MODELAGEM DA PERDA DE INSOLAÇÃO EM EDIFÍCIOS URBANOS M.Sc. Eng. Marcio Santos Eng. Flávio...

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MODELAGEM DA PERDA DE INSOLAÇÃO

EM EDIFÍCIOS URBANOS

M.Sc. Eng. Marcio SantosEng. Flávio Fernando de Figueiredo

TRABALHO

MODELAGEM DA PERDA DE INSOLAÇÃO EM EDIFÍCIOS

URBANOS

CONTEXTUALIZAÇÃO

- Tendência dos últimos anos: “boom” imobiliário e adensamento dos centros urbanos;

- Consequência: aumento das demandas judiciais envolvendo prejuízos causados por novas construções;

- Perda de insolação é um dos prejuízos alegados de forma recorrente;

- Perícias judiciais raramente se valem de modelagem quantitativa e ferramentas computacionais atualmente disponíveis ao perito;

- Conclusões caracterizadas por elevada subjetividade, prejudicando a confiabilidade da prova técnica;

Caracterizaçãodo problema

- Trabalho pericial tinha por objetivo apurar eventuais prejuízos do condomínio Autor em razão da construção de um novo condomínio, cujo incorporador e construtor figuraram como réus no processo;

Fig. – Aspecto da região onde se situavam os imóveis “sub-júdice”

Caracterizaçãodo problema

- Alegações do Autor: construção vizinha iria ocasionar grande prejuízo à insolação e devassamento da privacidade;

Segundo o Autor, o prejuízo à insolação decorreria da construção de uma mureta, no nível da piscina, sem observância dos ditames da edilidade!

Conclusões do Perito Judicial

- Após as diligências periciais, o Jurisperito concluiu o seguinte:

- A construção da mureta teria ocasionado prejuízo à insolação;

- Prejuízo teria decorrido do “rebaixamento do padrão construtivo do imóvel”, da seguinte forma:

- Perito propôs indenização calculada da seguinte forma:

Situação Padrão construtivo do imóvel do Autor

Antes da construção da ré Padrão Superior

Após a construção da ré Padrão Médio

Apartamentos do imóvel do Autor

Desvalorização

Do 1º ao 5º andares 9,7% de desvalorização

Do 5º ao 10º andares 4,8% de desvalorização

Conclusões do Perito Judicial

- Com base em pesquisa própria, o Jurisperito calculou o montante indenizatório em R$ 400.000,00 (Quatrocentos mil reais), data-base Outubro/2006;

- Conclusões acerca do prejuízo à insolação e da quantificação do suposto prejuízo, em valor monetário, vieram totalmente desprovidas de qualquer demonstração no Laudo Pericial;

- As conclusões do Laudo Pericial foram objeto de robusta contestação técnica por parte dos Assistentes Técnicos que auxiliavam as empresas Rés;

Procedimentos utilizados na contestação

técnica

- Utilização dos procedimentos propostos nas 4 partes da norma de iluminação natural, a NBR 15215 e daqueles preconizados em PETRUCCI e IOSHIMOTO (1996), professores da Escola Politécnica da USP;

- Síntese do processo de apuração:- Cálculo da iluminância externa para as

condições de céu claro e encoberto;- Cálculo da declinação solar;- Cálculo da iluminância em um ponto interno

da edificação do Autor;- Modelagem computacional do sombreamento

da fachada do Autor;

Iluminância Externa

- Formulação para o cálculo da Iluminância Externa (Petrucci e Ioshimoto, 1996)

Iluminância Externa

- Variação da Iluminância externa com os meses do ano e as horas do dia:

Iluminância em um ponto interno

Nesta etapa é calculado o percentual da iluminância externa que chega a um ponto interno à edificação. Três componentes são identificados: CC = componente celeste (luz direta); CRE = componentes de reflexão externa; CRI = componente de reflexão interna;

Iluminância em um ponto interno

- No caso analisado na perícia, os valores dos três componentes foram assim obtidos;- CC = componente celeste (ou “luz direta”) era

nula para os apartamentos mais críticos (mais baixos) em função da própria ocupação da quadra. Essa componente não se alterou com a construção da Requerida;

- CRI = componente de reflexão interna. Não se alterou com a construção do prédio da Requerida;

- CRE = componente de reflexão externa. Não se alterou com a construção do muro divisório porque os apartamentos mais baixos eram obstruídos pelo corpo principal do prédio da Requerida, cuja legalidade não era questionada pelo Autor;

Iluminância em um ponto interno

- Cálculos demonstraram que um ponto interno do apartamento mais crítico do condomínio Autor recebia 1,9% da Iluminância Externa, condição que não foi alterada pela construção das Requeridas;

Fig. – Variação da iluminância interna no apartamento mais crítico (“mais baixo”) do imóvel do Autor.

Modelagem computacional

- Em complemento à análise quantitativa, foi efetuada uma modelagem computacional representando a ocupação da quadra, para avaliar as condições de sombreamento;

Modelagem computacional

- O sombreamento da fachada do Autor foi avaliado em vários períodos do ano e em algumas horas do dia;

Fig. – Sombreamento da fachada às 9:00hs, entre o solstício de verão e um equinócio.

Modelagem computacional

Fig. – Sombreamento da fachada às 12:00hs, entre o solstício de verão e um equinócio.

Modelagem computacional

- Para representar fielmente a situação fática, foi introduzido na modelagem o muro divisório no nível da piscina, o qual seria a causa dos prejuízos à insolação do Autor;

Modelagem computacional

- Sombreamento da fachada do Autor após a introdução da mureta no nível da piscina, sem alteração relevante;

- Para uma análise “por absurdo”, avaliou-se o sombreamento da fachada do Autor sem a existência do imóvel erigido pelas Requeridas! Sombreamento persiste.

Modelagem computacional

Síntese eConclusões

- Da modelagem efetuada, foi possível concluir que o sombreamento do imóvel do Autor não era condicionado pela mureta divisória, mas sim pela própria ocupação da quadra;

- O sombreamento é um fenômeno típico dos grandes centros urbanos, tendo em vista que a quadra urbana se constitui, nestes centros, em um “sólido edificado” (AGUIAR, 2001);

- Perícias envolvendo apuração de prejuízos às condições de insolação, ventilação, privacidade, etc, deveriam se valer das ferramentas quantitativas e computacionais atualmente disponíveis;

- Conclusões calcadas exclusivamente em argumentos subjetivos prejudicam a prova técnica;

OBRIGADO !

OBRIGADO