Post on 04-Jan-2017
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE NUTRIÇÃO EMÍLIA DE JESUS FERREIRO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
GRAZIELE VASCONCELOS FERREIRA
OFICINAS EDUCATIVAS PARA MERENDEIRAS DE ESCOLAS MUNICIPAIS DE
NITERÓI: APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS.
NITERÓI
2016
GRAZIELE VASCONCELOS FERREIRA
OFICINAS EDUCATIVAS PARA MERENDEIRAS DE ESCOLAS MUNICIPAIS DE
NITERÓI: APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição
da Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro
da Universidade Federal Fluminense, com o
requisito parcial à obtenção do título de Bacharel
em Nutrição.
Orientadora:
Profª Dra ROSEANE MOREIRA SAMPAIO BARBOSA
Co-orientadora:
Profa Dra DANIELE DA SILVA BASTOS SOARES
Niterói, RJ
2016
GRAZIELE VASCONCELOS FERREIRA
OFICINAS EDUCATIVAS PARA MERENDEIRAS DE ESCOLAS MUNICIPAIS DE
NITERÓI: APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS.
Trabalho de conclusão de curso da
Graduação em Nutrição da Faculdade de Nutrição
Emília de Jesus Ferreiro da Universidade Federal
Fluminense, com o requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Nutrição.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
Profª Drª Roseane Moreira Sampaio Barbosa
FACULDADE DE NUTRIÇÃO-UFF
_________________________________________________________
Profª Drª Daniele Mendonça Ferreira
FACULDADE DE NUTRIÇÃO-UFF
__________________________________________________________
Niterói, RJ
2016
Dedico este trabalho a Deus por sua maravilhosa graça e
à minha família por estar sempre ao meu lado e apoiar
a minha escolha.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar comigo em todo tempo e por me permitir viver um
sonho e alcançar meu objetivo.
Aos meus pais, por serem a minha torre forte e por toda dedicação destinada
à minha formação. A graduação é minha e a realização de um sonho é nossa.
Ao meu irmão, que mesmo tão jovem soube me ajudar nos momentos difíceis
e me consolou com um abraço.
Ao meu noivo, João Vitor, por sempre estar ao meu lado e pela paciência
durante os últimos cinco anos. Todas as palavras de incentivo me fizeram melhorar.
Obrigada por cada abraço e carinho nos momentos difíceis.
Não posso me esquecer dos meus amigos e colegas de faculdade. Cada um
na sua essência, cultura, religião e personalidade fizeram com que eu me tornasse a
pessoa que sou hoje.
Agradeço a cada professor que se fez presente durante a graduação. Em
especial, a professora Roseane pela dedicação, paciência e carinho dedicada à este
trabalho.
Ao GEPASE por me proporcionar a experiência de elaborar um trabalho tão
especial.
Ás merendeiras do município de Niterói que aceitaram o convite de participar
deste trabalho.
Aos amigos e irmãos em Cristo que torceram e oraram por mim.
Enfim, quero agradecer a todos os Nutricionistas que participaram da minha
caminhada. Profissionais dos estágios, monitoria e projeto de extensão.
Obrigada!
RESUMO
O Programa Nacional de Alimentação escolar (PNAE) é o mais antigo programa em vigência no país e tem por objetivos: contribuir no crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, na aprendizagem, no rendimento escolar e na formação de hábitos saudáveis e atua como política promotora da Segurança Alimentar e Nutricional. A merendeira é o profissional responsável pela produção de refeição dentro das Unidades de Alimentação e Nutrição Escolar e exerce um papel fundamental para atingir os objetivos do PNAE. A responsabilidade das merendeiras dentro das UANE tem apontado a necessidade de capacitações contínuas e permanentes, sendo importante para promover mudanças comportamentais no processo de trabalho dessas profissionais e garantir adequação nas condições higiênico-sanitárias. A metodologia ativa tem sido empregada em capacitações e trabalham a problematização como estratégias de ensino - aprendizagem, objetivando examinar e refletir suas práticas por meio dos problemas. Este trabalho teve o objetivo de elaborar oficinas educativas com aplicação de metodologias ativas para merendeiras no município de Niterói. O desenvolvimento das oficinas foi dividido em blocos utilizando metodologias ativas: rodas de conversa, dramatização, atividades práticas oficina de técnica e dietética. A análise das falas compreendeu-se pelo tratamento dos dados através da análise de conteúdos, posterior a uma pré-análise. Para obter uma avaliação das oficinas pelas merendeiras foi construído um instrumento de avaliação da oficina para aperfeiçoamento, obtenção de melhores resultados de organização, metodologia e conteúdo, além de um questionário semi-estruturado. As oficinas aconteceram em dois dias diferentes, no primeiro dia estiveram presentes 5 merendeiras e no segundo 4 merendeiras de escolas pertencentes ao pólo 2 e 4 do município de Niterói. As oficinas aconteceram no Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Nutrição Emília de Jesus Ferreiro com carga horária de três horas. A execução das oficinas foi dividida em 4 partes: dramatização, oficina ‘’mãos limpas’’, higienização e de hortaliças e frutas e oficina culinária. Ao analisar as falas ditas durante o momento de discussão das oficinas realizadas, pode-se conhecer diversas dificuldades vividas pelas profissionais que atuam em escolas diferentes e que um problema está estreitamente ligado ao outro. Durante o desenvolvimento das oficinas pode-se perceber a importância do uso das metodologias ativas, devido ao ambiente facilitador para discussão sobre as dificuldades vivenciadas pelas merendeiras. Na avaliação das oficinas, a maioria classificou os conteúdos utilizados como muito bom e gostaram das atividades. A partir deste estudo foi possível concluir que a aplicação de metodologias ativas em capacitações para merendeiras foi eficaz para reconhecer as dificuldades vividas por essas profissionais e por promover um ambiente aberto para a troca de experiências e conhecimento. Por meio da avaliação das atividades feita pelas merendeiras, percebeu-se que o uso das metodologias ativas foi bem aceito, demonstrando a necessidade de se replicar oficinas que tenham essa característica.
Palavras chave: Alimentação escolar, merendeira, capacitação em serviço.
ABSTRACT
The National Program of School Feeding (PNAE) is the oldest program in force in the country and aims to: contribute to the growth and biopsychosocial development, learning, school performance and the formation of healthy habits and acts as promoter policy Food Safety and Nutrition. The cooks is the professional responsible for the production of meal within the School Feeding and Nutrition Unit and plays a key role in achieving the objectives of the PNAE. The responsibility of the cooks in the UANE has indicated the need for continuous and ongoing training, it is important to promote behavioral changes in the work process of these professionals and ensure adequacy in sanitary conditions. The active methodology has been used in training and work the questioning as a teaching - learning strategies, aiming to examine and reflect their practices through problems. This work aimed to develop education with the application of active methodologies for cooks in Niterói. The development of the workshops was divided into blocks using active methods: conversation circles, drama, activities practices technical workshop and dietetics. The analysis of the speeches realized by the processing of data through content analysis, subsequent to a pre-analysis. For an evaluation of the workshops by cooks it was built a tool for assessing workshop for improvement, achieving better results of organization, methodology and content, as well as a questionnaire with open and closed questions. The workshops took place on two different days, the first day was attended by 5 cooks and second 4 cooks schools belonging to the pole 2 and 4 the city of Niterói. The workshops took place in Dietetics Technical Laboratory of the School of Nutrition Emilia Jesus Ferreiro with a schedule of three hours. The execution of the workshops was divided into 4 parts: drama, workshop “clean hands” hygiene and fruits and vegetables and cooking workshop. By analyzing the spoken words during the time of discussion of the workshops, we can meet various difficulties experienced by professionals working in different schools and that a problem is closely linked to each other. During the development of the workshops can realize the importance of using active methods, due to the enabling environment for discussion of the difficulties experienced by cooks. In the evaluation of the workshops, most classified the contents used as very good and enjoyed the activities. Based on this study it was concluded that the application of active methodologies in training for cooks was effective to recognize the difficulties experienced by these professionals and promote an open environment for the exchange of experiences and knowledge. Through the evaluation of the activities done by the cooks, it was noticed that the use of active methodologies was well accepted, demonstrating the need to replicate workshops that have this feature.
Keywords: School food, cooks, inservice training.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO p.10
2- REFERENCIAL TEÓRICO p. 12
2.1- PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) p.12
2.2- SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E O PNAE p.13
2.3- UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ESCOLAR (UANE) p. 14
2.4- METODOLOGIAS ATIVAS p. 15
3- OBJETIVOS p.17
3.1- OBJETIVOS ESPECÍFICOS p.17
4- METODOLOGIA p.17
4.1- ELABORAÇÃO DAS OFICINAS EDUCATIVAS PARA MERENDEIRAS p.17
4.2- ELABORAÇÃO DE MATERIAL EDUCATIVO p. 17
4.3- ANÁLISE DAS FALAS DAS MERENDEIRAS p. 18
4.4- AVALIAÇÃO DAS OFICINAS COM AS MERENDEIRAS p.18
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES p.18
6- CONCLUSÃO p. 28
7- REFERÊNCIAS p. 29
8- APÊNDICES p.35
8.1- OFICINAS ELABORADAS E APLICADAS p. 35
8.2- AVALIAÇÃO p.41
8.3- CARTILHA p.42
LISTA DE SIGLAS
PNAE- Programa Nacional de Alimentação Escolar
SAN- Segurança Alimentar e Nutricional
UANE- Unidade de Alimentação e Nutrição Escolar
PAE- Programa de Alimentação Escolar
FNDE- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
CAE- Conselho de Alimentação Escolar
CONSEA- Conselho Nacional de Segurança Alimentar
LOSAN- Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
PNSAN- Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
10
1- INTRODUÇÃO
O Programa Nacional de Alimentação escolar (PNAE) é o mais antigo
programa em vigência no país e tem por objetivos: contribuir no crescimento e
desenvolvimento biopsicossocial, na aprendizagem, no rendimento escolar e na
formação de hábitos saudáveis (BRASIL, 2015). O PNAE atua como política
promotora da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), pois por meio deste tem-se
a oportunidade de garantir aos escolares, independente da sua origem, o acesso a
uma alimentação adequada de forma permanente (BRASIL, 2009b).
A merendeira é o profissional responsável pela produção de refeição dentro
das Unidades de Alimentação e Nutrição Escolar e exerce um papel fundamental
para atingir os objetivos do PNAE (MORAIS, 2013). Está envolvida em todas as
etapas do processo produtivo de refeições, iniciando pelo recebimento de
mercadorias, passando por todas as etapas necessárias ao preparo até a
distribuição da refeição aos escolares (MIRON et al., 2009). A responsabilidade das
merendeiras dentro das UANE tem apontado a necessidade de capacitações
contínuas e permanentes, sendo importante para promover mudanças
comportamentais no processo de trabalho dessas profissionais (COSTA et al.,
2002).
Apesar da capacitação para merendeiras ser preconizada pela legislação
brasileira e por dispositivos normativos do PNAE, a falta de capacitações para essas
profissionais tem sido associada às inadequações referentes à falta de higiene
pessoal, ao pré-preparo dos alimentos e armazenamento de gêneros alimentícios
em UANE estudadas.
As capacitações destinadas às merendeiras têm como base a pedagogia
tradicional. Essa corrente pedagógica repercute na passividade do ouvinte e falta de
atitude crítica, distância da teoria da prática e falta de ‘’problematização’’da realidade
Bordenave (1999). Alguns trabalhos desenvolvidos têm demonstrado a diferença
obtida nas capacitações, nas quais a prática pedagógica se inverte, sendo utilizadas
estratégias da pedagogia problematizadora. Oriunda da pedagogia crítica, na
pedagogia problematizadora, a educação é mediada pela realidade em que o
educando e o educador se encontra, tornando possível a aprendizagem a ponto de
11
transformar a realidade, estabelecendo diálogo.
A metodologia ativa tem sido empregada em capacitações e trabalham a
problematização como estratégias de ensino - aprendizagem, objetivando examinar
e refletir suas práticas por meio dos problemas (MITRE et al., 2008). Rodas de
conversas, peças teatrais, palestras interativas e aulas práticas têm sido inseridas
nas capacitações com o objetivo de associar a teoria e a prática, diferentemente das
capacitações tradicionais (SHIMITZ et al., 2008; LEITE et al., 2011).
Avaliando a necessidade de promover mudanças comportamentais para a
adequação das condições higiênico-sanitárias por meio de capacitações para
merendeiras com a utilização de metodologia ativa, este trabalho teve por objetivo
elaborar oficinas educativas para merendeiras de escolas públicas do município de
Niterói, com posterior avaliação das falas através de análise de conteúdo e
avaliação das oficinas pelas merendeiras.
12
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1- PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o mais antigo
programa brasileiro destinado à alimentação escolar e a Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN) no país (BRASIL, 2015).
O PNAE teve origem em 1944 com objetivo principal de reduzir a deficiência
nutricional de estudantes carentes do país. Atualmente, o programa tem por
objetivos: contribuir no crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, na
aprendizagem, no rendimento escolar e na formação de hábitos saudáveis.
(BRASIL, 2015). Gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar
(FNDE), tem caráter universalista por atender aos alunos matriculados nas escolas
de educação básica das escolas públicas, federais, filantrópicas, comunitária e
confessionais do país (BRASIL, 2015; SANTOS, 2007).
Em 1994, com a publicação da Lei 8.913 de 12 de julho, houve a
descentralização do programa com o estabelecimento de convênios com estados e
municípios para o repasse de recursos financeiros, criação do Conselho de
Alimentação Escolar (CAE) em cada estado e município do país e definição do
nutricionista como o profissional habilitado para a elaboração do cardápio do PAE
(Programa de Alimentação Escolar) (BRASIL, 1994).
O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) é um órgão colegiado de caráter
fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento, criado para
acompanhar a execução do PNAE, agindo como um controlador social. O CAE
deve ser composto por sete membros titulares com nomeação de respectivos
suplentes. Dentre as competências citadas na lei 11.947 de 16 de junho de 2009, o
CAE deve zelar pela qualidade dos alimentos, em especial quanto às condições
higiênicas, bem como a aceitabilidade dos cardápios oferecidos (BRASIL, 2009b;
BRASIL, 2015).
A atuação do profissional nutricionista no PNAE deu-se desde o início da
institucionalização da política de alimentação escolar no Brasil. Durante as quatro
décadas de execução do programa, o nutricionista foi apontado como o profissional
responsável pela confecção dos cardápios do PAE, no entanto a inserção do
13
nutricionista com base em dispositivos legais só ocorreu nos primeiro anos da
década de 90 (CHAVES et al., 2013).
Em 2006, a publicação da Resolução nº 32 pelo FNDE estabeleceu as
normas para a execução do PNAE e definiu a responsabilidade técnica do programa
ao nutricionista (BRASIL, 2006a). Em 2010, a resolução nº 465 destinada a orientar
a atuação do nutricionista dentro do programa foi publicada pelo Conselho Federal
de Nutricionistas (CFN) dispondo das atribuições e estabelecendo o parâmetro
numérico mínimo de referência para o PNAE. A resolução define no Art. 3º as
atividades obrigatórias do nutricionista, dentre elas está a função de orientar e
supervisionar as atividades relativas à higienização de ambientes e armazenamento
de alimentos (BRASIL, 2010).
2.2 - SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E O PNAE
A construção da SAN tem sido desenvolvida há mais de duas décadas. O
avanço do país nas ações de alimentação e nutrição ocorreu com a instituição do
salário mínimo, programas de abastecimento, alimentação escolar, dentre outras. A
proposta de um sistema e de uma política Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional teve origem em dois eventos realizados na década de 80. Esses dois
eventos tinham a proposta de criar o Conselho Nacional de Segurança Alimentar
(CONSEA) contemplando as ações da dimensão da SAN (BRASIL, 2009a).
Apesar da proposta de uma política Nacional de Segurança alimentar ter
iniciado na década de 80, a instituição da política se deu ano de 2006 com a
publicação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN)
determinando a criação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SISAN), com vista a assegurar o direito a alimentação adequada, e a formulação de
uma política nacional intersetorial: a Política Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (PNSAN) (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2006c).
De acordo com a LOSAN, a abrangência da SAN deve incluir a promoção da
saúde, alimentação e nutrição em todos os grupos populacionais em vulnerabilidade
social no país e a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica
dos alimentos. (BRASIL, 2006c)
No processo evolutivo do PNAE, o programa passou a ter destaque como
política promotora da SAN por meio da implementação do Fome Zero, em 2003
(CHAVES et al., 2013). Por meio do PNAE tem-se a oportunidade de garantir aos
14
escolares, independente da sua origem, o acesso a uma alimentação adequada de
forma permanente (BRASIL, 2009b).
A primeira diretriz definida pela PNSAN se caracteriza pela promoção
universal à alimentação adequada e tem alimentação escolar como um dos
programas e ações principais de responsabilidade do governo federal. Da mesma
forma o PNAE define como diretriz o direito à alimentação escolar, objetivando a
garantia da SAN dos alunos (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2015). Desta forma, O PNAE
atua como política promotora da SAN, considerando o atendimento das diretrizes
definidas pela LOSAN.
2.3- UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ESCOLAR (UANE)
A alimentação coletiva é representada pelas atividades de alimentação e
nutrição e podem ser classificadas como: institucionais - situadas dentro de
empresas, escolas e outras instituições e tem como principal característica a
clientela fixa, e comerciais – representadas por restaurantes abertos ao público
(ABREU E SPINELLI, 2013).
As Unidades de Alimentação e Nutrição Escolares (UANE) são classificadas
como institucionais e tem por objetivo ofertar uma alimentação adequada nos
aspectos nutricionais e higiênicos sanitários. As UANE estão situadas dentro das
escolas e são de grande importância devido à clientela que atendem (VILA et al.,
2014).
A merendeira é o profissional responsável pela produção de refeição dentro
das UANE e, está envolvida em todas as etapas do processo produtivo de refeições,
iniciando pelo recebimento de mercadorias, passando por todas as etapas
necessárias ao preparo até a distribuição da refeição aos escolares (MORAIS,
2013). Apesar de haver uma desvalorização da profissão devido a pouca
qualificação e o baixo nível de escolaridade, as merendeiras exercem papel
fundamental para a execução das ações desenvolvidas pelo PNAE e, tem sob a sua
responsabilidade compreender todo o processo da produção de refeição e o caráter
social do programa (CARVALHO et al., 2008; MIRON et al., 2009).
A responsabilidade das merendeiras dentro das UANE tem apontado a
necessidade de capacitações contínuas e permanentes, sendo importante para
promover mudanças comportamentais no trabalho dessas profissionais. A
compreensão da vivência das merendeiras é importante para aproximar a
15
abordagem das capacitações com as práticas do seu processo de trabalho (COSTA
et al., 2002).
2.4- METODOLOGIAS ATIVAS
A legislação RDC nº 216/2004 preconiza a capacitação dos responsáveis pela
manipulação dos alimentos e define que a mesma deve abordar os contaminantes
alimentares, as doenças transmitidas por alimentos, manipulação higiênica dos
alimentos e boas práticas de fabricação (BRASIL, 2004). A capacitação é um dos
meios mais eficazes e econômicos para corrigir as inadequações existentes na
manipulação de alimentos (COLOMBO, 2009).
A capacitação de profissionais envolvidos com a alimentação escolar está
prevista nos dispositivos normativos do PNAE, com o objetivo de produzir e oferecer
alimentos saudáveis (BRASIL, 2009b; BRASIL, 2006b).
Alguns estudos que analisaram as condições higiênico-sanitárias em UANE
no Brasil enfatizam a importância de maior investimento em capacitação para
manipuladores de alimentos, e que esta é a melhor alternativa para promover
mudanças comportamentais dos manipuladores e garantir adequação nas condições
higiênico-sanitárias (LOPES et al., 2015; OLIVEIRA, M. et al., 2008).
As capacitações destinadas às merendeiras têm como base a pedagogia
tradicional. Esta se baseia na exposição teórica, onde um locutor torna-se
responsável por transmitir todo o ensino pré-determinado, sendo este visto como
único condutor do processo educativo (PEREIRA, 2003). Essa corrente pedagógica
repercute na passividade do ouvinte e falta de atitude crítica, distância da teoria da
prática e falta de ‘’problematização’’da realidade (BORDENAVE,1999). Alguns
trabalhos desenvolvidos têm demonstrado a diferença obtida nas capacitações, nas
quais a prática pedagógica se inverte, sendo utilizadas estratégias da pedagogia
problematizadora (LEITE et al.,2011;SHIMITZ et al.,2008). Essa vertente surgiu da
pedagogia crítica, que surgiu nas décadas de 70 e 80. Na pedagogia
problematizadora, a educação é mediada pela realidade em que o educando e o
educador se encontra, tornando possível a aprendizagem a ponto de transformar a
realidade, estabelecendo diálogo. Segundo Freire (2001), o diálogo é a ponte para a
verdadeira comunicação, onde os interlocutores estão em mesmo nível de atividade
e igualdade.
As metodologias ativas trabalham a problematização como estratégias de
16
ensino - aprendizagem, objetivando examinar e refletir suas práticas por meio dos
problemas. Nas capacitações que não utilizam as metodologias ativas,
normalmente, tem-se a dissociação da teoria da prática, o que promove apenas a
reprodução do conhecimento teórico adquirido e a desvalorização de novas formas
de execução e das críticas construtivas que essas podem gerar. A utilização de
metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem facilita a abordagem do
assunto e, posteriormente, a execução na prática (MITRE et al., 2008).
Shimitz et al. (2008) ao realizarem uma capacitação para educadores e donos
de cantina escolar, proporam uma metodologia seguindo uma abordagem que
estimulava os participantes a terem a iniciativa para questionar, descobrir e
compreender os assuntos abordados durante o curso e aplicaram um instrumento
para avaliar a metodologia empregada. Os autores utilizaram palestras interativas,
discussões, atividades dinâmicas, jogos, apresentações, aulas práticas
demonstrativas, aulas práticas na produção de preparações e peças teatrais ludo-
pedagógicas para trabalhar temas da promoção da alimentação saudável e higiene
pessoal, alimentar e ambiental.
Leite et al. (2011) desenvolveram um curso de formação para merendeiras de
escolas estaduais da Bahia com a mesma proposta metodológica. O curso foi
estruturado em três partes: sondagem, desenvolvimento do curso e avaliação da
metodologia empregada. Durante a aplicação do curso, os autores utilizaram
teatros, exposição dialogada, oficinas, dinâmicas de grupo e atividades divididas em
grupo. Os resultados deste trabalho mostraram a satisfação com o curso e da
metodologia empregada utilizada, concluindo que é possível orientar a construção
de um novo modelo de formação.
17
3- OBJETIVOS
3.1- OBJETIVO GERAL
Elaborar oficinas educativas para merendeiras de escolas públicas do
município de Niterói.
3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Elaborar e aplicar oficinas educativas
Elaborar material educativo.
Avaliar os conhecimentos sobre as práticas de manipulação de alimentos por
meio da análise das falas das merendeiras.
Identificar as dificuldades laborais do cotidiano das merendeiras.
Avaliar as oficinas educativas com as merendeiras.
4- METODOLOGIA
4.1- ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE OFICINAS EDUCATIVAS PARA AS
MERENDEIRAS
Com base nos resultados obtidos na aplicação da lista de verificação de
Boas Práticas para Manipulação de Alimentos nas UANE em um município do Rio
de Janeiro, observou-se algumas inadequações que subsidiaram a elaboração das
oficinas (CAVALCANTI,2014). As principais inconformidades foram àquelas
relacionadas com o trabalho realizado pelas merendeiras como lavagem incorreta
das mãos, uso inadequado do uniforme e o armazenamento inadequado dos
alimentos refrigerados. O desenvolvimento das oficinas foi dividido em blocos
utilizando metodologias ativas: dramatização, rodas de conversas e atividades
práticas. (Apêndice 1)
4.2- ELABORAÇÃO DE MATERIAL EDUCATIVO
Com objetivo de oferecer um material informativo para as merendeiras, foi
construída uma cartilha com linguagem simples para facilitar o entendimento
contendo algumas informações para auxiliar na execução correta de algumas
funções desempenhadas pelas merendeiras. Foram incluídas informações sobre a
correta lavagem de mãos, o passo a passo para fazer a diluição com a concentração
18
correta para desinfecção das hortaliças e frutas e as instruções sobre
armazenamento de alimentos perecíveis e estocáveis, de acordo com a legislação
RDC nº 216 de 15 de setembro (BRASIL, 2004). (Apêndice 3)
4.3- ANÁLISE DAS FALAS DAS MERENDEIRAS
No decorrer das oficinas com as merendeiras foram realizadas rodas de
conversa para que as mesmas se sentissem à vontade para discursar sobre as
problemáticas enfrentadas no seu cotidiano profissional mediante as diversas
situações apresentadas nas quatro oficinas. De acordo com Minayo (2008) a fala
dos sujeitos da pesquisa revela condições estruturais, sistemas de valores, normas
e símbolos.
A análise das falas compreendeu-se pelo tratamento dos dados através da
análise de conteúdos, posterior a uma pré-análise, assim como definido por Minayo
(2008). As oficinas foram gravadas e as falas das merendeiras transcritas e
organizadas em categorias, procurando-se identificar as principais problemáticas
vivenciadas por essas profissionais ao que se refere à execução das atividades
desenvolvidas dentro das UANE.
4.4- AVALIAÇÃO DAS OFICINAS COM AS MERENDEIRAS
Para avaliar a oficina com as merendeiras foi elaborado um instrumento de
avaliação para aperfeiçoamento, obtenção de melhores resultados de organização,
metodologia e conteúdo, baseado no instrumento de avaliação utilizado por Leite et
al. (2011). No instrumento continha uma avaliação da dimensão conceitual e do
material didático utilizado nas oficinas, onde era possível classificá-los em muito bom
a ruim. Também, havia perguntas abertas e fechadas, e sugestões. (Apêndice 2)
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES
As oficinas foram reproduzidas em dois dias diferentes: uma no dia dezessete
de março e a outra no dia oito de julho, ambas no ano de 2015. No primeiro dia,
participaram 5 merendeiras de escolas integrantes do pólo 4, e no segundo dia, 4
merendeiras de escolas pertencentes ao pólo 2 e 4 do município de Niterói. As
oficinas aconteceram no Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Nutrição
19
Emília de Jesus Ferreiro com carga horária de três horas. Primeiramente foi
realizada uma breve apresentação dos participantes presentes: professores e alunos
integrantes do Grupo de Extensão e Pesquisa em Alimentação e Saúde Escolar
(GEPASE) e as merendeiras. No segundo momento, as merendeiras foram
convidadas a assistir uma apresentação teatral que foi composta por situações
cotidianas das UANE. A apresentação foi encenada por alunos bolsistas do
GEPASE e abordou os seguintes temas: uso correto do uniforme, lavagem correta
das mãos, conversa durante a manipulação dos alimentos, armazenamento de
produtos refrigerados, validade de produtos enlatados, sobras, contaminação
cruzada, descongelamento correto dos alimentos, recebimento e armazenamento de
mercadorias.
As encenações eram pausadas para que fosse possível a análise dos erros
presentes na cena e discussão destes junto às merendeiras.
Durante o desenvolvimento da dramatização (oficina 1) foi possível perceber
que as merendeiras têm a compreensão dos erros cometidos que acontecem no
decorrer das etapas do processo produtivo, pois identificaram todos os erros
encenados. No primeiro bloco da dramatização as participantes identificaram os
seguintes erros: a falta de higienização das mãos, a presença de adornos (brinco,
anel e relógio), o uniforme inadequado, unhas compridas e pintadas, a entrada na
cozinha sem uniforme, touca mal colocada. No segundo bloco, os erros citados
foram o uso de produtos vencidos, o armazenamento de sobras, o descongelamento
da carne e o armazenamento de produtos prontos com aqueles que estão em fase
de pré-preparo. E, no terceiro bloco, as participantes identificaram a inadequação no
armazenamento da carne após o recebimento .
Nos momentos das pausas para a discussão dos erros identificados na
encenação pode-se perceber a importância do uso das metodologias ativas. As
merendeiras se sentiram a vontade para falar sobre as dificuldades vivenciadas e
explicar o porquê da presença de tantas inadequações nas UANE.
Ao analisar as falas durante o momento de discussão das oficinas realizadas,
pode-se conhecer diversas dificuldades vivenciadas pelas merendeiras que atuam
em escolas diferentes e que um problema está estreitamente ligado ao outro.
(Quadro 1)
Uma fragilidade relatada pelas merendeiras foi a falta de equipamentos e/ou a
má conservação dos mesmos. Oliveira, M. et al. (2008) ao analisar as condições
20
higiênico-sanitárias das cozinhas de creches pública e filantrópicas da cidade de
São Paulo encontraram equipamentos em mau estado de conservação em 40% das
UANE integrantes do estudo.
As merendeiras relataram dificuldade para organizar as geladeiras e freezers,
pois estes se encontram em número reduzido ou em situação precária e não
atendem a demanda da UANE, consequentemente, revelaram ter dificuldades para
executar o descongelamento de carnes segundo o preconizado pela legislação
vigente devido à falta de refrigeradores.
Alguns estudos realizados no país mostraram que o descongelamento em
temperatura ambiente é uma prática executada nas UANE. Em Salvador (BA),
68,9% nas escolas estudadas realizavam o descongelamento em temperatura maior
que 5ºC. Um estudo em Itaqui (RS) encontrou as mesmas condições: 36% das
escolas não atendiam ao preconizado pela legislação (VILA et al., 2014; CARDOSO
et al., 2010)
Ferreira et al. (2013), em estudo realizado nas escolas públicas de Maceió
(AL), também encontraram 42,5% de inadequação para o pré-preparo dos
alimentos. Em boa parte das escolas avaliadas, os alimentos eram descongelados
fora da temperatura correta. De acordo com legislação 216/04, o descongelamento
deve ser realizado sobre refrigeração, com temperatura menor que 5ºC ou em forno
microondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção (BRASIL,
2004).
A utilização do uniforme completo foi outra questão citada como dificuldade.
Há uma cobrança frente ao uso adequado do uniforme, mas o Município não
encaminha os uniformes em quantidade suficiente às escolas. Houve relatos
referentes à qualidade ruim do uniforme e por isso eles não possuem durabilidade.
Alguns estudos que avaliaram as boas práticas em UANE revelaram que a
falta de utilização do uniforme ou o uso de uniformes mal conservados é uma
inadequação presente, assim como a presença de adornos, fazendo com que os
manipuladores se encontrem fora do recomendado pela RDC 216/04 (LOPES et al.,
2015; OLIVEIRA, A. et al., 2012). São José et al., (2008) encontraram 71,4% de
inadequação para os manipuladores de uma UANE em Florestal, Minas Gerais,
destacando o uso de uniforme incompleto. Em estudo conduzido em Maceió, (AL)
30% dos manipuladores das escolas não utilizavam touca de proteção para o cabelo
(Ferreira et al.,2013).
21
Após a dramatização, as merendeiras participaram das oficinas ‘’Mãos
limpas’’ (oficina 2). Em uma roda de conversa, as merendeiras foram questionadas
quanto às dificuldades enfrentadas em relação à correta lavagem de mãos. Quando
questionadas sobre as exigências necessárias para higienização das mãos, algumas
merendeiras relataram não ter um local específico para higienizar as mãos e não ter
o sabonete específico na escola em que trabalham. Outras já relataram que
estabeleceram um local determinado com sabonete e papel toalha e que criaram o
hábito de lavar as mãos durante as etapas do processo produtivo. As merendeiras
abordaram o fato de não ter conhecimento sobre o sabonete bactericida
disponibilizado pelo Município.
Após a conversa, foi utilizado o produto Handwashing®, que aparentemente
não aparece na pele. O produto passado nas mãos é visível na luz fluorescente,
sendo assim foi possível simular uma contaminação por bactérias.
A oficina de ‘’Mãos limpas’’ trouxe um relato importante porque algumas
merendeiras tinham o entendimento que a lavagem de mãos apenas com água era o
suficiente, sendo assim foi feito o esclarecimento que nas trocas das atividades
dentro das UANE é necessário a lavagem das mãos com sabonete bactericida.
Alguns estudos que avaliaram as instalações e equipamentos apontaram a
ausência de local específico para a lavagem de mãos, sabão líquido inodoro,
produto antisséptico e papel toalha não reciclado (VILA et al., 2014; LEITE et al.,
2011; OLIVEIRA, M. et al., 2008).
Colombo (2009), ao avaliar o conhecimento de merendeiras em Santa fé, PR,
sobre higiene e boas práticas de fabricação na produção de alimentos, apontou que
94% das merendeiras entrevistadas relataram lavar as mãos corretamente, mas não
souberam relatar o procedimento executado no dia-a-dia. Ferreira et al.(2013),
observaram que nenhum dos manipuladores das escolas lavavam as mãos
adequadamente. Geralmente, não higienizavam as mãos habitualmente ou as
lavava usando apenas água ou água e sabonetes inadequados, tais como
detergentes e sabonetes perfumados, embora esses produtos não sejam permitidos
em áreas de manipulação de alimentos.
Em seguida, as merendeiras foram divididas em grupos e alocadas nas
bancadas do laboratório de técnica e dietética. Foram ofertadas algumas hortaliças e
frutas, bacias com capacidade de 3 litros, água sanitária concentração 2,0 - 2,5%,
água corrente e filtrada para que as participantes fizessem a higienização dos
22
alimentos distribuídos. Ao término da atividade, discutiu-se a higienização de
hortaliças e frutas. As merendeiras foram questionadas, a fim de se ter
conhecimento sobre as dificuldades para que a higienização das frutas e hortaliças
ofertadas na UANE seja adequada e eficiente.
Nesta oficina identificou-se a dificuldade das merendeiras em relação às
hortaliças que deveriam passar pelo processo de desinfecção, o uso adequado do
produto para desinfecção das hortaliças e frutas, bem como o tempo que esses
alimentos devem permanecer de molho na solução sanitizante.
Estudo conduzido nas escolas públicas do ensino fundamental em Salvador,
Bahia no ano de 2005, os manipuladores revelaram higienizar os vegetais crus, mas
as técnicas relatadas eram distintas. Quanto ao uso de agentes sanificante ou
sanitizante, observou-se que a diluição e o tempo de contato do alimento com a
solução estavam não conformes (CARDOSO et al., 2010).
Outro estudo realizado na região Centro-Oeste do Brasil, 37,2% das UANE
avaliadas, as frutas e hortaliças não eram submetidas ao processo de correto de
higienização. Os manipuladores utilizavam apenas água, água e sabão e/ou vinagre.
(ALMEIDA et al., 2014). A higienização de frutas e hortaliças adequadas reduz a
quantidade de microorganismos patogênicos para um valor equivalente com a
imunidade do organismo (SILVA, 2005).
A última oficina teve por objetivo discutir a importância do uso da ficha técnica
em alimentação para coletividades para padronização das preparações oferecidas.
De acordo com a definição da resolução nº380/2005, ficha técnica de preparação:
É um formulário de especificações de preparações dietéticas
destinado aos registros dos componentes de preparação e suas
quantidades per capita, das técnicas culinárias e dietéticas
empregadas, do custo direto e indireto, do cálculo de nutrientes e de
outras informações, a critério do serviço ou da unidade de
alimentação e nutrição (BRASIL, 2005).
Foram ofertadas duas amostras de três hortaliças: chuchu, abóbora e couve-
mineira para degustação. Todas as hortaliças foram coccionadas de modo a ter uma
23
característica sensorial diferente entre as duas amostras: abóbora cozida e abóbora
cozida por mais tempo; chuchu com quantidade adequada de sal e chuchu com
muito sal e couve-mineira com quantidade adequada de óleo e couve mineira com
muito óleo. As merendeiras apresentaram facilidade em identificar as diferenças
existentes nas amostras, principalmente, de couve mineira e abóbora. Justifica-se a
facilidade porque a análise sensorial destas amostras poderia ser feita visualmente.
No caso das amostras do chuchu, as merendeiras reconheceram a preparação que
tinha mais sal.
Na discussão em relação à padronização das preparações, as merendeiras
citaram a importância da ficha técnica de preparação, mas apontaram a dificuldade
do uso da mesma dentro da rotina das UANE. Algumas merendeiras revelaram que
as crianças percebem a diferença no sabor da refeição com as mudanças dos
turnos: ‘’ É muito bacana sim. Mas é muito difícil. Cada um tem um jeito de cozinhar.
Aí quando a gente, às vezes, quer estabelecer algumas coisas, acha que é metida’’,
‘’Essa diferença há. As crianças percebem quando uma cozinhou e quando a outra
cozinhou.’’
Uma questão importante apresentada na fala de algumas merendeiras foi a
falta de comunicação com a comunidade escolar (Quadro 1). As merendeiras
revelaram que não há uma boa relação com a direção ou com a secretaria das
escolas e isso dificulta a troca de informações sobre cursos e sobre atividades que
acontecem no espaço escolar.
Em um trabalho realizado com merendeiras de escolas estaduais de
Chapecó, SC, um pequeno número de participantes respondeu ter problemas
quanto à relação com outros profissionais da escola e salienta que a baixa
escolaridade é um dos motivos para a dificuldade de comunicação com a equipe
(TEO et al., 2010).
A proposta metodológica utilizada na aplicação das oficinas trouxe boas
reflexões para todos os participantes e a oportunidade delas de dividirem suas
dúvidas e expor as suas rotinas de trabalho entre elas. E, ainda, revelou deficiências
nos cursos de capacitação que elas costumam participar.
Os momentos de discussão durante os intervalos da dramatização e as rodas
de conversa motivaram a troca de conhecimento através da escuta, o que não
acontece em cursos baseados apensas na teoria. Segundo Leitão (1995), a
verdadeira troca de saberes e construção coletiva do conhecimento são
24
conquistadas por meio da escuta, compreensão e valorização da experiência de vida
do indivíduo.
25
Quadro 1. Fala das merendeiras em relação às dificuldades laborais divididas por
obtidas durantes as oficinas divididas por categoria.
EQUIPAMENTOS
‘‘A gente lá tem uma geladeira industrial que acaba armazenando legume, fruta e às vezes a carne que vai ser preparada pro dia seguinte. ’’
‘’Tem três geladeiras, mas duas está toda ferrada, não é de hoje. Não tiram e também não consertam. ’’
‘’Panela de pressão explodiu na cozinha. Não mandaram panela de pressão. ’’
‘’O liquidificador industrial queimou e não conserta.Tudo funciona pela metade.’’
‘’ Na escola que eu to agora ta em falta de geladeira. A gente tenta organizar do melhor modo, mas ainda ta precisando de mais uma geladeira. ‘’
PRÉ-
PREPARO
‘’O pré-preparo a gente sabe que tem que ser feito em geladeira, mas nem sempre a geladeira ta vazia pra você poder ta fazendo o descongelamento. Tem que fazer do lado de fora. A gente sabe que não é certo’’
‘’Aí realmente tem que tirar a carne e colocar na vasilha com água.’’
‘’A questão da carne? É descongelada do lado de fora também, porque não tem condição. ’’
‘’A gente bota na panela, deixa pro outro dia e mesmo assim quando chega lá ainda ta congelado.’’
UNIFORME
‘’ O uniforme é a mesma situação. Tudo rasgado... Aí o que acontece? A calça já não dá mais pra usar. Ou leva pra emendar na costureira ou vai comprar aí fora. Chegar também não chega.’’
‘’Eles deterioram muito rápido. A gente tem que jogar fora. Ainda tem que ouvir piadinha: Ué? Já acabou o uniforme?
LAVAGEM DE MÃOS
Área exclusiva para lavagem de mãos
‘’Pra isso lá só tem a pia do banheiro que é usado só pelos funcionários da cozinha. ’’
Sabonete
‘’A gente pode confiar naquele rosinha? ’’
‘’Eu não tenho sabão específico. Álcool em gel tem. ’’
Higienização das mãos
‘’Enquanto a gente ta produzindo, ta usando água e ta lavando.’’
‘’ Mas a gente só higieniza mesmo quando sai da cozinha e entra de novo . Porque quando a gente ta produzindo, ta produzindo. ’’
HIGIENIZAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS
‘’Lá na minha escola a gente usa vinagre tanto na frutas quanto nas verduras... ’’
‘’ A orientação que a gente teve na oficina é que a gente tinha que lavar as frutas com hipoclorito, mas a gente não recebe não. ’’
‘’Eu lavaria e colocaria de molho. Eu deixo uns dez minutinhos e lavo. ’’
‘’Essa água clorada, tipo assim, a gente tem que fazer e utilizar logo. Não posso deixar já feita e guardar não né? Só na hora?’’
FALTA DE COMUNICAÇÃO
COM A COMUNIDADE
ESCOLAR
‘’Mas curso, nem sempre chega à cozinha as informações do curso. Isso é uma dificuldade muito grande. É difícil dentro das escolas de repente até a comunicação da secretaria para a cozinha. A gente só sabe das coisas em cima da hora’’.
26
A maioria das merendeiras avaliou à dimensão conceitual e o material
didático aplicado nas oficinas como muito bom. Todas gostaram das atividades. As
perguntas, nas quais, as participantes podiam descrever o que mais gostou e o que
menos gostou apresentou pontos importantes sobre o desenvolvimento das oficinas.
(Quadro 2)
Leite et al. (2011), ao avaliarem a metodologia empregada em uma
capacitação para merendeiras, também encontrou resultados positivos na avaliação
do curso aplicado. Quanto ao método de ‘’explicação’’ 90% das participantes
consideraram o curso como ótimo e, salientou que o bom nível de comunicação e
interação entre a equipe condutora e as participantes foi fator fundamental para o
resultado positivo.
Ao avaliar as oficinas para educadores e donos de cantina escolar, Shimitz et
al. (2011) demonstraram em seus resultados que 74% dos educadores avaliaram os
conceitos, atividades e discussão como ótimo e 75% também consideram como
ótimo a linguagem, o conteúdo, a abordagem e a organização das oficinas.
Quadro 2. Apontamentos das merendeiras sobre as atividades realizadas durante o dia.
O que mais gostou? O que menos gostou?
‘’Da comunicação aberta para merendeiras’’
‘’Reforço das práticas de higienização’’
‘’Sempre tudo que é visto é de grande
aproveitamento’’
‘’É importante dividir e multiplicar, replicando
com nossos pares. ’’
‘’Degustação’’
‘’Da troca de informações, da dinâmica feita
pelas alunas (dramatização) que nos ajudou a
levantar erros e acertos do nosso cotidiano. ’’
‘’A troca de informações bem favorável em
comparação às unidades escolares. A
diferença entre as escolas da mesma rede. ’’
‘’Da degustação: aprender que com pouca
diferença o gosto e o cheiro mudam
completamente’’
‘’Calor’’
‘’De parar os temas para ficar reclamando de
problemas internos e que não está na
responsabilidade dos palestrantes resolverem.
Acho que perde tempo!’’
‘’O fato de quando compartilhamos as
experiências ter ouvido da Nutricionista da FME
que os utensílios são ou poderiam estar sendo
mal utilizados. Não há curso para utilizarmos os
equipamentos que temos nas cozinhas’’.
‘’Calor, sala toda fechada, sem ar condicionado.’’
27
A fala de uma das merendeiras demonstrou insatisfação com a interrupção da
discussão dos temas para falar sobre os problemas internos vividos dentro das
escolas. Ao avaliar os aspectos negativos citados pelas merendeiras, Leite et al.
(2011) descreveram que 3,8% das participantes citarem o comportamento das
merendeiras do grupo.
No item o ‘’que mais gostou’’, pode-se observar a importância da aplicação de
oficinas práticas e com espaço aberto para a discussão. A oficina culinária também
trouxe boas avaliações.
Uma capacitação realizada para merendeiras de escolas estaduais de Porto
Alegre (RS) utilizando metodologias ativas como aula expositiva dialogada, dinâmica
de grupo e oficina culinária, teve como pontos positivos a troca de experiências entre
as participantes e esclarecimento das dúvidas existentes (MOULIN1, 2007 apud
LEITE et al., 2011).
¹MOULIN, Cileide Cunha. Relatório de capacitações da subcoordenação de educação permanente: Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar - CECANE - Sul. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.
28
6- CONCLUSÃO
A partir deste estudo foi possível concluir que a aplicação de metodologias
ativas em capacitações para merendeiras foi eficaz para reconhecer as dificuldades
vividas por essas profissionais e por promover um ambiente aberto para a troca de
experiências e conhecimento.
A análise da fala das merendeiras permitiu identificar o conhecimento sobre
as boas práticas de manipulação de alimentos por parte das merendeiras e
diagnosticar problemas existentes nas UANE, e que estes estão envolvidos tanto
com as práticas individuais quanto aos problemas relacionados à estrutura e
comunicação com a comunidade escolar e o Município.
Por meio da avaliação das atividades feita pelas merendeiras, percebeu-se
que o uso das metodologias ativas foi bem aceito, demonstrando a necessidade de
se replicar oficinas que tenham essa característica.
29
7- REFERÊNCIAS
ABREU, Edeli Simioni; SPINELLI, Mônica Glória Neumann; PINTO, Ana Maria de Souza. Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição: um modo de fazer. Editora Metha LTDA. 5º edição São Paulo, 2013.p 35.
ALMEIDA, Kênia Machado; ANDRÉ, Maria Cláudia Porfirio; CAMPOS, Maria Raquel Hidalgo; DÍAZ, Mário Ernesto Piscoya. Hygienic, sanitary, physical, and functional conditions of Brazilian public school food services. Revista de Nutrição, Campinas, v.27, n.3, p.343-356, mai./jun., 2014.
BORDENAVE, Juan Enrique. Diáz. Alguns fatores pedagógicos. Disponível em: <https://www.ufpe.br/medicina/images/Textos_recomendados/alguns_fatores_pedagogicos.pdf>. Acesso em: 12 de jan. 2016
BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN Nº 358 de 18 de maio de 2005. Dispõe sobre as atribuições do Nutricionista no âmbito do Programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2005/res308.pdf>. Acesso: 11 de jan. de 2016.
BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº465 de 23 de agosto de 2010. Dispõe sobre as atribuições no Nutricionista, estabelece parâmetros numéricos mínimos de referência no âmbito do programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. Disponível em:<http://www.cfn.org.br/novosite/arquivos/Resol-CFN-465-atribuicao-nutricionista-PAE.pdf>. Acesso em: 20 de jan. de 2016.
BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Cartilha Conheça o CONSEA: Como funciona, informações e orientações, perfil de conselheiros. Brasília, 2012. Disponível em: < http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/cartilhaconhecaoconsea.pdf/view>. Acesso em: 31 jan. de 2016. BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Construção do Sistema e da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: a experiência brasileira. Brasília, 2009. Disponível: <http: www.fao.gov.org.br/dowload/segurança_alimentar_português.pdf>. Acesso em: 30 jan. de 2016. BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Cartilha Nacional de Alimentação Escolar. Brasília, DF, 2015, 2ª edição.
30
Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/arquivos/category/116-alimentacao escolar?download=9572:pnae-cartilha-2015>. Acesso em: 1 set. de 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação. Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; altera as Leis nos 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507, de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.178-36, de 24 de agosto de 2001, e a Lei no 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências. PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=LEI&num_ato=00011947&seq_ato=000&vlr_ano=2009&sgl_orgao=NI; Acesso em: 1 de set. de 2015.
BRASIL. Ministério da educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução CD/FNDE nº 32 de 10 de agosto de 2006. Estabelece as normas para a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Disponível em: <ftp://ftp.fnde.gov.br/web/resolucoes_2006/res0032_1002006.pdf>. Acesso em: 20 de jan. de 2016. BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Lei no 8.913, de 12 de julho de 1994. Dispõe sobre a merenda escolar. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8913.htm>. Acesso em: 1 de set. de 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Portaria Interministerial Nº 1.010, de 8 de maio de 2006. Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=PIM&num_ato=00001010&seq_ato=000&vlr_ano=2006&sgl_orgao=MEC/MS>. Acesso em: 20 de jan. de 2016
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário Oficial da união. Brasília, DF. 16 de setembro de 2004. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/4a3b680040bf8cdd8e5dbf1b0133649b/resolu%c3%87%c3%83ordc+n+216+de+15+de+setembro+de+2004.pdf?mod=ajperes>. Acesso em: 15 de set. de 2015. BRASIL. Lei Nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Poder legislativo.
31
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm>. Acesso em: 21 de jan. de 2016. CANINÉ, Emília Santos; RIBEIRO, Victoria Maria Brant. A prática do nutricionista em escolas municipais do Rio de Janeiro: um espaço-tempo educativo. Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 47-70, 2007. CARDOSO, Ryzia de Cassia Vieira; GÓES, José Ângelo Wenceslau; ALMEIDA, Rogéria Comastri de Castro; GUIMARÃES, Alaíse Gil; BARRETO; SILVA, Danile Leal Sueli Alves; FIGUEIREDO, Karla Vila Nova de Araújo; VIDAL JÚNIOR, Permínio Oliveira; SILVA, Edleuza Oliveira; HUTTNER, Larissa Brito. Programa Nacional de Alimentação Escolar: há segurança na produção de alimentos em Salvador (Bahia)?, Revista de Nutrição, Campinas, v. 5, n. 23, p. 801-811, set./out., 2010. CARVALHO, Alice Teles; MUNIZ, Vanessa Messias; GOMES, Josiane Fernandes; SAMICO, Isabella. Programa de alimentação escolar no município de João Pessoa – PB, Brasil: as merendeiras em foco. Revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v.12, n.27, p.823-34, out./dez. 2008. CAVALCANTI, Paulo Leonardo de Souza. Avaliação das boas práticas nas Unidades de Alimentação e Nutrição Escolares de um município do Rio de Janeiro. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)- Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2014.
CHAVES, Lorena Gonçalves; SANATNA, Thaís Cristina Mantovani; GABRIEL,
Cristina Garcia. Reflexões sobre a atuação do nutricionista no Programa Nacional de
Alimentação Escolar no Brasil. Revista de Ciência e Saúde, v.18, n.4, p.917-926,
2013.
COLOMBO, Micheli; OLIVEIRA, Kelly Mari Pires; SILVA, Dani Luce Doro.
Conhecimento das merendeiras de Santa Fé, PR, sobre higiene e boas práticas de
fabricação na produção de alimentos. Revista de Higiene Alimentar, v.23, n.170-171,
mar/abr. 2009.
COSTA, Ester de Queirós; LIMA, Eronides da Silva; RIBEIRO, Victoria Maria Brant. O treinamento de merendeiras: análise do material instrucional do Instituto de Nutrição Annes Dias Rio de Janeiro (1956-94). História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro: v. 9, n. 3, p. 535-360, set./dez. 2002.
32
FERREIRA, Haroldo da Silva; SILVA, Maria Cristina Delgado, REBELO Taciana Gissely da Silva. Sanitary status of public school food services in Maceió (Alagoas, Brazil), 2013. Revista Vigilância Sanitária em Debate, v.3, n.1, p.175-81,2015.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Editora Paz e Terra. 24ª edição, Rio de Janeiro, 2001. : LEITE, Catarina Lima; CARDOSO, Ryzia de Cassia Vieira; GÓES, José Ângelo
Wenceslau; FIGUEIREDO, Karla Vila Nova de Araújo; SILVA Edleuza Oliveira;
BEZERRIL, Mariângela Melo; VIDAL JÚNIOR, Permínio Oliveira Aisi Anne Carvalho
SANTANA. Formação para merendeiras: uma proposta metodológica aplicada em
escolas estaduais atendidas pelo programa nacional de alimentação escolar, em
Salvador, Bahia. Revista de Nutrição, Campinas, v.24, n.2, p.275-285, mar./abr.,
2011.
LEITÃO, Luzenir Regina Gomes. Não basta ouvir, é preciso escutar. Revista Saúde
em Debate, n.47, p.46-49, 1995.
LOPES, Ana Carolina de Carvalho; PINTO, Helen Ramalho Farias; COSTA,
Deborah Camila Ismael de Oliveira; MASCARENHAS, Robson de Jesus; AQUINO,
Jailane de Souza. Avaliação das Boas Práticas em unidades de alimentação e
nutrição de escolas públicas do município de Bayeux, PB. Ciência e Saúde Coletiva,
v.20, n.7, p.2267-2275, 2015.
MIRON, Viviane Ribas; STEFANELLO, Cláudia Luisa; MATTOS, Karen Mello; COLOMÉ, Juliana Silveira; COSTENARO, Regina; CARPES, Adriana Dornelles. Profissão Merendeira: perfil profissional e condições socioeconômicas. Revista de Ciências da Saúde, Santa Maria, v.10, n.1, p. 87-95, 2009.
MITRE, Sandra Minardi; BATISTA, Rodrigo Siqueira; MENDONÇA, José Márcio
Girardi; Pinto, Neila Maria de Morais; MEIRELLES, Cynthia de Almeida Brandão;
PORTO, Cláudia Pinto; MOREIRA, Tânia; HOFFMANN, Leandro Marcial Amaral.
Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde:
debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva, v.13, sup.2, p. 2133-2144, 2008.
MYNAIO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 11 ed. São Paulo:
Hucitec, 2008.
33
MORAIS, Leonardo Barbosa; NASCIMENTO, Fernanda Ferreira Lemos.
Merendeiras em sua própria realidade: uma análise do programa nacional de
alimentação escolar em cinco municípios do território do mato grande. VIII SOBER
Nordeste. Pluralidades econômicas, sociais e ambientais: interações para reinventar
o Nordeste rural, 2013, Piauí. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e
Sociologia Rural, 2013. Disponível em:
<http://www.viiisoberne.com.br/anais/ARQUIVOS/GT5-223-95-20130930155253.pdf
> Acesso em: 17 mar. de 2015.
OLIVEIRA, Ana Cristina Mendes; SANTOS, Ondina Carla; SILVA, Gilmar Aires. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da cozinha do CMEI no município de Rialma-GO. Revista JIC, v.3 n.3, p.14-34. 2012.
OLIVEIRA, Mariana de Novaes; BRASIL, Anne Lise Dias; TADDE, José Augusto de Aguiar Carrazedo. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Ciência e Saúde Coletiva, v.13, n.3, p.1051-1060, 2008.
PEREIRA, Adriana Lenho Figueiredo. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n.5, p.1527-1534, set./out.,2003.
SANTOS, Leonor Maria Pacheco; SANTOS, Sandra Maria Chaves; SANTANA, Luciana Alaíde Alves; HENRIQUE, Flavia Conceição Santos; MAZZA, Roseanne Porto Dantas; SANTOS, Ligia Amparo da Silva; SANTOS, Lílian Silva. Avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e combate à fome no período 1995-2002. 4 – Programa Nacional de Alimentação Escolar. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n.1, p.2681-2693, nov., 2007.
SÃO JOSÉ, Jakeline Freitas Brilhante; PINHEIRO-SANT’ANA, Helena Maria.
Avaliação das boas práticas de manipulação em unidade de alimentação escolar.
Nutrire: Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, v. 33, n. 3,
p. 123-138, dez. 2008.
SHIMITZ, Bethsáida de Abreu Soares; RECINE, Elisabetta; CARDOSO, Gabriela
Tavares; TAVARES, Juliana Rezende Melo; AMORIM, Nina Flávia; BERNANDON,
Renata; RODRIGUES, Maria de Lourdes Carlos ferreirinha. A escola promovendo
hábitos alimentares saudáveis: uma proposta metodológica de capacitação para
educadores e donos de cantina escolar. Caderno de Saúde Pública, sup.2: s312-
322, 2008.
34
SILVA Jr, Eneo Alves. Manual de controle higiênico-sanitário em serviço de
alimentação. 6ª ed. São Paulo: Livraria Varela; 2005.
TEO, Carla Rosane Paz Arruda; SABEDOT, Francielli Regina Boroski; SCHAFER,
Elisângela. Merendeiras como agentes de educação em saúde da comunidade
escolar: potencialidades e limites. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 11, n.
2, p. 11-20, jun. 2010.
VILA, Carla Vanez Dias; SILVEIRA, Joice Trindade; ALMEIDA, Lana Carneiro.
Condições higiênico-sanitárias de cozinhas de escolas públicas de Itaqui, Rio
Grande do Sul, Brasil. Revista Vigilância Sanitária em Debate, v. 2, n.2, p.67-74,
2014.
35
8- APÊNDICES
8.1- OFICINAS ELABORADAS E APLICADAS
OFICINA 1- DRAMATIZAÇÃO
Objetivos: Tornar possível a visualização de erros cometidos no dia-a-dia pelas
merendeiras e identificar o seu conhecimento sobre os próprios erros cometidos e
de que forma corrigi-los.
Desenvolvimento: As encenações devem ser pausadas para que as merendeiras
sejam questionadas sobre os erros cometidos durante a encenação.
1ª Encenação: Higiene pessoal
Um aluno entra na cozinha e começa a falar com outro aluno sobre o cardápio do
dia:
Aluno 1: - Hoje é salada de cenoura ralada com milho não é isso? (chegando no
trabalho)
Aluno 2: - Sim! Já higienizei as cenouras e só falta descascar
Aluno 1: - Ok ! Vou colocar meu uniforme.
Narrar a Ação: A merendeira vai até o banheiro e troca de roupa
O aluno 1 (merendeira) coloca uma calça, uma blusa, o jaleco e a touca. E volta
para cozinha. (O aluno 1 em questão deve estar com a touca mal colocada e usando
brinco e relógio).
Narrador: Voltando para cozinha o aluno começa a ralar a cenoura. ( o aluno lava
as mãos sem usar sabonete líquido)
Aluno 1: - Menina, você acredita que eu peguei o ônibus hoje lotado. Tive que me
virar várias vezes para conseguir segurar naquele ferro.
Aluno 2: - Tá muito difícil vir trabalhar! O engarrafamento está horrível! (trabalhar a
questão da conversa durante a manipulação dos alimentos).
Narrador: Identificação dos erros: Discursar sobre o uso inadequado do uniforme,
sobra à lavagem incorreta das mãos.
Deixar as participantes falar primeiro, e em seguida, discursar sobre os temas:
uso inadequado do uniforme, lavagem das mãos e conversa durante a manipulação
dos alimentos.
36
O uso inadequado do uniforme.
O uso correto do uniforme é essencial para que o alimento seja preparado
sem nenhuma chance de contaminação e para que vocês estejam protegidas de
qualquer acidente. Caso caia um brinco ou qualquer parte de um adereço na
refeição que está sendo preparada, pode ser prejudicial à criança que vai realizar a
refeição na escola.
A legislação sanitária atual (RDC 216) que dispõe sobre o regulamento
técnico de boas práticas para serviços de alimentação diz que os manipuladores
devem usar cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório
apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba. As unhas devem
estar curtas e sem esmalte ou base. Durante a manipulação, devem ser retirados
todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem.
Pensem vocês: se vocês chegassem a um laboratório para coletar sangue.
Vocês gostariam de ver o técnico sem uniforme ou com aquele em mau estado?
Lavagem das mãos
Até chegarmos ao trabalho passamos por vários lugares. Colocamos a mão
em dinheiro, no ônibus, no corrimão da escada, na porta do lugar onde trabalhamos.
Enfim, a nossa mão, apesar de muitas vezes não percebermos, está suja e pode
contaminar os alimentos e os utensílios que serão utilizados no preparo das
refeições das crianças.
A lavagem só com água pode até tirar a sujeira mais visível, mas não
higieniza. A legislação mais uma vez nos diz o procedimento que devemos cumprir:
Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho,
antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço, após tocar
materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário.
Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta
lavagem e antisepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil
visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios.
37
Conversa durante a manipulação dos alimentos
Os manipuladores não devem fumar, falar desnecessariamente, cantar,
assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou praticar outros atos
que possam contaminar o alimento, durante o desempenho das atividades.
Devemos falar apenas o necessário para o desenvolvimento das funções
dentro das UANE (Unidade de Alimentação e Nutrição Escolar)
2ª Encenação: Armazenamento dos alimentos
Aluno 2 : - Vou lá pegar a lata de milho para colocar na salada.
Narrador: O aluno 2 pega a lata de milho e percebe que tem 4 latas. Uma lata
venceu no dia anterior, mas está em perfeito estado. Ele vai para a cozinha e
pergunta:
Aluno 2: - Cara, essa lata aqui venceu ontem. Será que tem problema a gente usar?
Aluno 1: - Aah ! Acho que não! Lá em casa eu uso e ninguém morreu até hoje. Abre
aí e vê como está!
Aluno 2:- Abre a lata e diz: Está com cheiro de milho. Vamos usar!
Aluno 1: - Está muito quente né? Vou colocar a salada um pouquinho no congelador
de carnes pra gelar mais rápido!
Aluno 2: - Isso ! As crianças gostam dela bem geladinha!
Narrador: Depois de servir o almoço, o aluno 2 percebe que sobrou salada e diz:
Aluno 2: - Vamos guardar para amanhã um pouco de salada de cenoura para o
Marquinho? Cenoura é a única coisa que ele come bem!
Aluno 1: - Guarda sim! Tanta gente passando fome e a gente vai ficar jogando
comida fora?
Aluno 2: - Vou guardar naquela geladeira que nós colocamos as carnes para
descongelar.
Aluno 1: - Falando nisso! Tira a carne da geladeira e coloca em uma bacia com
água. Amanhã tem que fazer frango ensopado e a gente não colocou pra
descongelar!
Aluno 2: - Ahh ! Mas não tem problema não descongela rapidinho!
Deixar as participantes falar primeiro, e em seguida, discursar sobre os temas:
produtos vencidos e sobras de alimentos.
38
Produtos vencidos
Apesar de ter apenas um dia de vencimento, temos que lembrar que produtos
enlatados têm grandes prazos de validade. Desde o momento que foi produzido até
a data de vencimento passa muito tempo.
Sobras
Para que as sobras sejam armazenadas para consumo posterior, deve-se ter
muito cuidado com a temperatura e o tempo que elas ficaram exposta a esta
temperatura. As refeições que são quentes devem ser mantidas no mínimo á 65º C
durante o tempo de distribuição. Quando elas são armazenadas, devem ser
mantidas a 8ºC por no máximo 24 horas.
3ª Encenação: Recebimento de gêneros alimentícios
Aluno 1: - Hoje é dia de recebimento de carnes e de produtos perecíveis.
Aluno 2: - É verdade. Temos que arrumar tudo!
Narrador: As caixas de carne chegam primeiro. A merendeira (aluno 1) vê a data
de validade presente do lado de fora da caixa e assina a nota fiscal.
Aluno 1: - Estava achando a dispensa suja. Acho melhor a gente limpar as
prateleiras antes de guardar tudo.
Aluno 2: - Concordo a carne está geladinha ainda.
Narrador: As merendeiras levam mais de 30 minutos para arrumar e limpar a
dispensa.
Deixar as participantes falar primeiro, e em seguida, discursar sobre os temas:
recebimento, armazenamento e devolução dos gêneros alimentícios.
Recebimento
É importante que se tenha atenção à data de validade do produto e que se
abra a embalagem para ver se o produto está em bom estado, verificando até
aqueles que estão no fundo da caixa.
Armazenamento
Quando recebemos uma mercadoria resfriada ou congelada, primeiramente
devemos guardá-la para depois executarmos as outras tarefas. Apesar de aparentar
39
que está na temperatura adequada, não podemos ter certeza que a carne está na
temperatura ideal para que não haja crescimento de microrganismos.
Aluno 1: - Hoje é dia de receber as frutas da semana. Temos que receber mamão,
laranja e maçã.
Narrador: Ao receber as frutas, as merendeiras percebem que o mamão está
mofado.
Aluno 2: - Olha como está esse mamão! Mas não temos mais nada para colocar no
lugar!
Aluno 1: - Já sei! A maçã está boa. A gente manda o mamão de volta e pede para
mandar uma nova caixa e colocamos laranja amanhã.
Devolução de gêneros perecíveis
Quando uma a situação assim acontecer, deve-se mandar o produto de volta
para o fornecedor. É melhor tentar colocar outra fruta no lugar, mesmo essa se
repita na semana, do que servir uma fruta que não está adequada ao consumo.
DEVEMOS SEMPRE LEMBRAR QUE ESTAMOS LINDANDO COM
CRIANÇAS E QUE NÃO PODEMOS FAZER ALGUMAS COISAS QUE FAZEMOS
EM NOSSAS CASAS!
OFICINA 2- MÃOS LIMPAS
Objetivo: Discutir com as participantes as dificuldades encontradas para correta
lavagem de mãos.
Desenvolvimento: Roda de conversa sobre a lavagem das mãos, tomando o
cuidado para não causar o constrangimento dos participantes. Questionamento
sobre as seguintes questões:
Em que momento vocês acham importante lavarem as mãos?
Qual sabonete que vocês utilizam para lavagem das suas mãos?
Como é realizada a secagem das mãos?
O que dificulta a higienização das mãos?
Existe um lugar específico para lavagem das mãos?
Após a conversa, executar a oficina “Mãos Limpas’’. Nesta atividade, as
merendeiras irão passar um produto do kit Handwashing®, que aparentemente não
40
aparece na pele. O produto passado nas mãos é visível na luz fluorescente, sendo
assim será possível simular a mão contaminada por bactérias.
Materiais para oficina:
- Kit Handwashing®
OFINA 3 - PREPARO DE SOLUÇÃO PARA DESINFECÇÃO DE FRUTAS E
HORTALIÇAS.
Objetivo: Simular a higienização de hortaliças pelas merendeiras
Desenvolvimento: Pedir às participantes que façam a higienização de hortaliças de
acordo como elas executam no seu dia a dia. Após a execução da atividade, avaliar
se as participantes executaram a higienização corretamente e corrigir os possíveis
erros.
Roda de Conversa
Quais as dificuldades para se realizar a desinfecção das hortaliças durante o
processo de produção de refeições?
Vocês sabem quais hortaliças e frutas devem passar pelo processo de
desinfecção?
Como vocês realizam as diluições do produto de desinfecção disponíveis em
suas UANE?
OFICINA 4 - TÉCNICA E DIETÉTICA
Objetivo: Discutir a importância do uso da ficha técnica ou receituário padrão em
alimentação para coletividades, especialmente o público infantil pela formação do
hábito alimentar, para padronização das preparações oferecidas
Desenvolvimento: Apresentar para degustação preparações de alimentos
padronizadas (realizadas com fichas técnicas) e preparações semelhantes com
excesso de sal, de gordura e com textura muito amolecida e muito ressecada.
Preparações:
1- Abóbora cozida e abóbora muito cozida (despedaçando).
2- Couve refogada e couve refogada com muito óleo.
3- Chuchu refogado e chuchu refogado muito salgado.
41
8.2- AVALIAÇÃO DA OFICINA
Este é um instrumento de avaliação da oficina para aperfeiçoamento,
obtenção de melhores resultados de organização, metodologia e conteúdo para
próximos encontros. A sua opinião é muito importante.
MUITO BOM BOM REGULAR RUIM
DIMENSÃO CONCEITUAL
Relevância do tema
O evento atendeu às suas expectativas em relação ao conteúdo
Os conhecimentos obtidos na oficina: - são úteis para o seu desenvolvimento profissional
- são aplicáveis ao seu trabalho na escola
- foram de fácil entendimento
MATERIAL DIDÁTICO
Utilização de material de apoio (vídeo,slides, etc)
O conteúdo do material distribuído correspondeu aos objetivos
O material entregue é adequado às atividades desenvolvidas
Você gostou da atividade de hoje?
( ) sim ( ) não
O que você mais gostou?
O que você menos gostou?
Sugestões:
42
8.3- CARTILHA
43
44
45
46
47
48
49
50