Post on 10-Mar-2016
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passearsente a natureza
byNº.9 . Ano I . 2011
Évora e Montemor-o-Novo MonuMentos GRANDIOSOS
CaminhadaNas margens do rio Lizandro
Crónicas do GerêsO trilho de Carris
ContatoGARMIN Montana 650T
100% recomendado
Registada na Entidade Reguladorapara a Comunicação Socialsob o nº. 125 987
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Capa Fotografia Évora
(pág.48)
Praceta Mato da Cruz, 182655-355 Ericeira - PortugalCorrespondência - P. O. Box 242656-909 Ericeira - PortugalTel. +351 261 867 063www.lobodomar.net
Director Vasco Melo GonçalvesEditor Lobo do MarResponsável editorial Vasco Melo GonçalvesColaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves....
Grafismo
Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países
Publicidade Lobo do MarContactos +351 261 867 063 + 351 965 510 041e-mail geral@lobodomar.net
Contacto +351 965 761 000email anagoncalves@lobodomar.netwww.wix.com/lobodomardesign/comunicar
www.passear.com
Um ano intenso2011 foi, sem dúvida, um ano intenso para a editora Lobo do Mar ao lançarmos o projeto editorial Passear (versão paginada). Ao longo de 10 edições temos vindo a crescer em número de leitores situando a média mensal nos 7500.Em 2012 iremos aprofundar este projeto, implementar algumas alterações e esperamos continuar a ter a adesão dos nossos leitores. Vamos estar presentes na Nauticampo que terá lugar de 8 a 12 de Fevereiro, em Lisboa onde iremos desenvolver algumas acções de divulgação das actividades de ar livre em estreita colaboração com a organização do certame.
Nesta edição continuamos a publicar a nossa iniciativa de descobrir os Castelos de Portugal a partir da utilização e bicicleta. Rui Barbosa volta com as suas Crónicas sobre o Gerês, João Pimenta antecipa o grande raid no Tua e Jonas Oliveira continua à descoberta do rio Douro.Como estamos na época natalícia apresentamos-lhe algumas sugestões de presentes de Natal.
Boas caminhadas e pedaladas e um bom ano de 2012
Diretorvascogoncalves@lobodomar.net
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Edição Nº.9 Dezembro 2011
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Sumário04 Notícias06 Sugestões de Natal12 Passeio: À volta do Rio Lizandro24 Antevisão: Caminhada no Vale do Tua28 Crónicas do Gerês38 Canoagem42 Contacto Garmin Montana 65048 Passeio bicicleta
Escalar por uma causaÂngelo Felgueiras está na América do sul a preparar subida ao Vinson
O escalador Ângelo Felgueiras está no continente sul-americano a treinar para a subida ao Monte Vinson, na Antárctida. O comandante da TAP, em fase de pre-paração, vai escalar o Aconcágua, partin-do depois para Patriot Hills (Antárctida), para o desafio da montanha gelada.Tal como nas duas escaladas anteriores, o Comandante da TAP, apoia novamente uma causa social com o objectivo de ‘vender’ cada metro de ascensão por um euro, para ajudar instituições de solida-riedade: Associação do Moinho da Ju-ventude, na Cova da Moura, Amadora (2007) e Escolinha de Rugby do ATL da Galiza, do Bairro do Fim do Mundo, em S. João do Estoril (2010).Desta vez o desafio, ao qual se juntaram novamente a GROUPAMA Seguros (par-ceiro desde 2007) e a Fundação EDP (vai contribuir com um euro por cada euro as-
notí
cias
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sociado), é apoiar o projecto Escolinha de Rugby da Damaia.A trabalhar o projecto da Escolinha de Rugby da Damaia está a Organização Não Governamental (ONG) Máquina do Mundo, presidida por Frederico Martins e que tem como coordenadora de projecto Filipa Gon-çalves. Esta ideia partiu do presidente da or-ganização, adepto de rugby, que se inspirou na Escolinha de Rugby da Galiza e teve em conta os poucos espaços para os miúdos do Bairro 6 de Maio (Damaia) brincarem e praticarem desporto.Depois de conquistadas as seis maiores montanhas de cada continente, Ângelo Fel-gueiras parte agora para o sétimo e último desafio: o Monte Vinson, na Antárctida. A escalada dos 4.897 metros de altitude, o pon-to mais alto de todo o Continente Antárctico, marca a conquista das sete montanhas mais altas de cada continente.
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Festival da Bicicleta Solidária
Encontro de Bicicletas Clássicas, Bici-cletas Convencionais, Passeio para todas as Bicicletas, Alley Cat Race, Cicloficina e animaçãoO objectivo do Festival é a angariação de géneros alimentares para instituições que se encarregarão de distribuir aos necessi-tados. Os participantes deverão oferecer alimentos não perecíveis (por exemplo: enlatados, arroz, massa, leite, etc.) en-tregando-os neste dia à organização.
Encontro de Bicicletas ClássicasPasseio para todas as bicicletas – nível fácilAnimação de rua com a Kumpania Al-gazarraEvento de orientação Alley Cat - percor-rer uma determinada distância pelas ruas de Lisboa, com partida e chegada ao Ter-reiro do PaçoMonociclosCicloficina – reparação e aconselhamen-to em pequenas avariasApoios: CM Lisboa; Kumpania Al-gazarra; Cicloficina dos Anjos; Camisola Amarela, Lisbon Cycle Chic, Scott.Domingo, 18 de Dezembro • 10:00 - 23:30Local: Terreiro do Paço - LisboaOrganização: FPCUB - Federação Portu-
guesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta
Organização - FPCUB: 213159648, 213561253 (fax), 912504851, fpcub@fpcub.pt, www.fpcub.pt
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100%
recomendado
BerninaPolainas básicas, impermeáveis e transpiráveis, adequadas para
utilização em neve, com um largo fecho em velcro. Também são
adequadas para a prática de ski.
Pode ser ajustada à perna, uma vez que na parte superior da
polaina existe um elástico regulável. Para além disso, devido a
possuir uma fivela, pode ser adaptada à bota calçada. Possui
também um elástico na parte inferior e média da polaina, o qual
aumenta o conforto aquando da sua utilização.
- Peso - 260g (tamanho L)
Marca: Vaude. Preço: €31.39.
Comercialização: Strail / geral@s-trail.com
Bolsa AGU Navigator 235 lateral pretoAlforge para a frente ou para trás fabricado em tecido po-
liester repelente à água 600-D com a capacidade de 17
litros.
Dimensões: 28 x 25 x 12 cm por alforge e um peso de 1250
g por conjunto.
Marca: AGU. Preço: 40,90€ (Ref: X2415235).
Comercialização: MoveFree / tvedras@movefree.pt
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Actives Liner GloveLuva interior elástica, desenvolvida em Po-
lartec® Power Dry®, com excelente relação
entre peso e capacidade de aquecimento.
Características:- Peso - 25g (tamanho M);
- Excelente relação entre peso e capacidade
de aquecimento;
- Acabamento interior suave;
- Bastante respiráveis, para manter a pele
seca e cómoda;
- Desenvolvidas com número mínimo de
costuras;
- Costuras lisas para aumentar o conforto e
a durabilidade;
- Desenvolvidas em Polartec® Power Dry®
e tecido reciclado.
Marca: Haglöfs. Preço: €24.99.
Comercialização: Strail / geral@s-trail.com
Evolution S17Canivete suiço multifunções.
Características:- Peso - 97,5g;
- Tamanho - 85mm;
- Cor -Vermelho.
Marca: Wenger. Preço: €39.93.
Comercialização: Strail / geral@s-trail.com
100%
recomendado
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Edge 800 BlundleÉ um parceiro ideal de treino e aventuras em
bicicleta. É um GPS muito completo, numa uni-
dade compacta vai encontrar mapas, opções de
registo e seguimento de trajectos e funcionali-
dades de criação e registo de todos os seus trei-
nos. É um aparelho que vem actualizar a conhe-
cida gama EDGE 705, acrescentando:
Ecrã táctil, facilitando muito a utilização do
aparelho;
Aviso de que se esqueceu de fazer “start” (não
se esquecendo assim de gravar o percurso e os
dados do seu treino);
Suporta mapas Birdseye (visualização de mapas
do google Earth no GPS);
Suporta “custom mapas” - adição de mapas
raster feito pelo utilizador - como sejam cartas
militares digitalizadas e geo-referenciadas (no
Google Earth);
Calcula as calorias gastas baseando-se também
nos dados do sensor cardíaco (o 705 só faz uma
média com o seu peso, altura e distância percor-
rida).
Marca: Garmin. Preço: 379.00 Euros.
Comercialização:
Ciclonatur / info@lojadogps.com
Ferramenta BlackBurn Toolmanator 17 FunçõesCanivete Multifuncional Toolmanator
da Blackburn.
Características:- Chaves alens 2,3,4,5,6,8mm;
- Chave hexagonal 8 e 9mm;
- Chave de boca 10mm;
- Chave de fenda;
- Chave philips;
- Extrator de corrente;
- 02 espátulas para remover pneus;
- 02 chaves de aperto de raio;
- Suporte para remendar corrente.
Preço: 28,01€ (Ref: 66520001).
Comercialização: MoveFree /
tvedras@movefree.pt
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AQUAPAC Mini StormproffA Aquapac tem desenvolvido os seus
produtos num conceito assente na quali-
dade e na simplicidade de funcionamento.
Este é um equipamento para aqueles que
gostam de actividades de ar livre sem se
terem de preocupar com as condições at-
mosféricas. A bolsa fabricada a partir de
TPU revestido Ripstop Nylon, possui uma
impermeabilização completa para IPX6.
Marca: Aquapac. Preço: 17,00 €.
Comercialização: Lobo do Mar /
geral@lobodomar.net
Steiner SkyHawk Pro 8 x 32A gama SkyHawk Pro é vocacionada para a
observação de aves combina ópticas de topo,
robustez e uma facilidade de utilização a um
preço excepcional. Binóculos prismáticos com
um design esguio extremamente ergonómico
vão ao encontro das exigências dos observa-
dores que confiam plenamente no seu desem-
penho.
Principais características:Ampliação – 8;
Diâmetro objectiva (mm) – 32;
Distância de focagem ao perto (m) - 2,2;
Pupila de saída – 4;
Campo de visão a 1000m – 112;
Luminosidade – 16;
Factor “twilight” – 16;
Peso gr - 570;
Marca: Steiner. Preço: €349,00.
Comercialização: Lobo do Mar /
geral@lobdomar.net
Quechua FORCLAZ 400Concebido para proteger da chuva ou do ven-
to e manter o corpo seco durante as grandes
caminhadas. Um casaco 3 camadas leve, im-
permeável, respirante, ventilado e extensível.
Tamanhos : S, M, L, XL, XXL, XXXL
Cores : preto.
Preço: 79.95 €.
Comercialização: Decathlon
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Saco El GordoSaco robusto, ideal para viagem e para uti-
lização diária. Possui uma tira de ombro al-
mofadada e removível, pegas de transporte
superiores almofadadas e pegas laterais, que
possibilitam um maior conforto e versatilidade
no seu transporte.
Para além disso, possui um fundo almofa-
dado, para proteger objectos mais frágeis e
tiras de compressão na parte superior do saco.
Devido a possuir pegas superiores reguláveis,
pode ser utilizado como mochila.
Características:- Tamanho disponível – L;
- Peso - 1134 g (tamanho L);
- Capacidade - 64 Litros (tamanho L);
- Medidas - L: 34cm x 61cm x 33cm;
- Material - 1260D Ballistics;
- Tira de ombro almofadada e removível;
- Fundo almofadado;
- Tiras de compressão superiores;
- Bolso lateral com fecho, para transportar
pequenos objectos.
Marca: Northe Face. Preço: €81.12.
Comercialização: Strail / geral@s-trail.com
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recomendado
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Vango Freedom 60+20Esta mochila de viagem é muito versátil com
muitos usos e destinos possíveis. Espaçosa e
com a possibilidade de utilizar apenas a mo-
chila mais pequena (acopolada), sendo ainda
muito resistente e confortável para as suas ex-
pedições e passeios.
Características:Capacidade: 60 + 20 L
Peso: 3100 g
Material exterior: Excel 600D poliester ripstop
Ajuste de costas: sim
Apoio lombar pré-formado
Rede nos pontos de contacto com o corpo
Mochila de 20 litros (acopolada)
Acesso ao interior com fechos
Fitas laterais de compressão
Fitas internas para arrumação
Compartimento principal com divisória
Ponto de transporte com borracha na parte
superior
Marca: Vango. Preço: 80,67 €.
Comercialização: Go Outdoor Stor
Magellan eXplorist 510GPS portátil
Características:Padrão ambiental/estanquicidade: IPX-7
Duração da bateria (autonomia): 16 horas
Saída Áudio: Bips e altifalante
Coordenadas, Datums, Grelha Utilizada: Mais
de 100
Tipo de expansão de memória: micro SD™
Memória interna: 2G
Comando do utilizador: Ecrã táctil
Ecrã: 3.0” WQVGA
Resolução: 200 x 400 pixéis
Dimensão: 6,5 cm x 3,7 cm x 12,8 cm
Câmara fotográfica: 3.2M
Waypoints / Pontos: 2 000
Geocaches: 10 000
Vista a 3D: Sim
Mapas: Mundo
Marca: Magellan.
Preço: 359,00€. Importador: Nautel
pass
eio
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A parte final do rio Lizandro foi o cenário escolhido para uma caminhada de cerca de 15 quilómetros onde as paisagens se alteram com frequência ao longo de uma linha condutora que é o rio.
CaminhadaÀ volta do rio LizandroTexto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
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Ericeira Carvoeira Pobral F. Boa Brincosa
Duração4 horasDistância 14,7 KmDificuldade
Tipo: Circular Localização: EriceiraApreciação Geral: Dificuldade média
14 Depois de uma semana de chuvas
intensas e trovoadas que assola-
ram o país no mês de Novembro
vi, no meteo.pt, uma aberta e decidi ir
fazer uma caminhada junto à foz do rio
Lizandro, ali para as bandas da Ericeira.
Rumo ao PobralA caminhada começa num parque de es-
tacionamento, junto à EN247, com uma
vista privilegiada sobre o Atlântico, Praia
do Lizandro e S. Julião. Depois de algum
tempo passado a observar, através de
binóculos, o Atlântico e o nosso próxi-
mo destino liguei o aparelho de GPS e
procurei o trajeto que previamente tinha
descarregado. O delinear do trajeto foi
feito através do site RideWithGPS e, é
sempre interessante de ver se que o que
programámos é exequível na prática.
As primeiras dezenas de metros do per-
curso são feitos na movimentada EN247 e
todo o cuidado é pouco pois, o peão não
tem qualquer proteção! Na descida são já
visíveis as numerosas hortas que se desen-
volvem ao longo das margens do rio Lizan-
dro. A qualidade dos terrenos e o fácil aces-
so à água para a rega fazem com que estas
hortas sejam exploradas intensamente e
com os mais diversos produtos hortícolas.
Quando já caminhamos na margem es-
querda em direção à foz é interessante de
ver o serpentear do rio e a atividade das
aves nesta zona. Corvos marinhos e gaivo-
tas alimentam-se numa grande azáfama en-
quanto, numa toada mais calma, podemos
ver o voar majestoso da garça-real.
Chegamos à costa e a vegetação quase
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A água
do ri
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Lizand
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s suas
marge
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ormada
s pelo
homem
em gra
ndes
hortas
.
16 desaparece devido à exposição permanente,
desta zona, aos fortes ventos de N e NW
que sopram ao longo de todo o ano. Daqui
podemos ver bem a povoação da Ericeira e o
seu porto. Caminhamos um pouco mais para
Sul em direção ao casario composto por uma
pequena capela pertencente já a S. Julião.
Voltamos, momentaneamente, à estrada de
alcatrão e iniciamos a subida que nos levará
ao Pobral, o ponto mais alto a cerca de 140
m de altitude. Caminhamos por caminhos
largos observando antigos campos aurículos
e está bem patente a pressão urbanística que
esta região sofre. Apesar da beleza natural da
região, alguns dos habitantes das aldeias e
povoações pensam que a Natureza lhes per-
tence e depositam nos seus terrenos frigo-
ríficos, televisões, móveis, etc.!!! Felizmente
neste trajeto não foi muito frequente.
Regresso ao valeNo Pobral voltamos a ter contacto com
a EN247 mas, só para a atravessar e en-
trarmos novamente em caminhos fora de
estrada. Há uns dois anos tinha feito parte
deste percurso e lembrava-me que a desci-
da até ao vale é feita por um bosque com
uma paisagem de exceção. Qual foi o meu
17
Em S. Julião
despedimo-nos do Atlântico para encetermos a subida que nos levará à
povoação do Pobral.
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espanto ao verificar que grande parte do
bosque tinha sido devastado por um in-
cêndio recente… Mas, mesmo assim, o
local encerra uma beleza relevante e é in-
teressante ver a azáfama nas hortas que
os agricultores, na sua maioria já com
uma idade avançada, teimam em cultivar.
No vale, grande parte do percurso é feito
junto ao rio, foi interessante observar os
efeitos causados pela força da água que
alargou margens e até deitou árvores
abaixo e amontoou canas. O silêncio
domina este vale e é quase impossível
imaginar que a menos de um quilómetro
temos estradas… O nosso próximo des-
tino é a pequena Igreja da Senhora do
Ó. Este local é aprazível e ideal para uma
pequena pausa para descanso e explorar.
Já estamos perto do final da nossa cami-
nhada. A ideia inicial era a de caminhar-
mos ao longo da margem do rio até à
pequena ponte da EN247 mas, as obras
de construção da estação de tratamento
de águas impediu a nossa passagem. Não
sei se no futuro poderemos passar! Tive-
mos que criar uma alternativa e a mais
prática foi a de subir até à povoação
Fonte Boa da Brincosa e depois descer,
por estrada, até o local de partida. Este
pequeno troço não tem nada de interes-
sante mas foi a solução encontrada para
este imprevisto.
Rio LizandroO Lizandro, também conhecido por Lisan-
dro é um rio do distrito de Lisboa, Portu-
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gal, que desagua na praia foz do Lizan-
dro junto à Carvoeira, perto da Ericeira no
concelho de Mafra. Em diferentes alturas
do ano a barra encontra-se fechada por
uma língua de areia, sendo necessária a
abertura por meios mecânicos. Nasce na
freguesia de Almargem do Bispo no con-
celho de Sintra e possui uma extensão de
cerca de 30 km, tendo como principais
afluentes, na margem direita, a ribeira de
Cheleiros e na margem esquerda, a Ribei-
ra da Garganta.
Aves no rio LizandroNa nossa caminhada levámos connosco
a mais recente edição da Lynux, o livro
sobre as Aves de Portugal, que comple-
mentado pelos binóculos Steiner foram
uns preciosos auxiliares na identificação e
localização das aves durante o nosso per-
curso. Posteriormente recorremos ao site
www.avesdeportugal.info é um local na
Internet onde temos acesso a uma infor-
mação (texto e fotografias) rigorosa sobre
as aves que podemos avistar em Portugal
e respetivos lugares de observação.
Em pleno mês de Novembro conseguimos
identificar as seguintes espécies: Garça-real Ardea cinerea mais no interior do rio;
Corvo-marinho-de-faces-brancas Phalac-
rocorax carbo, na foz; Águia-d’asa-redon-
da Buteo buteo, junto aos campos agríco-
las; Gaivota-argêntea Larus michahellis, na
foz; Peneireiro-vulgar Falco tinnunculus,
junto aos campos agrícolas.
Tenho conhecimento que a região é muito boa para a observação de aves. O próprio site da C.M. de Mafra tem um espaço dedicado à observação com sugestão de percursos.
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Informações úteis
Guarda Nacional RepublicanaEriceira – 261 866 700Mafra – 261 815 124
BombeirosEriceira – 261 863 334Mafra – 261 812 100
Descarregar e ver o percurso: http://ridewithgps.com/routes/823863
AlojamentoEriceiraCamping*** Parque de CampismoEstrada Nacional 247, km 49,42655-319 EriceiraTel.: 261 862 706/ 261 862 513Fax: 261 866 798E-mail: info@ericeiracamping.comWeb: www.ericeiracamping.com
Ecolodges EriceiraEstrada do RegoEco-Club Raphaelis 2655 Ericeirainfo@ecolodgesericeira.comwww.ecolodgesericeira.com
Igreja Nossa Srª. do Ó
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ANTEVISÃO
Caminhada no Vale do TuaDENTRO DAS COMEMORAÇÕES DOS 26 ANOS DO CLAC, CLUBE DE LAZER,
AVENTURA E COMPETIÇÃO – ESTE VAI ORGANIZAR UMA MEGA AVENTURA,
UMA AUTÊNTICA EXPEDIÇÃO AO VALE DO TUA QUE TERÁ LUGAR NOS DIAS 9 E
10 DE DEZEMBRO.
Texto e fotografia: João Pimenta*
* (Coordenador dos passeios pedestres do CLAC.)
Esta iniciativa é aberta a todos os simpatizantes do pedestrianismo, amantes dos
comboios e das suas vias.
Este evento será em autonomia total para 2 dias e terá o seu início no dia 9 de
Dezembro ás 6.45 h na estação de Mirandela, onde apanharemos o metro até
Cachão.
Seguidamente teremos a linha como guia e o vale do Tua por nossa conta.
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1º DIA – 30 KMUma tirada de aproximadamente de 30
km espera-nos até S. Lourenço e como
reza a historia não há trabalhos fáceis
nesta linha.
Por ser Outono as condições atmosfé-
ricas podem fazer das suas! O cuidado
tem que ser redobrado, caminhar por
pedras e travessas molhadas requer um
bom calçado (botas) devido não só à ir-
regularidade do piso como também ao
facto de estar escorregadio.
O equipamento terá que ser o indispen-
sável porque mesmo ás costas a mochila
vai moendo, quilómetro a quilómetro.
Perante tanta beleza e tanta história mui-
to está escrito, desde a formação geo-
lógica à valentia do homem em desbra-
var a natureza.
Dos castores ás aves de rapina, da en-
genharia das pontes ao sofrimento dos
túneis em xisto.
Sem dúvida uma viagem que alerta os
sentidos e sensibiliza-nos por serem lu-
gares tão belos.
Depois de passarmos uma série de es-
tações e apeadeiros, vamos pernoitar na
estação de S. Lourenço conhecida pelas
suas águas termais.
Por serem pequenos os dias, é imperativo
que à chegada se procure um local para
montar a tenda.
As condições físicas poderão não ser as
melhores mas iremos fazer antecipada-
mente uma visita ao local, devido a este
já ter sido frequentado por pessoas com
vários problemas de saúde (pele, estôma-
go, etc.).
Ao cair da noite, não se pode perder um
jantar aquecido no calor de uma fogueira.
Uns enchidos no pão, um copo de vinho
e conversas do acaso, não há melhor para
apurar um serão no meio de tudo e no
meio do nada.
São música para os ouvidos os sons do rio
Tua que nas pedras se alonga e embala
numa noite escura, até adormecer.
2º DIADia 10, sábado esperamos o melhor e pior.
Convém levantarmo-nos cedo para fazer-
mos os restantes 16km com calma. Depois
de petiscar qualquer coisa, iniciamos a
caminhada com alguma expectativa e an-
siedade em relação ao que iremos encon-
trar mais á frente.
O Vale aperta e a paisagem geológica é
magnífica, até dantesca.
As pontes e os túneis, as estações aban-
donadas e os carris achatados pelo tempo,
são uma realidade.
Entramos na zona zero, numa despedida
anunciada e vê-la-emos provavelmente
pela última vez. Parte do Vale do Tua irá
submergir, são 14km que fazem a dife-
rença entre o natural e a mão do homem.
Por curiosidade iremos até ao limiar da
segurança, até onde for permitido. A al-
ternativa será a subida até à aldeia do
Fiolhal lá no alto do monte onde avis-
taremos a estação de Tua. Que por sinal
é nossa.
No fim desta aventura espera-se que to-
dos os participantes tenham compreen-
dido a beleza ímpar do Vale do Tua e so-
bre ele as amizades que se fomentaram
que não serão esquecidas certamente.
Cada um irá regressar a casa mais rico,
mas com uma riqueza que alguns não
querem compreender.
É o que espero deste sonho, um Raid
de fim de semana excelente com muita
fraternidade e cumplicidade
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ALGUMAS DICASAlimentação:– Como a caminhada é em autonomia total cada um deve levar comida suficiente para si durante o percurso. Muito importante é o transporte da água pois não abunda durante o trajeto. As re-feições são tipo volante (ir andando e comendo) exceto o jantar do dia 9 em S. Lourenço. Fica aqui a ideia no ar, podemos acender uma pequena fogueira e assar uns enchidos e beber um bom vinho e pão etc. Um serão de convívio.
Equipamento:- Mochila – Anatómica não superior a 50lt, ter a-tenção ao peso e se possível com proteção para a chuva. - Tenda – Se possível pequena e leve de 1 ou 2 pessoas.- Saco de cama – Quente, pois a noite pode ar-refecer aos 4°C / 5°C.- Esteira/colchonete de esponja – Chão duro.- Manta – Dá sempre jeito na rua como no interior da tenda.- Bastão – Fica ao critério de cada um. - Frontal e/ou lanterna – É sempre importante andarmos iluminados.- Algo refletor – para o corpo ex. colete. Segu-rança acima de tudo.- Máquina fotográfica – Não pode faltar, atenção ás baterias.- Prato/tacho/marmita, talheres, copo, toalha, etc. – principalmente para a janta.- Material de higiene pessoal - papel higiénico e toalhetes. - Telemóvel - Não há rede praticamente em todo o
percurso exceto em alguns pontos altos – Vodafone - “no phone no stress”.
Vestuário:O Vestuário está condicionado ao estado do tempo ficando assim ao critério de cada um.- Botas - devido ao piso pedregoso e ás passagem das travessas.- Impermeável – Com a chuva ou muita humidade dá sempre jeito. - Chapéu para a chuva ou gorro – Faça sol ou faça chuva estamos no Outono.- Muda de roupa ligeira – Caso uma fique molhada.- Roupa interior e meias suplentes – Pode fazer a diferença no andar.- Casaco quente e fato de treino - para dormir quentinho(a) a ouvir o rio.
Inscrição e taxa:
Taxa de inscrição – 2€ inc/seguro (necessário o
nome e data de nascimento)
Todos os participantes devem inscrever-se por e-
mail, telefone ou mesmo pelo Facebook pelas men-
sagens, para que o CLAC possa fazer o respetivo
seguro. Dar o nome e data de nascimento.
geral@clac.pt
960007711 – Sede do clube
911161683 – João Pimenta
Fb – João Pimenta
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Crónicas do GerêsSubindo aos Carris, o trilho
pelo Vale do Alto Homem
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A curiosidAde por cArris surge-nos porque Alguém já ouviu fAlAr ou esteve numAs ruínAs nos píncAros geresiAnos. nA reAlidAde, não existe quAlquer in-dicAção bem visível que nos mostre o cAminho certo pArA cArris, e AindA bem que Assim é!!!!
Texto e fotografia: Rui Barbosa
A única indicação do trilho de Carris que
pode estar visível ao observador minima-
mente atento, encontra-se no início do tri-
lho, mesmo antes da cancela e ao lado da
ponte sobre o Rio Homem. Uma indicação
pintada a tinta branca indica “Carris” e
uma seta aponta na direção do caminho.
O trilho para Carris inicia-se a uma altitude
de 720 metros e rapidamente nos aper-
cebemos que não será um caminho fácil
para os mais desprevenidos. A sua dificul-
dade vai aumentando ao longo do percur-
so não tanto pela inclinação, mas mais pelo
estado do próprio trilho. Em quase 9,8 km
de extensão, o trilho é na sua maioria com-
posto por pedra solta que dificulta a pro-
gressão. São escassas as extensões em que
o terreno é suave.
Na quase totalidade do seu comprimento
o trilho é acompanhado pelo jovem Rio
Homem e ouvimos quase sempre o seu ru-
mor por entre as rochas.
Convém salientar que o trilho para Car-
ris está inserido num vale de extrema im-
portância para o Parque Nacional da Pene-
da-Gerês e que está integrado numa das
duas áreas de proteção total existentes
naquela área protegida.
Tenho por hábito dividir o trilho em duas
partes que considero de dificuldade dis-
tinta. A primeira parte termina no que eu
considero ser a metade do caminho na
ponte junto do Cabeço do Modorno e
após se ter vencido já cerca de 300 met-
ros de altitude por entre pedra solta e al-
guma vegetação. A fase inicial da segun-
da parte do trilho é muito semelhante à
primeira parte, mas este vai-se tornando
mais suave há medida que nos aproxi-
mamos da Ponte das Águas Chocas,
sendo um trilho fácil
a partir daí e até ao
final do planalto onde
se inicia a subida final
para Carris, passando
nas Abrótegas e já
na Corga da Carvoe-
irinha (ou da Carvoeira). A passagem
pela Ponte das Abrótegas é muito fácil e
somos presenteados por uma paisagem
única que nos leva desde o Alto do Pás-
saro até às alturas do Altar de Cabrões
já na raia.
No início dos anos 90 ainda era pos-
sível observar ao longo do Vale do Alto
Homem uma linha de postes de madeira
sobre os quais assentava o cabo metáli-
co de telégrafo, que permitia as comu-
nicações com o complexo mineiro. Nos
nossos dias são raros os sinais, ao longo
do caminho, daquilo que mais tarde
iremos encontrar no sopé de Carris. Ti-
rando os trabalhos mais recentes levados
30
a cabo pelo Parque Nacional da Peneda-
Gerês, com o objetivo de melhorar o
caminho para a reflorestação de zonas de
alta montanha, é possível observar, mesmo
no início do trilho, conjuntos alinhados de
rochas que marcam o que então teria sido
uma estrada em terra batida que permitia
a passagem de camiões para o transporte
do minério e não só. Esta estrada teria sido
bastante melhorada já na segunda fase de
exploração de Carris. Como curiosidade,
posso referir que no início da sua cons-
trução existia um pequeno caminho que
ligaria a Portela de Leon-
te a Carris e pelo qual as
largas telhas que iriam
cobrir as casas de Carris
eram transportadas em
ombros pela quantia de
2$50 nos idos anos de
40. Voltando aos nossos sinais... ao longo
do trilho vamos observando um ou outro
pequeno muro, ou um ou outro alinha-
mento de pedras que nos podem sugerir a
existência de uma rude estrada serrana. O
primeiro sinal sólido da existência de algo
mais complexo na serra surge-nos junto da
zona que dá pelo nome de ‘Água da Pala’.
Aqui, e já coberta pela vegetação, obser-
vamos à nossa esquerda (não se esqueçam
de que estamos a subir o trilho, cansados...
mas a subir!!!) uma área delimitada por um
pequeno e baixo muro. Em tempos terá
servido de curral para abrigo dos rebanhos
(tal como é referido num artigo publicado
no Século Ilustrado em 1955). Do lado di-
Tenho por hábito dividir o trilho em duas partes
que considero de dificuldade distinta.
31
Na Água da Pala iniciava-se um trilho de pé posto que atravessava
o Rio Homem
32
O seu delimitar pelos picos das
serras leva-nos a imaginar, sonhar um
mundo antigo.
reito podemos observar, também por en-
tre a vegetação, uma pequena construção
com tijolos de cimento que nos dá a ideia
de ser uma pequena guarita, mas que já
foi referenciada como um pequeno abri-
go dos cantoneiros que mantinham o es-
tradão em estado de circulação. Esta zona
antecede uma ponte de pedra. Toda este
lugar é extremamente peculiar e bucólico.
Na Água da Pala iniciava-se um trilho de
pé posto que atravessava o Rio Homem e
subia ao longo do rio pela sua margem di-
reita no sopé da Encosta do Sol até atingir
o topo do Cabeço do Madorno, algumas
centenas de metros após
atravessar novamente o
Homem sensivelmente à
cota de 1050 metros de
altitude. Não havendo
registos cartográficos
deste trilho em direção a
Carris, documentos fotográficos atestam a
sua continuação para as zonas mais eleva-
das da serra. Quem observa a Encosta do
Sol a partir da Água da Pala, terá a sen-
sação de ainda puder vislumbrar o traçado
deste pequeno trilho que, sem dúvida, nos
proporcionaria uma visão distinta do vale.
Porém, e após várias tentativas de obser-
var no terreno a sua progressão, cheguei
à conclusão de que este trilho já desa-
pareceu e será extremamente difícil tentar
seguir o seu antigo percurso, senão mes-
mo impossível.
Após passar a Água da Pala, o trilho para
Carris entra numa zona mais plana. Até
aqui, e olhando para a nossa direita,
temos a oportunidade de observar os
picos escarpados que delimitam os Pra-
dos Caveiros ou Caveiros. Esta fase mais
plana do trilho segue pela Ponte do Ca-
garouço sobre a Ribeira do Cagarouço,
um pequeno afluente do Rio Homem.
É nesta fase que o caminho se volta a
inclinar ligeiramente e ouvimos o rugido
do jovem rio a poucos metros de distân-
cia. Por entre a vegetação é por vezes
fácil ter um olhar sobre lagoas que no
Verão são sempre uma forma de retem-
perar forças.
O trilho ultrapassa a
cota dos 1000 me-
tros de altitude, a
poucos metros de
entrarmos numa
fase do caminho
onde vamos superar
vários metros de altitude em pouca dis-
tância, ultrapassando assim um bom
declive. O trilho flete para a direita no
que são conhecidas como as ‘Curvas
das Febras’ e em pouca distância subi-
mos 30 metros em altitude antes de fle-
tir para a nossa esquerda. Nesta parte
do caminho podemos ter uma imagem
do Vale do Homem só superada pela
paisagem que nos aguarda poucos
metros após a passagem da Ribeira do
Madorno. Poucos metros mais à frente
entramos numa parte do caminho que
é ladeado, à direita, por uma parede
sólida de granito e, à esquerda, por
33
34
uma queda de 50 metros que termina no
Rio Homem. O declive aqui é acentuado
e notório, mas o esforço para chegar à
meia distância merece a pena.
Somos chegados a meio do caminho
e o descanso na Ponte do Madorno é
merecido. A água da ribeira é sempre
fresca e corrente, mesmo no Verão. Ao
entrar neste pequeno vale temos a visão
de uma pequena queda de água por
debaixo da ponte e são poucos os que
resistem a uma fotografia. Situados na
ponte em direção ao final do vale, por
onde vemos o Rio Homem, temos à nos-
sa direita o imponente Cabeço do Mo-
dorno, uma escarpa granítica que atinge
os 1317 metros de altitude. Conheci to-
das as pontes até ao Madorno já em ci-
mento, mas o meu fascínio por este vale
e por Carris começou a ser despertado
pelas velhas pontes de madeira que anti-
gamente permitiam a passagem célere e
um tanto ou quanto aventureira.
É sempre bom descansar e retemperar
forças junto do Cabeço do Modorno,
mas é hora de prosseguirmos pois, logo
ali à frente, temos uma surpresa à nos-
sa espera. Prossigamos então a nossa
caminhada. Logo após abandonar a Pon-
te do Modorno e seguindo o nosso tri-
lho, vamos encontrar uma das mais fan-
tásticas paisagens que a Serra do Gerês
e o Parque Nacional têm para nos ofe-
recer. É com deslumbre que observamos
o Vale do Alto Homem e a forma como
este se projeta no céu. O seu delimitar
pelos picos das serras leva-nos a imagi-
nar, sonhar um mundo antigo. Atenção ao
vocabulário, pois é aqui que nos começam
a faltar as palavras... Ao longe vemos a Ser-
ra Amarela e com bom tempo facilmente
se vislumbram as antenas do Muro localiza-
das em Louriça. Saindo do pequeno vale da
Ribeira do Modorno entramos novamente
no vale do Alto Homem e logo ali à nos-
sa frente observamos uma estreita queda
de água com uma altura superior a 110
metros. Toda este zona nos dá paisagens
deslumbrantes em, ou após, dias de chuva
com as paredes rasgadas pelos cursos de
água que se precipitam no vale, ou então
nos frios dias de Inverno com a imagem das
quedas de água geladas que se amarram às
paredes graníticas.
Prosseguindo o trilho ao longo do vale va-
mos ganhando altitude, atingindo os 1200
metros de forma suave. Nesta fase o tril-
ho chega a complicar-se devido ao estado
do «pavimento». O Rio Homem é, nesta
fase, constituído por uma série de peque-
nos ribeiros que têm origem nos inúmeros
vales que golpeiam o topo da serra. Aos
1200 metros de altitude, na zona do Teixo
(que assim se chama porque se diz que
antigamente ali existia uma árvore desta
espécie), o trilho flete ligeiramente para a
direita seguindo um dos pequenos riachos
que, juntamente com o riacho do Corgo
dos Salgueiros da Amoreira, irá mais tarde
formar o Rio Homem. O nosso trilho segue
a base da Rocha da Água do Cando, pas-
sando pela Ponte das Águas Chocas (1285
metros) e entrando nas Abrótegas até atin-
gir a Ponte das Abrótegas (1325 metros).
35
As Abrótegas definem, juntamente com o
Outeiro Redondo, um pequeno planalto
que é atravessado pelo trilho até atingir e
seguir ao longo da base do contraforte de
Carris. Foi neste planalto onde esteve mon-
tado nos dias 17 a 19 de Setembro de 1908
o acampamento da primeira expedição ve-
natória levada a cabo na Serra do Gerês.
Neste planalto têm origem vários trilhos
de pé posto, sendo o mais interessante
aquele que segue para as Minas das Som-
bras (Galiza, Espanha) e para os Cocões
do Concelinho (através das Lamas de
Homem) e, mais tarde, Minas do Bor-
rageiro e Lagoa do Marinho. Na Ponte
das Abrótegas somos interrogados por
umas peculiares construções semelhan-
tes a pequenos pilares de rocha e ci-
mento que tinham essa mesma função.
Estas construções serviriam de ponto de
apoio, certamente de uma conduta me-
tálica para transportar água desde uma
pequena represa ali existente até à lavaria
nova situada no topo da Corga de Lama-
longa. A paisagem aqui permite-nos ob-
servar o marco geodésico de Carris (1508
metros), o Altar de Cabrões ou Altar dos
Cabros. Neste planalto podemos tam-
bém observar vários currais destinados às
pastagens de altitude e à transumância
ainda levada a cabo na Serra do Gerês,
que sim... ainda tem pastores!!!!
A zona das Abrótegas permite o descanso
antes da subida final, verdadeiro calvário
para quem já está cansado da subida.
Ao percorrer o início da subida, um por-
menor passa desperce-
bido à quase totalidade
das pessoas. Logo no
início do declive a an-
tiga estrada dividia-se
em duas, com uma a
seguir a direção do Sal-
to do Lobo, local onde
decorreram as primei-
ras extrações de volfrâmio tirando par-
tido do aluvião vindo da Corga da Car-
voeirinha. No terreno é difícil vislumbrar
sinais desta parte da estrada e só andan-
do alguns metros no caminho principal
que segue em direção a Carris, e depois
olhando para trás, é que se vê a antiga
estrada já coberta de vegetação. Nesta
área não existem construções ou edifí-
cios, excetuando uma ou outra pequena
construção de pastores (os formos) ou
outros abrigos. Esta zona provavelmente
teria o apoio de edifícios de madeira dos
quais não existem quaisquer sinais. Por
esta zona deveria passar uma conduta de
água que teria a sua origem numa peque-
na represa próximo da Ponte das Abróte-
gas e que, apoiada em pilares feitos com
aglomerados de pedra, atravessava o
pequeno planalto para lá das Abrótegas.
Mais pilares são visíveis no extremo deste
planalto, que serve de pastagem de alti-
tude ao gado que nos meses da vezeira
passeia pela serra, já próximo do caminho
antes deste fletir para a esquerda para ini-
ciar a subida final. Seguindo o prolonga-
mento deste caminho secundário e depois
entrando em trilhos de
pé posto, chega-se às
Minas de Carris pela
sua zona inferior junto
da lavaria nova, no ex-
tremo topo do vale da
Corga de Lamalonga.
Mas voltemos à estrada
principal e iniciemos a
subida final para Carris. A parte final da
estrada vence um declive de 70 metros
ao longo da Corga da Carvoeirinha e sem
dúvida que é para muitos a parte mais
complicada de todo o trajeto. No entanto,
o final do árduo caminho é sempre uma
motivação forte para vencer estes últimos
metros.
No troço final o declive torna-se menos
intenso, com a estrada a tornar-se quase
plana mesmo a chegar ao muro que de-
limitava a entrada no complexo mineiro
de Carris.
A zona das Abrótegas permite o descanso antes da subida final, verdadeiro
calvário para quem já está cansado da
subida.
36
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Edição nº18
38
RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL
Canoagem
Texto e Fotografia: Jonas Oliveira*
PERCURSO 3 BARRAGEM DO PICOTE-BARRAGEM DE BEMPOSTA
ESTE PERCURSO INICIA-SE A DOIS QUILÓMETROS A JUSANTE DA BARRAGEM DO PICOTE, NUM LOCAL USADO PARA A PESCA DESPORTIVA. O ACESSO A ESTE LOCAL É FEITO PELA ALDEIA DE PICOTE, SEGUINDO AS PLACAS INDICATIVAS DE RIO/PESCA. AINDA NA ALDEIA, ACONSELHO UMA VISITA Á FRAGA DO PUIO, UM MIRADOURO COM VISTA PRIVILEGIADA PARA O RIO.
* aKademia do Kayak
RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL
Canoagem
39
40
O percurso deve ser feito em regime de pas-
seio, com tempo para desfrutar da rica fauna e
flora local. As barragens distam entre si aproxi-
madamente vinte quilómetros, pelo que é a-
conselhado o uso de pelo menos duas viaturas
automóveis para efeitos de resgate.
Iniciando o percurso, vale a pena subir, condi-
cionados á cota e caudal existente, o rio até á
Barragem de Picote. Será conveniente contudo
verificar se está a ser efetuada descarga ou não,
uma vez que tal situação poderá alterar a cota
e ou o caudal, aumentando assim a corrente
ou fazer com que momentaneamente este
pequeno trajeto fique sem água para navegar.
No percurso entre barragens, a paisagem é,
nos primeiros dez quilómetros, caracterizada
pelas altas encostas e rio estreito. É um per-
curso muito agradável de se fazer, com o rio
calmo e com pouca incidência de vento. Se for
num dia solarengo e quente, existem muitos
locais de paragem onde se podem dar uns mer-
gulhos para refrescar.
Aos poucos o rio vai alargando e a paisagem
muda. As altas fragas dão lugar a extensos
montes, com estradas em terra, como que
desenhadas na paisagem. O vento, na última
parte do percurso, incide com alguma intensi-
dade. A forma de o evitar será navegar junto á
margem, permitindo que a densa vegetação a-
tenue o efeito desagradável do vento contrário.
Há medida que nos vamos aproximando da
barragem da Bemposta aparecem algumas
casas de férias, principalmente na parte espa-
nhola. Existem ainda algumas praias fluviais
com kayaks e gaivotas para alugar.
É normal encontrarmos embarcações de pes-
41
ca e de recreio neste percurso. Existem ao longo
do trajeto alguns cais de amarração para embar-
cações. O local onde termina este passeio é um
desses cais e fica a cerca de quinhentos metros da
Barragem de Bemposta, num dos braços de rio na
margem portuguesa.
Informações:- Parque Natural Douro Internacional - (http://por-
tal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-DouroInterna-
cional );
- Câmara Municipal Miranda do Douro – (http://
www.cm-mdouro.pt/)
- Sistema Nacional de Informação de Recursos
Hídricos (http://snirh.pt/) – Informação detalhada
sobre caudal, cota, descargas, etc.
Conselhos úteis:- Utilizar pelo menos duas viaturas, sendo que
uma será para o resgate (colocação da viatura no
final do percurso);
- Iniciar o passeio durante a manhã, podendo as-
sim apreciar com mais tempo a fauna e flora local;
- Colocar protetor solar com abundância e usar
chapéu;
- Não esquecer de levar agua e uma ou duas bar-
ras energéticas;
- Em caso de almoço levar comida ligeira;
- Levar máquina fotográfica e binóculos;
- Levar uma muda de roupa;
Coordenadas GPS- Inicio (41°23’37.78”N / 6°21’56.11”W )
- Final (41°18’14.54”N / 6°27’43.90”W)
42
con
tact
o
Garmin Montana 650
A nova geraçãoOS MODELOS DA SÉRIE MONTANA TÊM UM ECRÃ DE 4”, A CORES (65K), TFT DE DUPLA ORIENTAÇÃO, COM MAPA BASE INCLUÍDO E UM RECETOR GPS DE ALTA SENSIBILIDADE COM HOTFIX®. PARA ALÉM DISTO, TODOS OS MODELOS VÊM COM RANHURA PARA CARTAS MICROSD, BÚSSOLA DE 3 EIXOS E ALTÍMETRO BAROMÉTRICO.
Texto e fotografia: Lobo do Mar
Tendo como base o modelo Montana 600, o 650 acrescenta uma câmara digi-tal de 5 megapixéis, com focagem au-tomática que georreferencia imagens, permitindo de futuro, aos utilizadores, marcar, relembrar e navegar até ao ponto exato que pretendem. Ao ligar o Mon-tana a um computador através do cabo
USB vá a https://my.Garmin.com, onde todas as fotos serão automaticamente de-tetadas. O intuitivo site myGarmin, torna simples a escolha, upload e arquivo de fo-tos. Pode também planear e rever a locali-zação da sua última aventura ao utilizar o software gratuito Garmin Basecamp. Em acréscimo à câmara de 5 megapixéis, o
43
Montana 650t, vem pré-programado com o mapa topográfico europeu detalhado a uma escala 1:100k, com detalhes de es-trada, contornos de elevação, pontos de interesse e dados relativos ao terreno.Todas as unidades da série Montana são compatíveis com a cartografia City Navi-gator ®, Garmin Custom Maps, imagens de satélite BirdsEye, imagens Birdseye Select e mapas BlueChart® g2. Receba instruções de mudança de direção com “text-to-speech” quando navega com os mapas City Navigator, utilizando o su-porte de automóvel opcional. A cartogra-fia BlueChart® g2 é obrigatória para navegação marítima.O Garmin Custom Maps permite aos utilizadores de equipamentos Garmin, transformar de forma simples, mapas eletrónicos e de papel, em cartografia dis-ponível para download de forma gratuita. As imagens de satélite BirdsEye são um serviço de subscrição que permite aos utilizadores visualizar imagens aéreas do seu destino. O Birdseye Select é um serviço que lhe permite selecionar e fazer o download de áreas personalizáveis de alguns dos seus mapas “raster” favoritos, incluindo para o Reino Unido, França, Alemanha, Áustria e Suíça.NO TERRENO
A nossa utilização do Montana 650T foi,
essencialmente, em caminhadas quer através da gravação de percursos como seguimento de percursos previamente estabelecidos em computador.O equipamento é extremamente fácil de operar e muito intuitivo. O ecrã de grandes dimensões e os símbolos com boa qualidade gráfica permitem trabal-har com facilidade e efetuar uma nave-gação segura. O conforto de utilização deve-se também, à capacidade de leitura horizontal ou vertical da imagem no ecrã (à semelhança dos mais recentes smart-phones). A qualidade gráfica dos mapas é boa e trabalhar no computador, com o BaseCamp, é muito simples.Um outro ponto forte deste equipamento é o da autonomia da bateria de iões de lítio.A máquina fotográfica de 5 megapixeis cumpre bem as suas funções mostrando contudo, alguma falta de qualidade nas imagens capturadas com grandes dife-renças de tons claros e escuros. A geor-referenciação das imagens é muito útil na organização do passeio.A possibilidade de personalização da in-formação a aparecer no ecrã é uma ca-racterística útil e boa. O equipamento é ergonómico, não é pesado mas um pouco grande demais.
con
tact
o
44
A georefrenciação das imagens obtidas com o Montana 650t são de qualidade e ajudam em navegações futuras.
45
46
con
tact
o
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
- Ecrã tátil brilhante de 4”, legível sob luz solar direta, 65k cores TFT, com 272 x 480 pixéis;- Recetor GPS de alta sensibilidade, compatível WAAS com HotFix® ;- Partilha sem fios de rotas, trajetos, pontos de utilizador e geocaches, entre unidades compatíveis;- Mapa base mundial interno com re-levo sombreado;- Mapa base topográfico Europeu com uma escala aproximada de 1:100k (ape-nas o 650);- Bússola de três eixos e altímetro baro-métrico; - Ranhura para cartas microSD para mapas opcionais;- Câmara digital com auto focagem de
5 megapixéis com georreferenciação automática (650 e 650t);- Saída áudio de 3.5mm;- Ligação USB de alta velocidade e in-terface de série;- Robusto, à prova de água (IEC 60529 IPX7); - Múltiplas opções de bateria: três pi-lhas substituíveis AA (até 22h) ou ba-teria de iões de lítio recarregável (até 16h) incluída.Preço Garmin Portugal: de 599,00 a 649,00 EurosPreço Ciclonatur: 549.00 EurosA Ciclonatur possui cartografia topográfica própria, num cartão memória 2Gb, Topo.Portugal comer-cializado a €25.00
pass
eio
bici
clet
a
48
De Bicicleta à Descoberta dos Castelos de Portugal
De Bicicleta à Descoberta dos Castelos de Portugal
49
Évora Montemor-o-Novo
Duração+/- 3 horasDistância 35,7 KmDificuldade
Tipo: LinearLocalização: AlentejoApreciação Geral: Dificuldade baixa
Évora e Montemor-o-Novo
Pelas planícies
50 Com Monsaraz na minha
memória, saí do Monte do La-
ranjal pelas 9 horas e o meu
destino era agora a monumental cidade
de Évora. Com os diversos furos que me
atormentaram na anterior jornada de-
cidi, fazer o trajeto de ligação a Évora
pelas estradas nacionais para passar em
Reguengos de Monsaraz e tentar com-
prar uma câmara de ar suplente. Percor-
ridos os cerca de 16 km que separam as
duas povoações, lá estava eu à porta da
loja/oficina de bicicletas para comprar a
dita câmara de ar mas, nada feito, o azar
parece que me perseguia e o estabeleci-
mento não tinha câmaras com a dimen-
são pretendida! Como o que não tem
remédio, remediado está voltei á estrada
rumo a Évora... O trajeto de 60 km não
A cidade de Évora e Montemor-o-Novo foram os nossos destinos na descoberta dos castelos de Portugal em bicicleta. Duas realidades diferentes mas ambas com uma beleza própria.
tem qualquer dificuldade e o pedalar pelas
bermas é seguro e, ao final da manhã já
tinha chegado ao meu destino.
Em Évora fiquei instalado no Parque de
Campismo da Orbitur que fica situado nos
limites da cidade e foi onde me dirigi para
me instalar e aliviar a carga da bicicleta an-
tes de iniciar a visita à cidade. No mês de
Outubro a taxa de ocupação do parque não
é elevada e os ocupantes são, maioritaria-
mente, estrangeiros. Cumpridas as formali-
dades de registo fui á procura do meu alo-
jamento, uma casa prefabricada com todos
os requintes desde quartos, a sala, cozinha,
casa de banho e alpendre para guardar a
bicicleta. Um luxo!
Com o duche já tomado fui à procura de
uma loja de bicicletas para ver se conseguia
resolver, definitivamente, o meu problema
com a câmara de ar. Nem de propósito, a
cerca de 500 m de distância do parque ti-
nha uma loja da Specialized onde solucio-
nei o meu problema.
Évora, Património MundialA volta por Évora, Património Mundial des-
de 1986, foi feita meia de bicicleta meia a
pé com a bicicleta ao lado.
Deambular pela cidade à procura de por-
menores arquitetónicos, recantos fora do
circuito turístico, monumentos carregados
de história e simbolismo, ruas estreitas e
por vezes labirínticas, montras pelo qual o
tempo não passou, descansar nos jardins
frondosos… Évora, apesar da pressão turís-
Texto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
51
tica, consegue oferecer ainda qualidade
e autenticidade ao visitante.
O tempo voa e há que regressar ao
parque de campismo para preparar uma
refeição com as compras feitas no super-
mercado (existem diversos estabeleci-
mentos relativamente perto do parque).
No final do dia passei pela sala de con-
vívio que possui Wi-Fi gratuito para ver
os meus emails e atualizar o Facebook
da revista. Numa troca de mensagens
com o Paulo Guerra dos Santos (Projeto
Ecovias) fiquei a saber que o comboio
regional de Coruche para Lisboa tinha
acabado! Coruche era a povoação onde
eu tomaria o comboio, no dia seguinte
para regressar a Lisboa, depois de visitar
Montemor-o-Novo. Consultas no mapa
e na internet e consigo arranjar uma
solução que passava por pedalar até ao
Montijo para apanhar o barco para Lis-
boa. Mais alguns quilómetros mas, não
tinha alternativa.
52
A volta
por Évora, Património
Mundial desde 1986, foi feita
meia de bicicleta meia a pé com a bicicleta ao
lado.
53
54
Rumo a Montemor-o-NovoPor volta das 9 horas deixo o parque
de campismo em direção a Montemor-
o-Novo. A quilometragem que tinha de
fazer nesse dia (cerca de 130 km) não
me deixava grande tempo e, por isso,
decidi manter-me pela EN 114.
Passados alguns quilómetros e depois de
S. Matias vi uma placa que me indicava
a existência de monumentos pré-históri-
cos nas proximidades. Decidi ir averiguar
e desviei-me do meu trajeto inicial mas,
como é costume em Portugal não há
qualquer informação adicional como,
por exemplo, a que distância estão os
monumentos, etc. Fui pedalando e pas-
sados cerca de 3 km encontrei, na povoa-
ção de Guadalupe, o Circuito Megalítico
dos 3 Cromeleques todo ele em terra
batida. Só fiz uma parte do circuito mas
terei de lá voltar pois, pela informação
que recolhi merece uma exploração mais
pormenorizada. De regresso à EN114 foi
pedalar até Montemor-o-Novo debaixo
de um calor pouco vulgar para a época
do ano.
A cidade de Montemor-o-Novo - sede
de concelho, povoação de origem muito
antiga, situava-se inicialmente na parte
interior da muralha do Castelo, expan-
dindo-se posteriormente pela encosta
virada a norte, onde atualmente se loca-
liza. A povoação possui uma organização
urbana muito característica do Alentejo
com casas de grande porte, ruas estrei-
tas, uma praça principal, jardins e um
castelo sempre presente.
A subida para o castelo vai-nos
mostrando o monumento de dife-
rentes ângulos. O castelo tem a
funcionar, no seu interior, diversos
serviços instalados no Convento da
Saudação e um pequeno museu. As
ruínas proporcionam cenários es-
tranhos e potenciam a nossa imagi-
nação.
BalançoNeste passeio de Bicicleta à Des-
coberta dos Castelos de Portugal tive-
mos duas realidades bem distintas,
por um lado Évora cada vez mais cos-
mopolita e onde se denota um cui-
dado apurado com o seu património
e por outro lado, Montemor-o-Novo,
um lugar típico alentejano com traços
senhoriais e com um Castelo onde as
ruínas convivem com edificações bem
conservadas.
É um passeio bem agradável de se fa-
zer e que é exequível todo o ano sen-
do que no Verão deverá ser penoso
devido às altas temperaturas que se
fazem sentir na região.
Ao nível do alojamento, o Parque de
Campismo da Orbitur em Évora é uma
excelente escolha devido à relação
preço/qualidade e à sua situação geo-
gráfica. Em Montemor-o-Novo temos
algumas pensões com a possibilidade
de acolher as bicicletas.
55
56
Sobre a Muralha de ÉvoraA muralha da cidade de Évora, com carac-
terísticas da baixa Idade Média, mantém-se
nas suas linhas essenciais, com troços bem
conservados e elementos arquitetónicos si-
gnificativos. Destacam-se a chamada Porta
de Avis (referida em 1353), a Porta de Men-
do Estevens (Porta do Moinho de Vento), a
Porta da Alagoa (defendida por uma torre),
a Porta de Alconchel (a principal da cidade,
protegida por dois grandes torreões). O troço
de muralha entre as Portas da Alagoa e do
Raimundo manteve-se íntegro durante as
épocas posteriores, não sendo alterado nas
campanhas de obras dos
séculos XVII e XVIII. A Porta
da Alagoa, entretanto, en-
contra-se atualmente muito
descaracterizada por reedi-
ficações sucessivas. A cha-
mada Porta do Raimundo,
demolida em 1880, foi re-
constituída como uma composição revivalista.
Segundo o IGESPAR, “…Ainda que se
desconheça o momento específico da 1ª Di-
nastia portuguesa em que se decidiu dotar
Évora de novas muralhas, tudo aponta para
o reinado de D. Afonso IV, monarca que re-
sidiu na cidade durante largos períodos e de
onde partiu para a Batalha do Salado.
O burgo, entretanto, havia crescido em im-
portância e em área urbana, não apenas
beneficiando do fim da Reconquista no
ocidente peninsular, mas também do am-
plo programa reordenador de D. Dinis. Uma
breve análise à planta de Évora revela
bem a dimensão dos novos bairros sur-
gidos em torno do primitivo centro de
origem romana e islâmica. Devido à am-
plitude desta iniciativa, as obras arras-
taram-se durante muito tempo, sendo
concluídas no reinado de D. Fernando,
razão por que alguns autores a referem
como cerca fernandina.
Esta estrutura baixo-medieval mantém-
se nas suas linhas essenciais, com troços
bastante bem conservados e peças de
arquitetura verdadeiramente significati-
vas na dinâmica urbanística da cidade.
As Portas de Avis (referidas em 1353), de
Alconchel, de Mendo
Estevens ou do Moinho
de Vento, apesar das
transformações poste-
riores, constituem pon-
tos fundamentais para
a compreensão desta
muralha medieval”.
Ainda segundo o IGESPAR, “…A re-
volução militar proporcionada pela desc-
oberta da pólvora obrigou à redefinição
das estruturas defensivas herdadas da
Idade Média. Das muitas cidades e vi-
las portuguesas que durante o século
XVI foram objeto de obras, a cidade de
Évora viu o seu espaço extramuros subs-
tancialmente transformado, adquirindo
uma fisionomia marcadamente militar,
de acordo com as novas exigências de-
rivadas do uso sistemático de armas de
fogo.
“A muralha da cidade de Évora,
com características da baixa Idade Média, mantém-
se nas suas linhas essenciais,...”dent
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58
Em 1518 D. Manuel I deu início à cons-
trução do Castelo Novo, segundo um pro-
jeto de Diogo de Arruda. Concluído sete
anos mais tarde, este castelo instituiu-se
como verdadeira cidadela militar, facto
que não impediu, no entanto, as sucessivas
transformações e atualizações ao longo dos
séculos XVI, XVII e XVIII.
Mas a verdadeira mutação da fisionomia
militar de Évora surgiu nos meados do
século XVII, altura em que D. João IV encar-
regou Carlos Lassart, engenheiro-mor do
reino, para examinar o estado da fortaleza.
Produto da Restauração, as dificuldades
económicas por que o reino passou nesses
anos, levou a que o início das obras demo-
rasse algum tempo. Assim, foi apenas na
década de 60 que se reuniram as condições
para empreender a obra, sendo o projeto,
ao que tudo indica, atribuível a Luís Serrão
Pimentel.
Como sistema defensivo moderno, o plano
desenvolveu-se com dois objetivos funda-
mentais: por um lado, reforçar a antiga cin-
ta medieval, com junção de alguns fossos
e baluartes menores; por outro, proceder a
uma defesa ativa da cidade, com uma rede
de fortes mais distantes mas suficiente-
mente perto uns dos outros e em contacto
com o burgo. Deste duplo objetivo resul-
tou a construção dos baluartes de Nossa
Senhora de Machede (o primeiro a ser con-
struído), dos Apóstolos ou o do Príncipe, e
os fortes de Santo António e dos Penedos”.
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Sobre o Castelo de Montemor-o-NovoO castelo é considerado, pelo IGESPAR, Monumento Nacional. Nas
notas Históricas-Artísticas refere o seguinte: “ A região de Montemor-
o-Novo, de remotíssima ocupação humana, chegou a integrar um cas-
tro romanizado, e possivelmente uma fortificação muçulmana. Com o
avanço da Reconquista cristã peninsular, a povoação foi conquistada
por D. Sancho I, no início do século XIII, estando então praticamente ar-
ruinada. Visando o seu repovoamento, essencial à defesa do território,
o mesmo monarca outorgou-lhe um primeiro foral logo em 1203, na
sequência do qual se terá começado a erguer de novo uma fortificação.
A alcáçova, hoje em ruínas, parece datar ainda desta época. Mas será
com D. Dinis que, à semelhança do sucedido em todo o Alentejo, se
efetuaram grandes obras no castelo, incluindo a construção da mu-
ralha da vila. No século XIV, no reinado de D. João I, Montemor-o-Novo
foi integrado no senhorio doado a D. Nuno Álvares Pereira.
As obras no castelo continuaram ao longo do tempo, sendo de realçar
a intervenção levada a cabo em finais do século XV, a cargo de Afonso
Mendes de Oliveira, mestre de pedraria, a quem D. Manuel encarregou
de vários trabalhos do género (incluindo o reforço do Castelo de Oli-
vença). O local foi palco das Cortes de 1496, estando este facto na
origem da tradição que sustenta ter sido neste castelo que o almirante
Vasco da Gama ultimou os planos para a histórica viagem à Índia (justa-
mente decidida nas Cortes). A vila, então a viver um período de grande
prosperidade, e já francamente expandida para lá do inicial abrigo da
cerca, estendendo-se pela encosta voltada a Norte, é agraciada com
Foral Novo, dado por D. Manuel em 1503. Desta época data o início da
construção do Convento da Saudação, junto às muralhas.
O castelo teve seguidamente um papel preponderante no combate à
ocupação castelhana e ao longo da Guerra da Restauração, quando
D. João IV determinou novo reforço da fortificação, de forma a poder
enfrentar as modernas táticas militares. Voltou a ser objeto de ataques
no início do século XIX, durante as invasões francesas, quando já se en-
contrava em estado de alguma degradação, acentuada pelo terramoto
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de 1755, que determinou vários trabalhos
de consolidação ainda durante o século
XVIII.
Presentemente, e após aceleração do es-
tado de ruína ao longo do século XX, o
castelo conserva essencialmente o lanço
principal da muralha dionisina, de planta
aproximadamente triangular, protegida
por onze torreões cilíndricos, com barbacãs
do século XIV. A alcáçova, ou Paço dos
Alcaides, já referida como construção de
inícios do século XIII, em ruínas, tem planta
retangular e é protegida por duas torres
redondas. O acesso faz-se pela muralha a
Norte, voltada para a vila, através da Porta
da Vila ou Porta Nova, anteriormente co-
nhecida por Porta de Santarém. Aí se lo-
caliza igualmente a Torre do Relógio e a
Casa da Guarda, onde se destaca o brasão
de armas de D. Manuel. Subsistem ainda
vestígios de habitações sobre os cubelos
da fortificação, bem como a cisterna, na
praça do castelo. Dentro do perímetro das
muralhas ficam ainda as Igrejas de São
João Baptista e de Santiago, e as ruínas
da Igreja de Santa Maria do Bispo, para
além do Convento de Nossa Senhora da
Saudação, incluídos na classificação do
castelo”.
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Informações úteis
Proteção à Floresta: 117
Alojamento
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