Murilo Mendes Jorge de Lima · que traíste as Sinhás nas Casas Grandes, que cantaste para o...

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Correte Espiritualista

• Murilo Mendes• Jorge de Lima

Murilo Mendes

Características e temas

Olhar irreverente dos primeiros modernistas;

Recuperação de textos do Quinhentismo;

Tendência religiosa como consolo para a existência humana;

Influências surrealistas.

Olhar irreverente dos primeiros modernistas;Recuperação de textos do Quinhentismo;Tendência religiosa como consolo para a existência humana;Influências surrealistas.

Texto ICanção do exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Texto IIPré-história

Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos. Uma noite abriu as asasCansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhouPara mim, para ninguém: Cai no álbum de retratos.

Jorge de Lima

Multiplicidade de temas (o negro, a sociedade, Deus, a infância,...), semelhante a Murilo Mendes;

Tom coloquial e afetividade.

RINCIPAIS OBRAS - Poesia

• XIV Alexandrinos (1914); O Mundo do Menino Impossível (1925); Poemas (1927); Novos Poemas

(1929); Poemas Escolhidos (1932); Tempo e Eternidade (1935) - em colaboração com Murilo Mendes; A Túnica

Inconsútil (1938); Poemas Negros (1947); Livro de Sonetos (1949); Obra Poética (1950) - inclui produção

anterior, juntamente com Anunciação e Encontro de Mira-Celi; Invenção de Orfeu (1952); Castro Alves -

Vidinha (1952).

Romances

• Salomão e as Mulheres (1927); O Anjo (1934); Calunga (1935); A Mulher Obscura (1939); Guerra dentro do

Beco (1950).

Ensaio ,história,biografia

• A Comédia dos Erros (1923); Dois Ensaios (1929) [Proust ldung und Rassenpolitik in Brasilien (1934);

História da Terra e da Humanidade (1944); Vida de São Francisco de Assis (1944); D. Vital (1945); Vida de Santo

Antonio (1947). e Todos Cantam sua Terra]; Anchieta (1934); Rassenbi

Histórias

• Era princesa.Um libata a adquiriu por um caco de espelho. (libata = senzala)Veio encangada para o litoral,arrastada pelos comboieirosPeça muito boa: não faltava um dentee era mais bonita que qualquer inglesa.No tombadilho o capitão deflorou-a.Em nagô elevou a voz para Oxalá.Pôs-se a coçar-se porque ele não ouviu.Navio negreiro? não; navio tumbeiro.

Depois foi ferrada com uma âncora nas ancas,depois foi possuída pelos marinheiros,depois passou pela alfândega,depois saiu do Valongo, (vila portuguesa)entrou no amor do feitor,apaixonou o Sinhô,enciumou a Sinhá,apanhou, apanhou, apanhou.Fugiu para o mato.Capitão do campo a levou.

Olá, Negro!

• Pai-João, Mã-Negra, Fulo, Zumbique traíste as Sinhás nas Casas Grandes,que cantaste para o sinhô dormir,que te revoltaste também contra o Sinhô;quantos séculos há passadoe quantos sobre a tua noite,sobre as tuas mandingas, sobre os teus medos, sobre tuas alegrias!

Olá, Negro!

negro que foste para o algodão de U.S.Apara os canaviais do Brasil,quantas vezes as carapinhas hão de embranquecerpara que os canaviais possam dar mais doçura à alma humana?

Ray Charles

• Olá, Negro!

Negro, ó proletário sem perdão,proletário, bom,proletário bom!BluesJazzes,songs,lundus…

Texto IIIMulher proletária

Mulher proletária - única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)

tu na tua superprodução de máquina humana forneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária,0 operário, teu proprietário há de ver, há de ver:a tua produção, a tua superprodução,ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário.

Essa Negra Fulô

Ora, se deu que chegou(isso já faz muito tempo)no bangüê dum meu avôuma negra bonitinha,chamada negra Fulô.Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!Ó Fulô! Ó Fulô!(Era a fala da Sinhá)— Vai forrar a minha cama

A modinha e os lundus

— Vai forrar a minha camapentear os meus cabelos,vem ajudar a tirara minha roupa, Fulô!Essa negra Fulô!Essa negrinha Fulô!ficou logo pra mucamapra vigiar a Sinhá,pra engomar pro Sinhô!Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

• Ó Fulô! Ó Fulô!(Era a fala da Sinhá)vem me ajudar, ó Fulô,vem abanar o meu corpoque eu estou suada, Fulô!vem coçar minha coceira,vem me catar cafuné,vem balançar minha rede,vem me contar uma história,que eu estou com sono, Fulô!

• "Era um dia uma princesaque vivia num casteloque possuía um vestidocom os peixinhos do mar.Entrou na perna dum patosaiu na perna dum pintoo Rei-Sinhô me mandouque vos contasse mais cinco".

• Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!Ó Fulô! Ó Fulô!Vai botar para dormiresses meninos, Fulô!"minha mãe me penteouminha madrasta me enterroupelos figos da figueiraque o Sabiá beliscou".

• Ó Fulô! Ó Fulô!(Era a fala da SinháChamando a negra Fulô!)Cadê meu frasco de cheiroQue teu Sinhô me mandou?— Ah! Foi você que roubou!Ah! Foi você que roubou!

• Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

O Sinhô foi ver a negralevar couro do feitor.A negra tirou a roupa,O Sinhô disse: Fulô!(A vista se escureceuque nem a negra Fulô).

• Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!Cadê meu lenço de rendas,Cadê meu cinto, meu broche,Cadê o meu terço de ouroque teu Sinhô me mandou?Ah! foi você que roubou!Ah! foi você que roubou!

• Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitarsozinho a negra Fulô.A negra tirou a saiae tirou o cabeção,de dentro dele pulounuinha a negra Fulô.

• Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!Cadê, cadê teu Sinhôque Nosso Senhor me mandou?Ah! Foi você que roubou,foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!

professoraednaeloi@gmail.com

• Obrigada!