Post on 22-Jun-2015
O VALOR DA APREENSÃO DA PAISAGEM DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA/BA CENTRADA
NO SUJEITO E NO ESPAÇO
DELZA RODRIGUES DE CARVALHO
BAHIA– BRASIL2011
UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ - REITORIA DE PÓS - GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS – GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
INTRODUÇÃO
O artigo discute a importância do Método de avaliação
ambiental, denominado “Método de Contingência”, a partir
da valoração da paisagem centrada no sujeito (percepção
geográfica), associada à análise retrospectiva (diacrônica)
para entender as relações socioeconômicas vigentes
(sincrônica), que engendram o espaço turístico da
Chapada Diamantina/Bahia.
OBJETIVOS : GERAL E ESPECIFICO Analisar a valoração da paisagem, à luz do valor de uso dos moradores locais e turistas, associados aos sujeitos que efetivamente exerce poder - comerciantes locais empresários do turismo (donos de hotéis e agências de turismo) e instituições (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA) - esses de fato controlam os espaços da Chapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal, vinculando as representações do espaço ao percebido, concebido e vivido;
OBJETIVOS : GERAL E ESPECIFICO Aplicar o MVC para estimar os valores médios e
medianos que os indivíduos, estariam dispostos a pagar (DAP) pela:
Conservação dos atrativos turísticos formados por um conjunto de vales, serras, riqueza arquitetônica das cidades históricas, quedas d‘água, cachoeiras, grutas cavernas e ruínas de antigos povoados, que evocam o auge da mineração, bem como, o patrimônio histórico cultural de Lisboa e Sintra/ Portugal;
Valoração da paisagem da Chapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa; e Sintra/ Portugal, vinculando as representações do espaço ao concebido, percebido e vivido ao valor de valor de uso dos moradores locais e turistas e o valor de troca dos sujeitos que exercem poder sobre o espaço - comerciantes locais, empresários do turismo e instituições de conservação e preservação ambiental
PERGUNTAS DE PESQUISA É possível a integração entre os métodos de
valoração econômica ambiental e a abordagem da Geografia Cultural para valoração da paisagem?
Em que medida, os métodos de valoração econômica ambiental, contribuiu para a técnica de Análise Custo-Benefício (ACB) dos projetos estruturantes (implantados/ a implantar), constantes no Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região da Chapada Diamantina?
Qual seria o valor médio e mediano, de uso e não uso, que os diferentes atores/agentes sociais estariam dispostos a pagar (DAP), pela conservação dos atrativos turísticos e patrimônios históricos de Lençóis, Andaraí, Mucugê, Lençóis e Palmeiras, e também, dos concelhos de Lisboa e Sintra/Portugal?
PERGUNTAS DE PESQUISA
Existem percepção e valoração ambiental diferenciada por
parte dos diversos grupos sociais (moradores locais,
turistas, empresários, comerciantes) da Chapada
Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal?
Em que medida existe múltiplas dimensões do espaço da
Chapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal,
a partir do cotidiano/não cotidiano dos grupos e/ou classes
sociais (Moradores locais, turistas, empresários,
comerciantes e instituições) vinculando as representações
do espaço ao percebido, concebido e vivido?
Hipóteses
A apreensão da paisagem constitui-se num
processo seletivo de percepção. Embora a
realidade seja singular, cada pessoa a vê sob a
ótica diferente. Compartilhando com a ideia de
Milton Santos (1988), a apreensão das coisas
materiais, pelo ator, é sempre deformada, pois a
visão de paisagem pode se expandir ou se alterar,
a partir dos distintos lugares em que se localiza o
observador;
Hipóteses
As categorias geográficas - espaço, território e lugar -
fundamentados sob a abordagem cultural oferecem
possibilidades de interface com os métodos de valoração
ambiental desenvolvido pela Escola Neoclássica. Essa
nova metodologia apresenta maior consistência nas
análises de valoração da paisagem;
Hipóteses Constitui-se numa falácia a aplicabilidade dos
métodos de valoração econômica ambiental desenvolvida pela Teoria Neoclássica, na formulação de políticas públicas.
As limitações teóricas e metodológicas refletem na incapacidade de assegurar a gestão e eficácia do planejamento, acerca do uso dos recursos ambientais, bem como, de atenuar a lógica do sistema capitalista, que converte em descartável, supérfluo e desperdiçado, tudo aquilo que deveria ser conservado.
Hipóteses O uso e a apropriação dos espaços pelos indivíduos, representados por
turistas, empresários do turismo e comerciantes relacionados aos
espaços públicos da região da Chapada Diamantina/Brasil/Bahia,
Lisboa e Sintra/Portugal, têm uma lógica contrária à percepção e
vivência, porém, favorável à materialização do espaço concebido. A
materialização do espaço concebido obedece à lógica da troca do
mercado monitorado pelo interesse da classe dominante do capital.
Dessa forma, entende-se que a apropriação do espaço pelos moradores
locais dos municípios ocorre no plano da vida cotidiana — do vivido
—, e por isso, entra em conflito com os grupos que atuam no espaço
como forma de reproduzir o capital — o concebido Donos de hotéis e
agências de turismo.
Estrutura da Tese
No primeiro capitulo, foi é feita uma discussão sobre a fundamentação teórica, necessária à valoração da paisagem. Nesta perspectiva, foi apresentada a teoria para valoração da paisagem, as categorias conceituais da Geografia e o valor econômico total dos recursos ambientais.
Estrutura da Tese
No segundo capítulo abordam-se os aspectos metodológicos em atendimento à problemática e aos objetivos propostos na pesquisa. Apresentam-se o procedimento para coleta de dados, a metodologia aplicada ao desenvolvimento do pré-teste e a aplicação do instrumento de coleta de dados, a técnica utilizada para tratamento dos dados e os procedimentos para organização e análise dos dados.
Estrutura da Tese
No terceiro capitulo é feita uma análise diacrônica
e sincrônica das paisagens dos municípios, que
delimitam o Parque Nacional da Chapada
Diamantina-Ba. Abordam-se as características
geoeconômicas e uma análise dos potenciais
turísticos dos municípios. Num segundo momento,
as discussões são norteadas com base nos
elementos constitutivos do espaço, bem como nas
múltiplas dimensões vinculadas aos espaços
concebidos, percebido e vivido desses municípios
Estrutura da Tese No quarto capitulo, aborda-se a tríplice configuração
espacial dos concelhos de Lisboa e Sintra/Portugal:
Evidencia-se o olhar geográfico do patrimônio cultural, turismo, identidades e representações territoriais;
Procede-se a valoração da paisagem, sob o enfoque das dimensões espaciais, nesse :
São comparadas às opiniões dos entrevistados em relação às paisagens dos concelhos numa abordagem integradora.
São consideradas as diferentes dimensões e escalas de análise da paisagem, bem como são confrontados diferentes perfis de pesquisados
Estrutura da Tese :Quinto capitulo
Analisa-se o olhar geográfico do patrimônio histórico-
cultural, do turismo, das identidades e representações
territoriais na Chapada Diamantina, destacando-se:
As características do espaço Lefebvriano;
O valor de uso e não uso da paisagem local. São
discutidos os pressupostos valorativos na dimensão do
espaço concebido;
A vocação turística da região, enquanto, atividade
indutora de transformações do espaço geográfico;
Estrutura da Tese :Quinto capitulo
A determinação do valor dos atrativos
turísticos: Método de Valoração de
Contingente Hibrido – MVCH;
O turismo, identidades e representações
territoriais do Projeto Brejo Verruga que, tem
como objetivo a refuncionalização do uso da
gruta, a partir de um conjunto de modificações
tanto materiais como simbólicas no espaço.
Estrutura da Tese No sexto capitulo, aborda-se a preferência pelas
paisagens dos municípios, que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina, a partir das intencionalidades dos agentes/atores sociais. Nesse tópico, discutem-se as diferentes percepções da paisagem, e em seguida pondera-se sobre o auto de infração - Termo de Ajustamento de Conduta para conservação da “Gruta do Poço Encantado”, localizado no município de Itaetê. Ainda, nesse capitulo é feita uma análise estatística, utilizando a Técnica Fatorial Múltipla. Na última seção é feita uma análise sobre a percepção da paisagem vivida e as tipologias de sensibilidade ambiental, na delimitação espacial de pesquisa.
Estrutura da Tese Nas considerações finais retomam-se as
assertivas definidas nas hipóteses para suas validações respaldadas nos resultados obtidos do trabalho empírico, e referencial teórico metodológico de pesquisa. Em seguida, são apontadas algumas perspectivas respaldadas nos resultados obtidos, a partir do embasamento teórico - metodológico de pesquisa.
Metodologia
A Individualização das Paisagens
Na construção de análise dessa pesquisa, é feita uma abordagem metodológica diacrônica (passado) e sincrônica (presente), valorativa da paisagem centrada no espaço/território/lugar.
Enquadramento Geográfico das Regiões – Localização e Delimitação.
Enquadramento Humano e Técnico Projetos Produtivos e Estruturantes (categoria), constantes no
Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável da Região da Chapada Diamantina/Bahia/Brasil
Para dimensionar a população alvo do estudo foi aplicada a Técnica de Amostragem probabilística aleatória simples
203 Entrevistados da Chapada Diamantina
268 questionários e entrevistas em Lisboa e Sintra
Metodologia
Poço Azul, Nova Redenção
Cânion da Fumacinha
Caverna em Iraquara Rio Pratinha- Iraquara Morrão – Palmeiras
Maribus- PNCD Maribus - PNCD
Cach. Recanto Verde -Ibicoara Cemitério Bizantino - Mucugê
Metodologia
Vista Parcial de Sintra
Torre de Belém
Jardim Praça do Império Mosteiro dos Jerônimos Castelo de S.Jorge
Castelo de Sintra Palácio Nacional do Pena
Vista Parcial de Lisboa
Instrumento de coleta de dados: Questionário, Entrevista e Observações Diretas.
As entrevistas na Chapada Diamantina ocorreram no mês de Janeiro/2010 e primeira quinzena de Fevereiro/2010. Quanto em Lisboa e Sintra/ Portugal, os questionários e as entrevistas, foram aplicados na segunda quinzena de Março, e nos meses de Abril Maio e Junho/20l0
Disposição de Pagar- DAP
A proposta de integração da abordagem econômica e cultural estabelece-se em comum para valoração ambiental, a partir da criação de um mercado hipotético, nos quais, prevalecem os diferentes graus de gosto e preferência, no momento da Disposição de Pagar- DAP pelo do uso e não uso do meio ambiente.
Metodologia
Metodologia Todas as análises foram efetuadas com o
software SPSS (v. 14, SPSS Inc. Chicago, IL) e os outputs do programa apresentam-se distribuídos ao longo dos capítulos.
Trata-se de uma técnica de interdependência que avalia todas as variáveis simultaneamente, cada uma relacionada com a outra, empregando o conceito da variável estatística
Discussão
PRÁTICAS ESPACIAIS MATERIAIS PERCEBIDO
REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO CONCEBIDO
ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÕES DO VIVIDO
(Fluxos,circulação, transferências e interações físicas e materiais)
Espaço instrumental dos cientistas e planejadores
Códigos, signos, discursos espaciais, planos utópicos, paisagens imaginárias e espaços simbólicos
Infraestrutura (sistema de esgoto sanitário,abastecimento de água,coleta de lixo, pavimentação de ruas)
Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável – PDRS da Chapada Diamantina Atores/Agentes Sociais:
Infraestrutura de transportes (intermunicipal, rodoviário e aeroviário)
Projetos estruturantes moradores locais
Criação de estradas e comunicação Projetos Produtivos Turistas
Transporte rodoviário intermunicipal, telefonia fixa e móvel
Projetos Sociais Empresários diretamente e indiretamente ligados ao turismo)
Gestão ambiental: Valoração ambiental de morros, rios, cachoeiras, cascatas, grutas, vegetação exótica, quedas d’água, cavernas, ruínas de antigos povoados, patrimônio arquitetônico de estilo neoclássico e neo-gótico das cidades históricas, constantes nos municípios limítrofes do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Lisboa e Sintra.
Categorias de Análise Espacial (forma, função estrutura e processo);
Elementos Constitutivos do espaço:
homens, às firmas, as instituições, meio ecológico e a infraestrutura
Comerciantes
Instituições
Discussão
A escolha deve-se ao fato de que as categorias de análise utilizadas procuram enfocar o espaço/território nas suas perspectivas sincrônicas, enquanto paisagem, e diacrônica como resultante de um processo;
O processo, enquanto, categoria de análise para compreensão da produção do espaço, dá conta das ações e interações de todos os outros elementos;
É feito um levantamento retrospectivo na delimitação espacial de estudo, análise diacrônica, para entender as relações socioeconômicas vigentes, análise sincrônica.
Discussão Lefebvre (1986) se refere sempre a espaço, e não a
território. No seu discurso, percebe-se que não se trata de um espaço no sentido genérico, e nem também, um espaço natural, porém, de um espaço-processo, socialmente construído que se inicia pela apropriação da natureza e dominação, uma característica marcante da sociedade hegemônica do capital.
O espaço dominado define-se por oposição ao espaço apropriado (valor de uso). O espaço dominado (valor de troca) é um espaço natural transformado pela técnica e pela política imposta pelas autoridades estatais (técnicos, planificadores).
Discussão O espaço vivido é compreendido como um espaço
apropriado. É um espaço natural modificado para servir as necessidades e as possibilidades de um grupo social que se apropria dele;
Se “apresenta” por meio das imagens e dos símbolos que o acompanham. Apesar de ser distinto do percebido e concebido, num certo sentido, engloba-os.
É o espaço dos homens, enquanto seres individuais e sociais. Corresponde: à população, a demanda turística; os representantes das firmas no segmento turístico e as instituições, que legitimam as normas, às ordens institucionais vigentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível a integração entre os métodos de
valoração econômica ambiental e a abordagem da Geografia Cultural para valoração da paisagem
Existem percepção e valoração ambiental diferenciada por parte dos diversos grupos sociais (moradores locais, turistas, empresários, comerciantes) da Chapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal
CONSIDERAÇÕES FINAIS Existe múltiplas dimensões do espaço da Chapada
Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal, a partir do cotidiano/não cotidiano dos grupos e/ou classes sociais (Moradores locais, turistas, empresários, comerciantes e instituições) vinculando as representações do espaço ao percebido, concebido e vivido
Externalidades são consideradas falhas no sistema de mercado, e ocorrem quando as atividades de produção e/ou consumo geram custos (ou benefícios) que não são adequadamente contabilizados pelo mercado
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando aplicado o método de valoração econômica, constatou-se a dificuldade em induzir os indivíduos a revelaram sua verdadeira disposição de pagar pela conservação do recurso ambiental, em razão da responsabilidade individual do entrevistado frente à questão e a possibilidade de aproveitamento coletivo advindo da conservação ambiental.
Ratifica-se o princípio de que, em geral, estimam apenas valores mínimos para os bens em avaliação, mesmo porque a qualidade ambiental atual tende a ser tida como de direito. Por isso, as pessoas não consideram justo pagar o valor expressivo para assegurá-la.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável na Região da Chapada Diamantina observou-se deficiências operacionais:
que compreendem, a inobservância dos requisitos básicos necessários ao desenvolvimento dos projetos (estruturantes, produtivos e sociais);
que comprometem suas funções, objetivos e gestão ambiental de planejamento e desenvolvimento sustentável defendidos pelo órgão oficiais de planejamento da Bahia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A técnica metodológica de valoração hibrida da
paisagem pode fornecer informações, que: demonstrem ou não a necessidade de
conservar/preservar determinadas áreas ambientais; recomendem soluções aos problemas de ocupação
de territórios; programem e realizem planejamento para ocupação
de áreas que causem menos impacto ao ambiente natural.
permitem aos tomadores de decisão avaliarem e pesarem as ações alternativas, bem como os seus respectivos impactos dentro de um amplo contexto bio-sócio-econômico