Post on 07-Jan-2017
PAULA ROBERTA CHAGAS
IDADE AO NASCER, IDADE AO BATIZAR: PRÁTICAS RELIGIOSAS NA
SOCIEDADE CURITIBANA SETECENTISTA.
(séculos XVIII e XIX)
Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura e Bacharelado em História, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Sergio Odilon Nadalin.
CURITIBA 2007
III
SUMÁRIO
EPÍGRAFE.........................................................................................................................IV
AGRADECIMENTOS.......................................................................................................V
RESUMO...........................................................................................................................VII
INTRODUÇÃO................................................................................................................VIII
1. AS PRÁTICAS DE BATISMO NAS SOCIEDADES DO ANTIGO REGIME .......01
1.2. ... que sejão baptizadas até os oito dias depois de nascidas .......................................11
2. O QUADRO TEÓRICO METODOLÓGICO DA PESQUISA ................................13
2.1 A influência da morte na sociedade setecentista e o sacramento do batismo................13
2.2 As atas e registros de batismo........................................................................................15
2.3 As técnicas utilizadas.....................................................................................................18
3. O DIA DO BATISMO E A IDADE DO BATIZANDO..............................................22
4. CONCLUSÃO................................................................................................................35
5. REFERÊNCIAS.............................................................................................................36
6. ANEXOS.........................................................................................................................37
IV
Jesus disse aos discípulos: “vão e façam com que
todos os povos se tornem meus discípulos,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo e ensinando-os a observar tudo o que ordenei
a vocês”.
Evangelho segundo São Mateus, 28, 19-20.
“O que entendo por batismo, é assegurar que a
criança chegue no céu, caso aconteça algo. A
chamada apólice de seguro espiritual.”
John Locke, personagem da série LOST
V
AGRADECIMENTOS:
Em primeiro lugar e acima de qualquer coisa, gostaria de agradecer o apoio dos meus
pais, manifestado desde o inicio, na escolha do curso. Obrigada por vocês terem acreditado
em mim e contrariado a todos que sempre disseram que o meu futuro era ser “apenas uma
professora”; sempre me incentivando a buscar as melhores oportunidades e a correr atrás da
diferença. Seja financiando cursos de línguas estrangeiras, viagens para participar de
congressos ou mesmo facilitando a minha vida acadêmica com os aportes da tecnologia.
Muito obrigada por fazerem tudo que estivesse ao alcance de vocês para que eu pudesse ter
tudo aquilo que vocês sempre sonharam. Espero um dia estar à altura de tanta dedicação.
Agradeço também a minha irmã Fernanda, a quem tanto admiro. Obrigada pela
compreensão e desculpe transformar suas visitas turísticas à Curitiba em eternas sessões de
“Mil Maneiras de se Trabalhar com Números no Excel”. Você é meu espelho de sucesso e
fonte de orgulho intenso.
Agradeço aos meus parentes de sangue, tio Natal, tia Geni e tio Dal por serem sempre
tão receptivos quando volto para “casa” nas férias. Agradeço também a minha rede de
“parentesco espiritual” construída em Martinópolis, através dos laços de compadrio
estabelecidos por meus pais, baseados em muita amizade e carinho: tia Eliana e tio Vitório,
Célia e César. Obrigada por nunca se esquecerem de mim.
Às minhas queridas amigas Ana e Maki, muito obrigada por fazerem dos nossos
reencontros momentos únicos de muita descontração e bizarrices. Especialmente à Ana,
obrigada pela sua disposição eterna, para confortar e aconselhar. Obrigada por deixar as
coisas mais “fáceis”.
Agradeço ao Hugo, namorado extremamente companheiro, para todas as ocasiões.
Obrigada por ter sido meu ombro amigo nos últimos tempos, e obrigada também por ter tido
tanta paciência em revisar meus textos a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada.
Agradeço aos meus colegas de CEDOPE, os mais novos no curso, e aos que já
concluíram, que me acolheram com todo o carinho e sempre me ajudaram na pesquisa. Jonas,
Milton e Kowalski, obrigada pelos conselhos valiosos.
Aos meus colegas de sala e de pátio, agradeço por todas às farras. Baiano, Lú,
Henrique, Rogério e Priscila; na falta da família os amigos são fundamentais e preciosos. Em
especial agradeço ao tio Jorge e a tia Mari, obrigada pelos convites para tardes sempre muito
divertidas, e à tia Fátima por sempre se lembrar de mim.
VI
Finalmente e não menos importante, gostaria de agradecer aos meus professores, à
Malu pela extrema competência e sábios conselhos, ao Luiz Geraldo pelos primeiros contatos
com a história colonial; e a toda a sabedoria compartilhada e uma paciência maior ainda do
meu querido professor e orientador. Professor Nadalin, muito obrigada por ser sempre tão
acessível, dedicado e “paizão”.
VII
RESUMO
A historiografia tem apontado para a ausência de informações nos registros paroquiais arrolados na América Portuguesa a respeito da idade em que as crianças eram batizadas, obrigando os especialistas a considerarem a data do Batismo como equivalente à do nascimento. Nesse sentido, o fato inusitado de alguns vigários curitibanos terem anotado esses dados nas atas dos anos de 1729-1763 e a partir de 1837, permite análises críticas a respeito dessa questão. Com base na documentação do acervo da Catedral de N. Sra da Luz dos Pinhais de Curitiba, foram organizadas tabelas objetivando o estudo da distribuição mensal dos Sacramentos, com ênfase no primeiro ano de vida da criança. A constatação mais evidente referente aos dados amostrados sugere uma concentração da prática do Batismo no primeiro mês de vida da criança, evidenciando-se também a preocupação de parcela significativa dos pais em batizarem seus filhos antes dos 15 dias e, principalmente, do oitavo dia. As indicações que temos apontam para a preocupação dos pais das crianças em garantirem a sobrevivência de seus filhos, batizando-os tão logo possível após o nascimento, e parecem indicar que os historiadores demógrafos não enviesam em demasia seus procedimentos ao considerarem a data de Batismo como equivalente à do nascimento Palavras-chave: atas paroquiais, práticas de batismo, sociedade setecentista
VIII
INTRODUÇÃO
No primeiro ano do curso de História entrei para o Centro de Documentação e
Pesquisa de História dos Domínios Portugueses (CEDOPE), para trabalhar como voluntária,
transcrevendo basicamente censos do século XVIII e documentos paroquiais. No segundo ano
atuei como monitora do referido CEDOPE, e no ano seguinte me tornei bolsista de iniciação
cientifica pelo CNPq, vinculada ao projeto “Pus os Santos óleos a Francisco innocente pater
incognitus”. Bastardia e ilegitimidade: murmúrios dos testemunhos paroquiais durante os
séculos XVIII e XIX” do Prof. Dr. Sergio Odilon Nadalin.
Durante os dois anos em que fui bolsista de iniciação cientifica, concentrei meus
estudos no tema das Práticas de Batismo do século XVIII “estendido” (fins do XVII até o
início do XIX) e foi dessa experiência que surgiu a idéia dessa monografia, em meados de
2003.
O objetivo principal desse trabalho, dentro da temática da Demografia Histórica, foi
tentar perceber quais eram os comportamentos batismais dos habitantes do planalto curitibano
no recorte estudado, especialmente no tocante à idade do batizando. Segundo as normas da
Igreja Católica, que era a Instituição que ditava as regras da vida na colônia, todas as crianças
deveriam ser batizadas até no máximo o oitavo dia após o seu nascimento, caso contrário seus
pais ou responsáveis seriam multados e gravemente advertidos. A pressa em receber o
primeiro dos sete sacramentos o mais breve possível, dava-se em função da fragilidade da
vida no setecentos, principalmente das crianças. E de acordo com a Igreja, quem morresse
sem receber os santos óleos do batismo iria diretamente ao Limbo, e lá permaneceria o resto
de sua eternidade, não tendo chance de ascender ao Céu.
O batismo tinha outra função tão ou mais importante que essa de proteger no além-
vida: era também uma benção importantíssima para assegurar a vida da criança na terra,
protegendo-a de doenças e amparando-a nessa primeira e mais difícil fase de sobrevivência a
qual muitas crianças não sobreviviam.
Considerando as normas da Igreja, juntamente com as mentalidade dos habitantes do
planalto curitibano dos séculos XVIII e XIX,o meu objetivo principal foi estudar
comparativamente a distribuição das idades em que as crianças eram batizadas, em função das
categorias livres e cativas, e tentar perceber seus comportamentos.
No primeiro capitulo dessa monografia, introduzo o tema das práticas de batismo e
descrevo as normas que o regulamentaram desde o início – o Concílio de Trento – até a
IX
versão “tupiniquim” dessas normas – As Constituições do Arcebispado da Bahia – feitas
especialmente pra abranger a diversidade populacional e étnica que abarca o Brasil desde seu
período colonial. Ainda nesse capitulo faço um paralelo com os rituais de ‘iniciação religiosa’
de outras religiões contrapondo alguns símbolos comuns.
No segundo capitulo, trato especificamente do quadro teórico em que estão inseridas
essas práticas de batismo, que é o quadro de uma sociedade do Antigo Regime, que tem a
religião como explicação desde uma cheia de rio até a uma doença infecciosa. Uma sociedade
cuja mentalidade se desenvolve em torno desse binômio: bem versus mal, e extremamente
preocupada com a salvação de suas almas. Também nesse capitulo falo sobre as minhas
fontes, os registros paroquiais de batismo dos dois momentos estudados (século XVIII e XIX)
e termino falando das técnicas utilizadas para trabalhar com tantos dados e variáveis.
Exponho nesse capitulo um objetivo secundário desse trabalho, mas nem por isso menos
importante, que é o de explorar as virtualidades da documentação paroquial, contribuindo
com uma crítica a essa documentação.
Finalizando, concluo este trabalho no terceiro capitulo, onde exponho os resultados
obtidos através da construção de tabelas e gráficos, e também analiso os dois momentos
estudados, estabelecendo um diálogo com os resultados de outros pesquisadores que
estudaram a idade do batizando.
1
Capítulo I: As práticas de Batismo nas sociedades do Antigo Regime
O sacramento1 do Batismo é tido como o fundamento de toda a vida cristã,
especialmente para os católicos. É o rito inicial para a “entrada” na vida religiosa,
libertando a alma da criança do Pecado Original e tornando-a cristã2, filha de Deus, um
membro da Santa Igreja Católica e herdeira do Paraíso.
De acordo com o livro de Gênesis, Adão foi criado a partir do pó da terra e
conduzido ao Jardim do Éden, e Eva foi criada a partir de uma de suas costelas. Tentado
por Eva, Adão comeu o fruto proibido da árvore do bem e do mal, proibida por Deus.
Essa desobediência representa o pecado original da humanidade, pelo qual foram
expulsos do paraíso, e relegados à condição de mortais. Segundo a Igreja Católica e os
cristãos de modo geral, a partir dessa desobediência, todos os indivíduos já nascem
marcados, sob a égide desse pecado e precisam ser batizados para conseguir a sua
entrada no mundo religioso e serem libertos desse pecado que os impede de entrar no
reino dos céus. “O baptismo é o primeiro de todos os Sacramentos, e a porta por onde
se entra na Igreja Catholica, e se faz, o que o recebe, capaz dos mais Sacramentos, sem
o qual nem-um dos mais fará nelle o seu effeito”3.
Podemos perceber claramente a importância que esse sacramento assumia para o
catolicismo, redimindo quaisquer que fossem os pecados antes da administração dos
santos óleos. Todos os pecados seriam perdoados, e desde que o “batizado” não cometa
nenhum outro pecado mortal depois de recebido a benção certamente se salvaria, pois
esse Sacramento teria o poder de lhe abrir os céus4
A representação do sacramento do Batismo era mais profunda nas sociedades do
Antigo Regime, pois significava não só um sacramento de purificação mas também uma
forma de apresentar a criança para toda a comunidade e a Deus, de iniciação à vida
religiosa e principalmente de protegê-la contra as “forças do mal”, pois sem o sopro do
Espírito no batismo, a criança é um refúgio para o diabo.5
1 um rito que contem um sinal sensível (perceptível pelos sentidos da visão e do tato) e uma parte espiritual que é a mais importante, representada pelo sinal sensível. 2 Dentro da vida cristã precisa receber ao longo de sua existência outros 6 sacramentos, que são instituídos pela Igreja: Crisma, Eucaristia, Confissão, Extrema Unção, Ordem e Matrimônio 3 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título X. Pág.12. 4 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título X, Pág 13. 5 “Sans le souffle de L’Esprit que donne le baptême, l’enfant est un refuge pour le diable.” LAGET, Mireille. Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique. Paris; Éditions du Seuil, 1982. Pág.307.
2
A partir de meados do Século XVI, em resposta à Reforma Protestante de Lutero
e ao surgimento de toda a sorte de heresias, a legislação eclesiástica fica mais rígida e,
com a realização do Concílio de Trento (1545-1563) convocado pelo Papa Paulo III é
estabelecido um conjunto de normas com a intenção de reafirmar a finalidade e a
importância de cada sacramento.
Foi no Concilio de Trento que se estabeleceu um decreto sobre o Pecado
Original, reafirmando os dogmas que o envolvem, com a intenção de que a fé católica
fosse preservada. De acordo com esse decreto, qualquer um que duvide da legitimidade
desse Pecado, que ele comprometeu a todos os descendentes6 de Adão e Eva, que as
crianças sejam batizadas com a intenção de se purificar dessa pecado mesmo que seus
pais já sejam batizados,etc; que seja excomungado. Pelo ato do batismo, que é um
sacramento de fé sem o qual ninguém consegue a salvação, todos passariam a ser puros,
pois “não podem entrar no Reino de Deus, sem que tenham renascido pela água e pelo
Espírito Santo”7.
Nessa mesma seção do Concílio, seguem-se trinta e três cânones estabelecendo
normas para o ritual do batismo, “para que todos saibam não somente o que devem
adotar e seguir mas também o que devem evitar e fugir”8. Essa citação é bem clara no
que diz respeito ao conteúdo de recriminação e censura dos cânones pois a maioria deles
mantém a mesma fórmula, iniciando-se com a expressão “Se alguém disser...” e
terminando com “seja excomungado” como vemos nesse caso: “Se alguém disser que o
homem pode se salvar para com Deus por suas próprias obras, feitas com apenas as
forças da natureza, ou por doutrina da lei , sem a graça Divina, conseguida por Jesus
Cristo, seja excomungado.”9.
Nos séculos XVI e XVII, nos anos que sucederam o Concílio, as práticas de
Batismo apresentaram um caráter geral na Europa católica. O batismo acontecia o mais
rápido possível devido as altas taxas de mortalidade (uma constante nesse período –
principalmente nas regiões rurais), e ao medo generalizado de que a criança morresse
sem receber o sacramento de purificação do Batismo, não podendo conseqüentemente
ascender ao Paraíso. Sem receber o batismo, a criança não poderia ser enterrada em solo
consagrado do cemitério e seria condenada a permanecer no Limbo para sempre10. Este
6 humanidade como um todo. 7 1ºperíodo - sessão VI, Cap IV, pág 15. 8 1ºperíodo - sessão VI, Cap IV, pág 25. 9 1ºperíodo - sessão VI, cânone I, pág 26. 10 LEBRUN, François. A vida Conjugal No Antigo Regime.Lisboa: Edições Rolim, 1983. Pág 115.
3
se constituía num estágio neutro: não era nem o Céu (para as almas boas), nem o
Purgatório (para as almas “não tão” boas se prepararem para o Paraíso) nem o Inferno
(para almas perdidas); uma vez no Limbo não haveria essa “mobilidade” que o
Purgatório permite.
O termo “limbo” vem do latim “limina”, que significa “à margem”. Foi
“desenvolvido” em meados do século XIII por Thomás de Aquino, e o conceito foi mais
tarde apropriado pela Igreja11. Essa questão é discutida por Fine, contrapondo
argumentos de teólogos católicos, alguns defendendo que haveria um limbo das
crianças, um limbo dos “pais”12, e ambos independentes do purgatório. Assim, esse
estágio – limbo das crianças – seria também provisório, e as crianças da mesma forma
seriam julgadas e teriam a chance de ascender ao Paraíso. Entretanto, a grande maioria
dos teólogos defendia a versão que se tornou a mais aceita: os limbos das crianças
constituiriam um lugar intermediário-definitivo13, pois não existe para elas um
julgamento particular14.
O fato é que o medo do Limbo era real e é por conta disso que em Meulan15, por
exemplo, 95% das crianças eram batizadas até vinte e quatro horas após o
nascimento.16. Em outras palavras, a prática se generalizava pela prática de batismos tão
precoces quanto possível. A salvação da vida espiritual muitas vezes se sobrepunha à
salvação da vida carnal, é só imaginarmos as condições climáticas a que esses recém-
nascidos eram expostos (temperaturas muito baixas no inverno, especialmente na
Europa periférica) para fazer o batismo a todo custo, o mais cedo possível, até mesmo
em um dia depois de nascer.
No entanto, apesar dessa aparente negligência com a “condição física”, de
acordo com a cultura popular o primeiro dos sacramentos também reservava uma
proteção à vida terrena da criança. As palavras sagradas pronunciadas durante a
cerimônia eram uma espécie de “benção” sem a qual a criança não poderia viver17. É
assim que Maria Luiza Marcílio afirma em seu estudo sobre a população de Ubatuba no
11FINE, Agnes. Parrains, Marraines. La parenté spirituelle en Europe, Paris, Fayard. 1994. 12 “péres” do original em francês, pode assumir a tradução de antepassados também. 13 Intermediário subentende-se entre o céu e o inferno. 14 “Seules les limbes des enfants sont um lieu intermédiaire définitif puisqu’il n’y a pas pour eux de jugement particulier”. FINE, Agnes. Parrains, Marraines. La parenté spirituelle en Europe, Paris, Fayard. 1994. Pág 303. 15 LEBRUN, François. A vida Conjugal No Antigo Regime.Lisboa: Edições Rolim, 1983. Pág 117. 16 A norma determinada pelo Concílio de Trento era até três dias após o nascimento. 17 LAGET, Mireille. Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique. Paris; Éditions du Seuil, 1982.
4
início do XIX, que “A criança deve ser levada logo à pia batismal, para assegurar sua
saúde e sobrevida à primeira e mais difícil fase de sobrevivência .”18 Nessa direção,
Sergio Nadalin cita um possível mal que tornava essa primeira semana de vida tão
delicada, a possibilidade de haver grande contaminação pelo “tétano neonatal”, também
chamado popularmente de “mal dos sete dias” e que acomete recém-nascidos
demorando de sete a oito dias para sair do período de incubação.19
Essa apreensão da criança morrer sem o batismo e permanecer no limbo
eternamente suscitou a prática do batismo provisório. Pelas péssimas condições de
higiene e juntamente com a maneira precária em que os partos eram realizados, as taxas
de mortalidade infantil nos primeiros minutos depois do nascimento eram muito altas, e
embora o controle da Igreja sobre a vida espiritual e o monopólio da administração dos
sacramentos pertencer aos membros do clero, a Instituição fez a concessão de
possibilitar esse batismo provisório, como se fosse uma “benção especial” para a
criança que nasce com risco eminente de morte. Essa “benção” não tem caráter de
sacramento, mas serve como uma forma de evitar a ida ao limbo; porém, se a criança
não morrer, deve ser levada tão logo possível a uma Igreja para ser realizado o Batismo
sub condicionne, ou seja uma reafirmação do verdadeiro sacramento. Laget descreve
essa prática dizendo que o batismo provisório20 tem o objetivo apenas de consagrar a
criança a Deus, e se a criança não morrer, deve, no prazo de oito dias, ser levada à igreja
quando o sacramento se oficializaria, completando-se assim a cerimônia do batismo21.
Ou seja, esse batismo provisório é apenas uma precaução com a criança que está
a beira da morte, mas como ele não tem caráter de sacramento servindo apenas no caso
de uma morte “quase” certa, não traz os outros muitos benefícios que o sacramento
trazia às crianças, a proteção terrena, a iniciação na vida católica,etc. como já referi
acima, era somente uma garantia da criança entrar no reino dos céus.
Outros códigos eclesiásticos vigoraram ao longo dos séculos, originários desse
tronco comum que foi o Concílio de Trento. Especificamente para Portugal temos as
Constituições de Lisboa que regeram inclusive o Brasil colonial no início do
povoamento. Somente em 1707 foram publicadas as Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia, que estabelecem a primeira legislação eclesiástica do Brasil, e se
18 MARCÍLIO, Maria Luiza. Caiçara; terra e população. São Paulo; Paulinas/CEDHAL: 1986. Pág 202. 19 Dadas as condições de higiene dos séculos XVIII e XIX é uma hipótese bem plausível, 20 l’ondoiement no original em francês. 21 “Si l’enfant ne meurt pas, il doit être, dans les huit jours, porte à l’église où le sacrement est officialisé: on supplée les cérémonies du baptême”. LAGET, Mireille. Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique. Paris; Éditions du Seuil, 1982. Pág 308.
5
constituem em um conjunto de normas dividas em 5 livros, que regulamentam a
situação das ordens religiosas desse período.
Já a partir do título X até o XX do primeiro livro, são estabelecidas as regras e
condições em que o sacramento do batismo está “submetido” na colônia. Primeiramente
são reafirmadas a matéria e a forma do sacramento, a matéria é a água e a forma são as
palavras “Eu te baptizo em nome do Padre, e do Filho e do Espírito
Santo”, e quem deve realizar a cerimônia é o Padre, “porem em caso de necessidade
qualquer pessoa, ainda que seja mulher, ou infiel, pode validamente administrar esse
Sacramento, com tanto, que não falte alguma das cousas essenciaes, e tenhão intenção
de fazer, o que faz a Igreja Catholica”22.
Esse título X é muito curioso, pois já na primeira regra do batismo, junto com a
determinação da matéria e da forma do sacramento temos essa indicação de que na pior
das hipóteses qualquer um que realmente tenha a intenção de batizar a criança com a
intenção de salvá-la, se torna momentaneamente um “instrumento divino” e capaz de
administrar um batismo provisório. Mesmo que seja um homem ou uma mulher
“comuns”23, um cristão novo ou até um pagão, o importante é ter a real intenção de
consagrar a criança a Deus. O título XVI retoma exatamente esse ponto, pois afirma que
os párocos devem ensinar a seu rebanho a maneira certa de se administrar o batismo,
pois em caso de urgência e se não conseguirem encontrar um vigário a tempo, todos
saberão como fazê-lo, desde que a criança ainda esteja viva, pois é um sacramento
necessariamente administrado aos viventes. Nesse mesmo titulo há a indicação de que
especialmente as parteiras devem ser bem instruídas sobre a forma do batismo, pois em
alguns casos até mesmo durante um parto difícil, quando mãe e criança correm risco, e
apenas algum membro do corpo da criança saiu do ventre da mãe, a parteira já poderá
fazer o batismo provisório a fim de salvar o bebê.
Um exemplo dessa prática do batismo provisório na vila de Curitiba no início do
século XVIII é observado no documento abaixo, no qual é possível verificar que o padre
apenas coloca os santos óleos, mas reconhece o batismo realizado anteriormente como
legítimo:
“Em os vinte e outo dias do mês de dezembro de mil e setecentos e hum anos pus os sanctos óleos nesta igreja de N. Sra. da Lux da Vila dos Pinhaes de Curitiba a Manoel innocente filho de Thomazia solteira escrava moradora nesta freguezia e escrava de Gaspar Carrasco morador nesta freguezia, foi bautizado em cazo de nececidade fora da igreja por Salvador de Albuquerque morador nesta vila o coal eu examinei a
22 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título X, Pág 13. 23 Não pertencentes ao corpo secular ou regular da Igreja.
6
respeito do valor do sacramto. E achei o tinha bem bautizado e por ser verdade fis este q asignei sendo
Vigro da dita Igra.”24
Essa mesma prática do batismo provisório é descrita na França25, principalmente
nos povoados da região mais ao norte e que em alguns casos, mesmo quando a criança
nasceu morta, a parteira considerava sinais de vitalidade – no caso, por exemplo, de um
espasmo do recém-nascido –, na criança, pedindo à Virgem Maria lhe conceder alguns
segundos de vida permitindo a administração do batismo;26 em conseqüência,
pronunciava as palavras sagradas e o batismo era realizado. Lembrando que era um
cuidado especialmente importante verificar antes do batismo se a criança estava
realmente viva, pois era terminantemente proibido administrar o Sacramento a uma
criança já falecida.
Não encontrei nada tão minucioso nas Constituições do Arcebispado da Bahia,
mas para a França especificamente, as parteiras precisavam passar por uma aprovação
da Igreja para realizarem seu ofício, pois em caso de urgência elas é que estavam
próximas no momento do parto, em um ambiente que faz parte do universo feminino,
apenas restrito aos homens. Jacques Gélis afirma que elas devem ser mulheres de moral
impecável, geralmente mais velhas e bem instruídas na religião, e principalmente devem
assegurar ao vigário de não batizar jamais a não ser em caso de necessidade27; Essa
cautela era importante para se evitar dois problemas, ou seja, que se batizasse criança já
morta ou mesmo para não se vulgarizar essa prática do batismo em casa feito pelas
parteiras.
De acordo com as constituições o batismo de urgência deve {deveria} contar, se
possível, com pelo menos uma testemunha, que irá garantir ao padre mais tarde que o
batismo foi de fato realizado de acordo com as normas estabelecidas pela santa Igreja.
Em caso do Padre duvidar dessa testemunha, ou constatar que o batismo foi mal feito,
ele pode refazê-lo sub condicionne dizendo a seguinte fórmula: “Si non es batizatus, vel
baptizata, Ego te baptizo in nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti.Amen” 28.
24 Registro de batismo, livro 1_04_21v. 25 LAGET, Mireille. Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique. Paris; Éditions du Seuil, 1982. 26 “Vierge Marie leur prêtait vie quelques secondes pendant lesquelles lê baptême était donné” - Naissances. pág 308. 27 “de ne baptiser jamais qu’em cas de necessite” - L’arbre et le fruit. Pág 498. 28 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título XV.
7
É assim que, no registro transcrito a seguir, verifica-se que o padre não
reconheceu o batismo provisório e preferiu refazê-lo:
“Aos ceis dias do mês de Novembro de mil e cete centos e vinte e nove annos nesta Igreja matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba: Baptizei e pus os sanctos óleos sub condicionne por cer baptizada em casa a Maria innocente e juntamente por julgar estar duvidozo o Sacramento por me dizer o que o fez nam tinha aplicado tudo junto, a forma com a matéria porq ao depois de acabar de proferir as palavras da forma, lhe viera [ilegível]. E nesta forma baptizei a dita Maria innocente filha de Ignacia do Gentio da mina escrava de Mathias Alvres nem lhe deram Pay; foi padrinho o dito Mathias Alvres que foi o que baptizou em Caza todos moradores nesta Villa. Para constar fis esse termo no mesmo mês e era vt supra nasceo aos vinte e quatro do mês de agosto. O Vigro. o Pe. Ignácio Lopez”29
Nessa ata o padre deixa claro que não confiou muito na administração desse
sacramento, pois lhe foi relatado que a “forma” e a “matéria” não haviam sido bem
aplicadas e por isso ele vai rebatizar a criança sub condicione, já que, de acordo com as
disposições em vigor, “o Baptismo deve ser um só em cada sugeito, e por nenhuma
razão se possa reiterar, por tanto, para se haver de repetir, ou administrar sub
conditione, deve primeiro preceder informação, se o Baptismo se fez validamente, ou se
há racionável duvida de sua validade”30.
Nos outros títulos as constituições determinam algumas regras para o batizado
de adultos e escravos, que antes de receberem os santos óleos devem ser instruídos na fé
e demonstrarem uma verdadeira vontade de serem absolvidos de seus pecados; e alguns
títulos que dizem respeito somente aos párocos, como normas de registrar os assentos
em livros específicos para o batismo, os cuidados com a pia e os santos óleos e a pena
que eles devem sofrer se forem condenados por negligência na administração do
sacramento.
É muito interessante a presença de títulos especificamente direcionados aos
cativos, tanto índios como africanos, indicio de que esse sacramento era considerado tão
importante pela Igreja, que vários itens foram destinados a defender o direito dos
cativos de recebê-lo incondicionalmente, mesmo que o não querendo o senhor, e mesmo
que os pais do batizando (sendo pagãos) o contradigam. Os cativos, mesmo que não
entendam a nossa língua, mesmo que sejam extremamente “selvagens”, ainda assim eles
podem manifestar o desejo de serem batizados, através de um interprete ou mesmo
balbuciando qualquer palavra que dê a entender esse desejo. Nesse caso, as perguntas a
29 registro de batismo Livro 01_4_051v. 30 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título XV. p.23.
8
serem feitas ao batizando eram: “ Queres lavar a tua alma com agoa santa? Queres
comer o sal de Deos? Botas fora de tua alma todos os teus peccados? Não hás de fazer
mais peccados? Queres ser filho de Deos? Botas fora da tua alma o demônio?”31
Respondendo-as corretamente poderiam ser batizados e sua alma, salva.
Para a minha pesquisa, o Título XI foi o mais interessante, pois ele vai
determinar o prazo para a administração do sacramento, e está transcrito abaixo:
“ como seja muito perigoso dilatar o Baptismo das crianças com o qual passão do estado da culpa ao da graça, e morrendo sem ele perdem a salvação, mandamos conformando-nos com o costume universal do nosso Reino, que sejão baptizadas até os oito dias depois de nascidas; e que seu pai, ou mãi, ou quem dellas tiver cuidado, as fação baptizar nas pias baptismaes das Parochias, d’onde forem freguezes: e não cumprindo assim pagarão dez tostões para a fabrica da nossa Sé, e igreja Parochial. E se em outros oito dias seguintes as não fizerem baptizar, pagarão a mesma pena em dobro,...”32
Um tostão valia cem réis33; portanto, dez tostões, um mil réis. Para se ter idéia
de quanto dinheiro isso representava em meados do séc XVIII, utilizo uma tabela
construída por Magnus Roberto de Mello Pereira, na qual estão referenciados o custo na
moeda da época de vários produtos comuns da época colonial, em Curitiba:
TABELA 19: Tabelamentos de Preço da Câmara34
Produto Medida Preço Aguardente da Terra $480
Aguardente da Terra pelos miúdos $640 Aguardente do Reino $960
Aguardente do Reino pelos miúdos 1$280 Vinho $800
Vinho pelos miúdos 1$280 Vinagre $480
Vinagre pelos miúdos
$640 Fumo Vara $120
Toicinho Libra $120 Toucinho Arroba 1$600 Farinha Alqueire $640
Milho Mão $080 Milho Alqueire $320
Trigo em grão Alqueire $640 Farinha de trigo Arroba $900
Feijão Alqueire $400
31 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título XIV, p. 20. 32 Constituições do Arcebispado da Bahia, Título XI item 36 33 Dicionário Houaiss. 34 Tabelamentos de preços que temos no Livro de Aferição e Almotaçaria e nas Posturas de 1782 e 1787.
9
O valor dessa multa de dez tostões então, seria o equivalente a por exemplo, um
alqueire e meio de farinha, provavelmente de mandioca.; apesar dessa medida
“alqueire” não ter uma padronização na época colonial (variava a quantidade de acordo
com a região) podemos aferir que se tratava de cerca de 8 a 10 kilos. Tratando-se de
uma população pobre, como era a do planalto curitibano, essa “pena” sairia muito caro
ao bolso dos responsáveis pela negligência de não levar a criança à pia batismal.
Pretendo verificar melhor essa questão da multa, no terceiro capitulo.
Das práticas de batismo apresentadas acima, concentrei meus estudos nas questões
relacionadas à idade do batizando, possibilitados pelas características da documentação
analisada, conservada no arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos
Pinhais de Curitiba.
A questão inicial foi tentar compreender até que ponto essas normas, eram
obedecidas na prática, no cotidiano; principalmente essa cláusula que diz respeito a
obrigatoriedade do batismo até o oitavo dia após o nascimento. A esse respeito, devo
mencionar que a maioria dos autores arrolados para a revisão bibliográfica enfatizam
que a data de nascimento da criança era uma lacuna nos registros de batismo do século
XVIII35, a grande dificuldade seria então verificar o intervalo entre a data de nascimento
e a data do batismo para investigar, até que ponto as normas eclesiásticas eram
respeitadas.
Realizei uma exaustiva análise das dissertações de mestrado e das teses de
doutorado produzidas dentro da linha de pesquisa na qual me insiro em busca dessas
informações sobre a inclusão da data de nascimento pelo vigário nos registros de
batismo. Assim, na dissertação de Ana Maria Burmester36, aparece a indicação de
alguns registros de batismo nos quais constam essa informação, tanto da data de
nascimento quanto da data de batismo, porém sem maior aprofundamento no assunto.
Da mesma forma, a dissertação de Elvira Mari Kubo37 também só menciona essa
indicação, no item em que descreve as informações dos registros de batismo utilizados
em sua pesquisa.
Das minhas leituras menciono um caso interessante relacionado à Paróquia de
Santa Maria da Boca do Monte (Rio Grande do Sul), dissertação defendida por
35 Maria Luiza Marcílio, Elvira Mari Kubo e Ana Maria de Oliveira Burmester. 36 BURMESTER, Ana Maria de O. A população de Curitiba no século XVIII_ 1751-1800, segundo os registros paroquiais. Curitiba, 1974. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. 37 KUBO, Elvira Mari. Aspectos demográficos de Curitiba; 1801-1850. Curitiba, 1974. 124 p. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná.
10
Terezinha Belinazzo38. Sua autora chegou a calcular alguns intervalos entre a data de
nascimento e a data de batismo e até a colocar algumas questões a respeito, que serão
comentadas mais a frente, porém dá a entender que essa é uma preocupação menor de
sua pesquisa. Da revisão de literatura realizada deve constar, também, dois trabalhos de
Maria Luiza Marcílio sobre a cidade e o litoral de São Paulo39. No primeiro a autora
deixa implícito que essa informação não existe nos registros de batismo que utilizou. Já
para os “caiçaras” a autora calcula uma “média” do intervalo entre o nascimento e o
batizado da criança mas, ao que tudo indica, trata-se do resultado de um cruzamento de
fontes. “Em uma amostra que fizemos verificamos que a média de tempo entre o
nascimento e o dia do batizado era de 20 dias apenas com intensidade maior entre o
segundo e o décimo quinto dia.”40.
A impressão que eu tive é que esse item sobre a data de nascimento do batizando
nunca foi explorado consistentemente não por negligência dos pesquisadores, mas
porque essa discussão não era muito pertinente a esses trabalhos, realizados na sua
grande maioria durante a década de 70, fase em que os trabalhos de demografia
histórica eram raros e estavam mais preocupados em dar um panorama geral da situação
demográfica dos séculos passados.
Logo, aproveitando o feliz acaso de alguns vigários curitibanos terem incluído
essa informação no período de 1729 a 1763, e o fato de que essa informação está
presente a partir de 1837, a pesquisa teve como objetivo o estudo comparativo das
idades em que as crianças eram batizadas, considerando-se amostras arroladas para o
século XVIII e para o século XIX.
Outro ponto interessante é a referência de que é prática comum nas pesquisas
demográficas retrospectivas, com a ausência de dados sobre a idade da criança, a
utilização da data de batismo como se fosse do nascimento. A hipótese que fundamenta
esse tipo de decisão não seria tão problemática se, como em algumas aldeias na França,
os nascituros fossem batizados logo ao nascer (o prazo vigente era de 24 horas41). Ou
mesmo, se os paroquianos obedecessem ao prazo de 8 dias na América portuguesa.
38 BELINAZZO, Maria Terezinha. A população da paróquia de Santa Maria da Boca do Monte_1844-1882. Curitiba, 1981. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. 39 MARCÍLIO, Maria Luiza. Caiçara; terra e população. São Paulo; Paulinas/CEDHAL: 1986 e A Cidade de São Paulo, povoamento e população_1750-1850. São Paulo; Pioneira: 1973. 40 MARCÍLIO, 1986:202. 41 LEBRUN, François. A vida Conjugal No Antigo Regime.Lisboa: Edições Rolim, 1983. Pág. 114.
11
Com efeito,
“tudo indica que a maioria das crianças era batizada pelo menos antes de completar um mês, embora sempre reste uma parte, que poderia ser representativa, conforme o caso, de crianças batizadas mais tarde. Trata-se de uma questão difícil: resolvê-la seria de fundamental para o desenvolvimento de certos estudos.”42
Dessa forma explica-se um outro objetivo da minha pesquisa: no âmbito de um
estudo crítico da documentação, analisar, a partir das amostras colhidas na investigação,
até que ponto as hipóteses dos historiadores demógrafos, aludidas acima, seriam
consistentes.
1.2. ... que sejão baptizadas até os oito dias depois de nascidas.
Mas porque até oito dias? Porque não, seis ou sete? Descobri algumas outras
referencias sobre a importância do numero oito em outras religiões. Para o judaísmo, a
prática é circuncisar os meninos no oitavo dia após o nascimento. Essa é a cerimônia do
Brit Milah43 e a explicação dada por alguns rabinos é a de que a criança precisa
conhecer sete dias da criação do mundo; outros dizem que a criança deve passar por
pelo menos um Shabbat44, para só então ser circuncisada. Por outro lado, algumas
teorias médicas afirmam que aos oito dias após o nascimento a criança possui mais
anticoagulantes na região da circunsição, propiciando uma recuperação mais eficiente.
Em um relatório sobre Malaca, território português na Índia até meados do
século XVII, há um capitulo dedicado a uma pratica nativa de proteção da criança
recém-nascida. Segundo esse relatório, a criança precisava ser protegida das bruxas até
o quinto dia após o seu nascimento, pois nesse período as feiticeiras utilizam a
criancinha pagã em seus encantamentos. Em conseqüência, a família deveria fazer uma
vigília sem descanso até o quinto dia, e se a criança ultrapassasse ilesa o período,
poderia ser batizada, seja no sétimo ou, no máximo, no oitavo dia após o nascimento.
O numero oito está presente também no Budismo, relacionado com o numero de
virtudes que uma pessoa deve possuir para evoluir. Está da mesma forma muito presente
na Numerologia, o numero oito representando Anúbis, da mitologia egípcia,
responsável pelo julgamento dos mortos. É um numero considerado muito forte e traz
42 NADALIN, 2004:59. 43 Ou, “Pacto da Aliança”. 44 é o nome dado ao dia de descanso semanal no Judaísmo, sendo observado a partir do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado
12
consigo uma forte carga simbólica nas mentalidades, inclusive nos dias de hoje,
explicando talvez o porque dessa importância em se batizar a criança até o seu oitavo
dia de vida.
O interessante é perceber que há um significado “simbólico” para essa
especificação do batismo até o oitavo dia após o nascimento, justificado pelo fato de
inclusive outras religiões terem rituais e significados específicos em torno desse dia
oito.
Para tratar de todas essas questões referentes às praticas de batismo, em especial
à idade do batizando tive que partir de um quadro teórico especifico, das mentalidades
da sociedade colonial; ou seja, para explicar esses comportamentos relativos ao batismo
que estou objetivando no meu trabalho, preciso inseri-los dentro do quadro de uma
sociedade colonial extremamente religiosa e preocupada com a salvação de suas almas.
É o que veremos no capitulo a seguir.
13
Capítulo II: O quadro teórico e metodológico da pesquisa
2.1. A influência da morte na sociedade setecentista e o sacramento do batismo
A religião estava muito presente no cotidiano do homem do Antigo Regime,
característica marcante que acompanhou os colonizadores e se refletiu na vida dos
primeiros habitantes da colônia, permanecendo pelo menos até meados do século XIX.
A atuação de diversas ordens religiosas na colônia e a forte presença da Igreja Católica
na estrutura administrativa montada por Portugal ajuda a entender a abrangência dessa
influência religiosa.
O caráter maravilhoso de tudo o que os viajantes presenciavam de diferente,
logo alcançava uma explicação religiosa: ou era um castigo ou uma benção de Deus.
Tudo era explicado através dessa relação entre o bem e o mal. Um relato do padre
Jerônimo Rodrigues do inicio da colonização é um ótimo exemplo dessa relação religião
versus natureza: ao viajar “de Paranaguá para o Porto de Dom Rodrigo, deparou com
um rio São Francisco tão perturbado, que parecia andarem ali visivelmente os
demônios, que ali fervia em pulos para o céu, que punha espanto”45.
Mas a influencia da religião não era exclusivamente nos religiosos que aqui
habitavam. Ainda no inicio do século XVI, a forma como os homens percebiam o
mundo ao seu redor estava totalmente atrelada a idéia da manifestação divina, pois “a
religião seus símbolos e dogmas ocupavam espaço considerável nas preocupações
cotidianas do homem colonial”46. Além dessa influencia do catolicismo, não podemos
relevar um aspecto fundamental, que era o sincretismo religioso favorecido por ser esta
uma sociedade escravista. Metaforicamente falando, poderia se dizer que o homem
colonial “respirava” religião.
Outro fator intrínseco a essa vivência religiosa intensa era a fragilidade da vida.
No planalto curitibano, por exemplo, o homem do final do século XVIII, ao nascer,
tinha uma esperança de vida de aproximadamente 35 anos; as crianças, pelas razões
óbvias de terem organismos ainda mais fracos, tinham muita dificuldade em completar
sequer o primeiro ano de vida. “O medo das doenças levava os devotos a acorrerem aos
45 SOUZA, Laura de Melo e. O diabo e a terra de Santa Cruz (Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial). São Paulo, Companhia das Letras, 1986. Pág 68. 46 Opus. Cit. Pág. 130.
14
locais de peregrinação, ou para pedirem a cura, ou depois para agradecê-la por meio
de uma valiosa dotação à Igreja desse santo ou da virgem milagrosa”47.
Os índices de mortalidade mostrados por Guillaume e Poussou para a Europa do
século XVIII48 apontam que de cada 1000 crianças nascidas, 244 não chegavam a
completar um ano de idade. Esses números parecem severos, mas em certas regiões do
sul da Europa eram ainda maiores, chegando a 350 crianças mortas em 1000
nascimentos. Para o planalto curitibano, em fins do XVIII, essas médias eram
semelhantes às da França, pois de cada 1000 nascimentos, morriam aproximadamente
duzentas crianças49.
A sociedade lidava bem com a morte de crianças em tenra idade pois seria mais
fácil se tornarem “anjinhos”, como não tinham ainda pecados que poderiam macular e
condenar sua alma, iriam então direto para o céu, desde é claro que fossem batizadas;
esse era o único cuidado essencial que os pais ou responsáveis deveriam garantir a uma
criança dentro desse quadro de uma sociedade extremamente preocupada com a
salvação das almas. A criança, ao não ser batizada, poderia perder a chance de alcançar
o paraíso. Esse medo era naturalmente estimulado pela alta mortalidade infantil, acima
referida, e pelo imaginário desenvolvido por aquelas sociedades.
“homens, mulheres e crianças morriam facilmente, muitas vezes sem uma explicação, repentinamente a vida sucumbia. A luta pela sobrevivência se tornava um elemento do cotidiano,e,devido à alta mortalidade infantil, ultrapassar a idade de um ano assegurava maiores chances de atingir a idade adulta.”50
Concentrei meus estudos no tema relacionado à idade do batizando,
possibilitados pelas características da documentação analisada. Refiro-me
principalmente a cláusula que diz respeito à obrigatoriedade do batismo até o oitavo dia
após o nascimento. As regras impostas pela igreja pregavam que a criança deveria ser
batizada o mais cedo possível, para que no caso de uma eventual morte, sua alma não
ficasse eternamente perdida. Juntamente com todos os benefícios terrenos que os santos
óleos traziam, abençoando a existência da criança, protegendo-a de doenças e da
47 SERRÃO, Joel et MARQUES, A. H. Oliveira (orgs.) Nova história da expansão portuguesa. Vol. VIII — O Império Luso-Brasileiro. (1750-1822), SILVA, Maria Beatriz Nizza da (Coord.). Lisboa: Editorial Estampa, 1991. Pág 544 48 1740-1799. 49 BURMESTER, Ana Maria de O. A população de Curitiba no século XVIII_ 1751-1800, segundo os registros paroquiais. Curitiba, 1974. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. 50 MORAES, Juliana de Mello. “Sacralização da pobreza: sociabilidade e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa”. Curitiba, 2003. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. Pág. 89.
15
influencia maligna de bruxas, ajudando a preservá-la durante a fase mais difícil da sua
vida51, pretendo pois, tentar compreender qual era o comportamento que os pais tinham
em relação a todos esses benefícios?
Temos que levar em consideração que a Igreja se localizava no centro da Vila de
Curitiba e a população do planalto curitibano era na sua quase totalidade rural e dispersa
numa região relativamente vasta. Devido a este fato, as dificuldades de se levar um filho
à pia batismal eram grandes, somando-se a esse fato da distância, a condição econômica
da população, que era extremamente pobre.52 Com o auxilio de aportes oriundos da
Demografia Histórica e com o tratamento dos números extraídos dos registros de
batismo e utilizando o quadro teórico definido por uma sociedade extremamente
religiosa, pretendo resolver os objetivos expostos a seguir.
2.2 As atas e registros de batismo
Ficava estabelecido através das Constituições do Arcebispado da Bahia, que a
criança deveria ser batizada até 8 dias após o seu nascimento, ou seja, com a idade
máxima de oito dias. O objetivo principal deste trabalho, como mencionei, é verificar
até que ponto as pessoas seguiam essa norma à risca, na medida em que a salvação das
almas era uma grande preocupação no cotidiano da colônia.
Com o resultado do cálculo do intervalo entre o nascimento e o batismo em
mãos, tive a possibilidade de averiguar a religiosidade dessa população, pois se a
religião era uma presença tão marcante na vida dessas pessoas do século XVIII, espera-
se que seja dada uma grande importância aos sacramentos, especialmente ao sacramento
do batismo que além de ser uma espécie de “salvo-conduto” para o céu e a porta de
entrada para a vida religiosa dentro do cristianismo, protegia a criança dos males
terrenos, sendo uma benção importante que a ajudaria a sobreviver à etapa mais frágil
do ciclo da vida.
Não houve a necessidade de fazer o cálculo desse intervalo nascimento-batismo
pois os pesquisadores que transcreveram o livro de registros de batismo 1, na década de
70, tiveram o cuidado de realizar esse cálculo e anotar ao lado de cada ficha. O
51 Até o seu primeiro aniversário, devido a um consenso geralmente aceito sobre a fragilidade da vida dos recém nascidos. 52 População esta, moradora de uma região fronteiriça e de certa forma esquecida pela metrópole; localizada numa região afastada das grandes jazidas de ouro das minas gerais, dos grandes rebanhos dos campos sulistas e dos remanescentes engenhos de cana da região nordeste.
16
procedimento realizado por eles foi o de copiar as informações das fontes primárias do
livro de batismo número 1, do acervo da Catedral de Curitiba para as fichas de
levantamento abreviado de batismo segundo o modelo dos pesquisadores franceses
Louis Henry e Michel Fleury53. Esse levantamento nominativo abreviado serve aos
propósitos da Demografia Histórica, um campo relativamente novo na História (com
aproximadamente 50 anos), utilizado como uma ferramenta eficiente no estudo da
História da Família.
De acordo com o concilio tridentino são estabelecidos, dentre outras normas, que
a Igreja passaria a registrar em livros específicos, os nascimentos, os casamentos e os
óbitos de cada paróquia como forma de maior controle do seu rebanho. No Brasil, as
constituições do arcebispado da Bahia trazem inclusive um modelo de como deveria ser
feito um registro, que no caso, o de batismo seria:
“Aos tantos de tal mez, e de tal anno baptisei, ou baptizou de minha licença o Padre N. nesta, ou em tal Igreja, a N. filho de N. e de sua mulher N. e lhe puz os Santo Óleos: forão padrinhos N. e N. casados, viúvos, ou solteiros, freguezes de tal Igreja, e moradores em tal parte”54
A obrigação do vigário era fazer o registro seguindo o modelo visto acima,
porém, cada vigário tinha uma forma peculiar compor o texto das atas – uns mais
sucintos, outros mais elucidativos –, mas, geralmente, seguiam um padrão social, ou
seja, quanto mais alta a posição dos pais do batizando dentro da sociedade, mais
estendido no conteúdo era o registro de batismo, constando muitas vezes, inclusive, o
nome de todos os avós e de onde eles eram naturais.
“Aos dezoito dias do mês de Novembro de mil e sete centos e três annos nesta Igreja matriz bautizei e pus os santos óleos a Joseph inocente filho de Andre Dominges pais filho de André de [...] e de Antonia dias Moreira naturais da vila de Sorocaba e de sua molher Mesia Leme de Siqra. filha de Sebastião Feliz Bicudo naturaes desta Villa e de Maria da [...] molher do do. forao padrinhos Joao Carvalho da Asumpsão e Maria Buena molher do do. moradores nesta villa. Naseo o menino o pro. de novembro do mesmo mês e era asima. De q fiz este termo e me asinei.
O Vigro. Gro. Mendes Barbuda”55
53 FLEURY, Michel & HENRY, Louis. Noveau Manuel de Dépouillement et d’exploitation de l’état civil ancien (3e. ed). Paris: INED, 1985. 54 Constituições. Pág 29.título XX. 55 Livro 01 - 5 032a.
17
Já no caso de registros de escravos, muitos padres se limitavam apenas às
informações do modelo e alguns nem escreviam se tiveram padrinhos, como foi o caso
de Manoel:
“a dezoito de dezembro de mil e sete centos e hum anno Bautizei e pus os stos óleos a Mel. Ignosente filho de Nato. E de sua molher Joanna servisos de Anto. Rodrigues Seixas”
O Vigro. Gro. Mendes Barbuda56
Felizmente alguns vigários mais diligentes escreveram nos registros além da
data do batizado, também a data do nascimento da criança, possibilitando saber a idade
do batizando. Essa informação, um tanto quanto rara no século XVIII, foi encontrada
nos registros da Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais em Curitiba, nos anos de
1729 até o ano de 1763, e, para além do século XIX, a partir de 1837.57
Portanto, para o meu trabalho utilizei o cálculo do intervalo nascimento-batismo,
de 1729 a 1763 no XVIII e de 1837 a 1849 para o século XIX. Esses intervalos
correspondem a “amostras” para realizar uma análise dos comportamentos de batismo
através da comparação do século XVIII com o XIX. A amostra do oitocentos foi menor
que a do setecentos por dois motivos: inicialmente porque, com o passar dos anos, a
população da Vila de Curitiba era naturalmente maior e o numero de registros utilizados
muito grande58, dificultando o trabalho numérico com os cálculos subseqüentes. E
também porque queria me manter fiel aos projetos do CEDOPE, optei então, em
encerrar minhas observações em 1849.
Além de pretender verificar na prática a aplicação das normas de batismo, vejo
como subproduto deste meu trabalho a necessária critica da documentação paroquial,
relacionado a um projeto que pretende apresentar todas as possibilidades que esse tipo
de documentação oferece. Vinculado nesse projeto maior, este trabalho pretende lançar
luzes a uma questão metodológica que é muito cara aos historiadores demógrafos,
relacionado à resposta a uma pergunta: até que ponto podemos utilizar a data de batismo
da criança em substituição da data de nascimento, no caso da falta dessa informação?
Se considerarmos que as pessoas seguiam as normas da Igreja Católica,
batizando suas crianças no prazo máximo de oito dias após o nascimento, utilizar uma
56 Livro 01 – 2 102v. 57 No século XIX já não é uma informação tão rara, principalmente da segunda metade em diante. 58 No total são 10.710 registros de batismo arrolados para essa pesquisa.
18
data na falta da outra não teria maiores implicações, mas se essa norma não se
verificasse na prática, se as pessoas demorassem um mês ou até mais,59 neste caso esse
procedimento que os pesquisadores utilizam para realizar seus estudos mais finos de
fecundidade, verificando qual era o comportamento dos casais no que diz respeito às
concepções etc, corre o risco de ter os resultados muito distorcidos.
A hipótese que fundamenta esse tipo de decisão não seria tão problemática se,
como em algumas aldeias na França, os nascituros fossem batizados logo ao nascer (o
prazo vigente era de 24 horas60). A seguir desenvolvo as técnicas e métodos utilizados
para a resolução da problemática da idade do batismo.
2.3 As técnicas utilizadas:
A pesquisa foi realizada com base nas mencionadas “fichas de levantamento
nominativo abreviado”, colecionando dados a respeito das atas de batismos ocorridos na
Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba desde o final do século XVII
e que estão arquivadas no CEDOPE61. Complementarmente, foi utilizado o acervo
digitalizado, também pertencente ao referido Centro.
A principio todos os dados foram transcritos para grandes tabelas em função das
décadas observadas62, feitas em papel quadriculado para facilitar a pesquisa. Para cada
ano arrolado, as tabelas confeccionadas relacionavam o intervalo nascimento-batismo.
Após esse procedimento inicial, esses quadros foram copiados para planilhas Excel que,
como é sabido, facilitam o tratamento de números e a construção mais precisa de tabelas
resultantes das tabulações. Optou-se por limitar o arrolamento de registros de batismo
apenas para crianças até completar um ano, logo essa “idade no batismo”, pode ser
interpretada como “dias transcorridos entre o nascimento e o batizado da criança”.
Um ponto importante é que, como essa informação sobre a data de nascimento
nos registros de batismo do século XVIII é muito rara nos acervos paroquiais
conhecidos, foram poucos os trabalhos semelhantes a serem cotejados. Explica-se,
portanto, porque a metodologia teve que ser desenvolvida aos poucos; na medida em
59 “Como seria possível a uma família do século XVIII, vivendo a léguas de distância da sede da paróquia , ou longe de qualquer autoridade eclesiástica, cumprir essa obrigação?” NADALIN, Sergio Odilon. História e demografia: elementos para um diálogo. Campinas, ABEP, 2004. pág 102. 60 LEBRUN, François. A vida Conjugal No Antigo Regime.Lisboa: Edições Rolim, 1983. Pág. 114. 61 Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses, do Departamento de História da UFPR. 62 Aproximadamente, algumas “décadas” têm 12 ou 13 anos.
19
que eram realizados os cálculos e as tabelas eram construídas, outras possibilidades iam
surgindo e assim seguiu a pesquisa
Deve ser levado em consideração também que essa sociedade dos séculos XVIII
e XIX era uma sociedade escravista, e por existirem então essas duas categorias
jurídicas bem diferenciadas, optou-se pela construção de tabelas separadas para livres,
abrangendo os alforriados, e para cativos, incluindo escravos africanos e os índios
administrados.
Outra decisão metodológica foi separar as amostras em décadas para vislumbrar
melhor os resultados, foram então construídas tabelas relacionando a idade que a
criança havia sido batizada de acordo com o ano de batismo.
Ex:
Década de 1730 Idade em dias
1729 1730 1731 1732 1733 1734 1735 1736 1737 1738 1739 Total
1 3
4
5
(...)
365
Seguindo essa lógica, foram feitas então oito tabelas “gerais”, agregando quatro
tabelas com os resultados dos anos 1729-1739/1740-1749/1750-1763/1837-1849 para
os batizandos livres e quatro tabelas para os mesmos períodos, relacionadas aos
batizandos cativos.
Após essa etapa, outras subtabelas foram construídas, no sentido de agrupar os
resultados para melhor interpretá-los; para isso os resultados de cada quadro foram
agrupados de acordo a distribuição dos sacramentos durante os meses do ano, em quatro
tabelas duplas, sempre levando em consideração as categorias jurídicas da população:
20
Ex:
livres 1730 cativos Idade
em meses63 # %
Idade em meses
# %
0 meses 0 meses
1 mês 1 mês
(...) (...)
24 meses 24 meses
Total
Total
Adianto que foi constatado que grande parte dos batismos ocorriam no primeiro
mês de vida das crianças. Para evidenciar esse fato e perceber a freqüência com que ele
ocorria, um novo conjunto de 4 tabelas foi construído, dessa vez somando os batismo
ocorridos até a criança completar seu primeiro mês de vida:
Ex:
Livres 1730 Cativos Idade
em dias # %
Idade
em dias # %
1 1
2 2
3 3
4 4
(...) (...)
30 30
Prosseguindo a pesquisa, surgiu uma outra indagação motivada pela escolha
bastante freqüente do batismo em idades “redondas” da criança, em especial a partir de
1839. Ou seja, abstraindo-se estes casos, até que ponto a comunidade enfatizaria alguns
dias da semana para a realização dos batismos? Para constatar se havia um dia
preferido para a realização do batismo, a ferramenta constituída pelo calendário
perpétuo tornou-se imprescindível, permitindo a consulta do dia da semana de qualquer
mês no passado recortado para essa pesquisa.
Os resultados dessa distribuição pelos dias da semana, foram agregados,
separando-se o século XVIII do XIX, englobando livres e cativos em ambos os
períodos, pois foi constatado que o comportamento batismal de livres e cativos seguiam
63 Compreende-se “0 meses” para crianças batizadas até 29 dias após o nascimento, “1 mês” para crianças batizadas entre 30 e 59 dias após o nascimento e assim por diante.
21
praticamente as mesmas disposições. Tratarei melhor desse aspecto no capitulo
seguinte, destinado aos resultados da pesquisa.
Ex:
DISTRIBUIÇÃO DOS BATISMOS PELOS DIAS DA SEMANA (AMOSTRA PARA O SÉC XVIII) Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL
1729
1730
(...)
1763
Percebeu-se que os resultados ficavam melhor visualizados em formato de
gráficos, resolveu-se então construir gráficos variados para explicitar separadamente e
em grupos de meses, dias ou mesmo para o século inteiro, os resultados de cada tabela.
Esses gráficos farão parte do capitulo seguinte com os resultados comentados.
Independentemente das tabelas e gráficos construídos, outros exercícios foram
realizados com os dados como, por exemplo, o cálculo das idades médias do batizando.
22
CAPÍTULO 3: O dia do batismo e a idade do batizando
Como foi explicitado no capítulo anterior, as questões colocadas para o
desenvolvimento da pesquisa terão seguimento com a análise dos resultados obtidos
através do levantamento e arrolamento dos dados. Esses foram arranjados em diversas
tabelas colocando em relevo a idade em que a criança era batizada e os diversos arranjos
possíveis de informações traduzidas em tabelas e gráficos.
A partir dessas tabelas, um universo de questões podem ser levantadas; vou me
concentrar inicialmente nas constatações básicas resultantes dos indicadores
mencionados. Em primeiro lugar, devo salientar a riqueza dos resultados obtidos, apesar
do trabalho ser realizado com amostras, estas, se mostraram muito significativas,
permitindo constatar dois momentos diferentes de práticas de batismo, apesar da
dificuldade de se detectar o “momento” de transição64 entre as práticas dos setecentos e
do oitocentos.
Nos estudos de história demográfica, o bom senso exige que se faça os
levantamentos empíricos de forma detalhada e multiplicando-se as variáveis contidas
nas informações documentais. Com esses resultados os dados serão agregados e as
análises desenvolvidas em função da problemática do trabalho. Por exemplo, as tabelas
foram construídas em função da anualidade dos eventos agregados em décadas, como
mostra o anexo, e só depois de constatar que não havia diferença expressiva nos
resultados é que eles foram reunidos para a construção de algumas tabelas.
Para ilustrar os resultados expostos nesse capítulo, estou utilizando apenas os
números relativos aos batizandos livres, por dois motivos. Primeiro, porque permitem
uma melhor visualização dos comportamentos, pois na medida em que avançamos para
o século XIX, os batizandos livres são muito mais numerosos do que os batizandos
cativos65 por razões inerentes à lógica da escravidão no Brasil66. Em segundo lugar,
porque os comportamentos batismais para livres e cativos seguiram praticamente o
mesmo padrão. No entanto, todas as tabelas construídas separadamente para livres e
cativos se encontram em um documento anexo ao final dessa monografia.
64Para o século XVIII a amostra vai até 1763 e para o século XIX as informações só começam a aparecer nos registros a partir de 1837. 65 Para o século XIX temos 5575 registros de batismo para crianças livres contra apenas 627 registros de cativos. 66 Fim do tráfico de escravos em meados do XIX, e o fato do Paraná não ser uma região economicamente importante faz com que o remanejamento de escravos para as Minas Gerais, por exemplo, se torne uma atividade muito lucrativa.
23
Nesse sentido, a análise das cifras construídas permitiu, de um modo geral,
perceber uma preocupação que os senhores poderiam ter em batizar os seus escravos, da
mesma forma que os batizandos livres, em tenra idade.67 Foram poucos casos de
escravos batizados já na idade adulta, e mesmo nesses casos constava a “nacionalidade”
desses escravos nos registros de batismos, talvez como uma forma de comprovar que
não haviam sido batizados antes, porque eram recém-chegados da África.
Podemos perceber claramente que, durante o século XVIII, as pessoas tinham
uma preocupação maior em batizar seus filhos em tenra idade, conforme a prescrição da
Igreja. Assim, as tabelas relativas a este século permitem verificar que, de cada 10
crianças, aproximadamente 9 eram batizadas durante o primeiro mês de vida, como
apontado no gráfico a seguir:
Gráfico 1. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos. Amostra para o século XVIII (1729-1763).
2161
15452 15 13 6 9 2 3 3 3 1 1
0
500
1000
1500
2000
2500
0 mes
es
1 mês
2 mes
es
3 mes
es
4 mes
es
5 mes
es
6 mes
es
7 mes
es
8 mes
es
9 mes
es
10 m
eses
11 m
eses
12 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Dentro dessa distribuição até o primeiro mês, houve um grande acúmulo dos
batismos realizados até os 15 dias de vida da criança, especialmente concentrados até o
oitavo dia. De cada 10 crianças batizadas durante o seu primeiro mês de vida, 9 eram
batizadas até o décimo quinto dia de vida:
Gráfico 2. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos. Amostra para o século XVIII (1729-1763).
67 As tabelas de livres e cativos em um mesmo período, quando comparadas, demonstraram ter as mesmas “curvas” demográficas.
24
7 0 9 18
70115
334
546
286
191
9075
43 61 7444
22 21 21 3020 16 11 10 9 9 7 10 12 21
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Esse comportamento se explica através da legislação da Igreja, pois era
obrigatório batizar até o oitavo dia, se isso não fosse feito, implicaria no pagamento de
uma multa de dez tostões. Se no oitavo dia após o fim desse prazo dos oito dias, ou seja,
se até o décimo sexto dia essa situação não fosse regularizada, a multa dobraria para 20
tostões juntamente com admoestações mais severas.
Para o século XIX, os comportamentos batismais no tocante a idade são um
pouco diferentes, essa percentagem de 90% das crianças batizadas até o primeiro mês
no XVIII, cai vertiginosamente para apenas 55% das crianças sendo batizadas durante o
primeiro mês de nascimento:
Gráfico 3. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos.
Amostra para a primeira metade do século XIX (1837-1849).
2565
1130
417
223123
73 61 19 23 0 3 10
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 mes
es
1 mês
2 mes
es
3 mes
es
4 mes
es
5 mes
es
6 mes
es
7 mes
es
8 mes
es
9 mes
es
10 m
eses
11 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
25
E destes batismos realizados até o primeiro mês, apenas 53% aconteceram até o
décimo quinto dia de vida:
Gráfico 4. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos. Amostra para a primeira metade do século XIX (1837-1849).
23 29 62 90 110103
96
367
114175
84154
57 58
437
48 44 6033
192
36 8121 24 17 13 8 18 11
1009
0
200
400
600
800
1000
1200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
De acordo com os resultados acima, pode-se perceber uma mudança brusca
comparando-se os séculos XVIII e XIX, considerando como variáveis os batismos
ocorridos nos primeiros dias de vida da criança. Em algum momento essa prática mais
generalizada de batizar tão logo pudessem os filhos, muda; porém, como as amostras
não abrangem o que poderíamos chamar de período de transição, ficam algumas
suposições. É provável que os perigos relacionados à mortalidade infantil fossem
maiores no século XVIII, daí a pressa em batizar as crianças para melhor protegê-las
tanto aqui na terra, pelo “remédio” do batismo,68 como após a morte, evitando que a
criança “errasse” eternamente pelo limbo, pois “a alma que morre sem ter recebido o
batismo, erra sem descanso, num espaço neutro, o limbo. O céu se fechou a todos
aqueles que morreram sem terem sido regenerados”69. Talvez esse medo já não fosse
tão rotineiro na vida do homem do século XIX, “é possível verificar que o medo da
68 MARCÍLIO, 1986: 202. 69 “l’âme que meurt sans l’avoir reçu erre sans repôs, dans um espace neutre, lês limbes. Lês ciel est refermé a tous ceux qui meurent sans avoir été regeneres” LAGET, 1982: 306. “Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique”.
26
morte, ou melhor, o medo de que a alma se perdesse nas chamas do Inferno, diminui
consideravelmente nos fins do século XVIII e inícios do século XIX”.70
A diferença destes dois momentos é evidente: enquanto que na amostra do
século XVIII, menos de 1% das crianças eram batizadas no trigésimo dia de vida, no
século XIX de cada 10 crianças batizadas durante o primeiro mês de vida, 3 eram
batizadas somente ao completar trinta dias após o nascimento.
A partir de fins do XVIII, podemos perceber mais um indício da progressiva
perda de influencia da Igreja no cotidiano das pessoas. Já no XIX, podemos apreender
outra característica gritante visualizada nas tabelas que é o fato de que,
caracteristicamente neste século, os pais dos batizandos escolhiam idades “redondas”
para definirem os dias do batismo das crianças. Ou seja, verifica-se uma grande
concentração de batismo no 30º, 45º, 60º, 90º,... dias após o nascimento da criança,
“esticando-se” a distribuição dos intervalos em dias (aproximadamente 40% nos
batizandos livres e 25% nos batizandos cativos), facilmente visualizado na tabela
abaixo:
70 SERRÃO, Joel et MARQUES, A. H. Oliveira (orgs.) Nova história da expansão portuguesa. Vol. VIII — O Império Luso-Brasileiro. (1750-1822), SILVA, Maria Beatriz Nizza da (Coord.). Lisboa: Editorial Estampa, 1991. Pág 545.
27
Tabela 7 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos livres, 1840-1849.71
Idade em dias 1837 1838 1839 1840 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 Total
1 1 3 1 1 2 3 2 1 5 2 2 23
2 5 2 1 1 2 1 6 2 2 3 4 29
3 3 5 3 2 7 3 7 3 4 7 5 8 5 62
4 9 7 1 7 9 5 11 7 12 6 5 6 5 90
5 6 12 7 11 6 9 10 2 13 9 8 6 11 110
6 5 14 7 10 7 7 14 2 8 7 12 7 3 103
7 9 7 5 9 5 7 11 3 7 5 8 10 10 96
8 27 41 37 14 35 26 38 24 28 21 15 31 30 367
9 7 6 13 8 9 8 7 9 11 9 6 13 8 114
10 7 20 22 8 10 12 13 12 9 19 14 20 9 175
11 2 5 7 5 9 7 11 2 9 7 4 11 5 84
12 8 12 10 17 6 9 16 12 8 11 11 19 15 154
13 5 4 2 6 3 7 2 3 4 4 7 7 3 57
14 1 4 6 3 4 6 7 6 3 3 7 6 2 58
15 34 40 31 24 43 38 35 35 39 28 29 35 26 437
16 1 3 4 3 2 4 7 2 3 9 4 5 1 48
17 1 2 1 2 3 3 3 3 5 10 5 3 3 44
18 2 4 3 5 8 1 1 6 7 5 5 5 8 60
19 5 3 2 2 3 2 2 2 6 3 3 33
20 7 12 14 17 12 15 17 16 10 11 17 26 18 192
21 4 6 4 4 3 1 1 5 4 4 36
22 3 2 4 4 12 18 10 9 11 4 2 2 81
23 1 1 2 3 2 1 1 3 3 3 1 21
24 2 2 2 3 1 3 1 2 2 1 5 24
25 3 1 1 1 1 1 3 1 4 1 17
26 1 1 3 1 4 2 1 13
27 2 1 2 1 1 1 8
28 1 3 4 2 2 1 1 1 3 18
29 4 3 1 1 1 1 11
30 50 87 71 77 66 82 110 70 96 92 65 63 80 1009
31 1 2 1 2 6
32 2 1 1 1 2 7
33 1 1 1 1 4
34 2 1 1 2 3 9
35 1 1 1 3
36 1 3 1 1 6
37 1 1 1 3
38 1 1 1 1 1 5
71 Os números em negrito servem para marcar os “dias redondos”
28
39 2 1 1 2 6
40 1 1 1 2 1 3 3 5 17
42 1 1 2 4
43 1 1 3 1 6
44 1 1 2
45 5 5 4 4 7 13 8 10 5 4 17 17 15 114
47 1 1 1 3
48 2 1 1 1 5
49 1 1
50 1 1 1 3
52 1 1 1 1 1 5
53 1 1 1 3
54 1 1 2
56 1 1 2
58 1 1 2
60 11 18 42 32 33 50 50 41 47 40 23 36 37 460
61 2 1 3
62 1 3 1 1 6
63 1 1 1 3
64 1 1
65 1 1
66 1 1 2
67 1 1 1 1 4
68 1 2 3
69 1 1
70 1 1 1 3
72 1 2 3
73 1 1 2 4
74 1 1 2
75 1 1 1 1 4 2 4 14
77 1 1 2
78 2 2
80 2 1 3
81 1 1 1 3
85 1 2 3
86 1 1 1 3
88 2 1 3
90 9 10 14 22 25 17 33 33 16 17 16 14 25 251
(...)
29
Outro aspecto que pode ser levantado tem a ver com uma “flexibilização” aparente
das leis da Igreja, pois se nas Constituições do Arcebispado da Bahia estava determinado o
prazo máximo que a criança deveria ser batizada, e considerando que as mencionadas
normas ainda estavam em vigor praticamente durante todo o século XIX, de oito dias, e
essas leis vigoram pelo menos até a metade do século XIX, como seria possível explicar
esses casos de batismos com crianças com mais de 1 mês de idade, por exemplo?
Tabela 17. Média de idade dos Batizandos, séculos XVIII e XIX.
Décadas Livres Cativos
1730 18,6 34,1
1740 19,0 34,4
1750 14,9 20,2
1840 44,6 44,5 Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Na tabela acima, são retratadas as médias de idade dos batizandos de ambos os
momentos (XVIII e XIX) e, apesar do padrão de batismo ser parecido entre livres e cativos,
no setecentos há uma tendência dos cativos serem batizados um pouco mais tarde, em
praticamente o dobro do tempo dos batizandos livres. Essa é uma questão interessante, pois
nesse período de passagem da primeira para a segunda metade do século XVIII, a
escravaria indígena estava sendo substituída no planalto curitibano pela mão de obra
africana. Até que ponto essa mobilidade entre escravos indígenas e africanos não teria
interferido na idade do batizando do século XVIII? Nesse estágio em que a pesquisa se
encontra, não tenho condições para respondê-la.
Por outro lado, essa tabela é outro forte indicio de que o comportamento batismal do
século XVIII é diferente do XIX, pois as médias de uma amostra para outra praticamente
triplicam. Esse número expressa bem a prática de não levar a criança tão cedo à pia
batismal durante o século XIX.
Em se tratando de uma população pobre, como é o caso da Vila de Curitiba (tanto
no séc XVIII como no XIX), a cobrança de “multas” estava fora de questão – poucos
poderiam arcar com elas. De modo que talvez esse aparente “relaxamento” das leis da
30
Igreja em relação a data de batismo se justificasse como uma forma da Igreja manter o seu
poder, uma forma de “barganha” com a sociedade que descumpria uma regrinha aqui, e se
sujeitava aos ditames da Igreja ali.
Seguindo esse mesmo raciocínio de uma suposta flexibilização da Igreja,
juntamente com uma diminuição da influencia perante seu rebanho, cito um trecho do
dicionário do folclore brasileiro compilado por Luis de Câmara Cascudo, que diz: “o
essencial é batizar-se logo o recém-nascido, 30, 60, 90 dias depois”72, levando em conta
que esse dicionário reúne os comportamentos culturais, a mentalidade do homem do século
XIX e XX, podemos constatar esse costume de batizar os filhos nos dias “redondos”, um
costume das pessoas esperarem esses dias tidos como “ideais”, contrariamente acontecia no
século XVIII.
De todos os autores arrolados para a revisão bibliográfica, a maioria deles apenas
cita a presença da data do nascimento da criança nos registros de batismo, como sendo um
fato raro, encontrado normalmente após a segunda metade do século XIX, poucos autores
estudados fazem cálculos desse intervalo nascimento-batismo. Cito alguns resultados a
titulo de comparação:
Na paróquia de Santa Maria da Boca do Monte73, apenas 15% das crianças eram
batizadas até o primeiro mês de vida e 50% eram batizadas de 2 até 11 meses após o
nascimento; lembrando que esses resultados são arrolados para a segunda metade do século
XIX. Já na paróquia de Santo Antonio de Silveira Martins, localizada numa região próxima,
62,7% dos batismos eram realizados até o primeiro mês, também na segunda metade do
XIX. A autora ressalta que esses percentuais refletem uma maior obediência na paróquia de
Silveira Martins do que na da Boca do Monte, à prescrição católica de batizar as crianças
em tenra idade.
Uma hipótese é a de que, sendo a população de Silveira Martins de origem italiana,
e a da boca do Monte de origem “nacional”, é possível aferir que os imigrantes teriam
maior influencia do catolicismo. Se essa suposição for verdadeira, também explicaria o
72 CÂMARA CASCUDO, Luis da. (1984). Dicionário do folclore brasileiro. 5ª ed. Belo Horizonte, Itatiaia, livro 1. pág 113. 73 BELINAZZO, Maria Terezinha. A população da paróquia de Santa Maria da Boca do Monte_1844-1882. Curitiba, 1981. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná.
31
comportamento verificado na paróquia de Abranches74, onde o grupo de origem polonesa
batizava 96% de suas crianças até o primeiro mês de vida, também na segunda metade do
século XIX.75
Para a paróquia de São Pedro do rio Grande76, no sul da colônia, as médias se
assemelham muito às do planalto curitibano. De meados ao fim do século XVIII, 83% das
crianças eram batizadas durante o primeiro mês de vida, já no século XIX, esse número cai
para apenas 64% do total de batismos, realizados até trinta dias após o nascimento. Nessa
região a maior presença era de luso-brasileiros, esse fato poderia confirmar a hipótese de
que nas regiões onde era mais freqüente a presença de imigrantes italianos, poloneses, etc,
cujos laços religiosos fossem mais fortes77, os ditames da Igreja fosse seguidos com mais
rigor.
Prosseguindo a pesquisa, surgiu uma outra indagação a respeito do dia da semana
em que o batismo acontecia – o que impediria, por exemplo, a escolha de uma idade
“redonda” para o batismo. Para constatar se havia um dia preferido para a realização do
batismo, a ferramenta constituída pelo calendário perpétuo tornou-se imprescindível,
permitindo a consulta do dia da semana de qualquer mês no passado recortado para essa
pesquisa. Os resultados foram agregados para o século XVIII e para o XIX (englobando
livres e cativos em ambos os períodos), como mostram os gráficos:
74 WACHOWICZ, Ruy Christovam. Abranches: Paroquia de imigração Polonesa - um estudo de história demográfica. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1974 75 A pesquisa utiliza registros de batismo de 1882 até 1961. 76 QUEIROZ, Maria Luiza B. Paróquia de São Pedro do Rio Grande; estudo de história demográfica. Curitiba, 1992. 416p. Tese, Doutorado, Universidade Federal do Paraná. 77 Talvez como uma medida de preservar os costumes originários de sua terra natal, de se unirem mais com seu povo.
32
Variação do nº nascimentos em relação ao ideal (100/dia) - séc. XVIII
-2,2
-20,4 -23,8-17,5
-26,0
-1,0
90,9
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Variação do nº nascimentos em relação ao ideal (100/dia) - séc. XIX
-1,2
-18,0-23,3 -27,3
-34,4
3,1
101,1
-60,0
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Esses gráficos foram construídos de modo a expressar a diferença entre o numero de
batismo realizados e o número de batismos esperados. Imaginando um numero hipotético
de 100 batismos esperados por dia da semana (seria o eixo 0), percebemos para os dois
períodos, um crescente de batismos administrados no sábado, domingo e segunda feira,
principalmente no domingo, que é considerado o principal dia santo da semana, o dia da
missa. Ambos os períodos apresentam o mesmo comportamento.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
33
É necessário observar que foram retirados da análise os batismos realizados em
“dias redondos”, uma vez que a espera anunciada não atenderia um determinado dia da
semana. Especialmente no gráfico do século XIX podemos perceber inclusive um
decréscimo do número de batismos após a segunda feira, mais uma indicação de que as
pessoas realmente esperavam para batizar seus filhos no domingo, o dia santo.
Nos dois períodos há uma preferência clara em se batizar no domingo. Por outro
lado, os batismos continuam sendo feitos durante toda a semana, em um número menor que
a média esperada (de 100 batismos por dia), mas mesmo assim, continuavam sendo
realizados. Talvez esses batismos realizados durante a semana, tratem-se de batismos de
urgência, quando ocorre risco de vida da criança e não há possibilidade de esperar o
domingo (o dia preferido) para administrar os santos óleos. De acordo com as constituições
primeiras do arcebispado da Bahia, o vigário não poderia oferecer resistência no caso de
um batismo de urgência, tendo que administrar os óleos em qualquer momento durante a
semana. Talvez esse fato também explique o porque de uma maior recusa da sexta-feira
como o dia do batizado, sendo batizandos apenas aqueles que em hipótese alguma
poderiam esperar pelo domingo, ou sequer pelo sábado, pois sua vida estaria por um fio.
Varias outras hipóteses foram levantadas, considerando que possivelmente as
pessoas esperassem o domingo para batizarem seus filhos. Seguindo esse raciocínio, talvez
as longas distancias entre o sitio e a Igreja atrapalhassem o percurso possibilitando que as
pessoas conseguissem chegar na Igreja somente na segunda feira, isso explicaria o numero
relevante de batizados realizados ainda na segunda feira. Considerando o estado atual da
pesquisa, ainda não posso me alongar nessa questão, mas o importante mesmo é verificar
que havia de fato uma prática de esperar o fim de semana para levar as crianças à pia
batismal.
No tocante a essa questão da “legitimidade” dos estudos de fecundidade dos
historiadores demógrafos que utilizam a data de batismo na falta da data de nascimento é
possível aventar que esses pesquisadores não estão muito longe da realidade, na medida em
que grande parte das crianças, no século XVIII, eram batizadas antes do 30° dia de idade,
concentrando-se no intervalo de 0 a 8 dias. Quanto ao século XIX, constitui outro
problema, pois apenas metade dos registros de batismo eram feitos antes do primeiro mês
34
de vida, mas, pelo menos para a Paróquia da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, antes
mesmo de se chegar à sua metade, as atas já começam a apresentar esse tipo de informação.
35
CONCLUSÃO
Nesse trabalho de dois anos de pesquisa, me concentrei especialmente na tabulação
dos dados sobre o batismo, construindo todo tipo de tabelas e gráficos possibilitados pelas
características da documentação utilizada.
Essa pesquisa foi importante na medida em que lança mais algumas luzes às
possibilidades atinentes ao estudo da documentação paroquial e também para a Demografia
Histórica no sentido de desmistificar a opção metodológica dos pesquisadores que utilizam
a data de batismo para realizar seus estudos de fecundidade na falta da data de nascimento
da criança. Ao que tudo indica esses historiadores não estão muito longe da realidade, na
medida em que grande parte das crianças, no século XVIII, eram batizadas antes dos 30
dias de idade, concentrando-se no intervalo de 0 a 8 dias. Quanto ao século XIX, constitui
outro problema, Mas, antes mesmo de se chegar à sua metade, as atas já começam a
apresentar esse tipo de informação.
Além de aprender a trabalhar com números, como instrumentos para visualizar os
comportamentos empiricamente, esse trabalho foi importante na medida em que me deu
base para definir minhas preferências acadêmicas e pensar num posterior mestrado. A idéia
agora é continuar nessa temática de critica da documentação paroquial e explorar outros
aspectos dos registros de batismos, que é a escolha do padrinho e da madrinha da criança.
É um outro tema fascinante que exige habilidade para conseguir ler nas entrelinhas
dos registros e perceber quais os critérios que envolviam essa prática da escolha dos
compadres e comadres por parte dos pais ou responsáveis pela criança. Talvez por uma
ascensão social, que a escolha desse “parentesco espiritual” poderia trazer, talvez como
forma de estabelecer uma relação mais estreita com pessoas politicamente influentes, talvez
uma demonstração de afetividade, talvez uma proteção financeira na ausência dos pais, etc.
Essas e outras questões, pretendo resolver no próximo estágio da pesquisa.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BELINAZZO, Maria Terezinha. A população da paróquia de Santa Maria da Boca do Monte_1844-1882. Curitiba, 1981. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. BURMESTER, Ana Maria de O. A população de Curitiba no século XVIII_ 1751-1800, segundo os registros paroquiais. Curitiba, 1974. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. CÂMARA CASCUDO, Luis da. (1984). Dicionário do folclore brasileiro. 5ª ed. Belo Horizonte, Itatiaia, livro 1. FINE, Agnes. Parrains, Marraines. La parenté spirituelle en Europe, Paris, Fayard. 1994. FLEURY, Michel & HENRY, Louis. Noveau Manuel de Dépouillement et d’exploitation de l’état civil ancien (3e. ed). Paris: INED, 1985. KUBO, Elvira Mari. Aspectos demográficos de Curitiba; 1801-1850. Curitiba, 1974. 124 p. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. LAGET, Mireille. Naissances: l’accouchement avant l’âge de la clinique. Paris; Éditions du Seuil, 1982. LEBRUN, François. A vida Conjugal No Antigo Regime.Lisboa: Edições Rolim, 1983. MARCÍLIO, Maria Luiza. Caiçara; terra e população. São Paulo; Paulinas/CEDHAL: 1986 MARCÍLIO, Maria Luiza. A Cidade de São Paulo, povoamento e população_1750-1850. São Paulo; Pioneira: 1973. MORAES, Juliana de Mello. “Sacralização da pobreza: sociabilidade e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa”. Curitiba, 2003. Dissertação, Mestrado. Universidade Federal do Paraná. QUEIROZ, Maria Luiza B. Paróquia de São Pedro do Rio Grande; estudo de história demográfica. Curitiba, 1992. 416p. Tese, Doutorado, Universidade Federal do Paraná NADALIN, Sergio Odilon & GALVÃO, . Arquivos paroquiais e bastardia: mães solteiras na sociedade setecentista. Anais. XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Caxambu (MG). Campinas: ABEP (Associação Brasileira de Estudos Populacionais), 2004 [ver XIV Encontro da ABEP, ST 22 (HIS), em http://abep.org.br]. NADALIN, Sergio Odilon. História e demografia: elementos para um diálogo. Campinas, ABEP, 2004. NADALIN, Sergio Odilon. Arquivos paroquiais e categorias de ilegitimidade na sociedade colonial setecentista. Seminário sobre Poblacion y Sociedad en America Latina. Salta, República Argentina, 8-10 junho de 2005. SERRÃO, Joel et MARQUES, A. H. Oliveira (orgs.) Nova história da expansão portuguesa. Vol. VIII — O Império Luso-Brasileiro. (1750-1822), SILVA, Maria Beatriz Nizza da (Coord.). Lisboa: Editorial Estampa, 1991 SOUZA, Laura de Melo e. O diabo e a terra de Santa Cruz (Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial). São Paulo, Companhia das Letras, 1986. WACHOWICZ, Ruy Christovam. Abranches: Paroquia de imigração Polonesa - um estudo de história demográfica. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1974
ANEXOS:TABELAS
Tabela 1 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba.
Distribuição da idade dos batizandos livres, 1729-1739.
Idade em dias 1729 1730 1731 1732 1733 1734 1735 1736 1737 1738 1739 Total
1 1 1
3 1 1 1 3
4 1 1 2
5 2 1 3 1 1 1 2 1 1 13
6 1 1 9 5 6 4 5 2 1 6 1 41
7 4 5 9 20 2 8 4 13 9 3 6 83
8 9 15 9 11 13 15 14 13 17 11 13 140
9 3 4 6 6 13 6 11 5 7 1 8 70
10 3 5 3 2 2 9 9 3 8 5 49
11 2 2 1 1 2 5 6 2 2 3 3 29
12 1 2 4 3 1 2 1 2 16
13 3 1 2 1 1 1 1 10
14 3 1 1 1 2 2 1 3 1 15
15 1 3 1 3 1 2 4 15
16 2 1 1 1 1 6
17 1 1 1 1 4
18 2 1 1 4
19 1 1 1 1 1 1 1 7
20 1 1 1 2 5
21 2 2 4
22 1 1 1 3
23 1 2 3
24 2 2
25 1 1 2
26 1 1 2
29 1 1 1 3
30 1 1 1 3
32 1 1
33 1 1
34 1 1 2
35 1 1 2
36 1 1
38 1 1 1 3
39 1 1 1 3
40 1 1
41 1 1
43 1 1
44 1 1
45 1 1 1 3
46 2 2
47 1 1
38
(tabela 1 – continuação)
48 1 1 2
51 1 1
52 1 1
53 1 1 2
55 1 1
57 1 1
60 1 2 3
67 1 1
68 1 1
72 1 1 2
73 1 1
74 1 1
76 1 1
81 1 1
83 1 1 2
86 1 1
89 1 1
92 1 1
102 1 1
120 1 1 2
126 1 1 2
138 1 1
161 1 1
162 1 1
183 1 1
187 1 1
203 1 1
214 1 1
260 1 1
270 1 1
276 1 1
318 1 1
321 1 1
Indeterminados 16 2 1 3 1 1 2 26
Expostos 5 2 2 5 1 2 17
Total 49 50 51 58 58 54 71 55 60 55 81 642
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
39
Tabela 2 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos cativos, 1729-1739.
Idade em dias 1729 1730 1731 1732 1733 1734 1735 1736 1737 1738 1739 Total
3 1 1 2
4 1 1
5 2 2 4
6 1 2 2 3 1 1 1 1 1 13
7 4 4 5 5 5 2 5 5 3 4 5 47
8 5 4 9 8 8 10 10 11 17 8 5 95
9 2 2 1 1 4 5 8 5 4 1 5 38
10 2 5 2 7 2 5 3 5 2 33
11 1 3 1 6 1 2 1 4 19
12 1 1 2 1 2 1 8
13 1 1 1 1 2 1 2 1 1 11
14 1 1 1 2 3 1 9
15 2 1 1 1 4 1 2 12
16 1 2 1 4
18 3 2 5
19 2 2
20 2 1 1 1 1 6
21 1 1 2
22 1 1 2 1 2 7
23 2 2
24 1 1 1 2 5
25 1 1
26 1 1
27 1 1 2
29 1 1 1 1 1 5
30 1 1 1 2 2 1 1 9
31 1 1 2
33 1 1 2
34 1 1 1 3
35 1 1 2
37 1 1
38 1 1
40 1 1
41 1 1
42 1 1
43 1 1 2
45 1 1
46 1 1
47 1 1 1 3
48 1 1 2
49 1 1
50 1 1 2
52 1 1
53 1 1
54 1 1 1 3
56 1 1
40
(tabela 2 – continuação)
57 1 2 3
59 1 1 2
60 1 2 3
61 1 1
62 1 1
65 1 1 2
67 1 1 2
68 1 1 2
69 1 1
72 1 1
73 1 1 2
74 1 1 2
75 1 1
79 1 1
83 1 1
85 1 1 2
90 1 1 2
94 1 1 2
104 1 1
107 1 1
108 1 1
109 1 1
112 1 1
113 1 1
114 1 1
119 1 1
120 1 1 2
126 1 1
134 1 1 2
139 1 1 2
149 1 1
150 1 1
169 1 1
174 1 1
210 1 1
213 1 1
242 1 1
270 1 1
276 1 1
300 1 1
330 1 1
383 1 1
445 1 1
468 1 1
591 1 1
635 1 1
730 1 1
Indeterminados 4 1 5
Adultos 4 1 10 4 2 21
Crianças 11 7 1 4 3 5 4 35
41
(tabela 2 – continuação)
Total 41 35 34 52 44 49 50 50 51 40 53 499
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 3 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos livres, 1740-1749.
Idade em dias 1740 1741 1742 1743 1744 1745 1746 1747 1748 1749 Total
1 1 2 3
3 1 1 2
4 1 3 4
5 2 5 2 1 1 4 1 2 1 19
6 4 2 2 1 5 4 3 4 5 4 34
7 6 7 10 10 14 8 11 11 15 8 100
8 17 15 17 16 13 23 14 27 16 24 182
9 5 8 9 10 4 13 12 9 12 11 93
10 8 6 7 9 5 9 4 4 4 6 62
11 3 3 5 3 3 2 3 1 1 24
12 6 1 1 2 5 1 1 5 1 23
13 1 3 3 1 8
14 1 3 3 2 1 3 3 16
15 1 2 1 2 4 2 3 1 1 17
16 2 1 2 3 1 1 10
17 3 3
18 2 1 2 5
19 1 3 1 5
20 1 3 2 1 1 1 9
21 1 2 1 1 1 6
22 3 1 1 5
23 1 1 1 1 1 1 6
25 2 2
26 2 1 3
27 1 1 2
28 1 1 1 3
29 1 1 2
30 2 1 3 6
31 1 1
33 1 1
34 1 1
35 1 3 4
36 1 1 1 3
37 1 1 2
38 1 1 2
39 1 1 1 3
40 1 1
41 1 1 2
42 1 1
43 1 1
42
(continuação – tabela 3)
48 1 1 1 3
49 1 1
50 1 1 2
52 1 1
53 1 1
54 1 1
58 1 1 2
59 1 1
60 1 1 2
62 1 1
63 1 1
64 1 1
65 1 1
67 1 1
68 1 1
69 1 1
70 1 1
71 1 1
73 1 1 1 3
77 1 1
78 1 1
85 1 1 2
88 1 1
89 1 1
90 2 1 3
92 1 1
93 1 1
101 1 1
104 1 1
108 1 1
115 1 1
116 1 1
122 1 1
128 1 1
136 1 1
138 1 1
146 1 1
149 1 1
151 1 1
162 1 1
165 1 1
172 1 1
180 1 1
185 1 1
190 1 1
202 1 1
208 1 1
219 1 1
251 1 1
300 1 1
43
(continuação – tabela 3)
367 1 1
Indeterminados 1 1 1 3 1 1 8
Expostos 5 5 5 3 3 4 3 3 3 34
Criança 4 3 15 4 8 18 14 3 6 19 94
Total 64 82 91 90 73 107 82 101 86 97 873 Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 4 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos cativos, 1740-1749.
Idade em dias 1740 1741 1742 1743 1744 1745 1746 1747 1748 1749 Total
1 2 1 3
4 1 1 1 3
5 1 1 2
6 3 2 1 2 1 9
7 4 1 4 4 1 1 3 1 6 2 27
8 7 8 7 5 1 2 6 7 3 7 53
9 3 5 2 2 3 2 2 5 1 25
10 2 2 3 2 2 1 2 14
11 2 3 3 1 1 2 12
12 1 1 1 3 1 2 9
13 1 1 1 3
14 1 1 4 2 8
15 1 5 1 3 1 3 14
16 1 2 1 1 5
17 3 1 1 5
18 1 1 2
19 1 1
20 1 1 1 1 4
21 1 1 1 3
23 1 1 1 1 4
24 2 1 1 1 5
26 1 1 1 3
27 2 2 4
28 1 1 2
29 1 1
30 2 3 1 6
32 1 1 2
33 1 1 2
34 1 1
36 1 1
37 1 1
38 1 1 2
41 1 1
42 1 1
44 1 1 1 3
45 1 1 2
44
(continuação – tabela 4)
46 1 1 2
47 1 1 2
49 1 1 1 3
50 1 1
53 1 1
56 1 1
60 1 1 1 1 1 1 6
62 1 1 2
64 1 1
66 1 1 2
71 1 1
74 1 1
75 1 1
78 1 1
82 1 1
83 1 1
85 1 1
92 1 1 2
93 1 1
94 1 1
99 1 1
101 1 1
105 1 1
111 1 1
114 1 1
117 1 1
120 1 1 2
127 1 1
128 1 1
131 1 1 2
135 1 1
143 1 1
150 1 1 2
160 1 1
161 1 1
172 1 1
176 1 1
178 1 1
186 1 1
204 1 1
205 1 1
208 1 1
233 1 1
279 1 1
284 1 1
315 1 1
354 1 1
Indeterminados 2 6 8
Adultos 1 1
Crianças 6 6 7 2 7 8 2 6 15 59
45
(continuação – tabela 4)
Total 36 72 41 28 20 25 28 29 49 45 373
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 5 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos livres, 1750-1763.
Idade em dias 1750 1751 1752 1753 1754 1755 1756 1757 1758 1759 1760 1761 1762 1763 Total
1 1 2 3
3 1 1 1 1 4
4 2 2 1 2 2 2 1 12
5 1 1 3 3 7 4 5 2 4 3 2 2 1 38
6 5 2 4 2 3 3 3 1 4 3 4 3 2 1 40
7 9 7 14 6 10 11 15 5 8 16 15 19 11 5 151
8 19 15 18 19 17 11 7 13 21 16 24 19 14 11 224
9 7 6 7 16 11 9 15 10 11 9 9 3 7 3 123
10 5 3 5 8 8 5 10 10 4 2 8 4 8 80
11 3 2 4 5 1 3 1 2 1 2 7 5 1 37
12 3 1 4 2 4 6 2 5 2 3 3 1 36
13 1 1 3 1 4 2 1 3 2 1 4 2 25
14 3 1 4 4 2 6 2 3 1 2 1 1 30
15 2 1 2 3 5 2 7 5 3 2 5 3 2 42
16 1 4 3 3 6 4 1 2 1 2 1 28
17 1 2 1 1 3 1 1 1 1 3 15
18 1 3 1 3 1 1 1 1 12
19 1 2 1 1 1 1 2 9
20 2 1 4 5 2 2 16
21 1 1 1 4 1 2 10
22 1 1 1 2 1 2 8
23 1 1 2
24 1 1 3 1 1 1 8
25 2 1 2 5
26 1 1 1 1 4
27 2 1 1 1 5
28 1 4 1 1 7
29 1 3 1 2 7
30 1 1 1 3 3 1 1 1 12
31 1 1 1 1 4
32 1 1 2
33 2 1 1 1 5
34 1 1 1 3
35 1 1 1 3
36 1 3 2 2 8
37 1 2 1 4
39 1 1 3 2 7
40 1 1 1 1 1 5
41 2 2 1 5
46
(continuação-tabela 5)
42 1 1 1 3
43 1 1 2
46 1 1 1 3
48 1 1 2
49 1 1
50 1 1 2
52 1 1 2
53 1 1
54 1 1
55 1 1 2
56 1 1
58 1 1 2
60 1 2 1 4
61 1 1 1 3
62 1 1 2
63 1 1
64 1 1
66 1 1
67 1 1
70 1 1
76 1 1
88 1 1 2
90 1 1 2
103 1 1
120 1 1
122 1 1
209 1 1
259 1 1
291 1 1
376 1 1
Indeterminados 1 1 1 1 1 5
Expostos 5 1 8 5 1 9 3 2 6 1 9 8 6 7 71
Crianças 13 15 29 27 38 37 49 31 32 28 34 27 37 49 446
Total 90 73 129 121 134 145 158 103 109 94 136 114 118 85 1609
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 6 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos cativos, 1750-1763.
Idade em dias 1750 1751 1752 1753 1754 1755 1756 1757 1758 1759 1760 1761 1762 1763 Total
2 1 1
4 1 1 2
5 1 1 2 1 5
6 2 2 1 1 1 1 1 1 10
7 3 4 4 4 4 2 3 2 1 3 3 33
8 9 2 8 7 6 4 4 4 4 8 6 4 4 1 71
47
(continuação - tabela 6)
9 2 2 1 1 3 5 2 3 2 4 2 27
10 3 2 2 4 2 1 4 1 1 1 1 2 1 25
11 3 1 2 1 2 1 1 5 16
12 1 2 1 2 2 1 1 1 1 12
13 1 1 1 2 1 6
14 1 1 1 1 4
15 1 1 1 1 1 1 1 1 8
16 2 1 3
17 1 2 1 4
18 1 1 1 1 1 1 6
19 1 1 2
20 2 1 1 4
21 2 1 3
22 1 1 1 1 4
24 1 1 1 1 1 1 6
25 2 1 1 4
26 1 1 2
27 1 1 2
28 1 1 2
29 2 1 3
30 1 1 1 2 1 6
31 1 1 2
32 1 1
34 1 1 2
35 1 1 2
40 1 1 2
41 1 1
42 1 1
45 1 1
46 1 1
47 1 1
48 1 1 2
51 1 1
54 2 2
55 1 1
57 1 1
60 1 2 2 5
64 2 2
66 1 1 2
71 1 1
75 1 1 2
77 1 1
76 2 2
80 1 1
85 1 1
90 2 2
92 1 1
102 1 1
111 1 1
120 1 1
48
(continuação - tabela 6)
129 1 1
136 1 1
156 1 1
210 1 1
Indeterminados 2 1 2 1 1 1 8
Crianças 10 4 13 23 15 12 12 22 5 9 13 13 23 11 185
Total 45 31 43 52 48 37 41 41 23 29 34 28 43 17 512
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 7 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos livres, 1840-1849.
Idade em dias 1837 1838 1839 1840 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 Total
1 1 3 1 1 2 3 2 1 5 2 2 23
2 5 2 1 1 2 1 6 2 2 3 4 29
3 3 5 3 2 7 3 7 3 4 7 5 8 5 62
4 9 7 1 7 9 5 11 7 12 6 5 6 5 90
5 6 12 7 11 6 9 10 2 13 9 8 6 11 110
6 5 14 7 10 7 7 14 2 8 7 12 7 3 103
7 9 7 5 9 5 7 11 3 7 5 8 10 10 96
8 27 41 37 14 35 26 38 24 28 21 15 31 30 367
9 7 6 13 8 9 8 7 9 11 9 6 13 8 114
10 7 20 22 8 10 12 13 12 9 19 14 20 9 175
11 2 5 7 5 9 7 11 2 9 7 4 11 5 84
12 8 12 10 17 6 9 16 12 8 11 11 19 15 154
13 5 4 2 6 3 7 2 3 4 4 7 7 3 57
14 1 4 6 3 4 6 7 6 3 3 7 6 2 58
15 34 40 31 24 43 38 35 35 39 28 29 35 26 437
16 1 3 4 3 2 4 7 2 3 9 4 5 1 48
17 1 2 1 2 3 3 3 3 5 10 5 3 3 44
18 2 4 3 5 8 1 1 6 7 5 5 5 8 60
19 5 3 2 2 3 2 2 2 6 3 3 33
20 7 12 14 17 12 15 17 16 10 11 17 26 18 192
21 4 6 4 4 3 1 1 5 4 4 36
22 3 2 4 4 12 18 10 9 11 4 2 2 81
23 1 1 2 3 2 1 1 3 3 3 1 21
24 2 2 2 3 1 3 1 2 2 1 5 24
25 3 1 1 1 1 1 3 1 4 1 17
26 1 1 3 1 4 2 1 13
27 2 1 2 1 1 1 8
28 1 3 4 2 2 1 1 1 3 18
29 4 3 1 1 1 1 11
49
(continuação- tabela 7)
30 50 87 71 77 66 82 110 70 96 92 65 63 80 1009
31 1 2 1 2 6
32 2 1 1 1 2 7
33 1 1 1 1 4
34 2 1 1 2 3 9
35 1 1 1 3
36 1 3 1 1 6
37 1 1 1 3
38 1 1 1 1 1 5
39 2 1 1 2 6
40 1 1 1 2 1 3 3 5 17
42 1 1 2 4
43 1 1 3 1 6
44 1 1 2
45 5 5 4 4 7 13 8 10 5 4 17 17 15 114
47 1 1 1 3
48 2 1 1 1 5
49 1 1
50 1 1 1 3
52 1 1 1 1 1 5
53 1 1 1 3
54 1 1 2
56 1 1 2
58 1 1 2
60 11 18 42 32 33 50 50 41 47 40 23 36 37 460
61 2 1 3
62 1 3 1 1 6
63 1 1 1 3
64 1 1
65 1 1
66 1 1 2
67 1 1 1 1 4
68 1 2 3
69 1 1
70 1 1 1 3
72 1 2 3
73 1 1 2 4
74 1 1 2
75 1 1 1 1 4 2 4 14
77 1 1 2
78 2 2
80 2 1 3
81 1 1 1 3
85 1 2 3
50
(continuação- tabela 7)
86 1 1 1 3
88 2 1 3
90 9 10 14 22 25 17 33 33 16 17 16 14 25 251
91 1 1
92 1 1
94 1 1 1 1 4
96 1 1
97 1 1 2
98 1 1
99 1 1
102 1 2 3
105 3 3
107 1 1
108 1 1
109 1 1
111 1 1 1 3
113 1 1
115 1 2 3
117 1 1 2
120 6 8 7 9 12 16 8 19 12 14 12 9 12 144
121 1 1 2
122 1 1
129 1 1 2
133 1 1 2
135 1 1 1 3
143 1 1
150 3 7 1 10 4 7 8 7 11 7 8 6 8 87
152 1 1
154 1 1 1 3
180 2 3 5 8 6 3 5 7 8 8 8 7 5 75
186 1 1
189 1 1
190 1 1
201 1 1 2
210 1 3 1 2 4 1 2 3 1 2 2 2 24
215 1 1 1 3
219 1 1 2
230 1 1
240 4 1 2 3 4 2 2 4 1 4 3 5 35
270 1 3 2 1 7
300 1 1 4 2 2 10
330 2 1 2 1 6
1 ano 1 3 3 1 3 1 1 1 6 5 2 27
2 anos 2 3 2 7
51
(continuação- tabela 7)
3 anos 1 3 2 2 1 1 1 1 12
mais de 5 ano 1 1 1 1 1 4 9
Indeterminados 15 45 2 1 1 4 1 69
expostos 8 11 8 13 2 8 9 9 7 3 2 6 6 92
crianças 106 19 10 27 41 30 20 22 28 23 18 344
Total 376 405 405 395 404 434 535 416 443 422 433 468 439 5575 Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
Tabela 8 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade dos batizandos cativos, 1837-1849.
Idade em dias 1837 1838 1839 1840 1841 1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 Total
1 1 1 2
2 1 1 1 3
3 3 1 2 1 7
4 1 1 1 1 2 3 9
5 2 1 2 1 2 8
6 2 2 2 1 3 10
7 1 2 1 3 1 1 9
8 5 10 6 6 4 5 3 2 12 3 3 6 4 69
9 4 1 2 1 3 2 1 1 3 18
10 4 4 2 3 3 2 1 1 1 2 5 28
11 2 1 1 3 2 9
12 1 1 1 1 1 1 1 7
13 1 1 2 2 6
14 1 1 1 1 1 5
15 4 3 2 2 5 6 4 2 3 4 2 4 3 44
16 1 1 1 3
17 1 2 1 4
18 1 1
19 1 1
20 1 1 2 1 1 1 2 1 1 2 1 14
21 1 1 1 3 6
22 1 4 1 6
23 1 1 2
24 1 1
25 2 1 3
28 1 1
30 2 1 1 10 5 9 14 5 7 5 2 7 3 71
33 1 1
34 1 1
39 1 1
41 1 1
45 3 1 1 2 1 5 13
51 1 1
52
(continuação- tabela 8)
55 1 1
56 1 1 2
58 1 1
60 1 1 2 2 3 1 1 1 1 2 3 18
63 1 1
81 1 1
84 1 1
90 2 1 3 3 2 3 2 3 2 21
120 1 2 1 1 2 2 1 2 2 14
122 1 1 2
150 1 1 1 1 4
180 1 2 1 4
200 1 1
240 1 1
270 4 1 1 6
1 ano 1 1 1 1 1 5
2 anos 1 1 2
3 anos 1 1 2
5 anos ou mais 16 3 7 7 1 1 1 1 1 1 39
Indeterminados 3 5 18 1 27
Adultos 2 3 2 1 1 2 3 1 1 16
Crianças 13 7 9 6 10 14 7 11 6 7 3 93
Total 72 43 46 55 39 49 64 48 46 36 41 52 36 627
Fontes: Arquivo da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismo.
53
Tabela 9 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição em meses da idade dos batizandos livres e cativos, 1729-1739.
LIVRES 1730 CATIVOS Idade em me-
ses # %
Idade em meses
# %
0 meses 532 88,81% 0 meses 334 76,26%
1 mês 34 5,68% 1 mês 46 10,50%
2 meses 15 2,50% 2 meses 22 5,02%
3 meses 2 0,33% 3 meses 12 2,74%
4 meses 5 0,83% 4 meses 8 1,83%
5 meses 2 0,33% 5 meses 3 0,68%
6 meses 3 0,50% 6 meses 0 0,00%
7 meses 1 0,17% 7 meses 2 0,46%
8 meses 1 0,17% 8 meses 1 0,23%
9 meses 2 0,33% 9 meses 2 0,46%
10 meses 2 0,33% 10 meses 1 0,23%
11 meses 0 0,00% 11 meses 1 0,23%
12 meses 0 0,00% 12 meses 1 0,23%
14 meses 0 0,00% 14 meses 1 0,23%
15 meses 0 0,00% 15 meses 1 0,23%
19 meses 0 0,00% 19 meses 1 0,23%
21 meses 0 0,00% 21 meses 1 0,23%
24 meses 0 0,00% 24 meses 1 0,23%
Subtotal 599 100,00%
Subtotal 438 100,00%
Indeterminados 26 4,05% Indeterminados 5 1,00%
Expostos 17 2,65% Expostos 0 0,00%
Crianças 0 0,00% Crianças 35 7,01%
Adultos 0 0,00% Adultos 21 4,21%
Total 642 100%
Total 499 100,00%
54
Tabela 10 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição em meses da idade dos batizandos livres e cativos, 1740-1749.
LIVRES 1740 CATIVOS Idade em me-
ses # %
Idade em meses
# %
0 meses 648 87,92% 0 meses 221 72,46%
1 mês 40 5,43% 1 mês 32 10,49%
2 meses 20 2,71% 2 meses 18 5,90%
3 meses 10 1,36% 3 meses 10 3,28%
4 meses 6 0,81% 4 meses 8 2,62%
5 meses 4 0,54% 5 meses 7 2,30%
6 meses 5 0,68% 6 meses 4 1,31%
7 meses 1 0,14% 7 meses 1 0,33%
8 meses 1 0,14% 8 meses 0 0,00%
9 meses 0 0,00% 9 meses 1 0,33%
10 meses 1 0,14% 10 meses 2 0,66%
11meses 1 0,14% 11 meses 1 0,33%
Subtotal 737 100,00%
Subtotal 305 100,00%
Indeterminados 8 0,92% Indeterminados 8 2,14%
Expostos 34 3,89% Expostos 1 0,27%
Crianças 94 10,77% Crianças 59 15,82%
Total 873 100%
Total 373 100,00%
55
Tabela 11 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição em meses da idade dos batizandos livres e cativos, 1750-1763.
LIVRES 1750 CATIVOS Idade em me-
ses # %
Idade em meses
# %
0 meses 981 90,25% 0 meses 265 83,07%
1 mês 80 7,36% 1 mês 27 8,46%
2 meses 17 1,56% 2 meses 17 5,33%
3 meses 3 0,28% 3 meses 5 1,57%
4 meses 2 0,18% 4 meses 3 0,94%
5 meses 0 0,00% 5 meses 1 0,31%
6 meses 1 0,09% 6 meses 0 0,00%
7 meses 0 0,00% 7 meses 1 0,31%
8 meses 1 0,09% 8 meses 0 0,00%
9 meses 1 0,09% 9 meses 0 0,00%
10 meses 0 0,00% 10 meses 0 0,00%
11 meses 0 0,00% 11 meses 0 0,00%
12 meses 1 0,09% 12 meses 0 0,00%
Subtotal 1087 100,00%
Subtotal 319 100,00%
Indeterminados 5 0,31% Indeterminados 8 1,56%
Expostos 71 4,41% Expostos 0 0,00%
Crianças 446 27,72% Crianças 185 36,13%
Total 1609 100%
Total 512 100,00%
56
Tabela 12 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição em meses da idade dos batizandos livres e cativos, 1839-1849.
LIVRES 1840 CATIVOS Idade em me-
ses # %
Idade em me-ses
# %
0 meses 2565 50,59% 0 meses 276 56,21%
1 mês 1227 24,20% 1 mês 93 18,94%
2 meses 529 10,43% 2 meses 21 4,28%
3 meses 280 5,52% 3 meses 21 4,28%
4 meses 155 3,06% 4 meses 16 3,26%
5 meses 91 1,79% 5 meses 4 0,81%
6 meses 80 1,58% 6 meses 5 1,02%
7 meses 30 0,59% 7 meses 0 0,00%
8 meses 35 0,69% 8 meses 1 0,20%
9 meses 7 0,14% 9 meses 6 1,22%
10 meses 10 0,20% 10 meses 0 0,00%
11 meses 6 0,12% 11 meses 0 0,00%
1 ano 27 0,53% 1 ano 5 1,02%
mais de 1 ano 28 0,55% mais de 1 ano 43 8,76%
Subtotal 5070 100,00%
Subtotal 491 100,00%
Indeterminados 69 1,23% Indeterminada 27 4,31%
Crianças 344 6,17% crianças 93 14,83%
Adultos 0 0,00% adultos 16 2,55%
Expostos 92 1,65% Expostos 0 0,00%
Total 5575 100%
Total 627 100%
57
Tabela 13 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade até o primeiro mês dos batizandos livres e cativos, 1729-1739.
LIVRES 1730 CATIVOS
Idade em dias
# %
Idade em dias
# %
1 1 0,19% 1 0 0,00%
2 0 0,00% 2 0 0,00%
3 3 0,56% 3 2 0,58%
4 2 0,37% 4 1 0,29%
5 13 2,43% 5 4 1,17%
6 41 7,66% 6 13 3,79%
7 83 15,51% 7 47 13,70%
8 140 26,17% 8 95 27,70%
Subtotal 1 283 52,90%
Subtotal 1 162 47,23%
9 70 13,08% 9 38 11,08%
10 49 9,16% 10 33 9,62%
11 29 5,42% 11 19 5,54%
12 16 2,99% 12 8 2,33%
13 10 1,87% 13 11 3,21%
14 15 2,80% 14 9 2,62%
15 15 2,80% 15 12 3,50%
Subtotal 2 204 38,13%
Subtotal 2 130 37,90%
16 6 1,12% 16 4 1,17%
17 4 0,75% 17 0 0,00%
18 4 0,75% 18 5 1,46%
19 7 1,31% 19 2 0,58%
20 5 0,93% 20 6 1,75%
21 4 0,75% 21 2 0,58%
22 3 0,56% 22 7 2,04%
23 3 0,56% 23 2 0,58%
24 2 0,37% 24 5 1,46%
25 2 0,37% 25 1 0,29%
26 2 0,37% 26 1 0,29%
27 0 0,00% 27 2 0,58%
28 0 0,00% 28 0 0,00%
29 3 0,56% 29 5 1,46%
30 3 0,56% 30 9 2,62%
Subtotal 3 48 8,97%
Subtotal 3 51 14,87%
Total 535 100%
Total 343 100%
58
Tabela 14 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade até o primeiro mês dos batizandos livres e cativos, 1740-1749.
LIVRES 1740 CATIVOS
Idade em dias
# %
Idade em dias
# %
1 3 0,46% 1 3 1,32%
2 0 0,00% 2 0 0,00%
3 2 0,31% 3 0 0,00%
4 4 0,61% 4 3 1,32%
5 19 2,91% 5 2 0,88%
6 34 5,20% 6 9 3,96%
7 100 15,29% 7 27 11,89%
8 182 27,83% 8 53 23,35%
Subtotal 1 344 52,60%
Subtotal 1 97 42,73%
9 93 14,22% 9 25 11,01%
10 62 9,48% 10 14 6,17%
11 24 3,67% 11 12 5,29%
12 23 3,52% 12 9 3,96%
13 8 1,22% 13 3 1,32%
14 16 2,45% 14 8 3,52%
15 17 2,60% 15 14 6,17%
Subtotal 2 243 37,16%
Subtotal 2 85 37,44%
16 10 1,53% 16 5 2,20%
17 3 0,46% 17 5 2,20%
18 5 0,76% 18 2 0,88%
19 5 0,76% 19 1 0,44%
20 9 1,38% 20 4 1,76%
21 6 0,92% 21 3 1,32%
22 5 0,76% 22 0 0,00%
23 6 0,92% 23 4 1,76%
24 0 0,00% 24 5 2,20%
25 2 0,31% 25 0 0,00%
26 3 0,46% 26 3 1,32%
27 2 0,31% 27 4 1,76%
28 3 0,46% 28 2 0,88%
29 2 0,31% 29 1 0,44%
30 6 0,92% 30 6 2,64%
Subtotal 3 67 10,24%
Subtotal 3 45 19,82%
Total 654 100%
Total 227 100%
59
Tabela 15 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade até o primeiro mês dos batizandos livres e cativos, 1750-1763.
LIVRES 1750 CATIVOS Idade
em dias # %
Idade em dias
# %
1 3 0,30% 1 0 0,00%
2 0 0,00% 2 1 0,37%
3 4 0,40% 3 0 0,00%
4 12 1,21% 4 2 0,74%
5 38 3,83% 5 5 1,85%
6 40 4,03% 6 10 3,69%
7 151 15,21% 7 33 12,18%
8 224 22,56% 8 71 26,20%
Subtotal 1 472 47,53%
Subtotal 1 122 45,02%
9 123 12,39% 9 27 9,96%
10 80 8,06% 10 25 9,23%
11 37 3,73% 11 16 5,90%
12 36 3,63% 12 12 4,43%
13 25 2,52% 13 6 2,21%
14 30 3,02% 14 4 1,48%
15 42 4,23% 15 8 2,95%
Subtotal 2 373 37,56%
Subtotal 2 98 36,16%
16 28 2,82% 16 3 1,11%
17 15 1,51% 17 4 1,48%
18 12 1,21% 18 6 2,21%
19 9 0,91% 19 2 0,74%
20 16 1,61% 20 4 1,48%
21 10 1,01% 21 3 1,11%
22 8 0,81% 22 4 1,48%
23 2 0,20% 23 0 0,00%
24 8 0,81% 24 6 2,21%
25 5 0,50% 25 4 1,48%
26 4 0,40% 26 2 0,74%
27 5 0,50% 27 2 0,74%
28 7 0,70% 28 2 0,74%
29 7 0,70% 29 3 1,11%
30 12 1,21% 30 6 2,21%
Subtotal 3 148 14,90%
Subtotal 3 51 18,82%
Total 993 100%
Total 271 100%
60
Tabela 16 – Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba. Distribuição da idade até o primeiro mês dos batizandos livres e cativos, 1839-1849.
LIVRES 1840 CATIVOS Idade
em dias # %
Idade em dias
# %
1 23 0,64% 1 2 0,58%
2 29 0,81% 2 3 0,86%
3 62 1,73% 3 7 2,02%
4 90 2,52% 4 9 2,59%
5 110 3,08% 5 8 2,31%
6 103 2,88% 6 10 2,88%
7 96 2,69% 7 9 2,59%
8 367 10,27% 8 69 19,88%
Subtotal 1 880 24,62%
Subtotal 1 117 33,72%
9 114 3,19% 9 18 5,19%
10 175 4,90% 10 28 8,07%
11 84 2,35% 11 9 2,59%
12 154 4,31% 12 7 2,02%
13 57 1,59% 13 6 1,73%
14 58 1,62% 14 5 1,44%
15 437 12,23% 15 44 12,68%
Subtotal 2 1079 30,19%
Subtotal 2 117 33,72%
16 48 1,34% 16 3 0,86%
17 44 1,23% 17 4 1,15%
18 60 1,68% 18 1 0,29%
19 33 0,92% 19 1 0,29%
20 192 5,37% 20 14 4,03%
21 36 1,01% 21 6 1,73%
22 81 2,27% 22 6 1,73%
23 21 0,59% 23 2 0,58%
24 24 0,67% 24 1 0,29%
25 17 0,48% 25 3 0,86%
26 13 0,36% 26 0 0,00%
27 8 0,22% 27 0 0,00%
28 18 0,50% 28 1 0,29%
29 11 0,31% 29 0 0,00%
30 1009 28,23% 30 71 20,46%
Subtotal 3 1615 45,19%
Subtotal 3 113 32,56%
Total 3574 100%
Total 347 100%
61
Tabela 17. Média de idade dos Batizandos, séculos XVIII e XIX.
Décadas Livres Cativos
1730 18,6 34,1
1740 19,0 34,4
1750 14,9 20,2
1840 44,6 44,5
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Tabela 18. Distribuição dos Batismos pelos dias da semana (séc XVIII, 1729-1763)
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL
1729 6 9 5 5 5 12 10 52
1730 8 9 1 4 4 8 17 51
1731 10 3 4 7 3 13 18 58
1732 8 9 7 8 8 16 11 67
1733 8 10 6 5 10 5 17 61
1734 18 6 8 11 8 7 18 76
1735 8 9 8 13 7 11 26 82
1736 7 8 9 12 10 3 28 77
1737 8 5 7 12 4 5 26 67
1738 4 7 13 12 7 7 12 62
1739 14 14 10 9 5 12 32 96
1740 4 8 5 8 10 7 17 59
1741 22 8 16 15 11 3 30 105
1742 16 8 11 9 4 11 18 77
1743 11 12 4 5 4 15 29 80
1744 3 4 4 8 6 13 11 49
1745 12 10 6 12 9 11 11 71
1746 3 13 5 10 5 11 13 60
1747 13 12 8 5 10 13 14 75
1748 11 6 9 8 6 13 32 85
1749 4 5 9 4 13 7 22 64
1750 11 7 8 13 9 13 21 82
1751 10 7 8 4 7 8 13 57
1752 11 6 12 9 11 14 20 83
1753 17 10 7 9 7 6 27 83
1754 6 6 5 8 14 18 26 83
1755 16 9 12 5 10 16 27 95
1756 20 11 6 17 11 13 14 92
1757 9 4 9 9 1 10 19 61
1758 4 11 10 3 5 10 15 58
1759 9 7 5 4 8 8 15 56
62
(continuação- tabela 18)
1760 12 6 10 11 10 6 23 78
1761 7 11 4 5 7 13 20 67
1762 12 7 14 8 10 6 15 72
1763 2 3 3 3 1 4 4 20
TOTAL 344 280 268 290 260 348 671 2461 Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Tabela 19. Distribuição dos Batismos pelos dias da semana (séc XIX, 1837-1849)
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL
1837 18 7 11 14 14 10 29 103
1838 28 20 11 20 12 20 47 158
1839 18 16 15 10 10 21 42 132
1840 21 27 19 15 13 21 35 151
1841 18 23 27 10 12 19 30 139 1842 21 13 14 14 12 19 59 152
1843 25 21 22 25 29 24 44 190
1844 16 10 9 13 8 23 37 116
1845 15 15 20 14 12 24 40 140
1846 26 28 19 9 11 19 37 149
1847 23 19 14 20 19 38 55 188
1848 27 16 17 24 15 29 66 194
1849 21 15 17 16 17 22 43 151
TOTAL 277 230 215 204 184 289 564 1963
63
ANEXOS:GRÁFICOS
Gráfico 1. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos.
Amostra para o século XVIII (1729-1763).
2161
15452 15 13 6 9 2 3 3 3 1 1
0
500
1000
1500
2000
2500
0 m
eses
1 m
ês
2 m
eses
3 m
eses
4 m
eses
5 m
eses
6 m
eses
7 m
eses
8 m
eses
9 m
eses
10 m
eses
11 m
eses
12 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Gráfico 2. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos.
Amostra para o século XVIII (1729-1763).
7 0 9 18
70
115
334
546
286
191
9075
43 61 74
4422 21 21 30
20 16 11 10 9 9 7 10 12 21
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
64
Gráfico 3. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos.
Amostra para a primeira metade do século XIX (1837-1849).
2565
1130
417223
12373 61 19 23 0 3 1
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 m
eses
1 m
ês
2 m
eses
3 m
eses
4 m
eses
5 m
eses
6 m
eses
7 m
eses
8 m
eses
9 m
eses
10 m
eses
11 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Gráfico 4. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos livres. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos. Amostra para a primeira metade do século XIX (1837-1849).
23 29 62 90 110103
96
367
114175
84154
57 58
437
48 44 6033
192
3681
21 24 17 13 8 18 11
1009
0
200
400
600
800
1000
1200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
65
Gráfico 5. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos cativos. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos.
Amostra para o século XVIII (1729-1763).
820
10557
27 19 11 4 4 1 3 3 2 10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 m
eses
1 m
ês
2 m
eses
3 m
eses
4 m
eses
5 m
eses
6 m
eses
7 m
eses
8 m
eses
9 m
eses
10 m
eses
11 m
eses
12 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Gráfico 6. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos cativos. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos.
Amostra para o século XVIII (1729-1763).
3 1 2 6 11
32
107
219
72
47
2920 21
34
129 13
514
8 116
165 6 8 4 9
21
90
0
50
100
150
200
250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
66
Gráfico 7. Distribuição da idade (em meses) dos batizandos cativos. Batismos ocorridos antes do primeiro aniversário, números absolutos.
Amostra para a primeira metade do século XIX (1837-1849).
276
93
21 21 164 5 0 1 6
0
50
100
150
200
250
300
0 m
eses
1 m
ês
2 m
eses
3 m
eses
4 m
eses
5 m
eses
6 m
eses
7 m
eses
8 m
eses
9 m
eses
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
Gráfico 8. Distribuição da idade (em dias) dos batizandos cativos. Batismos ocorridos antes do trigésimo dia, números absolutos. Amostra para a primeira metade do século XIX (1827-1849).
2 37 9 8 10 9
69
18
28
9 7 6 5
44
3 41 1
14
6 62 1 3
0 0 1 0
71
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Fonte: Paróquia de N.Sra.da Luz dos Pinhais de Curitiba, atas de batismos
67
Gráfico 9. Distribuição da idade dos batizandos livres e cativos em números absolutos. Amostra para o século XVIII (1729-1763).
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
Gráfico 10. Distribuição da idade dos batizandos livres e cativos em números absolutos. Amostra para o século XIX (1837-1849).
0
200
400
600
800
1000
1200
1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
68
Gráfico 9. Variação do número de nascimentos de livres e cativos em relação ao ideal (100/dia). Amostra para o séc. XVIII (1729-1763)
-2,2
-20,4-23,8
-17,5
-26,0
-1,0
90,9
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Gráfico 10. Variação do número de nascimentos de livres e cativos em relação ao ideal (100/dia)Amostra para o séc. XIX (1837-1849)
-1,2
-18,0-23,3
-27,3-34,4
3,1
101,1
-60,0
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo