Post on 03-Jul-2015
Negritude, Negrismo, Literaturas de Afro-descendentes
Movimentos literários nos EUA, Caribe e Brasil
Pontos principais:
Desejo de volta à África x Desejo de enraizamento no solo americano
Criação da Libéria Impossibilidade de retornoBack to África “o Ser já não é o mesmo” Negritude(Aimé Césaire) (Edouard Glissant)
“Ele simplesmente deseja que alguém possa ser ao mesmo tempo Negro e americano sem ser amaldiçoado e cuspido por seus camaradas, sem ter as portas da Oportunidade brutalmente batidas na cara”(Du Bois, 1999, p.54)
Movimentos Culturais e Vanguardas
Início do século XX*“Descoberta” da ÁFRICA pelos europeus->Estudos científicos – etnográficos e antropológicos->Artístico – revolução vanguardista e “arte negra”
Les demoiselles d’Avignon – Pablo Picasso
Harlem RenaissanceEclosão de literatura, música e crítica social
Marcos históricos pré-movimento:*Migração de 2 milhões de negros do sul rural para fábricas do norte;*Ressurgimento da Ku Klux Klan
Defesa dos direitos civis dos negros:->Frederick Douglass - Orador Abolicionista->Booker T. Washington - Empresário ->W.E.B. Du Bois – Intelectual
Em 1920, no Harlem, surge o primeiro movimento artístico de importância, reunindo escritores, músicos de jazz e artistas: Langston Hughes, Claude McKay, Louis Armstrong
1925 – Antologia The New Negro: An Interpretation, de Alain Locke
NegritudeCriada por Aimé Césaire, Léon Gontran Damas e Léopold Sédar Senghor. Fundam, em 1935, o jornal L’étudiant noir
Outros articuladores do período sofreram pressões governamentais
Contatos com as vanguardas européias e com o Harlem Renaissance
Ideias apoiadas no Marxismo – equalização de recursos, contesta as desigualdades
Surrealismo – liberação de forças inconscientes, valorização da arte primitiva
Senghor – contribui para a identidade, trazendo conhecimentos da origem africana
Outros movimentos no Caribe
*Indigenismo e negrismo (Haiti)Indigenismo no sentido de nacional; valorização do vodu e da língua criola (movimento principalmente literário)
*Negrismo (Porto Rico, Cuba, República Dominicana)Denúncias da situação do negro
*República Dominicana, caso especialLuta com o Haiti (contra o negro, africano, praticante de vodu)Visão do negro como o outroCompreensão superficial da cultura negra
Mestiçagem
Conceito que engloba biologia, práticas políticas e categoria identitária
Caráter depreciativo x Caráter afirmativo
Ligadas aos conceitos de transculturação e culturas híbridas (no século XX)
No Brasil: mestiçagem para eliminar o negro e o índio (branqueamento)
Imaginação romântica
Ideologia da confraternizaçãoMestiço forte x mestiço com supremacia brancaAculturaçãoMito da criação do brasileiro: Iracema, Moreninha, Escrava Isaura
Imaginação científica
Ideias de enfraquecimento do mestiço – inferior e estérilMarca diferenciadora – o mestiço brasileiro se afasta das 3 raças formadoras Imigração para transformar mestiços em branco“fantasia romântica de acreditar no resultado maravilhoso da mistura de raças inteiramente diversas”
Nina Rodrigues Gilberto Freyre Paulo Prado Arthur Ramos
Impossibilidade de civilizar o negro
Dificuldade de exterminar o mestiço
Sociedade culpada das misturas
Negro relaxado e sem moral
Luxúria aproximou as raças
“Abrasileiramento”
Convivência entre cultura civilizada e primitiva
Antagonismo em equilíbrio
Mestiçagem desmistificada
Abrasileiramento- Ideologia de mestiço superior, Nordeste como reservatório (Era Vargas
Representação do Negro na Literatura Brasileira
Rita Baiana
Bertoleza
Mulato Firmo
Raimundo
Poemas da Negra
Personagens de Jorge Amado
Luiz Gama
Machado de Assis
Cruz e Sousa
Lima Barreto
Solano Trindade
Carolina de Jesus
Personagens Escritores
Literatura Afro-brasileira
Abdias Nascimento – quilombismo
Diálogo com Hughes, Du Bois, Césaire
Década de 70 – Cadernos Negros / Quilombhoje
Leis essenciais:*Eu lírico em ascensão*Construção da epopéia negra - Canto dos Palmares e Dionísio esfacelado*Valorização das características físicas e simbólicas negras* Criação de nova ordem simbólica (ressignificação dos elementos culturais e ancestrais)
Literatura feminina afro-brasileira
*Rompimento com a hegemonia e *Rompimento com a hegemonia e supremacia masculina;supremacia masculina;
*Função de desenhar e reconhecer *Função de desenhar e reconhecer existências e práticas sociais existências e práticas sociais diferenciadas entre os gêneros;diferenciadas entre os gêneros;
*CONDIÇÃO FEMININA: PAPEL *CONDIÇÃO FEMININA: PAPEL DISTINTO do masculino, mas não DISTINTO do masculino, mas não inferior ou desigual;inferior ou desigual;
* Desejo de autonomia políticas e * Desejo de autonomia políticas e culturais e anseios por conquistas do culturais e anseios por conquistas do espaço públicoespaço público
ESTRANHAMENTO: MULHER E NEGRADUPLA CONDIÇÃO DE RACISMO
*Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, primeira escritora negra no Brasil, escrava, começou a escrever Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas com 30 anos, em 1749. Teve seu manuscrito destruído por seu ex-proprietário.
*Outras autoras: Teresa Margarida da Silva e Orta, Maria Firmina dos Reis, Antonieta de Barros, Auta de Souza, Carolina Maria de Jesus
A ESCRITORA NEGRAEm geral a tendência da escritora negra é se engajar na luta do homem, chamada de geral. A especificidade de ser mulher escritora que aflora nos trabalhos passa então desapercebida. (...) A arte é liberdade, libertação. A minha arte é engajada comigo. Eu sou o quê?Eu sou negra, mulher, mãe solteira, empresária, filha, funcionária, militante. (...) Se eu não consigo falar num conto, eu vou falar num poema. Se eu não consigo no poema, eu escrevo uma novela. Se eu não consigo numa novela, eu tento um romance. Se eu não conseguir em nada disso, quem sabe uma história em quadrinhos resolva? São os meus instrumentos. A literatura é o meu instrumento. Se eu conseguir me comunicar enchendo o papel de vírgula, e o leitor entender que eu estou falando do lugar onde o Brasil se instala, da miserabilidade em que a população negra se encontra, se eu conseguir falar com vírgulas, eu vou encher o papel de vírgula. (Miriam Alves)
TEMÁTICA LITERATURA AFROFEMININA
*BUSCA POR IDENTIDADE
*ORALIDADE
*MEMÓRIA
*EXPRESSÃO DO CORPO
*RESGATES DAS RAÍZES AFRICANAS
*REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER
*MULHER GUERREIRA X FEMINILIDADE
Olhos D’água
Conceição Evaristo
Nasceu em 1946, numa favela em Belo Horizonte. Filha de lavadeira, foi doméstica desde os 9 anos.Só terminou o Normal com 25 anos e teve dificuldades para conseguir trabalho como professora. Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi aprovada em concurso público para o magistério e também no vestibular para o curso de Letras na UFF.
Escreveu poemas, tendo sido alguns deles publicados nos Cadernos Negros. Fez o mestrado em Letras da PUC-RJ e o doutorado em Literatura Comparada pela UFF.
No conto, questões que envolvem “a vida dos excluídos por razões de natureza étnico-racial” são apresentadas.
*As personagens negras passam de “figura escrita” a “figura inscrita” , negro como sujeito.
*A cor da pele das personagens é um mero detalhe: “(...) Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela...(...) se tornava uma
grande boneca negra para as filhas.. (...) E também, já naquela época, eu entoava cantos de louvor a todas as nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com suas próprias mãos, palavras e sangue”
Resgate das tradições de seus antepassados. A personagem narradora do conto, na sua busca pela cor dos olhos de sua mãe, procura sua real identidade, pode ser lida como uma metáfora do retorno às suas origens. Esse movimento reforça a ideia de que a narradora, embora tenha se distanciado de seu lar e de sua família, não consegue romper com os vínculos que a ligam ao passado:
“E assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual, em que a oferenda aos orixás deveria ser a descoberta da cor dos olhos de minha mãe”
*Outro problema que também é tematizado no conto é o cotidiano da família que enfrenta sérias dificuldades o qual é denunciado na escrita de Conceição Evaristo de uma forma poética e da mesma forma poética é feito em seu conto o resgate do universo cultural trazido pelos antigos africanos.