Mediunidade doença mental ou oportunidade!

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Palestra proferida por Leonardo Pereira no Grupo Espírita Lamartine Palhano Jr em Vitória no ES.

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Mediunidade: doença mental ou oportunidade?

Leonardo Pereira – leonardo@gelpalhano.org

1 - Histórico.2 – Conceito histórico da loucura3 – Conceito de mediunidade.4 – Transe e mediunidade5 – a psiquiatria e a mediunidade.6 – Allan Kardec e o Livro dos médiuns.7 – Estudos Espíritas.8 – Conclusão.

•Conceito de Loucura na Antiguidade

Prof Isaías Pessoti

“ A Loucura e as Épocas”.

A Antiguidade grega tem em Homero, autor de as Ilíadas,a primeira conceituação de loucura. A época de Homero ede Hesíodo tem a loucura como consequente à ação dosdeuses, que a usavam como recurso para que os seusdesejos não fossem contrastados pelos desejos doshomens.O homem não é soberano sobre si mesmo, têm os deusespoderes para interferirem como queiram na vida dosmortais. A loucura é de origem externa ao homem, é oroubo da razão pelos deuses, que determinam a vida dohomem.

Prof Isaías Pessoti

“ A Loucura e as Épocas”.

Eurípedes aponta a origem da loucura como decorrente de conflitos internos, o homem não

seria conduzido fatalmente à loucura, senão por uma parcela de responsabilidade. Porém,

cabe aos deuses roubar a razão.

Prof Isaías Pessoti

“ A Loucura e as Épocas”.

Hipócrates vê o homem como um ser em equilíbrio orgânico. Qualquer desarranjo nesse desequilíbrio, provoca a doença e a loucura. A

causa da loucura é a ruptura do equilíbrio orgânico, uma visão aparentemente

organicista, não fosse a anátomo-fisiologia de Hipócrates calcada em bases metafísicas.

Prof Isaías Pessoti

“ A Loucura e as Épocas”.

Quem profundamente marcou o conceito médico de loucura foi Galeno. Ele restaurou

a vida psíquica do homem, trazendo o conceito de pneuma psychicon, a sede da

vida mental.

Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)

Prof Isaías Pessoti

“ A Loucura e as Épocas”.

A Antiguidade Clássica apresentou, enfim, três perspectivas de loucura:

Numa ela aparece como obra da intervenção dos deuses,

noutra afigura-se como um produto dos conflitos passionais do homem, mesmo que permitidos ou

impostos pelos deuses; numa terceira, a loucura afigura-se como efeito de disfunções somáticas, causadas eventualmente, e sempre de forma mediata, por eventos afetivos.

Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)

•A Doutrina Demonista

• A ideia medieval da intervenção diabólica como causa da loucura, e de outros distúrbios do homem, não deve ser entendida como algo

que surgiu naquele momento, de modo circunstancial.

• (...) vem dos primórdios do cristianismo e surgiu como consequência da doutrina

desenvolvida a partir dos Padres Apostólicos até Agostinho de Hipona.

•A doutrina que se caracterizou como sendo a doutrina de Cristo, tem em sua concepção teológica, a figura do satanás, no sentido nítido de opositor, como sendo a figura do outro. Os pagãos e tudo que a eles se relaciona passam a ser demônios.Agostinho afirma que o mal não existência própria; Deus permite a existência do demônio para tornar possível o aperfeiçoamento do homem pela busca de Deus.Tomás de Aquino faz da Escolástica referência da doutrina demonista, que vê o demônio como conhecedor das coisas e dos homens, habita o éter e age com a permissão de Deus.

• O mundo se povoou de demônios e, talvez, possamos resumir o que representou essa

época de obscurantismo para a psicopatologia compreendendo que, para a doutrina

demonista, não se afirma “ possesso, portanto louco; mas, louco, portanto possesso.”

• “… falar línguas desconhecidas ou entendê-las quando faladas por outros; descobrir e revelar fatos ocultos, esquecidos, futuros,

secretos, pecados e pensamentos dos presentes; discutir assuntos elevados e

sublimes quando se é ignorante; falar com elegância e doutamente quando se é

ignorante; sentir-se impulsionado por uma persuasão interior a lançar-se num precipício

ou ao suicídio; tornar-se inesperadamente tolo, cego, coxo, surdo, mudo, lunático,

paralítico.”

Enfoque Médico da

loucura

No século XVII a psicopatologia tem forte inspiração da doutrina platônica e do

galenismo¹. Mesmo assim, o conceito de possessão ainda é admitido como causa da loucura. Mas a loucura passa a ser encarada como fenômeno natural e da alçada médica.

No século seguinte, Cullen² afasta-se do galenismo e classifica a loucura como

desarranjo das faculdades intelectuais. Não afasta a possibilidade, ainda que remota, da

intervenção demoníaca. Arnold³ reforça que o substrato da loucura é alteração das faculdades

mentais, não necessariamente das funções cerebrais.

A Loucura Segundo a

Psiquiatria do Século XIX

• Pinel. liberta os loucos das amarras por entender que a loucura é fruto da imoralidade, entendida como os excessos e paixões de toda a ordem..Pinel admite a loucura como lesão das faculdades mentais, de ordem orgânica ou moral. Por isso, propõe um tratamento moral da loucura, indicando a função de um diretor espiritual e ação notadamente repressora sobre os pacientes, que chamaria de reeducação moral.

• Esquirol, discípulo de Pinel, esforça-se em buscar uma correlação orgânica com as diferentes formas da loucura, mas admite que existe loucura sem que se detecte qualquer lesão cerebral. Mas toda causa moral tem sua ação obrigatoriamente sobre o encéfalo.

• Perchappe, que teve o mérito de um estudo epidemiológico da loucura,

afasta do estudo da loucura qualquer especulação filosófica.

Cotard antecipa o enfoque psicodinâmico, mas trata de afastar a

metafísica, principalmente a especulação sobre os corpos do homem. Desenvolve uma teoria psicopatológica de repressão

do desejo, agindo sobre a mente, mas recusando-se a estudar a alma e o

espírito.

Angélica A. Silva de Almeida1,2, Ana Maria G. R. Oda3, Paulo Dalgalarrondo4

1 Mestre e doutora pelo Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).2 Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

3 Pesquisadora e professora colaboradora do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria daFaculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

4 Professor Titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria daFaculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

• O olhar dos psiquiatras brasileiros sobre os

fenômenos de transe e possessão.

ResumoContexto: Os fenômenos de transe e possessão despertaram o interesse da comunidade psiquiátrica brasileira, gerando posturas diversificadas. Objetivos: Descrever e analisar como os fenômenos de transe e possessão foram tratados pelos psiquiatras brasileiros: seu impacto na teoria, na pesquisa e na prática clínica entre 1900 e 1950. Método: Análise de artigos científicos e leigos, teses e livros sobre transes e possessões produzidos pelos psiquiatras brasileiros entre 1900 e 1950.

Resultados:

Identificam-se duas correntes de pensamento entre os psiquiatras. A primeira, vinculada às

Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e São Paulo, sob forte influência de autores

franceses, deteve-se mais na periculosidade do espiritismo para a saúde mental. Defendia a adoção de medidas repressivas com o poder

público.

O segundo grupo de psiquiatras, ligado às Faculdades de Medicina da Bahia e Pernambuco, embora não

desconsiderasse o caráter patológico ou “primitivo” dos fenômenos de transe e possessão, apresentou

uma visão mais antropológica e culturalista. Considerando tais fenômenos como manifestações étnicas ou culturais, alguns defenderam o controle

médico e a educação do povo para o abandono dessas práticas “primitivas”. Outros não

consideravam os fenômenos mediúnicos como desencadeadores da loucura, mas manifestações

não-patológicas de um universo cultural, além de não vinculá-los ao atraso cultural da população.

Conclusões:

As religiões mediúnicas foram objeto de estudo por longo período, resultando hipóteses e práticas

diferenciadas por parte da comunidade psiquiátrica brasileira, constituindo-se oportunidade privilegiada para o estudo do impacto dos fatores socioculturais

na atividade psiquiátrica.

• Ronald Laing, psiquiatra inglês, afirma que “os místicos e os

esquizofrênicos encontram-se no mesmo oceano; enquanto os

místicos nadam, os esquizofrênicos se afogam.”

Conceito de mediunidade

• Segundo o espiritismo, a mediunidade é a faculdade natural que permite ao homem

comunicar-se com os espíritos. Manifestando-se de forma mais ou menos ostensiva em cada indivíduo, usualmente apenas aqueles que a possuem num grau

mais elevado são chamados médiuns.

Transe e Mediunidade

30Transe e Mediunidade

Transe - Estado de inconsciência ou

semiconsciência em que se verificam diversos

fenômenos psíquicos oumediúnicos. (1)

1) Portal do Espírito – Vocabulário Espírita, letra “T

31Transe e Mediunidade

Allan Kardec perguntou aos espíritos se osmédiuns, na hora das manifestações,permaneciam num estado especial. Os espíritosresponderam que estavam numa espécie de"crise“ (1). Hoje se sabe que o que se chama"transe" é um estado alterado da consciência,onde há dissociação psíquica.

1) Livro dos Espíritos – Q. n°

32Transe e Mediunidade

Dissociação Psíquica –

emancipação mais ou menos

intensa, dos circuitos neurais

que mantêm o estado de

consciência considerado

normal.

“ Há um estado especial, entre a

vigília e o sono, que de alguma

sorte abre as portas da

subconsciência; o transe” (Jayme

Cerviño – Além do Inconsciente, pág. 17)

33Transe e Mediunidade

Estado de Baixa Tensão

Psíquica – queda da tensão

mental, estado de

passividade psíquica, de

quietude, é uma espécie de

porta para o afloramento do

inconsciente, a porção

psíquica bloqueada pelo

corpo somático. (Jayme Cerviño – Além do Inconsciente, pág. 17)

34Transe e Mediunidade

Alta Tensão Psíquica –

quando se utiliza muito o

raciocínio o intelecto, com

todo o sistema mental

ativado para a elaboração

de pensamentos. Não há

lugar para percepções

extras.

35

GRAU DO TRANSE MEDIÚNICO

A psiquiatria e a mediunidade

Dr. Sérgio Felipe de Oliveira

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos

anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não

era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma,

do espírito.

No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Fisiológico, psicológico e espiritual.

• Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina

como possessão e estado_de_transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o

diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e

possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio ambiente, fazendo a

distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são

patológicos, provocados por doença.Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

• Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

• Leopoldo Balduino, no livro “Psiquiatria e Mediunismo”,

fala a respeito das manifestações psicopatológicas que, segundo pensamos, podem ser causadas ou

intensificadas pela patologia da obsessão.

• .

(p.65) O autor espiritual André Luiz confirma essa continuidade de corpo-mente em níveis bioquímicos ao afirmar que “nos traumas cerebrais da cólera, do colapso nervoso, da epilepsia e da esquizofrenia,

como tantas outras condições anômalas da personalidade, vamos encontrar essas mesmas fermentações no campo das células, mas em caráter de energias degeneradas, que correspondem às

turvações mentais que as provocam”.

Roberto Lúcio Vieira de SouzaMédico Psiquiatra

Vice-Presidente da AME-BrasilDiretor Clínico do Hospital Espírita André Luiz (BH)

Psiquiatra e Psicoterapeuta do Instituto de Assistência Psíquica Renascimento (BH)

No processo reencarnatório, o corpo físicofunciona como mata-borrão, expressando asdeficiências morais na forma das patologiasconhecidas pela medicina tradicional, sendo queas suas manifestações nos órgãos mais nobresidentificam maior comprometimento moral doespírito.

Podemos, então, concluir que as doenças do sistema nervoso e da esfera do psiquismo são as de maior

severidade, sendo que os seus portadores são espíritos com reiteradas atitudes no mal, em diversas

encarnações.Como a doença é primariamente moral e isto se

expressa por pensamentos e atitudes infelizes, a sua presença faz com que se abra um campo de sintonia

para outras entidades e situações energéticas, surgindo assim o processo obsessivo.

Inácio Ferreira de Oliveira (Uberaba, 15 de abril de 1904 — idem, 27 de setembro de 1988) foi

um médico psiquiatra espírita brasileiro.

Ainda encarnado, Inácio publicou dois livros de Psiquiatria à luz do Espiritismo:

Novos Rumos à Medicina (2 volumes);Psiquiatria em Face da Reencarnação

A dificuldade em diferenciar as vivências mediúnicas dos sintomas psiquiátricos, foi também apontada

pelo físico Fritjof Capra:

Capra, Frijof. O Ponto de Mutação. Jornadas para além do espaço e do tempo. Ed. Cultrix. São Paulo: 1982.

• Na prática psiquiátrica atual, muitas pessoas são diagnosticadas como psicóticas não com base em seu comportamento, mas com base

no conteúdo de suas experiências. Essas experiências são, caracteristicamente, de

natureza transpessoal e estão em flagrante contradição com todo o senso comum e com

a clássica visão de mundo ocidental. Entretanto, muitas delas são bem conhecidas

dos místicos, ocorrem frequentemente na meditação profunda e também podem ser

induzidas facilmente por vários outros métodos.

• A nova definição do que é normal e do que é pa-tológico não se baseia no conteúdo ou na natureza das experiências de uma pessoa, mas no modo como são

por ela manipuladas e no grau em que a pessoa é capaz de integrar em sua vida essas experiências

incomuns. Pesquisas realizadas por psicólogos humanistas e transpessoais mostraram que

a ocorrência espontânea de experiências incomuns da realidade é muito mais freqüente do que a psiquiatria

convencional suspeita. A integração harmoniosa dessas experiências é, portanto, crucial para a saúde mental, e o apoio compreensivo e a assistência nesse processo,

baseados num entendimento do espectro total da consciência humana, são de importância vital no tratamento de muitas formas de doença mental.

Allan Kardec e o Livro dos Médiuns

221. 1ª Será a faculdade mediúnica indício de um estado patológico qualquer, ou de um estado

simplesmente anômalo?

Anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médiuns de saúde robusta; os doentes o são por outras causas.”

5ª Poderia a mediunidade produzir a loucura?

“Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja predisposição para isso, em

virtude de fraqueza cerebral.

A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os pontos de

vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial.”

•Estudos Espíritas

À época da Codificação, o conceito de loucura elaborada por Esquirol encontrava enorme

repercussão. A busca de um substrato cerebral como causa da loucura, em uma época marcada

pelas mesas girantes, faz justificar a mediunidade como fruto da alucinação.

A negação do princípio espiritual, ou a afirmação de uma alma apenas metafísica, faz ver como

produto de uma mente excitada os fenômenos visuais da mediunidade. A teoria alucinatória tenta

enquadrar a mediunidade na psicopatologia, nos quadros de exaltação delirante.

• O Espírito se exprime, o que o perispíritomanifesta como pensamento. Quandoencarnado, encontra no cérebro físico apenasum instrumento. Se esse instrumento encontra-se lesado, não exprimirá o pensamento vindodo perispírito.

• Mas se o cérebro encontra-se alterado apenasfuncionalmente, sem lesão alguma, é porque ogerador do pensamento o faz de mododefeituoso. Qual a causa da alteração dopensamento, em nível anterior ao cérebro, ouseja, no campo do corpo espiritual?

• O próprio corpo espiritual pode achar-se alteradotransitoriamente, devido a sentimentos diversos,cuja gênese está no remorso, gerado porsentimento de culpa. Pode, também, estar sob ainfluência nociva de outra mente espiritual,interferindo diretamente sobre suas funções, nocaso, obsessão espiritual.

• Nos casos onde há o que chamei de alteraçãotransitória do perispírito, transitória no sentido deque não é eterno, ocorre o que conhecemos porprocessos auto obsessivos. Nesses fenômenos, nãohá a interferência direta de entidades estranhas nagêneses da psicopatologia de nível espiritual.

• O livro “Os Mensageiros”, de André Luiz, traz o caso de Paulo, internado em Posto de Assistência, ligada a Nosso Lar. Esse Espírito, recolhido em estado de profunda alienação, apresentava psicosfera repleta das imagens por ele geradas, quando foi acometido pelo remorso por suas ações nefandas. André Luiz ausculta todos os conflitos que o paciente vivencia, as imagens das pessoas por ele lesadas, as consequências de seus atos. Paulo, esse o nome do Espírito adoentado, experimentava fenômeno autoobsessivo, já no plano espiritual.

• Transmite ao cérebro essa realidade, gerando circuitos cerebrais que aniquilam a polivalência das ideias. Tais são os processos depressivos graves, sem resposta terapêutica, por que o cérebro apenas transmite os fenômenos do Espírito adoentado.No caso em questão, Anderson buscava sofregamente o refúgio de seu castelo celular para não enfrentar a própria consciência que acusava, agravado pela presença de cobradores espirituais. Quando o processo se dá pela interferência obsessiva, geralmente o Espírito interferente logra atingir seus resultados pela sintonia que faz com sua vítima.

• Em “Loucura e Obsessão”, Manoel Philomeno traz-nos o caso de Anderson, que

estava sendo tratado no terreiro de Umbanda, dirigido espiritualmente por Emerenciana.

Anderson se enquadrava no diagnóstico médico de autismo, tal seu estado de

introspecção e fuga da realidade. Dr. Bezerra diagnostica processo auto obsessivo, cuja gênese está em carpir intensa atividade mental em faixas do crime e da viciação,

cometendo delitos que podem ser ocultados de todos, exceto da consciência que os

registra e exige reparação.

• Quando o Dr. Bezerra de Menezes foi solicitado a acompanhar o caso de Carlos, conforme está no livro “ Loucura e Obsessão”, o paciente, de vinte anos, há oito padecia de esquizofrenia do tipo catatônica. O bondoso médico deu o diagnóstico como correto, mas questionou o prognóstico. Além da realidade cerebral, a realidade espiritual de Carlos mostrava agravante quadro obsessivo, complicador de seu resgate expiatório.O paciente sofria todos os processos orgânicos da doença grave, mas a influência obsessiva perturbava lhe as funções do sangue, gerando anemia e carências várias.

Conclusão: tratamento espirita da loucura.

Uma vez que tentei tratar de tema tão complexo, vasto, difícil, que é a visão espírita das causas da

loucura, o que poderíamos esperar de um tratamento genuinamente espírita?

Nos casos onde há a intervenção médica, as substâncias recomendadas devem ser ministradas. No

caso de Carlos, Dr. Bezerra não desaconselha o tratamento médico. Isso porque os antipsicóticos

trazem alívio ao cérebro excitado, diminuem os ricos decorrentes das atitudes bizarras e condutas

inapropriadas. Depois, aprimoram, no que é possível, o instrumento já avariado em seus circuitos, ainda

que não conseguindo atingir o agente causa do distúrbio, que é o Espírito.

o tratar da terapia espírita da loucura, o sábio Bezerra de Menezes propõe:

• - Fluidoterapia intensiva: Carlos era submetido, pelos Espíritos, a fluidoterapia quatro vezes ao dia;

• - Terapia ocupacional, voltada para o próximo, em atividades de benemerência, que visam despertar o ser eterno e fazê-lo granjear méritos que aliviarão suas dívidas a serem resgatadas;

• - Desobsessão, que visa moralizar o Espírito obsessor, não pela repressão, mas pelo convite ao perdão como instrumento da própria liberação;

• - Moralização do paciente, que tem por objetivo despertá-lo para os erros cometidos e para a necessidade de renovar-se pela prática do bem.

• "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." João 14:27

• "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." João 16:33.

671) KARDEC, Allan. Médiuns mecânicos. In:._ O Livro dos Médiuns. Trad. de Guillon Ribeiro. 62. ed.

Rio [de Janeiro}: FEB, 1996. Item 179, p. 222.

2) _.item 180, p. 222-223.

3) _.item 181, p. 223-224.

4) AKSAKOF, Alexandre. Primeiras aparições de Kate King. In:._ Um caso de Desmaterialização.

Trad de João Lourenço de Souza. 3.ed. Rio [de Janeiro}: FEB, 1996, p. 112.

5) DENIS, Léon. Transe e Incorporação. In:._ No Invisível. Trad. De Leopoldo Cirne. 17. ed Rio [de

Janeiro}: FEB, 1996, p. 249.

6) CERVIÑO, Jayme. O Transe. In:._. Além do Inconsciente, 1ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1979, p.17

7) Transe e Mediunidade : instruções espíritas para a prática da mediunidade. L. Pallhano Jr. –

Niterói, RJ, 1998.

8) FRANCO, Divaldo Pereira. Estudando o Hiponotismo. In:._ Nos Bastidores da Obsessão. Pelo

Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 7ª ed. Rio [de Janeiro}: FEB, 1995, p. 89-90.

9) LEX, Ary. Formas de transe. In:._. Do Sistema Nervoso à Mediunidade. São Paulo: FEESP,

19932, p. 77-81.

10) PAULA, João Teixeira de. Transe Aldeico. Transe Ativo. Transe de Hipnose. In:._. Dicionário de

Parapsicologia, Metapsíquica, Espiritismo. São Paulo: Imprensa Gráfica da Revista dos

Tribunais. V. 3 p. 156

11) Psiquiatria e mediunidade – Leopoldo bauduino

12) Loucura e obsessão – Manuel Philomeno de Miranda – Divaldo Pereira Franco

13) A loucura sob um novo prisma – Adolfo Bezerra de Menezes

Referências Bibliográficas