Post on 29-Dec-2019
• Medicina no século XVIII- “físicos”, cirurgiõesbarbeiros, boticários
• Parto- ritual de parteiras, não era ato médico;complicações- cirurgiões- práticas ineficazes
• Século XIX- obstetrícia como especialidade
• Tratados de obstetrícia- patologias da gravidez eparto- experiência dos cirurgiões com partoscomplicados
História
• Final do século XIX- parto gradualmente assistido pelos obstetras e restrito às maternidades
• O médico na cena do parto- instrumental próprio= ciência; superioridade sobre parteiras
• Banimento das parteiras- ideia medieval- feiticeiras, “aborteiras”, sujas
• Desaparece o conhecimento da mulher sobre seus corpos e suas dinâmicas
Marilena Pereira- médica obstetra
História
Medicalização
Processo pelo qual um número cada vez maior de questões da vida são transformadas em “problema médico”
O que perdemos no caminho?
A maioria de nós (não só os profissionais de saúde, mas a sociedade como um todo) deixou de acreditar no parto (e até na gestação) como um evento fisiológico.
Evento Fisiológico
“Normal”
“Seguro”
“Desenhado” para
funcionar
Modelos de Assistência ao parto
• Modelo tecnocrático- separação corpoe mente;
• Modelo humanístico- conexão corpo emente;
• Modelo holístico- unidade corpo-mente-espírito;
Fonte: Davis-Floyd, R.
The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth
Brasil- modelo tecnocrático
INTERVENÇÕES
COMPLICAÇÕES
MAIS INTERVENÇÕES
MAIS COMPLICAÇÕES
Efeito cascata
Brasil- modelo tecnocrático
Parto vaginal traumático Cesárea
Demanda pela cesárea- demanda por dignidade- encerrar processo doloroso e solitário
Consequência
Brasil- modelo tecnocrático
Tipo de parto- marca o status social da mulher
Críticas ao modelo tecnocrático
• Profissionais dissidentes
• Método Dick-Read (parto sem medo)
• Método Lamaze e Leboyer (parto sem violência)
• Movimento hippie- parto natural- The Farm, Gaskin
• Sheila Kitzinger- abordagem psicossexual do parto
• Michel Odent -redescrição da fisiologia do parto
• Janet Balaskas -Parto ativo
• Ciências Sociais: Antropologia do Parto, ao final dos anos 70
• Ciências da saúde: Bases fisiológicas y psicológicas para el manejo humanizado del parto normal, de Roberto Caldeyro Barcia
• MBE (Cochrane, 1989; WHO, 1996; Wagner, 1997).
• Carta de Fortaleza (WHO, 1985)
• Recomendações da OMS, 1996
Brasil- crise do modelo tecnocrático
• Médicos: Galba de Araújo no Ceará e Moisés Paciornick (1979) no Paraná
• Década de 80- Yoga, com o Instituto Aurora no Rio.
• Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde
• Associação Comunitária Monte Azul em São Paulo
• Grupos Curumim e Cais do Parto, em Pernambuco
• 1993- Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna)
• Listas eletrônicas como Parto Natural, Amigas do Parto, Rehuna, Materna, Parto Nosso, Mães Empoderadas, entre outras (Tornquist, 2004)- consumidoras de classe média
Brasil- crise do modelo tecnocrático
• Excesso de intervenções não leva amelhoria da qualidade nem dosindicadores;
• Luta das feministas pelos direitosreprodutivos;
• Estado e governos chamados a garantiresses direitos;
• Elaboração de legislação e políticasespecíficas;
• PHPN (2000), Política Nacional de AtençãoObstétrica e Neonatal (2005).
Gráfico 1 – Série histórica do número de óbitos maternos e razão de mortalidade materna. Bahia, 2012 a 2016.
Brasil- crise do modelo tecnocrático
Brasil- momento atual
Evolução histórica
Parto como processo fisiológico e feminino
Institucionalização do parto
Medicalização do parto
Crítica ao modelo de excessiva
medicalização
Resgate do parto como processo
fisiológico e feminino
Sem descartar os benefícios/avanços obtidos no percurso
Humanização- dificuldades
Perturbação da ordem
Mudança de paradigma
Inclusão de novos profissionais
Expectativas das usuárias
Descrença nos gestores
Carência de leitos
Formação
Evasão de profissionais
Humanização- dificuldades
Desafios- mudanças nas condutas
Local Pré-natal Exames Alto risco
Informação Bolsa rota Intervenções
Desafios- mudanças nas condutas
Trabalho em equipe Equipe do hospital Toque vaginal
Conduta no TPAssistência ao
período expulsivoAssistência ao RN
Boas práticas- premissas básicas
• Assistência aos partos sem distocia por enfermeira obstetra ou obstetriz;
• Respeito à privacidade e escolhas da mulher;
• Direito a acompanhante da sua escolha;
• Evitar intervenções desnecessárias.
1º Período- Condutas recomendadas
Internação em fase ativa
Alimentação Posições livres
Monitorização fetal Plano de parto
Nutrição durante o trabalho de parto
Posições livres
1º Período- Condutas recomendadas
Partograma AcompanhanteMétodos para alívio
da dor
Apoio contínuo Doula
Privacidade Analgesia
farmacológica
Uso da água para alívio da dor
Apoio contínuo intra-parto Doula
Analgesia farmacológica - Resumo
• Diversas intervenções não farmacológicas: reduzem anecessidade de analgesia;
• As mulheres DEVEM ser informadas sobre riscos ebenefícios, para que possam fazer escolhasinformadas e planejadas desde a gravidez (plano departo);
• Principais riscos: bloqueio motor, aumenta o uso deocitocina, maior duração do período expulsivo, maiorrisco de parto instrumental e de cesariana porsofrimento fetal;
Partograma
Modelo de ficha com partograma, erespectivas linhas de alerta e ação, eoutros registros de interesse noacompanhamento do trabalho departo.
A curva de dilatação no TP Normaldeverá permanecer a esquerda dalinha de alerta ou sobre a mesma.
NOME REGISTRO DATA DE INÍCIOIDADE PARIDADE DUM IG
Construção do Partograma
Realização de toques vaginais
• Segundo o MS (2011): a cada 2 horas
• Segundo o Protocolo assistencial de Enfermagem Obstétrica (2014): a cada 3 horas.
• Segundo a OMS e Diretrizes- Conitec: a cada 4 horas.
ATENÇÃO! Em cada toque deve-se avaliar:• Dilatação cervical• Altura da apresentação• Variedade de posição• Condições da bolsa das águas e do líquido amniótico (se rota).)
Assistência ao segundo estágio
Diagnóstico do período expulsivo (descida passiva X puxos espontâneos)
Posições: livre escolha; estímulo a posições verticais ou não supinas
Quatro apoios(Gaskin)
Semi-sentada
Lateral (Sims)
Cócoras
Posições Verticais
Vantagens
Parto mais rápido
Melhor oxigenação
fetal
Redução da dor
Participação do
companheiro
Mulher se sente mais no controle
Proteção perineal
Posições Verticais
Posições verticalizadas
Assistência ao segundo estágio
Evitar “puxos” dirigidos
Incentivar o “puxo” espontâneo, involuntário
Evitar episiotomia de rotina
Evitar manobra de Kristeller
Cuidados com o períneo
Puxos dirigidos
Puxo dirigido Hipóxia fetal FCFNT
Mais puxodirigido
Mais hipóxiaEtc.
Episiotomia
Quando a episiotomia é necessária?
• OMS indica taxas de no máximo 10% de episiotomias;
• Marsden Wagner, 1999: MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA;
• Não há evidências clínicas corroborando qualquer indicação de episiotomia: “ameaça de ruptura perineal grave”, distócia de ombros, sofrimento fetal, parto prematuro, parto pélvico.
1. Gestação a termo
2. Respirando ou chorando
3. Tônus bom
CUIDADOS✓Recepcionar em campo aquecido✓Posicionar RN no tórax ou no abdome materno e cobrir com um segundo campo aquecido✓Desprezar o primeiro campo✓Clampeamento tardio do cordão
Assistência ao recém nascido
Diretrizes SBP- Reanimação Neonatal, 2016
• Contato pele a pele
• Clampeamento tardio do cordão
• Amamentação na primeira hora de vida
• Permitir a formação do vínculo
• Adiar procedimentos de rotina
Assistência ao recém nascido
Assistência ao terceiro estágio- manejo ativo
• Manter o mesmo ambiente de silêncio e privacidade;
• Observação rigorosa do sangramento vaginal;
• Ocitocina profilática- 10 UI após o desprendimento do ombro;
• Tração controlada do cordão;
• Massagem uterina (apenas no 4º período).
Referências
1- WHO Recommendations- Intrapartum Care for a positive childbirth experience, 2018
2- Diretrizes Conitec- Assistência ao parto normal- 2017
3- Assistência ao parto normal: um guia prático - Projeto Maternidade Segura (OMS)
4- Parto, aborto e puerpério - Assistência Humanizada à Mulher (Min. da Saúde)
5- Diniz, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil- os muitos sentidos de um movimento
6- Maia, Mônica Bara- Humanização do parto
7- Davis-Floyd, R. The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth
Obrigada!