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  • • Medicina no século XVIII- “físicos”, cirurgiõesbarbeiros, boticários

    • Parto- ritual de parteiras, não era ato médico;complicações- cirurgiões- práticas ineficazes

    • Século XIX- obstetrícia como especialidade

    • Tratados de obstetrícia- patologias da gravidez eparto- experiência dos cirurgiões com partoscomplicados

    História

  • • Final do século XIX- parto gradualmente assistido pelos obstetras e restrito às maternidades

    • O médico na cena do parto- instrumental próprio= ciência; superioridade sobre parteiras

    • Banimento das parteiras- ideia medieval- feiticeiras, “aborteiras”, sujas

    • Desaparece o conhecimento da mulher sobre seus corpos e suas dinâmicas

    Marilena Pereira- médica obstetra

    História

  • Medicalização

    Processo pelo qual um número cada vez maior de questões da vida são transformadas em “problema médico”

  • O que perdemos no caminho?

    A maioria de nós (não só os profissionais de saúde, mas a sociedade como um todo) deixou de acreditar no parto (e até na gestação) como um evento fisiológico.

    Evento Fisiológico

    “Normal”

    “Seguro”

    “Desenhado” para

    funcionar

  • Modelos de Assistência ao parto

    • Modelo tecnocrático- separação corpoe mente;

    • Modelo humanístico- conexão corpo emente;

    • Modelo holístico- unidade corpo-mente-espírito;

    Fonte: Davis-Floyd, R.

    The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth

  • Brasil- modelo tecnocrático

    INTERVENÇÕES

    COMPLICAÇÕES

    MAIS INTERVENÇÕES

    MAIS COMPLICAÇÕES

    Efeito cascata

  • Brasil- modelo tecnocrático

    Parto vaginal traumático Cesárea

    Demanda pela cesárea- demanda por dignidade- encerrar processo doloroso e solitário

    Consequência

  • Brasil- modelo tecnocrático

    Tipo de parto- marca o status social da mulher

  • Críticas ao modelo tecnocrático

    • Profissionais dissidentes

    • Método Dick-Read (parto sem medo)

    • Método Lamaze e Leboyer (parto sem violência)

    • Movimento hippie- parto natural- The Farm, Gaskin

    • Sheila Kitzinger- abordagem psicossexual do parto

    • Michel Odent -redescrição da fisiologia do parto

    • Janet Balaskas -Parto ativo

    • Ciências Sociais: Antropologia do Parto, ao final dos anos 70

    • Ciências da saúde: Bases fisiológicas y psicológicas para el manejo humanizado del parto normal, de Roberto Caldeyro Barcia

    • MBE (Cochrane, 1989; WHO, 1996; Wagner, 1997).

    • Carta de Fortaleza (WHO, 1985)

    • Recomendações da OMS, 1996

  • Brasil- crise do modelo tecnocrático

    • Médicos: Galba de Araújo no Ceará e Moisés Paciornick (1979) no Paraná

    • Década de 80- Yoga, com o Instituto Aurora no Rio.

    • Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde

    • Associação Comunitária Monte Azul em São Paulo

    • Grupos Curumim e Cais do Parto, em Pernambuco

    • 1993- Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna)

    • Listas eletrônicas como Parto Natural, Amigas do Parto, Rehuna, Materna, Parto Nosso, Mães Empoderadas, entre outras (Tornquist, 2004)- consumidoras de classe média

  • Brasil- crise do modelo tecnocrático

    • Excesso de intervenções não leva amelhoria da qualidade nem dosindicadores;

    • Luta das feministas pelos direitosreprodutivos;

    • Estado e governos chamados a garantiresses direitos;

    • Elaboração de legislação e políticasespecíficas;

    • PHPN (2000), Política Nacional de AtençãoObstétrica e Neonatal (2005).

  • Gráfico 1 – Série histórica do número de óbitos maternos e razão de mortalidade materna. Bahia, 2012 a 2016.

  • Brasil- crise do modelo tecnocrático

  • Brasil- momento atual

  • Evolução histórica

    Parto como processo fisiológico e feminino

    Institucionalização do parto

    Medicalização do parto

    Crítica ao modelo de excessiva

    medicalização

    Resgate do parto como processo

    fisiológico e feminino

    Sem descartar os benefícios/avanços obtidos no percurso

  • Humanização- dificuldades

    Perturbação da ordem

    Mudança de paradigma

    Inclusão de novos profissionais

    Expectativas das usuárias

  • Descrença nos gestores

    Carência de leitos

    Formação

    Evasão de profissionais

    Humanização- dificuldades

  • Desafios- mudanças nas condutas

    Local Pré-natal Exames Alto risco

    Informação Bolsa rota Intervenções

  • Desafios- mudanças nas condutas

    Trabalho em equipe Equipe do hospital Toque vaginal

    Conduta no TPAssistência ao

    período expulsivoAssistência ao RN

  • Boas práticas- premissas básicas

    • Assistência aos partos sem distocia por enfermeira obstetra ou obstetriz;

    • Respeito à privacidade e escolhas da mulher;

    • Direito a acompanhante da sua escolha;

    • Evitar intervenções desnecessárias.

  • 1º Período- Condutas recomendadas

    Internação em fase ativa

    Alimentação Posições livres

    Monitorização fetal Plano de parto

  • Nutrição durante o trabalho de parto

  • Posições livres

  • 1º Período- Condutas recomendadas

    Partograma AcompanhanteMétodos para alívio

    da dor

    Apoio contínuo Doula

    Privacidade Analgesia

    farmacológica

  • Uso da água para alívio da dor

  • Apoio contínuo intra-parto Doula

  • Analgesia farmacológica - Resumo

    • Diversas intervenções não farmacológicas: reduzem anecessidade de analgesia;

    • As mulheres DEVEM ser informadas sobre riscos ebenefícios, para que possam fazer escolhasinformadas e planejadas desde a gravidez (plano departo);

    • Principais riscos: bloqueio motor, aumenta o uso deocitocina, maior duração do período expulsivo, maiorrisco de parto instrumental e de cesariana porsofrimento fetal;

  • Partograma

    Modelo de ficha com partograma, erespectivas linhas de alerta e ação, eoutros registros de interesse noacompanhamento do trabalho departo.

    A curva de dilatação no TP Normaldeverá permanecer a esquerda dalinha de alerta ou sobre a mesma.

    NOME REGISTRO DATA DE INÍCIOIDADE PARIDADE DUM IG

  • Construção do Partograma

    Realização de toques vaginais

    • Segundo o MS (2011): a cada 2 horas

    • Segundo o Protocolo assistencial de Enfermagem Obstétrica (2014): a cada 3 horas.

    • Segundo a OMS e Diretrizes- Conitec: a cada 4 horas.

    ATENÇÃO! Em cada toque deve-se avaliar:• Dilatação cervical• Altura da apresentação• Variedade de posição• Condições da bolsa das águas e do líquido amniótico (se rota).)

  • Assistência ao segundo estágio

    Diagnóstico do período expulsivo (descida passiva X puxos espontâneos)

    Posições: livre escolha; estímulo a posições verticais ou não supinas

    Quatro apoios(Gaskin)

    Semi-sentada

    Lateral (Sims)

    Cócoras

  • Posições Verticais

    Vantagens

    Parto mais rápido

    Melhor oxigenação

    fetal

    Redução da dor

    Participação do

    companheiro

    Mulher se sente mais no controle

    Proteção perineal

  • Posições Verticais

  • Posições verticalizadas

  • Assistência ao segundo estágio

    Evitar “puxos” dirigidos

    Incentivar o “puxo” espontâneo, involuntário

    Evitar episiotomia de rotina

    Evitar manobra de Kristeller

    Cuidados com o períneo

  • Puxos dirigidos

    Puxo dirigido Hipóxia fetal FCFNT

    Mais puxodirigido

    Mais hipóxiaEtc.

  • Episiotomia

  • Quando a episiotomia é necessária?

    • OMS indica taxas de no máximo 10% de episiotomias;

    • Marsden Wagner, 1999: MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA;

    • Não há evidências clínicas corroborando qualquer indicação de episiotomia: “ameaça de ruptura perineal grave”, distócia de ombros, sofrimento fetal, parto prematuro, parto pélvico.

  • 1. Gestação a termo

    2. Respirando ou chorando

    3. Tônus bom

    CUIDADOS✓Recepcionar em campo aquecido✓Posicionar RN no tórax ou no abdome materno e cobrir com um segundo campo aquecido✓Desprezar o primeiro campo✓Clampeamento tardio do cordão

    Assistência ao recém nascido

    Diretrizes SBP- Reanimação Neonatal, 2016

  • • Contato pele a pele

    • Clampeamento tardio do cordão

    • Amamentação na primeira hora de vida

    • Permitir a formação do vínculo

    • Adiar procedimentos de rotina

    Assistência ao recém nascido

  • Assistência ao terceiro estágio- manejo ativo

    • Manter o mesmo ambiente de silêncio e privacidade;

    • Observação rigorosa do sangramento vaginal;

    • Ocitocina profilática- 10 UI após o desprendimento do ombro;

    • Tração controlada do cordão;

    • Massagem uterina (apenas no 4º período).

  • Referências

    1- WHO Recommendations- Intrapartum Care for a positive childbirth experience, 2018

    2- Diretrizes Conitec- Assistência ao parto normal- 2017

    3- Assistência ao parto normal: um guia prático - Projeto Maternidade Segura (OMS)

    4- Parto, aborto e puerpério - Assistência Humanizada à Mulher (Min. da Saúde)

    5- Diniz, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil- os muitos sentidos de um movimento

    6- Maia, Mônica Bara- Humanização do parto

    7- Davis-Floyd, R. The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth

  • Obrigada!