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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR
CURSO DE GEOGRAFIA
O PERFIL SCIO-ECONMICO E RELIGIOSO DA FESTA DE MAIO DE IPOR NO
PERODO DE 2005 A 2009
MIRA SANDRA DOS SANTOS
IPOR GO
2009
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MIRA SANDRA DOS SANTOS
O PERFIL SCIO-ECONMICO E RELIGIOSO DA FESTA DE MAIO DE IPOR NO
PERODO DE 2005 2009
Monografia apresentada como exigncia para
obteno do grau de licenciada no Curso de
Geografia da Universidade Estadual de Gois
Unidade Universitria de Ipor sob a
orientao do professor Divino Jos Lemes de
Oliveira.
IPOR GO
2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR
COORDENAO DE TRABALHO DO CURSO DE GEOGRAFIA
O PERFIL SCIO-ECONMICO E RELIGIOSO DA FESTA DE MAIO DE IPOR NO
PERODO DE 2005 2009
por
MIRA SANDRA DOS SANTOS
Monografia submetida Banca Examinadora designada pela Coordenao do Curso de
Geografia da Universidade Estadual de Gois, UnU Ipor como requisito necessrio
obteno do grau de Licenciada em Geografia, sob a orientao do professor Divino Jos
Lemes de Oliveira.
Ipor,........de ............................de ..................
Banca examinadora:
________________________________________________
Prof. Esp. Divino Jos Lemes de Oliveira UEG Ipor
________________________________________________
Profa. Esp. Iara Maria Batista UEG Ipor
________________________________________________
Profa. Adlia Maria da Costa UEG Ipor
4
DEDICATRIA
Dedico este trabalho a minha querida famlia que com amor e muito carinho soube
compreender os momentos em que estive ausente e me auxiliaram com todo o seu afeto, carinho
to necessrio para mim nessa caminhada. Aos meus filhos Krolla e Afonso Neto to amados
por mim e razo do meu esforo pessoal, mesmo em alguns momentos de ausncia sempre me
iluminaram na busca de meus objetivos. Em especial a minha amada me Magnlia que apesar de
todos os sacrifcios soube me criar com dignidade. E a todos que de uma forma direta ou
indiretamente contriburam para a realizao do meu sonho de cursar uma faculdade.
Tambm ao docente Divino Jos, ZEZINHO, que com todo seu esforo e sabedoria
no mediu esforos para me orientar a fim de que conseguisse chegar ao final dessa etapa do
curso.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus, pois devo a ele todas as vitrias que conquistei
at hoje e que ainda conquistarei durante a vida.
Agradeo tambm ao Prof. Divino Jos, ZEZINHO, orientador e amigo que muito
veio a contribuir para minha formao acadmica e profissional.
A minha amada ME e IRMOS, que muito me incentivaram para no desistir
quando me sentia sem foras.
Aos meus FILHOS que no mediram esforos para me ajudarem dando-me
suporte para enfrentar as dificuldades do curso e do dia-a-dia.
Aos colegas de trabalho pela ajuda valiosa no material de metodologia de
pesquisa.
A todos os entrevistados, por disponibilizarem seu tempo e sua histria e
experincias na obteno desta pesquisa.
Pelo apoio recebido por todas as pessoas, que no foram poucas, que me
auxiliaram na execuo de todos os trabalhos realizados, pois sem a ajuda imprescindvel dos
mesmos no seria possvel conclu-lo.
Isso prova que sem apoio material ou sozinho no se faz pesquisa.
6
Da mesma maneira que os historiadores redescobriram a morte
no momento em que a sensibilidade coletiva experimentava essa
necessidade ou exatamente s vsperas o interesse pela festa
ressurgiu quase simultaneamente entre os historiadores e o pblico.
Fenmeno de moda? A explicao parece um tanto mope: a dialtica
entre a curiosidade cientfica e a demanda social nos exige uma
meditao que me parece mais profunda sobre a forma como muda a
sensibilidade coletiva e a conscincia que dela tomamos...
MICHEL VOVELLE (Ideologias & Mentalidades)
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RESUMO
As festas populares e religiosas traduzem a cultura popular, a linguagem do povo e tudo o que
vem dele e de sua alma. Essas celebraes reafirmam laos e razes que aproximam os
homens, movimentam e resgatam lembranas e emoes, (Frei Hermnio, 1985). Isso mostra
que as festas so fatos sociais complexos, conjuntos de cerimnias, de rituais coletivos que
visam celebraes de cunho religioso e profano. Para a cidade de IPOR-GO, no diferente,
a Festa em Louvor a Nossa Senhora Auxiliadora, vem de encontro com a necessidade de
reafirmar os laos e razes que aproximam os homens. Vemos ainda que durante a mesma h
uma real tendncia em lucros, o qual despertou a curiosidade de estar analisando o perfil scio
econmico e religioso da mesma, explicando assim o interesse em levantar dados que
pudessem esclarecer como se d essa unio. Este trabalho monogrfico visou obter
informaes para assim levar ao conhecimento da sociedade iporaense que a Festa de Maio
no s um momento de divertimento, mas sim tambm um momento de reflexo e adorao
a Padroeira da cidade de Ipor, ficando claro que precisa-se saber unir o til ao agradvel,
buscando a independncia financeira, mas no esquecendo as crenas e valores culturais. Este
evento religioso e tambm comercial popularmente chamado de Festa de Maio acontece em
Ipor h alguns anos, sendo representados dois lados, o Sagrado, que se vivncia a parte
religiosa da festa com romarias onde acontece as rezas, teros, louvores, leitura da palavra e
os leiles e o Profano, que vivncia a parte comercial, onde h bebidas, barracas de show, de
danas, a parte comercial a qual atrai um pblico considervel transformando essa festa em
um grande acontecimento. A Festa de Maio sem dvida cumpre uma necessidade do
entretenimento local e tambm da regio, contribuindo para o procedimento corrompido da
coletividade no consumo desenfreado, desequilibrando principalmente a economia local e
colaborando ainda na poluio do lixo visvel durante e depois do evento. Para alcanar os
resultados esperados foi trabalhado entrevistas com os antigos moradores de Ipor e membros
religiosos da Igreja Catlica os quais contriburam bastante, podendo conhecer um pouco
mais de nossa histria e cultura. Tambm foram utilizados questionrios com os comerciantes
da festa para conhecer melhor o perfil dos barraqueiros e tambm ter uma viso panormica
do que representa este evento para as pessoas que vem trabalhar em Ipor nesse perodo.
Ainda foi observado informaes atravs de registros de festas anteriores a fim de verificar se
ocorreram melhorias de um ano para o outro na infra estrutura, e quais as medidas adotadas
pelos responsveis do evento, sendo confirmado que no ocorreram mudanas de melhoria e
que preciso repensar a organizao e funcionalidade da mesma, visto que h certa
indignao por parte das pessoas que trabalham nesse evento. Portanto a Festa de Maio
considerada o maior acontecimento comercial e religioso da cidade, o qual poderia ser
trabalhado pelos rgos competentes a fim de classificar o evento como o maior arrecadador
de recursos para o municpio e ainda divulgar as potencialidades comerciais de Ipor.
Palavras Chaves: Religio, festa comercial, romaria, comerciantes
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ABSTRACT
The popular and religious parties translate the culture popular, the language of the people and
everything what it comes of it and of its soul. These celebrations reaffirm bows and roots that
approach the men, put into motion and rescue souvenirs and emotions, (Frey Hermnio,
1985). This sample that the parties are complex social facts, joint of ceremonies, collective
rituals that aim at celebrations of religious and profane matrix. For the IPOR-GO city, it is
not different, the Party in Louver Ours Mrs. Auxiliadora, comes of meeting with the necessity
to reaffirm the bows and roots that approach the men. We see despite during the same one he
has one real trend in profits, which desperation the curiosity to be analyzing the profile
economic and religious partner of the same one, thus explaining the interest in raising given
that they could clarify as if of this union. This monographic work aimed at to get information
thus to take to the knowledge of the iporaense society that the Party of May is not alone an
amusement moment, but yes also a moment of reflection and worship the Pardoner of the city
of Ipor, being clearly that it is needed to know to join the useful one to the pleasant one,
searching independence financial, but not forgetting the cultural beliefs and values. This
commercial religious event and also popularly called Party of May happens in Ipor has some
years, being represented two sides, Sacred, that if the experience the religious part of the party
with pilgrimages where it happens the prayers, tierces, louvers, reading of the word and the
auctions and the Profane one, that experience the commercial part, where it has drunk, tents of
show, dances, the commercial part which attracts a considerable public transforming this
party into a great event. The Party of May without a doubt also fulfills a necessity of the local
entertainment and of the region, contributing for the procedure corrupted of the collective in
the wild consumption, unbalancing the local economy mainly and collaborating still in the
pollution of the visible garbage during and after the event. To reach the waited results it was
worked interviews with the old inhabitants of Ipor and religious members of the Church
Catholic which had contributed sufficiently, being able to know a little more than our history
and culture. Also questionnaires with the traders of the party had been used to better know the
profile of the barraqueiros and also to have a panoramic vision of what it represents this event
for the people that comes to work in Ipor in this period. Still it was observed information
through registers of previous parties in order to verify if improvements of one year for the
other in the infra structure, and which had occurred the measures adopted for the responsible
ones of the event, being confirmed that improvement changes had not occurred and that she is
necessary to rethink the organization and functionality of the same one, since has certain
indignation on the part of the people who work in this event. Therefore the Party of May is
considered the biggest commercial and religious event of the city, which could be worked by
the competent agencies in order to classify the event as the tax collecting greater of resources
it city and still to divulge the potentialities commercial of Ipor.
Key words: Religion, commercial party, pilgrimage, traders
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LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1. Localizao de Ipor no Estado de Gois.................................................................24
Figura 2. Mapa de localizao do municpio de Ipor.............................................................25
Figura 3. Procisso do Fogaru na Cidade de Gois...............................................................30
Figura 4. Percurso da Festa de Maio........................................................................................33
Figura 5. Imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, Padroeira de Ipor....................................34
Figura 6. Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosrio..................................................................35
Figura 7. Permetro da Avenida 24 de outubro, festa de maio 2009.......................................37
Figura 8. Permetro da Avenida XV de novembro, festa de maio 2009.................................37
Figura 9. Confraternizao aps os leiles..............................................................................60
Figura 10. Alvorada com a Banda da Polcia Militar de Ipor...............................................61
Figura 11. Missa do Envio......................................................................................................62
Figura 12. Fiis depois da Missa do Envio..............................................................................62
Figura 13. Show Gospel com Jonny........................................................................................63
Figura 14. Sada da Praa Joo Paulo II at a residncia de D. Duzinha................................64
Figura 15. Chegada da carreata e recebimento da Santa por D. Duzinha...............................64
Figura 16. Preparao das prendas para os leiles...................................................................65
Figura 17. Preparao dos leiles, doces, bolos, na residncia de D. Eva..............................66
Figura 18. Celebrao da romaria na residncia de D. Eva.....................................................67
Figura 19. Adorao e louvor na entrada da Santa at ao altar...............................................67
Figura 20. Missa da Famlia e dos Colaboradores...................................................................68
Figura 21. Missa dos Romeiros e Equipes de Trabalhos.........................................................68
Figura 22. Procisso com fiis carregando o andor.................................................................68
Figura 23. Festeiros homenageando a Santa com flores..........................................................69
Figura 24. Coroao de Nossa Senhora Auxiliadora Padroeira de Ipor................................70
Tabela 1. Referente ao valor cobrado pelo ramo de atividade, pela Prefeitura.......................54
Tabela 2. Tema da romaria 2009, PALAVRA DE DEUS: Luz na Caminhada e os sub
temas trabalhados em cada noite nas romarias e seus animadores...........................................59
10
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1. Tempo que participa da Festa de Maio..................................................................39
Grfico 2. Organizao da Festa de Maio pela Prefeitura.......................................................40
Grfico 3. Valor da alimentao..............................................................................................40
Grfico 4. Dificuldades encontradas durante a Festa..............................................................41
Grfico 5. Valor dos lotes........................................................................................................42
Grfico 6. Segurana no perodo da Festa...............................................................................42
Grfico 7. Prejuzo durante a Festa..........................................................................................43
Grfico 8. Desistir da Festa......................................................................................................44
Grfico 9. Mudana do local da Festa de Maio.......................................................................44
Grfico 10. Tratamento do lixo................................................................................................45
Grfico 11. Gastos durante a Festa..........................................................................................46
Grfico 12. Local de origem....................................................................................................46
Grfico 13. Nmero de barracas do ano de 2005.....................................................................52
Grfico 14. Nmero de barracas do ano de 2006.....................................................................52
Grfico 15. Nmero de barracas do ano de 2007.....................................................................53
Grfico 16. Nmero de barracas do ano de 2008.....................................................................53
Grfico 17. Nmero de barracas do ano de 2009.....................................................................54
Grfico 18. Ocorrncias...........................................................................................................55
Grfico 19. Nmero de ocorrncia mensal..............................................................................56
11
SUMRIO
INTRODUO......................................................................................................................12
1. FESTA POPULAR BRASILEIRA TPICA RELIGIOSA............................................15
1.1. Festa da Cultura Brasileira.............................................................................................17
1.2. Religiosidade e Festa........................................................................................................18
1.3. Religio e suas Percepes no Espao Geogrfico........................................................20
1.4. Lugar Sagrado e Profano................................................................................................21
2. A HISTRIA DE IPORGO, ASPECTO ECONMICO, CULTURAL E
E TURSTICO RELIGIOSO...............................................................................................23
2.1. Localizao do Municpio de Ipor GO......................................................................24
2.2. Economia em Ipor GO: Pecuria e Agricultura......................................................25
2.3. Turismos Religiosos e Legado Cultural.........................................................................26
3. CULTURA E RELIGIO DO POVO IPORAENSE.....................................................32
3.1. Origem da Festa da Padroeira de Ipor........................................................................34
3.2. O Perfil Scio Econmico e Religioso da maior Festa Popular de Ipor...................36
3.3. Caractersticas da Organizao da Festa......................................................................50
3.4. Demonstrativo do nmero de Barracas na Festa de Maio, por Ramo de
Atividades.............................................................................................................................. 51
4. RITUAL DA FESTA EM HOMENAGEM A PADROEIRA DE IPOR, NOSSA
SENHORA AUXILIADORA................................................................................................58
4.1. Romaria e Procisso.........................................................................................................62
4.2. Preparao das Romarias...............................................................................................65
CONCLUSO.........................................................................................................................72
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................75
12
INTRODUO
A religio um fato social universal, sendo encontrada em toda parte desde os
tempos mais remotos, pois toda sociedade conhece alguma forma de religio. Ao longo da
histria surgiram muitas formas de manifestaes religiosas, algumas desapareceram e outras
existem at hoje, congregando milhes de fiis, a crena em algum tipo de divindade e o
sentimento religioso so fenmenos generalizados em todas as sociedades.
Diante das mais diversas culturas, o culto ao sobrenatural apresenta-se como fator
de estabilidade e de obedincia s normas sociais. As religies e as liturgias se diferem, mas o
aspecto religioso bem evidente, as pessoas procuram no misticismo e no sobrenatural
alguma coisa que lhes transmitam paz de esprito e segurana, por isso a religio sempre
representou uma funo social indispensvel.
Atravs da f sabe-se que o universo foi criado pela palavra de Deus, sendo assim
o homem por hbito costuma se apegar a alguma coisa para confirmar e manter sua f, com
uma finalidade s, procurar fazer o bem e refutar aquilo que dizem ser pecado ou mal. O
Brasil por ser um pas Catlico e pelo sentimentalismo religioso as comunidades tem por
costume elegerem um santo ou santa que adoram como protetor especial. E na cidade de Ipor
no diferente, visto que desde a dcada de 1930, comemora-se a festa da Padroeira Nossa
Senhora Auxiliadora.
Sendo assim a tradicional Festa de Maio acontece todos os anos em detrimento
dessa comemorao a Padroeira da cidade de Ipor, a qual gera transtornos para alguns que
no so amantes da festa, enquanto para outros so momentos que lhe asseguram algum
dinheiro a mais, e ainda tem aqueles que so devotos da mesma e esperam com alegria o dia
da Padroeira Nossa Senhora Auxiliadora.
O presente trabalho busca dentre a pluralidade de aspectos que permeiam a festa
da Padroeira de Ipor, Nossa Senhora Auxiliadora, popularmente conhecida como Festa de
Maio investigar o Perfil Socioeconmico e Religioso da Festa no perodo de 2005 a 2009,
por meio de pesquisas, entrevistas e visitas in loco.
Com o intuito de transmitir informaes e pelo pouco material disponvel sobre esse assunto,
e com o desejo de que as geraes futuras tenham conhecimento da cultura, da histria e
busquem preservar ou mesmo resgatar o passado, pretende-se com esse trabalho ainda, manter
vivas as tradies da Festa de Maio, onde a sociedade aguarda ansiosamente durante todo o
ano, demonstrando sua f pela santa Nossa Senhora Auxiliadora, e tambm tenha
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oportunidade de se divertir ricos e pobres desfrutando do mesmo ambiente, mostrando o valor
cultural para a comunidade local.
As festas de padroeiras geralmente vivenciam o sagrado e o profano, resultando
da o turismo religioso que movimenta as atividades econmicas do municpio, devido
comercializao que se estende em funo da mesma, contribuindo de forma tanto negativa
quanto positiva para o local, pois no h dvida de que o turismo uma das mais importantes
atividades relativas produo de capital.
No que se refere Festa de Maio, o sentimento de religiosidade que envolve a
comunidade catlica especificamente, visvel cada vez mais, na participao, no sentido de
doaes, dos leiles, ofertas em dinheiro para a Parquia Nossa Senhora do Rosrio, e
servios voluntrios por parte dos fiis mediante a f, porm, uma minoria de pessoas no
seio da sociedade que participam do lado religioso da festa, se comparada ao movimento da
festa comercial.
A tradicional festa de maio tratada por boa parte da populao iporaense como
uma das atividades econmicas mais importantes para o municpio, pois a mesma tem-se
divulgado e crescido muito nesses ltimos cinco anos, mesmo deixando efeitos negativos no
seio da sociedade iporaense, como, marasmo1 no comrcio local, inadimplncia e dvidas,
sendo que as mesmas so contradas pelo excesso de consumismo diante da diversidade de
opes e atraes que so apresentadas.
Durante o perodo da festa de maio o lixo acumulado que fica exposto nas
proximidades das avenidas XV de novembro e 24 de outubro onde acontece a mesma,
chamam a ateno, pois alm do mau cheiro ainda atrai insetos que vo de alguma forma
contaminar os alimentos que so vendidos nestes locais, importante ressaltar ainda que no
h uma fiscalizao adequada da Vigilncia Sanitria. Dessa forma preciso que as
autoridades competentes de Ipor tomem providncias quanto coleta e armazenagem do lixo
principalmente neste perodo.
Neste trabalho ser levantado o problema da violncia no perodo da festa de
maio, a qual gera transtornos para a populao local, pois a violncia uma expresso que
caracteriza o fenmeno social de um comportamento transgressor e agressivo, o qual
determinado por valores sociais, culturais, econmicos, polticos e morais de uma sociedade.
Geralmente no perodo das festas atos de agresso fsica acontecem normalmente pela grande
ingesto de bebidas alcolicas, principalmente por parte de crianas e adolescentes.
1 Fraqueza extrema; Desnimo. Inrcia; inatividade.
14
Sabe-se que a venda de bebidas alcolicas a menores so proibidas, a Lei 8069 de
1990. Art. 81 estabelece que proibida a venda de bebidas alcolicas crianas e
adolescentes; o Art. 2. Considera crianas, para efeitos desta Lei, a pessoa at doze anos de
idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade incompleto. O
Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei 8.069/90) ainda diz que: no s probe a venda de
bebidas alcolicas criana ou adolescente (art. 81, II), como para quem desobedece, estipula
pena de recluso, de dois a quatro anos e multa (art. 243). Mesmo diante da Lei comerciantes
vendem, mostrando assim que a fiscalizao falha. Neste perodo ainda comum o aumento
de roubos nas residncias e comrcio local.
Por tanto este trabalho de pesquisa tem como foco, mostrar para a comunidade
iporaense o Perfil Socioeconmico e Religioso da Festa de Maio no perodo de 2005 a 2009, a
fim de esclarecer as dvidas que envolvem desde a origem da Festa em comemorao a
padroeira at a festa com as barraquinhas, as atividades religiosas e a comercializao local,
inclusive sobre a finalidade do dinheiro arrecadado pela Igreja com as romarias e pela
Prefeitura atravs dos aluguis dos pontos2.
2 Espao loteado pela Prefeitura e alugado para as pessoas que vo expor suas mercadorias.
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1. FESTA POPULAR BRASILEIRA TPICA RELIGIOSA
As festas populares brasileiras tm grande influncia no cotidiano da sociedade,
fazendo com que ocorra um momento de descontrao, levando as pessoas a sarem de sua
rotina e da sua atividade produtiva, isso ocorre de fato por sua natureza intrinsecamente
diversional, comemorativa e at por sua alegria e celebrao, pois um acontecimento que
envolve toda a sociedade significando mais do que um elemento de diverso, mas quebrando
a rotina e valorizando a natureza social em si.
A festa uma necessidade social em que se opera uma superao das condies normais de vida. (...) um acontecimento que se espera, criando-se assim uma
tenso coletiva agradvel, na esperana de momentos excepcionais. (...) A festa a
expresso de uma expansividade coletiva, uma vlvula de escape ao
constrangimento da vida quotidiana. Da economia passa-se prodigalidade; da
discrio exuberncia. Surgem as manifestaes de excesso, nos mais ricos por
ostentao, nos mais pobres por compensao, (Birou, 1966: p. 166).
No existe povo sem festa, pois a mesma revela a cultura, o folclore, e a f de uma
comunidade ou grupo de pessoas. Num mundo marcado pela indiferena e pelo egosmo, a
festa constitui um espao de alegria e amizade, onde as pessoas se confraternizam e irmanam.
A qual uma forma de libertao e uma busca de novos caminhos de liberdade.
As festas populares brasileiras esto intrinsecamente relacionadas aos contatos
culturais, pois toda festividade um ato coletivo, onde o critrio da participao tem papel
fundamental, fazendo com que vrias classes sociais participem, esses momentos so de
encontro, recriao e revitalizao das energias.
A origem primitiva da festa era propiciar um descanso entre as vrias tarefas
agrcolas e pastoris. Para os povos primitivos3 a rotina e a monotonia do trabalho eram
quebradas com o esperado momento da festa. Esta alternncia entre o trabalho e a festa era de
grande importncia para o grupo humano. Ela era esperada como um prmio de consolao e
um momento de deixar para trs a amargura, todo sofrimento e toda tristeza. Esta
caracterstica festiva, presente em todos os povos e culturas, tambm est presente na Sagrada
Escritura. A Bblia faz questo de destacar esse carter humanista da festa, que liberta o
homem e a mulher da escravido do trabalho penoso, referindo que, a semana de sete dias
exige merecido descanso. O livro do xodo destaca o stimo dia como o grande dia do
descanso tambm para animais, para os servos e para os estrangeiros: Durante os seis dias
3Que o primeiro a existir; que precede. Que tem a simplicidade, o carter das primeiras eras. Igreja primitiva, a
Igreja dos primeiros tempos do cristianismo.
16
fars os trabalhos e no stimo descansars, para que descanse o teu boi e o teu jumento, e
tome alento o filho de serva e o estrangeiro (Ex. 23,12).
A Escritura ainda chama a ateno com relao ao perigo dos cultos pagos4, nos
quais a embriaguez, a licenciosidade sexual5 e a dana orgistica
6 eram consideradas como
mediaes religiosas para se alcanar a fecundidade. O pecado do povo de Israel estava
relacionado com a celebrao desses abusos, porm, isto no significa a excluso da alegria e
da vibrao das festas judaicas. No entanto, h muitas festas vazias, que no preenchem a
solido do corao humano, pois h muita diverso7 superficial
8 e alienante
9 e que ainda por
falta de limite e conscincia de alguns acabam em tragdias, desespero e mortes.
Qualquer que seja a religio, primitiva ou moderna, dois elementos despertam a
ateno do observador; as crenas e os ritos. Outro fenmeno importante no fenmeno
religioso o da classificao das coisas em sagradas e profanas. Eis o que diz Durkheim
(1989: p.452), a respeito:
Os fenmenos religiosos colocam-se naturalmente em duas categorias fundamentais: as crenas e os ritos. As primeiras so estados de opinio e consistem
de representaes; as segundas constituem tipos determinados de ao. Entre estas
duas ordens de fato est toda a diferena que separa o pensamento do movimento.
Os ritos podem ser definidos e distinguidos das outras prticas humanas,
especialmente daquelas morais, apenas pela natureza particular do seu objeto. Uma
lei moral se prescreve de fato, exatamente como um rito, so modos de agir que se
voltam, porm a objetos de um gnero diverso (...). Todas as crenas religiosas
conhecidas, sejam elas simples ou complexas, tm um mesmo carter comum:
pressupem uma classificao das coisas reais ou ideais que se apresentam aos
homens, em duas classes ou em dois gneros opostos, definidas geralmente com dois
termos distintos traduzidos bastante bem pelas designaes de profano e sagrado. A diviso do mundo em dois domnios que compreendem um: tudo o que sagrado,
e o outro: tudo o que profano, o carter distintivo do pensamento religioso: as
crenas, os mitos as gnomas, as lendas so representaes, ou sistemas de
representaes que exprimem a natureza das coisas sacras, as virtudes e os poderes a
elas atribudos, sua histria, suas relaes recprocas e com as coisas profanas. Mas
por coisas sagradas no preciso entender apenas aqueles seres pessoais que vm
denominados com deuses ou espritos: uma rocha, uma rvore, uma fonte, uma
pedra, um pedao de lenha, uma casa, em suma, qualquer coisa pode ser sagrada.
De acordo com o autor mile Durkheim, pode-se dizer que as coisas sagradas so,
por exemplo, os objetos do culto, as pessoas do culto e os prprios seres cultuados. Podemos
4So festas que no possuem qualquer ligao com religiosidade. O carnaval, por exemplo.
5 Sensualidade exagerada, conduta marcada por desejo sexual irrestrito voluntariamente pervertido.
6Dana que desperta fantasia ertica do ser humano.
7 Distrao, recreio, passatempo.
8 Relativo superfcie de um corpo: tenso superficial, diz-se daquilo que no tem importncia, sem nexo.
9 Ao de alienar: alienao de uma propriedade. Perda da razo, loucura: alienao mental. Estado da pessoa
que, tendo sido educada em condies sociais determinadas, se submete cegamente aos valores e instituies
dadas, perdendo assim a conscincia de seus verdadeiros problemas.
17
observar que a gua benta dos catlicos tem um significado bem diverso da gua comum. O
sacerdote inspira um respeito especial para os fiis. As coisas sagradas exigem certa postura
de respeito e apresentam, quase sempre, uma caracterstica de tabu10
. Pois no se deve toc-
las impunemente, no se deve delas comer a no em certas circunstncias, dentro do
cerimonial em geral.
1.1. Festa da Cultura Brasileira
No Brasil ocorrem as mais diversas manifestaes festivas, as festas populares e
religiosas, manifestando a cultura popular, a linguagem do povo, reafirmando os laos sociais
e razes que aproximam os homens, movimentando e resgatando lembranas e emoes, um
fenmeno de natureza scio-cultural, permeando toda a comunidade do lugar, o que significa
uma pausa na rotina diria e nas atividades produtivas.
A religiosidade nas festas so fatos que se destacam entre os indivduos, ou seja,
so momentos onde cada indivduo manifesto sua f e comunho com o Divino, momentos
esses que elevam suas mais profundas esperanas a fim de receber ou mesmo agradecer uma
graa alcanada ou que ainda espera alcanar.
As festas no caso brasileiro se ligam especialmente religio, embora nem
sempre os sentimentos de participao dos indivduos nas festas, que envolve manifestaes
religiosas, sejam uma realidade, criando conflitos com a Igreja, pois na maioria das vezes a
participao popular se d mais pelo fato turstico, do divertimento e alegria, do que pelo
aspecto religioso propriamente dito do evento, criando tambm espao para o encontro e para
o convvio descontrado e livre das pessoas fora das relaes convencionais, apressadas e
competitivas de cada dia.
O estudo das festas no pode ser feito de forma aleatria, preciso correlacionar
com a vida diria, suas rotinas e em particular com o modo de trabalho de cada um, pois as
festas esto contidas no universo do momento de lazer, ou seja, aqueles momentos em que
todos participam sem distino de raa, cor, etnia, credo religioso ou poder social. O Brasil
sem dvida um pas com uma rica variedade religiosa. A qual se deve em funo da
miscigenao cultural, devido aos vrios processos imigratrios, assim encontramos em nosso
10
Ao, um objeto, uma pessoa ou um lugar proibido por uma lei ou cultura. A palavra tabu vem da palavra
polinsia tapu, que significa algo sagrado, especial, perigoso ou pouco limpo. Muitas sociedades acreditam que
se uma pessoa for a um lugar tabu ou tocar em um objeto tabu, sofrer srios danos. Alm disso, a sociedade
poder puni-la severamente ou consider-la um tabu. Os objetos ou pessoas sagrados so tabus porque
supostamente tm uma fora misteriosa que lhes permite ferir ou matar uma pessoa. Objetos pouco limpos so
tabus porque supostamente trazem o mal a uma pessoa ou a um grupo.
18
pas uma diversidade de religies (crist, islmica, afro-brasileira, judaica, etc.). Sendo assim,
o Brasil por possuir um Estado Laico11
apresenta liberdade de culto religioso e tambm a
separao entre o Estado e a Igreja.
1.2. Religiosidade e Festa
Desde a antiguidade as festas sempre tiveram grandes influncias no imaginrio
das pessoas, pois alm de ser um momento de relaxar as tenses dirias ainda tinham uma
ligao com a religiosidade acentuada na idia de divinao do ato de ao de graas aos
deuses tidos como pagos pela f crist, de acordo com a referncia direta aos cultos
politestas de diversas sociedades tanto da antiguidade como de outras temporalidades e
espacialidades. a partir da Idade Mdia, que as festas assumem definitivamente um papel
claro de evangelizao passando por processo de doutrinamento e normatizao, o qual
pudesse controlar os instintos profanos da cristandade nascente, assumindo no decorrer da
histria papis e funes variadas s quais podem ser utilizadas nas diversas intenes de
regulamento ou dominao, especialmente nos perodos revolucionrio.
Para Durkheim (1968):
(...) toda festa, mesmo quando puramente Laica em suas origens, tem certas caractersticas de cerimnia religiosa, pois, em todos os casos ela tem por efeito
aproximar os indivduos, colocar em movimento as massas e suscitar assim um
estado de efervescncia, s vezes mesmo de deliro, que no desprovido de
parentesco com o estado religioso. [...] Pode-se observar, tambm tanto num caso
como no outro, as mesmas manifestaes: gritos, cantos, msica, movimentos
violentos, danas, procura de excitantes que elevem o nvel vital etc. Enfatiza-se
freqentemente que as festas populares conduzem ao excesso, fazem perder de vista
o limite que separe o licito do ilcito (p.547/8).
preciso que as festas religiosas sejam vistas como objeto de estudo dentro da
discusso da cultura popular12
permitindo assim compreend-la diante da dinmica da
sociabilidade, visto que as mesmas ocupam um lugar de destaque na vida de toda
comunidade.
11
o Estado sem religio, ou melhor, que no prega nenhuma religio, sendo esta de livre escolha de seus
cidados. Conforme De Plcido e Silva: LAICO. Do latim laicus, o mesmo que leigo, equivalendo ao sentido de secular, em oposio do de bispo, ou religioso. (SILVA, 1997: p. 45). 12
a cultura do povo, resultado de uma interao contnua entre pessoas de determinadas regies.
19
A relao das festas populares com as religies um espao de lazer crtico e
criativo que pode em muito ajudar os indivduos a viverem participando mais das decises
importantes de suas vidas. O lazer em sua dimenso de processo educativo tem um grande
poder para contribuir no apenas no descanso que lhe so prprios, mas especialmente no
desenvolvimento pessoal e social das pessoas e comunidades.
Entretanto, para o povo, religio e festas so assuntos importantes na vida diria,
podendo constatar na realidade do dia a dia das camadas populares, quando a rotina do dia-a-
dia vrias vezes durante o ano interrompida atravs da organizao ou da participao em
diversas festas, marcando essa interrupo com o trabalho em prol das mesmas. Dessa forma
para as pessoas que organizam essas festas, no representam propriamente somente momentos
de lazer, mas de trabalho, intenso e prazeroso, no seu preparo e na sua realizao.
As festas religiosas parecem representar, portanto, um espao ilusrio diferente,
onde o homem se liberta do constrangimento das hierarquias econmicas e sociais, propondo
seus ideais ou imaginando seu futuro.
Segundo Carlos Rodrigues Brando, ao estudar as festas do interior de muitos
estados brasileiros e a importncia da mesma para a vida dos povos que a realizam e
participam, observa que a festa o lugar simblico onde cerimonialmente separam-se o que
deve ser esquecido e, por isso mesmo, em silncio no festejado, e aquilo que deve ser
resgatado da coisa ao smbolo, posto em evidncia de tempos em tempos, comemorado,
celebrado, (Brando, 1989: p.8).
Durkheim (1989: p. 452), tambm ressalta a importncia dos elementos
recreativos e estticos para a religio, comparando-os a representaes dramticas e
mostrando, que s vezes difcil assinalar com preciso as diferenas entre rito religioso13
, as
quais vo de alguma forma mostrar como se deve comportar diante das coisas sagradas, e
divertimento pblico14
.
As manifestaes religiosas ocorrem deste os tempos mais remotos e so de tal
modo difundidas que fica difcil pensar o Homem sem Religio, possvel se chegar
religio de vrias maneiras, e a mais evidente atravs da famlia, pois a famlia a primeira
instituio a educar cada indivduo.
13
So regras de conduta que prescrevem como o homem deve comportar-se em relao s coisas sagradas. 14
Momento em que um grande nmero de pessoas se diverte destacando o lado profano das coisas.
20
1.3. Religio e suas Percepes no Espao Geogrfico
A religio na percepo geogrfica tem grande importncia para a compreenso
da pluralidade religiosa no espao social, tendo como objetivo principal chamar a ateno
para a anlise do espao das religies, sobretudo no Brasil, onde as religies desempenharam
um importante papel na formao histrico-cultural e, na atualidade, vm conquistando cada
vez mais espao na sociedade brasileira.
Sabe-se que a religio um fenmeno tipicamente humano e sempre esteve
presente na histria da humanidade e, no raramente, influenciou de maneira profunda seu
decurso15
, pois no existe povo isento de religio, mesmo que se manifeste ateu, materialista
ou desenvolvido demais para toler-la. Pois essa tolerncia religiosa refere-se atitude
respeitosa e convivial diante das confisses de f diferentes da sua..
Entende-se, por tolerncia, a capacidade de admitir modos de pensar, agir e de
sentir diferente de uma pessoa ou de grupos determinados, podendo ser grupos polticos ou
religiosos. Tolerncia a capacidade de aceitar o outro, sobretudo quando este estranho,
extico, diferente daquilo que conhecemos e aceitamos como certo normal ou verdadeiro. E
para que haja tolerncia fundamental o conhecimento do outro que diferente de ns.
Geralmente, a intolerncia a expresso do preconceito em relao ao outro que diferente, e
tambm fruto do desconhecido ou de um deturpado ou falso conhecimento da realidade do
outro, por exemplo, quando se diz, que os catlicos tm uma f falsa por idolatrar imagens
comete-se intolerncia religiosa.
O ser humano s ou em grupo percebe o mundo como centro, embora variem
intensamente entre as pessoas ou grupos sociais, podendo distinguir-se como egocntricos16
e
etnocntricos17
, fantasia que consegue sobreviver aos desafios da experincia diria, um trao
humano comum.
O espao geogrfico, principalmente das festividades de origem religiosa
delimitado no pelo relevo ou diviso territorial da poltica, mas pela manifestao da f
15
Que decorreu; decorrido, passado, transcorrido: tempo decurso. Ato de decorrer; tempo de durao, sucesso
(no tempo): o decurso de um reinado. A extenso (pelo tempo que leva a percorrer); percurso: decurso do
caminho. No decurso de, durante. 16
uma caracterstica de pessoas que acreditam que o mundo gira em torno delas e em torno das vontades delas,
no conseguem se colocar no lugar de outras pessoas ignoram os sentimentos dos outros, na verdade nem
enxergam os outros como pessoas que tambm tm sentimentos, no admitem que suas vontades no sejam
atendidas. 17
um conceito antropolgico, segundo o qual a viso ou avaliao que um indivduo ou grupo de indivduos
faz de um grupo social diferente do seu apenas baseada nos valores, referncias e padres adotados pelo grupo
social ao qual o prprio indivduo ou grupo fazem parte.
21
popular, geralmente as relaes entre geografia e religio so deturpadas devido s influncias
do positivismo e da crtica social marxista na geografia. Geografia e religio aparentemente
no demonstram nenhuma ligao, podendo dizer que as mesmas so prticas sociais, pois a
ligao entre geografia e religio se d atravs da dimenso espacial, a geografia analisa o
espao e a religio o fenmeno cultural.
A religio uma manifestao coletiva que engendra fortes sentimentos de
identidade entre os seus integrantes, os fiis no apenas de unem para manifestarem a sua f,
mas tambm para organizarem os meios de propag-la e transmitir.
1.4. Lugar Sagrado e Profano
Os fenmenos religiosos se manifestam num momento histrico e no h fato
religioso fora do tempo, existem dois tipos de tempo, o Sagrado e o Profano. Para Rosendahl
(1999: p.87), o espao sagrado um campo de foras e valores que eleva o homem religioso
acima de si mesmo, que o transporta para um meio distinto daquele no qual transcorre na
existncia.
Rosendahl diz que:
O Sagrado e o Profano se opem e ao mesmo tempo se atraem, porm jamais se misturam. H uma aptido do homem em reconhecer o Sagrado, como que uma
disponibilidade ao Divino, o homem religioso busca um poder transcendente que o
Sagrado contm. O poder um atributo do Sagrado e no discurso religioso significa
fora compulsiva e imprevisvel, (1999: p. 95).
Assim a capacidade religiosa capacita o homem a distinguir o sagrado do espao
no sagrado. Pois os espaos so demarcados pelo poder da mente de explorar muito alm do
percebido, os homens no apenas criam espaos sagrados, mas tambm procuram materializar
seus sentimentos, imagens e pensamentos neles.
O espao Profano diferencia pelos atos privados de significao religiosa, pois o
homem Religioso vive duas modalidades de tempo e para ele o mais importante o tempo
sagrado porque o faz reintegrar atravs da linguagem dos ritos organizando as foras da
sociedade e da natureza satisfazendo assim, as necessidades intelectuais e psicolgicas.
Porm, paralelamente o tempo profano aflora, fazendo surgir o turismo religioso que alm de
22
evidenciar o mundo do cio18
e o mundo da produo, carrega conceitos de repetio do
passado, ou seja, percorrer profisses do passado, andar pelo mesmo caminho dos nossos
antepassados, repetirem suas tradies algo prazeroso que alimenta o imaginrio coletivo.
preciso notar que a experincia religiosa se localiza no interior e nos limites de
dois mundos: o mundo Profano e o mundo Sagrado, vivenciados no como fechados um para
o outro, mas em contnua interao, o mundo Sagrado impregna o Profano na medida em que
dele se utiliza para revelar-se.
Nesse sentido, considera-se sagrado tudo o que esta ligado religio, magia,
mitos, crenas. A concepo do Sagrado manifesta-se sempre como uma realidade diferente
das naturais, em qualquer tipo de religio, repassando ao extraordinrio, ao anormal19
, ao
transcendental20
, ao metafsico21
, ou seja, quando o processo tratado como um fato natural,
biolgico, normal, estamos no campo Profano, de tudo aquilo que no sagrado.
O sagrado est diretamente ligado ao divino, o objeto sagrado no um objeto
divino, porm, um objeto que permite a ligao com o divino. Pois, estando relacionado
divindade evoca terror e fascnio, a divindade a que o sagrado provoca uma ligao, uma
fora que vence e ajuda a vencer, assim como fracassa e faz fracassar, um poder que no se
pode definir, que est em todo lado, mas no se pode localizar em lado nenhum. Enquanto o
profano um assunto mais complexo, tudo o que no esta ligado religio profana, Micea
Eliade (2002, p.48), diz que, em certas comunidades, o sagrado est presente em todo o lado:
tudo o que faz parte da existncia sagrado. Nestes casos, onde o sagrado domina, onde
poderemos encontrar o profano? A resposta simples, no o encontramos.
Mesmo o sagrado se opondo ao profano, complexo separar um do outro, visto
que esto sempre juntos como supe Durkheim (1983: p. 363) (...) um supe o outro,
porm, eles no deixam de ser diferentes e, ainda que seja apenas para compreender as suas
relaes necessrio conceitu-lo
18
O no fazer nada. / Tempo de que se pode dispor; descanso, repouso; vagar. / Preguia, vadiagem. /
Ociosidade. 19
Contrrio ordem habitual das coisas, normal; irregular, anmalo: desenvolvimento anormal de um rgo;
temperatura anormal; Indivduo anormal; desequilibrado, louco. 20
Que pertence razo pura, a priori, anteriormente a qualquer experincia, e que constitui uma condio prvia
dessa experincia: segundo Kant, o espao e o tempo so dois conceitos transcendentais. (Esta palavra no deve
ser confundida com transcendente, pela qual por vezes erradamente empregada). 21
o estudo do ser ou realidade que se ocupa em procurar responder perguntas.
23
2. A HISTRIA DE IPORGO, ASPECTO ECONMICO, CULTURAL E
TURSTICO RELIGIOSO
Ipor surgiu oficialmente, na fundao do Arraial Piles nas margens direita do
Rio Claro, em 1748. Comeou com a construo de uma bela igreja em estilo colonial, sede
da Parquia do Senhor do Bom Fim, do Quartel da Guarda Real e de alguns casares, alm de
um monte de ranchos de garimpeiros. Nessa poca Ipor era apenas uma guarnio militar dos
drages (polcia real portuguesa), a qual era responsvel pela empresa de explorao de
diamantes, dos empresrios Felisberto e Joaquim Caldeira Brant, irmos paulistas que j
trabalhavam no ramo de minerao em Gois desde 1735, nas lavras de ouro.
Piles sediou o Governo itinerante do Governador da Capitania de So Paulo,
Gomes Freire de Andrade, no final de 1748 e incio de 1749, quando aqui esteve com o
propsito de demarcar as frentes de servios para os Brant, e ainda desmembrar Gois de So
Paulo.
Aps esse perodo de explorao de diamantes, Piles passou a ser um entreposto
comercial entre Vila Boa de Gois e Cuiab. Durante o Imprio, por Decreto provincial de 05
de julho de 1833, foi elevado a Distrito de Vila Boa, com o nome de arraial de Rio Claro, e a
Igreja passou a se chamar Parquia de Nossa Senhora do Rosrio, nome esse at nos dias
atuais.
Pelo Decreto-lei 557, de 30 de maro de 1938, o povoado Rio Claro, que at ento
estava sediado s margens do crrego Tamandu, passou a se chamar Itajub, e foi
oficializado pelo Decreto-lei 1.233, de 31 de outubro do mesmo ano e logo em seguida
rebatizado com o nome de Ipor, que significa guas Claras, em linguagem indgena, pelo
Decreto-lei 8.305, de 31 de dezembro de 1943.
Ipor desenvolveu-se rapidamente, impulsionado pela agricultura e pecuria.
Aps dez anos, o povoado foi elevado de Distrito de Gois Velha, a Municpio, pelo
Decreto-lei Estadual de n 249, de 19 de novembro de 1948. A Prefeitura foi instalada em 01
de janeiro de 1949, tomando posse como Prefeito nomeado, o Ten. Luiz Alves de Carvalho,
administrando a cidade at 16 de maro do mesmo ano, data em que foi empossado o primeiro
Prefeito eleito, Israel de Amorim e ainda os setes Vereadores da primeira legislatura
municipal. Pela Lei Estadual de n 700, de 14 de novembro de 1952, foi elevada a Comarca,
passando a ter o seu prprio Frum.
24
2.1. Localizao do Municpio de Ipor GO
O municpio de Ipor est situado na meso regio denominada Centro Oeste
Goiano e na micro regio de Ipor, no Estado de Gois, banhado pelos rios Claro e Caiap, os
ribeires Santa Marta e Santo Antnio e vrios crregos, com destaque para o Crrego
Tamandu, que corta a rea urbana ao meio. Veja a Figura 1, onde mostra o mapa de Gois
com a localizao de Ipor.
Administrativamente no conta com nenhum distrito, entretanto abriga os
povoados de Jacinpolis, Cruzeirinho, Jacuba, Cocolndia, Cedro, Bugre, alm de diversas
comunidades rurais. O permetro urbano ocupa 14.09 km, representando 1,37% da rea total
do municpio, que de 1.045 km. Ipor, esta a 216 km da capital do Estado, Goinia, ligada
pelo GO-060, toda asfaltada, e est a 400 km da capital federal, Braslia.
25
O Municpio de Ipor faz divisas com os seguintes municpios: Ao Norte:
Diorama, Jaupaci e Israelndia; Ao Sul: Amorinpolis e Ivolndia; A Leste: Moipor e
Ivolndia; A Oeste: Arenpolis, como podemos ver na Figura 2.
Figura 2. Mapa de localizao do Municpio de Ipor..
2.2. Economia em Ipor GO: Pecuria e Agricultura
De acordo com o Professor Moizeis Alexandre (1998: p.286-289), a economia do
municpio se destaca nos setores, primrio, secundrio, tercirio e informal. No setor primrio
destaca-se a agricultura, a piscicultura e a extrao de minrio.
No setor secundrio se destaca a agroindstria, onde notvel que o municpio
ainda tmido em investimentos no setor industrial. No obstante o poder pblico tem-se
empenhado em atrair tais investimentos, entretanto, dada a atual conjuntura, no se v
alterao no quadro.
49 30
49 3052 10
16 16
18 1852 10
12.250m24.500m 24.500m
IPOR E MUNICPIOS CONFRONTANTES
26
Como infra-estrutura so dispostas cinco rodovias asfaltadas para o escoamento
da produo e o fornecimento de gua e energia considerada satisfatrio.
O professor Moizeis ressalta em seu livro Uma Viagem no Tempo de Piles a
Ipor que h uma rea urbanizada e destinada s instalaes de empresas da produo
industrial em Ipor. Entretanto, esta rea no foi ocupada de acordo com as expectativas e as
poucas que l se instalaram acabaram por sair ou simplesmente paralisaram. Ainda de acordo
com Gomis (1998: p.288), Ipor considerada cidade plo dos municpios satlites como
Diorama, Amorinpolis, Ivolndia, Israelndia e Jaupaci, entre outras de menor dependncia
comercial de servios. O municpio tem, segundo a Secretaria Municipal da Administrao
e Planejamento, mais de 827 empresas no ramo do comrcio e servios, dados esses colhidos
no dia vinte dois de julho de 2009, podendo ter alteraes para mais ou para menos at no
final deste ano.
O segmento que mais emprega no setor tercirio o de alimentos e bebidas,
seguido pelo de tecidos, vesturio e calados.
A cidade oferece um nmero considervel de hotis, que so suficientes para
acolher os visitantes que se instalam na cidade no perodo da Festa de Maio, gerando assim
uma boa renda nessa rea hoteleira. A economia informal, estimativa realizada pela Secretaria
Municipal do Desenvolvimento, responsvel por mais de 30% de toda a atividade produtiva
do municpio. Estando presente na agricultura, na pecuria, na produo industrial ou
artesanal e, principalmente, no comrcio e servios. Na informalidade obtm-se produtos
agropecurios, hortifrutigranjeiros, utenslios domsticos, prestadores de servios em geral.
H os que atuam como ambulantes ou em pequenas instalaes, os sacoleiros e o das feiras
livres.
2.3. Turismo Religioso e Legado Cultural
Segundo o dicionrio Minidicionrio Ediouro da Lngua Portuguesas, Turismo :
Viagens realizadas, por prazer, a lugares que despertam interesse, enquanto o dicionrio
Aurlio conceitua o mesmo como: Viagem ou econmicas, mas possvel verificar que o
mesmo, atrai essa cincia econmica beneficiando uma boa parte da populao de certa regio
ou localidade onde o turismo se sobressai. O turismo uma das atividades que mais cresce no
setor tercirio no Brasil, sendo possvel verificar o crescimento do turismo religioso, pois
diante do censo brasileiro de 2000, revelou que a Igreja Catlica perdeu 10% dos fieis,
27
fazendo com que a mesma buscasse estratgias evangelizadoras, respaldadas pela
comunicao miditica e pelo turismo religioso.
Para Olimpio Bonald Neto (1995: p. 62) o conceito de turismo engloba vrias
aes que vo desde a necessidade de descanso, passando pela aquisio de novas
experincias, conhecimentos relevantes aos homens que procuram novas formas de expanso
para o mercado capitalista.
O turismo na verdade uma atividade de troca que se sobressai por constituir um
mercado que disponibiliza uma grande quantidade de produtos tursticos havendo ainda um
grande nmero de indivduos com disposio para estar visitando esses lugares.
O turismo ainda entendido como uma organizao que mobiliza vrios
peregrinos em viagens pelo ministrio da f e da devoo, como pode verificar na fala do
autor Jos Vicente de Andrade (2000: p. 77), onde o mesmo diz que o turismo religioso :
excurso, feita por prazer, a locais que despertam interesse; movimentos de turistas, assim o
movimento de pessoas, tornam-se um fenmeno social, econmico e cultural envolvendo toda
uma sociedade. O Turismo visto, como um ramo das cincias sociais e no das cincias.
O conjunto de atividades com utilizao parcial ou total de equipamentos e a realizao de visita a lugares ou regies que despertam sentimentos msticos e/ou
suscitam a f, a esperana e a caridade nos fiis de qualquer tipo ou em pessoas
vinculadas religio. (Jos Vicente 2000: p.98).
Diante da formao da sociedade brasileira, o turismo religioso no Brasil, rico
em tradies catlicas e pluralidade, sejam elas elitistas ou populares, o qual se originou das
peregrinaes populares, que na maioria das vezes so constitudas pela populao carente por
fatores polticos, sociais, econmicos e culturais, pois possvel verificar que tais pessoas no
tm acesso aos meios de comunicao, devido a sua condio social no lhe permitir. Sendo
assim o turismo religioso popular lhe permite esta relao no mbito do lazer, com a
religiosidade, vinculando com as praticas culturais e com entretenimento que so
fundamentais para a sociabilidade, visto que atravs dessa pratica essas pessoas tem acesso a
comunicao com Deus e com o mundo espiritual, atravs dos santos de sua f, no mstico e
no sobrenatural.
O lazer que propiciado pelo turismo religioso, pelas festas, procisses, romarias
e novenas fazem parte do universo das culturas populares caracterizado pelo vinculo com o
folclore que ligado as nossas tradies urbanas e rurais. Com certeza esses momentos
28
folkturisticos favorecem a ruptura nas atividades dirias dos peregrinos, que encontram nas
manifestaes populares, como forma de divertimento e de contato familiar e social.
Estudando a relao da cultura popular como turismo, Benjamin (2000: p. 23-24)
diz que FOLKTURISMO :
Ao tornar-se o turismo uma atividade econmica relevante no mundo capitalista, as peregrinaes foram incorporado, criando-se a categoria turismo religioso, em
relao aos centros de visitao capazes de atrair pessoas das classes mdias e altas.
A gente do povo continua, porm, a realizar as suas peregrinaes com sua prpria
estrutura organizacional, mantendo traos culturais que remontam a velha tradio
da peregrinao penitencial e incorporando, dentro de suas possibilidades, aspectos
tpicos do turismo da modernidade.
Roberto Benjamin, diz ainda, que o turismo religioso popular, pelo nmero
significativo de romeiros que o realiza, se tornou uma fonte geradora de renda to importante
quanto economia provocada pelo turismo religioso capitalista (2000: p. 25).
J na viso de Joseph Luyten, o mesmo diz que, Todas as elaboraes de
contextos populares tm sua razo de existir. Portanto, essas manifestaes podem e devem
ser encaradas como um desejo consciente ou inconsciente da expresso de algo fundamental
para a vida dessas pessoas (1980: p. 39).
Os romeiros em suas visitas ao Santurio, ao praticarem o turismo religioso
realizam seus desejos e os vem concretizados junto ao eterno, pois assim atravs dos
mistrios e dos enigmas que fazem parte de suas vidas, pois acredita nos milagres, cultuando
os Santos de sua devoo como forma de orao chegando mais perto do Altssimo.
Benjamin (2000: p. 16) diz que:
Os romeiros ao realizarem suas prticas religiosas utilizam em sua comunicao com o Divino, um vis da Folkcomunicao, que pode de ser compreendida como a
comunicao do povo que encontra no folclore uma maneira de expressar suas
opinies e de fazer parte da sociedade hegemnica.
Ainda com a palavra do professor Benjamin (2000: p. 16):
comum o uso dos instrumentos de comunicao e religiosidade popular, tais como a prece silenciosa, as oraes, as penitencia, as devoes, as celebraes, a
reconciliao com o Santo e at a converso do peregrino, sendo que para os
devotos a visita ao Santurio um reconhecimento do poder divino, da busca da f e
dos meios de aliment-la.
29
O turismo religioso uma atividade do mercado turstico que envolve negcios,
empreendimentos e lucros, gerando empregos e renda, criando ainda oportunidades de lazer,
de lanar cidades como pontos tursticos, melhorando assim qualidade de vida do lugar e da
populao, acrescentam-se ainda que as viagens por motivos de qualquer natureza que seja
determinado mstico determinam o turismo religioso, pois so constitudos por eventos que
celebram alguma manifestao religiosa, mesmo sem ligao ao credo.
Andrade (2000: p. 77) explica que o conjunto de atividades, com utilizao
parcial ou total de equipamentos, e a realizao de visitas a receptivos que expressam
sentimentos msticos ou suscita a f, a esperana e a caridade aos crentes ou pessoas
vinculadas a religies denomina-se turismo religioso.
Ipor uma cidade representativa do Oeste Goiano, tanto pelo seu significado
econmico e poltico como cultural. Tendo como legado primordial a festa da padroeira
Nossa Senhora Auxiliadora que um marco para toda a sociedade e regio.
Analisando a cidade de Ipor, o professor, Moizeis Alexandre Gomis (1998: p.
289) ressalta que o turismo um segmento da economia pouco explorado, tendo o Lago Pr-
do-Sol como um dos pontos tursticos o qual atrai tanto a populao local como visitantes de
outras localidades.
Acontece tambm nas dependncias do Lago Micaretas, Carnaval, Reveillon entre
outros eventos, contribuindo muito para comrcio local, atraindo visitantes de outras cidades,
gerando uma boa renda principalmente na rea de bebidas, da alimentao e hospedagem.
O Morro do Macaco tambm uma opo na rea turstica, onde alguns amantes
de esportes radicais e passeios ecolgicos desenvolvem seus projetos. A Cachoeirinha que
fica no permetro urbano de fcil acesso, sendo tambm ponto de visitao, h ainda uma
Cachoeira na zona rural conhecida como Buriti, muito bonita, mas de difcil acesso e pouco
conhecida.
Professor Moiss, (200: p.289), ainda diz que:
nas temporadas de frias, o Rio Caiap tima opo para as famlias da regio e de localidades distantes, amantes da pesca esportiva, do camping e banhistas,
formando na estiagem praias extensas de guas rasas, inclusive o Rio Claro, que
sendo menos caudaloso, oferece muitas opes de lazer com suas numerosas praias
de areias brancas.
Assim podemos dizer quer o turismo religioso um fato marcante no folclore, das
crenas e costumes de uma determinada regio e em Ipor acontece o mesmo, pois a mesma
com seus pontos tursticos e a Festa em comemorao a Padroeira Nossa Senhora
30
Auxiliadora, atrai um bom nmero de visitantes, gerando esse turismo, que muito contribui na
economia da cidade. No Brasil existe uma srie de santurios importantes fazendo os
elementos sacros e profanos se misturarem numa demonstrao de f e cultura, levando
milhares de turistas a visit-los.
Em Gois as principais festas religiosas que se destacam so: Procisso do
Fogaru que um evento que reproduz a perseguio dos farricocos a Jesus Cristo, a
procisso ocorre nas ruas da Cidade de Gois, inevitavelmente na quarta-feira da Semana
Santa, envolvendo diretamente a populao local, como podemos verificar na figura 3.
Figura 3. Procisso do Fogaru na Cidade de Gois.
Fonte: http://www2.ucg.br/flash/Festas.html
Outra festa que se destaca em Gois , a Festa do Divino Pai Eterno de Trindade,
a qual tem sua origem por volta de 1840 quando um casal encontra prximo ao crrego Barro
Preto, um medalho de Barro, o qual representava a Santssima Trindade coroando Nossa
senhora. A festa do Divino Pai Eterno realizada no primeiro domingo de julho, e o grande
impulso para que as romarias de fato acontecessem, foi a partir da chegada dos redentoristas a
Gois em 1895. No perodo que acontece a Festa, a Rodovia dos Romeiros, que liga Trindade
a Goinia, com 18 km percorrida a p por vrios pagadores de promessas, nesse percurso
tem uma via sacra, com todas as estaes, pintadas em grandes painis de alvenaria pelo
artista Omar Souto.
31
Destacam-se ainda as Cavalhadas, que acontece em vrios locais goianos e em
pocas diferentes, sendo a mais conhecida a de Pirenpolis, onde realizada desde 1826. Em
Corumb de Gois acontece desde 1958 e em Pilar de Gois desde 1895.
As Cavalhadas uma festa ibrica de origem medieval e baseada na lenda de
Carlos Magno e os Doze Pares da Frana, a qual representa o embate entre mouros e
cristos, que so distribudos em duas equipes de cavaleiros, uma vestida de azul e outra de
vermelho. Constituindo assim um dos auges da Festa do Divino no interior brasileiro. Ainda
podemos destacar a Romaria do Muqum, uma festa religiosa profana, a qual homenageia
Nossa Senhora Abadia do Muqum. A mesma rene centenas de pessoas de todo nordeste
goiano e tambm dos Estados do Tocantins e da Bahia. a mais antiga romaria do Estado de
Gois, tendo sido realizada pela primeira vez em 1748.
A Congada uma homenagem a padroeira dos negros, Nossa Senhora do Rosrio,
sendo realizada em vrias localidades goianas, sua comemorao acontece em 13 de outubro.
A principal Congada de Gois acontece na cidade de Catalo reunindo vrios grupos de
cantadores, danadores e tocadores, vestidos a rigor e com roupas bem coloridas. A festa do
Congo vem dos tempos da escravatura no Brasil e, em Catalo realizada desde 1820.
A Folia tem um destaque especial, pois as Folias acontecem em todo o Estado,
principalmente nas reas rurais e cidades pequenas, e so festejadas durante todo o ano,
apesar de estarem ligadas a eventos religiosos. As principais folias so a Folia de Reis, a Folia
do Divino e a Folia de So Sebastio. O ritual consiste na andana dos grupos de cantadores e
rezadores, equipados de seus instrumentos de corda, percusso e sanfona, rezam, cantam e
danam catira. Em uma dessas casas por onde o grupo passa o anfitrio oferece comida para o
grupo e os demais presentes, logo aps o ritual retomado, essa andana dura de trs a quinze
dias.
Assim podemos perceber que existem as mais diversas formas de comemoraes
religiosas, umas mais conhecidas que outras em determinadas regies, o caso da Festa de
Maio em Ipor, que celebra Nossa Senhora Auxiliadora e bastante conhecida e
movimentada pelos devotos da Santa e ainda contribui muito com o turismo da cidade, pois
atrai turistas de vrias localidades e de toda regio.
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3. CULTURA E RELIGIO DO POVO IPORAENSE
Segundo Peter Burke (1989: p.47), cultura o conjunto de manifestaes
artsticas, sociais, lingsticas e comportamentais de um povo ou civilizao, fazendo parte
da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestaes: msica, teatro, rituais
religiosos, lngua falada e escrita, mitos, hbitos alimentares, danas, arquitetura, invenes,
pensamentos, formas de organizao social, etc.
Dessa forma no espao da cidade que se materializa as contradies do modo de
produo capitalista assim como as manifestaes religiosas de um povo/regio. Pois nela
que surgem as resistncias, as reivindicaes e as perspectivas de construo de uma
sociedade mais justa.
Sabe-se que o mundo em que vivemos no mais como viveram nossos
antepassados, nossos avs, as geraes as quais na maioria das vezes nasceram e foram
criadas diante dos smbolos, dos sinais e das convices da f crist, principalmente catlica.
Atualmente vivemos num mundo em que a religio praticamente desenvolve mais um papel
cultural e de fora civilizatria do que realmente de credo de adeso que configura a vida.
Pode-se ressaltar ainda que atualmente as pessoas nascem e crescem no meio de
um mundo onde se cruzam, dialogam e interagem de um lado o atesmo, a descrena ou a
indiferena religiosa, e de outro lado diversas religies, antigas e novas que se cruzam e
interpelam reciprocamente, resultando assim um nmero considervel de denominaes
religiosas das mais variadas possveis, buscando sem dvida meios de sobrevivncia
financeira.
Sabe-se ainda que no existe uma cultura pronta e acabada e sim uma constante
construo e reconstruo. Dessa forma Ipor vive essa intensa transformao, pois as
diferenas culturais esto sempre visveis na particularidade de cada regio/lugar, nas quais
vo se estabelecendo em diferentes tempos.
As manifestaes culturais realizadas em Ipor se destacam pelos eventos
ocorridos no Lago Pr-do-Sol, com bares, lanchonetes, pistas para Cooper, espao para
pedalinho, Jet-ski, msica danante, exposies diversas, shows, desfiles, festas de carnaval e
rveillon entre outras. Ipor conta ainda com alguns sales de festas como: Clube Recreativo
de Ipor (CRI), Clube Associao Atltica do Banco do Brasil (AABB), Espao Elim Jaf
(rural) e Feira Coberta (Praa Amado Jos Ferreira), para a realizao de eventos. Mas a
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principal manifestao cultural de Ipor que atrai uma populao considervel sem dvida a
Festa em homenagem a Padroeira Nossa Senhora Auxiliadora, popularmente chamada de
Festa de Maio.
Em Ipor a religio predominante o catolicismo, mas h tambm a prtica de
muitas outras crenas religiosas. A predominncia do catolicismo se verifica por meio da
maior manifestao religiosa, que mobiliza toda a cidade, a tradicional Festa de Nossa
Senhora Auxiliadora, Padroeira de Ipor, carinhosamente chamada de Festa de Maio,
planejada pelos catlicos.
observvel uma respeitosa e harmoniosa convivncia com as demais religies,
visto que muitos evanglicos alm de participarem da festa de maio, fazendo compras,
alimentando-se, divertindo, tambm vendem seus produtos angariando uma renda extra
durante o perodo da festa de maio, j que a festa se da pela comemorao Padroeira da
cidade.
A Festa de Maio acontece desde o ano de dois mil e cinco na Avenida 24 de
outubro, sendo que nos anos anteriores a mesma ocorria na avenida XV de novembro, seu
percurso de dois km de extenso, ocupando as duas pistas e caladas. Na figura 4 pode-se
observar o mesmo que sa da esquina da Rua Catalo e termina no Campo do Juventude no
Bairro do Sossego.
Figura 4. Percurso da Festa de Maio.
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A Prefeitura responsvel pelo aluguel dos pontos, somente dos pontos das duas
pistas, onde so estaladas as barracas e os pontos das caladas so de responsabilidade dos
moradores da avenida.
Atualmente Ipor uma cidade representativa do Oeste Goiano, tanto pelo seu
significado econmico e poltico como cultural.
3.1. Origem da Festa da Padroeira de Ipor
Segundo dados obtidos na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosrio e com
pioneiros da cidade de Ipor, a Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, Padroeira da cidade, teve
sua origem com a vinda do Padre Jos Bessiman da Congregao Salesiano. Devoto de Nossa
Senhora Auxiliadora, que a trouxe como Padroeira para a cidade de Ipor, passando a
comemorar e a homenagear Nossa Senhora Auxiliadora no dia vinte e quatro de maio. A qual
pode-se contemplar abaixo na figura 5 a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora.
Figura 5. Imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, Padroeira de Ipor. Fonte: Santos, Mira Sandra. 2009.
A princpio Nossa Senhora Auxiliadora era homenageada com novenas, rezas,
devoes religiosas feitas durante nove dias em seu louvor que comeavam no dia quinze de
maio se estendendo at o dia vinte e quatro na Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosrio de
Ipor, quando acontecia uma grande celebrao com o bispo vindo da cidade de Gois, pois a
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Parquia pertencia a Diocese desta cidade. Atualmente a Parquia Nossa Senhora do Rosrio
pertence Diocese de So Luiz de Montes Belos-GO.. Aps o final da celebrao,
realizavam-se leiles22
na porta da Igreja para arrecadar fundos em prol da Parquia, com
prendas oferecidas pelos fiis.
Em 1951, chegaram a Ipor os padres dominicanos para coordenar a Parquia.
Frei Henrique Maria Ciocci, continuou a comemorao a Nossa Senhora Auxiliadora, apesar
da padroeira dos dominicanos ser Nossa Senhora do Rosrio. Por essa razo ficou
estabelecido num acordo entre os Padres e o Bispo da Diocese de Gois que o municpio
ficaria consagrado a Nossa Senhora Auxiliadora e a Parquia Nossa Senhora do Rosrio. Na
figura 6 podemos observar a Igreja matriz atual.
Figura 6. Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosrio. Fonte: Santos, Mira Sandra, 2009.
Em 1955, Frei Henrique e Frei Jos Srgio, dando mais nfase aos trabalhos de
evangelizao nos dias festivos, resolveram fazer uma peregrinao com a Santa. Assim, nos
dias da novena, a imagem da Santa era levada at as casas dos fiis, onde rezavam o tero e
cantavam em seu louvor. No ltimo dia da novena a Santa retornava Igreja, para a
realizao da missa e leiles encerrando a parte religiosa da Festa de Maio. Com a vinda dos
22
Prendas que, nas festas religiosas, so oferecidas para auferir dinheiro, em benefcio da instituio promotora
das festas, geralmente a Igreja.
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Padres Passionistas23
em 1959, houve uma pequena modificao, devido procura das
famlias, que desejavam uma noite de orao em suas casas. Passando a festa em homenagem
a Padroeira ser preparada em estilo Romaria24
, reunio de pessoas devotas a uma Santa ou
Santo que se juntam a uma festa religiosa durante vrias noites nas casas dos fiis, com teros,
leituras bblicas, cantos, mensagens e logo aps as celebraes, animados leiles com variadas
prendas, como: alimentos, artesanatos, roupas eletrodomsticos, mveis, animais, etc.,
oferecidos pelos donos das casas e pela comunidade.
Esse ritual desde ento continua acontecendo at hoje, sofrendo algumas modificaes
necessrias para melhor atender os objetivos pretendidos, principalmente o de evangelizar,
resgatar e conquistar novos fiis.
3.2. O Perfil Scio Econmico e Religioso da maior Festa Popular de Ipor
A Festa de Maio um tanto contraditria economicamente, pois ao mesmo tempo
em que beneficia o comrcio local e sua regio tambm beneficia o pessoal de outras cidades
que participam da mesma e acabam levando boa parte do dinheiro iporaense, transformando
esse evento em uma forma de transferncia do capital para outros centros econmicos,
significando ainda enfraquecimento do comrcio no perodo da mesma e no ps festa.
A festa, especificamente para a populao iporaense, beneficia alguns
comerciantes visto que participam desse evento montando suas barracas e expondo os mais
diversos produtos como: alimentao, vesturio, calados, cama, mesa e banho, artesanato,
jogos, sorvetes e outros.
23
So um grupo de Cristos, sacerdotes e leigos, que vivem em comunidade fraterna, dispostos a anunciar aos
homens e as mulheres do nosso tempo o Evangelho de Cristo. Esta comunidade apstolos foi fundada por So Paulo da Cruz (Paulo Danei, 1694 1775) em Itlia, no ano de 1720. Ipor foi uma das primeiras cidades a receber padres Passionistas vindos da Provncia holandesa Me da Santa
Esperana. Os primeiros foram os padres Vicente e Rolando, em dezembro de 1958. Atualmente esta parquia
constitui um dos Centros de atuao dos Passionistas em Gois. As comunidades que constituem esta parquia
so em nmero de 23, sendo 7 urbanas e 16 rurais. Os trabalhos realizados so em sua maioria de carter
sacramental e de assistncia s famlias mais carentes.
Um fato importante e que deve ficar registrado aqui que por aproximadamente 37 anos, desde 1963, a parquia
de Ipor contou com a eficaz contribuio das Irms Passionistas de Santa Gema, tambm vindas da Holanda.
Elas contriburam muito na formao de lideranas leigas e estruturao da parquia. Conscientes do bom
trabalho realizado e da idade avanada, em Abril de 2000, decidiram voltar para a Holanda 24
"Romaria busca de Deus, momento de orao, sacrifcio, penitencia, cuidar da prpria
alma e interceder pelas almas dos outros." (J.V.).
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Outra rea do comrcio que se destaca e tambm beneficiada no perodo da
mesma, o ramo hoteleiro, pois h um nmero significativo durante a festa de visitantes que
procuram os hotis da cidade para se hospedarem. Neste perodo ainda grande o nmero de
pessoas que atuam como ambulantes, vendendo caldos, perfumes, picols, caf com biscoitos,
marmitex, laranjinhas, ma do amor, cocadas, quebra queixo, espetinho, enfim so os mais
diversos produtos, e o mais interessante a maioria so de Ipor, claro que tem alguns
vendedores ambulantes que vem de fora, como foi o caso de Romualdo Pereira de Aquino,
que mora em Firminpolis-GO e veio vender espetinho, o mesmo possui um carrinho de mo
com churrasqueira, que serve para vender seus produtos, Romualdo prepara os espetinhos
durante a festa na casa de uma amiga que mora aqui em Ipor e sai vendendo em todo o
percurso da festa, no tendo ponto fixo; ele disse ainda que faz isso a mais de dez anos e em
Ipor a quarta vez que vem, todas as trs vezes que veio foi muito bom, teve um lucro
significativo, e espera que este ano de 2009 seja bom tambm, o mesmo ainda disse que a
melhor cidade que j trabalhou e que no ano que vem estar aqui de novo.
A populao local ainda beneficiada com uma grande diversidade de objetos
aglomerados num mesmo espao fsico tendo a vantagem de adquiri-los a preos menores e
com uma boa qualidade, alm de preos baixos e a possibilidade de especulao dos preos,
pois boa parte da avenida vinte quatro de outubro e parte da quinze de novembro ocupada e
transformada numa grande feira livre, onde so exibidos todos os tipos de mercadorias
induzindo ao consumo, como podemos verificar nas Figuras 7 e 8.
Figura 7. Permetro da Avenida 24 de outubro, festa Figura 8. Permetro da Avenida XV de novembro
de maio2009. Fonte: Santos, Mira Sandra festa de maio 2009. Fonte: Santos, Mira Sandra
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Dessa forma a populao consumista tem uma grande variedade de produtos
entre: roupas, calados, acessrios, vasilhas, produtos eletrnicos, comidas, bebidas, jogos,
artesanatos, barracas de shows e brinquedos.
Devido venda somente vista e pelo preo de produtos mais acessveis, os
comerciantes temporrios acabam levando vantagens. Nos sete dias de festa eles
conseguem arrecadar uma boa quantia em dinheiro que so levados para outros centros,
como: Braslia, Goiatuba, Anpolis, Rio Verde, entre outras.
De acordo com alguns comerciantes da cidade a conseqncia da sada desse
dinheiro tem contribudo para aniquilar a economia do municpio, visto que nos trs meses
aps a festa, os ndices de inadimplncia, cheques sem fundos aumentam consideravelmente.
Mas j outros comerciantes, como o caso da Senhora Nilta, dona da Loja Stillo Calados,
disse que:
(...) No h queda nas vendas nos meses que antecede a festa, tem uma queda no
recebimento e na venda a vista, porque as pessoas deixam de pagar suas prestaes
ou deixam de comprar a vista para deixar o dinheiro para a festa, o problema mesmo
trinta dias antes e trinta dias depois da festa, que da uma parada, pois muitas
pessoas deixam de pagar suas prestaes, no todo mundo mais muita gente, elas
mesmo dizem que no vo pagar. Depois pago porque a festa passa e a prestao eu
pago depois.
A Senhora Nilta, atua nessa atividade comercial de vendas de calados a vinte
cinco anos, e disse ainda que sempre foi assim nesse perodo da festa, sempre tem essa queda
nos recebimentos, mas ela considera que os prprios comerciantes tm que aprender a
conviver com a festa e j se preparar, no deixando muitos compromissos para esse perodo,
porque realmente h uma queda considervel nos recebimentos.
Para Hlio, morador da avenida XV de novembro, o qual proprietrio de uma
frutaria e morador no mesmo local, disse: Estou muito satisfeito da festa acontecer na
avenida onde moro, e acredito que a mo de Deus em favor das pessoas da avenida 24 de
outubro, visto que ns nos beneficiamos com os aluguis das caladas e dos banheiros.
A festa j acontece nesse novo endereo h uns quatro anos, e ele diz ainda que:
A festa no incomoda quanto ao barulho, que o movimento assim mesmo, uns dez dias
barulhento, mas s at as dez horas da noite. O mesmo aluga sua calada, que tem uma
extenso de dezoito metros, pelo valor de trs mil reais; disse ainda: (...) a festa me beneficia
muito, pois abaixo de Deus ela quem cuida de minha famlia me ajudando, a pagar minhas
contas e me dando o privilgio de fazer algumas reformas em minha residncia com esse
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dinheiro. O interessante que o mesmo evanglico, e a festa de maio acontece em
decorrncia da homenagem a Padroeira da cidade, organizada pelos catlicos. Hlio disse que
considera a festa muito segura, bem provida por policiamento, e eles desenvolvem um
trabalho freqente de ronda durante a madrugada, o que lhe garante sossego e tranquilidade.
Os comerciantes da festa disseram que o policiamento falho e deixa muito a
desejar, visto que alguns j tiveram suas lonas cortadas e tambm j foram assaltados.
Em pesquisa de opinio com os comerciantes da referida festa neste ano de 2009,
foi possvel verificar que a maioria no est totalmente satisfeitos com a organizao da festa
e muitos falaram que talvez esse ano sejas o ltimo que vo participar, pois os aluguis dos
lotes, a taxa de energia e alimentao estavam com os preos elevados e as vendas no
estavam boas. Abaixo podemos verificar alguns grficos que vo nos nortear quanto ao que
pensam os comerciantes da Festa de Maio.
A festa de maio ao longo de sua trajetria tem conquistado muitas pessoas, o que
pode ser confirmando no grfico 1, com uma porcentagem razovel de pessoas que a
freqentam j alguns anos, isso provavelmente se d em funo da comercializao. A
comemorao em homenagem a Padroeira a responsvel por esse evento, que se tornou uma
tradio simbolizando a cultura do povo iporaense e servindo como forma de trabalhos tanto
para as pessoas da prpria cidade como para de outras localidades, tornando se s vezes a
maior renda adquirida durante todo o ano por algumas pessoas.
Grfico 1: Tempo que os comerciantes freqentam a Festa de maio.
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Quanto infra-estrutura da festa, pode-se verificar no grfico 2 a insatisfao dos
comerciantes que participam da festa, pois no h nenhum conforto para as pessoas que vem
fazer compras, as barracas ficam todas misturadas, no tem uma diviso ou sinalizao que
pudessem ajudar a identificar cada seo, o que facilitaria para os comerciantes da festa e
tambm para os fregueses; E quase todos disseram que a Prefeitura s visa lucro.
Grfico 2: Opinio dos barraqueiros quanto organizao da festa pela Prefeitura de Ipor
Pode-se observar o que pensam a respeito do valor da alimentao fornecida pelos
iporaenses. Os comerciantes disseram que as pessoas de Ipor so muito cordiais e que
consideram os preos relacionados alimentao em conta, pois reconhecem que essas
pessoas, que servem marmitex nos dias da festa, tm muito trabalho, os gastos so altos,
tornando dispendioso, a comida caseira e muito saborosa. Veja no grfico 3 a opinio do
valor da alimentao.
Grfico 3: Opinio quanto ao valor da refeio fornecida pelos iporaenses.
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Sobre as dificuldades encontradas pelos comerciantes durante a festa, pde-se
observar que a grande maioria considera a falta de banheiro um item importante o qual precisa
melhorar, pois eles precisam muito dos banheiros e acham que as pessoas exploram, quando
cobram os banhos. A segurana tambm outro item preocupante, pois alguns disseram que
de madrugada suas barracas j foram cortadas e tiveram ameaas de roubo, acreditam que
necessrio uma maior atuao por parte das autoridades competentes da cidade, visto que a
festa uma tradio e em todo lugar a segurana se faz primordial. Assim podemos observar
o grfico 4 o que os comerciantes da festa responderam quanto as dificuldades encontradas
durante festa.
Grfico 4. Opinio sobre as dificuldades no perodo da festa.
De acordo com os barraqueiros a Prefeitura explora muito na cobrana dos
aluguis dos pontos, eles consideram que no deveria cobrar to caro, e citaram algumas
cidades como: Bom Jardim, Luzinia entre outras, em que a Prefeitura dessa cidades no
cobram esses aluguis e que so cidades menores que Ipor. Alguns chegaram a dizer que
muitas vezes no compensa tanto trabalho, e que o lucro deles fica tudo aqui, o que pode ser
considerado um pouco de exagero. No grfico 5, poder ser analisada a opinio dos
comerciantes quanto ao valor dos lotes cobrados pela prefeitura.
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A segurana outro fator que chama a ateno, pois as opinies divergem, alguns
comerciantes consideram boa, outros avaliam que muito falha. Alguns disseram que muito
importante o aspecto de segurana e que a parceria que a Prefeitura faz com a polcia militar
justa, que os mesmos so merecedores de receber as horas extras, pois a segurana tanto dos
comerciantes da festa, como dos festeiros importante para eles ficarem tranquilos. De
acordo com o grfico 6, percebe-se que preciso melhorar nessa questo da segurana. Mas
precisa ser considerado que mesmo tendo dados sobre o decrscimo de ocorrncias nesse
perodo da festa, ainda h certa insegurana por parte de muitas pessoas.
Grfico 6. Opinio dos comerciantes quanto segurana no perodo da festa.
Grfico 5. Opinio dos barraqueiros sobre o valor dos lotes
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Alguns comerciantes disseram que todo ano participam da festa e j tem mais de
cinco anos que fazem esta festa aqui e e