílio Biel. É uma as
atrações turísticas de Martins e orgulho do seu povo.
22
4 A MEDIAÇÃO ENTRE POESIA E INFORMAÇÃO
Através da pesquisa comprovou-se que nos tempos mais antigos as
pessoas sentiam prazer em cantar poemas de sua predileção enquanto
trabalhavam. Não tão diferente dos dias atuais e que se escuta a música,
porém com uma variação imensa de cantores e bandas.
As dificuldades que existiam em conseguir os recursos conhecidos hoje,
são evidentes. Nos dias atuais escutam-se músicas, até mesmo do aparelho
celular, sem falar na quantidade e qualidade dos aparelhos de sons, com uma
acessibilidade ao alcance de quase toda população.
Diante dessa realidade a alternativa para os antepassados era cantar,
cantar e cantar. Através das letras que constituíam as canções, os poetas
passavam informações das mais variadas possíveis, porém dentro de uma
determinada realidade. Ora expondo os problemas, ora defendendo os
interesses.
As histórias de reis, rainhas, príncipes, princesas e heróis eram
cantadas, como também casos que envolviam questões sociais e políticas
daquela gente, totalmente sem acesso aos meios de comunicação. Nessa
época a poesia funcionava como uma fonte de informação e com uma
exuberante repercussão. Dessa forma a poesia era também uma forma de
reivindicar direitos e criticar o poder público.
Esse modelo certamente foi copiado por alguns brasileiros, pois a
música “Cálice” de Chico Buarque de Holanda e Gilberto Gil (1973), uma
medida poética clássica de versos decassílabos, se volta contra o regime
militar no Brasil e sua censura. Eis o que diz a letra da música retirada do
Google, (2009).
Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
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Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça
A ditadura de acordo com a letra da música, é retratada em forma de
metáfora. A essência da letra é uma crítica a opressão e a violência dos
militares com a população brasileira. A palavra cálice significa “cale-se”,
reportando-se a falta de liberdade de expressão de AI-5 (Ato Institucional
número 5), implantado durante o governo militar.
“De vinho tinto de sangue”, representa a matança e as torturas a que
eram submetidas as pessoas, muitas vezes inocentes. “Como beber dessa
água amarga”, na primeira estrofe quer dizer repressão. Uma repressão que
castigou a população durante todo o regime militar.
Na segunda estrofe destaca-se: “Quero lançar um grito desumano”, que
significa as revoluções geradas em conseqüência de regime. E ainda na
mesma estrofe “Esse silêncio todo me atordoa”, quer dizer a proibição sofrida
pela censura, que prejudicava de certa maneira o desenvolvimento do país em
vários aspectos.
24
A terceira estrofe inicia assim: “De muito gorda a porca já não anda”,
significa que o governo estava tão intumescido que andava se descuidando da
administração. “Como é difícil, pai, abrir a porta”, quer dizer que a população
permanecia presa em suas próprias casas, em obediência a um toque de
recolhimento.
Ainda na mesma estrofe sobressai-se a frase: “Esse pileque homérico
no mundo”, reporta-se exatamente aos tempos da Grécia Antiga, no qual o
poeta Homero agia da mesma forma, criticava as autoridades através da
poesia, certamente os compositores brasileiros copiaram o estilo de crítica.
No último parágrafo encontra-se a frase mais ousada da poesia “ Nem
seja a vida um fato consumado” significa que a situação pode se reverter,
depende unicamente dos que estão a frente do regime, no caso os militares.
Finalmente, toda a letra reflete uma crítica com uma notoriedade dos costumes
antigos,
A música foi proibida de ser cantada no show Phone 73, em São Paulo,
exatamente na Semana Santa. Para os autores, o assunto da poesia estava
no seio da população. As palavras remetiam o assunto e eram elas que deviam
ser trabalhadas em seu ofício de compositor. Informações extraídas do Google
(2009).
4.1 UMA QUESTÃO SOCIAL EM POESIA
No Brasil a história da poesia começa provavelmente com os padres
jesuítas, que vieram para cá com o objetivo de catequizar os índios. Padre
José de Anchieta, jovem jesuíta das Ilhas Canárias, na condição de
evangelizador e mestre, escrevia versos à Virgem Maria nas areias da praia.
Nessa época foi fundamental a idéia de correspondências sensoriais que
ocorrem entre a música, a pintura e a literatura, sobretudo nos símbolos que
unificariam a vida material com a espiritual. A poesia foi uma transubstanciação
do leigo no sagrado, do humano no divino.
Esses primeiros poetas aqui no Brasil foram influenciados pela cultura
européia, entretanto se reportaram ao povo indígena, alvo da catequese
naquela época. Inerente ao tema questão social destaca-se a poesia de
25
Antônio Francisco de Castro Alves (1847–1871) que escreveu sobre a
realidade que o cercava, a escravidão no Brasil.
A cultura brasileira é igualmente diversificada e, além disso, o poeta é atraído por valores que o ligam à Europa ou ao povo brasileiro. Em conseqüência, as “sensações renascem de si mesmas sem repouso”, tal a vitalidade da nossa cultura formada por pedaços (deglutidos) de várias culturas. (ABDALA JUNIOR, 1995, p. 81)
Quando criança, Castro Alves escutava de uma escrava de propriedade
do seu pai, à noite antes de dormir (costume da sua época) histórias sobre os
escravos, principalmente do sofrimento a que eram submetidos desde a prisão
na África, os tormentos da viagem e a vida sem dignidade que levavam.
Esse acontecimento estimulou o sentimento abolicionista no poeta que,
inspirado na causa escreveu: “Navio Negreiro” e “Os Escravos”, além de cantar
o amor, a mulher, a morte, o sonho, a República, a igualdade, as lutas de
classes, os oprimidos. Suas poesias são verdadeiros protestos, de uma forma
elitizada, mas que tocava a sensibilidade do leitor. (SOUZA, 1983)
Apesar da sua prematura morte, deixou uma contribuição bastante
relevante para as causas sociais existentes na época. Como lembra Jorge
Amado (1984) no seu “ABC de Castro Alves”, “Teve muito amores, amou e foi
amado por várias mulheres, mas a maior de todas as suas noivas foi a
Liberdade”.
Sem dúvida foi um poeta que projetou um drama interior em outro modo
de representar o conflito entre o bem e o mal, tão prezado pelos romancistas.
Esse comprometimento faz a poesia se aproximar do discurso, incorporando
ênfase oratória e a eloquência.
Suas poesias, hoje lidas por muitos brasileiros, se identificaram
literalmente com o ritmo da sociedade no processo de busca da humanidade
por redenção, justiça e liberdade. O poeta “condoreiro” tem um papel
messiânico e afinado com o momento histórico que o Brasil atravessava.
“Espumas Flutuantes” foi o único livro publicado em vida por Castro
Alves. Lançado no final de 1870, poucos meses antes de sua morte, abrange
parte importante da sua produção lírica. O livro traça um quadro geral das
26
influências do autor, como se quisesse mostrar todas as possibilidades de sua
vivência, documentando sua percepção do mundo e da sua época.
Apenas os poemas abolicionistas, pelos quais o poeta ficou tão
conhecido, não constam na obra, pois estavam destinados ao volume “Os
Escravos”, que o poeta vinha organizando entretanto não chegou a publicar
totalmente devido a sua morte prematura. Informações extraídas da Nova
Barsa (2002)
Somente em 1883, doze anos após a morte do autor foi publicado ”Os
Escravos” reunindo as composições anti-escravagistas, entre elas destacam-
se, as famosas poesias abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”,
que intensificaram o propósito do poeta.
Castro Alves não foi o primeiro poeta romântico a tratar do tema da
escravidão. Anteriormente, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Fagundes
Varela e outros brasileiros ilustres abordaram a questão. No entanto, nenhum
poeta foi mais veemente e engajado à causa social e humanitária do
abolicionismo como ele.
Com relação as implicações humanas da escravatura, ele procurou
adequar sua eloquência condoreira à luta abolicionista. Retratou o escravo de
modo romanticamente trágico despertando a sociedade, habituada a três
séculos de escravidão, para o que havia de mais desumano nesse regime.
O maior exemplo desse retrato está em “A Cachoeira de Paulo Afonso”,
longo poema narrativo, escrito em 1870, que conta a história de um amor de
dois escravos, que ainda não gozavam de liberdade, Lucas e Maria, pintada
com fortes cores dramáticas. Informações extraídas da Enciclopédia Mirador
(2000)
4.2 MORTE E VIDA SEVERINA
Poesia escrita por João Cabral de Melo Neto que se distingue pela
objetividade na constatação da realidade do Nordeste Brasileiro,
especificamente no Estado de Pernambuco .No nível temático a obra poética
pode ser caracterizada por três grandes preocupações: a gente humilde do
Nordeste; os retirantes juntamente com as tradições, folclore, herança medieval
e os engenhos; de modo particular a terra natal Pernambuco e a cidade de
27
Recife. Constituem os objetos de versificação da poesia: a miséria, os
mocambos, os cemitérios e o rio Capibaribe.
A temática do autor é o itinerário do retirante nordestino, que parte do
sertão paraibano em direção ao litoral, em busca de sobrevivência, em
consequência da seca e das precárias e insustentáveis condições de vida, que
assolava a maioria da população.
A poesia para mim sempre foi a necessidade de fazer, de construir qualquer coisa ou um mundo . Não foi nunca uma atividade que visasse minha própria adaptação ao mundo (...) Embora paradoxalmente seja um sacrifício para mim reler minha própria poesia já feita, creio que escrevi poesia para criar uma poesia que não existia e que, como leitor ou consumidor de poesia, gostaria que existisse. (MELO NETO, 1979, n. p.)
João Cabral de Melo Neto foi o principal representante de uma geração
de poetas da época, que apresentava uma extrema preocupação com a
construção da poesia e com sua forma visual, insistindo na composição de
métrica regular. No entanto, ele se destacou pela forma como fez a
disseminação dos problemas enveredados pelos transtornos contrários a
cidadania.
Na expressão sintética utilizada, fugindo a qualquer tipo de
derramamento ou sentimentalismo, João Cabral conseguiu através da palavra
poética, repassar para a humanidade o drama de uma gente castigada pela
saca e literalmente alheia ao progresso.
O poeta volta-se para a ação do mundo, não é um poeta abstrato, fora da realidade que o cerca. Solidariamente, ela caminha com os “companheiros” de seu tempo, um tempo presente, com os problemas desse presente. O poeta solidário não vê soluções a partir dessa vivência de problemas comuns. (ABDALA JUNIOR, 1995, p 82)
No poema dramático Morte e Vida Severina, a dureza da expressão
corresponde formalmente às dificuldades e desalentos da história do retirante
que no meio de tanta desolação, adquire coragem e sai em direção ao litoral
em busca de vida, entretanto só encontra morte pelo caminho.
28
A poesia deixou bem evidente a morte ocasionada pelas injustiças
sociais. A frase: “de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de
fome um pouco por dia”, retrata a média da vida do sertanejo, vitimado pela
violência da seca.
A informação que a poesia repassa parte da compreensão do binômio
morte/vida. A morte comum aos retirantes vitimados pelo sofrimento, que
termina com um nascimento de uma criança, traduzindo a explosão da vida.
Eis na íntegra a poesia Morte e Vida Severina, retirada do Google. (2009)
O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria, deram então de me chamar
Severino de Maria. Como há muitos Severinos com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual, mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
29
de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença
é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
A linha narrativa da poesia segue duas atividades marcadas pelo título:
"morte" e "vida". Na primeira, o trajeto de Severino, personagem-protagonista,
para a cidade grande, fugindo da opressão econômico-social Severino tem a
força coletiva de um personagem típico: representando o retirante nordestino.
No segundo momento, o autor encontra a "vida" quando apenas restava
um pouco de esperança. O poeta mergulhou na existência, na vitalidade, na
linguagem, foi realista, por isso sua poesia conseguiu falar de tudo o que o que
o autor desejava.
Modelos de sensibilidade foram criados, por esse motivo a poesia
adquiriu estrutura dramática. O poeta João Cabral de Melo ajuda a fundar
culturas, com suas autênticas poesias que já tomaram rumos importantes e
definidos, serviu de elo para ligar um passado imediato com as experiências
recentes.
Não dá para entender a cultura brasileira sem as poesias de João Cabral
de Melo, a cultura portuguesa sem as poesias de Camões, a inglesa sem as
poesias de Shakespeare, a italiana sem as poesias de Dante, a alemã sem as
poesias de Goethe, bem como a grega sem as poesias de Homero.
Nesse contexto a poesia é considerada por muitos críticos como
imaginação projetiva, apreensão vivida de acordo com a realidade do mundo,
com a função de revelar a verdade humana em sua originalidade. A poesia é
também uma inesgotável fonte de informação, levando o conhecimento até
seus leitores numa concepção de romantismo aliado ao universo vivido.
30
5 A POESIA NO RIO GRANDE DO NORTE
Imagine a cidade de Natal no século XIX. Uns poucos arruados, ao
longe a Fortaleza dos Reis Magos, uma praça em frente à Igreja de Nossa
Senhora da Apresentação e no entorno os prédios onde funcionavam os
serviços de administração. O Rio Grande do Norte ainda não era um Estado, e
sim uma Província.
Nesse contexto surgiram os primeiros poetas, como guardiões da
história oral de uma cultura. E como é do conhecimento dos seguidores da
história potiguar, repassado pelos pesquisadores, os poetas desse tempo
usufruíam de posições evidentemente bem superiores, porque eram os
disseminadores da informação.
A eles eram atribuídos alguns privilégios, a exemplo do Japão que
durante a era imperial, a reputação de um nobre entre os seus pares podia
elevar-se de modo surpreendente, ou caso contrário desvalorizar-se, em
conseqüência de um simples improviso poético. (PORPINO, 2006, nº 18, p.32)
Ao longo dos tempos o processo pela escrita desse gênero literário foi
se tornando mais especializado, surgiram a exemplo do mundo inteiro, os
escritores de poesias, os inusitados escritores potiguares, com belíssimas
poesias em destaque no cenário nacional.
Atualmente existe um bom número de poetas no Estado do Rio Grande
do Norte, talvez não muito os leitores para as produções literárias desses
artistas. Entretanto essa afirmação é uma realidade a nível nacional, as
pessoas não cultivam o hábito de ler, de adquirir livros, como também de
presentear, principalmente livros contendo poesias.
Evidentemente para se ter uma boa formação literária é recomendável a
leitura de clássicos universais e brasileiros, contudo não deixando de lado os
bons autores potiguares, como uma forma de valorização e também uma
atitude formadora de opiniões a respeito desses nossos conterrâneos.
Na época em que as comunicações não eram tão rápidas e menos ainda
eficazes, a literatura escrita em prosa no Estado era naturalmente insuficiente,
o talento dos poetas que levavam a informação em forma de poesia até a
população, foi muito importante.
31
Numa valorização a palavra e a construção poética dentro dos rigores do
romantismo, foi que Othoniel Menezes não resistiu as belezas das praias.
Sensibilizado pela brisa vinda do litoral, ou pelo estonteante verde-esmeralda
do Oceano Atlântico, escreveu sua poesia mais famosa “Praieira”, que continua
até hoje fazendo um imensurável sucesso.
Do final do século XX para o século XXI, percebe-se um crescimento na
poesia bem variado, com a presença feminina emoldurando a produção. E
sendo as mulheres que escrevem, o leitor percebe o amplo campo da
magnitude, a soma dos valores mais acentuados e as auras em crescente
saber.
Nas comemorações de final de cada ano, no espetáculo intitulado
“Presépio de Natal” os atores se apresentam com uma narrativa poética que
impressiona o público e o mais interessante é que a produção é feita por atores
potiguares. Os organizadores fazem questão de propiciar tal desígnio.
Nessas solenidades a poesia é mais adequada, no sentido de exaltar a
escrita com grande expressividade. É uma linguagem que toca a sensibilidade,
relacionando-se com tudo o que causa prazer. Atinge a intimidade tão bem
como a atividade dos expectadores, é a linguagem que liga o coração a
natureza e a si próprio, numa objetividade capaz de tornar-se ao mesmo
tempo, um meio de informação.
Atualmente destaca-se no cenário literário do Rio Grande do Norte,
obras poéticas que são verdadeiras fontes de informação. Levando-se em
consideração que a poesia é uma arte que concede ao mundo, uma essência
de vida e movimento, passa a ser a linguagem da imaginação, uma imaginação
grandiosidade para a auto-estima.
E o que é imaginação na poesia? É a faculdade de representar objetos e
não como propriamente elas são, mas tal como são moldados por outros
pensamentos e logicamente sentimentos, numa interminável diversidade de
combinações conhecidas comumente como rimas, difusão sonora do poema.
5.1 O POETA DA LIBERDADE
Fabião das Queimadas, o primeiro rabequeiro potiguar que os
documentos registram, ficou conhecido como “o poeta da liberdade”. Seu nome
32
de batismo, já que não possuía registro civil, era Hemenegildo Ferreira da
Rocha (1848-1927) Era filho de uma escrava comprada pelo Major José
Ferreira da Rocha, em um lote de escravos na cidade de Macaíba.
Logo na infância, dez anos de idade, o menino Fabião mostrou seus
dotes poéticos e com algumas economias que juntou com a venda de mel e
animais silvestres, certamente com o apoio do patrão, (provável pai de Fabião).
Comprou uma rabeca e saiu cantando no povoado simples da região,
(atualmente a cidade de Lagoa de Velhos, que na época era município de
Santa Cruz) com tanta satisfação que dedicou essa redondilha ao seu
instrumento:
“Essa minha rebequinha É meus pés e minhas mãos
É meu roçado de milho Minha planta de feijão Minha criação de gado
Minha safra de algodão”.
Aos 18 anos de idade comprou sua própria carta de alforria, 22 anos
antes da Princesa Isabel assinar a Lei Áurea, com o dinheiro que conseguiu
ganhar, cantado ao som dessa rabeca, da qual não se separou mais durante
toda a sua vida.
Com o total domínio do instrumento, passou a tocar profissionalmente
ganhando dinheiro suficiente para comprar a carta de alforria da sua mãe,
Dona Antônia e de uma sobrinha Joaquina Ferreira da Silva, com a qual o
poeta se casou.
Analfabeto de imensa memória, fazia o poema e o repetia mecanicamente, sem tropeço. Raramente improvisava. Exceto quando enfrentava cantador. Era pequeno agricultor agarrado à sua lavoura, tendo cabeças de gado e trabalhando com os filhos. Convidado para cantoria nunca se recusava. Para as festas de apartação, vaquejadas, casamentos, batizados, era convidado perpétuo e indispensável sua “louvação”. (CASCUDO, 2005, p.349)
Cantava toadas e repentes, pelas casas dos amigos e dos ricos, com ou
sem remuneração, tinha verdadeira paixão pelas vaquejadas, era uma espécie
de repórter, acompanhava os vaqueiros atentamente em todos os lances para
melhor se inspirar nos seus bonitos versos. Seus romances falavam em bois,
33
cavalos e coisas simples da vida do campo a qual convivia. Também gostava
de fazer trovas de improviso.
Em virtude de ser analfabeto 90% de sua obra se perdeu. Mesmo assim
são inúmeros os romances sobre bois cavalos de sua região, como “A Vaca
Malhada” e o “Boi de Mão de Pau” que eram cantados e acompanhados pela
inseparável rabeca. O romance do “Boi da Mão de Pau” era uma sextilha de
48 versos.
Logo que foi descoberto pelo folclorista Luís da Câmara Cascudo
recebeu o convite para fazer um passeio. Por ocasião desse passeio, Fabião
conheceu Natal e muita gente importante da capital e do interior. Chegou a
cantar na residência do governador, que na época era Ferreira Chaves.
Eloy de Souza irmão de Auta de Souza, também poeta, tornou-se um
grande admirador da inteligência e dos versos do poeta popular. Na ocasião
Eloy providenciou que fosse tirada uma foto de Fabião, a única deixada para a
posteridade. Em 1910 cantou no Palácio do Governo, o governador na época
Alberto Maranhão era um enamorado da poesia.
Comentador orgulhoso da vida pastoril, Fabião das Queimadas se tinha em alta conta como “poeta glosador”, afirmando-se figura essencial nas festas. Bom, trabalhador, humilde, o ex-escravo morreu no meio dum ambiente de simpatia. Todos o afagavam. Seu retrato apareceu em revistas cariocas, seu nome foi citado em conferências no Rio e São Paulo. (CASCUDO, 2005, p. 350)
O poeta dos vaqueiros, atualmente conhecido como o poeta da
liberdade foi objeto de estudo de Ariano Saussuna e Orígenes Lessa. Também
foi tema de teses defendida pelo pesquisador Hugo Tavares, funcionário do
IBGE, residente na cidade de Santa Cruz.
Sua história, originou um filme de média metragem, baseado nos
registros de Câmara Cascudo, exibido na TV Cultura de São Paulo, em 25 de
setembro de 2004, num projeto do MEC. Esse filme foi uma produção do
cineasta e documentarista José Alberto Dantas (Buca Dantas).
“ As poesias de Fabião das Queimadas são cantadas ainda hoje pelos
habitantes da pequena cidade de Lagoa de Velhos onde morou e ainda mora
muitos dos seus descendentes. Vale a pena salientar que alguns são músicos
34
profissionais. O parque de vaquejada da cidade ganhou o seu nome,
homenagem bem merecida àquele que dedicou sua vida aos vaqueiros e as
vaquejadas. (CASCUDO, 2005)
5.2 O ARADO
O Arado, terceiro livro de Zila Mamede, publicado em 1959, foi uma das
referências do vestibular de 2008 da UFRN (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte). Ao prefaciar Luís da Câmara Cascudo escreve: “Todos os
poemas nasceram no chão sagrado, com chuva do Céu e suor dos rostos
vigilantes, surgidos na inspiração provocadora de uma inegável vivência
emocional”.
O livro contém poesias que lembram a infância da autora vivida no
interior da Paraíba, em contato com a natureza, num convívio rural com um
título bem peculiar. Zila retrata o homem do campo, numa espécie de ritual de
aragem , uma característica da cultura nordestina,
Arado é um instrumento puxado por um boi ou cavalo, muito usado na
preparação da terra para o plantio de sementes. Certamente a imagem do
arado, proveniente de sua infância, serviu para a recriação literária que retrata
tipicamente a realidade do nordeste brasileiro.
O livro composto de vinte poemas, os quais sete são em forma de
sonetos, cinco em tercetos, um em quarteto e os restantes foram escritos em
estrofes irregulares onde a autora utilizou versos livres. Ela transfere para seus
textos poéticos as lembranças de seus primeiros anos de vida, com
informações vivenciadas e entrelaçadas pela vida na cidade.
É nesse momento que Zila Mamede deixa de privilegiar o soneto, arriscando-se em formas mais livres e espontâneas, e permite vir à tona seu passado de menina sertaneja, até então sufocado pela sedução que o mar, descoberto na idade adulta, exercia sobre ela. (DUARTE, MACÊDO, 2001, p.428)
No poema “Açude” os dois chãos divididos por uma velha ponte que
funciona como parede, dividindo as experiências vividas pela poeta, na vida
simples do campo e na vida agitada da cidade grande. Entre essas duas
35
realidades Zila repassa informações da sua vida que reflete em tantas outras
vidas semelhantes a sua.
“O Passadiço” nome de outra poesia, significa passagem. Na realidade
passadiço é uma passagem secreta feita na zona rural, onde as pessoas
precisam de um movimento no corpo não acessível aos grandes animais como
vacas, bois e cavalos. Para a autora passadiço quer dizer a passagem de sua
vida, a mudança dos seus hábitos, quando resolveu sair da fazenda e morar na
cidade. Essas lembranças do passado continuaram vivas, mesmo diante de um
passado cada vez mais distante.
...a poesia de Zila Mamede corresponde, por assim dizer, a um projeto, que tem muito a ver, inclusive com o censo de organização que caracterizava sua opção profissional como bibliotecária. (GURGEL, 2001, p.86)
Na condição de bibliotecária, uma profissional da informação, Zila narrou
sua história em uma forma poética e figurada. Quando ela afirma “Meu chão de
agora: a rua está calçada”. Ela refere-se sua chegada a cidade de Currais
Novos, onde morou quando mocinha.
De menina pobre e tímida em Currais Novos, até a profissional exemplar na área de biblioteconomia; da jornalista levemente arrogante, que publicava seus próprios poemas na coluna que assinava na Tribuna do Norte até a poetisa consagrada do Exercício da Palavra verifica-se uma conjugação de fatores biográficos e literários que, intercomplementando-se, acabariam por transformá-la no nome hoje admirado por todos os que conhecem sua obra. (GURGEL, 2001, p.84)
Zila informou através da poesia seu sentido maior, buscando transmitir
conhecimentos, revelando experiências, sempre mostrando o ser humano em
todos os seus aspectos, transcendendo conceitos, lembranças e realidades,
enfatizando a arte, como uma garantia de liberdade humana,
As imagens do sertão empregadas nos poemas “O Arado” passam por
um processo muito ativo de elaboração, a terra em alguns momentos, deixa de
ser tema e se transforma em personagem. Assim como nas outras poesias, o
processo de interpretação permanece na mesma linha.
A escritora potiguar Leda Marinho Varela da Costa (2004), numa
antologia da AJEB/RN (Associação de Jornalistas e escritoras do Brasil) redigiu
36
em forma de poesia algumas informações sobre os hábitos e a causa da morte
de Zila Mamede:
ZILA E O MAR
Diante do mar Zila se iluminava E dentro dessa intimidade em que vivia, Sabia descobrir os clamores do vento
E entender os soluços da maré, Eram momentos de deslumbramento
Espargindo brilhos na sua poesia. Quando a beleza das espumas
Envolvia seu corpo Se sentia abençoada
E, pela natureza, celebrada. A carícia das águas dava-lhe paz
E nas suas visões oceânicas Vislumbrava “conchas, rochedos e navios carregados de luar”.
Eram sonhos que se projetavam nos seus versos Porque o seu universo era o mar,
Que enriquecia sua poética, Ora sem rimas, ora sem métrica.
Com olhos refletindo algas Sua face pousava sobre as águas E mirando-se no rosto das ondas
Fotografava-se por inteira E as oscilantes imagens
Navegando em cardumes de desejos, Faziam da sua inspiração uma maré cheia.
Uma tarde, na fria areia molhada Transpondo marolas e sargaços,
De peito aberto deu um largo abraço No Atlântico e no Potengi,
E ao escutar os cantos do marulhar, Zilá, nossa sereia poeta,
Num último suspiro de poesia Encantou-se numa Estrela do Mar.
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6 POESIA COMO REFERÊNCIA
O serviço de referência constitui uma atividade que soma as atribuições
de uma biblioteca ou unidade de informação e está ligado a outros setores da
instituição, requerendo do bibliotecário atuante um refinado conhecimento dos
diversos serviços oferecidos, como também a experiência do processo técnico
relacionado a toda unidade de informação.
O profissional responsável pela referência deve se articular dentro de um
contexto bibliotecário, já que deverá dominar o conhecimento relativo à
informação, ao regimento externo e interno da instituição, conseguintemente
apresentar um atendimento de qualidade, procurando na medida do possível
fazer uma certa diferença.
Indiscutivelmente existe uma amigável relação entre o bibliotecário de
referência e o ele necessita de um orientador que saiba manusear as
informações pretendidas. O serviço de referência é sem dúvida uma atividade
inerente ao fazer bibliotecário e consiste no atendimento das necessidades dos
usuários, orientando no sentido da recuperação da informação requerida.
Dessa forma, o serviço de referência representa a principal assistência do
usuário em uma unidade de informação.
O serviço de referência, porém, é mais do que um expediente para a comunidade do usuário. Um dos fatos da vida das bibliotecas é que grande parte do acervo precisa ser deliberadamente utilizado para proporcionar algum benefício. (GROGAN, 1995, p.80)
Na verdade o serviço de referência é relativamente recente, surgiu a
partir de 1875, devido ao grande acréscimo do volume de informações nos dias
de hoje. A cada dia cresce o volume de informações, de tal maneira que fica
inviável um profissional dentro da sua própria área assimilar
informações/conhecimentos gerados com uma relevante rapidez e se
perpetuando cada vez mais. (DUARTE, 2001).
Grogan (1995) destaca que até meados do século XIX, as pessoas
cultas possuíam sua biblioteca própria e apenas procuravam uma unidade
informacional, quando não encontrava na sua biblioteca o assunto desejado.
Durante seu estudo, esse renomado pesquisador constatou que apenas uma
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quarta parte dos usuários não consegue encontrar o que procura e apenas um
quinto procura ajuda do bibliotecário.
Portanto a existência de um bibliotecário de referência é de suma
importância na biblioteca ou centro de informação. As atribuições do
bibliotecário de referência, se expande desde o conhecimento no âmbito
informacional, aos mais diversificados assuntos.
Além do atendimento ao usuário, o serviço de referência oferece outros
serviços como empréstimos, ordenação nas estantes, levantamento
bibliográfico, direitos autorais, serviço referente ao International Stander Book –
ISBN, serviço relacionado ao International Stander Serial Number – ISSN,
acesso à Internet,serviço de Comutação Bibliográfica – COMUT, visita
programada, catalogação na fonte. Normalização, consulta às normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e solicitação de teses e
dissertações.
São ainda das atribuições do bibliotecário de referência receber e
responder mensagens via correio eletrônico, selecionar, avaliar e disponibilizar
sites, participar de discussões, disponibilizar e consultar catálogos eletrônicos,
criação de salas de aulas virtuais, dominarem técnicas inerentes a toda a
biblioteca e outras atividades também ligadas à Internet.
A poesia não constitui um destaque na área da biblioteconomia, porém
existe uma grande demanda nas bibliotecas, por ser uma fonte de informação
que agrada a visão e a audição. É um gênero literário que está presente na
vida das pessoas que freqüentam as bibliotecas, necessitando também da
ajuda do profissional de referência.
Esse ‘elo vivo entre texto e leitor’ é necessário porque, como explicou James I. Wyer em 1930, no entanto manual escrito sobre serviço de referência “não é possível organizar os livros de forma tão mecânica, tão perfeita, que dispense auxílio individual para a sua utilização” (GROGAN, 1995, P.8).
A importância que a poesia exerce na área da informação, desde os
tempos antigos quando os meios de comunicação eram muito precários, as
obras poéticas já exerciam grandes influencias no contexto da comunicação.
Hoje essa influencia ainda prevalece tanto com relação aos poetas modernos,
como no resgate das obras mais antigas. É bem interessante fazer essa
39
comparação entre o antigo e o moderno aliás, em vários aspectos da cultura,
no sentido de um melhor entendimento.
6.1 POESIA E BIBLIOTECA A biblioteca é um suporte dentro de uma escola, seja pequena, grande,
digital ou virtual, é necessária em qualquer setor educacional. A escola a
princípio procura orientar o aluno adequadamente nas suas atividades iniciais e
a biblioteca faz a complementação, funcionando como agente da educação,
oportunizando a esse aluno um melhor desenvolvimento intelectual e social.
Com especialidade a biblioteca escolar, vem desenvolvendo excelentes
trabalhos, através de leituras, oficinas, atividades recreativas, direcionados pelo
princípio da valorização do saber, com resultados satisfatórios, evidentemente
quando tem a frente um bom profissional.
Quando existe uma combinação entre professores e bibliotecários a
atividade poderá estimular o aluno com maior eficácia. Isso porque o
conhecimento do acervo harmoniza-se com o planejamento do professor,
proporcionando ao usuário um melhor rendimento nas suas pesquisas.
O bibliotecário pode realizar excelentes trabalhos, a começar pela
arrumação do espaço. A disposição dos moveis, seleção dos livros e
periódicos, a postura no atendimento, a organização de eventos.e obviamente
o conhecimento do acervo.
Um dos programas mais solicitados na biblioteca são os “SARAUS”,
evento cultural onde as pessoas podem se encontrar para recitarem poesias ou
exibirem outras formas de arte como música, pintura e teatro. É bastante
comum nos dias de hoje, os amigos se reúnem com suas respectivas famílias
em residências, escolas ou outros recintos convidativos.
Não esquecendo que o papel do bibliotecário para esses eventos
também é fundamental, orientando, incentivando a leitura, explorando de modo
eficiente as tendências. As poesias mais procuradas são as que falam dos
interesses do leitor. Poderão surgir nesses movimentos literários, poetas
principiantes e a poesia como fonte de informação despertará o gosto pela
leitura.
A biblioteca funciona no sentido de atingir os objetivos escolares,
podendo-se afirmar que sua finalidade máxima é servir e difundir a leitura. A
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poesia abaixo critica a posição que a biblioteca escolar ocupa, a atitude dos
dirigentes da escola com relação ao seu funcionamento, escrita pela autora do
trabalho após experiências próprias nesse sentido
A BIBLIOTECA ESCOLAR
Não basta a biblioteca ser definida Como um simples espaço escolar Às vezes ela fica até sem espaço Outra atividade a sala vai ocupar.
Não ocupa um lugar de destaque
Talvez porque não se admite imaginar Que a construção do conhecimento
Encontra-se numa biblioteca escolar.
Sem dúvida precisa ser reconhecida Como um poderoso espaço escolar Suporte que contem conhecimentos
Para o professor que pretende inovar.
Em busca de novas informações O aluno nesse recinto quer entrar
Surge o leitor crítico e independente Que a biblioteca contribui para formar.
A educação não acontece unilateralmente Na biblioteca o professor complementar Calcados nas leituras complementares A cada dia o aluno pode se qualificar.
6.2 POESIA E RELIGIÃO
Não poderia ficar de fora a poesia na religião, seja religião católica ou
protestante, os versos também são uma maneira de difundir os ensinamentos
de Jesus Cristo. Muitas verdades da religião foram reveladas aos homens na
forma de poesia.
A escrita complementa a oralidade, na proporção em que esta é limitada
em sua inteligibilidade. Ambos se favorecem mutuamente na troca de
elementos, que pode salientar o que se queira repassar com a poesia, Já que
inúmeros estudiosos confirmam que a poesia tem a religião, a magia, o mito.
De fato a poesia é a expressão elevada ao seu ritmo essencial pela
linguagem humana, do sentido um pouco misterioso dos aspectos da
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existência. Ela adorna de autenticidade a vida e colabora na tarefa espiritual. A
utilização da linguagem poética poderá favorecer essa espiritualidade.
O Barroco foi um movimento que tentou conciliar a religiosidade
medieval com o humanismo renascentista. Logicamente ligada à tendência
religiosa muito conservadora da Contra-Reforma. O período chamado Barroco
representou uma tentativa de retorno à tradição cristã medieval, uma forma de
reatamento entre o homem e o divino.
Nesse âmbito a poesia teve uma parcela de contribuição, em que se
mesclam sensualismo e misticismo, religiosidade e erotismo e na maneira bem
simples o céu e a terra. Esse período acabou por se tornar uma corrente
literária muito polarizada em suas formas, impregnado na religiosidade.
O Padre José de Anchieta, missionário jesuíta que veio para o Brasil em
1553, escreveu várias poesias em português, espanhol, latim e tupi. Essas
poesias hoje são verdadeiros documentos informativos, pelos quais os
estudiosos decifram a metodologia usada por esses padres, para catequizar os
silvícolas, dentro da ética religiosa durante a colonização do Brasil. (ABDALA
JÚNIOR, 2000)
Com relação a Bíblia Sagrada, é sem dúvida uma das maiores
referências textuais existente no mundo cujas histórias, personagens, figuras,
motivos, imagens e poesias emolduraram por milênios o imaginário da cultura,
que transcende o significado religioso.
São inúmeras as obras literárias que compõem a Bíblia, entre as quais
estão “Os Salmos”, livros do Antigo Testamento, escritos em forma de poesias.
Nesse livro estão contidas as orações dos antigos judeus, que atualmente é um
enlevo espiritual para os religiosos e também foi para o próprio Jesus Cristo.
Na antiguidade o caráter religioso dos salmos destacava-se pela sua
incomparável profundeza, gratidão pela misericórdia infinita e pelo perdão de
Deus. Os poemas messiânicos de Davi tornam os salmos mais compreensíveis
ante os próprios pecados, tristeza e temor dos perigos que cercam a
humanidade.
“O Cântico dos Cânticos” é uma coleção de poemas que evidentemente
devem ter sido destinados às solenidades de núpcias. O amor é o tema
principal, especificamente entre um homem e uma mulher no casamento.
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Essas poesias servem como fontes de informação para atividades reflexivas
predominantes nos meios religiosos da atualidade.
“Provérbios” outro livro pelo qual o autor utilizou a poesia para associar
parentesco com textos anteriores orientais. De modo especial as poesias que
compõem o livro chamado Provérbios, salientam a piedade espiritual e a
educação das crianças. Também se pode reconstruir um verdadeiro código de
direito régio, reunindo-se os fragmentos dispersos que tratam desses assuntos.
(Informações extraídas da Bíblia Sagrada, 1997)
6.3 POESIA E FOLCLORE
Tudo teve início quando o cientista e arqueólogo inglês William John
Thoms enviou uma carta ao jornal de Londres “O Ateneu”, no ano de 1846,
propondo a criação da palavra “folk-lore” para designar o conjunto de
manifestações culturais nascidas de um povo para o povo, perpetuadas por
muito tempo..
Apesar de algumas resistências, a palavra internacionalizou-se e até os
dias atuais a cada 22 de agosto, as escolas e outras entidades culturais
rememoram essas tradições. Folclore é na realidade o conjunto dessas
tradições, informações e conhecimento, que se manifesta espontaneamente no
meio de uma determinada população.
Os natalenses podem se orgulhar de ter como conterrâneo Luís da
Câmara Cascudo, considerado o maior folclorista do mundo, que pesquisou
historias dos habitantes da cidade e do campo. Conviveu com os sábios, os
humildes, os analfabetos, as assombrações, os mistérios estudou o caminho
que levava o encantamento do passado.
Ninguém acreditava no meu desinteresse eleitoral. Impossível para eu dividir conterrâneos em cores, gestos de dedos, quando a terra é uma unidade com sua gente. Foram os motivos de minha vida expostos em todos os livros. Em outubro de 1968 terei meio século nessa obstinação sentimental. Devoção aos mesmos santos tradicionais. (CASCUDO, 1968, p. 2)
Em sua residência no Bairro do Tirol hospedou tanto membros da
Família Imperial Brasileira, como Fabião das Queimadas. O que interessava
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para esse grande folclorista era a vida do povo na sua normalidade, como
viviam as manifestações da legitimidade social. Dedicou sua vida a estudar as
permanências da vida brasileira.
A poesia exerce um papel muito importante no folclore. Ressalta as
letras nas músicas, cantigas populares, adivinhações, parlendas, trava-línguas,
quadrinhas e ditados populares, canções de ninar e até a maneira de terminar
determinadas histórias a poesia é predominante.
As pessoas podem cantar, sentir e ouvir, deixando-se guiar pela
sensibilidade e pela sensação que a poesia lhes sugere e comunica. O
cancioneiro popular é um exemplo de música que transmite o folclore,
recheados de rimas e ritmos, empolgam a todos, reiteram a importância de um
tempo passado. A sonoridade dessa adivinhação que tem como resposta a
zebra:
O que é, o que é? Do mundo nada reclama,
Leva a vida regalada. Parece um cavalo de pijama
Sempre de roupa listrada.
Parlendas, são palavreados em versos de poucas sílabas, com rimas
simples, que ajudam a memorizar as primeiras noções de seqüências. São
declamadas e o ritmo é seu elemento mais forte. Todavia as canções de ninar
ou acalantos apresentam várias versões por conta das influências culturais.
Mas em todas as regiões essas canções são dotadas de rimas:
O folclore envolve canto, interação, movimento e poesia, possibilitando
rítmica e a identificação de movimentos do corpo. A cultura no Brasil é
riquíssima e a poesia apresenta uma exuberância dentro do folclore.
44
7 LITERATURA DE CORDEL A literatura de cordel é um dos recursos da informação mais intenso da
cultura brasileira. Propagado em feiras e eventos populares, o cordel é uma
mistura de epopéia e apreciação sobre a dura realidade principalmente da
Região Nordeste. É uma fusão do humor com a crítica social, enfocando o
meio ambiente, a religião, a política, a sexualidade, a seca, saúde, educação,
desafios.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram na bagagem
esse estilo popular de fazer poesias, tornando-se rapidamente o gênero mais
popular e mais brasileiro do que os outros. Na verdade como foi dito
anteriormente engloba todos os assuntos que estão em evidencia.
Com o passar do tempo o cordel passou a retratar também
acontecimentos recentes, até porque não existia outro meio de comunicação
ou quando um determinado grupo era privilegiado com a acessibilidade à
informação, as camadas mais populares não tinham acesso, então o cordel era
usado como meio de comunicação e principalmente de opinião.
. A literatura popular em versos passou por diversas fases de incompreensão e vicissitudes no passado. Ao contrário de outros países, com o México e a Argentina, onde esse tipo de produção literária é normalmente aceita e incluída nos estudos oficiais de literatura – por isso poemas como “La Cucaracha” são cantados no mundo inteiro e o herói do cordel argentino , Martin Fierro, tornou-se símbolo da nacionalidade platina -, as vertentes brasileiras passaram por um longo período de desenvolvimento e desprezo, devido a problemas históricos locais, como a introdução tardia da imprensa no Brasil (o último país das Américas a dispor de uma imprensa é a excessiva imitação de modelos estrangeiros pela intelectualidade. (LUYTEN, 2000, p. 05)
No tempo anterior ao rádio, televisão e Internet o cordel era o informativo
que a sociedade dispunha e em muitas ocasiões funcionou como um
instrumentos de alfabetização. Os versos dos repentistas representavam um
modo especial de olhar para a vida e para a alma do povo brasileiro.
Inicialmente os temas eram ligados à histórias antigas que coletavam
romances os quais vinham sendo transmitidos oralmente, atravessando
gerações e encantando populações.
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O cordel ao contrário do que aparenta não é em hipótese alguma, um
estilo inferior de literatura, mas sim um veículo de informação e opinião onde
são biografados figuras de notabilidade que fazem a história. Dessa maneira
vem ganhando aos poucos, espaço nos livros didáticos, obviamente nas
escolas, usado como fonte de estudo e reflexão.
Como pouquíssimas pessoas sabiam escrever e ler, a poesia,
geralmente em cordel, era declamada para transmitir de geração em geração a
história do povo. A poesia era necessariamente indispensável, pois mantinha
uma população ligada através de uma cultura. É possível que a rima tenha sido
introduzida para ajudar na memorização das informações repassadas pelas
poesias, que contavam e cantavam as tradições do povo, bem como a
coragem dos seus heróis. .
Atualmente o cordel vem ganhando espaço no âmbito acadêmico, isso
porque tornou-se um promissor objeto de estudo científico. Já está comprovado
o fato de que o número de trabalhos em torno da temática, está em constante
crescimento, segundo os lingüísticos de todo o país.
Nas escolas, nas universidades, seguindo essa propensão de
crescimento do interesse pela literatura popular, vem criando linhas de
pesquisa voltadas para a reflexão e discussão de questões voltadas para a
literatura de cordel. (NAUD, 2004, nº 6)
É nessa perspectiva que se destaca esse gênero tão popular tornando-
se uma modalidade narrativa em ascensão. Talvez a rejeição que por ventura
ainda predomina seja em consequência da má qualidade da impressão, o
descaso com a correção lingüística, a presença marcante da oralidade, a
questão de ser vendida tradicionalmente nas feiras livres sem esquecer a
característica do consumidor, em geral de baixo nível escolar e também de um
poder econômico reduzido, dificultando assim a aquisição de outras obras.
Se a memória popular vai conservando e transmitindo velhas narrativas e acontecimentos recentes esta transmissão está para sempre marcada pelo espírito desta sociedade. E não é por outra razão que a memória popular vai conservando os fatos narrados, transmitidos com as adaptações de cada narrador aquilo que foi ouvido. E quando se trata de alfabetizado, a transmissão se torna ainda mais fácil, porque oriunda da própria leitura dos folhetos. (BATISTA, 1997, p. 17)
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Quando a sociedade tinha quase somente essa forma de literatura, e se
encontravam nos alpendres das casas nas fazendas, o cordel era na verdade
um interessante veículo de comunicação, despertando o interesse dos
expectadores. Fazendo com que o caráter informacional dessa literatura
tivesse sua efetivação.
Todavia é de fundamental importância salientar que hoje mesmo com a
televisão e Internet, a literatura de cordel continua sendo porta-voz do falar e
do pensar do povo, expressas em suas marcas principais: o forte traço da
oralidade, presente nas falas dos personagens e a ideologia presente nas
formas como essas figuras atuam e sobrevivem na essência das narrativas.
Desde os tempos dos gregos até a modernidade de hoje, a poesia
sobrevive e terá sempre seu espaço reservado, pelo menos enquanto o
homem souber captar a poesia que existe em tudo o que está ao seu redor.
7.1 O NEOCORDEL REVOLUCIONA LITERATURA CONVENCIONAL
Trata-se da nova versão do cordel, já com um bom número de adeptos,
um pouco diferente da forma convencional. A denominação “neocordelismo”
vem do pioneirismo em reinventar versos, transformar os temas do cordéis
tradicionais em temas livres, inovando em todos os aspectos.
Essa nova versão do cordel traz temas polêmicos e não menos rimados,
estórias da vida real e não mais o trivial da vida do campo e dos costumes
nordestinos. O neocordelismo não segue normas e regras e livre na sua forma
de expressão, quanto a rima e a métrica.
O cordel que ganhou esse nome originário de cordão, porque no
passado eram vendidos nas ruas estendidos em cordões, tem as normas
tradicionais, até pode-se dizer rígidas com relação a capa, impressão,
diagramação, xilogravuras até uma exigência quanto ao número de versos que
compõe cada poema. As temáticas geralmente são regionais, tratam de
violeiros, matutos, vaqueiros e tudo mais o que o imaginário permitir.
No neocordelismo as palavras vulgares desaparecem, existe um cuidado
maior com as palavras, a gramática aplicada é mais aguçada e incentiva ao
leitor a busca por um novo vocabulário elitizou o gênero. Evidentemente existe
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um prazer maior na leitura, isso porque os temas são relevantes ao cotidiano e
o vocabulário
No Rio Grande do Norte existem alguns neocordelistas como o poeta e
escritor João Batista Campos de Farias. Em quase três anos, o poeta e escritor
publicou 80 obras e vendeu mais de 33 mil exemplares, viaja país a fora para
divulgar essa nova forma de fazer cordel. Participa de feiras de livros inclusive
participou da Bienal de São Paulo.
João Batista está lutando para conseguir o apoio dos educadores,
porque somente através das escolas pode haver a disseminação da Literatura
de Neocordel. Levando-se em consideração que alguns professores não
simpatizam com o Cordel, o projeto tem tudo para dar certo. A iniciativa já
rendeu bons frutos.
Segundo Borges (2008) recentemente, numa parceria inédita com
alunas de um colégio particular não identificado, de Natal, o escritor e
neocordelista João Batista, publicou a primeira obra infanto-juvenil “A História
do Tucano” que reflete um pouco o que se propõe essa nova forma de fazer
literatura.
Um problema surgiu, os cordelistas tradicionais não concordam com
essa inovação. Segundo Erivaldo Leite de Lima mais conhecido como Abaeté,
um poeta cordelista de grande projeção entre os potiguares, o cordel não pode
fugir dos clássicos de antigamente. Segundo o poeta Abaeté quando não há
rima, fica mais difícil de decorar
Apesar dos temas corriqueiros, característicos e comuns ao cordel,
Abaeté afirma que consegue inovar, nos tempos de eleição, por exemplo,
lançou um, cordel com o tema: “Eleitor consciente”, uma alternativa encontrada
para promover uma reflexão com relação ao exercício da cidadania na hora de
escolher seus candidatos.
O exemplo de Abaeté existem outros cordelistas que sem sair do estilo
tradicional estão escrevendo temas bem interessantes. Zé Saldanha um dos
maiores cordelistas do rio Grande do Norte, atualmente com 80 anos de idade
tem um estilo bem liberal para escrever suas poesias.
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7.2 POESIA MATUTA
A poesia matuta muito apreciada pelos amantes do gênero poético, nem
sempre é escrita por um matuto. Geralmente é uma crítica disfarçada na
linguagem do matuto que além do censo de humor empregada na poesia pode
sensibilizar qualquer indivíduo. A crítica também poderá ser deferida a uma
pessoa, um órgão público, repartição, saúde, segurança e educação.
Bem comum os poetas usarem a ignorância e tudo o que faz parte de
um contexto social caracterizado pelo desgaste e pela injustiça social. A
política é um alvo bem notório, pois na visão de alguns críticos a causa de boa
parte da péssima situação em que vive o povo é proveniente das incorretas
administrações existentes no Brasil. A democracia é inviável em um Estado
tomado pela miséria e pela fome, onde a população injustiçada se detém ao
conformismo e o assistencialismo por parte do poder público.
Homens não nasceram para passar fome, se isso ocorre, é produto da visão mercantilista, portanto individualista, de muitos. Há séculos que a pobreza deixou de ser um problema pessoal para se transformar em chaga social. Alguns especialistas dizem que sempre haverá ricos e pobres, todavia não deverá haver miseráveis. (MORAES, 2001, p. 38)
Dentre muitos poetas que escrevem poesias matutas destaca-se
Patativa do Assaré, que se tornou famoso no Nordeste na década de 1940,
quando ridicularizou publicamente o prefeito da cidade de Assaré (sua cidade
natal) com numa poesia improvisada e acabou preso. (GURGEL, 2001, p. 86)
Patativa da Assaré redigiu muitas poesias falando sobre a Reforma
Agrária. Vejam essa quadrinha. (ENCICLOPEDIA MIRADOR, 2000, vol. 12)
Se a terra foi Deus quem fez
Se é obra da criação Deve cada camponês
Ter seu pedaço de chão.
Através dessa quadrinha Patativa do Assaré critica a atitude dos
grandes latifundiários aqui no Brasil. Segundo ele a terra pertence a quem
precisa a quem quer produzir, mas a realidade é bem diferente. Suas poesias
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aguçam a reforma agrária, porém uma reforma feita com justiça e sem
violência.
Muitos cantores brasileiros cantaram as poesias de Patativa do Assaré,
o clássico “Triste Partida” gravado pelo cantor Luís Gonzaga, é uma
composição de Patativa do Assaré que denuncia o descaso dos governos para
com o Nordeste e o êxodo dos nordestinos para o sul do país.
Apesar de ser quase analfabeto, deixou belíssimas poesias, que lhe
possibilitou receber do presidente Fernando Henrique Cardoso de Melo a
“Medalha José de Alencar”.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o tempo dos gregos até os dias de hoje, a poesia sobrevive e terá
sempre seu espaço reservado, pelo menos enquanto o homem souber captar a
poesia que existe em todas as situações. Até mesmo um discurso escrito em
poesia, é suscetível de harmonia e musicalidade. E isso é possível porque a
poesia vem aos poucos se libertando das rígidas regras, tornando-se
semelhante à prosa, desaparecendo a rima e a métrica.
A experimentação da poesia em cartazes, outdoors, propagandas
comerciais, convites e anúncios em geral, representam à tentativa de adequar
a arte poética a um mundo em constante mutação. Enfim a cultura, a poesia e
a informação se confundem.
E essa arte da palavra na qual o ritmo predomina sobre o conteúdo está
dominando evidentemente a era da tecnologia. Acompanhando o progresso e
suas evoluções como é o caso do neocordel, que surgiu no momento
apropriado.
No entanto percebe-se que ainda existe certa rejeição. No Curso de
Biblioteconomia a poesia não é usada, não diferente de outros. A poesia é
ainda considerada algo que desperta de vez em quando a atenção de uma
minoria.
Todavia o trabalho foi de grande proveito, um valioso documento para
estudos que todo profissional da área certamente necessitará. É um tema
agradável, estimulando o lado romântico dos leitores. Uma versão do amor em
forma de pesquisa.
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A POESIA
As melhores e as mais lindas poesias Que se pode nesse mundo encontrar Devem ser sentidas só com o coração Sem ao menos um som balbuciar. Escrever poesias é apalpar palavras Embalando cada uma no seu lugar Formando uma avalanche de ritmos Numa cadência própria para cantar. Letras curvas, grandes ou pequenas Como pilares de uma língua destacar A espera de expandir conhecimentos Com o prenúncio da espera do que virá. A rima é como se fosse a possibilidade De uma flauta cujo caminho vai apontar A extensão que a música acompanha Procurando o melhor ritmo para cantar. A poesia chama todos para o diálogo Com o processo de cada palavra informar Tem o que é considerado mais importante A emoção que o escrito proporcionará. Natal, 12 de outubro de 2009
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A PALAVRA É POESIA Poesia é revelação contada em cada linha É a arte de escrever em versos, é inspiração É um atalho para o êxtase, seja ele qual for Um determinado desabafo com muita emoção. Poesia é uma criatividade da própria cultura É o ponto de vista dependendo da informação É o despertar de vários e vários sentimentos Que se encontram entorpecidos sem direção. Poesia é a sintonia da alma com o mundo Pela qual as pessoas encontram transmissão É um canto, um conto, uma história ou melodia É um momento bom para uma transformação. Poesia é também a natureza se revelando São pássaros cantando sem nenhuma intuição Poesia são palavras imensuravelmente bonitas A aproximação da linguagem com a repercussão. A poesia é uma narrativa em forma de versos Mas nem tudo o que é escrito em verso é poesia Exalta uma escrita de grande expressividade Para identificar imagens e temas do dia-a-dia. Relacionada com o que causa prazer imediato A poesia é uma linguagem da boa imaginação Atinge bem a intimidade e a atividade humana A poesia estimula o sentimento de uma paixão. Poesia não é uma simples ocupação frívola Como determinadas pessoas tem pensado Constitui uma forma de informação evidente Com exceção do ocioso que vive desocupado. Tem a capacidade de iluminar muitas mentes Aproximando a simplicidade com o intelectual Reforçando a sensibilidade sempre presente Causando resultado em sua maioria especial. Natal, 09 de novembro de 2009
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O QUE É POESIA Poesia é a arte de escrever em versos Composição de pequena extensão É o que desperta o sentimento belo O entusiasmo criador da inspiração. Poesia é encanto graça é atrativo É o que de elevado e comovente Difícil é não associar a criatividade Uma inspiração que mexe com a gente. É como se ao introduzir ar nos pulmões Esse ar viesse carregado de emoção Surge a vontade de expressar esse estado Então escreve-se para curtir essa sensação. Dessas experiências surgem as poesias Descobre-se rápido o entusiasmo do escritor Escrever poesia é explorar a criatividade E nesse sentido, o produto aqui resultou. Natal, 10 de outubro de 2009.