Post on 07-Apr-2016
O QUE É A DEMOCRACIA?O QUE É A DEMOCRACIA?Alain TouraineAlain Touraine
Sobre o Autor: Sobre o Autor: Sociólogo Francês. Nasceu em Hermanville, 1925. Estudou História e Filosofia. Criador do termo “sociedade pós-industrial”. Pesquisador engajado (Universidades americanas; fundou o centro de pesquisa em sociologia do trabalho na Universidade do Chile; centro de estudo de movimentos sociais em Paris).
Interesse de estudo (“sociologia da ação”):Interesse de estudo (“sociologia da ação”):
Análise dos movimentos sociais, principalmente na América Latina e Europa (crítica aos golpes militares).Análise da sociedade pós-industrialSociologia do trabalho
ALGUMAS OBRAS:ALGUMAS OBRAS:
The Post-Industrial Society. Tomorrow's Social History: Classes, Conflicts and Culture in the Programmed Society. New York: Random House, 1971. The self-production of society. Chicago: The University of Chicago Press,1977The voice and the eye: An analysis of social movements. Cambridge: Cambridge University Press. Touraine, 1981. “A Social Movement: Solidarity”, New York: Telos Press, 1982.Workers Movement" (Cambridge University Press, 1987Can we live together?: Equality and difference. Stanford, Calif: Stanford University Press, 2000. Le monde des femmes. Paris: Fayard, 2006. O Que é a Democracia. Petrópolis, 2ª Edição, 1996.
Sobre a Obra: “O que é a Democracia”Sobre a Obra: “O que é a Democracia”
Capítulo I: A política do SujeitoCapítulo II: A recomposição do Mundo
Reflexões sobre a democracia e o sujeito social, crítica a modernidade, análise sobre a relação do Estado, sistema político e sociedade civil. Desafios: combinação de fatores de unificação com fatores de diversificação; liberdade e igualdade; universal e o particular; identidade e integração. Reencontro do nosso papel de criadores e produtores, não apenas de consumidores (crise da modernidade). Ser o ator da mudança.
Cápitulo 1: A política do sujeito
Capítulo I: A política do Capítulo I: A política do SujeitoSujeitoDas instituições à cultura
Conflitos de valores e democracia
Notas sobre John Rawls
Sujeito e Democracia
Reviravolta de perspectiva
A democracia e a justiça
A sociedade de massa
Das instituições à culturaComo já se definiu a
democracia: 1. Dar forma a
soberania popular - substância- tomar decisões
conforme interesse da maioria ou toda
2. Garantir a liberdade do debate político
- procedimentos- regras que impeçãm
desvio da vontade popular
QUEM É O JUIZ???
REGRAS
≠ OPORTUNIDADES
OBJETIVO PRINCIPAL DA DEMOCRACIA:
criar uma sociedade política cujo princípio central é igualdade garantir igualdade de direitos e oportunidades; limitar desigualdade de recursos.
Sociedade política
•Espaço da igualdade
•agente da libertação
G. Burdeau: - democracia governada +
democracia governante homem socialmente situado
Crítica: democracia consentimento passividade do cidadão
• soberania popular = governo exercido por classes e representantes destrói fundamento da democracia
LIMITAÇÃO DO PODER DO ESTADO E RESPEITO AOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DOS INDIVÍDUOS
• Sociedade pós-industrial: serviços culturais substituíram os ens materiais no centro da produção - luta de classes + defesa do sujeito (p.162)
• Ordem política se separou da ordem do mundo: foi invadida pela atividade economica, atividade militar e espírito burocrático novos fundamentos para democracia:Mantém soberania popular + idéias de
povo, nação e sociedade podem gerar novo poder absoluto reconheciemento do SUJEITO humano individual como base da liberdade coletiva DEMOCRACIA (p.163)
SUJEITO (p.163):alcance universal evita relativismo e
fanatismoAlcançar a si mesmo
Não se refere à utilidade social, nem à ordem do mundo e nem à tradição
condições pessoais e interpessoais e sociais de construção e defesa da sua
liberdade
se preocupa com o sentido pessoal que atribui a sua experiência contra todas
as formas de dependência (psicológicas e políticas)
DEMOCRACIA: Combinação da unidade da lei e da técnica com a
diversidade cultural e com a liberdade pessoal(P.164)
Conflitos de valores democracia
Sistema democrático tem que reconhecer existência de conflitos insuperáveis, sem eles democracia não seria necessária.
Desenvolviemnto econômico pressupõe concentração dos investimentos e repartição dos produtos do crescimento = não há técnica, só decisão política (peso a cada uma).
Mundialização da economia e cultura pluralismo cultural
Liberdade modernos: diversidade social e cultural DEMOCRACIA : meio político de salvaguardar essa diversidade
Nota sobre John RawlsRawls pressupõe atores razoáveis, tolerantes
e moderados, descreve bem a autonomia do campo político, mas não explica porquê ela é reconhecida.
ARGUMENTAÇÃO AUTOR:crescente dissociação entre racionalidade
instrumental e identidades culturais, a autonomia política – democracia – é a única possível de limitar esse afastamento.
Como fazer: retirar racionalidade instrumental e crenças culturais dos aparelhos de poder, pois a FORÇA DA DEMOCRACIA não vem da construção racional, mas de lutaslutas em nome de interesses e valores contra determinados poderes.
Principal diferença:TOURAINE: razão da democracia é
fornecer condições institucionais indispensáveis para ação do sujeito pessoal (p.169)
RAWLS: autonomia da escolha política que define o modo de funcionamento da democracia.
Ambos: aceitam a autonomia dos sistema político oposição à redução de político à Estado
Três dimensões da democracia:1. Representação interesse da
maioria – revolucionários2. Cidadania – liberais (Rawls)3. Limitação do poder pelos
direitos fundamentais – tema central é sujeito
RAWLS combina, mas não unifica as idéias de contrato social e perseguição de interesses e entre universalista e individualista
Sujeito e DemocraciaSUJEITO:Integra identidade e técnicaCapaz de modificar o meioTransformar suas experiências de
vida em provas de sua liberdadeTrabalho nunca terminadoAtor social centrado em si mesmo,
não na sociedadeTorna-se sujeito quando não s
eidentifica com a vontade geral, mas s eliberta das normas sociais
3 elementos (p.172): resistência à dominaçãoAmor de si pelo qual indivíduo
estabelece sua libedade como condição principal de sua felicidade e seu objetivo central
Reconhecimento dos outros como sujeitos apoio às regras políticas e jurídicas + oportunidades a + pessoas.
se trona sujeito pelo seu esforço para s elibertar das imposições e regras e organizar sua experiência
DEMOCRACIA: espaço institucional que protege
os esforços dos indivíduos ou grupos para se
formarem e se fazerem conhecer como sujeito(p.174)
Aparecimento do sujeito marca ponto extremo da sociologia de mudança na concepção de democracia:
ANTES: participação em uma ordem política que agia sobre vida social
DEPOIS: reconhecimento dos sujeitos pessoais e da diversidade dos esforços para combinar razão instrumental com integração com a comunidade (máxima liberdade a cada um)
Sujeito: RAZÃO + LIBERDADE + MEMÓRIA (p.174)
SUJEITO É O ESFORÇO DO INDIVÍDUO OU DA COLETIVIDADE PARA UNIR AS DUAS FACES
DA SUA AÇÃO
DEMOCRACIA É O SISTEMA INSTITUCIONAL QUE GARANTE ESSA COMBINAÇÃO
(RACIONALIDADE E IDENTIDADE) NO PLANO POLÍTICO E PERMITE QUE SOCIEDADE SEJA UNA E DIVERSA
DEMOCRACIA CORRESPONDE TAMBÉM A UMA CULTURA
PLURALISMO CULTURAL > SOCIAL
Reviravolta de perspectivaATUALIDADE (p. 178 179):
Instituições = + impositivas – socializadaMercado = utilidade > cultura e sociedadeSujeito se constitui ao criticar Instrumentalismo
e Comunismo; ele é o conjunto de resistênciasMas só consegue se houver um espaço
institucional livre – DEMOCRACIA – se não precisasse, seria o triunfo do individualismo
Sempre vai precisar da democracia: Forças que separam mundo instrumental do simbólico > forças do sujeito
Da mesma forma democracia sempre vai precisar do sujeito ou será invadida pelo instrumentalismo de mercado e/ou autoritarismo comunitário
Crise da Modernidade: deixamos de nos sentir donos do mundo que
construímos (p.179)
A democracia e a justiça
Democracia não é o fim em si mesmaAção democrática: institucionalização do
movimento de libertação social, cultural e nacional.
Não é o direito que serve de fundamento, mas a democracia que transforma o Estado de direito em espaço público livre
Antes de ser um conjunto d eprocedimentos, democracia é crítica aos poderes estabelecidos e uma esperança de libertação pessoal e coletiva.
A sociedade de massaAmeaças à democracia: regimes
totalitários e prórpia sociedade Sociedade de consumo (representação,
construção particular da vida social)= + diversificação e + tolerância NÃO PRODUZ SOCIEDADE DE CONSUMIDORES INDIVIDUALIZADOS
Democracia corre risco de, com sociedade de massa, se fragmentar cada um defender sua tribo
Cultura – 2 lógicas de ação: consumo e produção de atitudes
Condena na sociedade de massa: objeto > relações sociais
Positivo no mercado: maior satisfação de diferentes demandas + limitação do poder do Estado
Sociedade de massa não é antidemocrática (- barreira), mas baixo nível de funcionamento sociedade moderna
Democracia = esforço para passar do consumo individual de bens materiais escolhas sociais que coloquem em questão determinadas relações de poder e princípios étnicos
Passagem = + cidadão (sujeito) - consumidor
Capítulo 2: A
recomposição do mundo
Capítulo II- A Recomposição do MundoCapítulo II- A Recomposição do Mundo
O Reconhecimento do Outro
A unidade e a diferença
A integração democrática
Ecologia e democracia
Uma educação democrática
O espaço público
O Reconhecimento do OutroO Reconhecimento do Outro
Democracia reconhecer no outro a combinação de UNIVERSALISMO com PARTICULARISMO (cultura, língua, gostos). Crítica ao modelo universal americano (globalização acompanhada por segmentação); a teoria de uma universalização da democracia liberal de Fukuyama. associar diversidade cultural com a utilização da razão.
qualquer tentativa de separação pode reforçar as relações de dominação e exclusão.
O triunfo do mercado não necessariamente significa democracia.
A unidade e a diferençaA unidade e a diferença
Não basta combinar o universal com o particular e a racionalidade com as culturas
Deve-se indicar com essa combinação opera; como reconhecer a diferença entre uns e outros
O autor propõe a recomposição do mundo; a recriação da unidade, o que não significa destruir o passado, mas impedir o dilaceramento do mundo.
Afirmação da vontade coletiva de ser ator da mudança e não somente o utilizador, consumidor ou vítima. Combinar o novo com o antigo.
A integração democráticaA integração democrática“Não é possível qualificar democráticas as posições liberais que convidam os imigrantes a assimilarem um cultura e se integrarem em uma sociedade” (TOURAINE, 1996, p. 195).
Desprezo pelas culturas e experiências diferentes.
Ou ainda há uma aceitação pelo diferencialismo = igualitarismo de fachada, o qual encobriria segregação e exclusão de minorias, consideradas diferentes.
Identidade com Integração = soluções democráticas. Transformar imigrantes em sujeitos
“Um imigrante só consegue ser integrado quando é aceito [...] quando sua diferença é reconhecida como um enriquecimento para a sociedade” (TOURAINE, 1996, p. 195).
Oposição perigosa entre multiculturalismo e rejeição nacionalista (precisa da combinação de integração com liberdade pessoal e reconhecimento das identidades).
A integração técnico-econômica e a exposição à cultura de massa podem implicar rupturas psicológicas e sociais se não forem completadas pelo apoio dado por um meio cultural próximo.
A ênfase deve ser colocada no indivíduo e não na cultura de partida ou de chegada (integração a essa nova sociedade e preservação de uma identidade cultural).
“Deveríamos, portanto, falar menos de encontro entre culturas e mais de histórias de indivíduos que passam de uma situação para uma outra e recebem de várias sociedades e várias culturas os elementos que formam suas personalidades”. (TOURAINE, 1996, p. 196-197).
Ecologia, democracia e a educação democráticaEcologia, democracia e a educação democrática
Ecologia como elemento importante da cultura democrática
A ecologia se associa, não apenas à defesa da diversidade de espécies animais e vegetais, mas à defesa de minorias étnicas, nacionais ou sexuais, ao respeito pela diversidade cultural.
A ação democrática consiste em desmassificar a sociedade pela multiplicação dos espaços e processos de decisão (papel da educação).
A educação, como programa, deve comportar 3 objetivos: o exercício do pensamento científico, a expressão pessoal e o reconhecimento do outro.
Têm-se a necessidade de criar uma nova definição de ensino (ruptura entre o mundo dos docentes e dos discentes- professor visto como agente da razão).
Do ponto de vista cultural a escola deve ser heterogênea= compartilhar o espírito nacional, a tolerância e o desejo de liberdade.
“De que serve a escola se não é capaz de fazer com que rapazes e moças formados em meios sociais e culturais diferentes venham a compartilhar o espírito nacional ,a tolerância e o desejo de liberdade?” Por que motivo ela teria tão pouca confiança em si mesma a ponto de ser obrigada a fechar suas portas àqueles ou àquelas que apresentam uma diferença qualquer?” (TOURAINE, 1996, p. 201).
O sujeito pessoal é feito de liberdade e identidade ( o preço da liberdade não pode ser a renúncia à identidade).
Deve-se superar a oposição entre vida pública e privada e combinar integração com participação, identidade com projeto pessoal.
A Cultura democrática proposta se baseia em dois princípios: crença de que os indivíduos possuem a capacidade peculiar para “viverem sua vida” e o reconhecimento do direito dos outros em criar e controlar sua própria existência (cf. TOURAINE, 1996, p. 205).
Passagem do sujeito consumidor para o indivíduo sujeito.
Democracia- Debate institucional aberto e espaço dado à palavra.
O espaço público = cultura democráticaO espaço público = cultura democrática
Mídia como parte do espaço público= importância política.
É ao grande público que se destinam os principais debates (os que incidem sobre desemprego, educação e sexualidade).
A internacionalização da mídia estabelece um elo entre um sistema globalizado e um consumidor desligado de uma sociedade e cultura particulares.
A cultura democrática não pode existir sem a reconstrução do Espaço público e sem o retorno ao debate político.
“Se a democracia pressupõe o reconhecimento do outro como sujeito, cabe à cultura democrática reconhecer as instituições políticas como espaço principal desse reconhecimento do outro (TOURAINE, 1996, p. 208). ”.
Considerações FinaisConsiderações Finais
Alessandra LuqueCecília Ogata