Post on 24-Jun-2015
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0. APRESENTAÇÃO
A proposta deste trabalho teve início a partir de um interesse pessoal pela temática do patrimônio
industrial, e também pelas relações de permanências e transformações pelas quais o bairro da Mooca – em São
Paulo/SP – vem atravessando. Essa discussão abrange um debate sobre a construção e a produção da cidade
contemporânea, onde o patrimônio deve ser tratado como um tema urbano e não como uma questão isolada. O
objetivo dessa proposta é a elaboração de um projeto para requalificação de um
conjunto de edifícios industriais com grande significado histórico para a região da Mooca e que fazem parte
de um importante eixo de edificações fabris que se desenvolveu às margens da ferrovia, e foi recentemente tombado
pelo DPH – Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo.
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1 e 2 LADO A LADO: o patrimônio industrial e a verticalização iminente no bairro da Mooca
Fonte:Acervo Pessoal
1. INTRODUÇÃO
O crescimento desordenado das cidades, a especulação imobiliária, as mudanças dos comportamentos, os
novos valores e estilos de vida podem gerar impactos irreversíveis no patrimônio histórico e cultural das cidades, pois
são fatores resultantes da vida da sociedade capitalista e globalizada. Por outro lado, a revitalização é o movimento
contrário, pois indica a retomada das discussões sobre preservação, conservação e restauração do patrimônio e,
essencialmente, a preocupação com espaços e manifestações que permitem o olhar, a convivência, o conhecimento e
a interação com valores, histórias, símbolos e manifestações que visam o resgate do patrimônio – de todas as
naturezas (histórico, cultural, industrial, etc.) – para os usos contemporâneos.
A análise histórica do desenvolvimento da cidade de São Paulo mostra a interrelação entre sua estrutura
urbana e o desenvolvimento da via férrea, que no final do século XIX resultou na conformação de cidade
industrializada ao longo de toda a extensão do leito ferroviário. Já em meados do século XX, a transformação da São
Paulo industrial em metrópole pós-industrial – bem como uma sucessão de planos diretores que ajudaram na formação
de uma cidade que privilegia o automóvel em detrimento da utilização e ampliação dos transportes públicos –
comprometeu a função da rede ferroviária que, entrando em obsolescência parcial, transformou os espaços e usos a
ela relacionados.
No bairro da Mooca não foi diferente: a maior concentração de edificações industriais datadas do início do
século XX localiza-se ao longo da faixa ferroviária, como é possível observar na figura a seguir3. Ao ocupar esses
terrenos, as indústrias e armazéns voltaram os fundos para a via férrea – recurso que permitia o recebimento e
escoamento de produtos – e o acesso principal passou a acontecer pelas ruas paralelas – como a atual Avenida
Presidente Wilson (antiga Alameda Bavária) e a Rua Borges de Figueiredo.
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3 – SETORIZAÇÃO NA MOOCA Concentração de edificações industriais ao longo da via férrea no bairro da Mooca, em São Paulo. O que representava a facilidade de abastecimento e escoamento de produtos tornou-se eixo de transporte de passageiros.
Fonte: Google Earth/Acervo Pessoal
1.1.OBJETIVO
Este TFG tem por objetivo contribuir para
a reafirmação dos valores de memória
para a população residente e usuária do
bairro da Mooca, em São Paulo, por meio
da revitalização de edifícios fabris que
compõem seu patrimônio histórico
edificado. O projeto proposto tem como
diretrizes principais a recuperação física e
a ocupação qualificada de três antigos
galpões industriais, situados na Rua
Borges Figueiredo, tombados pelo
Departamento do Patrimônio Histórico de
São Paulo (DPH-SP)4, e que atualmente
encontram-se subutilizados.
Considerando a carência de serviços nesta
parte do bairro, a proposição de novos usos
compatíveis com a dinâmica contemporânea da
Mooca vem ao encontro das necessidades por
serviços de uma área do bairro que sofreu
esvaziamento em decorrência de sua
desindustrialização. Tenciona-se aproveitar essas
edificações para promover a melhoria das
obsolescentes instalações da Estação de Trem
local e para a criação de o Mercado da Mooca.
A retomada do uso possibilitará uma real
apropriação do patrimônio histórico arquitetônico
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4 DPH - O Departamento do Patrimônio Histórico tem sua origem na década de 1930. Reformulado, em 1975, quando da criação da Secretaria Municipal de Cultura, passou a contar com uma estrutura que se mantém até os dias de hoje, composta por três divisões técnicas e uma administrativa. A salvaguarda do patrimônio histórico e cultural, constituído pelos elementos tangíveis que configuram a cidade é competência da Divisão de Preservação. O DPH também é o órgão técnico de apoio ao CONPRESP, conselho responsável pela aplicação da legislação municipal de tombamento. Realiza pesquisas e pareceres que instruem os pedidos de tombamento, além de aprovar e orientar as intervenções em bens protegidos.
5 TRECHO DO GALPÃO DA INTERCENÇÃO PROPOSTA fachada do Rua Borges de Figueiredo
por parte de um público amplo, permitindo que esses monumentos sejam praticados e não apenas admirados,
contemplados, como algo excepcional, fora de nosso tempo.
Reinserir estes antigos edifícios no cotidiano do bairro, fazer com que a população se reconheça e se identifique
com eles por meio da ocupação, é contribuir para a preservação de valores culturais mais amplos desses grandes
espaços fabris, que hoje estão ociosos ou ruinosos e, portanto, muito vulneráveis à demolição e aos processos
característicos da especulação imobiliária, uma forte tendência na região estudada6.
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6 – TERRITÓRIO DA
ESPECULAÇÃO: indústrias demolidas para dar lugar a grandes conjuntos residenciais verticalizados, que potencializam o adensamento populacional. Na foto ao lado, o que sobrou da antiga fábrica da União é preparado para receber um futuro empreendimento imobiliário.
Fonte: Acervo Pessoal
1.1.1.PREMISSAS
Como projetar sobre o pré-construido?
A carência de áreas de expansão e de serviços em bairros próximos aos centros adensados das cidades
contemporâneas tem feito aumentar as iniciativas de reaproveitamento de edificações antigas, mas isso nem sempre
resulta em obras adequadas às características programáticas e formais originais dos edifícios históricos. O que se
observa na maioria das vezes, são conflitos entre sua utilização e a natureza de sua função. Este é um problema
constante na região escolhida para este projeto de TFG, na qual as construções antigas são adaptadas, sem qualquer
planejamento, para os mais diversos usos, o que gera ampliações ou remoções descaracterizantes.
Os antigos edifícios fabris podem e devem ser reaproveitados na vida da cidade. Há de se considerar que
mesmo abandonados, os antigos edifícios industriais impressionam pela sua arquitetura e imponência na
paisagem urbana. Sob o ponto de vista histórico a importância está no testemunho físico tanto de processos
econômicos como de tecnologias e modos de construir.
Neste TFG, o respeito às particularidades estéticas, dimensionais, materiais e históricas das
construções fabris selecionadas será a diretriz do projeto arquitetônico. As intervenções e adequações a
propor deverão ser compatíveis com suas características industriais e ao mesmo tempo, capazes de renovar os
espaços de modo a estabelecer uma relação real com a vida do bairro no século XXI de forma a romper a “barreira
física”, proporcionando a integração com a vizinhança e aceitação da população local. Desta forma, a proposta tem
como objetivo central a requalificação de espaços nobres e muito bem localizados, devolvendo – por meio da
restauração – edifícios significativos para a história da região na cidade de São Paulo.
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1.2.JUSTIFICATIVA
As cidades contemporâneas têm passado por constantes mudanças em sua dinâmica sócio-espacial, fato que
tem promovido a valorização e ampliado o debate das questões urbanas. Como forma de adaptação a essas
mudanças, as discussões e as ações do urbanismo e do planejamento urbano vêm tomando um novo rumo, ganhando
relevância crescente no âmbito do patrimônio arquitetônico.
A noção de patrimônio cultural edificado no Brasil passou por transformações estruturais tanto em sua
concepção e reconhecimento quanto no modo como tratar e inserir as questões dentro de uma perspectiva de
preservação, baseado tanto na experiência nacional como também a partir de discussões em âmbitos internacionais,
que representam uma tendência desde os anos 1970. O que até o momento era visto como objeto congelado e
apartado da reformação da cidade passa a ser observado a partir de um novo horizonte: o da participação ativa na
dinâmica urbana – o patrimônio vivo, ligado às transformações históricas, envolvendo diversos atores: usuários,
gestores, profissionais, técnicos, etc., compreender e validar a importância desses exemplares industriais dentro da
trama urbana, como registro formal das tipologias industriais.
"Trabalhar a preservação do patrimônio é trabalhar desenvolvimento. Não é simplesmente preservar um
conjunto de estações ferroviárias. O município tem que dar um bom uso para esses imóveis. Preferencialmente, esse
uso tem de estar ligado a algum tipo de desenvolvimento para o município. Melhor ainda se for para a região.
Desenvolvimento é uma prerrogativa do trabalho do IPHAN", afirma José Rodrigues Cavalcanti Neto, coordenador
técnico do patrimônio ferroviário do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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1.3.PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Os pressupostos teóricos que permeiam o projeto proposto neste TFG serão discutidos ao longo deste
memorial, e são resultantes de um consenso entre os estudiosos do patrimônio histórico de que a melhor maneira de
proteger um bem edificado é reintegrá-lo à vida cotidiana da cidade na qual está inserido. Porém, as formas de intervir
nesse bem de maneira que sejam realmente preservados e que se respeite aquilo que os caracteriza, por meio de
processos de manutenção, conservação e restauração não têm sido analisadas. É imprescindível discutir essas
questões com base nos “referenciais teórico-metodológicos e técnico-operacionais próprios à restauração, encarando
a intervenção como verdadeiro ato de cultura, que se afasta de interesses imediatistas e de setores restritos da
sociedade.” (KÜHL, 2010)7.
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7 KÜHL, Beatriz Mugayar. Patrimônio industrial: algumas questões em
2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA
2.1.O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO
Consta que a primeira citação documental referente ao bairro
da Mooca é de 1556, quando a governança de Santo André da Borda
do Campo, comunicava que todos estavam "obrigados a participar da
construção da ponte do rio Tameteai (Tamanduateí)".8 Essa ponte se
fazia necessária para a ligação entre zona leste e a freguesia
eclesiástica da Sé.
A região leste era habitada pelos índios da tribo Guaiana (tupi-
guarani), que deixaram algumas marcas tradicionais no bairro,
inclusive o nome: segundo historiadores, o vocábulo é oriundo do Tupi
Guarani e possui duas versões, MOO-KA (ares amenos, secos, sadios) e
MOO-OCA (fazer casa), expressões usadas pelos índios da Tribo
Guarani para denominar os primeiros habitantes brancos, que erguiam
suas casas de barro. Outros historiadores dão como certo a
denominação é de origem asiática: MOKA, que significa variedades de
café, que vinha antigamente da cidade de MOCA (YEMEM), perto do
mar vermelho. A partir da transposição do rio Tamanduateí, acelerou-
se o adensamento da área que foi gradualmente incorporando-se à
cidade. Ainda hoje, muitos nomes de ruas do bairro têm sua origem em
palavras indígenas: Javari, Taquari, Cassandoca, Itaqueri, Arariboia,
Guaimbé, Tabajaras, Camé, Juatindiba e outras. O desenvolvimento
urbano da Mooca está associado à história econômica de São Paulo e as
8 Vista aérea da fábrica da Antárctica
9 Vista do Antigo Cotonificio Crespi
10 Vista dos Antigos Moinho Gamba
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rápidas transformações que nas décadas finais do século XIX e a primeira metade do século XX fizeram da capital
paulistana uma grande metrópole industrial.
Fator importante para a evolução da Zona Leste foi a instalação de duas ferrovias: em 1868 a São Paulo
Railway (Estrada de ferro Santos Jundiaí), assim conhecida como a Inglesa, ligando São Paulo ao porto de Santos; e,
em 1875, a Estrada de Ferro do Norte (o trecho paulista da estrada de ferro Central do Brasil), ligando São Paulo ao
Rio de Janeiro.
Além das ferrovias, as melhorias urbanas realizadas a partir de 1870 como a instalação do gasômetro, das
primeiras linhas de bondes, ou o início das obras de saneamento da várzea e de abastecimento de água e esgotos
trouxeram crescimento populacional e desenvolvimento urbano e industrial à região, quer seja pela grande
disponibilidade de mão-de-obra, formada principalmente por imigrantes europeus, quer seja pela formação de um
significativo mercado consumidor interno. Neste contexto, as terras baixas ao longo das várzeas do Tamanduateí
apresentaram as condições topográficas ideais para a implantação da estrada de ferro São Paulo Railway, traçado
sobre terrenos até então ignorados e insalubres, acompanhados pela ocupação industrial e pelas moradias para
operários. 12
Nas várzeas do Tamanduateí, junto às estações ferroviárias, ao longo das estradas
de ferro, desenvolveu-se em face do baixo preço dos terrenos e da facilidade de transporte
dos produtos, o parque industrial paulistano, constituído principalmente por empresas de
porte médio e pequenas oficinas, fabriquetas e ateliês, muitos deles de caráter doméstico.
Assim Brás, Bom Retiro, Mooca, Água Branca, Lapa, Ipiranga foram loteados e cresceram
rapidamente marcados por uma passagem de fabriquetas, casebres, vilas e cortiços.
(ROLNIK, 1997, p.78)13
Já no final do século XIX, a presença de grandes edificações industriais despertava a atenção e contrastava com
as residências modestas e áreas desocupadas de seus arredores. A instalação da Fábrica de Cerveja Bavária na Mooca
é um bom exemplo. Quando a fábrica foi inaugurada, por volta de 1890, os terrenos ocupados pertenciam a uma
grande chácara e o arruamento da região começava a ser definido. Alfredo Moreira Pinto, em texto datado de 1901,
descreve detalhes da edificação, os processos de fabricação e a maquinaria empregada. Dentre os inúmeros aspectos
da cidade de São Paulo relatados em seu livro, a fábrica possui lugar de destaque.REF 11 RODRIGUEZ, Maria Elizabeth Paez: Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para requalificação urbana., 2006.
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As áreas próximas às ferrovias foram preferidas pelas indústrias, já que o transporte das matérias-primas e
combustíveis importados, bem como a produção para fora de São Paulo dependia dos trens. Essas indústrias
utilizavam a mão-de-obra imigrante que aportava em Santos e era trazida para a Casa da Imigração (hoje Museu dos
Imigrantes). Os operários e suas famílias se instalavam nas proximidades de seus empregos e impulsionavam o
comércio local.
Assim como acontecido em outros bairros da cidade de São Paulo, em 1919 a Mooca é contemplada com um
projeto de loteamento nos moldes das cidades-jardim, com praças internas e traçado viário de forma orgânica.
Em 1930, o bairro já apresentava um tecido urbano em fins de consolidação, com pequena porção de seus
terrenos ainda por construir e o restante ocupado por sobrados de alvenaria, vilas de casas em renque e galpões
industriais de tijolos com cobertura tipo lanternim. O traçado viário já tinha as características que matem até hoje,
incluindo os acessos às vilas operárias.
No auge da industrialização, a produção de moradias ficava a cargo da iniciativa privada, na forma de casas
unifamiliares que seriam colocadas à disposição do mercado para aluguel ou venda. Na década de 1950 toda a infra-
estrutura básica de redes de energia, saneamento e transporte já atendiam a área, fazendo escassear os pedidos de
aprovação de loteamentos, arruamentos e passagens.
Muitos dos grandes lotes determinados pela ocupação industrial do século XX ainda hoje permanecem. Mesmo
nas áreas em que o desenvolvimento de outras atividades ocasionou o desmembramento dos conjuntos industriais e a
divisão dos lotes, podem ser observadas suas características originais.
2.2.AS VOCAÇÕES DO BAIRRO DA MOOCA
Região de passado industrial, a Mooca foi uma das áreas da cidade onde se concentraram os imigrantes, em
especial os italianos. Esta prevalência contribuiu para imprimir certas marcas características no bairro – como algumas
festas típicas –, tais como a Festa de San Gennaro, presente também nas tradições gastronômicas do bairro; e muitas
cantinas, pizzarias e docerias –como a doceria Di Cunto, a pizzaria São Pedro, a pizzaria do Ângelo e o restaurante Don
Carlini.
Um nome intimamente ligado ao bairro é o do italiano Rodolfo Crespi, dono da tecelagem que chegou a ser a
maior de São Paulo: o Cotonifício Crespi, fundado em 1896. Sucessivas ampliações da fábrica foram acompanhadas
REF 12ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo, 2007
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por construção de moradias para seus funcionários. Desde 2006 o complexo fabril do antigo cotonifício é ocupado pelo
hipermercado Extra, que promoveu um projeto polêmico e agressivo de reabilitação e ampliação dos edifícios,
alterando sua integridade arquitetônica e construtiva. O distrito abriga hoje o Memorial do Imigrante que traz
informações sobre a imigração italiana no brasil. Atualmente é um distrito que ainda concentra algumas
indústrias na cidade, mas é predominantemente residencial de classe média e de serviços . O
distrito ainda sedia a Universidade São Judas Tadeu e a Universidade Anhembi Morumbi e o tradicional clube
paulistano, o Clube Atlético Juventus.
Assim, demonstrando toda essa característica contrastante, pode-se encontrar ainda hoje muitos casarões
antigos, com suas fachadas em vários estilos, adornadas de guirlandas e baixos relevos, objeto de admiração e estudo
de novos arquitetos, ao lado de modernas residências, assim como de estreitas ruas, típicas de velhas cidades da
Europa, ao lado de largas avenidas.
2.3.AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAIRRO
Os tijolos de barro que testemunharam por longas décadas a vocação fabril do bairro da Mooca ainda
evidenciam a trajetória de ocupação predominantemente operária do início do século XX, através de suas edificações
de grande porte e ainda em bom estado de conservação física. Mesmo com a essa mudança de seu perfil, a Mooca
ainda mantém algumas indústrias: Alumínio Brilhante, fabricante de panelas; a Arno, de eletrodomésticos; e a
Capricórnio, têxteis, são alguns exemplos que ajudam a lembrar o período tipicamente fabril do bairro, com indústrias
que impulsionaram o desenvolvimento local como os Armazéns Matarazzo, a Tecelagem Três Irmãos, a Andrauss Cia.
Paulista de Louças e a Alumínios Fulgor. Atualmente a atividade industrial representa apenas 25,27% dos
estabelecimentos de toda a região da Subprefeitura, atrás do comércio, com 41,4%, e do setor de serviços, com
31,5%.
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Conhecida por ser um reduto de
famílias italianas tradicionais, que chegaram
a São Paulo entre os séculos XIX e XX, a
Mooca passa por um processo de
rejuvenescimento, tanto estrutural
quanto do perfil de seus moradores.
Segundo dados da Subprefeitura da Mooca,
o bairro registrou uma queda demográfica
considerável nas últimas décadas e hoje
soma pouco mais de 63 mil habitantes, dos
quais 17% são idosos.
Estas fortes mutações territoriais emergiram na
cidade pós-industrial, mais enfaticamente após a
reestruturação da economia espacial nas últimas
décadas. O declínio industrial gerou o esvaziamento de
áreas urbanas inteiras. O território metropolitano tornou-
se depositário de enormes transformações e abandono e
desperdício urbanos tornaram-se particularmente
evidentes na fábrica urbana atual: zonas industriais sub-
utilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados;
edifícios centrais abandonados; corredores e pátios
ferroviários e industriais desativados, resíduos de antigas
áreas produtivas, restando terrenos vagos e disfunções
urbanas.
13 Mapa das atividades do bairro.
Fonte: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/spmo/dados/historico/0004
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Segundo pesquisa do Jornal da Tarde: “com seus 7 quilômetros quadrados de área, e uma população de mais
de 63.000 habitantes, é o bairro mais com a cara de São Paulo, sendo que as suas características
correspondem exatamente à média da cidade”. Hoje o tradicional bairro é um dos mais valorizados da zona leste
paulistana. A Mooca atualmente passa por uma grande transformação em toda a sua extensão com
desativações de antigas indústrias, fábricas e demais complexos, dando lugares a novos
estabelecimentos comerciais e imponentes condomínios residenciais.
A Mooca, bairro localizado na parte da Zona Leste de São Paulo considerada o centro expandido da cidade,
caracteriza-se pela vocação industrial e pela influência da imensa colônia italiana que ali se instalou no início do século
passado. Muitos desses aspectos tradicionais mudaram. Saem as grandes indústrias e fábricas, que formaram por um
século o horizonte da região, e entram os investimentos pesados em imóveis residenciais para a classe média alta e
como resultado, um desenvolvimento na parte de infra-estrutura como supermercados, universidades, restaurantes,
novos estabelecimentos comerciais. Estima-se que nos próximos anos 12.000 novos moradores
cheguem à Mooca, devido ao processo de verticalização e todas as transformações que o bairro vem
sofrendo.
14 e 15 A inserção da Região Metropolitana de São Paulo no Estado, a delimitação da cidade de São Paulo, e a localização do bairro da Mooca.
Fonte: WWW.prefeitura.gov.br
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16 e 17 A Mooca hoje. As perspectivas da paisagem urbana e as tendências de verticalização do bairro
Fonte: Acervo pessoal
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O PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO PRESERVADO NO BAIRRO
Seguindo pela ferrovia em direção a Santos, logo após a Hospedaria dos Imigrantes encontramos hoje, à
esquerda, os antigos edifícios da São Paulo Alpargatas, atualmente ocupados pela Universidade Anhembi Morumbi e, à
direita, os antigos Armazéns Ernesto de Castro. Depois de ultrapassar o viaduto Alcântara Machado, à esquerda
encontramos galpões e armazéns com acesso pela Rua Almeida Lima; à direita os Armazéns Piratininga e, mais à
frente, os edifícios mais antigos da Companhia Antarctica Paulista, originariamente Fábrica de Cerveja Bavária, com
fachada para a Avenida Presidente Wilson.
Seguindo em frente, encontram-se, à esquerda, uma extensa sucessão de galpões com acesso pela Rua Borges
de Figueiredo que se estendem até a rua Sarapuí e o viaduto São Carlos, incluindo os galpões da RFFSA; o antigo
Moinho Gamba e anexos; os Armazéns das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo; os galpões da CEAGESP e os da
Cooperativa Banco do Brasil - conjuntos que se encontram ameaçados. Além desta faixa de ocupação industrial mais
densa, diversos estabelecimentos instalaram-se em quarteirões mais afastados da ferrovia. Dentre as indústrias
afastadas cujos edifícios originais ainda hoje existem, podemos destacar o conjunto industrial do Cotonifício Crespi, na
rua Javari; a tecelagem Labor, na rua da Mooca; uma tecelagem na rua Orville Derby e uma fábrica de papel na rua do
Hipódromo.(MENEGUELLO, 2007)18
18 MENEGUELLO, Cristina.
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LEGENDA
1 - Tecelagem Labor
2 - 1º Galpão Alpargatas
3 - 2º Galpão Alpargatas
4 - Metais Shirazi
5 - Tecelagem de Juta
6 - Galpões Copale
7- Cotonifício Crespi
8- Moinho Gamba
9- Galpões RFFSA
10- Cooperativa Banco
do Brasil
11- Galpões RFFSA
12- Estação de trem
Mooca
13- Distribuidora de
bebidas Antártica
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19 Mapa da distribuição do patrimônio preservado ao longo da ferrovia M
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3. OS GALPÕES DA BORGES DE FIGUEIREDO E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DA MOOCA
Existem no bairro muitos galpões industriais de várias dimensões e tipologias arquitetônicas, com vários usos e
ocupações: uso industrial, uso logístico (depósito de apoio ao comércio especializado local), uso para serviços como
retífica de peças, reciclagem de materiais, oficinas mecânicas e estacionamentos e também muitos galpões ociosos.
Este projeto propõe a reutilização desses galpões ociosos ou subutilizados para usos mais democráticos como
hipermercados, galerias e os demais serviços ausentes na região. Alguns dos edifícios industriais já foram
requalificados pela iniciativa privada e que possuem agora uso educacional e de entretenimento, como é o caso da
Universidade Anhembi Morumbi.
Os galpões existentes têm tipologias muito distintas, variando de simples construções até grandes indústrias.
As construções mais simples têm pé-direito baixo e área muito pequena, ocupando totalmente pequenos lotes; já as
grandes indústrias são geralmente implantadas em grandes terrenos, portando fachadas de tijolos aparentes e
cobertura em shed ou lanternim para iluminação e ventilação. Essa variedade tipológica proporciona ao bairro uma
identidade arquitetônica e um papel importante dentro da memória paulistana.
20 Concentração de galpões na Rua Borges de Figueiredo
Fonte: Manoella Rufinoni
21 Trecho do Galpão situado à Rua Borges de Figueiredo
Fonte:Acervo Pessoal
22 Vista interna da plataforma da estação da Mooca
Fonte:WWW.estacoesferroviarias.com.br
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3.1.ANÁLISE DE ENTORNO
3.1.1. LOCALIZAÇÃO
23 Mooca (em destaque) na porção da Zona Leste mais próxima ao centro de São Paulo,
Fonte: Prefeitura Municipal de São Pailo
3.1.2. USO E
OCUPAÇÃO DO
SOLO
A indústria na Mooca
não é apenas uma referência
do passado, continua sendo
uma realidade bastante
presente no cotidiano da
população. O uso comercial e
de serviços é notado com
maior presença apenas nas
proximidades da Rua da
Mooca, principalmente à
direita da ferrovia. Nas
quadras paralelas à Rua
Borges de Figueiredo,
subindo a leste, observa-se o
predomínio do uso misto com
residência e algumas
quadras com uso misto de comércio e indústria. Quanto mais alta a cota do terreno, mais o uso residencial se
consolida, culminando com o uso residencial vertical ao longo da Avenida Paes de Barros.
Com isso, nota-se o sentido que a especulação imobiliária vem se apropriando das edificações abandonadas,
ociosas e ou entrando em desuso por parte das tendências e das políticas de reordenação urbanas.
3.1.3. GABARITO
29 Mapa de uso e ocupação do solo indica grande concentração de residências e carência em disponibilidade de comércio e serviços para a região.
Residências
Serviços
Indústrias
Comércio
24 Mooca (em destaque) na porção da Zona Leste mais próxima ao centro de São Paulo,
Fonte: Prefeitura Municipal de São Pailo
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25 Mapa de gabarito no entorno do objeto estudado: observa-se os grandes edifícios residenciais (mais de 6 pavimentos) em destaque, dividindo espaço com as antigas indústrias.
Fonte: Levantamento in loco
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3.1.4. VIAS E FLUXOS DA REGIÃO
3.1.5. A LEGISLAÇÃO INCIDENTE
O Plano Diretor é um instrumento eminentemente político, cujo objetivo precípuo deverá ser o de dar
transparência e democratizar a política urbana, ou seja, o plano diretor seve ser, antes de tudo, um instrumento de
31 Infográfico de principais vias da região
Fonte: Levantamento in loco
32 Infográfico de fluxos de veículos e pedestres na região.
Fonte: Levantamento in loco
26 Mapa das principais via que cortam a região, fazendo a ligação do bairro da Mooca ao centro. A Mooca representa um importante eixo para ligação com os demais bairros da Zona Leste
Fonte: Google Earth
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gestão democrática da cidade. Nesse sentido, é importante salientar esses dois aspectos do Plano: a transparência e a
participação democrática. A transparência é um atributo fundamental em qualquer política pública. Desse modo, um
objetivo essencial do plano diretor deve ser o de dar transparência à política urbana, na medida em que esta é
explicitada num documento público, em uma lei. Tornar públicas as diretrizes e prioridades do crescimento da cidade,
de forma transparente, para a crítica e avaliação dos agentes sociais, esta é uma virtude básica de um bom plano
diretor. Diretrizes e prioridades para o crescimento e expansão urbana, sempre existiram, com plano ou sem plano, a
diferença é que com este instrumento estas se tornam públicas. O plano diretor deve ter o papel de livro de regras no
jogo da cidadania, que até hoje tem obedecido à lei do mais forte.
O aspecto da democratização é fundamental, pois só ela garante a transparência necessária às regras do jogo.
A democratização efetiva do planejamento se dá pela participação da sociedade no processo, o que, pelo menos em
tese, é garantido pela Constituição Federal (no Artigo 29) e, como se verificou, pelo Estatuto da Cidade.
Só a participação ativa das entidades representativas da sociedade na elaboração do plano diretor garante sua
legitimidade e propicia condições para sua efetiva implementação. Isso faz do zoneamento urbano o mais difundido
instrumento urbanístico e, também, o mais criticado, tanto por sua eventual ineficácia, quanto por seus efeitos
perversos (especulação imobiliária e segregação sócio-espacial).
As principais estratégias dos planos são: a) promover mudanças nos padrões de produção e consumo da
cidade, reduzindo custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis; b)
desenvolver e estimular a aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais visando a
sustentabilidade urbana. Sua forma mais tradicional é o zoneamento de uso e ocupação do solo, de matriz
funcionalista, que prevê uma segregação de usos – industrial, comercial e residencial - com maior ou menor grau de
flexibilidade.
Em termos de sua implementação, o zoneamento usualmente é definido em duas escalas: a primeira,
denominada de macrozoneamento, que consiste na delimitação das zonas urbana, de expansão urbana, rural e
macrozonas especiais (geralmente de proteção ambiental) do município. A segunda, o zoneamento propriamente dito,
que irá estabelecer as normas de uso e ocupação para cada macrozona, em especial da zona urbana, já que sobre a
zona rural o poder local possui pouca competência regulatória.
O zoneamento de uso e ocupação do solo consiste no ordenamento do uso da propriedade do solo e das
edificações, bem como de sua densidade de ocupação, nas zonas urbanas e de expansão urbana do município. O
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modelo tradicional de zoneamento de caráter funcional, ou seja, a divisão da cidade em zonas, de acordo com as
categorias de usos e atividades, é adotada pela maior parte das cidades brasileiras.
O zoneamento urbano, desde sua origem, caracteriza-se como um instrumento de solução de conflitos de uso
do solo, na disputa por espaço entre indivíduos e empresas cuja vizinhança pode ser excludente, como um hospital e
uma casa de diversão noturna. Essa situação envolve outro processo, também conflituoso, de disputa entre uma
alocação “natural” das funções urbanas, mediada pela lógica do mercado, e uma ação de regulação alocativa
“artificial”, mediada pela lógica do poder público, que, em tese, é o interesse coletivo ou, como define a Constituição
Federal e o Estatuto da Cidade, a função social da cidade e da propriedade urbana. No cerne desses conflitos, estão os
problemas difusos decorrentes do processo de urbanização, como poluição, desastres ambientais (enchentes,
deslizamentos etc.), degradação do patrimônio, problemas de saneamento, tráfego, violência urbana, entre outros.
Com relação à área estudada, a regulamentação sobre o uso e ocupação do solo e o zoneamento
incidente caracterizam-se pela alternância das Zonas Z3 e Z4 (uso misto de média e alta densidade demográfica) e Z2
(residencial de baixa densidade demográfica). A área também apresenta a delimitação de ZUPI, Zona de
Uso Predominantemente Industrial definida por Lei Estadual, o que de certa forma favoreceu a
permanência das indústrias na região. Toda a área envoltória ao edifício de estudo apresenta baixas
densidades o que demonstra alto potencial construtivo.
Tais questões configuram o ponto central da discussão da ordenação do território: a disputa entre os interesses
privados (de produtores e consumidores) e os interesses públicos (efeitos agregados, sociais e ambientais). O
zoneamento torna-se, assim, um instrumento ambíguo, ora defendendo o interesse da coletividade, ora defendendo
interesses destes ou daqueles grupos de consumidores ou produtores.
O zoneamento ZEPEC – Zonas Especiais de Preservação Cultural - delimita área de interesse cultural, imóveis
tombados, por exemplo, e permite o ressarcimento financeiro aos proprietários de áreas preservadas através da
transferência do direito de construir. Um dos galpões do objeto de estudo, o Galpão 1, foi tombado pelo patrimônio
através da ação do CONPRESP – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo34, que assim resolve:
Artigo 1º - TOMBAR o conjunto das edificações localizadas no perímetro formado pela Rua Borges de
Figueiredo, Rua Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos, bairro da Mooca,
Subprefeituras da Mooca e da Sé, a seguir identificadas:
27 CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – foi criado pela Lei nº 10.032, de 27 de dezembro de 1985, como um órgão colegiado de assessoramento cultural ligado à estrutura da Secretaria Municipal de
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1. Antigas Oficinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01, com
as seguintes diretrizes:
a) Preservação integral do conjunto de dezessete galpões modulares que fazem frente para a rua Borges de
Figueiredo e do antigo escritório na esquina da rua Borges de Figueiredo com rua Monsenhor João Felipo, incluindo
os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e
caixilhos.
2. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba, (Setor 028, Quadra 046, Lote 0134), área situada na rua
Borges de Figueiredo n° 300, com as seguintes diretrizes:
a) Preservação dos galpões voltados para a ferrovia (edifício 2a), bem como dos prédios fabris situados na
faixa central do terreno, correspondendo ao antigo conjunto das fábricas de óleo, sabão e glicerina (edifício 2b),
incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas,alvenarias,
envasaduras e caixilhos;
3. Antigo conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba (Setor 028, Quadra 046, Lote 0112), área situada na rua
Borges de Figueiredo n° 510, com as seguintes diretrizes:
a) Preservação integral dos dois agrupamentos de armazéns voltados para a ferrovia, caracterizados pelos
edifícios 3a e edifícios 3b, conforme desenho anexo; do prédio do antigo moinho de trigo (edifício 3c), situado na
faixa central do lote, além dos prédios do antigo moinho de arroz (edifício 3d), da casa do guarda (edifício 3e) e
algumas outras construções situadas no alinhamento com a rua Borges de Figueiredo (edifício 3f), incluindo os
remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e
caixilhos;
b) Preservação do espaço descoberto central do lote (3g), incluindo:
b.1. A área de permeabilidade que constitui a atual área verde e os elementos
arbóreos de maior porte;
b.2. As marcas remanescentes da localização dos antigos silos de trigo bem como
os elevadores e outros equipamentos industriais.
4. Antigo conjunto de galpões e armazéns, situado na rua Borges de Figueiredo n° 964 a 1004 (Setor 028,
Quadra 046, Lote 0129), e n° 1030 a 1084 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0130) com as seguintes diretrizes:
a) Preservação de todo o agrupamento de galpões voltado para a ferrovia (edifício 4a), para que permaneça
constituindo o contínuo de armazéns, incluindo os remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema
construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; Merc
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b) Preservação integral dos quatro galpões situados ao lado do lote 0057 (edifício 4b), incluindo os
remanescentes das fachadas de alvenaria e do seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas,
alvenarias, envasaduras e caixilhos;
5. Antigo conjunto de depósitos para café, posteriormente pertencentes à CEAGESP, situado na rua Borges
de Figueiredo n° 1098 a 1250 (Setor 028, Quadra 046, Lotes 0057 a 0069), com as seguintes diretrizes:
a) Preservação de todo o conjunto dos doze galpões modulares (edifício 5), em sua conformação unitária
original, incluindo estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos;
6. Antigo conjunto Sociedade Técnica Bremensis e Schmidt Trost, situado na rua Borges de Figueiredo n°
1294 e 1358 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0070), com as seguintes diretrizes:
a) Preservar todo o conjunto com faces para a ferrovia e para a rua Borges de Figueiredo formado por cinco
blocos contíguos centrais (edifícios 6a e 6b), além da portaria e da casa que configura a entrada do conjunto
(edifício 6c), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas,
alvenarias, envasaduras e caixilhos;
7. Conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway, situado ao lado da Estação da Mooca, na avenida
Presidente Wilson n° 1009 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0074), com as seguintes diretrizes:
a) Preservação do conjunto formado pelos três galpões dispostos paralelamente à linha do trem (edifício 7a),
incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias,
envasaduras e caixilhos;
b) Preservação do espaço que conforma a praça de acesso à estação de trem (espaço 7b), nas suas
características atuais;
c) Preservação dos equipamentos de apoio da ferrovia dispostos dentro do terreno (espaço 7c).
Artigo 2º - O gabarito máximo permitido para novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites
dos lotes tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 (vinte e cinco)
metros de altura, de maneira a manter as referências na paisagem tanto das chaminés remanescentes, quanto das
construções tombadas de maior porte, tal como o moinho de trigo dos antigos Grandes Moinhos Minetti Gamba.
Parágrafo Primeiro - Fica definida como diretriz de preservação a integridade, em todos os lotes, dos
conjuntos arquitetônicos onde se situavam as docas de embarque e desembarque de mercadorias, bem como os
ramais ferroviários em cota inferior, procedendo eventualmente a sua recuperação e remoção de construções
anexadas e muros que cercam a via férrea dos conjuntos industriais.
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Parágrafo Segundo - Fica definida como diretriz geral de preservação, em qualquer intervenção nos lotes, o
respeito à característica de conjunto destas unidades fabris e de armazenamento, bem como da volumetria
adequada à ambiência de todo o conjunto arquitetônico tombado.
Esse tombamento foi questionado, pois a legislação que recai sobre o patrimônio permite a construção de
edificações com limite de altura, variando de 8 a 10 andares e, com isso, “prejudicou” os investimentos das
construtoras nas regiões adjacentes35. O CONPRESP admite a pressão das construtoras para alterar as regras. "O
pedido de revisão é algo que não foge à normalidade. É natural que haja pedidos de revisão, mas nós ainda não
aprovamos nenhuma mudança", pondera José Eduardo de Assis Lefèvre, presidente do CONPRESP.
Dez meses após tombar os galpões industriais da Mooca, na zona leste da capital paulista, e de limitar a altura
dos prédios no entorno, o CONPRESP deverá voltar atrás na última determinação. Estudo que propõe aumentar o
gabarito dos futuros edifícios é elaborado pelo Departamento do Patrimônio Histórico, a pedido das construtoras que
se sentiram prejudicadas com o tombamento.
Em julho do ano passado, numa sessão tumultuada do CONPRESP, o mesmo DPH propôs o tombamento de sete
conjuntos de galpões da Mooca, a começar pelos dos Moinhos Gamba, que datam de 1909 a 1938. Os prédios da
região ficaram limitados a altura de 25 metros (oito andares) e 30 metros (dez andares), dependendo da localização
em relação aos imóveis históricos (Mapa 35). Construtoras estão pleiteando que os prédios possam ter até 20 andares
na região.
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28Fonte: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/Imprensa/reabilitacao-de-areas-urbanas-centrais/noticias-2008/fevereiro/conpresp-vai-rever-areas-tombadas/
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29Recorte de Jornal: Reportagem sobre o abandono dos galpões e as medidas que (não) vêm sendo tomadas na região. M
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3.2.O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO
3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E POTENCIALIDADES DO
CONJUNTO
30 Mapa indicativo da oferta de infra-estrutura de serviços e comércio da região.
Fonte:: Levantamento in loco
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3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO X RUA MOSNENHOR FELIPPO
As edificações escolhidas foco do projeto deste TFG estão localizadas na esquina da Rua Borges de Figueiredo
com a Rua Monsenhor Felippo, ponto de grande destaque para quem trafega pela Rua, tendo uma vista privilegiada da
edificação. Além dessa perspectiva, os edifícios permeiam o acesso à estação Ferroviária da Mooca, localizada aos
fundos das edificações.
O conjunto de edificações escolhidas está dividido em 3 galpões, distribuídos da seguinte forma:
31 Infográfico representativo da disposição dos galpões em estudo, bem como da estação ferroviária próxima.
Fonte: Google Earth / Acervo Pessoal M
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O Complexo edificado é composto por três antigos edifícios do período industrial do bairro e encontra-se
em considerável estado de conservação. Os galpões foram inicialmente de propriedade da Rede Ferroviária Federal
S.A. – RFFSA, porém com sua extinção – em 22 de janeiro de 2007 –, seus bens imóveis não-operacionais foram
transferidos para a União, o que trouxe um novo e enorme desafio para a Secretaria de Patrimônio da União – SPU –,
acarretando uma ação inédita no âmbito do Governo Federal, tendo em vista o volume de bens a serem vistoriados,
avaliados, regularizados, incorporados e finalmente destinados pelo órgão considerando a vocação específica de cada
um deles.
Além do imperativo legal, inclusive da exigência de alienação de parte dos imóveis para fins de pagamento de
despesas provenientes da então RFFSA, norteia a atuação da SPU o reconhecimento de que a incorporação dos bens
imóveis não operacionais dessa extinta empresa determinará o (re) aproveitamento de um patrimônio de todos os
brasileiros, cabendo destacar, no campo social, a possibilidade de destinação a programas de regularização fundiária e
provisão habitacional de interesse social, a programas de reabilitação de áreas urbanas centrais, a sistemas de
circulação e transporte, assim como a projetos de preservação da memória ferroviária e de implantação de órgãos
públicos.
Levantamentos feitos no Arquivo Histórico do Departamento do Patrimônio Histórico – DPH – apontam que
esses imóveis foram construídos em 1909, pela Sociedade Anônima Casa Vanorden, proprietária daquele lote na
época, com projeto arquitetônico feito pelo arquiteto Jorge Krug. A construção que configurava a esquina teria
abrigado primeiramente os escritórios administrativos da empresa, ao que parece uma indústria gráfica, editora ou
ligada à fabricação de papel. Essa primeira construção assobradada foi feita concomitantemente com os galpões que
lhe davam seqüência na face voltada para a antiga alameda Taubaté. Tratava-se de um conjunto de dez galpões com
cerca de 6 metros de altura e modulação horizontal bem demarcada a cada 4,5 metros. Pouco tempo depois, em
1911, todo o conjunto passou por algumas modificações. Foi ampliado o imóvel da esquina, uma construção de dois
pavimentos originalmente muito estreita e alongada, absorvendo-se para tanto, dois módulos da seqüência de galpões
existentes na face voltada para a alameda Taubaté. Com isso, a área do imóvel da esquina triplicou, pois passou de
4,5 m de largura por 20 m de profundidade, para 13,5 m de largura pelos mesmos 20 m de profundidade. Ao que
parece a ampliação manteve as mesmas características construtivas e arquitetônicas do imóvel inicial, ou seja, dois
pavimentos, feitos em alvenaria de tijolos aparentes, com pilastras bem evidenciadas quebrando os planos contínuos
nas fachadas voltadas para as duas ruas. As envasaduras apresentam composições diferenciadas no pavimento térreo
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e no andar superior, embora todas sejam arrematadas com esquadrias de madeira. O emprego de platibandas por
toda a extensão das fachadas não permite ver, no nível do solo, a cobertura de telhas francesas, distribuídas por
quatro águas. Uma vista aérea da cobertura revela que os dois módulos anexados posteriormente estão sob um único
telhado de quatro águas, distinto do anterior, porém com a mesma solução de platibandas daquele inicial. Configura-
se assim, no todo, um imóvel de características arquitetônicas uniformes, de planta aquadradada, cujo volume se
aproxima ao de uma figura cúbica. Esse volume de aparência compacta, suja altura está em torno de 11 metros para
uma largura de cerca de 13,5 metros, passou a demarcar, desde 1911, a esquina, construindo, ao mesmo tempo, uma
finalização para a perspectiva de quem viria da rua da Mooca rumo à Estação passando pela antiga rua de Oliveira,
trecho inicial da atual Borges de Figueiredo. Tal perspectiva se mantém.
Quanto aos galpões fabris que se encontram na seqüência imediata do imóvel que configura a esquina, a
consulta aos projetos originais indica que em 1909, haviam sido feitos dez galpões com estrutura modular de 4,5 m
por 6,30 m, e que na reforma de 1911, dois desses galpões foram absorvidos para a ampliação do imóvel da esquina.
Foram então construídos, nessa ocasião, mais nove galpões idênticos aos anteriores, ocupando toda a face voltada
para a Rua Borges de Figueiredo, numa extensão de 90 metros.
O resultado que se vê ainda hoje é um conjunto uniforme de dezessete galpões modulados a cada 4,5 metros,
com cerca de 6,5 metros de altura, harmonioso e muito elegante. Pode-se dizer que se trata mesmo de um belo
exemplar da arquitetura fabril do final do século XIX que adentra pelo século XX. Distingue-se na paisagem da rua pela
extrema horizontalidade da seqüência, assim como pelo desenho contínuo e denteado da cobertura, resultante do
emprego de sheds como solução para iluminar o espaço interno.32
32 DPH - estudo do entorno
da estação da mooca e área
envoltória
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GALPÃO I
DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO, SEUS ELEMENTOS E ESTADO DE CONSERVAÇÃOPRANCHA DO PRIMEIRO GALPÃOCADPANORÂMICAFOTOS
GALPÃO II
DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO, SEUS ELEMENTOS E ESTADO DE CONSERVAÇÃOPRANCHA DO PRIMEIRO GALPÃOCADPANORÂMICAFOTOS
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GALPÃO III
DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO, SEUS ELEMENTOS E ESTADO DE CONSERVAÇÃOPRANCHA DO PRIMEIRO GALPÃOCADPANORÂMICAFOTOS
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3.3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
3.3.1. HISTÓRICO DA ESTAÇÃO
A São Paulo Railway - SPR ou popularmente
"Ingleza" - foi a primeira estrada de ferro construída em
solo paulista. Construída entre 1862 e 1867 por
investidores ingleses, tinha inicialmente como um de seus
maiores acionistas o Barão de Mauá. Ligando Jundiaí a
Santos, transportou durante muitos anos - até a década
de 30, quando a Sorocabana abriu a Mairinque-Santos - o
café e outras mercadorias, além de passageiros de forma
monopolística do interior para o porto, sendo um
verdadeiro funil que atravessava a cidade de São Paulo de
norte a sul. Em 1946, com o final da concessão
governamental, passou a pertencer à União sob o nome
de E. F. Santos-Jundiaí (EFSJ). Várias unidades do período
anterior, inadequadas para as novas demandas
operacionais e incompatíveis com os novos conceitos
adotados pela companhia foram demolidas e
reconstruídas. Também foram implantadas novas
estações.
Assim, a EFSJ imprimiu em estações como Ipiranga,
Pirituba, Lapa e Mooca, entre outras, um estilo
arquitetônico nitidamente modernista, com muitas
referências da arquitetura paulista adotada em edifícios
dos anos 50. Basicamente, caracterizam-se por linhas 33 Fachada da estação da
Mooca
Fonte:
www.estacoesferroviairas.co
m.br
geométricas simples, com estruturas de concreto armado e alvenaria, sempre revestidas com pastilhas (de vidro ou
cerâmicas, caso da Estação Mooca).
Com a criação da empresa,
em 1992 a Estação Mooca passou
a atender ao serviço de trens
metropolitanos que circulam pela
região. Situada entre as Avenida
Presidente Wilson e Rua Borges de
Figueiredo, a estação tem entre os
vizinhos antigas fábricas e
armazéns, alguns em atividade,
como fábrica de plásticos, ou
espaço de Eventos, no antigo
Galpão dos Moinho Gamba. Ao
fundo, as chaminés da fábrica da
Cia. Antarctica dão certo clima de
nostalgia, por onde embarcam
todos os dias, por volta de 6,2 mil
usuários, segundo dados da CPTM. A estação também já se encontra parcialmente adaptada em termos de
acessibilidade, com banheiro para portadores de necessidades especiais. Entretanto, o acesso à estação ainda é
deslocado, sendo efetuado por um portão localizado no final da Rua sem saída Monsenhor João Felippo, perpendicular
à Rua Borges de Figueiredo.
34 Vista da Estação da Mooca
a partir da rua
Fonte:
www.estacoesferroviairas.com.
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INTRODUZINDO CONCEITOS: Reflexões sobre o processo de (des) industrialização
das cidades
3.4.O PATRIMÔNIO HISTÓRICO INDUSTRIAL
3.4.1. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: UM DEBATE INTERNACIONAL
Os estudos sobre o patrimônio industrial alcançam cada vez mais importância e relevância em âmbito
internacional, organizando-se em torno de congressos e se estendendo às Universidades e órgãos de preservação. Em
1978, por ocasião do III Congresso Internacional para Conservação dos Monumentos Industriais em Estocolmo, Suécia,
foi criado o The Internacional Comitee for Conservation of Industrial Heritage (TICCIH), organismo que objetiva
promover a atividade dentro da área da preservação, conservação, localização, documentação e valorização do
patrimônio industrial.
Na maioria dos países onde a industrialização exerceu grande influência em sua configuração e formação
cultural das cidades, a consciência da necessidade em preservar a memória de sua história e cultura, através dos
edifícios fabris vem ganhando destaque. Na perspectiva da revalorização, o TICCIH, durante a Conferência de 2003,
realizada na Rússia (Moscou e Nizhny Tagil) aprovou a Carta para o Patrimônio Industrial: a Carta de Nizhny Tagil.
Nesse mesmo ano, em São Paulo, foi formado o Comitê Brasileiro de Preservação do Patrimônio Industrial,
representante oficial junto ao TICCIH, que busca reunir e organizar iniciativas relacionadas ao tema inserindo, assim, o
EXEMPLOIS
INTERNACIONAIS DO
PROCESSO DE
DESINDUSTRIALIZAÇÃO:
um uso racional e renovado
do patrimônio industrial
35 Masson Mill Deryshire
36 Tha Wolkigen Ironworks
Museun
37Textile Museum
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Brasil na discussão internacional de catalogação e preservação da memória industrial, que inclui bens materiais e
imateriais.
Segundo a Carta de Nizhny Tagil38, o patrimônio industrial representa o testemunho de atividades que tiveram
e que têm profundos significados na história social e cultural dos países; reveste-se de valores sociais na medida em
que registra a vida de uma sociedade, proporcionado-lhe determinadas características, imprimindo identidade própria
e consolidando os princípios preservacionistas expressos na Carta de Veneza39, de 1964. A Carta de Nizhny Tagil
destaca, ainda, a importância da identificação, da realização de inventários, dando relevância aos estudos de
levantamento de campo, cadastro e análise para o reconhecimento das tipologias industriais significativas para cada
país, região ou cidade estudada.
Por muito tempo no Brasil perdurou a noção do monumento isolado, dentro do entendimento e reconhecimento
do patrimônio, desde a criação da legislação federal – na década de 30, até o fim da década de 60 – desarticulados de
planos gerais e até mesmo da própria dinâmica da cidade. Foi somente com documentos internacionais e com a
discussão do conceito de cultura dos anos 1970, após as conturbadas transformações na segunda metade do anos
1960, em diversos círculos intelectuais que o patrimônio passou a se tornar mais abrangente, deixou de ter cunho
elitista e seletivo, para representar os interesses culturais também dos menos favorecidos. Nesse momento, o intuito
não foi só preservar o bem isolado, mas a cidade, o ambiente, o bem cultural compreendido em conjunto. A ampliação
dos conceitos e critérios de preservação e do público do patrimônio fez com que emergisse uma quantidade
considerável de novos problemas relativos ao campo especifico, principalmente nos últimos vinte anos.
O dilema entre preservar e ordenar a cidade apontado por Ulpiano Bezerra de Meneses (2006) caracteriza a
problemática em questão. Objetiva-se criar condições favoráveis de se praticar a cidade, de produzir o espaço da
cidade, em suas várias atribuições, e ao mesmo tempo pretende-se organizar seus movimentos de crescimento e
desenvolvimento. A lógica da compreensão dos objetos materiais, concretos e fixos, perante as transformações, a
velocidade da dinâmica urbana representa um choque de idéias e sentimentos. A construção industrial é investida de
outro tipo de valor estético, requer para seu reconhecimento outra percepção que passa por entender o sentido ao
associar-se espaço, trabalho e trajetórias. O declínio e conseqüente esvaziamento da fábrica como unidade produtiva,
bem como o avanço da degradação dos prédios e maquinários, geraram esse sentimento de luto e conseqüente
necessidade de reter alguns desses vestígios do passado, lugares de memória que se transformaram ao longo do
tempo.
38 Ver Carta de Veneza –
39 Ver Carta de Nizhny Tagil Merc
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Segundo Meneses “a memória fornece quadros de orientação, de assimilação do novo, códigos para
classificação e para o intercâmbio social”40 e, se é no suporte material que ela pode se expressar, este mesmo suporte
pode figurar como um importante instrumento cognitivo. Em suma, como construção social, a memória, percebida
através de seus suportes, é fundamental para a constituição e o reforço da identidade, construindo uma ligação entre
o indivíduo e o mundo ao seu redor.
Pode-se entender aqui o patrimônio cultural edificado como o suporte da memória no espaço, onde se passa a
se estabelecer uma relação de troca e identificação. O valor agregado ao patrimônio arquitetônico está relacionado,
geralmente, com sua dimensão simbólica, que representa um pedaço da história congelada no tempo, através de suas
tendências estéticas da época, das técnicas construtivas disponíveis, materiais, design e outros elementos
componentes da obra. As relações sociais, os costumes e histórias que se desenrolaram nesses espaços também são
parte constituinte desse patrimônio e sua preservação é a salvaguarda desse passado e dessa memória cultural.
3.4.2. O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO
O processo de urbanização ao qual a cidade de São Paulo foi submetida está diretamente vinculado ao fato de
que a industrialização foi a força impulsionadora para esse desenvolvimento do século XX. A metrópole que hoje tem
10 milhões de habitantes se constituiu, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, em um grande parque
industrial, concentrando a maior parte da produção industrial do Brasil, o que fez com que, a partir da década de 1970,
tenha se tornado a principal cidade do país nos âmbitos econômico e cultural.
A industrialização de São Paulo se deu em dois períodos principais – o primeiro foi do final do século XIX até a
década de 1930; o segundo começou na década de 1930, timidamente, mas tomou força decisiva a partir da década
de 1950, com esforços do governo federal em direção a uma industrialização pesada no país, buscando superar a
condição de país exportador de matérias-primas (produtos primários) e importador de produtos industrializados.
A primeira fase da industrialização paulistana se deu em função do capital acumulado com a produção de café
no interior do Estado de São Paulo. Os fazendeiros de café inicialmente investiram seu capital acumulado em infra-
estruturas para a própria cultura cafeeira, como por exemplo as companhias de estradas de ferro. Depois, passaram a 40 MENESES, Ulpiano Bezerra de. 1992, p. 22
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investir em atividades propriamente urbanas, como armazéns e entrepostos, casas comerciais e, posteriormente, em
indústrias. No final do século XIX, a cidade de São Paulo era a capital dos fazendeiros, dado o grande número destes
que possuíam suas grandes casas na cidade e daí controlavam seus negócios, que passaram a ser, em grande parte,
urbanos.
As indústrias desta primeira fase da industrialização de São Paulo localizaram-se no entorno das ferrovias, onde
passaram a se constituir os bairros industriais e operários da cidade, como Água Branca, Barra Funda, Brás, Mooca e
Belenzinho, entre outros, formados em grande parte por imigrantes (sobretudo italianos) que vieram inicialmente para
trabalhar na lavoura de café, substituindo o trabalho escravo – abolido em 1988 –, e posteriormente acabaram se
fixando na capital da então província e constituindo a massa dos trabalhadores da indústria nascente. No final do
século XIX e começo do século XX, muitos destes imigrantes já se instalavam diretamente na capital, num momento
em que a indústria já se consolidava e necessitava de mais operários.
A segunda fase da industrialização se dá a partir da década de 1930, quando tem fim a República do “Café com
Leite”, ou seja, quando tem fim o domínio das oligarquias rurais de São Paulo e de Minas Gerais no Governo da
República. Esse processo, conhecido como Revolução de 30, foi o início do Governo de Getúlio Vargas, que durou até
1945. Com um viés autoritário, esse governo empreendeu reformas modernizantes, tanto no campo econômico como
41 Estação Júlio Prestes
Fonte: WWW.eletrolost.wordpress.com
42 Palácio das Indústrias
Fonte:WWW.ffcep.com.br
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no campo cultural. No campo econômico há um incentivo à substituição de importações, buscando consolidar um
mercado interno para os produtos nacionais.
No entanto, foi na década de 1950 que se deu o principal esforço em direção a uma verdadeira industrialização
do país, no governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, quando há o incentivo para que grandes grupos
industriais estrangeiros se instalem no Brasil e para que se constitua uma consistente indústria de base e um
verdadeiro parque industrial diversificado.
Também neste momento a cidade de São Paulo e sua região foram privilegiados por possuir maior infra-
estrutura. Essa política em favor da indústria induziu grandes movimentos migratórios no país, sobretudo tendo como
ponto de partida a região Nordeste, deprimida economicamente, e ponto de chegada a região Sudeste, principal
região da industrialização. Foi na década de 1950-1960 que se inverteu a relação população rural/população urbana,
quando esta última passa a ser mais numerosa que a primeira. São Paulo nesse momento (entre as décadas de 1950 e
1980) recebe milhões de migrantes nacionais, que vão fazer parte da massa de trabalhadores da grande indústria,
formando as boa parte das periferias da metrópole.
Nesse momento, a indústria não tinha mais como padrão de localização o entorno de ferrovias, mas sim o
entorno de grandes eixos rodoviários, sobretudo nas periferias das áreas urbanizadas. Em São Paulo, a grande
indústria se localizou no entorno das grandes rodovias e das avenidas marginais, lugares com uma grande
disponibilidade de terrenos naquele momento.
A desindustrialização foi então observada nas grandes cidades capitalistas industrializadas, tanto do mundo
desenvolvido quanto do mundo subdesenvolvido. Em São Paulo, o fenômeno foi identificável localmente, ou seja, em
lugares determinados da metrópole, onde a indústria era a atividade econômica principal e deixa de sê-lo, dando lugar
a outras atividades ou deixando o espaço degradado ou em processo de deterioração. Assim, não podemos dizer que a
metrópole de São Paulo como um todo se desindustrializa, e sim que áreas da metrópole passam por esse processo,
mesmo porque a indústria ainda tem um peso considerável no conjunto das atividades econômicas da metrópole.
Conseidera-se que a cidade passa por uma desconcentração industrial relativa, perdendo parte de seu peso industrial
em relação ao interior do Estado de São Paulo e em relação ao resto do país. Por outro lado, a gestão das empresas se
situa cada vez mais em São Paulo, que se consolida cada vez mais como metrópole dos negócios e elo da economia
nacional com a economia mundial. Merc
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Identificam-se diferentes comportamentos da desindustrialização paulistana. Nas áreas de industrialização
antiga, que acompanham o percurso das linhas férreas, são observadas maiores dificuldades a uma efetiva
reutilização de terrenos e consequentemente uma maior dificuldade de revalorização. São áreas mais centrais, onde a
própria densificação da metrópole impõe uma acessibilidade dificultada e um maior congestionamento. Por outro lado,
em algumas áreas de industrialização mais recente (segunda metade do século XX), a reutilização de terrenos
provenientes da desindustrialização é mais efetiva. São áreas próximas à Avenida Marginal do Rio Pinheiros, com
disponibilidade de grandes terrenos com a acessibilidade facilitada pela avenida. O fato de se localizarem nas zonas
oeste e sudoeste da cidade também facilita uma tendência a uma revalorização mais efetiva desses espaços de
desindustrialização, tendo em vista que o eixo de valorização se encaminha para esta região (vetor sudoeste, com a
expansão dos setores de gestão, financeiro, eventos, etc.).
Em alguns lugares das áreas de industrialização antiga observa-se, pontualmente, a instalação de escritórios e
novos condomínios residenciais, como na Água Branca, Barra Funda e Mooca, o que não representa uma tendência a
uma revalorização do conjunto dos terrenos desses espaços de desindustrialização, que permanecem como espaços
reserva para possíveis revalorizações futuras. Em uma cidade extremamente densa como São Paulo, os espaços de
desindustrialização se tornam possibilidades de criação de novas fronteiras econômicas para os
agentes hegemônicos da produção do espaço.
3.4.3. AS OPERAÇÕES URBANAS E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
A remodelação urbana tem sido de grande importância para os urbanistas, desafiando-os a fornecer subsídios
para a criação de políticas públicas mais efetivas e estimulando o permanente processo de reconstrução e criação de
novas bases espaciais de produção através da substituição, renovação e ruptura das estruturas preexistentes. Além
disso, observa-se a presença, cada vez maior, de grandes projetos urbanos e de parcerias público-privadas na
promoção da recuperação urbanística e ambiental de áreas importantes da cidade.
Esses projetos têm como proposta a requalificação urbana por meio de um processo social e político de
intervenção territorial, num conjunto de ações integradas seguindo a lógica de desenvolvimento urbano e visando
essencialmente a qualidade de vida da população, com a criação de novas centralidades.
cidade, aprovado em 2001, tem sua origem formulada na lei de Desenvolvimento Urbano, gestada desde 1982. No Brasil fundamentalmente as inovações do Estatuto da Cidade situam-se em três áreas. Primeiramente em um conjunto de instrumentos voltados para induzir, mais do que normatizar as formas de uso e ocupação do solo. Uma nova estratégia de gestão é formulada, incorporando a idéia de participação direta do cidadão em processos de construção dos destinos da cidade. E, finalmente propõe-se a ampliação das possibilidades de regularização de áreas urbanas hoje consideradas ilegais. Basicamente o Estatuto da Cidade valoriza o local na solução de problemas urbanos permitindo um novo formato de atuação marcado principalmente pelo princípio da gestão democrática. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/131. Visitado em: 17 de maio de 2010
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Como indica a Constituição Federal (art. 182 e 183) e o Estatuto da Cidade43, a legislação urbanística –
enquanto instrumento de política urbana – deve sempre buscar a cidadania através da garantia da função social da
cidade e do bem-estar de seus habitantes. Mas, ao contrário dessa orientação, os projetos de renovação urbana estão,
se voltando, cada vez mais, aos interesses privados do mercado imobiliário, fundiário e financeiro, atuando,
primordialmente, em benefício das elites dominantes e do capital, levando à perda do valor de uso da terra, à
expulsão da população de baixa renda para a periferia e à
consolidação de enclaves sociais.A visão de construção, transformação e renovação da cidade ou parte dela por meio
de projetos urbanos tem sido bastante aceita e utilizada em todo o mundo. Dentro desse contexto, identificam-se
vários exemplos concretos já implantados que, baseados na realidade, nas características, nas necessidades de cada
local e no público a atingir, definiram objetivos, estratégias e feições diferentes, de forma a torná-los mais adequados
e mais viáveis de serem executados. Alguns exemplos podem ser citados: as Docklands de Londres e o bairro de
Marais em Paris (imagens 53 e 54) – que tinham como objetivo a criação de novos distritos de negócios através da
renovação urbana das áreas degradadas –; a Vila Olímpica de Barcelona, a feira de Baltimore e a Expo’98 de Lisboa
que, aproveitando a promoção de eventos internacionais ou espetáculos, conseguiram promover a renovação de uma
área da cidade.
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No caso de São Paulo, cabe mencionar as operações urbanas consorciadas, que, de acordo com o Estatuto da
Cidade (Lei Federal n. 10.257, de 10 de julho de 2001, Art. 32, §1°), são:
[...] um conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público Municipal,
com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores
privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental. (ESTATUTO DA CIDADE)
Constituem um instrumento legal de renovação de espaços predeterminados da cidade e/ou ampliação de
infra-estruturas urbanas por meio de intervenções, tendo em vista a intensificação do uso e ocupação do solo urbano
e, para tal, lança mão da parceria entre o poder público e a iniciativa privada. Portanto, para lograr êxito na
consecução dos objetivos, é preciso definir uma estratégia capaz de despertar o interesse da iniciativa privada, para
que esta venha, efetivamente, a custear a implantação de obras, melhorias ou equipamentos de interesse público.
Cada operação urbana deve ser regulamentada por lei específica aprovada pelo poder legislativo. Através da
lei, serão definidos o perímetro, os objetivos, o programa de intervenções e os limites de flexibilidade em relação aos
parâmetros estabelecidos pela Lei de Zoneamento, ou seja, como será feita a concessão de incentivos urbanísticos e a
correspondente obtenção de contrapartidas. O valor arrecadado nessa outorga onerosa só pode ser usado em
melhorias urbanas na própria região.
A Operação Urbana referente à região do objeto de estudo é a denominada Operação Urbana Mooca/Vila
Carioca. Essa Operação Urbana possui uma área de 1.568ha, que vai da Rua da Mooca até a fronteira de São Paulo
com São Caetano. A proposta é dividida em três setores: Cambuci-Taquari, Ipiranga-Mooca Vila Carioca-Vila Zelina."De
novo, a superação da barreira junto à ferrovia é um dos elementos fundamentais, já que a região possui a linha 10 da
CPTM e a extensão da Linha 2-Verde do Metrô. Mas, nesse caso, temos dois bairros bastante desenvolvidos que são o
Ipiranga e a Mooca. Então o projeto deverá propor a superação dessa barreira, de forma a valorizar o patrimônio
histórico e melhorar a condição ambiental da área", explica Miguel Luiz Bucalem, Secretário Municipal de
Desenvolvimento Urbano.
Entre as idéias da Prefeitura de São Paulo, está o aumento da atividade industrial da região próxima à Rua
Borges Figueiredo, onde há um grande número de edificações tombadas, o adensamento da área hoje ocupada por
44 Docklands, Londres
45 Bairro Marais, Paris
46 “§1º Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental”. (Estatuto da Cidade, Lei nº
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grandes galpões industriais subutilizados, a revitalização da Avenida Dom Pedro, próximo ao Museu do Ipiranga, e a
criação de ligações transversais em relação às ferrovias.
3.5.O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL ARQUITETÔNICO NO BAIRRO DA MOOCA
Segundo Manoela Rossinetti Rufinoni, analisar a presença e configuração do extenso conjunto arquitetônico
industrial existente no Bairro da Mooca pressupõe conhecer as determinantes históricas que direcionaram a ocupação
da região e a dinâmica do desenvolvimento urbano que se seguiu até se chegar à configuração atual.
O estudo histórico revela que a região hoje compreendida pelo bairro da Mooca recebeu a atividade industrial
como decorrência de uma série de eventos que concorreram para a formação de um cenário físico, social e econômico
propício.
O período compreendido entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX foi decisivo para a
consolidação da paisagem industrial do
bairro. Após cem anos de transformações
urbanas que conferiram à região novos
potenciais de uso, o antigo bairro industrial e
operário ainda guarda inúmeros conjuntos
edificados com características fabris e revela
uma intrincada rede urbana sistematicamente
voltada para a atividade produtiva. (RUFINONI,
2004)47 Vista aérea da Antiga Sede da Cia. Antártica Distribuidora de bebidas e a atual passarela da Estação ferroviária da Mooca, ligando as duas entradas localizadas à Rua Borges de Gigueiredo e Av. Presidente Wilson
53 MAPA OPERAÇÃO URBANA MOOCOA/VILA-CARIOCA
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3.5.1. AS FÁBRICAS E A FERROVIÁRIA
Enquanto a máquina a vapor simboliza a primeira fase da Revolução Industrial, até então praticamente contida
na Europa, as ferrovias e as locomotivas simbolizam a segunda fase, quando de fato eclodiram os efeitos
internacionais da industrialização. O Brasil começou a se redefinir para integrar os sistemas internacionais da indústria
e comércio, e essa redefinição ainda é a parte visível da herança daquele período, partes ainda remanescentes e
algumas revitalizadas das cidades e das arquiteturas.
O estabelecimento da indústria, além de configurar o espaço à sua volta, com suas casas para operários e
outros equipamentos, produzia também em sua área envoltória transformações no uso e ocupação do solo. Era
comum a subdivisão de quadras em lotes pequenos, geralmente estreitos e compridos, formando as conhecidas vielas
e travessas, bem características de bairros industriais, o que tornava os lotes de baixo custo e acessíveis aos
operários.
O desinteresse pelo transporte ferroviário oriundo de políticas públicas voltadas ao rodoviarismo, e a própria
dispersão do conjunto industrial que tanto se beneficia da proximidade da via férrea, relegaram as parcelas urbanas
mais próximas da via ao abandono. Talvez por conta disso, o extenso conjunto industrial histórico ainda não tenha sido
alvo de intervenções drásticas. (RUFINONI, 2004)
48 Vista de acesso à uma antiga Vila operária
49 Vista das Fachadas das casas com testadas mínimas, típicas da urbanização do período industrial
Fonte: Arquivo pessoal
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A identificação do patrimônio industrial, ainda que recente num país como o Brasil, vem se
transformando num “dever de memória”, o que se explica, em parte, pelo esvaziamento e eliminação desses vestígios
de atividades que movimentaram e impulsionaram o país, tais como o sistema ferroviário, portuário, os grandes
estabelecimentos industriais, etc. Hoje o patrimônio ferroviário brasileiro está reduzidíssimo, pelo sucateamento da
Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA –, e exploração do que lhe restava de bens operacionais e de valor. O Ministério
dos Transportes ainda procura viabilizar esse transporte, inclusive com um programa oficial de recuperação e
valorização do patrimônio histórico para uso turístico, como alternativa possível nesse primeiro momento de reação.
Por outro lado a RFFSA está em liquidação e em vias de extinção, sem uma definição inteira de como seu patrimônio
móvel e imóvel será utilizado e com parcos programas de investimentos para um sistema de transporte ferroviário
nacional adequado ao país e digno de sua própria história.
Em 2007, com a extinção da RFFSA, o patrimônio ferroviário passou a ser tratado por um conjunto de
instituições governamentais. Constituído por grande quantidade de bens de diferentes naturezas e de relevante
importância, esse imenso acervo ficou sob a responsabilidade do Ministério dos Transportes, do Departamento
Nacional de Infra-estrutura de Transportes –DNIT –, da Secretaria de Patrimônio da União – SPU –, e do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. A essas instituições foi legada uma atribuição comum: a destinação
de todo o sistema ferroviário nacional advindo da extinta RFFSA.
José Rodrigues Cavalcanti Neto, coordenador técnico do patrimônio ferroviário do IPHAN, ressalta que o
trabalho do Instituto está diretamente relacionado à identidade dos lugares, suas histórias, tradições, comidas,
hábitos, praças, ruas e edifícios. "A preservação do patrimônio tem de ser trabalhada dentro dessa ótica. O patrimônio
ferroviário faz parte da identidade de muitas cidades brasileiras. O trem está no imaginário do brasileiro e a
preservação deve caminhar no sentido dar continuidade a esse interesse", afirma.
Com a Lei 11.483/2007, o IPHAN ficou responsável por receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor
artístico, histórico e cultural, oriundos da extinta RFFSA, bem como zelar pela sua guarda e manutenção. Quando o
bem for classificado como operacional, o Instituto deverá garantir seu compartilhamento para uso ferroviário. Um dos
pontos mais importantes que ficou a cargo do IPHAN foi a preservação e a difusão da memória ferroviária, por meio da
construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras
organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos; conservação e restauração de prédios, monumentos,
logradouros, sítios e demais espaços oriundos da extinta RFFSA.
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"Diante dessa responsabilidade o primeiro passo do IPHAN foi conhecer esse universo, realizando um
mapeamento de varredura para estabelecer as melhores estratégias para dar o destino adequado a esses bens. A
RFFSA tinha uma planilha em que constavam mais de 50 mil imóveis. As superintendências do IPHAN espalhadas pelo
país estão fazendo esse reconhecimento dos bens imóveis para ter um primeiro panorama. Em alguns estados isso já
foi concluído, mas em outros, como São Paulo, foram contabilizados 1,8 mil imóveis, mas esse número não está
fechado. Nessa varredura também estamos colhendo informações sobre os bens móveis", informa Cavalcanti.
Ao usar o termo memória ferroviária, a lei traz uma ampla responsabilidade para o IPHAN. "O alcance é maior
do que simplesmente preservar um grupo de estações com valor histórico. Isso implica olhar esse patrimônio com uma
maior abrangência, o que já está sendo feito pelo IPHAN, quando se procura estabelecer a relação do patrimônio
imaterial com o material", ressalta o coordenador. O patrimônio material é composto por um conjunto de bens
culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico;
histórico; belas artes; e das artes aplicadas. O patrimônio imaterial abrange as mais variadas manifestações populares
que contribuem para a formação da identidade cultural de um povo.
Cavalcanti explica que o patrimônio ferroviário é ligado a uma categoria de estudos que se chama patrimônio
industrial. "É um olhar diferente. Você não preserva o patrimônio industrial, ou no caso o ferroviário, pela
monumentalidade ou singularidade. Não é só isso que dá valor ao patrimônio", diz. A Carta de Nizhny Tagil é utilizada
pelos técnicos do IPHAN como baliza para a análise do patrimônio ferroviário.
"O patrimônio industrial representa o testemunho de atividades que
tiveram e que ainda têm profundas conseqüências históricas. As razões
que justificam a proteção do patrimônio industrial decorrem
essencialmente do valor universal daquela característica, e não da
singularidade de quaisquer sítios excepcionais. O patrimônio industrial
compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor
histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Esses vestígios
englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de
processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de
produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e
todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se
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desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais
como habitações, locais de culto ou de educação." (Carta de Nizhny
Tagil, 2003).
"A sociedade como um todo tem que querer preservar o seu patrimônio. É uma premissa do nosso trabalho,
principalmente durante esse processo de investigação. Se uma prefeitura manifestar interesse por uma estação, se
pretende dar um uso cultural ou outro que vá promover a preservação e disseminação da cultura ferroviária, vai nos
ajudar na questão da memória ferroviária. Se o município tem esse comprometimento, o IPHAN tem trabalhado para
fazer a cessão desse imóvel ao município", explica Cavalcanti.50
De qualquer forma, as poucas fábricas historicamente valiosas que estão preservadas em boas condições no
Brasil também foram absorvidas para finalidades culturais, do mesmo modo que nos países desenvolvidos. Há alguns
casos - raríssimos - de estabelecimentos fabris que passaram a funcionar como museu tecnológico, a exemplo da
Estação Ciência, no bairro paulistano da Lapa, instalado nos galpões de uma antiga tecelagem. Existem ainda vários
centros culturais e comunitários espalhados pelo Brasil que foram implantados em fábricas de inegável valor histórico.
São relativamente numerosas, também, as antigas indústrias que foram transformadas em Shopping Centers
ou empreendimentos similares, ou que passaram a abrigar estabelecimentos de saúde ou de educação, com a relativa
manutenção da arquitetura fabril original. De fato, toda fábrica começa a ser alterada, por dentro e por fora,
praticamente no dia seguinte ao de sua inauguração, quase sempre por necessidades produtivas. A restauração
arquitetônica de uma instalação fabril é, por isso, sempre aproximativa e visa antes a "síntese" das várias fases pelas
quais a fábrica passou do que a eventual fidelidade a um determinado período. É mais arqueologia do que arquitetura.
A arqueologia industrial calca-se nos referenciais teórico-metodológicos de vários campos do saber; não possui
referenciais que lhe sejam específicos, a saber, formulações teórico-metodológicas que digam respeito unicamente ao
legado da indústria. Assim, não é uma disciplina autônoma; configura-se como vasto campo temático que exige a
articulação de várias disciplinas, não sendo possível formar uma figura profissional que domine todos os instrumentos
necessários. Quando se fala de patrimônio industrial, pressupõe-se que estudos tenham sido feitos e os bens que
possuem interesse para a preservação tenham sido identificados. Na prática, porém, as expressões têm sido
empregadas como sinônimos, prevalecendo uma ou outra, dependendo do ambiente cultural. (KÜHL, 2010)50 Disponível em: www.pea.gov.br M
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3.6.AS QUESTÕES PRESEVACIONISTAS
No século XX a sensação da fragmentação da identidade, da perda das referências culturais, despertou no
homem o desejo de “retorno a algo perdido”, ou seja, a necessidade de buscar manifestações culturais que
pertencessem a seu passado vivo, alguma resposta que lhe representasse uma base para adentrar a essa nova
dinâmica urbana. Neste sentido, a recriação de espaços através da preservação do patrimônio permite desencadear o
processo de identificação do cidadão com sua história e cultura.
Afinal, conservar um objeto considerado patrimônio constitui-se como registro material da cultura, da
expressão artística, da forma de pensar e sentir de uma comunidade em determinada época e lugar, um registro de
sua história, dos saberes, das técnicas e instrumentos que utilizava.
A preservação do patrimônio, também conhecido como bem cultural tem, entre suas funções, o papel de
realizar “a continuidade cultural”, de ser o elo entre o passado e o presente e permitir conhecer a tradição, a cultura, e
até mesmo a história de uma sociedade, e assim, despertar o sentimento de identidade para a mesma. Através dela o
indivíduo (re) vivencia experiências, dialogando com a sociedade à qual pertence.
A preservação trata-se de um conjunto de medidas, desde intervenções físicas no bem, como restaurações, até
políticas públicas, passando por leis de tombamento, as quais objetivam proteger este bem para as gerações futuras.
Na Antiguidade o conceito de restauração estava relacionado muito mais às construções e ao refazer do que a
preservar. Já no século XVIII o restauro passa a ser entendido como: conjunto de operações destinadas a conservar o
monumento como testemunho do passado.
No entanto, somente mediante a massiva destruição decorrente da Segunda Guerra Mundial e a necessidade
de reconstrução em caráter de urgência de núcleos centrais inteiros, aspectos da carta patrimonial de 1931 foram
reavaliados. A partir dessas discussões formulou-se a Carta de Veneza (anexo 10.1), definida no II Congresso
Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos em 1964. Esta carta delineou uma unidade
metodológica para as intervenções nos bens culturais, inserindo a restauração no quadro social, econômico e cultural.
Esse documento permanece válido até hoje para os países signatários. A questão do uso passou então a ter a seguinte
recomendação:
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Artigo 5º - A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua
destinação a uma função útil à sociedade; tal destinação é, portanto, desejável,
mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É
somente dentro destes limites que se deve conceber e se podem autorizar as
modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes. (ICOMOS, 1964).
De lá para cá, o interesse pelo patrimônio edificado tem aumentado consideravelmente, não só pela maior
consciência do seu valor histórico, mas também por razões outras como o aumento demográfico, a saturação
territorial, a complexidade urbana que acarreta diversos problemas político-econômicos vinculados, por exemplo, à
especulação imobiliária e à exploração do turismo. Assim, o uso do patrimônio edificado existente como fonte cultural,
social e econômica tornou-se uma questão de grande interesse, que extrapola a questão meramente preservacionista.
Neste sentido, a Carta Européia de Patrimônio Arquitetônico, promulgada em 1975 em Amsterdã, evidencia a
necessária leitura do aspecto preservacionista sob a ótica do desenvolvimento urbano na medida em que propõe,
justamente, “uma ação conjunta entre as técnicas de restauro e a pesquisa de funções compatíveis, com o objetivo
principal de uma conservação integrada no âmbito do planejamento urbano e territorial, para a definição de uma
estratégia única para os meios técnicos, administrativos e financeiros” (CARBONARA, 1997, p. 375).
Ao defender a aplicabilidade da teoria brandiana, Giovanni Carbonara (1942), afirma que o maior problema da
preservação reside, justamente, na compreensão e reconhecimento do patrimônio edificado como bem cultural. Para
ele, uma intervenção de restauro só poderá ser realizada através do levantamento histórico-artístico, da percepção
dos significados e dos materiais da obra, estabelecendo-se, assim, um critério de intervenção. Para este autor,
somente a partir do reconhecimento da significação histórico-artística, e considerando todos os princípios e
instrumentos metodológicos desse consolidado campo disciplinar é que se pode estabelecer os critérios para uma
intervenção de restauro. “Quando esse levantamento não for possível, não houver um valor reconhecido, diferentes
formas de utilização sem relação com as práticas de restauro e preservação poderão ser indicadas” (CARBONARA,
1997, p. 375). Com isto, o monumento, analisado corretamente por meio de um juízo de valor crítico
pode revelar a destinação mais adequada à vocação da edificação, que não é necessariamente o Merc
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uso original, ainda que este seja preferível quando possível conservá-lo ou repropô-lo, respeitando a realidade
material e espiritual do monumento.
3.6.1. OS PRINCÍPIOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA
A partir dos anos setenta, uma nova forma de abordagem que integrava a edificação inovadora e a
conservação do patrimônio veio sendo desenvolvida e os seus resultados aplicados em cidades européias. Na Itália,
Bolonha, Ferrara e Brescia receberam atenção, com a aplicação de uma estratégia pública de ações que visava atuar
simultaneamente em toda a cidade e não somente na área central.
Este tipo de intervenção, denominado conservação integrada por Silvio Zancheti51, passou a constituir uma
nova abordagem para o planejamento, embasado numa cultura qualitativa, para o qual o principal objetivo residia
num ”urbanismo de qualidade”. O novo planejamento abdicava da pretensão modernista da ação genérica no todo da
cidade, privilegiando ações locais com potencial transformador.
[...] A conservação urbana integrada (CI) tem origem no urbanismo
progressista italiano dos anos 70. Mais especificamente, da experiência de
reabilitação do centro histórico da cidade de Bolonha, iniciada nos últimos anos da
década de 60, e conduzida por políticos e administradores ligados ao Partido
Comunista Italiano. Nos anos 70 e 80, esses princípios foram aplicados em várias
cidades italianas, especialmente do norte, e em cidades espanholas. Nos dois
países, a CI serviu como argumento teórico e prático para as administrações
municipais de esquerda, e suas realizações como bandeira para a construção de
uma imagem política de eficiência administrativa, justiça social e participação
popular nas decisões do planejamento urbano e regional. (ZANCHETI, 2005)
A prática desses ideais demandava pactos que permitissem todos os tipos de ações nas cidades, realizados
entre múltiplos atores envolvidos. Tais práticas deveriam proporcionar conexão lógica entre inovação e conservação.
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Para Zanchetti, o processo de planejamento de natureza integrada e que requer a gestão das relações entre as
ações demanda a concretização desta gestão. Requer estratégias para conduzir a dialética inovação/conservação e
instrumentos capazes de operacionalizar a estratégia, tais como o plano estratégico.
3.6.2. NOÇÕES DE BEM CULTURAL
As discussões sobre a revitalização do patrimônio passam, essencialmente, pelo debate sobre o planejamento
urbano, a formas de uso dos monumentos históricos e do apoio às manifestações culturais. Nesse processo é
importante a participação da comunidade ou órgãos de classe, pois a (re)construção dos espaços não se faz por
decreto ou por decisões de técnicos. As pessoas, residentes do lugar, devem participar, pois o conhecem e precisam
ser motivadas a fortalecerem o sentimento de identidade.
Discutir bens culturais é pensar na viabilidade da transformação urbana, representa a necessidade de
sonharmos com políticas de investimento na reorganização do caos urbano. Jacques Le Goff52, ao discutir o papel das
cidades, aponta para os descaminhos da excessiva concentração urbana e nos demonstra a seguinte preocupação: a
necessidade de recuperação da função pública das cidades, dos espaços e convivência e de cultura, dos lugares de
formação e de exercício da cidadania. A cidade desvitalizada representa a continuidade do descaso com o patrimônio,
o seu uso indevido. A paisagem urbana descaracterizada faz com que a sociedade se distancie das
discussões sobre o uso do bem cultural.
O uso adequado do patrimônio tem que exercer duas funções: garantir o respeito à cultura, inclusive no que se
refere aos estilos artísticos e garantir o significado histórico e a comunidade, que não pode ser excluída do processo
de decisão sobre o uso do patrimônio ou mesmo dos benefícios econômicos advindos da atividade turística. O
desenvolvimento tem de representar a inserção social, pois a participação é essencial para que os impactos não
degradem o lugar e os confrontos entre comunidade e turistas não se estabeleçam; além disso, o lugar deve gerar
empregos para a comunidade, oportunidade de comercialização do artesanato e de prestação de serviços.
Paralelamente, as escolas necessitam fortalecer os estudos sobre a história e cultura local.
Meneses afirma que a cidade pode e deve ser vivida como um bem cultural, onde o bem adquire um valor
positivo em contraposição à cidade, que traz consigo a problemática urbana, a cidade culturalmente qualificada é boa
para ser conhecida, contemplada, esteticamente fruída, analisada, e acima de tudo, praticada.
51 ZANCHETI, Silvio Mendes, 2005
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[...] boa para ser conhecida (pelo habitante, pelo turista, pelo que tem aí
negócios a tratar, pelo técnico, etc.), boa para ser contemplada, esteticamente
fruída, analisada, apropriada pela memória, consumida afetiva e identitariamente,
mas também e, acima de tudo, é boa para ser praticada, na plenitude de seu
potencial. [...] A relação contínua, permanente, cotidiana, demorada e que o
tempo adensa, é que cria as condições mais favoráveis para a fruição do
patrimônio ambiental urbano. (MENESES, 2006)
O patrimônio pode ser definido como bem cultural tangível ou intangível, capaz de despertar o sentimento de
valor e identidade e que expressa a própria cultura dos povos. O homem, ao construir um monumento ou um sobrado
está manifestando sua cultura através do estilo arquitetônico da obra. Porém, essa identidade é obtida apenas através
da contemplação desse bem, descartando, assim, o sentido do cotidiano, das práticas do dia-a-dia, da memória do
trabalho, em busca de uma “legitimação cultural”.
Para este autor, a revitalização do patrimônio significa a reformulação do significado das manifestações
culturais, tornando-a viva, ao ganhar sentido para as pessoas e, especialmente, ao recuperar identidade.
3.6.3. A AUTENTICIDADE DO PATRIMÔNIO
O primeiro documento internacional em que autenticidade aparece vinculado ao patrimônio cultural é a Carta
de Veneza, de 1964. Nesta Carta justificou-se a recomendação de que sempre fossem preservadas, nos monumentos
arquitetônicos, as sucessivas intervenções decorrentes de alterações programáticas existentes ao longo do tempo.
Entretanto, a partir de 1978, a UNESCO passa a exigir o “teste de autenticidade” para a inclusão de um bem na Lista
do Patrimônio Mundial:
Em adição [ao valor universal excepcional], o bem deve ser submetido a
um teste de autenticidade em relação ao seu desenho, material, técnicas
construtivas e entorno; autenticidade não se limita a consideração da forma e
52 LE GOFF, Jacques. 1988
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estruturas originais, mas inclui todas as modificações subseqüentes e adições, ao
longo do tempo, as quais possuem um valor histórico e artístico. (UNESCO, 1978).
A autenticidade está muito ligada à idéia da origem dos artefatos, obras, construções ou programas, porém
lhes dá uma qualificação. É como se fosse uma adjetivação. No caso das residências, seus programas, os mais
variados, são qualificados pelas relações necessárias mantidas entre si pelos espaços compartimentados da
edificação. A autenticidade estaria na forma da materialização e na satisfação das expectativas programáticas.
O reuso de um edifício, ou melhor, a sua nova utilização por outro programa, na maioria dos casos, exige
adaptações ou intervenções nos espaços construídos e até acréscimos de áreas e tais providências em muitas
oportunidades provocam discussões infinitas entre técnicos e teóricos envolvidos com a preservação de monumentos.
A respeito disso, o raciocínio é o seguinte. A troca ou alteração nos programas num edifício é uma fatalidade
cultural, pois sabe-se que eles, além de estarem em permanente transformação mercê da contínua variação das
demandas trazidas pelo incessante progresso da humanidade, também podem surgir provocadas por novas atuações
decorrentes de novos fatos sociais vindos com a evolução da civilização. Assim, no panorama edificatório, desde
sempre, são observados programas, usos e costumes em contínua mutação estarem sendo abrigados em edificações
caracterizadas pela inflexibilidade de suas paredes. Há sempre uma permanente tensão entre o continente e o
conteúdo; entre o edifício e seu hóspede, o programa.
3.6.4. TOMBAMENTO E PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS
Tombar um bem cultural diz respeito a um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de
preservar, através da aplicação da legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e
também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. A ação de
tombamento somente é aplicada a bens materiais que sejam de interesse para a preservação da memória coletiva.
(IPHAN, 2005).
O tombamento é a primeira ação a ser tomada para a preservação dos bens culturais na medida que impede
legalmente a sua destruição. Porém a preservação somente torna-se visível para todos quando um bem cultural
encontra-se em bom estado de conservação, propiciando sua plena utilização.
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Os bens tombados podem ser divididos em bens móveis como objetos de arte, coleções de documentos,
fotografias, mobiliário e assim por diante. Os bens imóveis dizem respeito às edificações: casas de moradia, palácios,
palacetes, igrejas e construções militares.
O entorno do imóvel tombado é a área de projeção localizada na vizinhança dos imóveis tombados, que é
delimitada com o objetivo de preservar a sua ambiência e impedir que novos elementos obstruam ou reduzam sua
visibilidade. Compete ao órgão que efetuou o tombamento estabelecer os limites e as diretrizes para as intervenções
nas áreas de entorno de bens tombados.
O Patrimônio Arquitetônico, também chamado de Patrimônio Edificado, diz respeito como o próprio nome
sugere as edificações que adquiriram significação histórica e cultural em determinada sociedade. A sua preservação
sempre ocorre no sentido de selecionar os exemplares mais expressivos, preciosos e representativos de determinado
estilo arquitetônico. (IPHAN, 2003)
Segundo KÜIL, o interesse pela preservação do patrimônio industrial é relativamente recente e deve ser
entendido no contexto da ampliação daquilo que é considerado bem cultural53.
Deve-se lembrar que a restauração de bens culturais, ou seja, os modos de
intervir num bem para que transmita suas principais características para as
gerações futuras, é um campo disciplinar que começa a adquirir autonomia há
pelo menos um século, com dois séculos de experiências práticas e formulações
teóricas sistemáticas já acumuladas. A restauração teve lento maturar no
decorrer do tempo até se firmar como ação cultural, em especial a partir do
século XIX. As intervenções feitas em edifícios já existentes eram, até então,
voltadas para sua adaptação às necessidades da época e ditadas por exigências
práticas. (KÜHL, 2005)
3.6.5. A IMPORTÂNCIA DA REUTILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
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Ao se defender a cidade e a preservação do patrimônio arquitetônico, paisagístico e urbano, são necessárias
reflexões sobre a questão do novo e do velho, pois o velho pode não ser adequado, mas nem tudo o que é novo é
necessariamente desejado.
A regressão nostálgica ou reconstrução, a preservação deve constituir-se essencialmente como um ato de
afirmação criadora, de descobrimento, originando o valor e a reabilitação vital e para ser plenamente válida, deve ser,
mais do que a manutenção ou reconstrução, mas uma proposta dinâmica e potencializadora.
A cidade é um cenário de contradição, de fragmentação, de intensa mudança, palco de recorrentes
experiências, erros e acertos. Para isso, se entende a cidade como um testemunho, ela é memória e mudança.53 KÜHL, Beatriz Mugayar, 2005
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4. PREMISSAS METODOLÓGICAS
4.1. RECOMENDAÇÕES DOS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO
A preservação dos bens culturais pressupõe que eles sejam apropriados pela sociedade, o que subentende
várias formas de utilização e fruição do bem pela comunidade. A mais importante dessas formas talvez seja a
capacidade de a sociedade atribuir um uso ao bem. Só mediante o uso é possível preservar artefatos e estruturas
arquitetônicas e áreas urbanas. É o uso que reintegra o bem à vida social, impedindo sua degradação. Isso
exige a elaboração de um projeto arquitetônico. Projeto arquitetônico crítico, no sentido amplo, que compreenda todas
as modalidades de bens culturais e as disciplinas associadas, tais como a arqueologia, a museologia, o marketing,
entre outros, e projeto no sentido específico, que compreenda as operações de conservação, restauração, adaptação,
etc. Um projeto específico de restauração e preservação arquitetônica pressupõe as seguintes atividades:
pesquisa histórica + cronologia + diretrizes
Acompanhando esta tendência, os documentos internacionais refletem uma discussão dessas questões. A Carta
de Veneza, formulada em 1964, após a II Grande Guerra, quando as cidades européias estavam bastante destruídas,
considerava os remanescentes arquitetônicos dentro do planejamento urbano. Esse fato é de extrema importância já
que fazia parte da recuperação da identidade cultural de determinado povo reconstruir sua cidade. Este documento já
trazia a noção de bem cultural, incluindo em sua conceituação a “história de que é testemunho e do meio em que se
situa” e também expandindo seus limites para além do monumento isolado.
A utilização do bem cultural o distancia da deteriorização e do esquecimento. Ainda de acordo com a Carta de
Veneza, passam a ser asseguradas as manutenções das ruínas de bens patrimoniais culturais, bem como as medidas
para a preservação e a conservação permanente dos elementos arquitetônicos e dos testemunhos históricos
encontrados. Além destes cuidados também passa a ser garantido o direito de jamais deturparem os reais significados
históricos dessas ruínas.
Após 13 anos, em 1972 foi assinada outra carta normativa, a da UNESCO, assinada em Paris, também
conhecida como Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, que preconizava claramente os
direitos vinculados à preservação. Segundo o documento, a educação e a formação pessoal são as grandes chances da
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perpetuação das memórias e dos bens culturais. Esta carta de intenções previa que os Estados signatários fizessem
com que o bem cultural tivesse uma função na vida da coletividade, além de estar integrado a um plano mais
amplo de programas e estratégias urbanas.
4.2. DIRETRIZES GERAIS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO
“A restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da
obra de arte na sua dupla polaridade estética e histórica com vista a sua
transmissão para o futuro” (BRANDI) 54
O projeto de restauração dos edifícios, visando sua reabilitação para novos usos, considera as orientações
gerais da Carta de Veneza, de 1964, que contemplam os princípios da distinguibilidade, reversibilidade, mínima
intervenção e compatibilidade material55 que regem as intervenções de caráter conservativo nacionais e
internacionais. Da Carta de Veneza destacam-se os seguintes artigos:
artigo 9 :”A restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional.
[...] Todo trabalho complementar reconhecido como indispensável por razões estéticas
ou técnicas destacar-se-á da composição arquitetônica e deverá ostentar a
marca do nosso tempo”
artigo 11 – “As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do
monumento devem ser respeitadas”.
artigo 12 – “Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem
integrar-se harmonicamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, as partes
originais a fim de que a restauração não falsifique o documento de arte e de
história”.
artigo 13 – "Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que
respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional,
o equilíbrio de sua composição."
Com base nestes artigos e à luz dos pressupostos teóricos de Cesare Brandi, que consideram os valores
intrínsecos, os originais e os adquiridos pelos objetos ao longo de sua vida, a intervenção proposta para a
54 BRANDI, Cesare.
55 TIRELLO, Regina A.
Metodologia de projeto de
restauro / conservação de
edifícios históricos. Notas de
aula n 4: Au814 Técnicas
Retrospectivas. Campinas:
Unicamp , 2009
56 MONUMENTA Manual de Elaboração de Projetos”, Caderno Técnico 1. Disponível em: www.monumenta.gov.br
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preservação física das edificações industriais da Rua Borges de Figueiredo, se define pelo seguinte
conceito de restauração, definido pelo MONUMENTA56:
“Restauração ou Restauro - conjunto de operações destinadas a restabelecer a unidade da
edificação, relativa à concepção original ou de intervenções significativas na sua história. O restauro
deve ser baseado em análises e levantamentos inquestionáveis e a execução permitir a distinção
entre o original e a intervenção. A restauração constitui o tipo de conservação que requer o maior
número de ações especializadas. (MONUMENTA, 2005, p.14)
As propostas deste TFG se estenderão à revitalização de edifícios industriais ao longo da Rua Borges de
Figueiredo, indicando diretrizes de ocupação e a adequação da estrutura atual da estação ferroviária do
bairro, recuperar e conceder nova vida à área em questão, tanto econômica, e ambientalmente, quanto
socialmente. Melhorando-se, então, a qualidade de vida urbana, pressupondo, a valorização do patrimônio
edificado como elemento de importância aos ambientes urbanos, a primazia dos espaços
públicos como articuladores dos demais elementos urbanos, através de idéias propositivas e criativas
para o desenho de um espaço urbano de qualidade. Entende-se por revitalização a definição encontrada no Manual do
MONUMENTA, que dispõe:
Revitalização - conjunto de operações desenvolvidas em áreas urbanas degradadas ou
conjuntos de edificações de valor histórico de apoio à “reabilitação” das estruturas sociais,
econômicas e culturais locais, procurando a conseqüente melhoria da qualidade geral dessas áreas ou
conjuntos urbanos. (MONUMENTA, 2005,p.14)
Dessa forma, a proposta pretende oferecer um contraponto ao atual contexto de transformação e
desenvolvimento, baseado no crescimento desordenado, na configuração de espaços excludentes, desiguais,
descontínuos e mal conectados, na polarização social, na destruição de importantes vestígios históricos, na
depreciação dos recursos naturais, na perda da qualidade de vida, etc.
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5. ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS
5.1.PUERTO MADERO
Constituindo um sofisticado bairro da cidade de Buenos Aires, Puerto Madeiro é um dos mais bem-sucedidos e
audazes casos de renovação urbana da atualidade. A região tem seu histórico de desenvolvimento vinculado ao
potencial agroexportador argentino: em fins do século XIX, a região foi escolhida para abrigar o porto exportador de
grãos e carnes oriundos da região dos pampas. Embora não fosse a melhor alternativa para a exportação (alargar o
Canal de Riachuelo no bairro de La Boca seria mais viável econômica e logisticamente), a proposta da instalação de
um conjunto de diques em frente ao centro da cidade (onde havia um lamaçal) foi aprovada, graças à influência e aos
contatos de seu idealizador, o rico comerciante Eduardo Madero. Contudo, o oneradíssimo empreendimento não se
mostrou eficiente e toda a área correspondente aos 16 prédios das docas foi abandonada e deixada à mercê de um
processo de sucateamento.
Em 1989, cerca de um século após a implantação do conjunto, foi iniciado um projeto de 2 bilhões de dólares
que pôs fim à degradação da área e a tornou um centro de comércio e lazer e uma atração turística da cidade. O
projeto consistiu no restauro dos armazéns e na sua adaptação para o abrigo de escritórios, residências, bares,
restaurantes, academias e cinemas. Tal empreendimento foi viabilizado durante o governo de Carlos Menem e contou
com a participação de investimentos públicos e privados. Além da infraestrutura de comércio e lazer, o conjunto ainda
abriga a Universidade Católica em seus três últimos armazéns, o que reforça a presença da população jovem na área.
As obras de revitalização envolveram desde a recuperação de elementos originais do edifício (como os blocos
de tijolos dos armazéns) como a substituição de elementos em degradação (como esquadrias e pisos). A
adaptabilidade é uma característica verificada nesse projeto e que pode ser transposta como conceito de revitalização
de galpões industriais e portuários. Seja pela grande quantidade de área que esses espaços disponibilizam, seja pela
flexibilidade obtida com a planta livre e com os altos pés-direitos, os galpões podem receber diversos tipos de
atividades. Puerto Madero é uma grande referência nesse aspecto: em um único conjunto de galpões e armazéns, foi
possível inserir uma série de diferentes atividades que vão desde discotecas até escritórios comerciais. Investir na
reocupação desses edifícios, portanto, não apenas possibilita revitalizar áreas degradadas como também suprir as
mais diversas demandas urbanas e comerciais.
O projeto promoveu a revitalização do espaço público não apenas através do restauro da área edificada, mas
também da valorização dos aspectos urbanos do porto e sua relação com a cultura argentina. Tanto turistas como
moradores têm como costume visitar o calçadão do bairro para almoçar nos restaurantes de parrillas e tomar a
famosa cerveja portenha Quilmes. São hábitos contemporâneos que já são tradicionais no cotidiano da cidade.
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5.2.SESC POMPÉIA
Inaugurado em 1982, a unidade do SESC Pompéia é um expressivo exemplo nacional de readequação de
edifícios industriais. Conjugando esportes e cultura, o SESC Pompéia apresenta um programa voltado para a prática de
esportes recreativos (com uma piscina e quadras poliesportivas), espaços para exposições e atividades culturais, áreas
de oficinas e workshops e áreas de convívio e alimentação.
A primeira etapa do projeto, finalizada em 1982, consistiu na readequação da antiga fábrica de tambores
Irmãos Mauser (e posterior sede da Ibesa-Gelomatic) para o programa de eventos, exposições e cursos.
Posteriormente, em 1986, é inaugurado o bloco esportivo, anexo à antiga estrutura da fábrica e constituído por duas
torres de concreto aparente. As torres são ligadas por oito passarelas de concreto protendido, as quais vencem vãos
de até 25 metros.
No projeto do SESC Pompéia, Lina Bo Bardi estabelece um diálogo interessante entre o atual e o antigo.
Enquanto os vestígios da antiga fábrica permanecem em evidência (pisos, paredes, estruturas, telhados e instalações),
as novas instalações trazem a linguagem da contemporaneidade em uma escala e com um tratamento que reforçam e
valorizam o caráter industrial do edifício. É possível perceber no projeto uma preocupação em preservar não apenas o
corpo físico, mas também o sentido histórico e social do edifício. O caráter fabril do antigo uso da edificação aparenta
ter sido transportado e adaptado ao novo programa, de modo que o usuário se sinta em uma “indústria” de lazer. Em
outras palavras, a dinâmica dos processos industriais, tão característicos e presentes na história do bairro Pompéia, é
viva na integração das diferentes atividades do complexo – artes, esportes, convívio, aprendizado, lazer; tudo
acontece simultaneamente e em níveis de integração e flexibilidade proporcionados pelos espaços e inter-espaços do
conjunto fábrica-torres.
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5.3. MERCADO DE SAN MIGUEL
Estruturado em ferro, o Mercado de San Miguel está situado em Madrid e teve construção concluída em 1916,
sob a direção de Alfonso Dubé. O mercado original consistia em um grande mercado ao ar livre. Em 1835, Joaquín
Henri realiza um projeto para cubrí-lo, mas apenas foram executados alguns pórticos. O projeto definitivo da estrutura
em ferro é dado em 1911 a Alfonso Dubé. Este novo projeto consistia em uma planta livre com estrutura metálica e
suportes de ferro fundido (material símbolo do desenvolvimento e do progressismo, na época) e um sótão para
armazéns.
A proposta programática do mercado pretende retomar algumas características da antiga dinâmica de
mercadões e adaptá-las ao cotidiano contemporâneo. No próprio site do mercado
(http://www.mercadodesanmiguel.es/) é possível encontrar alguns de seus princípios e conceitos, dentre os quais
destacamos a recuperação da temporalidade da oferta dos mercados (dinâmica de preços e ofertas), a conjugação de
empresas de diversos tipos de produtos, a flexibilidade em relação aos horários dos consumidores e a reflexão da
pluralidade gastronômica espanhola. Além do caráter comercial mercado ainda traz a degustação como parte de seu
círculo de atividades. De livraria de culinária até mesas comunitárias de degustação, o cliente conta com cozinheiros
que preparam doces e salgados e servem vinhos de alta qualidade, situação semelhante à do Mercado Municipal de
São Paulo.
A proposta de revitalização da estrutura do Mercado de San Miguel possibilitou uma valorização da área urbana
e incrementou as atividades comerciais já tradicionais da área. Ao contrário dos projetos já vistos, a revitalização do
mercado consistiu na recuperação da estrutura original do edifício, sem alterações formais ou inserção de elementos
contemporâneos. Neste caso, foi uma opção adequada, uma vez que não houve mudança de uso e de programa
(apenas algumas melhorias) e o próprio edifício possuía um significado contemporâneo de ocupação e inserção
urbana.
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61Perspectivas internas do Mercado de San Miguel
62 Vista da Fachada do Mercado
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CARRIAGE WORKS
Conforme projeto desenvolvido pelo governo estatal, o antigo edifício do Carriage Workshops, de 1888, foi
transformado em um inovador centro de performance e arte contemporânea na cidade de Sydney. Finalizado em
dezembro de 2006, o empreendimento custou 33 milhões de dólares australianos e consistiu em uma nova sede de
atividades para a Arts NSW. O projeto foi desenvolvido por uma equipe de arquitetos: Tim Greer, Julie Mackenzie,
Jeremy Hughes, Brian Zulaikha, John Chesterman, Bettina Siegmund, Trina Day, Vanessa Vorster, Amelia Holliday,
Christian Williams.
Assim como em muitos projetos de readaptação de edifícios, o projeto do Carriage Works procurou preservar
elementos originais (no caso as paredes de tijolos e as estruturas em ferro) e marcar as novas intervenções com
materiais contemporâneos, como estruturas e esquadrias de aço e alumínio e elementos de concreto. Em termos de
programa, o edifício abriga salas de ensaio, escritórios administrativos, espaços para workshops e ateliês e três teatros
(pequeno, médio e grande), tudo disposto em discretos blocos de concreto.
63 E 64 Perspectivas
internas
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6. OUTRAS VISÕES DO LUGAR
Muitos projetos foram e continuam sendo propostos para a área em questão, sejam acadêmicos, sejam através
de concursos, ou de propostas elaboradas pelos órgãos administrativos. A seguir, serão apresentadas algumas das
idéias propostas, a fim de mostrar as variações possíveis quanto à crítica ao lugar, à sua significação e à avaliação do
estado atual de conservação das edificações existentes.
Os projetos apresentam desde apropriações do espaço físico, com a revitalização dos edifícios parcial ou
integralmente, com adições ou subtrações arquitetônicas e estruturais. Assim como, também, encontram-se propostas
para a ocupação do espaço vazio, pressupondo a demolição das edificações existentes para dar lugar a novos
programas e estilos arquitetônicos.
65 Mosaico de imagens com as propostas para a região em estudo neste trabalho
6.1.INTERVENÇÃO NA MOOCA: REFAZENDO A MARGEM FERROVIARIA DA DIAGONAL SUL
Autor: Andre Augusto Pepato
O trabalho compreende a região da Mooca, na cidade de São Paulo. Essa região está inserida no âmbito da
operação urbana Diagonal Sul, região que forma um eixo industrial em obsolescência, a partir do centro para o abc.
Sua localização, devido aos eixos estruturais de transporte que o circundam, oferece boas possibilidades de acesso,
tornando-o um lugar metropolitano significativo; ou seja, é apto para receber habitantes distantes numa escala ampla,
inclusive regional. Isto justificaria programas de interesse geral, sendo que um deles foi implantado. A obsolescência
do uso industrial abre uma discussão sobre as formas de ocupação desse território, cuja problemática forma os
objetivos deste trabalho. A resposta a essas questões levou a um conceito de quadras e edifício-pólo, de maneira a
fomentar ou induzir o desenvolvimento de todo o eixo.
O desenvolvimento do trabalho está organizado em duas escalas: uma mais conceitual, que aborda o grande
terreno e define uma tipologia de quadras, e outro onde o objeto arquitetônico do pólo universitário se define ao ponto
de um estudo preliminar. A primeira escala refere-se à grande área que hoje é o centro de distribuição da Cia.
Antarctica de bebidas S.A., cujo uso previsto nesse trabalho e por outros é o habitacional com térreo de atividades
econômicas. A segunda área, a fábrica propriamente dita, seria ocupada por um pólo aglutinador, por representar um
ponto nodal em seu contexto.
Imagem 66: Observa-se a preservação de alguns Galpões e a demolição de outros para a implantação das edificações do projeto.
Imagem 67: Estudo das edificações para a implantação na área.
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6.2.A PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA MOOCA
Autor: Joyce Reis Ferreira da Silva
O tema deste trabalho trata de documentar e analisar o processo de transformação que está ocorrendo em
diversas regiões da cidade de são Paulo, e em especial no bairro da Mooca. Este processo consiste na mudança de uso
do espaço urbano existente onde antigas áreas industriais, cedem lugar a novos empreendimentos imobiliários, muitas
vezes, em condomínios fechados. este estudo procura entender alguns aspectos da dinâmica social, econômica e
territorial da região metropolitana de São Paulo, e suas implicações no espaço urbano da Mooca.
A pesquisa da área da Mooca foi definida em duas escalas: a primeira abrange o perímetro da subprefeitura da
Mooca maior escala; e a segunda, corresponde a uma escala mais próxima, dividida em duas áreas de estudo
específicas. Após o cruzamento de dados da área da subprefeitura, foi sintetizada uma parte da pesquisa relativa a
fatos recentes que envolvem o boom do setor imobiliário paulistano, o processo de revisão do plano diretor e planos
regionais, e o foco de questões polêmicas da Mooca, tais como a preservação de alguns imóveis industriais.
A ultima parte deste trabalho foi pensada para possibilitar a discussão da importância do desenho urbano na
transformação da cidade. Através de simulações, foram discutidos e questionados os ganhos e perdas da implantação
de condomínios fechados nas antigas áreas industriais. E por fim, através de ensaios de projeto, foram levantadas
algumas questões urbanísticas que devem preceder os projetos arquitetônicos para a área.
Imagem 68: Análise da situação atual da área
Imagem 69: Perspectiva do avanço do setor imobiliário para a implantação de edificações da antiga zona industrial da Mooca
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6.3.SISTEMA DE TRANSPORTE DE ALTA CAPACIDADE: PROJETO DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ NO
BAIRRO DA MOOCA
Autor: Fúlvio Tarifa ToniatoO metrô é um sistema de transporte metropolitano mais rápido e eficiente. A escolha do lugar partiu do
princípio de implantar uma estação em um local que pudesse se beneficiar das transformações que um sistema como
o metrô produz no bairro e seu entorno, além de integrar-se com outros sistemas de transporte existentes como o
trem e o ônibus. A linha d da CPTM divide os bairros da Mooca e Ipiranga. neste local observa-se uma transformação
dos bairros onde muitas indústrias estão abandonadas ou em processo de desativação (como é o caso da companhia
Antarctica de bebidas) e ao mesmo tempo o surgimento de empreendimentos imobiliários residências que tem
produzido uma forte verticalização na parte baixa do bairro da Mooca (tradicionalmente de baixo gabarito e casas
remanescentes do período de forte produção industrial da região).
O partido do projeto buscou criar uma nova conexão modal de transporte integrando-se à malha existente da
CPTM e ao expresso Tiradentes e reconectou os dois bairros, antes separados pela orla ferroviária, através de uma
praça rebaixada que servisse de caminho e de acesso para a nova estação de metrô. Ao mesmo tempo o lugar oferece
uma oportunidade de reorganização dos bairros através da utilização de terrenos e edifícios vazios, propondo uma
nova ocupação que privilegiasse a criação de um bairro de usos mistos. Nele equipamentos públicos como escolas,
hospitais, edifícios multifuncionais como o poupa-tempo, por exemplo, praças, etc se encontrariam próximos de novas
casas e edifícios residências de pequeno porte. A premissa do projeto foi a de que pudesse haver uma integração
modal entre os diversos sistemas (metrô, trem, ônibus) e que fosse pensada para funcionar com equipamentos
complementares como bolsões de estacionamento e bicicletários de forma a oferecer outras possibilidades além
daquela do transporte individual.
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Imagem 70: Corte da proposta de projeto para estação de metrô
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6.4.CENTRO DE ESPORTES E LAZER NA MOOCA-IPIRANGA
Autor: Liliane Callegari da SilvaO projeto localiza-se às margens da linha "d" da CPTM, e se desenvolve a partir de um planto urbano feito pelo
escritório una, em 2006. Esse plano ocupa-se da porção da ferrovia localizada entre as estações Mooca e Ipiranga, e
organiza uma grande área hoje configurada principalmente por antigos galpões industriais, alguns ainda em atividade
produtiva ou logística, e outros sem uso definido. Trata-se de uma enorme porção de tecido urbano desconectada do
restante da cidade, limitada por barreiras físicas consecutivas: a linha férrea, o rio Tamanduateí e a avenida do estado,
que comporta um uso cada vez menos freqüente em áreas relativamente centrais como a Mooca e o Ipiranga: a
atividade industrial.
O plano urbanístico parte da idéia de que a desindustrialização em São Paulo é uma tendência real, que se
tornará ainda mais acelerada quando forem executadas todas as modificações previstas no plano de transportes pitu
2020, como a construção de novas linhas de metrô interligadas com a ferrovia; e a finalização de um grande corredor
de ônibus que liga o extremo sudeste da cidade com a área central, o expresso Tiradentes.
O projeto se articula em três grandes volumes: o conjunto de galpões preservados, que abriga a maior parte do
programa, um edifício-ponte que interliga os dois lados da ferrovia e abarca a circulação de pedestres prevista no
plano urbanístico e um terceiro volume, com programa reduzido, que abriga as quadras cobertas e as piscinas
recreativas. Os três volumes estão quase totalmente voltados para a bela paisagem construída no plano urbano: a
grande raia de águas e o extenso verde linear, pontuado por volumes baixos de galpões preservados e por três
grandes torres verticais.
Imagem 71: Implantação do projeto na área em questão
Imagem 72: Foto da maquete física com a proposta de interligação entre os dois lados da via férrea
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6.5.ESPAÇO MUSICAL DA MOOCA
Autor: Danielly Frascareli
O tema é um Espaço musical, localizado na Mooca ao lado da estação de trem. Tem como programa ter um
acervo de exposição de instrumentos musicais (instrumentos antigos até instrumentos atuais), um espaço de
exposições temporárias de lançamentos de CDs, discos, cantores, um auditório para apresentações de shows, uma
escola de música, café, restaurante, áreas de leituras, oficinas, e uma loja de instrumentos musicais.
O terreno tem aproximadamente 9.000m², contando com o galpão industrial do começo do século 20, que é
tombado como patrimônio histórico, que terá novo uso, sendo a loja de instrumentos musicais, as oficinas, local de
exposições temporárias, e área de leitura, tendo integração com a parte nova do projeto.
Para inicio do projeto, analisei todo o local, e devido a estação de trem, percebi o grande fluxo de pessoas que
passam por esse lugar todos os dias, dessa maneira, fiz um estudo de fluxos, que me ajudou a traçar as áreas livres do
meu projeto, para facilitar o acesso das pessoas a estação de trem, e analisar qual seria o melhor lugar para cada
atividade do espaço.
Imagem 73: Estudos dos fluxos do entorno
Imagem 74: Proposta de programa para os galpões
Imagem 75: Ilustração da perspectiva da proposta
Imagem 76: Corte transversal do projeto, observando a preservação da estrutura de um dos galpões e a demolição dos demais
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6.6.MEMORIAL REURBANIZAÇÃO MOOCA IPIRANGA
O setor Mooca e Ipiranga, cortado pela avenida do estado, poderá ser reestruturado a partir desses enormes
terrenos vagos. Esses vazios permitem uma nova ocupação que aproxima a população de redes infra-estruturais
instaladas. Ao mesmo tempo esses espaços residuais concentram estratos diversos de formação da cidade que
merecem ser preservados. O projeto se coloca em sentido de continuidade com os diferentes fluxos da cidade
existente, propondo um processo de acumulação de vários tempos em um mesmo espaço. Em contraposição a
uma ocupação imobiliária em curso, que segrega e apaga esses vestígios.
Nessa região a presença dessas condicionantes se soma a uma paisagem reveladora da formação urbana
característica de São Paulo. a várzea dos rios Tamanduateí e Ipiranga, configurada com clareza pelos dois morros
laterais, concentrou as primeiras ocupações industriais da região. a permanência dessa morfologia deve ser
preservada. a nova ocupação deve seguir diretrizes que preservem a leitura dessa paisagem.
A intervenção se estabelece a partir do projeto de parque linear ao longo da ferrovia, da construção de uma
nova paisagem onde a água tem papel estruturador, da preservação do patrimônio industrial que perfaz a memória
desse bairro e do adensamento habitacional.O projeto é delimitado pelas estações de trens Mooca e Ipiranga, e o
desenho se define a partir da infra-estrutura: parcelamento de grandes glebas e arruamento condicionados pela
malha existente, espaços públicos de estar e lazer, raia para esportes e drenagem local e regional, conexões entre
estações de trem e metrô, transposições da ferrovia e do rio, e habitação de interesse social.
Imagem 77: Implantação da proposta do parque linear
Imagem 78: Perspectiva da maquete virtual da proposta com as edificações ao longo da ferrovia
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6.7.INTERVENÇÃO NA MOOCA
Autor: Paula Vilela
Fragmentação, desarticulação, terrains vagues, redes e fluxos, são dimensões que passam a compor o território
metropolitano. Dentro dessas mutações e transformações na estrutura urbana, o recorte adotado para a proposta de
TGI surgiu a partir da orla ferroviária, já que esta se apresenta como estruturadora da cidade e como objeto
paradigmático de várias problemáticas citadas acima.
Dentro da estrutura ferroviária, a área de intervenção se encontra no bairro da Mooca, junto à estação CPTM da
Mooca, pátios de manobra da ferrovia e galpões industriais recentemente tombados pelo DPH.
A partir de um território desarticulado e disponível da orla ferroviária, o trabalho de TGI irá se debruçar sobre
estudos possíveis para este espaço, buscando propor novas maneiras de olhar para a metrópole através de um ensaio
sobre suas potencialidades, suas estruturas existentes e suas possíveis novas relações: novos espaços de
acessibilidade, novos espaços públicos e de equipamentos públicos.
Imagem 79: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela– transposição da linha férrea
Imagem 80: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela – propostas de programa com serviços para a área
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7. INTERVENÇÕES PROPOSTAS
7.1.AS DIRETRIZES PROJETUAIS
Ao estudar as referências projetuais relacionadas ao tema e as propostas apresentadas para a área
paralelamente à avaliação das necessidades da área – através da análise das deficiências em infra-estrutura de
serviços e distância do centro do comércio do bairro –, observou-se que todo o conjunto de edifícios da Rua Borges de
Figueiredo apresenta potencialidades de intervenção para suprir as necessidades da região em questão.
Tomaram-se como diretrizes projetuais para o conjunto a elaboração de um novo programa para os espaços
estudados e também o tratamento adequado aos materiais e técnicas construtivas dos edifícios, atentando para a
revitalização e adequação do programa, a fim de que seja compatível aos espaços que receberão a intervenção.
Os programas propostos para cada um desses edifícios são voltados para o setor do comércio e alimentação,
assim como também o de serviços, representados por:
MERCADO
HIPERMERCADO
DISTRIBUIDOR HORTIFRUTIGRANJEIRO
GALERIA DE ALIMENTAÇÃO
GALERIA DE LOJAS
COMPLEXO DOS BANCOS
ESTACIONAMENTOS
ESTAÇÃO DE TREM DA MOOCA
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Croqui 81: Análise da situação atual dos Galpões ao longo da Rua Borges de Figueiredo
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PRANCHA A0 análise
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7.2.REFLEXÕES E ESTUDOS
Croqui 82: Estudos do fluxo de veículos na Rua Borges de Fiqueiredo e na Rua Monsenhor Felippo. Firam marcados os acessos aos Galpões
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Croqui 83: Estudos do fluxo de pedestres das imediações dos galpões. O Fluxo e intenso através do acesso à Estação da Mooca. Porém, este acesso encontra-se muito afastado e apresenta perigo aos seus usuários.
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Croqui 84: Estudos da volumetria e da aplicação dos conceitos de PERMEABILIDADE no patrimônio industrial. O conceito será obtido através de um novo programa para o interior destes Galpões, assim como um novo acesso à estação Mooca
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Croqui 85: Estudos dos novos acessos para os Galpões e também a visibildade que a Estação terá. O usuário que estiver transitando pelo Mercado poderá observar o percurso do trem na linha ferroviária, assim como quem estiver dentro de um vagão tenha a vista privilegiada do
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7.3.O PROGRAMA DE NECESSIDADES DO MERCADO ESTAÇÃO MOOCA
O Novo Programa para os Antigos Galpões industriais foi elaborado com a intenção de promover o acesso livre
do público às edificações, através da permeabilidade do espaço, permitindo a circulação dos usuários e visitantes por
todo o complexo,
O foco deste programa e a adequação da infra-estrutura da Nova estação ferroviária da Mooca em conjunto
com as instalações do Novo Mercado do bairro.
Nova Estação Ferroviária
Para a adequação das novas instalações da estação, foram ampliadas as áreas de serviços e administração, Os
ambientes que esse setor dispõe são: estrutura de bilheteria, área administrativa, área de convivência dos
funcionários, área técnica, área de atendimento ao publico (enfermaria, bicicletário, telefones públicos) e a área de
acesso à plataforma de embarque e desembarque do trem, através das catracas.
O Mercado
O mercado é trabalhado como principal programa, complementando-se à Estação da CPTM (já existente
próxima ao terreno), também incorporada ao conjunto de galpões trabalhados. Ele é proposto com o intuito de
potencializar o fluxo de usuários da estação, incentivando outras atividades de permanência.
Pretende-se incentivar atividades relacionadas a cultura gastronômica, tendo em vista a vocação do bairro, já
tradicionalmente conhecido por suas cantinas e restaurantes de comida italiana. Assim, para compor o complexo do
Mercado, são propostos os seguintes setores/ ambientes:
- Bancas de frutas, verduras, e legumes
São propostas bancas para venda de frutas, verduras, legumes e itens similares, como principal atividade,
tomando como referencia o Mercado de San Miguel (Madri), e o Mercado Municipal de São Paulo, porém numa escala
menor, para atender sobretudo o público local, usuários da estação da Moóca.
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Lanchonetes
Complementando o programa, são previstas lanchonetes pequenas, para atenderem não só os usuários da
estação como também os clientes do mercado. Estas lanchonetes são pensadas assim como “quiosques”, simples de
atendimento rápido, bem como os encontrados nas estações do metro da cidade.
Área de convivência
Pensando em acolher os usuários, a área de convivência funciona como ponto de encontro, descanso e
convívio. Pode ser trabalhada também como extensão das lanchonetes, para suprir a alta demanda nos horários de
maior movimento.
Área de serviços ao público: Lan House e Banca de Jornal
Essas atividades de serviços são propostas como programa complementar, para também aproveitar o intenso
fluxo de usuários diversos.
Café da Fábrica
Pensado como uma atividade de maior permanência o Café da Fábrica se caracteriza como um ponto atrativo,
funcionando de dia e noite. Pretende-se trazer a vida noturna para a estação, como um dos artifícios para trazer
segurança ao local.
Setor de Serviços (Carga e Descarga)
Uma vez que as atividades propostas lidam diretamente com grandes volumes de produtos (legumes, verduras,
frutas e outros itens comercializados), é necessário prever uma doca para carga e descarga desses produtos,
facilitando sua distribuição.
Setor administrativo
É previsto um setor administrativo para coordenar as atividades e serviços exercidos no Mercado.
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7.4.FLUXOGRAMA 3D
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7.5. PROJETO PRELIMINAR
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8. BIBLIOGRAFIA
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BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural. Campinas: Papirus, 2000.
BRANDI , Cesare. Teoria da restauração. Trad. Beatriz M. Kühl. Cotia, Ateliê Editorial, 2004.
CARONE, Edgard. A evolução industrial de São Paulo (1889-1930). São Paulo, Senac, 2001
Carta de Nizhny Tagil sobre o patrimônio industrial, TICCIH, 2003. [online] Disponível em:
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Carta de Veneza, ICOMOS, 1964. [online] Disponível em:
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Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Especulação Imobiliária. São Paulo, COGRP/PMSP, 1978.
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