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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS EDUCATIVAS
TEORIA DO TREINO
Modelos de Periodização Convencionais
Convencional Models of Periodization
Fernando Jorge Alves – ISCE
Resumo
Com o intuito de preparar atletas para grandes competições e para a guerra, otreino desportivo, usado á milhares de anos, passou a ser usado no séc. XIX, como um
estrutura sistemática. O presente artigo teve como objectivo fazer uma revisão de
literatura sobre os modelos de periodização convencionais. Baseando-nos na evolução
histórica, chegamos ao modelo de Matveiev, ainda hoje considerado por muitos
treinadores um modelo essencial. No entanto com a evolução do desporto surgem outras
correntes, uma baseada no modelo de Matveiev e outras que discordavam totalmente
deste modelo mais clássico. Após uma breve descrição sobre estes modelos de periodização, consideramos que a aplicação destes métodos depende do treinador e da
modalidade em questão.
Palavras-chave: Modelo; Periodização; Treino;
Abstract
In order to prepare athletes for major competitions and for war, training sport,
used for thousands of years, become in the century XIX, as a systematic structure. Thisartical had the objective to review the literature on conventional models of
periodization. Based on the historical evolution, we arrive at the model Matveiev, still
considered by many coaches as an essential model. However with the evolution of sport
other models occurs, one based in Matveiev model and others who totally disagree with
this old classic model. After a brief description about these models of periodization, we
consider that the application of these methods depends on the coach and the sport in
question.
Key-words: Model; Periodization; Training
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Introdução
O treino desportivo não faz parte apenas da sociedade moderna, já na
antiguidade se treinava quer militarmente quer para as olimpíadas. Com o passar dos
anos as olimpíadas ganharam tamanha importância que com a procura de melhores
resultados houve a necessidade de sistematização dos treinos, de forma a melhorar o
rendimento dos homens, muitas das vezes apenas por uma questão de supremacia racial.
Alvarenga e Pantaleão (2008)
Com a sistematização das estruturas de treino, Salo e Riewald (2008) citados por
Miglinas et al (2009) definem periodização do treino como processo cientifico e
sistemático do planeamento de uma época repartindo-a em diversas etapas,
determinando assim o treinador quando é que o atleta ou equipa deverão atingir o “pico”
de forma. Com os avanços da ciência as teorias de periodização contemporâneas foram
ganhando terreno às teorias tradicionais orientadas apenas de forma empírica.
Assim, o presente artigo objectivou a elaboração de uma análise sumária sobre
vários modelos de periodização convencionais. Não haverá uma separação dos modelos
clássicos dos contemporâneos, uma vez que são todos de comum utilização por
diferentes treinadores. Destes modelos destaca-se o de Matveiev por ter sido o
“pioneiro” na sistematização do treino, logo será o mais aprofundado.
Modelos de Periodização
Evolução Histórica da Periodização
Periodização, “acto de periodizar”, ou seja dividir em períodos. É assim que o
dicionário define e foi desta forma que no Egipto e na Grécia antiga se realizava uma
preparação, primeiramente para as batalhas e posteriormente com o surgimento dosJogos Olímpicos, foi utilizada esta mesma periodização de forma a melhorar a
performance dos atletas, tal como foi citado por Braz (2006), citando Dantas (2003),
“De início utilizado apenas para fins militares e depois passou a ser utilizada com o
objectivo de aumentar a performance na prática desportiva.”
O modelo de periodização utilizado na Grécia antiga denominado de “TETRA”,
é um dos primeiros, senão mesmo o primeiro modelo conhecido. Este modelo foi
desenvolvido para a periodização do treino dos atletas que iriam participar nos JogosOlímpicos. Os “tetras” utilizavam ciclos de três dias de treino por um de repouso (ou
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exercício ligeiro) e teriam uma duração de quatro meses (DANTAS, 2003; DA SILVA,
2004).
Com a evolução e o mediatismo dos Jogos Olímpicos esta periodização foi
aumentando “até uma duração de dez meses de preparação geral, sendo que no ultimo
mes precedente à competição testavam a sua prova ante gente especializada.” Braz
(2006)
Já no século XIX e com o renascimento dos Jogos Olímpicos é que a
periodização do treino voltou a ser estruturada de forma a optimizar o rendimento
desportivo dos atletas. Segundo Gomes (2004) estudiosos como Kraevki (1902),
Tausmev (1902), Olshanik (1905), Skotar (1906), Shtliest (1908) e Murphy (1913)
contribuíram para o aparecimento da periodização do treino desportivo. Nesta fase
evolutiva da periodização Murphy e Kotov (1900-1920) sistematizaram os conteúdos de
treino em fases, de modo a permitir uma evolução progressiva da condição física dos
atletas. (Raposo, 2002). Kotov iniciou então a concepção de treino ininterrupto dividido
em três etapas: Geral (desenvolvimento do sistema cardiovascular e respiratório),
Preparatória (desenvolvimento da força e resistência muscular) e Especial (preparação
para uma modalidade ou prova especifica). (Da Silva 2004). Neste modelo de Kotovverificaram-se tendências evolutivas no volume de trabalho na preparação desportiva.
Mais tarde e através de Pihkala, Gorinovski e Birsin, finlandês e russos
respectivamente, que surgiram as primeiras tentativas de definição de uma periodização
de treino através de um trabalho publicado em 1930, chamado “Athletik”. Com esta
publicação surgem alguns princípios da periodização do treino, uma vez que os autores
propõem o seguinte conjunto de leis: “ a carga deve diminuir progressivamente em
volume e aumentar em intensidade”; “o treino específico edifica-se sobre uma ampla
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base geral”, “o treino deve apresentar uma clara alternância entre o trabalho e a
recuperação”. Braz (2006)
Uns anos antes, em 1922 era publicado o primeiro livro, “Bases Fundamentais
do Treino” por Gorinovski. Seis anos mais tarde L.Mang foi pioneiro ao “formular o
desenvolvimento paralelo do treino físico orgânico, técnico e táctico, coordenando
diversas variáveis de preparação” Barbanti e Filho (s/d). K. Gratyn publica em Moscovo
no ano de 1939 os “Conteúdos e princípios gerais da preparação do treino desportivo”,
um estudo onde apresenta as principais características que deve ter a periodização do
treino. No ano seguinte G. Dyson, apresenta o treino anual ininterrupto, propondo uma
divisão da época de preparação e cinco períodos. Já nos anos 50, G. Dyson juntamente
com N. Ozolin desenvolvem modelos que assentam numa preparação multilateral que
terminam numa especialização no momento da competição, estes modelos foram
aplicados especificamente ao atletismo.
Contudo e antes de se falar claramente em modelos de periodização, o artigo de
Letunov, em 1959 sobre “O sistema de planeamento do treino” não pode ser esquecido.
Leunov apresentava críticas aos “modelos” anteriores nomeadamente “pela falta de
bases fisiológicas e individualização do processo apresentado”. Neste artigo Letunov
apresentava a “junção dos conhecimentos sobre a adaptação biológica aos modelos de
treino e uma divisão da temporada em períodos de treino geral e especifico, destinados à
aquisição de forma, período competitivo e um outro à diminuição do nível de treino”.
Braz (2006)
Actualmente existem diferentes conceitos sobre o treino e a sua periodização, na
sua grande maioria todos partiram da proposta do russo L.P. Matveiev.
Modelo Clássico (MATVEIEV, anos 50)
Leev Pavlovitchi Matveiev, revelou ao mundo no final dos anos 50 o modelo de periodização que para muitos treinadores ainda é um modelo bastante utilizado
principalmente nos desportos individuais, mas para outros é considerado um modelo
clássico. Contudo L.P. Matveiev é considerado o “pai” da periodização do treino.
Matveiev fundamentou as suas explicações com base na teoria da Síndrome da
Adaptação Geral. Abrantes (2006) refere que Matveiev dividiu em três periodos o
macrociclo tendo em conta muitos factores que influenciam o calendário de
competições, contudo muitos destes factores não dependem nem do treinador nem do
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atleta. Assim foi necessário criar condições que eliminassem as contradições entre o
calendário desportivo e a periodização do treino, essas condições são as seguintes:
Calendário Competitivo: as competições mais importantes devem concentrar-se
num período cuja duração não deve ser superior ao tempo de duração da forma
desportiva dos atletas. Antes disso, deve haver um número ideal de competições
secundárias para o atleta aperfeiçoar a sua forma. A importância e dificuldade das
competições devem aparecer ao longo da época de uma forma progressiva e crescente.
Condições Climatéricas: são um factor determinante da periodização, pois
Matveiev baseou-se nas investigações de Hettinger & Muller e Prokop para estabelecer
períodos óptimos para alcançar a forma desportiva.
Leis Biológicas: fundamentadas as teorias de Selye (Sindrome da Adaptação
Geral), estabelece diferentes fases para se atingir a forma desportiva –
Desenvolvimento, Conservação e Perda – daí a existência de 3 períodos ao longo da
época – Preparação, Competição e Transição.
Segundo Matveiev (1990) a periodização tem como objectivo proporcionar a um
atleta em competições a forma desportiva, ou seja o estado no qual ele está preparado
para a obtenção de resultados desportivos. Assim e com base no que foi referido
anteriormente Matveiev elaborou o modelo distribuindo as cargas pelos periodos. Com
uma duração de até 12 meses, ele atribuiu seis meses para o primeiro, quatro a cinco
para o segundo e um a dois para o terceiro período.
Os períodos em referência são o período preparatório, competitivo e transitório.
Período Preparatório: para Matveiev neste período devem ser criadas e
desenvolvidas as premissas necessárias para que surja a forma desportiva, devendo ser
assegurada a sua consolidação. Assim este período divide-se em duas etapas, uma de
preparação geral e outra de preparação específica, sendo que a primeira é mais
prolongada.
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Durante a etapa de preparação geral a principal preocupação é criar uma boa
base de forma desportiva, para isso é necessário aumentar as capacidades funcionais do
organismo desenvolvendo as várias qualidades físicas. Caracteriza-se por um aumento
gradual do volume e da intensidade com crescimento preferencial do volume. A forma
desportiva a partir daqui dependerá do nível de preparação física de que se parte, ou seja
um individuo que está a começar a treinar não terá os mesmos resultados que outro que
já tenha um historial desportivo. Uma vez que nesta etapa é necessário aumentar as
capacidades funcionais do organismo, o conjunto de exercícios deve ser muito mais
amplo e variado, com uma maior proporção para desenvolver a resistência geral,
aperfeiçoamento geral da força. Nesta fase os exercícios competitivos devem ter uma
percentagem mínima, em alguns casos devem mesmo ser excluídos como é o caso de
atletas que têm um período muito curto e concentrado de competições. Esta
percentagem tão reduzida ou mesmo nula, deve-se a situações em que estes exercícios
podem ser executados sob um estereótipo motor assimilado anteriormente, deste modo
irá converter-se num obstáculo ao aperfeiçoamento.
Na etapa de preparação específica tem mais ênfase a estrutura e o conteúdo do
treino com o intuito de se criarem condições de organização da forma desportiva. A
tendência das cargas nesta etapa resume-se numa redução do volume total e no
acréscimo subsequente da intensidade. A preparação técnica é uma tarefa primordial
nesta etapa, para que possa ser criado um estereótipo dinâmico motor estável,
paralelamente aumenta-se a preparação táctica. Assim, são criadas condições para o
aumento do treino específico, permitindo a combinação harmoniosa das várias
componentes da forma desportiva. Ainda nesta etapa há uma inter-relação especial da
preparação física, técnica, táctica e volitiva adaptando-se internamente entre elas.
Período Competitivo: após a aquisição da forma desportiva, é necessário
preservá-la durante este período, aplicando-a na conquista de resultados desportivos.
Não devem ser realizadas reestruturações neste período, uma vez que limitariam a
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forma desportiva impossibilitando o êxito traçado nos objectivos para as competições.
Para um período competitivo de curta duração o volume geral das cargas de treino
contínua, inicialmente com uma redução ligeira e uma estabilização a seguir,
aumentam-se as intensidades das cargas específicas até atingir um máximo e estabilizar-
se nesse patamar, nesta situação produzem-se oscilações ondulatórias do volume e da
intensidade. Se o período for prolongado produz-se um novo aumento do volume geral
das cargas após a estabilização das exigências do treino, seguindo-se uma ligeira
redução da sua intensidade, manifestando-se novamente uma redução do volume e um
aumento na intensidade.
A preparação moral e volitiva assume neste período um papel especial, ou seja a
adaptação psicológica às competições. É essencial a mobilização do atleta para a
manifestação máxima das forças físicas e psicológicas, necessitando adoptar uma
atitude correcta face a possíveis dissabores desportivos mantendo-se emocionalmente
forte. A preparação física tem um papel meramente de evolução funcional, orientada
para a manutenção e conservação do nível de forma até ai alcançado. Já a preparação
técnica e táctica asseguram o aperfeiçoamento das formas adoptadas da actividade
motora até ai, aproveitando ao máximo a coordenação dos movimentos,
desenvolvimento táctico e ampliação dos conhecimentos especializados.
Período de Transição: tem como objectivo principal proporcionar aos atletas
algum descanso entre dois macrociclos. Não se trata de uma suspensão do processo de
treino, mas antes um período para evitar o efeito acumulativo do treino em overtraining,
devendo ser criadas condições de manutenção de um determinado nível de treino, uma
vez que com descanso activo é impossível manter o nível de treino num ponto ideal,
mas pode manter-se de tal modo que permita iniciar um novo ciclo de treino com
posições de partida mais elevadas que as anteriores. Em suma e segundo Abrantes
(2006), este período deve ser utilizado para manter a actividade física regular com umadiminuição da carga de treino como já foi referido anteriormente, devendo-se quebrar as
rotinas de treino praticando desportos diferentes, aproveitar para melhorar a
flexibilidade e tratar de lesões, analisar a época anterior e preparar a seguinte, por fim
manter uma alimentação saudável.
Dependendo de cada desporto e das respectivas características do calendário de
competições, etc., destacam-se os ciclos anuais e os ciclos semestrais. Abrantes (2006)
esquematiza na imagem seguinte a periodização simples (ciclo anual) e a periodizaçãodupla (ciclo semestral). De realçar e segundo Barbabti & Filho (s/d), também que existe
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a periodização tripla que é usada em jovens atletas em formação e que não têm uma
estrutura rígida de treino.
Periodização Simples
Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Competições xxx xxx XXX XXX XX
Períodos Tran. Preparatório Competitivo
Etapas Tran. Geral Especifica Pré-Comp Competitiva
Periodização Dupla
Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Competições xxx XX XX xxx XX XX X X
Períodos Tran. Preparatório Competitivo Tran. Preparatório Competitivo
Etapas Tran. Geral Esp. P.C. Comp Tran. Esp. P.C. Competitiva
Modelo Pendular
Surge em 1971 por Arosiev e Kalinin, os primeiros a propor esta “estrutura
pendular”. Alguns seguidores, como Fortaleza de La Rosa (2006) citado por Miglinas et
al (2009), alegava que esta formatação da periodização facilitava a manutenção da
melhor forma competitiva do atleta durante o ano.
Com o intuito de aperfeiçoar o modelo de Matveiev, surge o princípio do
“pêndulo”, e assenta em dois pressupostos: o restabelecimento da capacidade de
trabalho, é mais eficaz quando não se trata de um descanso passivo e sim de uma
actividade contrastante; a sequência dos microciclos básicos e de regulação faz com que
o organismo do atleta se restabeleça mais eficazmente e também sejam submetidos a
ritmos elevados e reduzidos da capacidade de trabalho geral (Garcia, 1996 in Braz,
2006).
Quanto maiores são os pêndulos, maior será a probabilidade do atleta manter a
forma desportiva por um maior período, mas se estes são menores durante o processo de
treino, maiores serão as condições para uma competição eficaz. (Rosa. F 2006, citado
por Miglinas et al, 2009).
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alterações até ao que então se tinha escrito sobre o tema. Este modelo foi proposto para
desportos com características de força. Segundo Abrantes (2006) o autor desenvolveu o
Método de Cargas Concentradas virado especificamente para atletas de elite.
Segundo Alvarenga & Pantaleão (2008) este modelo é repartido por três blocos
agrupados logicamente: o bloco A (preparação física especial), activa os mecanismos do
processo de adaptação e é orientado para a especialização morfológica e funcional do
organismo; o bloco B (preparação técnico-táctico) assimila a capacidade de utilizar a
evolução do potencial locomotor através do aumento gradual da intensidade de
execução do exercício competitivo; o bloco C (competições) assegura a conclusão do
ciclo de adaptação e a capacidade do organismo levar ao máximo o trabalho realizado
através das competições. Segundo Cervero e Granell (2003) citados por Alvarenga &
Pantaleão (2008) parte dos conteúdos dos blocos sobrepõem-se para que desta forma os
efeitos do bloco sucessor sejam aproveitados com efeitos retardados do treino.
Para Abrantes (2006) no método de cargas concentradas a principal novidade é a
utilização de treinos concentrados com cargas unidireccionais e com volumes elevados
durante um tempo limitado, ate dois meses. Esta carga produz uma ligeira recuperação,
“incompleta, e pouco estável que se relaciona com alterações persistentes e
relativamente prolongadas da homeostasia”, desencadeando grandes alterações que são
requisito para a super-compensação.
Modelo de BONDARCHUCK
Anatoly Bondarchuck notável atleta e treinador na área dos lançamentos,
considerando por Abrantes (2006) como um dos “pais” das novas teorias sobre a
periodização e planeamento do treino desportivo, revelando um corte radical com o
modelo de Matveiev.
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possível nas competições principais. Isso requer um planeamento organizado e bem
executado, o que favorece a adaptação fisiológica e psicológica do atleta. Pode-se elevar
o nível do planeamento anual dividindo o treino e utilizando abordagens progressivas
no desenvolvimento físico do atleta. Bompa, (2002).
Modelo de Sinos Estruturais (DE LA ROSA, 2001)
Este modelo segue os mesmos princípios da diferenciação entre cargas gerais e
específicas, no entanto estas últimas nunca se sobrepõem às cargas específicas, mesmo
em momentos de carga mínima. (Alvarenga et al, 2008)
Modelo de Cargas Selectivas (ANTONIO CARLOS GOMES, 2002)Surge para colmatar as necessidades do calendário colectivo, onde a temporada
desportiva impossibilita a suficiente preparação dos atletas antes dos jogos oficiais,
dificultando a distribuição das cargas de treino durante o macrociclo.
O grande número de jogos durante a temporada, torna impossível o
desenvolvimento das capacidades máximas, sendo assim desenvolvidas as capacidades
submáximas. Este modelo vem assim propor uma periodização dupla com uma duração
de 26 semanas para cada macrociclo no caso do futebol. Neste, o volume de treino permanece estável quase toda a temporada de competição, alterando-se as capacidades
de treino a cada mês (resistência, flexibilidade, força, velocidade, técnica e táctica).
Aqui o objectivo principal está nas capacidades de velocidade. (Gomes, 2002)
Modelo Integrado
Nos anos 80 e 90, surge uma nova óptica da acção do jogo e do treino
desportivo, cujo objectivo era integrar todos os elementos, que intervêm no
desenvolvimento/rendimento da acção do jogo e na elaboração dos exercícios de treino,
procurando uma maior integração entre as aquisições das destrezas técnico-tácticas e a
melhoria da condição física.
Ramos (2000) in Braz (2006), refere que o treino desportivo é, por definição um
processo integrado, uma vez que este é sempre um processo que não se limita à
alteração de capacidades isoladas.
Representa uma alternativa onde cada exercício procura identificar e provocar
solicitações tanto no aspecto físico, como no técnico-táctico. Só assim poderemos
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elaborar uma planificação real, integrada, correspondendo à preparação do desportista,
havendo assim um maior controlo óptimo dos estímulos de treino. (Aguila & Turino,
2002, citado por Braz, 2006)
Modelo ATR
Este modelo foi proposto por Issurin & Kaverin, mas existe um outro nome de
um espanhol, Fernando Navarro que, supostamente de “apropriou” desses estudos. Para
Abrantes (2006) este modelo é uma das variantes do modelo de treino por blocos com
cargas concentradas de Verchoshanskij. Período de Acumulação, Transformação e
Realização é assim que este modelo se divide, separando cada um deles no de
Acumulação prevalece uma elevação do potencial técnico e motor, o de Transformação
utiliza esta elevação de potencial transformando-a na preparação específica, por fim o
de Realização é onde vai ser aplicado todo o trabalho realizado no treino através de
exercícios competitivos e competições propriamente ditas. (FARTO, 2002 in Miglinas
et al, 2009)
Conclusão
Segundo a reflexão de Silva (1995) citado por Barbanti e Filho (s/d), “a maioria
das propostas de periodização do treino desportivo foram elaboradas e experimentadas
em situações e realidades distintas, e todas elas, nas especificidades em que foram
aplicadas, apresentaram resultados positivos e em alguns casos até superiores à
periodização tradicional. No entanto, ainda carecem de maior diversificação em termos
experimentais, para que lhes seja garantida a necessária consistência e o indispensável
respaldo prático para aplicações mais genéricas.”
Atendendo ao que foi descrito durante este artigo, conclui-se que, o modelo
utilizado depende de varias variáveis: a modalidade, individual ou colectivo,capacidades físicas predominantes (ex. força, resistência, misto), disponibilidade do
atleta para treinar e o calendário de competições.
O modelo de Matveiev apesar de ser muito contestado, serviu de base para a
maioria dos modelos propostos. Actualmente ainda é muito utilizado especialmente em
desportos individuais. No nosso país é muito utilizado no atletismo e na natação. O
modelo de treino estrutural Tschiene está direccionado para desportos que recorrem
frequentemente a força explosiva. Verchoshanskij e Bondarchuck ambos os modelostêm características para desportos de força, halterofilismo e lançamentos por exemplo.
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Já o modelo de Bompa aplica-se a modalidades que exigem potência e velocidade, em
detrimento dos que se focam na resistência. Os modelos de cargas selectivas e o modelo
integrado surgem para colmatar as necessidades dos desportos colectivos.
Forteza de La Rosa (2006) afirma “não estamos em condições de elaborar-mos
uma nova teoria, mas sim formulas baseadas nas concepções metodológicas
existentes…”
Em suma, seja qual for o modelo escolhido o principal objectivo será o de
provocar adaptações no organismo dos atletas, obtendo assim os “picos” de forma de
acordo com os calendários competitivos.
“ Não há uma periodização óptima para cada desporto, nem dados precisos com
relação ao tempo necessário para um aumento ideal do nível de treinamento e da forma
atlética.” Bompa (2002)
Glossário
Exercícios Especiais ou Competitivos – aqueles que compreendem os elementos e as
acções das competições. Mateviev (1990)
Homeostasia – é a propriedade auto-reguladora de um sistema, ou organismo, que
permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis físico-químicas essenciais ou de
seu meio ambiente.
Macrociclo – Normalmente tem uma duração de seis meses a um ano, engloba vários
mesociclos, objectivando a melhoria dos factores que condicionam um atleta ou uma
equipa para atingir o pico de forma nas competições. Abrantes (2006)
Mesociclo – Engloba um determinado número de microciclos, pode durar entre três
semanas até quatro meses organizados para atingir um objectivo. Abrantes (2006)
Microciclo – É um conjunto de sessões de treino repartidas, normalmente com duraçãode uma semana. Abrantes (2006)
Periodização - É uma estrutura temporal na qual se divide um período em segmentos,mais fáceis de controlar.
Preparação Técnica – assimilação mais completa da técnica das acções competitivas
na forma em que serão aplicadas ao longo do período competitivo. Mateviev (1990)
Síndrome da Adaptação Geral – É um conjunto de reacções não especificas
desencadeadas quando o organismo é exposto a um estímulo ameaçador è manutençãoda homeostase.
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Supercompensação – Um aumento do potencial energético que corresponde a uma
resposta adaptativa bem sucedida, permitindo uma resposta a um determinado estímulo
de nível superior regressar ao nível inicial.
Volume – A quantidade total da carga efectuada pelos praticantes num exercício, numa
unidade de treino, ou num ciclo de treino. Castelo (2000)
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