Post on 09-Nov-2018
i
Universidade de Brasília
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Departamento de Administração
PAULO AUGUSTO ROCHA GOULART
CONTEXTO E ATITUDES NA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL:
um estudo realizado em duas empresas de Brasília
Brasília – DF
2011
ii
PAULO AUGUSTO ROCHA GOULART
CONTEXTO E ATITUDES NA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL: um estudo realizado em duas empresas de
Brasília
Monografia apresentada ao Departamento de
Administração como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Professor Orientador: Drª, Elaine Rabelo
Neiva.
Brasília – DF
2011
iii
Goulart, Paulo Augusto Rocha
CONTEXTO E ATITUDES NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL:
um estudo descritivo realizado em duas empresas de Brasília / Paulo
Augusto Rocha Goulart. – Brasília, 2011.
67 f. : il.
Monografia (bacharelado) – Universidade de Brasília, Departamento de
Administração, 2011.
Orientador: Prof. Drª, Elaine Rabelo Neiva, Departamento de
Administração.
1. Mudança organizacional. 2. Contexto organizacional. 3. Atitudes
frente à mudança. I. Título.
iv
PAULO AUGUSTO ROCHA GOULART
CONTEXTO E ATITUDES NA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL: um estudo realizado em duas empresas de
Brasília
A Comissão Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Conclusão
do Curso de Administração da Universidade de Brasília do (a) aluno (a)
Paulo Augusto Rocha Goulart
Drª, Elaine Rabelo Neiva
Professora-Orientadora
Titulação, Nome completo, Titulação, nome completo
Professor-Examinador Professor-Examinador
Brasília, ....... de .................. de ............
v
A Deus, pela vida, pelas experiências e pelo amor ofertado
em medida incompreensível aos meus olhos. Aos meus
avós, pelo carinho, dedicação e amor. Aos meus pais, pela
rica experiência e aprendizado proporcionado pelas suas
ações. Aos meus amigos, pelo companheirismo, afeto,
diversão e aventuras. Aos companheiros de trabalho, pela
paciência, profissionalismo e alegria ao lidar com as
surpresas da vida de escritório. À minha mulher,
companheira, amiga e “chata” de todas as horas. Sou grato
por você existir na minha vida e por me ajudar a lidar com
as mudanças.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que me mostraram, em diversas
medidas, o valor positivo e negativo das mudanças nos
variados âmbitos da vida...
viii
RESUMO
A presente pesquisa, inserida no campo de estudos sobre mudança organizacional, buscou
avaliar as possíveis relações entre o contexto organizacional e as atitudes que os indivíduos
podem manifestar frente à mudança. Para tal, esta pesquisa, de caráter correlacional,
considerou um universo de 107 indivíduos de duas organizações de Brasília – DF: uma
pública e outra privada. Para medir o contexto, foi adotado um instrumento em fase de
validação (NERY, 2011) composto de dois fatores, a saber: planejamento, preparo e
experiências anteriores com a mudança; e risco e impacto das mudanças. Para medir as
atitudes frente à mudança, foi adotado um instrumento validado por Neiva, Ros e Paz (2004),
composto de três fatores, quais sejam: ceticismo, temor e aceitação. Para avaliar a possível
relação entre os fatores, foi utilizada a técnica de regressão múltipla. Os resultados da
pesquisa apontaram relação significante entre os fatores de contexto e atitudes frente à
mudança, conforme está explicitado na formulação a seguir: a variável planejamento, preparo
e experiências anteriores com a mudança explica negativamente a variável ceticismo, não
explica a variável temor e explica positivamente a variável aceitação; já a variável risco e
impacto das mudanças nos empregados explica positivamente a variável ceticismo, explica
positivamente a variável temor, e não explica a variável aceitação. A pesquisa encontra
suporte teórico nos estudos já realizados acerca da mudança organizacional, aos quais se
recorreu no decorrer da elaboração do trabalho.
Palavras-chave: Mudança organizacional. Contexto organizacional. Atitudes frente à
mudança.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Contexto em transformação e novos formatos organizacionais ................................ 14
Figura 2. Organograma Sebrae, 2011. ...................................................................................... 29
Figura 3. Organograma da Chilli Beans Brasília ...................................................................... 31
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Conceitos de Mudança Organizacional ................................................................... 17
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Frequências das variáveis demográficas ................................................................. 34
Tabela 2 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por empresa ............................... 40
Tabela 3 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por gênero ................................. 40
Tabela 4 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por escolaridade ........................ 41
Tabela 5 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por cargo ................................... 42
Tabela 6 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por idade ................................... 43
Tabela 7 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por tempo de serviço ................. 44
Tabela 8 - Resumo do modelo - Ceticismo .............................................................................. 45
Tabela 9 - Coeficientes de Ceticismo ....................................................................................... 45
Tabela 10 - Resumo do modelo - Temor .................................................................................. 46
Tabela 11 - Coeficientes Temor ............................................................................................... 46
Tabela 12 - Resumo do modelo - Aceitação............................................................................. 47
Tabela 13 - Coeficientes Aceitação .......................................................................................... 47
xii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6
1.1 Formulação do Problema ................................................................................................ 9
1.2 Objetivo Geral .............................................................................................................. 10
1.3 Objetivos Específicos ................................................................................................... 10
1.4 Justificativa ................................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 12
2.1 O Cenário de Transformações e a Mudança Organizacional ....................................... 12
2.2 O Contexto de Mudança ............................................................................................... 19
2.3 Atitudes Frente à Mudança ........................................................................................... 21
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................ 25
3.1 Caracterização da Organização, Setor ou Área do Objeto de Estudo .......................... 26
3.1.1 A Empresa Pública – Sebrae ........................................................................................ 26
3.1.2 A Empresa Privada – Grupo Empresarial Viva ............................................................ 29
3.2 Caracterização da Mudança nas Organizações Estudadas ........................................... 32
3.3 População e Amostra .................................................................................................... 33
3.3.1 Amostra da Empresa Pública ........................................................................................ 34
3.3.2 Amostra da Empresa Privada ....................................................................................... 35
3.4 Instrumento de pesquisa ............................................................................................... 35
3.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados ............................................................ 38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 39
4.1 Comportamento das Variáveis...................................................................................... 39
4.2 Relações entre as Variáveis .......................................................................................... 44
4.2.1 Preditores de Atitudes de Ceticismo Frente à Mudança ............................................... 45
4.2.2 Preditores de Atitudes de Temor Frente à Mudança .................................................... 46
4.2.3 Preditores de Atitudes de Aceitação Frente à Mudança ............................................... 47
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 48
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 52
ANEXOS .................................................................................................................................. 56
Anexo 1 – Instrumento de Contexto e Atitudes Frente à Mudança.......................................... 56
6
1 INTRODUÇÃO
Em razão da premente necessidade de renovar-se, com vistas em manter-se no
mercado de maneira competitiva, é que as organizações procedem a mudanças. Estas não
ficam ilesas às reações dos indivíduos, os quais ora podem recebê-las de maneira favorável –
a depender de uma conjuntura de fatores -, ora podem assumir posturas de resistência frente
aos novos contextos promovidos pelas mudanças. Essas atitudes, favoráveis e contrárias, têm
sido objeto de investigação de alguns estudos desde a década de 1970, como atesta, entre
outros, Neiva (2004) no trabalho Percepção da mudança organizacional: o papel das atitudes
e das características organizacionais. Na esteira das investigações sobre o tema, este trabalho
tem por interesse verificar a percepção da mudança organizacional pelos indivíduos de duas
empresas de Brasília, a saber, uma da iniciativa pública e a outra do setor privado,
respectivamente, o Sebrae e o Grupo Empresarial Viva. Em ambas, no intervalo de 1 ano –
considerando desde os meses iniciais de 2010 até o primeiro trimestre de 2011 – foram
empreendidas mudanças de âmbito externo e interno, cujos resultados - sobretudo no que
dizem respeito à percepção da mudança pelos próprios funcionários - serão examinados pelo
presente trabalho. Para tanto, importa contextualizar a mudança organizacional dentro de uma
perspectiva ampla, refletindo acerca do processo de mudanças sentido em vários âmbitos da
realidade por emergência da globalização.1
A velocidade e a natureza das mudanças ocorridas nas últimas décadas no que dizem
respeito às exigências dos clientes, à competitividade do mercado e à globalização requerem
das empresas um novo posicionamento. Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ
(2008), em virtude dos processos inovadores verificados na realidade atual, tais como a
globalização, as novas exigências de mercados consumidores, o aumento da competitividade,
os antigos desequilíbrios de demandas da sociedade, a evolução tecnológica e a disputa por
recursos, é indispensável que as organizações realizem mudanças significativas no modo
como gerenciam os negócios, a fim de não perderem oportunidades e caírem no ostracismo.
Schein (1997), ao ser citado por Zanelli e Bastos (2004, p. 440), aponta que as intensas
1 Entendida por Pierik (2003, p. 454, apud GONÇALVES, 2006, p. 3) “como um fenômeno multidimensional
que envolve a mudança na organização da atividade humana e no deslocamento do poder de uma orientação
local e nacional no sentido de padrões globais, com uma crescente interconexão na esfera global”.
7
mudanças nos ambientes tecnológico, econômico, político e sociocultural vêm transformando
as práticas até então consagradas nas organizações em problemas a serem enfrentados. Assim,
em ambientes de negócios que desafiam a adequação de estratégias organizacionais,
estruturas e processos, a capacidade organizacional de compreender e implementar mudanças
emerge como uma capacidade crucial (LINES, 2005).
Ao longo dos últimos 10 anos, cerca de 3,5 bilhões de pessoas ingressaram
paulatinamente no mercado, trazendo uma quantidade imensa de novas oportunidades. Sem
falar que as mudanças na tecnologia e nos mercados estão criando oportunidades tanto para as
empresas grandes quanto para as pequenas, sendo imperativo, para a sua sobrevivência,
aproveitar essas oportunidades (PRAHALAD, 2006). Como já foi constatado por Nadler,
Shaw e Walton (1994, p.15 apud NEIVA, 2004), “as companhias que sobreviveram nas
últimas décadas foram aquelas hábeis em responder rápida e efetivamente às condições de
mudança ambiental”.
Gestores e presidentes de empresas, ansiando pelo aumento da lucratividade,
eventualmente recorrem a mudanças na estrutura, na hierarquia, nos sistemas de remuneração
e nos recursos tecnológicos para manter a competitividade no mercado (FNQ, 2008). Dessa
maneira, requeridas pelo ambiente de negócios e chanceladas pelos gestores e presidentes das
empresas, as mudanças organizacionais encontram legitimidade e suporte por parte dos
agentes envolvidos para serem realizadas. Tais mudanças são apontadas por Neiva como:
[...] qualquer alteração, planejada ou não, em componentes que caracterizam a
organização como um todo – finalidade básica, pessoas, trabalho, estrutura formal,
cultura, relação da organização com o ambiente –, decorrente de fatores internos
e/ou externos à organização, que traz alguma conseqüência, positiva ou negativa,
para os resultados organizacionais ou para sua sobrevivência (NEIVA, 2004, p. 23).2
Amenakis e Bedeain (1999), no trabalho intitulado Organizational change: a review
of theory and research in the 1990s, realizaram uma revisão da literatura sobre mudança
organizacional no decorrer de 10 anos e elencaram os 4 temas de pesquisa mais comuns, a
saber: (a) questões de conteúdo, que largamente focam a substância da mudança
organizacional contemporânea; (b) questões de contexto, que principalmente abordam as
forças ou condições existentes no ambiente interno e externo da organização; (c) questões de
2 NEIVA, E. R. Percepção de mudança organizacional: o papel das atitudes e das características
organizacionais. 2004. 239 f. Tese (Doutorado em Psicologia), Universidade de Brasília, Brasília.
8
processo, que dizem respeito às ações tomadas durante a intenção decretada de mudar; (d)
questões de critério, que lidam com os resultados comumente avaliados nos esforços de
mudança (ARMENAKIS; BEDEIAN, 1999). Conforme abordado em Neiva (2004), “nos
anos de 1970/80, os autores preconizavam técnicas de Desenvolvimento Organizacional
(D.O.), que objetivavam provocar mudanças nas organizações de trabalho por meio de
mudanças nos comportamentos individuais”, o que demonstra que a mudança organizacional
não é um tema tão recente nos estudos.
As organizações devem mudar de forma a adaptarem-se ao ambiente, permanecendo
competitivas. Não obstante desejem mudar, como muitas vezes o fazem, os agentes
responsáveis pela mudança frequentemente apontam a resistência por parte dos funcionários
(LIU e PERREWÉ, 2005). Alguns estudos sobre a resistência à mudança têm sugerido que os
sentimentos negativos são um indicador da falta de vontade de um indivíduo para suportar
mudanças (APPLEBAUM; BATT, 1993; JUDSON, 1991, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007). Após realizarem estudo, Clegg e Walsh (2004, apud DEVOS;
BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007) reportaram 12 fracassos em iniciativas de
desenvolvimento organizacional verificadas em 898 companhias de manufatura espalhadas
em 4 países. De acordo com os autores, uma razão pela qual as tentativas de mudança podem
falhar é que as mudanças, não raro, levam ao aumento de sensações de ansiedade, emoções
negativas, incerteza e ambiguidade entre os trabalhadores (BORDIA; HOBMAN; JONES;
GALLOIS; CALLAN, 2004; KIEFER, 2005, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007). De acordo Bortolotti, Junior e Andrade (2009, p. 2), “do ponto
de vista individual, a mudança pode originar emoções e reações que variam do otimismo ao
medo, podendo incluir ansiedade, resistência, desafio, energia, ambiguidade, entusiasmo,
incapacidade, receio, motivação e pessimismo”. Ainda segundo Lines (2005), os indivíduos
também podem reagir emocionalmente a seus primeiros encontros com uma mudança, bem
como as informações sobre a mudança podem provocar emoções como a frustração, o
entusiasmo ou o medo. A formação de atitudes frente à mudança é um evento crucial no
processo de mudança (LINES, 2005). Essas atitudes são consideradas por Rodrigues, Assnar e
Jablonsky (1999, apud NEIVA, 2004, p. 36) como “uma organização duradoura de crenças e
cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que
predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto”.
Citadas por alguns autores como facilitadores de mudança, as atitudes dos indivíduos
frente à mudança organizacional adquirem importância fundamental quando constatado seu
9
papel de sucesso nos processos de mudança organizacional (NEIVA, 2004). Nesse sentido,
Damanpour (1991, apud NEIVA; ROS; PAZ, 2004), aponta que as atitudes dos gerentes
frente à mudança determinam a participação do empregado e o sucesso no desenvolvimento
de programas de mudança, sugerindo que o processo cognitivo dos indivíduos constitui um
fator determinante no processo de mudança organizacional.
Neste trabalho, serão descritas e analisadas as atitudes dos indivíduos diante da
mudança organizacional em duas empresas de Brasília – DF, assim como o contexto de
mudança. Para tanto, serão utilizados dois instrumentos: um que medirá o contexto de
mudança – ainda em fase de validação - e outro que medirá as atitudes dos indivíduos frente à
mudança. Este foi validado por Neiva, Ros e Paz (2004) e apresenta 3 fatores, quais sejam:
Atitude de Cinismo para Mudar, Temores e Atitude Favorável à Mudança. Segundo essas
autoras,
Os três fatores apresentados refletem alguns fenômenos associados com a mudança
organizacional, conforme descrito na literatura (Bovey & Hede, 2001; George &
Jones, 2001; Vale & Thompson, 1998; Schiemann, 1995). O primeiro fator, Atitude
de Cinismo para Mudar, claramente reflete oposição e cinismo; o segundo, Temores,
também descreve uma atitude negativa para mudar; e o terceiro, a Atitude Favorável
à Mudança, abrange crenças e comportamentos positivos em relação às mudanças
organizacionais (NEIVA, ROS e PAZ, 2005, p. 81 - tradução nossa).3
Dessa forma, o presente trabalho se insere no campo de estudo que envolve o
contexto, uma vez que se trata de uma pesquisa com caráter correlacional, envolvendo a
percepção de indivíduos diante de circunstâncias de mudanças, internas e externas, ligadas às
organizações em que trabalham.
1.1 Formulação do Problema
O objeto desta pesquisa será apresentado na forma de uma interrogação acerca do
problema que será descrito e examinado, uma vez que, de acordo com Contandriopoulos et al.
3 NEIVA, E. R.; ROS, M.; PAZ, M. G. T. Atitudes towards organizational change: validation of a escale.
Psychology in Spain,Vol. 9, n. 1, p. 91-90, 2005.
10
(1999, p. 19), a interrogação explícita constitui um mote para se proceder à investigação
científica. Dito isso, o presente estudo busca responder as seguintes perguntas: existe relação
entre o contexto organizacional e as atitudes dos empregados frente à mudança? O contexto
favorece atitudes positivas ou negativas frente à mudança organizacional?
1.2 Objetivo Geral
Avaliar as relações entre o contexto e as atitudes dos indivíduos quanto à
mudança em duas organizações brasilienses.
1.3 Objetivos Específicos
São três os objetivos específicos do presente trabalho:
Identificar quais fatores de contexto são característicos das organizações
pesquisadas;
Descrever as atitudes dos indivíduos em relação à mudança organizacional das
organizações;
Especificar as possíveis relações entre os fatores de contexto e atitudes frente à
mudança.
11
1.4 Justificativa
Considerando as transformações que ocorrem no campo das organizações e o alto
índice de falha nos esforços para a mudança organizacional (QUINN, 2004, apud SELF;
ARMENAKIS; SCHRAEDER, 2007), este trabalho tem a finalidade de investigar o
fenômeno da mudança organizacional sob a ótica das atitudes dos indivíduos frente à
mudança e o contexto de mudança por eles percebido.
O trabalho busca, também, fornecer conhecimento necessário para prever a
efetividade dos esforços para a mudança organizacional e a consequente preparação dos
profissionais envolvidos na mudança organizacional, em termos de planejamento e execução
de atividades mais efetivas (SELF; ARMENAKIS; SCHRAEDER, 2007).
Em termos sociais, o trabalho busca compreender melhor o fenômeno da mudança,
considerando os fatores que motivam a sua realização e os seus desdobramentos no âmbito da
percepção dos indivíduos que compõem as organizações.
Pretende-se, com o trabalho, disponibilizar informações para os que buscam
compreender melhor o fenômeno da mudança organizacional, sejam trabalhadores, estudantes
ou outros interessados.
Em termos institucionais, o presente trabalho disponibiliza os resultados obtidos após
a aplicação do questionário que foi utilizado como instrumento de pesquisa aos indivíduos de
duas organizações, de modo que as empresas envolvidas terão novas informações para tomada
de decisão.
E em termos acadêmicos, este estudo se justifica por fornecer subsídios empíricos
para compreender a mudança organizacional no que tange às atitudes frente à mudança e ao
contexto.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial adotado contemplado abarcará conceitos ligados ao tema da pesquisa.
Inicia-se apontando questões mais gerais e adentra aos conceitos a serem explorados por meio
da presente pesquisa.
2.1 O Cenário de Transformações e a Mudança Organizacional
Conforme estudo publicado em 2008 pela Fundação Nacional da Qualidade - FNQ,
as organizações terão de lidar com um grave desafio nos próximos anos: a globalização, as
novas exigências de mercados consumidores, o aumento da competitividade, os antigos
desequilíbrios de demandas da sociedade, a evolução tecnológica e a disputa por recursos, o
que exige mudanças significativas no modo de gerir um negócio. Dessa maneira, “as
organizações não poderiam ficar imunes às transformações ambientais que configuram o
quadro da globalização e avanços da tecnologia” (BASTOS, 2006, p. 25).
Semelhante ao que pondera Schein (1997, apud ZANELLI; BASTOS 2004, p. 440)
ao dizer que as intensas mudanças nos ambientes tecnológico, econômico, político e
sociocultural transformam as práticas até então consagradas nas organizações em problemas a
serem enfrentados, afirma Prahalad:
[...] o velho padrão de comportamento pode se transformar em uma grande fraqueza.
Com o tempo, toda empresa sólida acaba desenvolvendo um padrão de
comportamento e, via de regra, passa a dizer as pessoas: É assim que fazemos as
coisas por aqui. Essencialmente, no entanto, o que ela está dizendo é: Nós
desenvolvemos essa estratégia há 20 ou talvez 30 anos. Funcionou muito bem e a
transformamos em um dogma. Afinal as pessoas estão acostumadas a trabalhar desse
modo. Tudo estaria bem com esse padrão se a meta da empresa fosse simplesmente
aumentar um pouco a eficiência no paradigma existente. Entretanto, com a
13
necessidade de desenvolver um novo paradigma, o velho padrão de comportamento
pode se transformar em uma grande fraqueza (PRAHALAD, 1998, p. 8).4
Ao longo dos últimos anos, cerca de 3,5 bilhões de pessoas ingressaram
paulatinamente no mercado. Essa situação configurou um cenário de novas oportunidades em
relação ao mundo do trabalho, à inovação de produtos e serviços e aos seguimentos de
mercado. Além disso, mudanças na tecnologia e nos mercados criam oportunidades tanto para
as empresas grandes quanto para as pequenas, sendo imperativo aproveitar essas
oportunidades para a sua sobrevivência (PRAHALAD, 1998). Como já constatado por
Nadler, Shaw e Walton (1994, apud NEIVA, 2004), “as companhias que sobreviveram nas
últimas décadas foram aquelas hábeis em responder rápida e efetivamente às condições de
mudança ambiental”. Em ambientes de negócios que desafiam a adequação de estratégias
organizacionais, estruturas e processos, a capacidade organizacional de compreender e
implementar mudanças emerge como uma capacidade crucial (LINES, 2005).
Também se destaca dentro desse cenário de mudanças o processo de reestruturação
produtiva, que seria, segundo Bastos e Lima:
[...] o processo complexo de mudanças na configuração de sistemas produtivos,
envolvendo novas tecnologias, novas formas de organização do trabalho e novos
processos gerenciais e institucionais, com o objetivo de superar as deficiências e
limitações do modelo taylorista-fordista (BASTOS; LIMA, 2002, apud BASTOS,
2006, p. 24).5
A reestruturação produtiva é fortemente estimulada pelo ambiente competitivo criado
pela globalização, na medida em que reduz custos de produção e racionaliza recursos,
impactando também o Estado; requerendo investimentos para as mudanças tecnológicas, para
a requalificação da mão de obra, além de diversas mudanças institucionais (BASTOS; LIMA
2002, apud BASTOS, 2006, p. 24). Sintetizando o cenário de mudanças, os autores apontam
que as mudanças em curso poderiam ser representadas conforme a Figura 1 a seguir:
4 PRAHALAD, C. K. Em busca do novo. HSM Management. São Paulo, n. 7, mar./abr. 1998, p. 6-12.
5 BASTOS, A. V. B. Trabalho e qualificação: questões conceituais e desafios postos pelo cenário de
reestruturação produtiva. In: BORGES-ANDRADE, J. E.; ABBAD, G.; MOURÃO, L. (Orgs.). Treinamento,
desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
14
Figura 1. Contexto em transformação e novos formatos organizacionais
Fonte: BASTOS; LIMA, 2002, apud Bastos, 2006.
Gestores e presidentes de empresas, ansiando pelo aumento da lucratividade,
eventualmente recorrem a mudanças na estrutura, na hierarquia, nos sistemas de remuneração
e nos recursos tecnológicos para manter a competitividade no mercado (FNQ, 2008). Um
estudo da Monitor Consulting, realizado em 2003, destacou que o segundo maior desejo dos
presidentes de empresas, com 14% das citações, é o de “ter um modelo de gestão de sucesso”.
O primeiro desejo obviamente foi o de “aumentar a rentabilidade do seu negócio”, com 17%
das citações. Isso indica claramente o desejo das organizações de estruturar a gestão do seu
negócio por meio de modelos que assegurem a sua competitividade (FNQ, 2008). Requeridas
pelo ambiente de negócios e chanceladas pelos gestores e presidentes das empresas, as
mudanças organizacionais encontram legitimidade e suporte por parte dos agentes envolvidos
para serem realizadas.
De acordo com Neiva (2004), o estudo da mudança organizacional não é recente.
Nos anos de 1970/80, os autores preconizavam técnicas de Desenvolvimento Organizacional
(D.O.), que objetivavam provocar mudanças nas organizações de trabalho por meio de
mudanças nos comportamentos individuais (NEIVA, 2004, p. 15). A mudança, na sua forma
mais simplificada, é representada pela diferença ou pela comparação entre medidas tiradas em
dois pontos do tempo (NEIVA, 2004, p. 14). Ainda de acordo com Neiva:
A preponderância do contexto organizacional tem sido bastante reafirmada por
Hanah e Freeman (1984), por exemplo, que apresentam e desenvolvem o conceito
de inércia estrutural para explicar a dificuldade que as organizações possuem para
efetuar mudanças (NEIVA, 2004, p. 6).6
6 NEIVA, E. R. Percepção de mudança organizacional: o papel das atitudes e das características
organizacionais. 2004. 239 f. Tese (Doutorado em Psicologia), Universidade de Brasília, Brasília.
15
A preponderância do contexto organizacional também foi objeto de considerações
por parte de Porter (1989), em seu emblemático trabalho intitulado Competitive Strategy,
publicado em 1980. Tal estudo enfatiza o conteúdo das estratégias adotadas pelas empresas
para sobreviver na indústria, o qual consiste na verificação empírica das relações entre as
condições externas e as estratégias internas, procurando identificar os fatores responsáveis
pelo sucesso ou fracasso das firmas em distintos contextos (MINTZBERG; AHLSTRAND;
LAMPEL, 2000, apud LEITE; PORSSE, 2003).
O viés industrial da teoria na qual Porter (1989) se insere fornece subsídios
importantes em termos de entendimento sobre como o contexto influencia o comportamento
das organizações. Porter desenvolve seu trabalho sobre o pressuposto de que a estrutura da
indústria determina o comportamento dos compradores e vendedores, o qual, por sua vez,
determina o desempenho das empresas.
De acordo com Leite e Porsse (2003, p. 124), o determinante, nesse caso, é a posição
que a firma ocupa dentro da indústria, sendo esta crucial para o sucesso ou fracasso das
empresas, situação que exige que a estratégia de negócio das empresas tenha como base a
estrutura de mercado na qual opera. Conforme esses autores,
A lógica do posicionamento da firma na indústria expressa uma adaptação externa,
na qual a escolha estratégica correta permite à firma adaptar-se à estrutura da
indústria. Ademais, esta estratégia também deve ser internamente coerente, de forma
que seja possível adequar os elementos internos da empresa à sua posição na
indústria (LEITE; PORSSE, 2003, p. 124).7
Em resumo, percebe-se que a noção de estratégia em Porter (1989) se assenta na
noção de adaptação. É um olhar de fora para dentro das organizações que considera o
posicionamento da firma como fruto de adaptação ao contexto externo de maneira ex post.
Leite e Porsse (2003, p. 124), ao citarem Carneiro, Cavalcanti e Silva (1999), apontam que
esse modelo teórico explica o sucesso competitivo das empresas a partir da estrutura da
indústria, relegando a um papel secundário os processos intraorganizacionais.
Um importante contraponto teórico a esse entendimento é a Teoria Baseada em
Recursos, surgida no final dos anos de 1980, orientada de dentro para fora das organizações,
com ênfase nos processos por meio dos quais a vantagem competitiva é desenvolvida e
7 LEITE, J. B. D.; PORSSE, M. de C. S.. Competição baseada em competências e aprendizagem organizacional:
em busca da vantagem competitiva. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 7, 2003.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
65552003000500007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 maio 2011.
16
sustentada (LEITE; PORSSE, 2003). Essa teoria resgata a importância dos fatores
intraorganizacionais e, de maneira inversa à Teoria da Organização Industrial - em especial o
modelo de Porter (1989) -, atribui papel secundário ao ambiente organizacional. Segundo
Vasconcelos e Cyrino (2000), citados por Leite e Porsse (2003),
O exame da diferença de desempenho entre as firmas é focado na existência ou não
de recursos discretos (individuais e estáticos) e em seus resultados quanto ao
desempenho, o que evidencia uma metodologia de análise relacionada com as idéias
da economia neoclássica (embora em termos menos expressivos), ou seja,
relativamente estática e ex post (VASCONCELOS; CYRINO, 2000, apud LEITE;
PORSSE, 2003, p. 124).8
Embora existam mais informações acerca da Teoria da Organização Industrial e da
Teoria Baseada em Recursos, o presente trabalho limita-se a apresentar tais visões apontando-
as como díspares em termos de objeto de desenvolvimento. É importante destacar que
modelos integradores das duas visões já foram apresentados9, de modo que as visões ex post e
ex ante configuram um só modelo.
Nesse sentido, a proposta de congruência entre os temas pode ser vista na teoria
neoinstitucionalista, de Greenwood e Hinings (1996), os quais afirmam: “Para compreender
diferenças nas respostas organizacionais às pressões ambientais, organizações são concebidas
como entidades heterogêneas compostas de grupos funcionalmente diferenciados, com
objetivos e interesses de promoção” (NEIVA, 2004, p. 8). O trabalho não explorará tais
teorias, mas as incorpora em seu corpo teórico por entender que consideram componentes do
contexto em que as organizações funcionam.
Para compreender de forma mais precisa o contexto de mudanças, é preciso trazer
luz sobre a definição do conceito de mudança organizacional. Diante das diversas teorias que
tratam direta ou indiretamente do tema, é possível verificar que o construto é de difícil
compreensão - em razão de sua amplitude – e, consequentemente, oferece dificuldade na
delimitação dos seus limites (LIMA; BRESSAM, 2003; NEIVA, 2004; DOMINGOS, 2009).
Em pouco mais de duas décadas de pesquisas, diversos autores propuseram
definições para o fenômeno da mudança organizacional, conforme o Quadro 1 a seguir.
8 Idem.
9 Cf. LEITE; PORSSE (2003, p. 127-128).
17
DEFINIÇÕES TEÓRICAS SOBRE MUDANÇA ORGANIZACIONAL
DEFINIÇÃO AUTOR
Mudança organizacional é definida como uma mudança deliberadamente
planejada na estrutura formal de uma organização, sistemas, processos
ou produto/mercado de domínio destinada a melhorar a consecução de um
ou mais objetivos organizacionais.
Lines (2005)
Qualquer alteração, planejada ou não, em componentes que caracterizam a
organização como um todo – finalidade básica, pessoas, trabalho, estrutura
formal, cultura, relação da organização com o ambiente –, decorrente de
fatores internos e/ou externos à organização, que traz alguma
conseqüência, positiva ou negativa, para os resultados organizacionais ou
para sua sobrevivência.
Neiva (2004)
Qualquer alteração, planejada ou não, nos componentes organizacionais -
pessoas, trabalho, estrutura formal, cultura - ou nas relações entre a
organização e seu ambiente, que possa ter conseqüências relevantes, de
natureza positiva ou negativa, para a eficiência, eficácia e/ou
sustentabilidade organizacional.
Lima e Bressan (2003)
É qualquer alteração, planejada ou não, ocorrida na organização,
decorrente de fatores internos e/ou externos à organização que traz algum
impacto nos resultados e/ou nas relações entre as pessoas no trabalho.
Bruno-Faria (2000)
Qualquer transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural,
tecnológica, humana ou de outro componente, capaz de gerar impacto em
partes ou no conjunto da organização.
Wood Jr. (2000)
São atividades intencionais, pró-ativas e direcionadas para a obtenção das
metas organizacionais. Robbins (1999)
É um tipo de evento, uma observação empírica que difere na forma,
qualidade ou estado, sobre o tempo, em uma entidade organizacional. Van de Ven e Poole (1995)
Resposta da organização às transformações que vigoram no ambiente, com
o intuito de manter a congruência entre os componentes organizacionais
(trabalho, pessoas, arranjos/estrutura e cultura).
Nadler, Shaw, Walton e cols.
(1995)
É um acontecimento temporal estritamente relacionado a uma lógica, ou
ponto de vista individual, que possibilita às pessoas pensarem e falarem
sobre a mudança que percebem.
Ford e Ford (1995)
Conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente
embasadas objetivando mudança planejada do ambiente de trabalho com o
objetivo de elevar o desenvolvimento individual e o desempenho
organizacional.
Porras e Robertson (1992)
Alteração significativa articulada, planejada e operacionalizada por pessoal
interno ou externo à organização, que tenha o apoio e supervisão da
administração superior, e atinja integradamente os componentes de cunho
comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico.
Araújo (1982)
Quadro 1. Conceitos de Mudança Organizacional
Fonte: Adaptado de LIMA; BRESSAN, 2003, p. 23; DOMINGOS, 2009, p. 6-8.
18
Para este trabalho, a definição adotada, por ser considerada a mais completa, será a
proposta por Neiva (2004). A autora complementa os conceitos de mudança organizacional já
existentes e especifica os seus limites ao apresentar os componentes que caracterizam a
organização como um todo.
Armenakis e Bedeain (1999), em um trabalho intitulado Organizational change: a
review of theory and research in the 1990s, selecionaram e examinaram trabalhos teóricos e
empíricos disponíveis entre os períodos de 1990 e 1998.
Após a análise dessa literatura, entre outros resultados, os autores apontaram que 4
temas comuns relacionados ao esforço de mudança foram discutidos, a saber: (a) questões de
conteúdo, que largamente focam a substância da mudança organizacional contemporânea (o
que muda); (b) questões de contexto, que principalmente abordam as forças ou condições
existentes no ambiente interno e externo da organização (as circunstâncias da mudança); (c)
questões de processo, que dizem respeito às ações tomadas durante a intenção decretada de
mudar (como muda); (d) questões de critério, que lidam com os resultados comumente
avaliados nos esforços de mudança (ARMENAKIS; BEDEIAN, 1999).
Pettigrew (1987, p. 657, apud NÓBREGA, 2009) aponta que as questões de
mudanças estratégicas devem envolver questões sobre contexto, conteúdo e processo de
mudança. Esse autor
[...] buscou abordar a mudança por uma perspectiva mais ampla, captando-a como
resultado de forças contextuais (externas e internas), do processo empreendido e do
conteúdo da mudança. A conjugação do contexto externo, ou seja, o ambiente social,
tecnológico, político e econômico, com o contexto interno, composto pela estrutura
organizacional, a cultura da empresa e o ambiente político interno, constitui o solo
onde a mudança se fecundará. O processo abarca as ações desenvolvidas, as reações
e as posturas dos indivíduos envolvidos. O conteúdo é a essência da mudança, a
finalidade e a natureza de seu impacto (NÓBREGA, 2009, p. 37-38).10
Concluindo a presente seção, percebe-se que a afirmativa de Pettigrew (1987)
apresenta a interdisciplinaridade entre os temas comuns ao estudo da mudança organizacional,
sendo o relacionamento entre as variáveis, algo já observado nos estudos.
10
NÓBREGA, D. L. Improvisação e mudança organizacional durante a implementação de sistema
integrado de gestão: a voz do usuário. 2009. f.176 Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa.
19
2.2 O Contexto de Mudança
Como este estudo busca investigar o fenômeno da mudança organizacional sob a
ótica das atitudes dos indivíduos frente à mudança e do contexto por eles percebido, faz-se
necessário apresentar melhor os limites do que é considerado como contexto. Segundo
Armenakis e Bedeian (1999), estudos que lidam com o contexto organizacional contemplam
questões ligadas aos componentes do ambiente interno e externo da organização e ao sucesso
quando da promoção de mudanças nestes. O contexto/ambiente externo inclui fatores como
regulação governamental, avanços tecnológicos e forças que modelam a competição de
mercado; e o contexto interno, por sua vez, inclui fatores como o grau de especialização do
trabalho em relação a determinada tecnologia; a lentidão organizacional; e as experiências
com mudanças anteriores.
Acerca do contexto/ambiente externo, ao citarem Pettigrew (1987), Self et al.(2007)
afirmam que os fatores externos de contexto explicam porque a mudança é necessária. Como
exemplo, o estudo conduzido por Kelly e Ambrugey (1991, apud ARMENAKIS; BEDEIAN,
1999) investigou a inércia organizacional e o momento que a indústria de aviação passou
durante a desregulamentação do setor em 1978. Eles elencaram cinco conclusões do estudo,
sendo elas: alterações ambientais não necessariamente aumentam a probabilidade de
reorientação estratégica; as organizações mais antigas são menos susceptíveis do que as mais
novas a sofrer mudanças em sua estratégia de mercado e produto; o tamanho da organização
não é necessariamente associado a uma diminuição na capacidade de resposta da organização
à mudança; as organizações estão mais suscetíveis a repetir as mudanças que já
experimentaram; e, por fim, mudanças na estratégia de mercado do produto não
necessariamente contribuem para o fracasso organizacional (KELLY; AMBRUGEY, 1991,
apud ARMENAKIS; BEDEIAN, 1999). Verifica-se por meio dos resultados do estudo a
complexidade das mudanças ocorridas no setor de aviação decorrentes da desregulamentação.
Segundo Self et al. (2007), mudanças no contexto externo se relacionam com alterações no
conteúdo e processo de mudança, de modo que as crenças, atitudes, intenções e
comportamentos dos funcionários também estão envolvidos.
A respeito do contexto/ambiente interno de mudança, este pode ser considerado
como o contexto externo aos indivíduos, que influencia suas crenças, atitudes, intenções e
20
comportamento (MOWDAY; SUTTON, 1993, apud SELF et al., 2007). Armenakis e
Bedeian (1999), ao citarem Damanpour (1991), apontam que a meta-análise realizada pelo
autor elencou algumas variáveis de contexto interno, tais como especialização,
profissionalismo e atitudes gerenciais em direção à mudança. Self et al. (2007) propõem que o
contexto interno é um moderador da relação entre conteúdo e processo e entre crenças dos
empregados, atitudes e intenções. Ou seja, as interpretações das mudanças realizadas e dos
processos usados durante a implementação, serão influenciados pela existência de
circunstâncias organizacionais. Por exemplo, se as atitudes de um empregado frente à
mudança são rígidas, então, espera-se que a mudança organizacional ocorra com resistência
(SELF et al., 2007).
Já Meyer, Brooks e Goes (1990) ao analisar as respostas da indústria hospitalar no
período de 1960 a 1980, apontaram em seu estudo que diversas respostas adaptativas foram
registradas pelas firmas do setor. De 1960 a 1980, pressões competitivas foram registradas de
modo que os hospitais aumentaram os serviços oferecidos e adequaram a estratégia e estrutura
em função dos custos, das novas tecnologias médicas e do aumento da concorrência.
Conforme os autores,
As mudanças ocorridas com a indústria hospitalar nas últimas três décadas podem
ser caracterizadas como uma evolução da população das firmas, dando lugar a uma
adaptação dentro das empresas individuais, seguidos por uma revolução no setor
(MEYER; BROOKS; GOES, 1990, p.101).11
O estudo de Meyer, Brooks e Goes (1990), fornece importante relato de como
mudanças nos componentes do contexto interno e externo das organizações se relacionam
com o sucesso competitivo das firmas de um setor.
Outros estudos elencam fatores contextuais que podem exercer influência sobre as
atitudes dos funcionários. O estudo conduzido por Kalimo e Taris (2003) destaca a relação
entre o downsizing12
(experimentado no passado ou antecipado de um futuro) e o balanço
entre investimentos no trabalho e resultados do trabalho. Este tipo de alteração no balanço,
por sua vez, se relaciona com elevados níveis de exaustão emocional, queixas ligadas à saúde
psicológica e baixos níveis de eficácia profissional.
11
Meyer, A.; Brooks, G.; Goes, J. Environmental jolts and industry revolutions: organizational responses to
discontinuous change. Strategic Management Journal, Eugene, v. 11, p. 93-110, 1990.
12 Downsinzing pode ser definido como um conjunto de eventos centrado em torno das pressões em direção da
redução das forças de trabalho (SHAW; BARRET-POWER, 1997, apud KALIMO; TARIS, 2003, p. 91).
21
Já o estudo conduzido por Rafferty e Griffin (2006) identificou três características de
eventos de mudança que influenciam a resposta dos indivíduos para mudar e, em última
instância, a satisfação dos indivíduos com o trabalho e suas intenções de turnover13
– atitudes
individuais para deixar o emprego. O estudo contemplou o desenvolvimento de uma escala
para medir a mudança percebida e as atitudes dos indivíduos. Como fatores de mudança, os
autores escolheram os seguintes: mudança transformacional/impacto da mudança; mudança
planejada; frequência da mudança; e incerteza psicológica. Como fatores de atitude os
escolhidos foram: satisfação com o trabalho; intenções de turnover; neuroticismo;
conscienciosidade; suporte do líder; e as medidas de controle, tempo de serviço na
organização e idade. Outros resultados importantes foram encontrados quando se procedeu à
análise das relações entre todos os fatores.
Como observado por Self et al.(2007):
[...] acessar o contexto pela capitalização das percepções daqueles que
experimentaram os benefícios e limitações de práticas organizacionais pode ser uma
metodologia efetiva. Em outras palavras, as percepções das condições
organizacionais e das práticas acessadas através de alguma metodologia (...) podem
revelar-se úteis para descrever o contexto em que uma mudança organizacional é
implementada (SELF et al., 2007, p. 214 - tradução nossa).14
O contexto organizacional não é um fator estático. De fato, as organizações são
dinâmicas, experimentando mudanças fluídas e ajustes relacionados a contingências internas e
externas (SELF et al. 2007). Os estudos que relacionam o contexto organizacional e as
atitudes apresentam nformações fundamentais para os que desejam conhecer mais sobre a
mudança organizacional.
2.3 Atitudes Frente à Mudança
Nesta seção, o caráter individual será abordado como elemento do processo de
mudança. Conforme visto em Neiva (2004), “tentativas de compreensão do processo de
mudança, e, particularmente, dos fatores que inibem ou estimulam a mudança, têm uma
história na pesquisa sobre mudança organizacional”.
13
Cf. Hart et al. (1996, apud RAFFERTY; GRIFFIN, 2006, p. 1157). 14
SELF, D.; ARMENAKIS, A.; SCHRAEDER, M. Organizational change content, process, and context: a
simultaneous analysis of employee reactions. Journal of Change Management, EUA, v.7(2), p. 211-229, 2007.
22
Beer e Nohria (2000, apud DEVOS; BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007, p. 608)
notaram que apesar dos esforços que a administração empreendeu em programas de mudança,
apenas 30% deles alcançaram sucesso. De modo semelhante, Clegg e Walsh (2004, apud
DEVOS; BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007) reportaram 12 fracassos em iniciativas de
desenvolvimento organizacional verificadas em 898 companhias de manufatura espalhadas
em 4 países. Ainda de acordo com os autores, uma razão pela qual as tentativas de mudança
podem falhar é que as mudanças muitas vezes levam ao aumento de sensações de ansiedade,
emoções negativas, incerteza e ambiguidade entre os trabalhadores (BORDIA; HOBMAN;
JONES; GALLOIS; CALLAN, 2004; KIEFER, 2005, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007). Esse tipo de reação também é tratada por Bortolotti, Junior e
Andrade (2009), os quais demonstram que, “do ponto de vista individual, a mudança pode
originar emoções e reações que variam do otimismo ao medo, podendo incluir ansiedade,
resistência, desafio, energia, ambiguidade, entusiasmo, incapacidade, receio, motivação e
pessimismo”. Nessa linha, segundo Lines (2005), os indivíduos também podem reagir
emocionalmente a seus primeiros encontros com uma mudança, e informações sobre a
mudança podem provocar emoções como a frustração, o entusiasmo ou o medo. Já Liu e
Perrewé (2005 p. 277) apontam que emoções positivas e negativas são possíveis de ocorrer
em processos de mudança planejada. Embora a literatura sobre o assunto enfatize a resistência
à mudança e as emoções negativas, tais como ansiedade, frustração, incerteza e stress, estudos
empíricos apontam que os indivíduos também podem apresentar emoções positivas durante os
processos de mudança, tais como esperança, excitação e alegria.
A formação de atitudes frente à mudança é um evento crucial no processo de
mudança (LINES, 2005). Citadas por alguns autores como facilitadores de mudança, as
atitudes dos indivíduos frente à mudança organizacional adquirem importância fundamental
quando constatado o sucesso dos processos de mudança organizacional (NEIVA, 2004).
Damanpour (1991), citado por Neiva, Ros e Paz (2004), aponta que as atitudes dos gerentes
frente à mudança determinam a participação do empregado e o sucesso no desenvolvimento
de programas de mudança, sugerindo que o processo cognitivo dos indivíduos constitui um
fator crucial no processo de mudança organizacional.
Neiva, Ros e Paz (2004) compartilham com o pensamento de Damanpour (1991),
entretanto revelam que até o momento existem poucos estudos empíricos que atestam a
relação entre cognição individual, afetos individuais e resistência à mudança. De acordo com
as autoras, há basicamente três tipos de explicação seguindo essa perspectiva. A primeira
aponta que a resistência é um processo normal e natural, gerado por crenças distorcidas ou por
23
tendências individuais para avaliar situações usando categorias externas. A segunda mede
resistência como a intenção de resistir e analisa resistência como um conjunto composto de
percepção do impacto de mudança, de idéias irracionais e de afeto (BOVEY; HEDE, 2001,
apud NEIVA; ROS; PAZ, 2004). E a terceira atribui resistência a uma reação emocional
negativa ativada por inconsistências e discrepâncias entre esquemas cognitivos dos indivíduos
e aqueles presentes nas propostas de mudança (GEORGE; JONES, 2011, apud NEIVA; ROS;
PAZ, 2004). Embora o tema não seja submetido a aprofundamento no presente trabalho, é
válido destacar que a multiplicidade de teorias e definições existentes na literatura apontam
para a existência de confusão entre conceitos de resistência envolvendo atitudes, crenças e
cognições (NEIVA; ROS; PAZ, 2004).
Como uma entre as múltiplas abordagens do conceito de atitude, Neiva, Ros e Paz
(2004) apresentam o posicionamento de Piderit (2000) que, sem respaldo empírico, também
ressalta a ambiguidade do termo e propõe que as respostas dos indivíduos sejam analisadas
sob a perspectiva da psicologia social, a qual compreende três dimensões, a saber: a cognitiva
- envolvendo crenças e julgamentos de valor sobre um objeto; a afetiva - envolvendo
sentimentos e emoções sobre um objeto; e a comportamental - apoiada em comportamentos
passados ou intenções futuras de agir em relação ao objeto (NEIVA; ROS; PAZ, 2004).
Outra definição de atitude pode ser encontrada em Rodrigues, Assnar e Jablonsky
(1999, apud NEIVA, 2004, p. 36), os quais a descrevem como “uma organização duradoura
de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social
definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este
objeto”. Já Lines (2005, p. 10), ao citar Petty e Wegener (1998), bem como Eagly e Chaiken
(1998), aponta que a atitude em relação a uma mudança organizacional pode ser definida
como uma avaliação global de uma pessoa em relação à mudança e é uma
tendência psicológica que se expressa através da avaliação da mudança com algum grau
de favor ou desfavor.
Em relação ao campo de estudos, conforme encontrado em Neiva (2004), nos anos
de 1970/80, os autores preconizavam técnicas de Desenvolvimento Organizacional (D.O.) que
objetivavam provocar mudanças nas organizações de trabalho por meio de mudanças nos
comportamentos individuais. Ou seja, a consideração do indivíduo como componente da
mudança organizacional vem ganhando força no decorrer dos anos em virtude das pesquisas
desenvolvidas desde o referido período. Devos, Buelens e Bouckenooghe (2007), ao fazer
referência ao entendimento de Schein (1980) sobre o tema, apontam que as mudanças
24
organizacionais são mediadas através da mudança individual, sendo certeira também, nesse
sentido, a assertiva de Schneider, Brief, e Guzzo (1996, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007, p. 608) ao afirmar que, “se as pessoas não mudarem, não existe
mudança organizacional”.
Beer, Eisentat e Spector (1990, apud NEIVA, 2004) propuseram, após estudo, que
mudanças nas atitudes levam a mudanças no comportamento individual, enquanto mudanças
no comportamento individual, repetidas por muitas pessoas, irão resultar em mudança
organizacional. E, de forma complementar é apontado por Porras e Robertson que:
A mudança individual dos membros é pré-requisito (mediadora) para a mudança
organizacional. O comportamento individual é central na mudança organizacional e
toda mudança organizacional efetiva e duradoura é baseada na alteração do
comportamento humano no trabalho. [...] comportamentos individuais são o elo
mediador entre a intervenção planejada e os resultados organizacionais (PORRAS;
ROBERTSON, 1992, apud NEIVA, 2004, p. 31).15
As organizações devem mudar de forma a adaptarem-se ao ambiente, todavia
permanecendo competitivas. Não obstante desejem mudar, como muitas vezes o fazem, os
agentes responsáveis pela mudança frequentemente apontam a resistência por parte dos
funcionários (LIU; PERREWÉ, 2005). Alguns estudos sobre a resistência à mudança têm
sugerido que sentimentos negativos são um indicador da falta de vontade de um indivíduo
para suportar mudanças (APPLEBAUM; BATT, 1993; JUDSON, 1991, apud DEVOS;
BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007). A resistência à mudança tem sido reconhecida há
muito tempo como uma resposta inevitável e um fator importante que pode influenciar no
sucesso ou fracasso da mudança organizacional (MILLER; JOHNSON; GRAU, 1994;
PIDERIT, 2000; BORDIA et al., 2004; ARMENAKIS; HARRIS; MOSSHOLDER, 1993,
apud BORTOLOTTI; JUNIOR; ANDRADE, 2009).
Em virtude de a resistência à mudança ser amplamente estudada, é fundamental
trazer à tona o rol de atitudes frente à mudança estudadas na literatura, de modo que o
presente trabalho retomará o tema à luz do que já foi produzido pelos diversos autores
(ARMENAKIS; BEDEIAN, 1999; NEIVA; ROS; PAZ, 2004; LINES, 2005; RAFFERTY;
GRIFFIN, 2006).
15
NEIVA, E. R. Percepção de mudança organizacional: o papel das atitudes e das características
organizacionais. 2004. 239 f. Tese (Doutorado em Psicologia), Universidade de Brasília, Brasília.
25
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
Segundo Rudio (2007), pesquisa, no sentido mais amplo, é um conjunto de
atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento. Já Kerlinger (1980)
afirma que a pesquisa é uma investigação sistemática controlada, empírica e crítica, com
proposições hipotéticas sobre as supostas relações existentes entre os fenômenos naturais. E
para Gil (1996), a pesquisa é definida como um procedimento racional e sistemático, que tem
como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. De acordo com
Rudio (1993, p. 9), “a fim de merecer o qualitativo de científica, a pesquisa deve ser feita de
modo sistematizado, utilizando para isto método próprio e técnicas específicas e procurando
um conhecimento que se refira à realidade empírica”. Quanto aos níveis de pesquisa,
Duverger (1962, apud GIL, 2010) distingue três: descrição, classificação e explicação. Já
Selltiz et al. (1967, apud GIL, 2010), classificam as pesquisas em três grupos: estudos
exploratórios, estudos descritivos e estudos que verificam hipóteses.
O presente trabalho agrega elementos característicos de uma pesquisa descritiva, uma
vez que se lançará ao desafio de descobrir respostas para as perguntas: quem; o que; quando;
onde, conforme sugestão de Cooper e Schindler (2003). Esta pesquisa também tem intenção
explicativa, pois há uma preocupação em identificar os fatores que contribuem para a
ocorrência dos fenômenos (GIL, 2010, p. 28). Isso se dá porque, muitas vezes, a pesquisa
explicativa consiste na continuação da pesquisa descritiva, visto que a identificação dos
fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e
detalhado (GIL, 2010). Entretanto, o traço metodológico adequado ao tratamento que se
pretende dar à pesquisa é o correlacional, pois este método busca responder as perguntas que
constituem o objeto crucial desta pesquisa “mediante as correlações estatísticas significativas
que se obtêm entre variáveis estudadas em grupos significativos de pessoas” (REY, 2002,
p.10). Em outros termos, ainda de acordo com Rey (2002, p.30), “a pesquisa correlacional se
utiliza de recursos para produzir conhecimento por meio da simplificação do objeto em
variáveis, que se convertem em produtos de conhecimento por sua correlação com outras
variáveis”. Correlação esta que foi expressa no trabalho como pergunta de pesquisa.
Realizou-se uma análise de regressão múltipla que teve como objetivo determinar
quais eram as variáveis de contexto que poderiam ser consideradas como preditoras das
26
variáveis de atitudes frente à mudança. Embora no trabalho tenha sido citado o período de 1
ano para descrever as mudanças ocorridas nas empresas, o recorte transversal foi feito de
modo que os indivíduos foram convidados a responder os questionários considerando todas
estas mudanças já ocorridas no período.
3.1 Caracterização da Organização, Setor ou Área do Objeto de Estudo
Nas seções a seguir serão apresentadas as empresas escolhidas para o estudo. A
escolha de ambas se deu pela conveniência e pelas similaridades encontradas no recorte
temporal adotado no trabalho para descrever as mudanças ocorridas.
3.1.1 A Empresa Pública – Sebrae
A empresa pública escolhida para o trabalho é uma entidade com mais de 40 anos de
existência. A empresa tem como missão a promoção da competitividade e o desenvolvimento
sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte do Brasil. A instituição atua
também com foco no fortalecimento do empreendedorismo e na aceleração do processo de
formalização da economia por meio de parcerias com os setores público e privado, com
programas de capacitação, acesso ao crédito e à inovação, estímulo ao associativismo, feiras e
rodadas de negócios (SEBRAE, 2011).
Embora formalmente tenha surgido em 1972, as bases para seu surgimento datam da
década de 1960. O esforço para apoiar os micro e pequenos empreendimentos surgiu no
27
governo federal com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDE, atualmente,
BNDES, quando da criação do Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa –
Fipeme, que começou a funcionar em 1965 (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009). Em seguida,
esse esforço foi incrementado por solicitação do Banco Interamericano de Desenvolvimento -
BID, com o intuito de tutelar a aplicação dos recursos destinados por ele às pequenas e médias
empresas. Os Grupos de Trabalho do Fipeme deslocavam-se até os pequenos e médios
empreendimentos para oferecer assistência aos empresários em aspectos financeiros e
administrativos (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009). Por necessidades regionais, identificadas
pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene, observou-se a necessidade
de criar um programa especial para atender as empresas da região, até então descobertas pelo
Fipeme, e extremamente importantes para o desenvolvimento nacional. Por meio de
convênios formados entre bancos, universidades, federação das indústrias, secretarias de
indústria e comércio e demais entidades, foram criados os Núcleos de Assistência Industrial –
NAIs, os quais prestavam assistência técnica e elaboravam projetos para a obtenção de
recursos para as empresas da região. Em 1972, diante do reconhecimento de que os
problemas econômicos e financeiros das empresas eram acrescidos de sérios problemas
gerenciais, por iniciativa do BNDE e do Ministério do Planejamento, foi criado o Centro
Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa - Cebrae. A medida atendia a
disposição do governo federal de fortalecer o poder de competição da indústria nacional
(COSTA; LAGES; ZITZ, 2009).
Conforme citado por Costa, Lages e Zitz,
O recém criado órgão assumiu a forma de uma sociedade civil, sem fins lucrativos,
operando a fundo perdido e teve seu Conselho Deliberativo formado pela FINEP,
pela Associação Brasileira dos Bancos de Desenvolvimento - ABDE e pelo próprio
BNDE. O Estatuto do CEBRAE estabelecia como finalidades do órgão: a assistência
às pequenas e médias empresas, em aspectos tecnológicos, econômicos, financeiros
e administrativos, em treinamento de dirigentes e pessoal técnico-administrativo e
na realização de pesquisas, bem como a implantação de um sistema brasileiro de
assistência à pequena e média empresa (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009, p. 1).16
Após sua instalação, a Diretoria baixou as primeiras normas operacionais,
estabelecendo o modelo a ser adotado pelas entidades executoras, isto é, os Agentes do
Sistema. Estes agentes eram os Agentes Estaduais, os quais:
16
COSTA, M. L.; LAGES, V.; ZITZ, M. Sistema Sebrae: história. Disponível em:
<http://www.thesaurus.sebrae.com.br/upload/26980.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2010.
28
[...] na sua quase totalidade, passando a se denominar CEAGs - Centros de
Assistência Gerencial -, eram sociedades civis sem fins lucrativos, tendo como
membros instituidores e participantes dos Conselhos Deliberativos o Banco de
Desenvolvimento do Estado, Federações de Indústrias, Federações e Associações
Comerciais, Universidades e outras instituições relacionadas com as atividades das
PMEs (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009, p. 2).17
De 1972 a 1984, ocorreram mudanças importantes que refletiram em maior atuação
do Cebrae junto às micro e pequenas empresas nacionais (com a elaboração do II Plano
Nacional de Desenvolvimento e, posteriormente, após a promulgação do Estatuto da
Microempresa): maior penetração das suas atividades de apoio gerencial e pesquisas setoriais
(a exemplo do Pronagro, Propec e Promicro), e institucionalização do órgão em nível nacional
e internacional (envolvendo atividades com entidades da Espanha, França e Portugal). A
partir de 1984, após reformas profundas na organização do Setor Público, a entidade “passou
a se vincular ao Ministério de Indústria e Comércio e a abarcar expressamente em seu âmbito
de atuação a microempresa” (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009, p. 3). Já na década de 1990, o órgão
se mobilizou junto ao Poder Legislativo Federal e a instituições empresariais e de apoio à
micro e pequena empresa e, com o suporte da Lei nº 8.029, de 12/04/1990, que determinou a
extinção de várias entidades da Administração Federal, conseguiu a desvinculação do Poder
Público, transformando-se em serviço social autônomo.
Com a transformação do Cebrae em Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas - que passou a fazer parte do Sistema S, juntamente com Senai, Senac e
outros -, foram necessários vários meses de trabalho para configurar o novo modelo
institucional (COSTA; LAGES; ZITZ, 2009). Na década de 1990, várias outras mudanças
ocorreram tanto no aspecto legal (a exemplo do Estatuto da Micro e Pequena Empresa - Lei nº
9.841, de 05/10/1999 - e da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – Lei nº 123/2006) -
quanto no ambiente interno da instituição com a criação de mais departamentos - e no próprio
direcionamento estratégico da empresa -, que atualizou a sua missão para “promover a
competitividade e o desenvolvimento sustentável das Micro e Pequenas Empresas” (COSTA;
LAGES; ZITZ, 2009, p. 4). Atualmente a sede da instituição está localizada em Brasília e
conta com cerca de 350 funcionários efetivos. A complexidade da empresa pode ser vista pelo
organograma de 2011, reproduzido na próxima página:
17
Idem.
29
Figura 2. Organograma Sebrae, 2011.
Fonte: SEBRAE, 2011.
3.1.2 A Empresa Privada – Grupo Empresarial Viva
A empresa privada escolhida para o estudo se trata do grupo empresarial Viva, que
iniciou suas atividades em Brasília no ano de 2002. Esse grupo empresarial é detentor de duas
30
marcas em Brasília, a Chilli Beans e a Jelly. Por se tratar de um modelo de negócio que opera
no sistema de franquias, é pertinente apresentar o surgimento das franqueadoras.
A Chilli Beans é uma empresa de varejo que opera no modelo de negócio chamado
de Franchising.18
A empresa começou suas atividades por volta de 1997 sob o comando de
um empreendedor. Inicialmente, a empresa vendia seus produtos - sobretudo óculos escuros e
acessórios - em uma feira de moda chamada de Mercado Mundo Mix, em São Paulo. Segundo
o empresário, a feira forneceu subsídios importantes para pensar o conceito da marca e a
expansão das atividades. A feira era itinerante, o que proporcionava o conhecimento de
diversos públicos e realidades regionais. Além disso, tinha como foco a criação de tendências
de moda, o que contribuiu para posicionar a marca e o produto, bem como favoreceu o
desenvolvimento das técnicas para a exposição do produto. Essencialmente, a feira primava
por uma identidade única dos expositores, incentivando, nesse sentido, o desenvolvimento e a
sustentação das marcas.
Após 2 anos de atuação nessa feira, o empresário mudou o rumo da operação e se
estabeleceu em uma loja da galeria Ouro Fino, localizada em um shopping center de São
Paulo. Após um curto período de funcionamento no shopping center, a marca vivenciou um
processo vertiginoso de crescimento, que teve início em janeiro de 2001, o qual proporcionou
a abertura da primeira franquia no estado de Santa Catarina. Em seguida, mais 3 pontos de
venda foram abertos no mesmo ano (CHILLI BEANS, 2009).
Segundo os dados disponíveis sobre a marca, hoje existem mais de 340 pontos de
venda no Brasil e no exterior (África, Américas e Europa). Atualmente a marca é a maior rede
brasileira de óculos escuros, o que lhe rendeu diversos prêmios e certificações ao longo de sua
trajetória: foi eleita umas das 100 Empresas Mais Admiradas pela revista Carta Capital
(2010); recebeu o Selo de Excelência em Franchising (SEF) - Categoria Sênior (2009 e
2010); além do prêmio Alshop (2006 e 2009) - Melhor Loja de Complementos e Acessórios
de Vestuário - Voto do Consumidor; entre outros.
Atualmente os produtos são adquiridos de grandes fornecedores mundiais e regionais
(chineses, italianos, argentinos e brasileiros), e a matriz, estabelecida na cidade de São Paulo,
18 Esse modelo pode ser considerado como “o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de
uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou
serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou
sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem
que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício” (BRASIL, Lei nº 8.955, de 5 de dezembro de1994 ).
31
concentra os departamentos de Marketing, Produto, Comercial, Expansão, Financeiro e de
Recursos Humanos.
Quanto à Jelly, por se tratar de uma franquia mais nova, as informações sobre sua
criação são mais escassas. A empresa, criada no Rio de Janeiro no ano 2000, está presente em
mais de 10 estados, comercializa produtos de marca própria e, principalmente, produtos do
grupo Grendene - sobretudo, as sandálias Melissa. Dada a tradição e o posicionamento que as
sandálias da marca Melissa têm no mercado, elas são o carro chefe da Jelly, representando
grande parte do faturamento da rede. Alguns produtos da Jelly são nacionais e outros são
importados. A matriz da empresa está localizada no Rio de Janeiro.
Para este trabalho, como se disse, será considerada a realidade do grupo empresarial
Viva, que atua em Brasília e trabalha com as duas marcas apresentadas anteriormente.
Originada com um casal de empreendedores, o grupo atua há 11 anos em Brasília.
Suas atividades tiveram início com uma operação da Chilli Beans situada em um shopping
center de grande circulação em Brasília. Em pouco mais de 2 anos, devido ao sucesso da
empreitada, foram abertos mais 2 pontos de venda, também em shopping centers de Brasília.
Hoje, o Grupo tem 11 pontos de venda da marca Chilli Beans, 2 pontos de venda da marca
Jelly e cerca de 100 funcionários efetivos. De acordo com o planejamento estratégico da
empresa, existe a intenção de que, até o término de 2011, sejam abertos mais 4 pontos de
venda da Chilli Beans. O organograma da empresa pode ser representado da seguinte forma:
Figura 3. Organograma da Chilli Beans Brasília
Fonte: CHILLI BEANS BRASÍLIA, 2011.
32
3.2 Caracterização da Mudança nas Organizações Estudadas
Adotou-se neste trabalho o período de um ano – de 2010 a 2011- para registrar as
principais mudanças ocorridas em cada uma das organizações, o Sebrae e o Grupo
Empresarial Viva. O recorte transversal se deu considerando que as mudanças listadas abaixo
precederam o preenchimento dos questionários pelos indivíduos.
No caso da empresa pública, as principais mudanças internas registradas ao longo do
período foram: substituição do presidente do conselho deliberativo e do presidente executivo;
realização de 2 processos seletivos (foram contratados cerca de 30 novos funcionários);
demissões; promoções; perda de função gratificada de alguns gerentes; implantação da
remuneração variável; fusão de duas unidades organizacionais; divisão de uma unidade
organizacional em duas; criação de uma nova unidade organizacional; adoção do programa
5S; adoção dos critérios da Fundação Nacional da Qualidade para nortear as práticas de
gestão organizacional; implantação do programa de gestão eletrônica de documentos, o que
reduziu drasticamente o uso e o trâmite de papéis; inauguração e mudança para a nova sede
administrativa. Em relação às mudanças externas verificadas no intervalo de 1 ano no Sebrae,
elencam-se: a abertura da nova Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa; e o anúncio
da criação do Ministério da Pequena e Média Empresa, feito pela presidenta Dilma Rousseff,
em fevereiro do ano de 2011.19
Já na empresa privada, foram detectadas as seguintes mudanças internas: contratação
de consultor para assumir o papel de chefe executivo; demissão de funcionários-chave do
escritório administrativo e das lojas; promoção de funcionários a cargos gerenciais;
contratação de novos funcionários para o escritório e para as lojas; reestruturação dos cargos e
da estrutura organizacional do escritório; possibilidade de venda das operações da Jelly;
patrocínio de eventos locais de grande porte incluindo o nome das marcas comercializadas –
Porão do Rock, Claro Park Fashion, entre outros; lançamentos periódicos de campanhas de
venda e desafios; abertura de 3 novas lojas da marca Chilli Beans; inauguração e mudança do
escritório administrativo para nova sede. Já entre as mudanças externas ocorridas no Grupo
Empresarial Viva, no período em questão, podem ser elencados os seguintes fatos: realização
19
Cf. Agência Sebrae de Notícias. Disponível em: <http://www.agenciasebrae.com.br>.
33
da convenção anual de funcionários e franqueados; aumento projetado de vendas para o
varejo no DF; unificação de sistemas de cartão de crédito, de maneira que as diferentes
bandeiras de cartão de crédito são atualmente operacionalizadas em uma só máquina; e, por
fim, a entrada no mercado, além do crescimento, de novos concorrentes diretos e indiretos.
Preservadas as características de cada uma das empresas, é possível constatar que o
rol de mudanças ocorridas no período de 1 ano repercutiram em diversas dimensões:
atingiram tanto os funcionários quanto a estrutura, a estratégia, o ambiente legal e a
tecnologia das organizações. Tais mudanças não ocorreram por acaso, consistem em
adequações realizadas pelas empresas para tornarem-se mais competitivas no mercado de
atuação, seja como grupo detentor de franquias, seja como entidade vinculada ao governo.
3.3 População e Amostra
Para a pesquisa foi adotada uma amostra de conveniência não-probabilística, em
virtude da dificuldade em se acessar os indivíduos nas empresas. O total de questionários
válidos respondidos foi de 105.
A empresa pública possui cerca de 400 funcionários e, em razão de dificuldades
internas apresentadas para a realização da coleta, apenas 26 respondentes, cerca de 6,5% do
total de funcionários da empresa aceitaram participar do estudo.
Por outro lado, na empresa privada houve maior facilidade para aplicação da
pesquisa, obtendo-se 81 respostas válidas de um público de 100 funcionários, ou seja, um
índice de 81% de participação.
Em relação às respostas válidas, a tabela 1 resume o ocorrido com as variáveis
demográficas. Os itens nulos ficaram entre 1,9% e 17% dos itens respondidos na pesquisa.
34
Tabela 1 – Frequências das variáveis demográficas
Gênero Escolaridade Cargo Empresa Idade
Tempo de
Serviço (em
meses)
N Válidos 101 101 98 107 100 92
Nulos 6 6 9 0 7 15
3.3.1 Amostra da Empresa Pública
A amostra da empresa pública foi predominantemente feminina, com 70,8% dos
itens válidos, enquanto os respondentes masculinos representaram apenas 29,2%.
A grande maioria dos respondentes, 52,2%, situou-se na faixa etária dos 18 aos 25
anos; 30,4% tinham entre 36 e 45 anos e 17,4% tinham entre 26 e 35 anos de idade.
A escolaridade apresentada pelos respondentes foi em sua grande maioria o nível
superior completo, com 37,5% dos itens válidos, seguida de pós-graduados, com 33,3%, além
do nível superior incompleto, com 25% e, por fim, o 2º grau completo, com 4,2% dos itens
válidos.
A distribuição de indivíduos por nível hierárquico apresentou 60,9% deles no nível
operacional, 30,4% no nível tático e 8,7% no nível gerencial.
Em relação ao tempo de serviço, 43,5% situaram-se no período de 13 a 60 meses,
seguidos de indivíduos de até 12 meses, com 39,1%, e indivíduos compreendidos no intervalo
de 61 a 250 meses.
35
3.3.2 Amostra da Empresa Privada
A distribuição por gênero da empresa privada apresentou o público feminino como
maioria, sendo 53,2% dos itens válidos, contra 46,8% do público masculino. A grande
maioria dos respondentes, 74%, situou-se na faixa etária dos 18 aos 25 anos, seguidos de
23,4% entre 36 e 45 anos e apenas 2,6% entre 26 e 35 anos de idade.
A escolaridade apresentada pelos respondentes foi em sua grande maioria o 2º grau
completo, com 41,6% dos itens válidos, seguida do nível superior incompleto, com 35,1%, o
nível superior completo, com 13%; os indivíduos com pós graduação representam 5,2%; e os
que têm o 2º grau incompleto representam também 5,2%.
A distribuição de indivíduos por nível hierárquico apresentou 60% deles no nível
operacional, 20% no nível gerencial, 10,7% no nível estratégico e 9,3% no nível tático. Em
relação ao tempo de serviço, a grande maioria, 62,3%, situou-se na faixa de 0 a 12 meses,
seguidos de 33,3% na faixa de 13 a 60 meses, e, por fim, 4,3% estão na faixa de 61 a 250
meses.
3.4 Instrumento de pesquisa
Conforme Gunther (1996, apud SILVA, 2006, p. 47), um instrumento para coleta de
dados deve obedecer a uma estrutura pré-definida, que contenha a identificação do
pesquisador e a legitimação dos objetivos da pesquisa, bem como uma estrutura lógica das
temáticas apresentadas na coleta de dados.
E ainda, de acordo com Gunther (idem), o pesquisador deve ter em mente que a
realização da coleta de dados “dependerá da população-alvo, do tamanho da amostra, dos
36
conceitos a serem explorados, bem como dos recursos disponíveis para a aplicação e
processamento do instrumento”.
Nesse sentido, para este trabalho, duas escalas foram adotadas.20
A primeira
pretendeu medir as atitudes dos indivíduos frente à mudança. A escala foi validada por Neiva,
Ros e Paz (2004), considerando uma amostra de 409 sujeitos de 2 organizações brasileiras.
Para sua validação, Neiva (2004, p.105) afirma que a escala “foi submetida à análise paralela,
análise fatorial exploratória e confirmatória, esta última realizada com a utilização da técnica
de modelagem por equações estruturais”. A escala possui três fatores, 46 itens, cargas
fatoriais acima de 40% e alfas de Cronbach21
acima de 0,83. A escala reflete as três atitudes
típicas apresentadas pelos indivíduos em situação de mudança organizacional (NEIVA, 2004),
quais sejam:
Ceticismo: atitudes que englobam crenças e comportamentos negativos em relação
aos processos de mudança, com ênfase no descrédito e na não-colaboração aos
programas de mudança (NEIVA, 2004);
Temores: atitudes que retratam o medo da perda de poder, da perda de benefícios,
bem como as incertezas vividas pelos membros da organização em situações de
mudança (NEIVA, 2004);
Aceitação: atitudes que retratam uma avaliação sobre crenças e comportamentos
positivos dos membros organizacionais em relação aos processos de mudança
(NEIVA, 2004).
Já a segunda escala, em fase de validação, considera a percepção dos indivíduos
quanto ao contexto de mudanças.22
Ela foi aplicada a 1051 indivíduos de quatro organizações
e, possui dois fatores, 21 itens, cargas fatoriais acima de 0,40 e alfas de Cronbach acima de
0,72. A escala foi construída considerando os fatores que retratam o contexto de mudanças
que têm sido estudados pela literatura (RAFFERTY; GRIFFIN, 2006; ARMENAKIS;
BEDEIAN, 1999). Esses fatores são:
20
Cf. Anexos. 21
Trata-se de uma medida de consistência interna, isto é, define em que proporção um conjunto de itens pode ser
relacionado como um grupo. Disponível no endereço eletrônico da Universidade da Califórnia - US:
<http://www.ats.ucla.edu/stat/spss/faq/alpha.html>. 22
NERY, V. Variáveis de contexto e sua influência sobre atitudes em relação à mudança e
comportamentos de engajamento e resistência à mudança. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Instituto de
Psicologia, Universidade de Brasília. Data prevista para a defesa: dez. 2011.
37
Risco e impacto das mudanças nos empregados: este fator relaciona-se com dois
fatores já levantados em estudos, a saber: 1) incerteza psicológica, que é a percepção
do indivíduo de que o ambiente de trabalho permite que ele assuma riscos
interpessoais e de que as pessoas próximas no ambiente de trabalho não irão rejeitar
ou constranger aqueles que cometem erros ou falam sobre questões difíceis
(EDMONDSON; WOOLEY, 1999, apud DEVOS; BUELENS; BOUCKENOOGHE,
2007); 2)impacto da mudança/intensidade da mudança, que trata de percepções
individuais sobre o grau de mudança relacionada a modificações nos sistemas centrais
de uma organização, incluindo as formas tradicionais de trabalho, valores, estratégia e
estrutura. Levy (1986) considerou que a mudança transformacional, pela sua própria
natureza, implica uma mudança dramática em aspectos fundamentais de uma
organização (RAFFERTY; GRIFFIN, 2006);
Planejamento, preparo e experiências anteriores com a mudança: este fator
relaciona-se com três fatores já levantados em estudos, a saber: 1) planejamento da
mudança, que diz respeito às percepções individuais de que deliberações e preparações
ocorreram antes da implementação da mudança. Quando os esforços são feitos para
planejar a mudança antecipadamente, mudanças se tornam mais previsíveis, e as
pessoas são providas com informações sobre a iminência da mudança e a duração da
mudança (RAFFERTY; GRIFFIN, 2006); 2) histórico de mudança/experiências
anteriores, que trata das percepções sobre o registro de mudanças ocorridas na
organização. Se as mudanças organizacionais falharam no passado, os empregados
resistirão em aceitar novas iniciativas de mudança. Em sua pesquisa sobre cinismo e
mudança organizacional, Reichers et al. (1997, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007) descobriram que o histórico de mudanças está
correlacionado com a motivação para se continuar tentando realizar mudanças.
Segundo a Teoria do Aprendizado Social, de Bandura (1982, apud DEVOS;
BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007), os empregados aprendem com os resultados
e as experiências passadas, e este aprendizado fornece um feedback em loop, em que
as experiências passadas servem para revisar crenças e expectativas sobre as
experiências futuras (DEVOS; BUELENS; BOUCKENOOGHE, 2007); 3) frequência
da mudança, que está relacionada às percepções individuais sobre quantas vezes as
mudanças ocorrem no local de trabalho. Glick et al. (1995) argumentaram que quanto
38
mais raras as mudanças, mais fácil é para os indivíduos percebê-las como um evento
discreto, além disso, os funcionários estarão mais aptos a identificar com clareza o seu
início e o seu ponto final. Em contraste, quando a mudança é frequente, os membros
da organização não a percebem com facilidade, vendo-a como um evento isolado, e é
provável que a sintam como algo altamente imprevisível (RAFFERTY; GRIFFIN,
2006).
3.5 Procedimentos de coleta e de análise de dados
A coleta dos dados foi realizada por meio da aplicação do questionário de percepção
de contexto e de atitudes frente à mudança. O questionário foi aplicado nas duas organizações
escolhidas para o estudo e a sua entrega foi feita de forma não aleatória em ambas as
empresas, a partir da disponibilidade dos respondentes.
Para a empresa pública foi criado um modelo eletrônico do formulário de pesquisa
em anexo, conforme solicitado pelos funcionários da empresa. Já para a empresa privada,
optou-se por entregar os formulários impressos, dada a ausência de computador para todos os
funcionários dos pontos-de-venda. Em ambas as empresas, os formulários de coleta ficaram
disponíveis por 15 dias.
Atualmente a empresa pública conta com cerca de 400 funcionários - entre efetivos,
terceirizados, estagiários e consultores. Já a empresa privada possui cerca de 100
funcionários, incluindo os alocados nas lojas e no escritório administrativo.23
Para a análise dos resultados obtidos por meio das amostras, o software estatístico
SPSS foi adotado, devido à sua versatilidade para tratar os dados elencados no questionário.
Em coerência com o traço metodológico da pesquisa descritiva, já foram apresentados os
23
A imprecisão numérica do quantitativo de funcionários ocorre em virtude dos processos seletivos em aberto
nas duas empresas, e, especificamente no caso da empresa privada, em razão do considerável turnover em
algumas filiais.
39
dados da amostra, tais como gênero, escolaridade, faixa etária, cargos ocupados e tempo de
serviço na empresa. E para satisfazer o traço correlacional da pesquisa, realizou-se uma
regressão múltipla24
para verificar a possível relação entre os fatores de contexto e os de
atitude em relação à mudança organizacional.
Nos capítulos subsequentes, serão analisadas as estatísticas descritivas das respostas
relacionadas a cada um dos fatores elencados nos instrumentos de pesquisa, com o objetivo de
situar os resultados em meio aos estudos já realizados sobre percepção de mudança e atitudes
frente à mudança.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos dados e a discussão dos mesmos serão apresentados a seguir nas
próximas seções do trabalho. Para fins de conveniência julgou-se necessário analisar os dados
das empresas conjuntamente.
4.1 Comportamento das Variáveis
Ao analisar as médias das respostas comparando-as com o gênero dos indivíduos
pesquisados, percebe-se certa homogeneidade entre as respostas.
Os resultados mais elevados foram apresentados pela variável de atitude aceitação, e os
menores pela variável de atitude ceticismo, conforme demonstra a tabela 2 a seguir:
24
É uma metodologia estatística de previsão de valores de uma ou mais variáveis de respostas (dependentes)
através de um conjunto de variáveis explicativas (independentes) (Cf. KASZNAR, I. K.; GONÇALVES, B. M.
L., 2007, p. 1).
40
Tabela 2 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por empresa
Empresa
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
Sebrae Média 6,65 6,22 4,84 7,02 6,55
N 24 24 24 24 24
Desvio padrão 1,24 1,05 1,60 1,12 1,37
Chilli Beans Média 6,78 5,85 3,85 6,28 6,92
N 81 81 81 81 81
Desvio padrão 1,29 1,13 1,25 0,74 1,07
Total Média 6,75 5,94 4,08 6,45 6,84
N 105 105 105 105 105
Desvio padrão 1,28 1,12 1,40 0,89 1,15
O desvio padrão da amostra não apresentou número elevado. Das variáveis de
gênero, o público feminino apresentou valores mais elevados nas duas variáveis de contexto,
conforme revela a tabela 3 a seguir. Para ambos os gêneros, a variável de aceitação apresentou
maior média de respostas, e a de ceticismo a menor.
Tabela 3 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por gênero
Gênero
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
Masculino Média 6,69 5,72 4,06 6,41 6,85
N 43 43 43 43 43
Desvio padrão 1,37 1,14 1,50 0,90 1,30
Feminino Média 6,82 6,05 4,09 6,46 6,85
N 58 58 58 58 58
Desvio padrão 1,17 1,03 1,36 0,91 1,06
Total Média 6,76 5,91 4,07 6,44 6,85
N 101 101 101 101 101
Desvio padrão 1,26 1,09 1,41 0,91 1,16
41
Com relação à escolaridade, os resultados também apresentaram certa
homogeneidade entre as variáveis de contexto e de atitudes, conforme apresenta a tabela 4
abaixo.
A maior média percebida diz respeito à variável de contexto planejamento, preparo e
experiências anteriores com a mudança quando comparada com os indivíduos do grupo que
tem o 2º grau incompleto.
De uma forma geral, a variável aceitação permaneceu com elevados resultados, e a
de ceticismo com resultados menores.
Tabela 4 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por escolaridade
Escolaridade
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
2º Grau Incompleto Média 7,38 5,64 4,28 6,09 6,50
N 4 4 4 4 4
Desvio padrão 1,14 0,47 1,16 0,62 0,83
2º Grau Completo Média 6,92 5,55 3,96 6,22 7,09
N 33 33 33 33 33
Desvio padrão 1,23 1,27 1,37 0,83 1,08
Superior Incompleto Média 6,86 6,11 3,75 6,40 6,92
N 33 33 33 33 33
Desvio padrão 1,11 0,93 1,34 0,73 1,13
Superior Completo Média 6,36 6,09 4,57 6,72 6,68
N 19 19 19 19 19
Desvio padrão 1,29 0,95 1,53 0,89 1,00
Pós – Graduação Média 6,17 6,50 4,65 7,10 6,23
N 12 12 12 12 12
Desvio padrão 1,57 1,24 1,28 1,17 1,55
Total Média 6,72 5,95 4,10 6,47 6,83
N 101 101 101 101 101
Desvio padrão 1,26 1,11 1,39 0,89 1,15
Sobre o nível hierárquico, na empresa pública os níveis obedeceram a seguinte
distribuição de cargos: para o nível estratégico, cargos de direção, supervisão, coordenação;
para o nível gerencial, cargos gerenciais e de gerente adjunto; para o nível tático, cargos
42
administrativos de analista; e para o nível operacional, cargos de assistência administrativa e
estagio.
Já na empresa privada, a distribuição dos cargos foi: para o nível estratégico, cargos
de direção, supervisão e coordenação; para o nível gerencial, cargos gerenciais e sub
gerenciais; para o nível tático, cargos administrativos de analista; e para o nível operacional,
cargos de assistência administrativa, vendas, e apoio/estoque/caixa.
Os resultados apontaram que o nível hierárquico dos indivíduos também apresentou
desvio padrão baixo. O maior valor apresentado na média das respostas foi o dos indivíduos
situados no nível gerencial em relação à variável de atitude aceitação. Percebe-se também que
a maior quantidade de indivíduos se situa no nível operacional.
Seguindo a tendência já apresentada anteriormente, a variável aceitação permaneceu
com resultados elevados, enquanto a de ceticismo continuou com a menor média, conforme
atestam os dados da tabela 5.
Tabela 5 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por cargo
Cargo
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
Estratégico Média 5,79 6,34 4,58 6,74 6,50
N 8 8 8 8 8
Desvio padrão 1,60 0,93 1,17 0,69 1,45
Gerencial Média 6,81 5,97 3,61 6,12 7,19
N 17 17 17 17 17
Desvio padrão 1,14 0,91 1,18 0,74 1,07
Tático Média 5,93 6,75 4,76 7,14 6,37
N 13 13 13 13 13
Desvio padrão 0,93 1,04 1,21 0,94 0,78
Operacional Média 7,03 5,72 4,02 6,35 6,87
N 60 60 60 60 60
Desvio padrão 1,19 1,11 1,51 0,92 1,18
Total Média 6,75 5,95 4,09 6,45 6,83
N 98 98 98 98 98
Desvio padrão 1,26 1,10 1,42 0,92 1,15
43
Seguindo a tendência dos resultados apresentados anteriormente, não se percebeu
grande variação ao se comparar as médias das respostas das variáveis com a faixa etária dos
indivíduos.
Novamente, a variável de aceitação foi a que apresentou resultados mais elevados, e
a de ceticismo os menores, conforme demonstra a tabela 6 a seguir.
Tabela 6 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por idade
Idade
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
18 a 25 anos Média 6,96 5,86 3,93 6,39 6,96
N 69 69 69 69 69
Desvio padrão 1,17 1,21 1,42 0,90 1,09
26 a 35 anos Média 6,32 6,18 4,31 6,59 6,81
N 22 22 22 22 22
Desvio padrão 1,47 0,73 1,40 0,72 1,26
36 a 45 anos Média 6,55 5,84 4,55 6,33 6,19
N 9 9 9 9 9
Desvio padrão 1,07 1,17 1,40 1,22 1,37
Total Média 6,78 5,93 4,07 6,43 6,86
N 100 100 100 100 100
Desvio padrão 1,25 1,12 1,42 0,89 1,17
Em relação ao tempo de serviço dos indivíduos da amostra, observa-se que 56%
deles se situam na faixa de 0 a 12 meses de tempo de serviço.
O fato merece consideração, haja vista que o recorte temporal adotado para elencar
as mudanças sofridas nas organizações foi de 12 meses.
Já a média das respostas seguiu a tendência já apresentada anteriormente, apontando
valores mais elevados para a variável aceitação e menores para a variável ceticismo, conforme
revela a tabela 7 a seguir.
44
Tabela 7 - Médias e desvios-padrão das variáveis de estudo por tempo de serviço
Tempo de Serviço
Planejamento,
preparo e
experiências
anteriores com
a mudança
Risco e
impacto das
mudanças nos
empregados Ceticismo Temor Aceitação
0 a 12 meses Média 6,90 5,93 3,96 6,32 6,84
N 52 52 52 52 52
Desvio padrão 1,13 1,11 1,36 0,93 1,02
13 a 60 meses Média 6,39 6,11 4,37 6,64 6,65
N 33 33 33 33 33
Desvio padrão 1,30 0,88 1,46 0,80 1,24
61 a 250 meses Média 6,69 5,76 3,79 6,34 6,92
N 7 7 7 7 7
Desvio padrão 1,40 1,32 1,01 1,18 1,74
Total Média 6,70 5,98 4,10 6,43 6,78
N 92 92 92 92 92
Desvio padrão 1,23 1,04 1,38 0,90 1,15
4.2 Relações entre as Variáveis
Como foi dito anteriormente, a técnica utilizada para a análise das relações entre as
variáveis foi a regressão múltipla, visto que, de acordo com Kasznar e Gonçalves (2007, p. 1),
se trata de “uma metodologia estatística de previsão de valores de uma ou mais variáveis de
respostas (dependentes) através de um conjunto de variáveis explicativas (independentes).
Diante disso, após o procedimento, entre os resultados encontrados, obteve-se relação
significante em alguns casos. Ao total foram realizadas 3 regressões e os resultados serão
descritos a seguir por variável dependente.
45
4.2.1 Preditores de Atitudes de Ceticismo Frente à Mudança
A regressão realizada aponta que as variáveis de contexto (independentes) explicam
em 26% a variável ceticismo (dependente), conforme demonstra a tabela 8. O modelo também
apontou que existe significância na relação entre as duas variáveis preditoras de contexto,
sendo que: planejamento, preparo e experiência anteriores com a mudança explica
negativamente as atitudes de ceticismo, ou seja, quanto maior uma, menor a outra,
respectivamente; e risco e impacto da mudança nos empregados explica positivamente as
atitudes de ceticismo, ou seja, quanto maior uma, maior a outra, respectivamente. Conforme
apontam os resultados na tabela 9.
Tabela 8 - Resumo do modelo - Ceticismo
Modelo R R²
R²
ajustado
Erro
padrão dimension0
1 ,505a 0,26 0,24 1,22
a. Preditoras: (Constante), Risco e impacto das mudanças nos empregados,
Planejamento, preparo e experiências anteriores com a mudança
Tabela 9 - Coeficientes de Ceticismo
Modelo Coeficientes não padronizados
Coeficientes
padronizados Sig.
B Erro padrão Beta
1
(Constante) 5,65 1,06 0,00
Planejamento, preparo e
experiências anteriores com
a mudança -0,45 0,10 -0,41 0,00
Risco e impacto das
mudanças nos empregados 0,25 0,11 0,20 0,03
a. Variável dependente: Ceticismo
46
4.2.2 Preditores de Atitudes de Temor Frente à Mudança
A regressão realizada aponta que as variáveis de contexto (independentes) explicam
em 20% a variável temor (dependente), conforme a tabela 10. O modelo também apontou que
existe significância na relação entre uma das variáveis preditoras de contexto, sendo que:
planejamento, preparo e experiência anteriores com a mudança não possui relação significante
com atitudes de temor, enquanto risco e impacto da mudança nos empregados explica
positivamente as atitudes de temor, ou seja, quanto maior uma, maior a outra,
respectivamente.
Tabela 100 - Resumo do modelo - Temor
Modelo R R² R² ajustado
Erro
padrão
dimension0
1 ,448a 0,20 0,19 0,81
a. Preditoras: (Constante), Risco e impacto das mudanças nos empregados,
Planejamento, preparo e experiências anteriores com a mudança
Tabela 11 - Coeficientes Temor
Modelo Coeficientes não padronizados
Coeficientes
padronizados Sig.
B Erro padrão Beta
1 (Constante) 4,78 0,70 0,00
Planejamento, preparo e
experiências anteriores com
a mudança
-0,05 0,06 -0,07 0,43
Risco e impacto das
mudanças nos empregados
0,34 0,07 0,42 0,00
a. Variável Dependente: Temor
47
4.2.3 Preditores de Atitudes de Aceitação Frente à Mudança
A regressão realizada aponta que as variáveis de contexto (independentes) explicam
em 49% a variável aceitação (dependente), conforme a tabela 12. O modelo também apontou
que existe significância na relação entre uma das variáveis preditoras de contexto, sendo que:
planejamento, preparo e experiência anteriores com a mudança explica positivamente as
atitudes de aceitação, ou seja, quanto maior uma, maior a outra; e risco e impacto da mudança
nos empregados não possui relação significante com atitudes de aceitação.
O resultado aponta que o grau de risco e impacto das mudanças não explicam as
atitudes de aceitação, contudo, os respondentes consideram como fator determinante para as
atitudes de aceitação o planejamento, preparo e as experiências anteriores com a mudança,
conforme os resultados revelados na tabela 13.
Tabela 12 - Resumo do modelo - Aceitação
Modelo
R R² R² ajustado Erro padrão
dimension0
1 ,699a 0,49 0,48 0,83
a. Preditoras: (Constante), Risco e impacto das mudanças nos empregados,
Planejamento, preparo e experiências anteriores com a mudança
Tabela 13 - Coeficientes Aceitação
Modelo Coeficientes não padronizados Coeficientes
padronizados
Sig.
B Erro padrão Beta
1 (Constante) 2,62 0,72 0,00
Planejamento, preparo e
experiências anteriores com
a mudança
0,63 0,07 0,70 0,00
Risco e impacto das
mudanças nos empregados
0,00 0,08 0,00 0,98
a. Variável dependente: Aceitação
48
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As organizações devem mudar, de forma a adaptarem-se ao ambiente, todavia
permanecendo competitivas. Embora desejem mudar, como muitas vezes o fazem, os agentes
responsáveis pela mudança frequentemente apontam a resistência por parte dos funcionários
(LIU; PERREWÉ, 2005). Alguns estudos sobre a resistência à mudança têm sugerido que
sentimentos negativos são um indicador da falta de vontade de um indivíduo para suportar
mudanças (APPLEBAUM; BATT, 1993; JUDSON, 1991, apud DEVOS; BUELENS;
BOUCKENOOGHE, 2007). A resistência à mudança tem sido reconhecida há muito tempo
como uma resposta inevitável e um fator importante que pode influenciar no sucesso ou
fracasso da mudança organizacional (MILLER; JOHNSON; GRAU, 1994; PIDERIT, 2000;
BORDIA et al., 2004; ARMENAKIS; HARRIS; MOSSHOLDER, 1993, apud
BORTOLOTTI; JUNIOR; ANDRADE, 2009).
Para Lines (2005), os indivíduos podem reagir emocionalmente a seus primeiros
encontros com uma mudança, e informações sobre a mudança podem provocar emoções como
a frustração, o entusiasmo ou o medo. Já Liu e Perrewé (2005 p. 277) apontam que emoções
positivas e negativas são possíveis de ocorrer em processos de mudança planejada. Embora a
literatura sobre o assunto enfatize a resistência à mudança e as emoções negativas, tais como
ansiedade, frustração, incerteza e estresse, estudos empíricos apontam que os indivíduos
também podem apresentar emoções positivas durante os processos de mudança, tais como
esperança, excitação e alegria. A formação de atitudes frente à mudança é um evento crucial
no processo de mudança (LINES, 2005).
Com relação ao objetivo específico da pesquisa de identificar os fatores de contexto
característicos das organizações estudadas, a adoção de uma escala contendo dois fatores de
contexto foi satisfatória, foram eles: planejamento, preparo e experiências anteriores com a
mudança; e risco e impacto das mudanças nos empregados. A escala foi construída
considerando os fatores que retratam o contexto de mudanças que têm sido estudados pela
literatura (RAFFERTY; GRIFFIN, 2006; ARMENAKIS; BEDEIAN, 1999), e, apesar de estar
em fase de validação, a escala apresentou consistência suficiente para ter sido adotada no
estudo. Como citado anteriormente, ela foi aplicada a 1051 sujeitos de quatro organizações,
possui dois fatores, 21 itens, cargas fatoriais acima de 0,40 e alfas de Cronbach acima de 0,72.
49
Com relação ao segundo objetivo específico, o de descrever as atitudes dos
indivíduos em relação à mudança organizacional das organizações, ao se adotar a escala
validada por Neiva, Ros e Paz (2004), o estudo encontrou base satisfatória para apontar que as
atitudes dos indivíduos frente à mudança podem se manifestar de 3 maneiras: atitudes de
ceticismo; atitudes de temor; e atitudes de aceitação. Como citado anteriormente, Beer,
Eisentat e Spector (1990, apud NEIVA, 2004) propuseram, após estudo, que mudanças nas
atitudes levam a mudanças no comportamento individual, enquanto mudanças no
comportamento individual, repetidas por muitas pessoas, irão resultar em mudança
organizacional. E, de forma complementar é apontado por Porras e Robertson que:
A mudança individual dos membros é pré-requisito (mediadora) para a mudança
organizacional. O comportamento individual é central na mudança organizacional e
toda mudança organizacional efetiva e duradoura é baseada na alteração do
comportamento humano no trabalho. [...] comportamentos individuais são o elo
mediador entre a intervenção planejada e os resultados organizacionais (PORRAS;
ROBERTSON, 1992, apud NEIVA, 2004, p. 31).25
O terceiro objetivo específico do trabalho, o de especificar as possíveis relações entre
os fatores de contexto e atitudes frente à mudança, foi satisfatoriamente alcançado ao
analisarem-se os resultados das regressões múltiplas entre as variáveis. Foram consideradas
como variáveis dependentes as de atitudes, e as variáveis de contexto como independentes.
Foi observada relação estatisticamente significante entre pelo menos uma das duas variáveis
de contexto em comparação às variáveis de atitude frente à mudança, de tal modo que a
descrição dessa relação pode ser apresentada a seguir sob a luz dos estudos já realizados sobre
o tema.
O estudo realizado por Rafferty e Griffin (2006) publicado em artigo intitulado
Perceptions of organizational change: a stress and coping perspective apontou a existência
de três características em eventos de mudança que influenciam a resposta para mudança dos
indivíduos e, em última instância, a satisfação deles e as intenções de turnover. O estudo
merece referência pois elenca variáveis semelhantes às usadas no instrumento de contexto de
mudança adotada no presente trabalho. Rafferty e Griffin (2006) apontaram que os indivíduos
perceberam e diferenciaram as variáveis frequência da mudança, planejamento envolvido na
25
NEIVA, E. R. Percepção de mudança organizacional: o papel das atitudes e das características
organizacionais. 2004. 239 f. Tese (Doutorado em Psicologia), Universidade de Brasília, Brasília.
50
mudança e impacto da mudança. O estudo apontou, entre outras considerações, que a variável
planejamento da mudança apresentou relação positiva com a variável satisfação no trabalho e
negativa com as intenções de turnover, mediada por meio da variável incerteza psicológica.
Sob o enfoque emocional nos processos de mudança, Liu e Perrewé (2005) ao
apresentarem um modelo teórico focado em processo, no artigo intitulado Another look at the
role of emotion in the organizational change: a process model, apontam que emoções
positivas e negativas são possíveis de ocorrer em processos de mudança planejada. Embora a
literatura sobre o assunto enfatize a resistência à mudança e as emoções negativas, tais como
ansiedade, frustração, incerteza e estresse, estudos empíricos apontam que os indivíduos
também podem apresentar emoções positivas durante os processos de mudança, tais como
esperança, excitação e alegria (LIU; PERREWÉ, 2005, p. 277).
Já Kalimo, Taris e Schaufeli (2003), ao estudarem os efeitos do downsizing no bem-
estar dos funcionários, fornecem importantes esclarecimentos sobre o componente de
comunicação, que está indiretamente ligado aos efeitos das experiências anteriores e
expectativas futuras de downsizing. De forma geral, os autores apontam que o downsizing
pode implicar uma renegociação unilateral dos termos do contrato psicológico entre a
organização e seus empregados, de tal forma que estes últimos passam a receber menos a
partir deste relacionamento e/ou investir mais neste relacionamento. Ambos os
processos podem resultar em um desequilíbrio entre investimentos e recompensas, o que, por
sua vez, pode contribuir para reduzir o bem-estar (KALIMO, TARIS, SCHAUFELI, 2003, p.
107). Com a redução do bem-estar podem ocorrer manifestações emocionais negativas, tais
como estresse, exaustão e cinismo. De maneira a evitar a perda de bem-estar e na intenção de
reduzir as taxas de turnover, é interessante que a organização informe ao seu pessoal em
tempo ágil e de maneira detalhada as mudanças organizacionais e downsizings, bem como
suas implicações para a organização e para os trabalhadores individualmente (KALIMO,
TARIS, SCHAUFELI, 2003 p. 107).
Ao se estabelecer relação entre o estudo conduzido por Kalimo, Taris e Schaufeli
(2003) e a variável de contexto adotada no estudo - planejamento, preparo e experiências
anteriores com a mudança – é possível verificar que a comunicação adquire considerável
51
importância na composição da variável26
e na relação de significância entre o aumento da
aceitação e a redução do ceticismo apresentados nos resultados do presente estudo.
Quanto ao objetivo geral da pesquisa de avaliar as relações entre o contexto e as
atitudes dos indivíduos quanto à mudança, a pesquisa, realizada em duas empresas de
Brasília, buscou responder se existe relação entre o contexto e as atitudes dos empregados
frente à mudança e se o contexto organizacional favoreceria atitudes positivas ou negativas.
Conforme apresentado anteriormente, a análise dos resultados identificou relações
significantes entre as variáveis de contexto e de atitude frente à mudança, de modo que é
possível concluir que o objetivo geral e os específicos foram alcançados com o presente
trabalho. Em resposta à pergunta de pesquisa, os resultados do trabalho apontam que o
contexto favoreceu tanto atitudes negativas (ceticismo e temor) quanto positivas (aceitação).
Acredita-se que a intenção de oferecer informações importantes para prever a
efetividade dos esforços para a mudança organizacional e a consequente preparação dos
profissionais envolvidos na mudança organizacional, em termos de planejamento e execução
de atividades mais efetivas (SELF; ARMENAKIS; SCHRAEDER, 2007), também tenha sido
contemplada com este trabalho. Os resultados da pesquisa fornecem subsídios válidos para
futuras intervenções nas empresas abordadas. Compreendendo as relações positivas e
negativas entre as variáveis de contexto e atitudes frente à mudança, os gestores das empresas
poderão prever o impacto das ações de mudança. Ações que envolvam os componentes de
contexto interno e externo das organizações farão com que os trabalhadores manifestem
atitudes positivas ou negativas frente à mudança, seja de aceitação, temor ou ceticismo.
Por fim, a pesquisa atendeu aos motivos acadêmicos elencados em sua justificativa, uma
vez que os resultados mostraram-se relevantes em relação aos estudos de mudança já
realizados, além de servirem de base para futuros estudos de mudança que considerem o
contexto e as atitudes frente à mudança.
26
Quando esforços são empreendidos para planejar as mudanças antecipadamente, elas se tornam mais
previsíveis, e as pessoas são providas com informações sobre a iminência dessas mudanças e a sua duração
(RAFFERTY; GRIFFIN, 2006).
52
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organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
56
ANEXOS
Anexo 1 – Instrumento de Contexto e Atitudes Frente à Mudança
Universidade de Brasília
Você está participando de uma pesquisa conduzida pela
Universidade de Brasília (UnB), cuja finalidade é levantar o que você
pensa sobre os processos de mudança na sua organização.
Sinta-se inteiramente à vontade para dar suas opiniões,
lembrando-se de que suas respostas ficarão ANÔNIMAS e serão
mantidas em SIGILO.
Não há respostas certas nem erradas. O que importa é sua
opinião SINCERA.
A sua PARTICIPAÇÃO é muito valiosa.
Muito obrigado!
57
Abaixo estão listados vários tipos de comportamentos ou idéias que as pessoas podem ter
sobre qualquer processo de mudança nas suas organizações.
Pensando nos processos de mudança em sua organização, leia com atenção cada frase e
informe se você concorda ou não com o que elas descrevem.
Circule o número, à direita de cada afirmação, que melhor indique o seu grau de concordância
com as frases escritas. Para dar suas respostas, utilize a escala de 0 a 10 conforme abaixo:
Discordo
totalmente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Concordo
totalmente
1 CT1. A empresa oferece todas as condições para que os
colaboradores se adaptem à mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 CT2. A mudança interferirá de alguma forma nas atividades
os colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3 CT3.A mudança interferirá nos relacionamentos dentro da
empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4 CT4.A mudança gera desconforto para os colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5 CT5. A mudança leva a uma situação pior ou inadequada
(indesejável). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
6 CT6. A qualquer momento podem ocorrer fatos não
previstos no processo de mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7 CT7. Os colaboradores estão preparados para atuar no novo
cenário. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
8 CT8. Nos últimos anos, a empresa passou por muitas
mudanças. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
9 CT9. Na mudança, a empresa investe em treinamentos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 CT10. Esta empresa passou por várias experiências de
mudança mal sucedidas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 CT11. Nos últimos anos as mudanças organizacionais
foram rápidas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
12 CT12. Nesta empresa as mudanças ocorrem
esporadicamente. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
13 CT13. Durante o processo de mudança a chefia promove
ações de apoio para os subordinados. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
14 CT14. No processo de mudança, as dúvidas são
esclarecidas em tempo hábil. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
15 CT15. Na mudança, a empresa investe em recursos
materiais e financeiros necessários. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
16 CT16. Os novos comportamentos serão positivos para a
empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
58
17 CT17. A mudança gera expectativa de melhor desempenho
e oportunidades de ascensão profissional. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
18 CT18. No processo de mudança há preocupação da
empresa com o bem-estar dos colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
19 CT19. As mudanças ocorridas nesta empresa obtiveram
sucesso. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
20 CT20. A empresa oferece todas as condições necessárias
para a mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
21 CT21. Os colegas e a gerência apoiam o processo de
mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
22 AT1. As pessoas que estão há muito tempo no poder se
sentem ameaçadas com a mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
23 AT2. Aqui as várias tentativas de mudança continuam não
dando certo. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
24 AT3. As pessoas costumam fazer de conta que estão
fazendo o trabalho de forma diferente. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
25 AT4. As pessoas deixam de aderir às mudanças na sua
empresa pela falta de informação. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
26 AT5. As mudanças nesta empresa geram insatisfação nas
pessoas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
27 AT6. As mudanças são benéficas porque podem “oxigenar”
esta empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
28 AT7. As pessoas costumam falar que a mudança aconteceu,
mas na prática não acontece. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
29 AT8. Nos processos de mudança, o medo da perda gera
resistência nas pessoas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
30 AT9. As pessoas costumam negar que a mudança vai
acontecer. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
31 AT10. É muito difícil mudar os comportamentos dos
colaboradores dentro desta empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
32 AT11. As mudanças nesta empresa geralmente ficam no
nível do discurso, não ocorrem de fato. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
33 AT12. Esta empresa não planeja os processos de mudança,
eles simplesmente acontecem. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
34 AT13. Há espaço para participação dos colaboradores nos
processos de mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
35 AT14. Os processos de mudança geralmente visam
somente atender a interesses políticos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
36 AT15. As pessoas reagem bem às mudanças na forma de
trabalhar. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
37 AT16. A empresa perde em produtividade quando
processos de mudança são implantados. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
38 AT17. As pessoas aceitam a mudança quando percebem
que podem ganhar com ela. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
59
39 AT18. Fazer corpo mole ao lidar com processos de
mudança é uma prática comum nesta empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
40 AT19. As mudanças geram caos nesta empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
41 AT20. Os processos de mudança trazem benefícios para a
empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
42 AT21. Nos processos de mudança, as pessoas sentem medo
de perder direitos e garantias na empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
43 AT22. Os colaboradores acreditam que podem realizar
mudanças no ambiente organizacional. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
44 AT23. A falta de informação sobre os processos de
mudança gera malentendidos na empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
45 AT24. As pessoas se comprometem com os processos de
mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
46 AT25. Não permitir que todos os objetivos da mudança
sejam concretizados dentro do prazo é comum nesta
empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
47 AT26. As pessoas temem as incertezas geradas pela
mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
48 AT27. A empresa prepara os colaboradores para o processo
de mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
49 AT28. As pessoas reagem negativamente às mudanças que
geram perdas salariais. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
50 AT29. As pessoas acreditam que sua participação
contribuirá para a mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
51 AT30. As mudanças costumam ser bem-sucedidas nesta
empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
52 AT31. As pessoas costumam fazer de conta que concordam
com as mudanças, mas não deixam que estas sejam
implantadas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
53 AT32. As mudanças comportamentais dentro desta empresa
são sempre muito lentas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
54 AT33. Exemplos de mudanças bem sucedidas fazem com
que pessoas sejam favoráveis a novas mudanças. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
55 AT34. Os processos de mudança pioram as relações de
trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
56 AT35. Os processos de mudanças pioram a rotina de
trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
57 AT36. A mudança gera oportunidade para os funcionários
que souberem aproveitar bem dela. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
58 AT37. Nos processos de mudança as pessoas temem a
perda de controle da situação. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
59 AT38. As pessoas não gostam do processo de mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
60 AT39. A falta de informação sobre os processos de
mudança gera fantasias e expectativas irreais nos
colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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61 AT40. As mudanças nesta empresa geram oportunidades
para o crescimento pessoal. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
62 AT41. As mudanças trazem um novo ânimo para os
colaboradores da empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
63 AT42. A mudança é aceita quando não se retira direitos e
garantias dos colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
64 AT43. Os colaboradores confiam nos gestores dos
processos de mudança. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
65 AT44. Nos processos de mudança, as pessoas temem
alterar sua rotina de trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
66 AT45. Fazer de conta que mudou é uma característica das
pessoas desta empresa. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
67 AT46. As mudanças nesta empresa trazem benefícios para
os colaboradores. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
*AT = questões ligadas ao Contexto
*CT= questões ligadas a Atitudes Frente a Mudanças
DADOS COMPLEMENTARES
Agora responda, por favor, a alguns dados complementares:
Idade: _____ anos
Sexo:( ) Masculino ( ) Feminino
Escolaridade: ( ) 2º Grau incompleto
( ) 2º Grau completo
( ) Superior Incompleto
( ) Superior
( ) Pós-Graduação
Cargo: ( ) Direção ( ) Supervisão ( ) Coordenação
( ) Administrativo/Analista ( ) Administrativo/Assistente
( ) Administrativo/Estágio ( ) Gerencial
( ) Sub-gerencial/Gerente adjunto ( ) Vendas ( ) apoio/estoque/caixa
Tempo de serviço na organização: ________ anos
Agora verifique o questionário respondido! . Não deixe respostas em branco!