Post on 11-Mar-2021
MESTRADO
ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
Melhoria Contínua e Responsabilidade
Social nas organizações Uma análise exploratória da divulgação voluntária de informação
Diogo Augusto Rebelo Pereira Marquez
M 2019
FA
CU
LD
AD
E D
E E
CO
NO
MIA
Melhoria Contínua e Responsabilidade Social nas organizações –
Uma análise exploratória da divulgação voluntária de informação
Diogo Augusto Rebelo Pereira Marquez
Dissertação
Mestrado em Economia e Administração de Empresas
Orientado por
Professora Doutora Catarina Judite Morais Delgado
2019
i
Agradecimentos
Terminar este trabalho representa, para mim, o encerramento de um ciclo académico e com
ele quero aproveitar para me dirigir às pessoas que foram importantes durante este período
Começo pela minha orientadora, Professora Doutora Catarina Delgado, sem a qual não
teria tido as condições necessárias para realizar este trabalho. Em particular, quero
agradecer toda a dedicação, todos os ensinamentos e toda a disponibilidade com que me
orientou neste trabalho. Obrigado.
Aos meus colegas de faculdade, amigos que este mestrado me deu. Foram muitas as
disciplinas, as horas, os exames, muitas coisas boas e alguns momentos difíceis. Não
trocaria o vosso companheirismo e amizade por nada. Obrigado.
À Martifer, empresa que me acompanhou nesta etapa da minha vida e que muito
contribuiu para que eu tivesse as condições necessárias para a realizar. Nela, agradecer a
todos os meus companheiros que ao longo de 4 anos me apoiaram naquilo que precisei.
Obrigado.
A todos os meus amigos, sem exceção, que em diferentes períodos me ajudaram nesta
missão. Obrigado.
À minha família, estrutura nuclear de apoio nos meus projectos. Obrigado.
Ao Mike, um exemplo de vida, de força, de sucesso, um amor de irmão. Foram as tuas
vitórias mas principalmente as tuas lutas, que serviram de motivação para que me
mantivesse da mesma forma que comecei, motivado. Obrigado
À Tatiana, a minha companheira! Já é o segundo ciclo de estudos em que me acompanhas,
neste ciclo de vida que partilho contigo. Foste e és fundamental no apoio que me dás e nas
horas que me dedicas, Obrigado!
Ao Pedro, e pouco mais seria necessário dizer. Para poder descrever a importância que tens
na minha vida, nas coisas que faço, teria de escrever outra dissertação. A felicidade que tive
em ver-te terminar o teu ciclo de estudos foi de extrema importância para que pudesse
também terminar o meu. Por tudo o resto, e muito mais, Obrigado!
Ao meu pai, importante pilar na minha vida. Sempre presente e sempre disponível.
Contribuíste nas pequenas coisas que fizeram que eu sentisse que tinha todo o apoio para
completar este desafio que foi realizar este mestrado, Obrigado!
Termino com a pessoa que, sem margem de dúvida, teve o papel mais importante em tudo.
Mãe, a ti te dedico este trabalho. Na vida pessoal, na vida académica, na vida profissional,
em todas as vidas que eu possa ter, foste, és e serás sempre o meu ídolo. OBRIGADO!
Este trabalho contou com o apoio do FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (programa
COMPETE 2020) e da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do projeto POCI-
01-0145-FEDER-031821.
ii
Resumo
Novos paradigmas levam as organizações a adoptar estratégias de diferenciação para
aumentarem a sua vantagem competitiva e gerirem as relações com os seus stakeholders
(clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, credores, Estado, comunidades locais,
activistas, grupos de interesse, etc.). A divulgação voluntária de informação sobre
responsabilidade social, em relatórios de sustentabilidade, relatórios integrados e, mais
recentemente nas suas páginas web e redes sociais, tem sido encarada, a par da divulgação
de informação contabilística e financeira nos relatórios de conta, como um dos mais
importantes instrumentos de comunicação das organizações com os seus stakeholders.
Quanto mais a organização valorizar as práticas de responsabilidade social e, de acordo
com a Teoria dos stakeholders, quanto mais importantes estes forem para as organizações,
mais estas se esforçam para melhorar a sua relação com aqueles e mais investem na
divulgação voluntária de informação sobre as suas iniciativas de responsabilidade social. A
par com a responsabilidade social, as filosofias de melhoria contínua Kaizen/ Lean
thinking, ao promoverem o aumento da eficiência das organizações, a redução de
desperdícios e uma utilização mais eficiente dos recursos são simultaneamente
instrumentos potenciadores da vantagem competitiva e responsabilidade ambiental/ social
das organizações. Por esse motivo, algumas organizações começam a dar os primeiros
passos de divulgação deste tipo de práticas/ iniciativas como forma de melhorar ainda mais
as relações com os seus stakeholders. No entanto, esta é uma temática ainda não explorada
quer na literatura de comunicação empresarial, quer na literatura de melhoria contínua.
Com este estudo, pretende-se contribuir com uma primeira análise exploratória sobre este
tipo de práticas de divulgação voluntária.
Um dos objectivos deste trabalho é analisar a forma com que as organizações, vencedoras
de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen entre os anos 2010 e 2018, encaram a
divulgação da melhoria contínua através do seu website. Outro objectivo deste trabalho é o
de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática da responsabilidade
social que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é normalmente considerada como
um factor não produtivo e que implica custos para a organização. Por fim, pretende-se
comparar de que forma as duas vertentes podem coexistir nas organizações na divulgação
da informação e qual a importância dada a essa divulgação.
Para a realização deste estudo de carácter exploratório foi feita uma recolha de dados
através de uma análise de conteúdo aos websites de 57 organizações onde, com recurso a
uma metodologia qualitativa e quantitativa, procuramos responder aos objectivos
propostos. Através dos nossos resultados podemos concluir que existe uma ligação entre a
divulgação de informação e a dimensão das organizações e, ainda, pudemos observar uma
importante diferença de comportamento na divulgação entre organizações privadas e
públicas.
Palavras-Chave: melhoria contínua; responsabilidade social; divulgação voluntária de
informação
iii
Abstract
New paradigms lead organizations to adopt differentiation strategies to increase their
competitive advantage and manage relationships with their stakeholders (clients,
employees, suppliers, investors, creditors, state, local communities, activists, interest
groups, etc.). The voluntary disclosure of information on social responsibility, sustainability
reports, integrated reports and, more recently, on its web pages and social networks, has
been seen, together with the disclosure of accounting and financial information in the
account reports, as one of the most organizations and their stakeholders. The more the
company values social responsibility practices and, according to stakeholder theory, the
more important they are to organizations, the more they strive to improve their those and
others invest in the voluntary disclosure of information about their social responsibility
initiatives. Along with social responsibility, Kaizen / Lean thinking's philosophy of
continuous improvement, by promoting increased organizational efficiency, waste
reduction, and more efficient use of resources are both tools that enhance the competitive
advantage and environmental / social responsibility of organizations. For this reason, some
organizations are starting to take the first steps of disseminating this type of practices /
initiatives as a way to further improve relations with their stakeholders. However, this is an
issue not yet explored in both the business communication literature and the continuous
improvement literature. With this study, we intend to contribute with a first exploratory
analysis on this type of practices of voluntary disclosure.
One of the objectives of this work is to understand how the organizations, winners of
prizes awarded by the Kaizen Institute between 2010 and 2018, consider disseminating the
Continuous Improvement through its websites. Another objective of this work is to
evaluate the relevance that the same organizations attribute to the theme of Social
Responsibility, which, based on a sustainability perspective, is usually considered as a non-
productive factor and that implies costs for the organizations. Finally, we intend to
compare how the two aspects can coexist in the organizations in the dissemination of
information and how important is this disclosure.
For the accomplishment of this exploratory study it was made a data collection through a
content analysis to the websites of 57 organizations where, using a qualitative and
quantitative methodology, we tried to answer the proposed objectives.
Through our results we can conclude that there is a link between the disclosure of
information and the size of organizations and, also, we could observe an important
difference of behavior in the disclosure between private and public organizations.
Key-Words: continuous improvement; social responsibility; voluntary corporate
information disclosure
iv
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................. 1
1.1. Enquadramento Geral ..................................................................................................... 1
1.2. Motivações e Objetivos ................................................................................................... 2
1.3. Estrutura da Tese ............................................................................................................. 3
2. Revisão de literatura ................................................................................................................. 4
2.1. Filosofia e Ferramentas de Melhoria Contínua ............................................................ 4
Cultura Kaizen .......................................................................................................... 4 2.1.1.
5S’s ............................................................................................................................. 5 2.1.2.
Gestão Visual ............................................................................................................ 6 2.1.3.
Padronização ............................................................................................................. 6 2.1.4.
2.2. Divulgação Voluntária de Informação .......................................................................... 7
Motivos da Divulgação Voluntária de Informação ............................................. 7 2.2.1.
Internet ...................................................................................................................... 9 2.2.2.
2.3. Responsabilidade Social ................................................................................................... 9
Definição ................................................................................................................... 9 2.3.1.
Divulgação da Responsabilidade ......................................................................... 10 2.3.1.
2.4. Melhoria Contínua e Responsabilidade Social ........................................................... 11
3. Metodologia ............................................................................................................................. 12
3.1. Amostra ........................................................................................................................... 12
3.2. Recolha de Dados .......................................................................................................... 14
3.3. Variáveis ........................................................................................................................... 15
Variáveis dependentes ........................................................................................... 15 3.3.1.
Variáveis independentes ........................................................................................ 16 3.3.2.
3.4. Hipóteses de investigação ............................................................................................. 17
4. Resultados e discussão ........................................................................................................... 19
4.1. Análise descritiva dos resultados .................................................................................. 19
Melhoria Contínua ................................................................................................. 19 4.1.1.
Responsabilidade Social ........................................................................................ 21 4.1.2.
Melhoria Contínua e Responsabilidade Social ................................................... 23 4.1.3.
4.2. Testes de hipóteses......................................................................................................... 24
Análise bivariada .................................................................................................... 24 4.2.1.
4.3. Discussão dos resultados............................................................................................... 25
5. Conclusões ............................................................................................................................... 27
v
5.1. Principais conclusões ..................................................................................................... 27
5.2. Principais contribuições ................................................................................................ 29
5.3. Limitações ....................................................................................................................... 29
5.4. Sugestões para estudos futuros .................................................................................... 30
6. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 31
7. Anexos ...................................................................................................................................... 34
ANEXO A – Lista das organizações ....................................................................................... 34
vi
Índice de Figuras
FIGURA 1 – NÚMERO DE ORGANIZAÇÕES POR ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO 13 FIGURA 2 – NÚMERO DE ORGANIZAÇÕES POR ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO E IDADE MÉDIA, MÁXIMA E
MÍNIMA 13 FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO – MELHORIA
CONTÍNUA 19 FIGURA 4 – RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A IDADE – MELHORIA CONTÍNUA 20 FIGURA 5 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO –
MELHORIA CONTÍNUA 20 FIGURA 6 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE – MELHORIA CONTÍNUA
21 FIGURA 7 – RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E O ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO –
RESPONSABILIDADE SOCIAL 21 FIGURA 8 – RELAÇÃO ENTRE A EXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO E A IDADE – RESPONSABILIDADE SOCIAL 22 FIGURA 9 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A
ORGANIZAÇÃO/DIMENSÃO – RESPONSABILIDADE SOCIAL 22 FIGURA 10 RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE –
RESPONSABILIDADE SOCIAL 23 FIGURA 11 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A
ORGANIZAÇÃO /DIMENSÃO – MELHORIA CONTÍNUA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 23 FIGURA 12 – RELAÇÃO ENTRE A PRO DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INFORMAÇÃO E A IDADE –
MELHORIA CONTÍNUA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 24 FIGURA 13 – TESTE QUI-QUADRADO DE PEARSON PARA H1 – TIPO DE ORGANIZAÇÃO 24 FIGURA 14 – TESTE QUI-QUADRADO DE PEARSON PARA H2 – DIMENSÃO DA ORGANIZAÇÃO 24 FIGURA 15 – TESTE MANN-WHITNEY E KRUSKAL-WALLIS PARA H3 – IDADE DA ORGANIZAÇÃO 25
vii
Lista de siglas, abreviaturas e acrónimos
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
IK Instituto Kaizen
MC Melhoria Contínua
PDCA Plan Do Check Act
PDCS Plan Do Check Standardize
PRO Proeminência
RS Responsabilidade Social
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Enquadramento Geral
Numa época marcada pela globalização, em que a distância é por vezes ultrapassada por
um clique e a área geográfica de influência é partilhada com organizações de diferentes
continentes, deparamo-nos com novas formas de olhar o modelo empresarial. Neste
contexto, as organizações são pressionadas a excederem-se e é através da diferenciação que
muitas organizações procuram encontrar uma vantagem para com a sua concorrência. Cada
vez mais, as organizações são forçadas a encontrar mecanismos para atingirem uma elevada
eficiência operacional, bem como, em simultâneo, serem organizações socialmente
responsáveis e cuja imagem seja positiva e resulte numa melhor reputação.
A necessidade do cliente final apresenta-se cada vez mais complexa, pelo que não apenas a
organização tem de cumprir a sua missão de uma forma realmente eficiente como também
de uma forma socialmente aceitável, promovendo desta forma os seus valores sociais e não
apenas os económicos.
É com base neste paradigma que este trabalho exploratório se desenvolve, pelo facto de as
organizações hoje terem a necessidade de serem extremamente produtivas, ou seja, com
um grande enfoque no controlo de custos e, simultaneamente, estarem inseridas numa
realidade onde a opinião pública se apresenta cada vez mais importante e por vezes
tornando-se até limitadora da acção.
Um dos objectivos deste trabalho é analisar a forma com que as organizações, vencedoras
de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen (IK) entre os anos 2010 e 2018, encaram a
divulgação da filosofia de melhoria contínua (MC) através do seu website. As organizações
premiadas pelo IK são organizações que apresentam uma preocupação para com os seus
resultados, justificada pela integração da filosofia kaizen mas também com uma filosofia
lean, onde se procura reduzir o desperdício. Com base nesta ideia, outro objectivo deste
trabalho é o de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática da
responsabilidade social (RS) que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é,
normalmente, considerada com um factor não produtivo e que implica custos para a
organização. Por fim, pretende-se comparar de que forma as duas vertentes podem
coexistir nas organizações uma vez que, por um lado, existe a vertente económico-
2
produtiva baseada em resultados directos e, por outro lado, existe uma vertente mais social,
de preocupação com o ambiente, onde o seu benefício não é directo mas sim indirecto.
Para atingir os objectivos, analisámos qualitativamente o website de 57 organizações, com
diferentes características, examinando em primeiro lugar a existência de divulgação
voluntária de informação e, no caso de existir, qual a proeminência (PRO) da informação
de cada uma das categorias pretendidas.
1.2. Motivações e Objectivos
Durante bastante tempo, era através do relatório e contas que as organizações
comunicavam com os seus stakeholders e, como tal, também uma grande parte dos estudos
realizados tiveram como enfoque a informação disponível nesses mesmos relatórios. Hoje
em dia a relação organização-stakeholder é mais dinâmica, havendo uma maior interação
através do seu website e da informação lá partilhada.
As organizações são levadas a incorporar processos de melhoria contínua como forma de
se tornarem sustentáveis a nível económico-financeiro. Por outro lado, o enfoque que
actualmente se dá à noção de responsabilidade social e sustentabilidade torna as
organizações mais vulneráveis a outros factores além dos directamente conectados com a
parte económica. Noutras áreas tem sido estudado o impacto que essas formas de
investimento não económico trazem para a organizações e de que forma tal impacto é
percepcionado e divulgado.
A presente tese tem como objectivo analisar as práticas de divulgação voluntária de
informação por parte das organizações reconhecidas como tendo um nível de excelência a
nível da melhoria contínua. Um dos objectivos deste trabalho é analisar de que forma as
organizações, vencedoras de prémios atribuídos pelo Instituto Kaizen entre os anos 2010 e
2018, encaram a divulgação da melhoria contínua através do seu website. Outro objectivo
deste trabalho é o de avaliar a relevância que as mesmas organizações atribuem à temática
da responsabilidade social que, assente numa perspectiva de sustentabilidade, é
normalmente considerada como um factor não produtivo e que implica custos para a
organização. Por fim, pretende-se comparar de que forma as duas vertentes podem
coexistir nas organizações na divulgação da informação e qual a importância dada a essa
divulgação.
3
1.3. Estrutura da Tese
A presente tese está organizada em 5 capítulos.
No primeiro capítulo, será apresentado um enquadramento acerca do objecto de estudo,
apontando as motivações e os objectivos pelos quais se irá desenvolver o trabalho.
No segundo capítulo, será feito um levantamento bibliográfico acerca da temática MC, com
enfoque para a metodologia kaizen. Ainda neste capítulo, será estudada a temática da
divulgação voluntária de informação e o papel que a Internet desempenha nesta área. Por
fim, será feito um levantamento bibliográfico acerca da temática da RS bem como a
motivação inerente à sua divulgação voluntária.
No capítulo seguinte, o terceiro, serão abordas questões de método qualitativo para o
estudo exploratório realizado, critérios para a definição da amostra e recolha de dados.
Ainda neste capítulo serão definidas as variáveis em estudo, as hipóteses a testar.
No quarto capítulo, serão apresentados os resultados obtidos da análise estatística realizada
e apresentada a sua análise e discussão.
No quinto e último capítulo, serão apresentadas as conclusões obtidas, suportadas pelas
limitações encontradas, apresentados os seus contributos académicos e empresariais e
dadas sugestões para investigações futuras.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Filosofia e Ferramentas de Melhoria Contínua
Surgida como necessidade e não como opção, a MC, lean thinking, é uma filosofia de
liderança e administração que tem como objectivos a eliminação do desperdício e a criação
de valor (Pinto, 2009).
A criação de valor (Pinto, 2009) e o alcance da excelência (Coimbra, 2013), encontram no
desperdício uma espécie de alvo e, portanto, isso torna o seu combate prioritário (Imai,
1997). O desperdício refere-se a todas as actividades que realizamos e que não acrescentam
valor (Pinto, 2009). Valor é, na concepção de Pinto (2009), mais do que a compensação que
recebemos do dinheiro dado em troca, valor é tudo aquilo que justifica a atenção, o tempo
e o esforço que dedicamos a algo.
O desperdício leva naturalmente a que como resultado final quer os produtos quer os
serviços obtenham um preço final relativamente desfasado do justo valor. Desta forma é
fácil compreender que, quando outrem obtém os mesmos resultados a um custo inferior ou
pelo mesmo custo obtém melhores resultados, iremos certamente ficar fora de mercado. A
vantagem competitiva pode então ser medida pela relação entre o valor que uma
organização cria e aquilo que a mesma pede por isso (Pinto, 2009).
Cultura Kaizen 2.1.1.
Quando abordamos uma metodologia lean está implícita a eliminação do desperdício, com
o intuito de potenciar a rapidez e a flexibilidade dos processos, de forma a produzir os
produtos e/ou fornecer os serviços necessários, quando necessário e na quantidade exigida
(Arcidiacono et al., 2012).
A palavra kaizen tem origem na cultura japonesa e é resultado da associação de dois termo,
kai e zen, que traduzidos individualmente querem dizer mudar e melhor, respectivamente.
Quando se procura implementar uma produção lean, o kaizen torna-se parte central ao
apresentar um conjunto de práticas e estratégias de baixo custo para implementar no local
de trabalho, seja numa linha de produção ou num gabinete administrativo. Dividida num
conjunto de pequenas tarefas que, como um todo, acrescentam valor, esta cultura de MC é
5
traduzida pela máxima "hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje” (Imai,
1997).
Existem porém diversas teorias acerca da temática liderança mas na maioria elas
apresentam duas consideráveis falhas. Por um lado, são desajustadas da realidade, por
outro, não apresentam medidas exactas e concretas para se poderem atingir os esperados
resultados. A metodologia distingue-se das demais existentes por colmatar essas limitações.
Não só definem concretamente as acções necessárias para uma eficaz implementação,
como são totalmente baseados em realidades simples acerca das pessoas, processos e
desperdícios (Lareau, 2002).
O kaizen é um projecto de longo prazo e, como tal, não é algo que se espere implementar
de um dia para o outro, nem cujos resultados se esperem a curto prazo. Porém, quando se
consegue ultrapassar a inércia inicial e a filosofia kaizen fizer parte, os demais stakeholders
acabam por aceitar que devem aprender diariamente a fazê-lo melhor, de uma forma
contínua.
As ferramentas de MC que nos permitem atingir uma gestão lucrativa são as boas práticas
de trabalho representadas suportadas pelos 5S’s, a eliminação de desperdícios e a
padronização.
5S’s 2.1.2.
A filosofia 5S’s nasceu no Japão com as obras The 5 Pillars of the Visual Workplace de
Hiroyuki Hirano (1995) e The 5S’s: The Five Keys to a Total Quality Environment de Taashi
Osada (1991). A ferramenta nasce para organizar as zonas de trabalho e com isso obter
melhorias na produtividade dos colaboradores. Com esta metodologia, espera-se uma
redução de desperdícios, ou seja, toda e qualquer coisa que não acrescente valor ao
trabalho.
A ferramenta é praticamente universal ao poder-se aplicar desde a uma secretária, a um
computador, a um servidor ou até mesmo a um escritório inteiro. A sua implementação é
baseada num conjunto de técnicas que se focam em arrumação e padronização
organizacional que pretende melhorar a rentabilidade, aumentar a eficiência e segurança dos
processos que contribuem para a redução do desperdício de todos os tipos.
6
Gestão Visual 2.1.3.
Todas as situações que não decorram da melhor forma devem tornar-se visíveis. É com
esta ideia que Imai (1997) defende que, para se tomarem as acções correctivas necessárias, é
fundamental que os problemas estejam visíveis.
Existem diferentes formas de apresentar visualmente os problemas e Dennis (2007)
considera importante o recurso a quadros, gráficos ou códigos de cores, permitindo que se
aplique o triângulo de gestão visual onde a organização deve ver, saber e agir como um
grupo. Como ferramentas frequentes da gestão visual temos o uso de imagens, gráficos de
desempenho, classificação por cores (Liff e Posey, 2007).
Padronização 2.1.4.
De acordo com o abordado por Imai (2012), na filosofia kaizen é fulcral estabelecer o ciclo
PDCA/PDCS (Plan Do Check Act/Plan Do Check Standardize) como um meio para
manter e/ou melhorar rotinas, sendo um dos conceitos fundamentais do processo de
melhoria contínua.
O ciclo PDCA/PDCS é descrito, resumidamente, da seguinte forma (Imai 2012):
Plan – “P” do ciclo refere-se a “planear”. Nesta fase definem-se objectivos para
uma área de melhoria e um plano de ação. Verifica-se qual a situação actual e
analisa-se o possível impacto de possíveis ajustamentos no futuro.
Do – O “D” do ciclo refere-se a “fazer”, onde se pretende que o plano seja
executado em condições controladas através da implementação dos processos.
Check – O “C” do ciclo refere-se a “monitorar e avaliar” os processos, bem como
os resultados de acordo com o objectivo e as respectivas especificações.
Act/Standardize – O “A” do ciclo refere-se a “normalizar” o processo ou utilizar a
experiência como base para implementar novas melhorias.
De acordo com o estudo realizado, concluímos que existem ainda variadas ferramentas que
poderão ser utilizadas para suportar o Lean, como por exemplo: Just in Time, Lean Six Sigma,
Total Quality Management, abordagem por sistemas, agile, filas de espera (Daultani et al., 2015).
Adicionalmente, Machado e Leitner (2010) indicam também outras ferramentas de medição
de tempos que poderão ser utilizadas na filosofia kaisen.
7
2.2. Divulgação Voluntária de Informação
A Informação pode ser explicada como sendo o “resultado da agregação e composição
desses dados elementares, realizada de acordo com determinados objectivos. É a
informação que fornece sentido aos dados de forma a obter descrições de acontecimentos,
objectos ou situações” (Santos e Ramos, 2006).
Acerca da divulgação de informação, e em concreto para o trabalho em questão, importa
analisar o conceito de divulgação voluntária-
Num conceito simples e de importante adequação, divulgação voluntária, como o próprio
termo permite antecipar, consiste na divulgação daquilo que excede o que é legalmente
obrigatório. Do ponto de vista empresarial podemos entender como sendo um
instrumento que permite diversificar os motivos de interesse na organização.
Motivos da Divulgação Voluntária de Informação 2.2.1.
Os motivos que explicam a divulgação voluntária de informação das organizações têm sido
estudados ao longo das últimas décadas e por vários autores.
Actualmente tem-se assistido a uma alteração no padrão da divulgação de informação e,
como concluíram Branco e Góis (2013), a crescente preocupação do sector empresarial em
divulgar mais informação do que a legalmente obrigatória é notória pelo facto de, para as
organizações, a divulgação voluntária poder ser vista como um factor diferencial entre as
mesmas.
Os relatórios que anualmente são apresentados pelas organizações são resultado das
expectativas/exigências por parte dos seus stakeholders, no entanto, diferentes autores (Beyer
et al.,2010; Meek et al.,1995; Leuz e Wysocki, 2016) concluem que essa mesma informação
divulgada é afetada quer pelo que é legalmente obrigatório quer pelos benefícios quer ainda
pelos custos associados à mesma.
Um factor implicitamente associado a essa divulgação é o do custo/benefício, ou seja, os
decisores estão mais propensos a divulgarem a informação sempre que o benefício dessa
mesma divulgação supere os seus custos associados como, por exemplo, os custos de
propriedade, pois estes ocorrem quando a informação divulgada é potencialmente negativa
para a organização. Sobre divulgação de informação, no âmbito da propriedade, Verrecchia
8
(2001) defende que tanto a divulgação como a não divulgação de informação terão custos
para a organização, pois é apenas do tipo informativa.
Além do sector onde a organização se insere, estudos realizados (Meek et al., 1995; Branco
e Góis, 2013; Barako et al., 2006; Eng e Mak, 2003) concluem que organizações com maior
dimensão são mais propensas a divulgarem mais informação quando comparadas com
organizações mais pequenas. Esta relação positiva pode ser justificada pelos incentivos que
organizações maiores possuem na divulgação de informação.
De certa forma relacionado com o anterior, Lang e Lundholm (1993) defenderam que
existe uma relação positiva entre a divulgação de informação e o desempenho que as
organizações obtêm em mercados financeiros, ou seja, organizações com presença em
bolsa sentem maior necessidade nessa mesma divulgação.
Outro factor, controverso, para a divulgação de informação, é a rentabilidade de uma
organização. Este factor não reúne um consenso quanto a sua validade, sendo difícil chegar
a uma conclusão quanto à sua importância na divulgação voluntária de informação pois os
resultados são contraditórios. Por um lado, Meek et al. (1995) e Wang et al. (2008)
confirmam que as organizações com os melhores resultados apresentam voluntariamente
mais informação, tendo como principal intuito o de se diferenciarem de outras menos
rentáveis. Ainda, Lang e Lundholm (1993) colocaram a hipótese da existência de uma
maior divulgação em organizações com maior rentabilidade e de maior dimensão. Contudo,
por outro lado, outros estudos (Barako et al., 2006; Branco e Góis, 2013; Rouf e Harun,
2011; Eng e Mak, 2003) não permitiram que uma relação fosse considerada relevante entre
a rentabilidade e a divulgação voluntária de informação.
Gamerschlag et al. (2011) são peremptórios ao afirmar que o motivo pelo qual as
organizações divulgam informação sobre a RS é estritamente económico.
9
Internet 2.2.2.
A Internet tem-se tornado cada vez mais importante para as organizações em termos de
divulgação. Através da Internet é possível realizar uma divulgação para o público em geral e
com isso aumentar a interacção entre a organização e os seus stakeholders. Por consequência,
esta interacção proporciona à organização maior proximidade com os seus stakeholders.
Também Alisson Clark (2000) ao referir-se à relação entre a organização e os stakeholders,
conclui que a Internet é importante para essa comunicação sendo que o sucesso desta
depende da participação dos stakeholders.
A divulgação da informação tem tido uma evolução semelhante à evolução dos meios de
partilha de informação. Desta forma a Internet tem substituído os tradicionais meios de
divulgação ao permitir que os stakeholders tenham acesso a um elevado número de
informações acerca da organização. Mateus (2008) afirma que a Internet se tornou no meio
de divulgação mais utilizado no sentido em que a mesma é realizada de uma forma mais
eficaz e abrangente. Stuart e Jone (2004) vão mais longe afirmando que, com esta evolução,
a Internet tornou-se indispensável ao funcionamento de uma organização.
Já no final dos anos 90, havia estudos que permitiam concluir que a Internet era já muito
utilizada na divulgação voluntária de informação, em particular acerca do tema da
responsabilidade social das organizações (Esrock e Leichty,1998). Ainda esse mesmo
estudo levou os autores a concluírem que existe uma ligação entre a dimensão da
organização e a divulgação sobre esse mesmo tema, a RS.
2.3. Responsabilidade Social
Definição 2.3.1.
A ligação entre a RS e as organizações começou a ganhar forma com o trabalho de Clark,
em 1926, de onde resultou a teoria de que existe uma responsabilidade das organizações
perante a sociedade. Algum trabalho foi desenvolvido nos anos seguintes, até que o assunto
ganhou uma dimensão académica relevante, tendo o trabalho de Bowen (1953) contribuído
para que o tema da RS começasse a ser objecto de estudo académico.
Bowen (1953) acrescenta à teoria de Clark (1926) que a RS é baseada num conjunto de
políticas e decisões a serem tomadas pelas organizações em relação à sociedade da qual
fazem parte; e Eells (1958), mais tarde, vem introduzir o conceito de filantropia no mundo
10
empresarial. Por outro lado, Levitt (1958) conclui que este conceito implica para os
accionistas um impacto negativo em relação aos resultados líquidos da organização,
afectando os lucros gerados pelas mesmas.
McWilliams e Siegel (2001) introduzem uma conotação voluntária na correta definição de
RS por parte das organizações, defendendo que apenas se pode considerar como RS as
políticas que excedem os compromissos legais da organização.
Definições mais recentes de RS aproximam a sociedade da organização, tomando-a
organização como um stakeholder da sociedade. Foi no estudo de Bakker et al. (2005), que
foi reconhecida a importância que a sociedade tem para a organização e o quanto a
percepção que a sociedade tem sobre a organização é importante para o funcionamento da
mesma.
As diferentes definições que foram apresentadas ao longo dos anos reforçam a ideia da
evolução do conceito e a forma como a responsabilidade se foi definindo no contexto
empresarial.
Divulgação da Responsabilidade 2.3.1.
Como se pode entender no ponto anterior, a RS tornou-se em certa medida uma
necessidade das organizações para com a sociedade por forma a serem melhor aceites pela
mesma. Com esta necessidade vem o interesse em divulgar a RS que a organização pratica.
Chaudhri e Wang (2007) analisaram, no seu estudo acerca da comunicação da RS nos
websites, uma centena de organizações indianas de tecnologias de informação e verificaram
que apenas um terço das organizações possuíam informação sobre o tema. Os motivos
encontrados para este número dividem-se: por um lado, são explicados pela falta de
interesse das organizações em abordarem o tema e, por outro lado, decorrem da decisão de
comunicarem a responsabilidade através de outros mecanismos como, por exemplo, os
relatórios anuais.
Quanto às organizações que divulgavam a informação, novamente verificou-se que um
terço das mesmas possuía uma secção própria tendo as restantes a informação difundida
nas secções generalistas do website.
Ainda neste estudo, Chaudhri e Wang (2007) retiram uma conclusão importante acerca da
quantidade de informação divulgada acerca da RS, afirmando que o número de páginas não
é por si só suficiente para definir a importância que a organização dá ao assunto.
11
2.4. Melhoria Contínua e Responsabilidade Social
A relação entre a MC e a RS tem sido abordada por diversos autores com o objectivo de
analisarem a relação entre duas realidades que, numa primeira análise podem ser
consideradas antagónicas. A pressão económica que existe nas organizações, para que se
alcancem os objectivos estabelecidos, levam as organizações a ter uma cultura muito forte
no que concerne ao controlo dos seus custos e despesas, procurando obter uma relação
custo/benefício de curto impacto (Bergman et al., 2007)
A relação entre as duas temáticas por vezes ocorre de forma não planeada em que uma leva
à outra. No estudo de Bergmiller e McWright (2009) foi possível observar que organizações
que implementaram metodologias de MC, tendo sido inclusive premiadas, tornaram-se de
certa forma muito mais sustentáveis do que eram antes.
Sawhney et al. (2007) afirmaram no seu estudo que “é natural que o conceito de melhoria
contínua, noção inerente de valor e o seu foco na eliminação sistemática de desperdício,
encaixem na estratégica geral de sustentabilidade”.
Por seu turno, Savitz e Weber (2007) entendem que as organizações não deviam
concentrar-se apenas na vertente económica do negócio mas considerarem no processo de
decisão a importância dos seus stakeholders.
12
3. METODOLOGIA
Terminada a revisão de literatura, neste capítulo iremos apresentar a metodologia
qualitativa e quantitativa utilizada, suportada pelas opções tomadas.
3.1. Amostra
Para seleccionar a amostra, realizámos uma pesquisa acerca das organizações premiadas
pelo IK, entre os anos 2010 e 2018, nas diferentes categorias existentes. Esta análise
permitiu-nos definir uma amostra inicial com 79 organizações.
Terminada a selecção das organizações, com base no critério apresentado, recorremos à
base de dados SABI, uma base de dados que funciona como uma ferramenta de pesquisa
avançada de dados onde é possível obter diversas informações sobre organizações
portuguesas e espanholas.
Durante os meses de Junho, Julho e Agosto de 2019, procedemos à consulta de informação
das 79 organizações que fazem parte da amostra inicial acerca à informação partilhada
sobre a MC e a RS nos respectivos websites. Depois de efectuarmos a análise de todas as
organizações foi necessário excluirmos as seguintes organizações:
1 organização por não possuírem informação institucional;
2 organizações por não possuírem website;
2 organizações pelo facto de os websites serem vocacionados para a venda
de produtos;
4 organizações por apenas existir website o do grupo a que pertencem;
13 organizações porque não constam na base de dados utilizada;
Desta forma, a nossa amostra reduziu-se para 57 organizações, que se dividem em 51
organizações privadas e 6 organizações públicas. Portanto, as organizações privadas
representam 89,5% da amostra sendo estas ainda divididas de acordo com a sua dimensão
em: grandes organizações e PME’s.
Para distinguirmos entre grandes organizações e PME’s, recorremos aos critérios do
IAPMEI segundo os quais todas as organizações que empreguem menos de 250 pessoas e
13
cujo volume de negócios não ultrapasse os 50 milhões de euros são consideradas como
PME’s (Gomes, 2012).
Figura 1 – Número de organizações por organização/dimensão
Como se pode observar na tabela acima, as grandes organizações e as organizações
públicas, que segundo a definição do IAPMEI são todas grandes organizações,
representam de 96,5%, sendo que dentro desta percentagem a predominância das
organizações privadas é clara.
No tocante à caracterização da amostra importa ainda analisar de que forma as
organizações se distribuem de acordo com a sua idade, sendo que a média total das idades
das organizações da amostra é de aproximadamente 36 anos, tendo a mais recente 5 anos e
a mais antiga 101 anos de existência.
Figura 2 – Número de organizações por organização/dimensão e idade média, máxima e mínima
A figura mostra que as grandes organizações privadas apresentam a maior média de idades,
cerca de 39 anos, e as organizações públicas a mais baixa, na ordem dos 17 anos.
Organização | Dimensão Nº Organizações Percentagem
Organizações Públicas 6 10,5%
Grandes Organizações Privadas 49 86,0%
PME's 2 3,5%
Total 57 100%
Organização | Dimensão Nº Organizações Idade Média Idade Máx. Idade Min.
Organizações Públicas 6 17,33 45 8
Grandes Organizações Privadas 49 39,00 101 5
PME's 2 25,50 41 10
Total 57 36,25 101 5
14
3.2. Recolha de Dados
A técnica de análise de conteúdo foi baseada na classificação da informação divulgada nas
páginas web, em várias categorias de elementos (Correia, 2010), que incluem a temática da
MC, da temática da RS e bem assim a relação entre ambas.
Sendo o estudo realizado um estudo de carácter exploratório, foi necessário aplicar a forma
mais simples da análise de conteúdo (Gomes, 2012). Desta forma, detectou-se a presença
ou ausência de informação acerca da temática da MC, da RS, bem como a relação entre
ambos, tendo-se optado por verificar se, e de que forma, a informação sobre os temas
referidos é divulgada nos websites das organizações analisadas.
O método de recolha de dados utilizado foi concebido com base nos métodos utilizados
nos estudos de Chapple e Moon (2005), Chaudhri e Wang (2007) e Gomes (2012), tendo
sido avaliados os seguintes aspetos:
1. Existência de informação acerca da MC;
2. PRO da informação acerca da MC no website da organização;
3. Existência de informação acerca da RS;
4. PRO da informação acerca da RS no website da organização;
5. Relação entre a MC e a RS;
Acerca da PRO da informação, verificámos onde era partilhada, mais especificamente, se
havia uma secção ou página específica para a informação ou se a mesma era difundida de
forma ligeira. Depois, como no estudo de Gomes (2012), avaliámos a existência de
informação sobre a MC e a RS de cada uma das organizações que constituem amostra
(página/secção dedicada e/ou diversos) como um factor de destaque da informação, isto é,
como um indicador de PRO da comunicação. Considerámos que as organizações que
possuíam uma secção dedicada à MC ou à RS eram aquelas que consideravam importante
divulgar informação dessa natureza.
Para o nosso estudo, a recolha de dados foi realizada através da pesquisa e análise dos
websites das 57 organizações da nossa amostra final. Na nossa amostra, como já referido,
constam as organizações vencedoras dos prémios atribuídos, nas diferentes categorias, pelo
IK, entre os anos de 2010 e 2018.
15
Cada um dos websites foi analisado para podermos verificar a existência ou não de
informação sobre a MC, a RS, bem como na relação entre ambos. Para construir a nossa
análise, atribuímos o valor de 1, quando existia divulgação de informação relativamente a
essa temática, e o valor de 0, quando o website não fornecia qualquer tipo de informação
sobre os aspectos observados. Esta abordagem é própria deste tipo de Análise de
Conteúdos (Haniffa e Cooke; 2005, Gomes, 2012; Suwaidan et al., 2004). Ainda, analisámos
a PRO de informação com relação à existência de uma página, secção e/ou relatório
dedicados às temáticas em questão, sendo atribuído o valor de 0 quando residual, o valor
de 1 quando regular e o valor 2 quando existia uma página/relatório dedicado.
Conforme anteriormente descrito, pelas limitações apresentadas, não nos foi possível
verificar a qualidade da informação mas sim reconhecer se a organização divulgava alguma
informação relevante dentro das categorias da MC e da RS, bem como avaliar a relação
entre ambas (Correia, 2010). Contudo, esta limitação foi considerada aceitável por
Campbell (2000).
3.3. Variáveis
Para realizar o estudo, foram definidos dois tipos de variáveis, as dependentes e as
independentes.
Variáveis dependentes 3.3.1.
1. Existência de informação acerca da Melhoria Contínua
Esta variável refere-se à informação, divulgada voluntariamente, no website da organização.
Como tal, utilizámos o valor 0, quando não encontramos informação, e o valor 1 quando
existia informação.
2. Proeminência da informação acerca da Melhoria Contínua
Através desta variável foi possível avaliar a PRO da informação, considerando que a PRO é
maior quando existe uma página dedicada. Assim, utilizámos o valor de 0 quando a
informação era residual, o valor de 1 quando era regular e o valor 2 quando existia uma
página/relatório dedicado.
3. Existência de informação acerca da Responsabilidade Social
16
À semelhança da variável 1, esta variável refere-se à informação, divulgada voluntariamente,
no website da organização. Deste movo, utilizámos o valor 0, quando não encontramos
informação, e o valor 1 quando existia informação.
4. Proeminência da informação acerca da Responsabilidade Social
Através desta variável foi possível avaliar a PRO da informação, considerando-se que a
PRO é maior quando existe uma página dedicada. Portanto, utilizámos o valor 0 quando a
informação era meramente residual, o valor de 1 quando a informação era regular e o valor
2 quando existia uma página/relatório dedicado.
5. Proeminência da informação acerca da relação entre Melhoria Contínua e
Responsabilidade Social
Por último, esta variável permitiu-nos avaliar a relação entre a informação acerca da MC e
da RS, tendo em conta que a PRO é maior quando existe informação direta acerca da
relação entre as variáveis. Como tal, utilizámos o valor 0 quando a divulgação sobre a
relação era inexistente, o valor 1 quando divulgação era ligeira e o valor 2 quando existia
claramente uma divulgação acerca da relação entre ambas.
Variáveis independentes 3.3.2.
1. Organização – Pública ou Privada
Com esta variável diferenciamos se a organização é pública ou privada.
2. Dimensão
Na variável dimensão das organizações, dividimos as organizações em dois grupos: grandes
organizações, quando o número de colaboradores era maior do que 250 pessoas ou o
volume de facturação era superior a 50 milhões de euros e em PME’s as restantes.
3. Idade
Por último, diferenciamos a amostra através da idade, ou seja, o número aos anos desde a
sua criação até ao ano de 2018. Fruto da variedade dos dados, e como forma de permitir
avançar com a análise, convertemos o número de anos nas seguintes categorias: Grupo 1 -
menos de 10 anos, Grupo 2 - entre 10 e 50 anos e Grupo 3 - mais de 50 anos (Gomes,
2012).
17
3.4. Hipóteses de investigação
Procurando alcançar os objectivos a que nos propusemos no início desta tese iremos
formular um conjunto de hipóteses de estudo.
Uma das variáveis em estudo é o tipo de organização, se pública ou privada, e para essa
variável formulamos as seguintes hipóteses:
H1|a: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a divulgação no website de
informação sobre melhoria contínua;
H1|b: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre melhoria contínua;
H1|c: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a divulgação no website de
informação sobre responsabilidade social;
H1|d: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre responsabilidade social;
H1|e: Existe uma relação entre o Tipo de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade social.
Outra variável em estudo é a dimensão organização, se grande organização ou PME e, para
essa variável, formulamos as seguintes hipóteses:
H2|a: Existe uma relação entre a Dimensão da organização e a divulgação no website de
informação sobre melhoria contínua;
H2|b: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da
divulgação no website de informação sobre melhoria contínua;
H2|c: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a divulgação no website de
informação sobre responsabilidade social;
H2|d: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da
divulgação no website de informação sobre responsabilidade social;
H2|e: Existe uma relação entre a Dimensão de organização e a proeminência da divulgação
no website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade
social.
18
Por fim, analisamos a variável idade com o objectivo de entender de que forma a idade
influência a divulgação no website de informação sobre os temas abordados e para tal
formulamos as seguintes hipóteses:
H3|a: Existe uma relação entre a Idade da organização e a divulgação no website de
informação sobre melhoria contínua;
H3|b: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre melhoria contínua;
H3|c: Existe uma relação entre a Idade de organização e a divulgação no website de
informação sobre responsabilidade social;
H3|d: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre responsabilidade social;
H3|e: Existe uma relação entre a Idade de organização e a proeminência da divulgação no
website de informação sobre a relação entre melhoria contínua e responsabilidade social.
Na análise de hipóteses formuladas iremos recorrer aos testes não paramétricos Qui-
Quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para analisar a relação entre as variáveis em
estudo, procurando entender se existem relações de dependência.
Com base nos resultados obtidos iremos a avaliar a significância da relação entre as
variáveis independentes e as variáveis dependentes.
19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado da aplicação da metodologia apresentada, os dados foram recolhidos
através da análise de conteúdos realizada nos websites das organizações resultantes da
amostra final. Estes resultados demonstram que existe um considerável nível de
informação voluntária divulgada em que, em relação à temática da MC, a percentagem de
organizações analisadas que divulgam informação é de cerca de 84% e, em relação à
temática da RS, o valor aumenta para de cerca de 91%. No que concerne à relação entre as
duas temáticas abordadas, o número de organizações a divulgarem informação é de cerca
de 77%.
Sobre a PRO da informação divulgada, no que respeita a temática da MC, verificamos que
cerca de 79% das organizações divulgam informação em diversos locais ou possuem uma
página/secção dedicada. No caso da temática da RS, praticamente todas as organizações,
cerca de 94%, divulgam informação em diversos locais ou possuem uma página/secção
dedicada.
Por fim, das organizações que divulgam simultaneamente informação sobre ambas
as temáticas, o número de organizações a divulgar a relação entre ambas é de cerca de 91%.
4.1. Análise descritiva dos resultados
Melhoria Contínua 4.1.1.
As tabelas que se seguem analisam a existência ou não de divulgação sobre as temáticas
estudadas, a sua PRO e a relação entre ambas e comparam a relação com as variáveis
independentes.
Sobre a temática da MC resultaram do estudo as seguintes quatro tabelas:
Figura 3 – Relação entre a existência de informação e a organização/dimensão – Melhoria Contínua
Valor 0 Valor 1 Total
Organizações Públicas 0 6 6
Grandes Organizações Privadas 8 41 49
PME's 1 1 2
Total 9 48 57
Existência de informaçãoOrganização | Dimensão
20
Da figura anterior podemos constatar que só no caso das grandes organizações privadas é
que o número de organizações que divulgam informação é maior do que as que não
divulgam e que, simultaneamente, as grandes organizações representam 96% do número
total de organizações que divulgam informação acerca da temática da MC. Nesta análise,
podemos observar todas as organizações públicas divulgam de forma voluntária a
informação.
No que concerne à idade das organizações, é nas organizações do grupo 2, com idades
compreendidas entre os 10 e os 50 anos, inclusive, que se apresenta a menor percentagem de
organizações que divulgam informação, cerca de 70%.
Figura 4 – Relação entre a existência de informação e a idade – Melhoria Contínua
A análise da PRO da informação divulgada foi realizada apenas nas organizações que
divulgam informação, o que neste caso em concreto abrange as 48 organizações que
divulgam a informação.
Figura 5 – Relação entre a PRO da divulgação de informação e a organização /dimensão – Melhoria Contínua
Sobre a PRO da informação divulgada podemos constatar que uma em cada cinco
organizações divulgam informação de forma ligeira. A maior concentração, cerca de 42%,
foi verificada nas grandes organizações que divulgam a informação em diversos locais, sem
Valor 0 Valor 1 Total
Grupo 1 - < 10 anos 0 3 3
Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 8 32 40
Grupo 3 - > 50 anos 1 13 14
Total 9 48 57
IdadeExistência de informação
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Organizações Públicas 0 1 5 6
Grandes Organizações Privadas 10 20 11 41
PME's 0 0 1 1
Total 10 21 17 48
Organização | DimensãoProeminência
21
página dedicada. Das 48 organizações analisadas, apenas 17, cerca de 1/3, divulgam a
informação em página ou secção dedicadas à temática.
Figura 6 – Relação entre a PRO da divulgação de informação e a idade – Melhoria Contínua
É importante referirmos que as organizações que divulgam informação acerca da temática
da MC, na sua maioria, divulgam-na de forma regular. Na relação estudada entre a idade
das organizações e a PRO da divulgação, verifica-se uma concentração em relação às
organizações do grupo 2.
Responsabilidade Social 4.1.2.
Sobre a temática da RS resultaram do estudo as seguintes quatro tabelas:
Figura 7 – Relação entre a existência de informação e o organização /dimensão – Responsabilidade Social
Da figura anterior, à semelhança do resultado da temática da MC, podemos observar que
nenhuma PME divulga informação e que todas as organizações públicas divulgam não
divulgam e que simultaneamente, as grandes organizações privadas representam 88 % das
organizações que divulgam a informação. A única diferença a realçar são as 4 organizações
que não divulgam informação sobre a temática da MC e que divulgam informação sobre
esta temática.
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Grupo 1 - < 10 anos 1 1 1 3
Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 6 15 11 32
Grupo 3 - > 50 anos 3 5 5 13
Total 10 21 17 48
IdadeProeminência
Valor 0 Valor 1 Total
Organizações Públicas 0 6 6
Grandes Organizações Privadas 3 46 49
PME's 2 0 2
Total 5 52 57
Organização | DimensãoExistência de informação
22
Na relação estudada entre a idade das organizações e a PRO da divulgação, as organizações
com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos, e acima de 50 anos, apresentam uma
elevada percentagem de organizações que divulgam informação, ultrapassando os 92%.
Ao analisarmos a variação entre as duas análises, verificamos que existe menos 1
organizações, com idade superior a 50 anos, a divulgar informação sobre este tema e
existem mais 5 organizações, com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos, a
divulgarem informação acerca da RS, quando comparadas com a divulgação da temática da
MC.
Ainda assim, apesar da variação, podemos observar nesta análise que a percentagem de
organizações que divulgam informação também aumenta com a idade.
Figura 8 – Relação entre a existência de informação e a idade – Responsabilidade Social
Como anteriormente, a análise da PRO da informação foi realizada apenas nas
organizações que divulgam informação, o que neste caso em concreto abrange as 52
organizações que divulgam a informação.
Figura 9 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a organização/dimensão –
Responsabilidade Social
Sobre a PRO da informação divulgada, as variações, face à outra temática estudada, são
notórias. Podemos constatar que só duas organizações, apenas 6%, divulgam informação
de forma ligeira, sendo que cerca de 77% das organizações, maioritariamente as grandes
organizações, a divulgam em página dedicada.
Valor 0 Valor 1 Total
Grupo 1 - < 10 anos 1 2 3
Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 3 37 40
Grupo 3 - > 50 anos 1 13 14
Total 5 52 57
IdadeExistência de informação
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Organizações Públicas 0 1 5 6
Grandes Organizações Privadas 3 8 35 46
PME's 0 0 0 0
Total 3 9 40 52
Organização | DimensãoProeminência
23
Figura 10 Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a idade – Responsabilidade Social
Observando a variável idade, no que se refere à PRO da informação divulgada, verifica-se
que existe um compromisso elevado entre a divulgação de informação da temática e que
esta é transversal a todos os grupos de idade.
Melhoria Contínua e Responsabilidade Social 4.1.3.
Sobre a relação entre ambas as temáticas estudadas, resultam do estudo as seguintes duas
tabelas:
Figura 11 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a organização /dimensão –
Melhoria Contínua e a Responsabilidade Social
A análise da PRO da informação foi realizada apenas nas organizações que divulgavam
informação sobre as duas temáticas, o que neste caso em concreto nos restringiu a 44
organizações, cerca e 77% do total da amostra. Nesta análise, observamos que a maioria
das organizações, cerca de 73%, divulga a relação entre as duas temáticas em diversos
locais. Apenas 4 organizações, cerca de 9%, e todas grandes organizações privadas, é que
não fazem qualquer divulgação da relação, apesar de divulgarem as duas temáticas.
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Grupo 1 - < 10 anos 0 0 2 2
Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 2 8 27 37
Grupo 3 - > 50 anos 1 1 11 13
Total 3 9 40 52
IdadeProeminência
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Organizações Públicas 0 6 0 6
Grandes Organizações Privadas 4 26 8 38
PME's 0 0 0 0
Total 4 32 8 44
Organização | DimensãoProeminência
24
Figura 12 – Relação entre a PRO da divulgação de informação de informação e a idade – Melhoria Contínua e a
Responsabilidade Social
No que concerne a relação entre a PRO da divulgação de informação e a idade, o
comportamento das organizações é semelhante ao observado na análise sobre a temática da
MC, ou seja, na sua maioria as organizações divulgam informação em diversos locais.
4.2. Testes de hipóteses
Análise bivariada 4.2.1.
Os dados recolhidos neste trabalho foram sujeitos a análises estatísticas com recurso ao
programa informático IBM SPSS, versão 26. Foram realizadas análises estatísticas, com
recurso a testes não-paramétricos – teste de Qui-Quadrado; teste de Mann-Whitney e
Kruskal-Wallis.
Figura 13 – Teste Qui-quadrado de Pearson para H1 – Tipo de organização
Figura 14 – Teste Qui-quadrado de Pearson para H2 – Dimensão da organização
Valor 0 Valor 1 Valor 2 Total
Grupo 1 - < 10 anos 0 2 0 2
Grupo 2 - ≥ 10 e ≤ 50 anos 4 22 4 30
Grupo 3 - > 50 anos 0 8 4 12
Total 4 32 8 44
IdadeProeminência
H1a H1b H1c H1d H1e
Qui-Quadrado 1,257 7,024 0,645 0,429 2,605
p-value 0,262 0,030 0,422 0,807 0,272
H2a H2b H2c H2d H2e
Qui-Quadrado 1,824 1,862 21,556 NA NA
p-value 0,177 0,394 <0,001 NA NA
25
Figura 15 – Teste Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para H3 – Idade da organização
4.3. Discussão dos resultados
O presente estudo procurou analisar uma amostra de organizações, que se relacionam pela
premiação obtida através da implementação de filosofias de melhoria contínua. Essas
organizações possuem características diversas sendo que este estudo considerou como
variáveis independentes de análise o Tipo, se privada ou pública, a Idade e a Dimensão. A
recolha de dados seguiu um método concebido com base nos métodos utilizados nos
estudos de Chapple e Moon (2005), Chaudhri e Wang (2007) e Gomes (2012), tendo sido
avaliados os aspectos que definem as variáveis dependentes.
Para verificar a existência de relação entre a variável Tipo e as variáveis dependentes
recorreu-se ao teste de Qui-Quadrado, sendo que apenas se verificou existir uma relação
estatisticamente significativa entre Tipo de organização o e a PRO da divulgação no
website de informação sobre melhoria contínua (p = 0.030) conforme Fig.13.
Através do teste de Qui-Quadrado, foi também analisada a relação entre a Dimensão das
organizações e as variáveis dependentes, concluindo-se existir uma relação estatisticamente
significativa entre Dimensão da organização o e a divulgação no website de informação
sobre responsabilidade social (p < 0.001) conforme Fig.14. Não foi possível realizar o teste
para as variáveis 4 e 5 uma vez que na amostra apenas existiam organizações com dimensão
grande e como tal, tornou-se uma amostra constante.
Esta relação estatisticamente significativa entre a Dimensão da organização e a divulgação
voluntária sobre responsabilidade social vai de encontro a autores como Gunardi, et al,
(2016) Lu e Abeysekera (2014) e Van de Burgwal e Vieira (2014) que evidenciam que a
dimensão da organização influência a divulgação de informação de caracter social. Por
outro lado, Dias et al. (2019) no seu estudo sobre a divulgação acerca da responsabilidade
H3a H3b H3c H3d H3e
Mann-Whitney 265 168,5
Kruskall-Wallis 0,248 0,438 5,317
p-value 0,283 0,884 0,277 0,804 0,070
26
social, considerarem que as práticas utilizadas na divulgação da informação não estão
relacionadas com a dimensão sendo que apenas quantidade de informação divulgada está
positivamente relacionada com a dimensão da organização.
Por fim, não foi possível confirmar a relação entre a idade das organizações e a divulgação
e a relação entre a idade das organizações e a proeminência da informação acerca da
melhoria contínua e da responsabilidade social, o que não confirma o estudo feito por
Waluyo (2017). Neste estudo verificou-se que a idade da organização tem um efeito
significativo uma vez que devido à maior duração existe mais experiência na divulgação.
Por outro lado, o resultado do teste está em acordo com os resultados de Gunawan et al.
(2018) que não verifica também uma relação estatisticamente significativa entre a idade da
organização e a divulgação de informação.
27
5. CONCLUSÕES
5.1. Principais conclusões
Novos tempos levam a que o tecido empresarial, público ou privado, seja confrontado com
novos paradigmas. Hoje, a globalização e o aumento da competitividade afectam de forma
directa ou indirecta praticamente todas as organizações. Tornou-se imprescindível ser-se
eficiente e produtivo e, com isso, cada vez mais são as organizações que adoptam filosofias
de MC como parte da cultura organizacional. Foi partindo deste princípio que definimos a
nossa amostra limitando-a às organizações que implementavam de forma objectiva uma
ferramenta de MC, o Kaizen.
Com esta informação, soubemos à partida que a nossa amostra era constituída por
organizações cuja preocupação em evoluir o seu nível de competitividade era real e, como
tal, procurámos entender de que forma essas mesmas organizações divulgavam a
informação de forma voluntária acerca das temáticas da MC e da RS nos seus websites.
Através da selecção da amostra, caracterizada no capítulo da metodologia, foi-nos possível
obter uma amostra de 57 organizações que se dividira em 6 organizações públicas e 51
organizações privadas., em que 49 são grandes organizações e apenas 2 são PME’s. Face a
estes números pode concluir-se que existe um padrão de comportamento no tipo de
organização que é premiada pelo IK: as grandes organizações privadas. Estas são as que
mais se dedicam à implementação da filosofia kaizen bem como à sua divulgação,
representando cerca de 84% das organizações analisadas que divulgam informação sobre a
MC e perto de 88% sobre a RS. Esta conclusão está alinhada com o estudo de Lang e
Lundholm (1993), que colocam a hipótese da existência de uma maior divulgação em
organizações e de maior dimensão, e também com Gamerschlag et al. (2011) que afirmam
que a visibilidade da organização, característica das grandes organizações privadas, tem uma
influência directa na motivação para a divulgação acerca da RS. No caso das organizações
públicas, que também são definidas como grandes organizações, este número atinge os
100% das organizações fazem divulgação voluntária sobre qualquer uma das temáticas.
Este resultado contradiz o estudo de Wang et al. (2008) que afirma que organizações
públicas têm menos dependência externa e como tal, menos incentivos em divulgar
voluntariamente informação para além da legalmente obrigatória. Também Bushman et al.
28
(2004) concluem que as organizações públicas não são, em geral, propensas a divulgar
informação voluntária.
Quando observamos as PME’s, verificamos que apenas uma das organizações divulga
informação. Aqui, entra como factor diferencial a dimensão da organização e consequente
motivação e, sobre isso, o estudo de Gamerschlag et al. (2011) justifica que, quanto menor
for a estrutura de stakeholders, menor será a necessidade de divulgação de informação.
Sunarsih e Nurhikmah (2017) afirmaram no seu trabalho que cada organização ira fazer um
balanço entre o custo e o benefício na divulgação de informação e que portanto não está
relacionado com a dimensão da organização.
Neste estudo em concreto, concluímos que as organizações públicas apresentam um
comportamento semelhante ao das grandes organizações privadas, aparentando dar tanta
ou mais relevância à divulgação da informação. Aliás, como pudemos observar, na
discussão dos resultados foi possível notar uma semelhança padrão de comportamento
entre as organizações públicas e as grandes organizações privadas.
Sobre a PRO da informação, apenas as grandes organizações privadas apresentaram um
comportamento diferente, de acordo com a temática em questão. Detectamos uma
alteração na PRO da divulgação entre a MC e a RS, estando as grandes organizações
privadas mais interessadas em promover um comportamento socialmente mais
responsável.
As organizações de maior visibilidade, possivelmente por uma questão de escrutínio, estão
sujeitas a uma maior pressão do que as organizações de menor visibilidade. Assim, o facto
de estarem sob pressão, conduz essas organizações a apresentarem uma cultura mais
responsável a nível social e consequentemente promover uma divulgação voluntária de
informação mais constante sobre responsabilidade social. Esta conclusão foi também
referenciada em estudos já realizados (Meek et al., 1995; Branco e Góis, 2013; Barako et al.,
2006; Eng e Mak, 2003).
As conclusões apresentadas resultam de um estudo exploratório, que através de uma
metodologia qualitativa e quantitativa, permitiu realizar uma análise de conteúdo dos
websites da amostra definida e que se são concordantes com diversos estudos realizados.
29
5.2. Principais contribuições
Academicamente este trabalho permitiu realizar um primeiro estudo de divulgação
voluntária acerca da melhoria contínua. À semelhança da responsabilidade social também a
melhoria contínua pode servir para as organizações como uma medida de diferenciação.
O tecido empresarial pode verificar a importância da divulgação sobre a melhoria contínua
para com os seus stakeholders dada a ligação que existe entre a melhoria contínua e a
responsabilidade social.
5.3. Limitações
Sobre o estudo apresentado, bem como das conclusões que dele retiramos, devemos ter em
conta algumas limitações
A primeira limitação deste estudo prende-se com a dimensão da amostra. Apesar de se ter
utilizado uma amostra que permitiu a aplicação de técnicas não paramétricas de análise
estatística, com uma amostra de dimensão superior teria sido possível a aplicação de testes
estatísticos multivariados com outro poder de análise.
Inerente à dimensão da amostra, apresenta-se como limitação a dificuldade sentida na
obtenção de informação acerca das organizações que praticam a filosofia da melhoria
contínua. A inexistência de acesso a bases de dados com informação desta natureza, bem
como a dificuldade em obter este tipo de dados a partir de entrevistas ou questionários, é
uma dificuldade recorrente dos estudos de investigação sobre práticas nas organizações.
Neste estudo compete notar como limitação a realização de estudo exploratório em que, a
análise quantitativa da informação fica limitada e como tal, limita a discussão dos
resultados.
Por último, é importante referir que os resultados e conclusões produzidos neste estudo
são baseados exclusivamente na informação divulgada voluntariamente nos websites das
organizações sem que se tenham confrontado as mesmas acerca da sua posição sobre o
objecto de estudo desta tese.
30
5.4. Sugestões para estudos futuros
Sugerimos para futuro que a amostra a utilizar seja alargada a um maior número de
organizações que implementem a metodologia kaizen. Ainda, sugerimos que sejam
realizados casos de estudo para avaliar o impacto percebido sobre a divulgação da melhoria
contínua a par da responsabilidade social.
Sugerimos também a realização de estudo quantitativo alargado a mais stakeholders para
avaliar se existe algum impacto sobre a divulgação a melhoria contínua e a sua percepção.
31
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arcidiacono, G., Calabrese, C. & Yang, K. (2012). Leading processes to lead companies: Lean Six Sigma. Milão: Springer.
Bakker, F. G. A., Groenewegen, P. & Hond, F. (2005). A Bibliometric Analysis of 30 Years of Research and Theory on Corporate Social Responsibility and Corporate Social Performance, Business e Society, 44(3), pp. 283–317.
Barako, D., Hancoock, P. & Izan, H. (2006). Factors Influencing Voluntary Corporate Disclosure by Kenyan Companies, Corporate Governance 14 (2), pp.107-125.
Bergman, L., Hermann, C., Stehr, J., & Sebastian T. (2007). An Environmental Perspective on Lean Production. The 41st CIRP Conference on manufacturing Systems, 2008.
Bergmiller, G., & McWright, P. (2009). Lean Manufacturers’ Transcendence to Green Manufacturing. Proceedings of the Industrial Engineering Research Conference, May 30 – June 3, Miami, FL.
Beyer, A., Cohen, D., Lys, T. & Walther, B. (2010). The financial reporting environment: Review of the recent literature, Journal of Accounting and Economics 50, pp.296-343.
Bowen, H. R. (1953). Social Responsibilities of the Businessman, New York: Harper & Brothers. Branco, L. & Góis, C. (2013). Relato Financeiro – A Importância e os determinantes da
divulgação voluntária. Análise da divulgação voluntária nas empresas em Portugal, Working Paper.
Branco, M. C. & Rodrigues, L. L. (2008). Factors Influencing Social Responsibility Disclosure by Portuguese Companies, Journal of Business Ethics, Vol. 83, pp. 201- 226.
Campbell, D. (2000). Legitimacy theory or managerial reality construction? Corporate social disclosure in Marks and Spencer Plc corporate reports, 1969-1997, Accounting Forum, Vol. 24, Nº. 1, pp. 80-100.
Chapple, W. & Moon, J. (2005). Corporate Social Responsibility (CSR) in Asia: A Seven-Country Study of CSR Web Site Reporting, Business & Society , Vol. 44, Nª 4, pp. 415-441.
Chaudhri, V. & Wang, J. (2007). Communicating Corporate Social Responsibility on the Internet: A Case Study of the Top 100 Information Technology Companies in India, Management Communication Quarterly, Vol. 21, Nº 2, pp. 232-247.
Clark, J. M. (1926). Social Control of Business, University of Chicago Press. Clark, A. (2000). They are talking about you: some thoughts about managing online
commentary affecting corporate reputation, Journal of Communication Management, Vol. 5 N. 3, pp. 262-276.
Coimbra, Euclides A. (2013). Kaizen in Logistics and Supply Chains. McGraw-Hill Professional. Correia, A. (2010). Comunicação sobre Responsabilidade Social nas páginas web das empresas:
EUA vs. Europa, Faculdade de Economia do Porto. Daultani, Y., Chaudhuri, A., & Kumar, S. (2015). A Decade of Lean in Healthcare: Current State
and Future Directions. Dennis, P. (2007). Lean Production Simplified. Productivity Press. Dias, A., Rodrigues, L., Craig, R. and Neves, M. (2019), Corporate social responsibility disclosure
in small and medium-sized entities and large companies, Social Responsibility Journal, Vol. 15 No. 2, pp. 137-154.
Eells, R. (1958). Corporate Giving: Theory and Practice, California Management Eng, L. & Mak, Y. (2003). Corporate governance and voluntary disclosure, Journal of Accounting
and Public Policy 22, pp. 325-345. Esrock, S. L. & Leichty, G. (1998). Social responsibility & corporate web pages: Self-presentation
or agenda setting?, Public Relations Review, 24 (3), pp. 305-319.
32
Gamerschlag, R., Möller, K. & Verbeeten, F. (2011). Determinants of voluntary CSR disclosure: empirical evidence from Germany, Review of Managerial Science, Vol. 5, pp.233-262
Gomes, R. (2012). Comunicação de informação sobre Responsabilidade Social nos websites das empresas portuguesas produtoras de vinho – Uma anáslise exploratória, Faculdade de Economia do Porto.
Gunardi, A., Febrian, E., & Herwany, A. (2016). The implication of firm-specific characteristics on disclosure: the case of Indonesia. International Journal of Monetary Economics and Finance, 9(4), 379–387.
Gunawan, A., Puntoro, H. R., & Pakolo, R. P. (2018). The efect of profitability, company age, and public ownership on corporate social responsability discolosure.Jurnal Akuntansi Trisakti, vol. 5, pp. 291-298
Haniffa, R. M. & Cooke, T. E. (2005). The impact of culture and governance on corporate social reporting, Journal of Accounting and Public Policy, Vol. 24, pp. 391- 430.
Hirano, H., & Talbot, B. (1995). 5 Pillars of the Visual Workplace. Productivity Press. Imai, M. (1997). Gemba Kaizen: A Commonsense, Low-cost Approach to Management. Imai, M. (2012). Gemba Kaizen: A commonsense Approach to a Continuous improvement
Strategy Lang M. & Lundholm R. (1993). Cross-Sectional Determinants of analyst ratings of corporate
disclosures, Journal of Accounting Research 31 (2), pp. 246-271. Lareau, W. (2002). Office Kaizen: Transforming Office Operations Into a Strategic Competitive
Advantage. Amer Society for Qualit. Leuz, C. & Wysocki, P. (2016). The Economics of Disclosure and Financial Reporting Regulation:
Evidence and Suggestions for Future Research, Journal of Accounting Research 54 (2), pp. 525-622.
Levitt, T. (1958). The Dangers of Social Responsibility, Harvard Business Review, Vol. 36, Nº 5, pp. 41-50.
Liff, S., & Posey, P. A. (2007). Seeing Is Believing: How the New Art of Visual Management Can Boost Performance Throughout Your Organization. AMACOM.
Lu, Y., & Abeysekera, I. (2014). Stakeholders’ power, corporate characteristics, and social and environmental disclosure: Evidence from China. Journal of Cleaner Production, 64, 426–436.
Mateus, J. (2008). O governo electrónico, a sua aposta em Portugal e a importância das Tecnologias de Comunicação para a sua estratégia. Revista de Estudos Politécnicos, Vol.6(9), pp. 23-48.
McWilliams, A. & Siegel, D. (2001). Corporate social responsibility: a theory of the firm perspective, Academy of Management Review, Vol. 26, Nº 1, pp. 117-127.
Meek, G., Roberts, C. & Gray S. (1995). Factors influencing Voluntary Annual Report Disclosures by U.S., U.K. and Continental European Multinational Corporations, Journal of International Business Studies, Third Quarter 1995, pp. 555-572.
Machado, V., & Leitner, U. (2010). Lean tools and Lean transformation process in health. International Journal of Management Science and Engineering Management, 5(5): pp. 383–392.
Osada T., (1991). The 5S: Five Keys to a Total Quality Environment, Asian Productivity Organisation, Tokyo.
Pinto, J. P. (2009). Pensamento LEAN, A filosofia das organizações vencedoras. Edited by lda Lidel - edições técnicas. 2ª ed. Vol. Biblioteca Indústria & Serviços: Lidel.
Rouf, A. & Harun, A. (2011). Ownership Structure and Voluntary Disclosure in Annual Reports of Bangladesh, Pakistan Journal of Commerce and Social Sciences 5 (1), pp. 129-139.
Santos, M. & Ramos, I. (2006). Business Intelligence: Tecnologias da Informação na Gestão de Conhecimento. Lisboa: FCA Editora de Informática
33
Savitz, W. A. & Weber, K. (2007). A Empresa Sustentável: O verdadeiro sucesso é o lucro com Responsabilidade Social e Ambiental. Como a Sustentabilidade pode ajudar sua empresa. Rio de Janeiro: Campus.
Sawhney, R., Teparakul, P., Aruna, B., & Li, X. (2007). En-lean: a framework to align lean and green manufacturing in the metal cutting supply chain. Society for Modeling and Simulation International.
Stuart, H. & Jones, C. (2004). Corporate Branding in Marketspace, Corporate Reputation Review, Vol. 7, Nº 1, pp. 84-93.
Sunarsih, U., & Nurhikmah, N. (2017). Determinant of The Corporate Social Responsibility Disclosure. Etikonomi, 16(2), 161–172.
Suwaidan, M. S., Al-Omari, A. M. & Haddad, R. H. (2004). Social responsibility disclosure and corporate characteristics: the case of Jordanian industrial companies, Int. J. Accounting, Auditing and Performance Evaluation, Vol. 1, Nº 4, pp. 432-447.
Van de Burgwal, D., & Vieira, R. J. O. (2014). Environmental disclosure determinants in Dutch listed companies. Revista Contabilidade & Finanças - USP, 25(64), 60–78.
Verrecchia, R. (2001). Essays on disclosure, Journal of Accounting & Economics 32, 97-180. Waluyo, W. (2017). Firm size, firm age, and firm growth on corporate social responsibility in
Indonesia: The case of real estate companies. European Research Studies Journal, 20(4), 360–369.
Wang, K., Sewon, O. & Claiborne, C. (2008). Determinants and consequences of voluntary disclosure in an emerging market: Evidence from China, Journal of International Accounting, Auditing and Taxation 17, pp. 14-30.
34
7. ANEXOS
ANEXO A – Lista das organizações
ID Organização Website
1 ADEGA COOPERATIVA DE BORBA, C.R.L. www.adegaborba.pt
2 AMORIM - REVESTIMENTOS, S.A. www.wicanders.com
3 AMORIM & IRMÃOS, S.A. www.amorimcork.com
4 AMORIM CORK COMPOSITES, S.A. www.amorimcorkcomposites.com
5ANTÓNIO DE ALMEIDA & FILHOS - TÊXTEIS,
S.A.Excluída - website do grupo
6ARVAL SERVICE LEASE - ALUGUER E GESTÃO
AUTOMÓVEL, S.A.www.arval.pt
7 AVELEDA, S.A. www.aveleda.pt
8 BANCO BNP PARIBAS PERSONAL FINANCE, S.A. www.cetelem.pt
9 BOSCH CAR MULTIMÉDIA PORTUGAL, S.A. www.bosch.pt
10BOSCH SECURITY SYSTEMS - SISTEMAS DE
SEGURANÇA, S.A.www.boschsecurity.com
11 BOSCH TERMOTECNOLOGIA, S.A. www.junkers.pt/
12 CAETANO AUTO, S.A. www.caetanoauto.pt
13 CÂMARA MUNICIPAL DE ÁGUEDA Excluída - Excluída SABI
14 CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO Excluída - Excluída SABI
15 CELULOSE BEIRA INDUSTRIAL (CELBI), S.A. www.celbi.pt
16 CENTRO HOSPITALAR COVA DA BEIRA, E.P.E. Excluída - Excluída SABI
17 CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, E.P.E. www.chsj.pt
18 CENTRO HOSPITALAR DO PORTO, E.P.E. www.chporto.pt
19 CEREALIS - PRODUTOS ALIMENTARES, S.A. www.cerealis.pt
20CIN - CORPORAÇÃO INDUSTRIAL DO NORTE,
S.A.www.cin.com
21 COLEP PORTUGAL, S.A. Excluída - website do grupo
22 CONCEITO - CONSULTORIA DE GESTÃO, S.A. www.conceito.pt
23 COPO TÊXTIL PORTUGAL, S.A. www.grupocopo.com
24 EDP - ENERGIAS DE PORTUGAL, S.A. www.edp.pt
25 EDP - SOLUÇÕES COMERCIAIS, S.A. Excluída - Excluída SABI
26 EFACEC ELECTRIC MOBILITY, S.A. www.electricmobility.efacec.com
27ESCALA BRAGA - SOCIEDADE GESTORA DO
ESTABELECIMENTO, S.A.www.hospitaldebraga.com.pt
28 ESPÍRITP SANTO INFORMÁTICA Excluída - Excluída SABI
29 EUROPASTRY PORTUGAL, S.A. www.europastry.com
30FACULDADE DE ENGENHARIA DA
UNIVERSIDADE DO PORTOExcluída - Sem informação Institucional
31 FARFETCH PORTUGAL, UNIPESSOAL, LDA Excluída - Venda de produtos
32 FARMÁCIA LOBOS MAR, UNIPESSOAL, LDA Excluída - Sem website
33
FNAC PORTUGAL - ACTIVIDADES CULTURAIS E
DISTRIBUIÇÃO DE LIVROS, DISCOS
MULTIMÉDIA E PRODUTOS TÉCNICOS, LDA
Excluída - Venda de produtos
34 GALP ENERGIA, SGPS, S.A. www.galpenergia.com
35 GENERIS - FARMACÊUTICA, S.A. www.generis.pt
36GEWISS PORTUGAL - INDÚSTRIA DE MATERIAL
ELÉCTRICO, UNIPESSOAL, LDAwww.gewiss.com
37 GUERIN - RENT-A-CAR (DOIS), LDA www.guerin.pt
38HILTI (PORTUGAL) - PRODUTOS E SERVIÇOS,
LDAwww.hilti.pt
35
ID Organização Website
39HOSPITAL DA SENHORA DA OLIVEIRA
GUIMARÃES, E.P.E.www.hospitaldeguimaraes.min-saude.pt
40 INEM Excluída - Excluída SABI
41INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DO
PORTO FRANCISCO GENTIL, E.P.E.www.ipoporto.min-saude.pt
42 IRMÃOS VILA NOVA, S.A. www.salsajeans.com/pt/
43ITAU - INSTITUTO TÉCNICO DE ALIMENTAÇÃO
HUMANA, S.A.www.itau.pt
44 J.ANTÓNIO DA SILVA, LDA www.jasil.com
45 JOSÉ DE MELLO SAÚDE, S.A. www.josedemellosaude.pt/
46LIPOR - SERVIÇO INTERMUNICIPALIZADO DE
GESTÃO DE RESÍDUOS DO GRANDE PORTOwww.lipor.pt
47LOW COST FOOD CONCEPTS, RESTAURANTES,
LDAwww.100maneiras.com
48 LUÍS SIMÕES - LOGÍSTICA INTEGRADA, S.A. www.luis-simoes.pt
49 LUSÍADAS - PARCERIAS CASCAIS, S.A. www.lusiadas.pt/en/Pages/hospitaldecascais
50 MEDLOG - LOGÍSTICA FARMACÊUTICA, S.A. www.medlog.pt
51 MODELO CONTINENTE HIPERMERCADOS, S.A. Excluída - website do grupo
52 NOS COMUNICAÇÕES, S.A. Excluída - Excluída SABI
53NOVAQUI - EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIO DE
CONFORTO, S.A.Excluída - Sem website
54 NOVO BANCO, S.A. www.novobanco.pt/site/
55OGMA - INDÚSTRIA AERONÁUTICA DE
PORTUGAL, S.A.www.ogma.pt
56 OLBO & MEHLER TEX PORTUGAL, LDA www.olbo-mehler.com
57 OLI - SISTEMAS SANITÁRIOS, S.A. www.oli-world.com
58 PHARMACONTINENTE - SAÚDE E HIGIENE, S.A. www.continente.pt/stores/wells
59 PORCELANAS DA COSTA VERDE, S.A. www.costa-verde.com
60REFRIGERAÇÃO E ESTRUTURAS METÁLICAS
D'ALAGOA, S.A.www.mercatus.pt
61 SAKTHI PORTUGAL SP 21, S.A. www.sakthiportugal.pt
62 SALGADO & NETO - TÊXTEIS, S.A. www.salgado-neto.pt
63SERVIÇO REGIONAL PROTEÇÃO CIVIL
BOMBEIROS AÇORESExcluída - Excluída SABI
64 SIMOLDES - PLÁSTICOS, S.A. www.simoldes.com/plastics
65 SONAE - SGPS, S.A. www.sonae.pt
66 SONAE ARAUCO PORTUGAL, S.A. www.sonaearauco.com
67 SONAE INDÚSTRIA, SGPS, S.A. www.sonaeindustria.com
68 SONAESR - SERVIÇOS E LOGÍSTICA, S.A. Excluída - Excluída SABI
69 UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR DE VALONGO Excluída - Excluída SABI
70UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE MATOSINHOS,
E.P.E.www.ulsm.pt
71UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALTO MINHO,
E.P.E.www.ulsam.min-saude.pt
72 UNIDADE SAÚDE FAMILIAR RIBEIRO SANCHES Excluída - Excluída SABI
73 Ubilabs Excluída - Excluída SABI
36
ID Organização Website
74 USF Terras de Santa Maria Excluída - Excluída SABI
75 VIA VERDE CONTACT, S.A. Excluída - website do grupo
76VIEIRA DE CASTRO - PRODUTOS
ALIMENTARES, S.A.www.vieiradecastro.pt
77 VOLKSWAGEN AUTOEUROPA, LDA www.volkswagenautoeuropa.pt
78 WORTEN - EQUIPAMENTOS PARA O LAR, S.A. www.worten.pt
79YKK PORTUGAL - ACESSÓRIOS PARA
VESTUÁRIO, LDAwww.ykk.pt