Post on 18-Apr-2015
Pluralismo farmacológico: mães à procura de tratamento para menores de cinco anos em Xai-Xai (Moçambique)
Gefra Gustavo Fulane ISCTE-IUL
Geral:Analisar os percursos das mães na procura de medicamentos
para menores de cinco anos de idade, na cidade de Xai-Xai;
Específico 1: Descrever o contexto de
pluralismo farmacológico e as lógicas dos agentes;
Específico 2:Caracterizar as principais
doenças em menores de cinco anos de idade;
Específico 3:Descrever os percursos das
mães na procura de fármacos para menores de cinco anos.
OBJECTIVOS
PROBLEMÁTICAA mortalidade em menores de cinco anos é um dos assuntos globalmente preocupantes na contemporaneidade e constitui um desafio fulcral dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio número 4 (ODM 4).
Mundo: 6,9 milhões de mortes em 2011; 58% por
doenças infecciosas
Moçambique: taxa de mortalidade em
<5 anos é de 103 óbitos/1000NV;
Moçambique: Serviço Nacional de Saúde cobre apenas 40% da população;
Xai-Xai: cidade multi cultural descrita pela coexistência de
diferentes conhecimentos e práti cas médicas
Xai-Xai: terreno original/virgem; 115.752 hab. = 1 hospital geral, 2
postos de socorro e 3 centros de saúde;
Quais são os percursos das mães na procura de medicamentos para doenças em menores
de cinco anos de idade, em Xai-Xai?
Num contexto de pluralismo médico, os indivíduos guiam-se pela percepção sobre a etiologia, ao que as doenças causadas por manipulações mágicas são tratadas na medicine of savage people e as causadas por factores naturais na modern medicine.
Em sistemas de cuidados de saúde, o significado atribuído à causa da doença é o motivo pelo qual os indivíduos passam pelo sector popular, sector profissional ou sector folclórico.
Num mercado plural de cura, o que dita a procura de tratamento de doenças são as condições pelas quais a eficácia do tratamento é avaliada pelo sistema de crenças.
Rive
rs (1
924)
Klein
man
(198
0) Thornton (2010)QUADRO TEÓRICO
1ª FASE: estado da arte. Jun/2011- Out/2012
• Revisão Bibliográfica: bibliotecas físicas e online.
2ª FASE: etnografia.Jan-Mar/2012
• Cidade de Xai-Xai;• Entrevistas semi-directivas;• Conversas informais;• Observações directas;• Bilingue: Português e
Changana.
3ª FASE: análise de dadosAbr-Out/2012
• Análise de conteúdo;• Construção de um
conhecimento baseado no fluxo entre a teoria e os dados.
METODOLOGIAConjugação das abordagens qualitativa e quantitativa: análise simbólica e
concreta dos percursos das mães
Procedimentos éti cos: Parti cipantes informados sobre os objeti vos do estudo;
Consenti mento informado; Nomes fi ctí cios.
Grupo-alvo Técnica Local
Mães (13); Avó (1) Entrevistas, observações Centro de Saúde e residências
Enfermeiras (2) Entrevistas e observações Centro de Saúde
Farmacêuticos (2) Entrevistas, observações e conversas Farmácias
Curandeiro (1) Entrevistas, observações e conversas Sua residência
Vendedor de fármacos tradicionais (1)
Entrevistas, observações e conversas Mercado Limpopo
Ainda realizámos conversas informais com alguns pais e tios; diretor Provincial de Saúde e antropólogos do DAA.
Análise de material escrito: Plano de Estrutura Urbana do Município de Xai-Xai, estudos sobre a mortalidade infantil por doenças em Moçambique e Perfil Epidemiológico da cidade de Xai-Xai.
Outputs:Entrevistas gravadas, diário de campo e material escrito.
Perfil das mães
Idade média:28,8 anos
Escolaridade média:8º ano
10 cristãs2 sem religião1 muçulmana
Responsáveis por 7 raparigas e 6 rapazes, com idades entre os 7
meses e 4 anos
Pluralismo farmacológico em
Xai-Xai
Hospitais e Centros de Saúde Farmácias biomédicas Farmácias tradicionais Curandeiros
AGENTES DO MERCADO FARMACOLÓGICO EM XAI-XAI
Doenças como entidades orgânicas Doenças como entidades orgânicas e socioculturais
Dualismo paradigmático questionável em Moçambique: constante interacção, possibilitada pelos percursos múltiplos realizados pelos indivíduos,
assim como pela relação entre os seus praticantes.
Malária, pneumonia, HIV/SIDA,
diarreia e
sarampo
Malária,
doença da
lua,
expectoraçã
o/constipaçã
o, HIV/SIDA,
diarreia,
xilálá e
nómbó
Esta dissonância pode estar na causa da ineficiência e ineficácia dos programas de intervenção para a redução de doenças em menores de cinco anos em Moçambique.
OMS/MISAUMÃES
DOENÇAS EM MENORES < 5 ANOS
1ª estância: medidas caseiras
2ª estância: fármacos
biomédicos
3ª estância: fármacos
tradicionais
4ª estânciafármacos
biomédicos e tradicionais
PERCURSOS DAS MÃES
Para todas as doenças
Para doença da lua, xilalá e nombó
Para todas as doenças
Para malária, expetoração/constipação, HIV/SIDA e diarreia
Kleinman (1980)
Pilkington et al (2004)
Straus et al (2011)
ARGUMENTO FINALEmbora exista um processo controlado de planeamento e programação de jure em relação à gestão de doenças em menores de cinco anos de idade, os indivíduos de facto reconstroem tais programas e criam respostas locais sobre saúde e doença – que concomitam com as respostas institucionalizadas = Sociedade individualizada em Bauman (2001).
Obrigada!