Post on 01-Dec-2018
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Manifestações patológicas na construção
Manifestações patológicas em uma unidade de produção de radiofármacos no Nordeste
Patologies in a radiofarmaceutical production unit in Brazil
Cláudio Augusto Pereira de Melo(1); Eliana Cristina Barreto Monteiro(2); Carlos Welligton de Azevedo Pires Sobrinho(3)
(1) Arquiteto, UFPE, capm@poli.br
(2) Professor, Doutor, Mestrado POLI-UPE, UNICAP, eliana@poli.br (3) Professor, Mestre, Especialização POLI-UPE, ITEP, carlos@itep.br
Escola Politécnica de Pernambuco, Rua Benfica, 455, Madalena, Recife, PE. CEP: 50720-001
Resumo
Os estudos das patologias em edificações que inicialmente eram focados apenas nas estruturas de concreto armado, se estenderam a outros subsistemas da edificação como revestimentos em argamassa, pinturas, revestimentos cerâmicos, fissuras e umidade em revestimentos. O objetivo deste trabalho é estudar as manifestações patológicas surgidas durante a construção de uma edificação institucional destinada a produção de radiofármacos localizada em Recife, indentificando suas prováveis causas e propondo soluções para reparo. A edificação apresenta uma série de manifestações patologias tais como eflorescência no porcelanato das fachadas, trincas na alvenaria de vedação, fissuras no piso cimentado do pavimento superior, fissuras no encontro de painéis de gesso acartonado em paredes dry‐wall, entre outras. As manifestações patológicas em edificações têm sua origem em uma série de fatores que variam de acordo com os sintomas apresentados, com a causa geradora dos problemas patológicos ou ainda com as etapas do processo construtivo em que elas ocorrem. Após a correção das patologias existentes na unidade de produção de radiofármacos, deverá ser elaborado um plano de manutenção preventiva que estabeleça um conjunto de atividades para conservar a capacidade funcional da edificação. A produção de radiofármacos requer a elaboração de todos os projetos executivos de engenharia e sua perfeita compatibilização.
Palavra‐Chave: Edificação, Patologias em edificações, Manutenção predial
Abstract
Pathological manifestation studies in buildings were initially focused on reinforced concrete structures. Studies were extended later to other parties of buildings such as mortar coatings, paints, ceramic coatings, cracks and humidity in coatings. The goal of this work is to study the pathologic manifestations that have arisen during the construction of a building projected to be an institutional production of radiopharmaceuticals located in Brazil. Their main causes will be identified and solutions of repair will be proposed. The building features a series of pathologies such as efflorescence in the grout of porcelain tiles applied in facades, cracks in masonry, cracks in the cemented floor of the upper ground, fences in dry‐wall panels, amog others. Pathological manifestations in buildings has its origin in a number of factors that vary depending on the symptoms presented, with the cause of pathological problems generated or even with the stages of the construction process in which they occur. After fixing all existing pathologies in the radiopharmaceuticals production unit, it should be elaborated a plan of preventive maintenance that establishes a set of activities to keep the building’s functional capacity. Radiopharmaceutical productions requires all engineering executive projects done and its perfect compatibility. Keywords: Building, Pathological manifestations in buildings, Building maintenance
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
1 Introdução
Os estudos das manifestações patológicas em edificações que inicialmente eram voltados apenas às estruturas de concreto armado, se estenderam posteriormente a outras partes das edificações, como os revestimentos com argamassa, pinturas, revestimentos cerâmicos, fissuras em revestimentos, instalações hidráulicas e umidade em revestimentos.
O Senado aprovou em 2006 a Emenda Constitucional EC 49/2006 que altera a redação do artigo 177 da Constituição Federal para excluir do monopólio da União a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos de meia‐vida curta para usos médicos, agrícolas e industriais. Como fruto desta lei, já existem indústrias da iniciativa privada instaladas em Brasília e Rio Grande do Sul e outras em fase de instalação no interior de São Paulo e em Fortaleza com a finalidade de produzir e comercializar radiofármacos de meia‐vida curta para para fins medicinais.
O objetivo deste trabalho é estudar as manifestações patológicas surgidas durante a construção de uma edificação institucional destinada a produção e pesquisa de radiofármacos localizada no município do Recife. Serão identificadas as causas prováveis destas patologias e serão apontadas soluções para reparo. Chamar a atenção da comunidade científica e das empresas produtoras de radiofármacos para a importância da elaboração de todos os projetos executivos concernentes ao empreendimento e sua perfeita compatibilização antes do início da obra.
A Unidade de Produção de Radiofármacos – UPRA da Comissão Nacional de Energia Nuclear ‐ CNEN, inaugurada em 2009, está localizada no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na confluência da BR‐101 com a Av. Professor Luís Freire, Cidade Universitária em Recife, PE. Abastece o Pólo Médico de Pernambuco com um importante contraste para diagnóstico de células concerígenas através de exame de Tomografia por Emissão de Pósitrons – PET Scan. Alguns hospitais em Recife, Natal, Maceió e Fortaleza já recebem o radiofármaco produzido pela UPRA.
Radiofármacos são substâncias que são utilizadas no diagnóstico e tratamento de enfermidades dos seres vivos qualquer que seja a via de administração empregada. Atualmente, são utilizados como ferramenta de exploração funcional do organismo em medicina nuclear e como ferramenta diagnóstica de inúmeras doenças empregando técnicas tomográficas como PET (Positron Emission Tomography) e SPECT (Single Photon Emission Computer Tomography). Também são empregados em tratamentos de células cancerígenas através de radioterapia além de sua aplicação em pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos.
A síntese deste fármaco é realizada com a utilização de um acelerador de partículas, também conhecido como cíclotron, para a obtenção do FDG‐18 (2‐flúor‐2‐deoxi‐D‐glicose) através do bombardeio de um átomo de oxigênio‐18 da água com prótons para formação de 18F‐ (íon fluoreto). O oxigênio da molécula da água transforma‐se em fluor radioativo que tem meia vida curta (cerca de duas horas). O cíclotron fica alojado em uma sala (caverna) construída com paredes de concreto armado medindo 2,00m de espessura assim projetada para blindar radiação gama.
A obra durou dois anos para ser construída ultrapassando o prazo previsto para sua conclusão em dez meses devido a diversos ajustes no projeto básico de engenharia. Fruto de uma licitação internacional na forma de empreitada integral ou contratação em regime turn key, a empresa vencedora deveria fornecer o equipamento para a síntese do radiofármaco em uma unidade completa, (consultoria, projeto, infraestrutura, implantação da unidade e treinamento de pessoal),
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
com todas as instalações, laboratórios e escritórios que permitissem seu adequado funcionamento.
A estrutura do pavimento térreo foi construída em concreto armado, as paredes são em alvenaria de elevação revestidas externamente com placas cerâmicas que estão apresentando problemas de eflorescência. O sistema de cobertura se constitui de telhas de fibrocimento apoiadas sobre estrutura metálica pontaletadas com pilaretes de alvenaria que se encontram fissurados. O pavimento superior, destinado aos equipamentos do sistema de ventilação e exaustão mecânicas, tem sua estrutura construída em perfis metálicos que, estando expostos à ação da chuva, está apresentado sinais de corrosão. Seu fechamento foi construído em alvenaria de blocos de cimento revestidos e brise de PVC. A coberta do Piso Técnico é constituída por telhas em chapa dupla de aço zincado pré‐pintadas com recheio em poliestireno expandido apoiadas sobre perfis metálicos.
Fig. 1 – UPRA: Fachada Principal (Sul). Eflorescência na platibanda da fachada. Fonte: acervo do autor.
Fig. 2 – UPRA: Fachada Leste (voltada para BR‐101). Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
A edificação apresenta uma série de manifestações patologias tais como eflorescência surgindo através do rejunte do porcelanato aplicado nas fachadas (Fig. 01); trincas surgidas no encontro de panos de alvenaria de vedação com o sistema estrutural da edificação; fissuras surgidas no piso cimentado do Pavimento Superior; pisos e espelhos da escada de acesso ao piso superior apresentando dimensões diversas; vedações em painéis dry‐wall (com placas de gesso acartonado) apresentando fissuras devido a dilatação térmica dos materiais.
2 Revisão bibliográfica
A boa técnica de construção civil pode ser dividida em cinco etapas principais: o planejamento que compreende os estudos de viabilidade, o estudo preliminar e o anteprojeto, projeto arquitetônico, especificação de materiais e orçamento, execução da obra e utilização da obra pelo seu usuário final. De acordo com [1], a qualidade obtida em cada uma destas etapas tem sua devida importância no resultado final do produto, assim como na satisfação do usuário e principalmente no controle da incidência de manifestações patológicas na edificação na fase de uso.
Vários são os fatores que interferem na qualidade final da obra durante as diversas etapas do processo construtivo e dentre eles pode‐se citar: (I) no planejamento, a definição dos níveis de desempenho desejados; (II) no projeto arquitetônico, a programação de todas as etapas da obra, os desenhos, as especificações, o orçamento e as descrições das ações; (III) nos materiais de construção, a qualidade e a conformidade com as especificações, (IV) na execução da obra, a
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
qualidade e a conformidade com as especificações, e (V) no uso o tipo de utilização previsto para o ambiente construído aliado ao programa de manutenção. [2][3].
Para se obter a diminuição ou a eliminação dos problemas patológicos deve haver um maior controle de qualidade nestas etapas do processo de construção. A abordagem da manutenção deve também ser feita de forma a contextualizá‐la no processo de construção, procurando, durante todas as etapas do processo, situá‐la como um dos fatores relevantes a ser considerado. Devem ser tomadas algumas medidas para assegurar, nas várias etapas do processo construtivo, o delineamento e a projeção de manutenção futura da edificação. [1]. Ainda segundo [1], as decisões tomadas durante as etapas do processo produtivo na construção, bem como o controle de qualidade efetuado durante essas etapas estão intimamente ligadas à manutenção e aos futuros problemas patológicos que poderão ocorrer na edificação.
De acordo com a norma [4], “as edificações são o suporte físico para realização direta ou indireta de todas as atividades produtivas e possui, portanto, um valor social fundamental. Todavia, as edificações apresentam uma característica que as diferencia de outros produtos. Elas são construídas para atender seus usuários durante muitos anos e ao longo deste tempo devem apresentar condições adequadas ao uso a que se destinam, resistindo aos agentes ambientais e de uso que alteram suas propriedades técnicas iniciais”.
3 Metodologia
Foram analisadas as manifestações patológicas observadas durante a construção da edificação procurando estabelecer uma correlação de seu surgimento com o meio ambiente onde a mesma se insere, os projetos, seu detalhamento, especificações, qualidade do material aplicado, perícia e rapidez da mão de obra utilizada, planejamento e gerenciamento do empreendimento.
A análise foi realizada tomando‐se como base os projetos de arquitetura, cálculo estrutural, instalações elétricas e de lógica, instalações de ar‐condicionado, ventilação e exaustão mecânicas do empreendimento bem como os memoriais descritivos e especificações técnicas. Foram realizadas diversas inspeções entre setembro de 2007 e setembro de 2009 nos diversos sub‐sistemas da edificação à medida em que estes eram executados com a produção de farta documentação fotográfica do andamento da obra e relatórios técnicos de acompanhamento da obra. A maior parte dos dados disponibilizados neste artigo são fruto destas inspeções e dos relatórios de fiscalização.
4 Resultados
O projeto de arquitetura apresentado na etapa da licitação pública internacional era um projeto básico constituindo‐se em solução desenvolvida do anteprojeto. Carecia, no entanto, de compatibilização com os projetos complementares, o que não seria bom para a construção da obra, visto que poderia dar margem a arranjos e improvisações durante a execução do empreendimento. O projeto de arquitetura foi objeto de 18 revisões ao logo de toda a obra acarretando várias revisões nos demais projetos do empreendimento principalmente no projeto de cálculo estrutural que sofreu dez revisões. (Ver tabela 1).
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
A obra teve início com os projetos incompletos e durante a construção foram introduzidas uma série de alterações visando o aprimoramento do projeto. Estas modificações contribuíram decisivamente para a extrapolação do cronograma inicialmente previsto. Foi constituída pela CNEN uma comissão para fiscalização do andamento da obra: o Grupo Técnico de Fiscalização. Conforme disposto em contrato, o gerenciamento da obra ficou a cargo da contratada.
Tabela 1 – Quantidade de revisões realizadas nos projetos
A primeira etapa da obra, após os serviços de locação da edificação realizada através de topografia, envolveu a execução de estacas do tipo hélice contínua com a finalidade de não causar vibrações significativas que pudessem afetar as edificações vizinhas onde existem equipamentos de medição muito sensíveis. O solo mole, constituído basicamente por turfa, facilitou sobremaneira a execução das 40 estacas previstas no Projeto de Fundações que posteriormente foram coroadas com blocos de concreto armado. No Projeto de Cálculo Estrutural, o Pilar P6 localizado no encontro da parede divisória da Sala de Triagem de Material com o Depósito não foi deslocado conforme modificação do Projeto de Arquitetura ficando aparente na Sala. Foi necessário se fazer uma boneca em alvenaria para escondê‐lo, caracterizando falta de compatibilização entre os projetos de arquitetura e estrutura. A viga V119, posicionada entre P4 e P17 na Oficina e Depósito que em projeto deveria ser invertida para comportar as esquadrias de iluminação e ventilação dos citados ambientes, foi posteriormente reposicionada caracterizando‐se falta de compatibilização entre os projetos de arquitetura e cálculo estrutural (parte superior da Fig. 08). Os blocos de concreto armado do coroamento das estacas receberam camada de impermeabilização de base asfáltica em suas faces laterais de modo a impedir o ataque de sua armadura por águas subsuperficiais, evitando‐se, assim, o processo de corrosão da ferragem e também a possibilidade de ocorrência de reação álcali‐agregado – RAA. A infraestrutura se completou com a execução das cintas de fundações e do aterro compactado para dar suporte à construção do bunker em concreto armado. Este envolveu a construção de paredes e teto com 2,00m de espessura que seriam responsáveis pela blindagem radiológica das Cavernas do Ciclotron e do Alvo. Utilizaram‐se formas metálicas tipo Pashal de modo a permitir fácil desmolde. Os parafusos metálicos foram colocados de forma desencontrada para evitar problemas com a blindagem radiológica. O posicionamento da ferragem foi cuidadosamente estudado de modo a
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
não transmitir radiação ao longo dos furos deixados pelos parafusos metálicos na altura do plano de maior incidência de radiação. A superestrutura do bunker projetada em concreto armado fck = 40 MPa com densidade 2,35 foi executada com total controle da temperatura inclusive com adição de gelo seco para evitar o surgimento de fissuras que comprometeriam a blindagem radiológica da Caverna do Cíclotron. Todo o concreto armado lançado na obra recebeu controle tecnológico através de empresa especializada sendo fornecidos os relatórios de rompimentos dos corpos de prova que atestaram a conformidade da resistência do concreto de acordo com o especificado no Projeto de Cálculo Estrutural. As inspeções realizadas nas paredes do Bunker não detectaram fissuras.
Fig. 3a – Corrosão na porta de acesso à Caverna do Alvo. Fonte: acervo do autor.
Fig. 3b – Porta de acesso à Caverna do Alvo, recuperada. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
A guarnição (batente) da porta de acesso à Caverna do Alvo (Fig. 3b) apresentou sinais de oxidação no ponto de encontro com o piso junto ao trilho da porta do lado esquerdo de quem entra na caverna (Fig. 3a). Como a impermeabilização sobre o bunker ainda não fora executada naquele momento, as águas pluviais percolaram pelos poros do concreto e chegaram até o piso das ante‐salas das cavernas procurando as partes mais baixas para se alojarem. Na Fig. 3a observam‐se sinais da água acumulada. A fiscalização recomendou a recuperação urgente para impedir que os pontos de oxidação se espalhassem por outras partes do batente da porta. A recuperação envolveu o lixamento da superfície afetada por corrosão, pintura com fundo anti‐corrosivo a base de zinco e pintura de acabamento com esmalte sintético em duas demãos. A execução da alvenaria de uma vez com tijolos cerâmicos 20 x 20cm careceu de projeto específico o que provocou o surgimento de fissuras nos encontros entre paredes e pilares de concreto armado devido à ausência de elementos de ligação como telas metálicas para garantir uma perfeita aderência entre a argamassa de assentamento da alvenaria e a estrutura de concreto (Fig. 4a). As fissuras surgiram nas faces voltadas para o interior da edificação, antes da execução da pintura da parede. A solução para o problema passou pela costura com barras de aço espaçadas em 0,50m amarrando a parede em alvenaria de tijolos cerâmicos ao pilar de concreto armado conforme pode ser observado na Fig. 4a. O revestimento do corredor do laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento foi recomposto com argamassa de cimento e areia no traço 1:3 e, após a cura,
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
executou‐se a pintura de acabamento com tinta a base de PVA (Fig. 4b). Apesar da execução do reforço na parede, as fissuras voltaram a abrir posteriormente. Segundo [5], um melhor sistema de recuperação das fissuras seria a execução de um sulco retangular ou em forma de “V”, preenchidos com um selante flexível, no que seria a camada de regularização ou a base. Eles objetivam, além da vedação, deixar que a fissura movimente‐se livremente. A largura do sulco pode variar de 10 mm, segundo [6], até 20 mm, de acordo com [7]. Para a profundidade do sulco, adota‐se o valor de 10 mm. [7] recomenda ainda o uso do sulco retangular em fissuras com movimentações mais intensas, dessolidarizando o selante da base por meio de uma fita crepe, conforme ilustra a Fig. 5(b). Na realidade, esses sistemas nada mais são do que juntas de movimentação as quais não restituem à alvenaria o seu aspecto original. Além disso, restringem‐se a fissuras verticais ou horizontais e mesmo assim, quando revestidas, geralmente falham, pois os revestimentos não são capazes de acompanhar as deformações da base. [8], ao tratar da recuperação de fissuras utilizando juntas de movimentação, sugere ainda que esta seja realizada próxima a fissura, na alvenaria, após a recuperação da mesma com grampos. Essa situação compromete e modifica o aspecto original da alvenaria, o que na maioria dos casos, não é desejável. Por isso, não é recomendada para a recuperação de fissuras onde há a necessidade de preservar o aspecto original, por exemplo.
Fig. 4a – Fissuras no encontro das paredes de alvenaria e pilar de concreto tratadas com armação de aço. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
Fig. 4b – Após a colocação do aço aplicou‐se uma camada de massa única e posteriormente pintura látex. Fonte: Melo, C. A. P. 2008.
Foram especificados para revestimentos das fachadas porcelanato 40 x 40cm Graniti Ônix polido de cor preta e Ibiza polido em cor predominante bege da Cerâmica Elizabeth com espaçamento de 3mm aplicados com argamassa colante tipo AC‐III, fabricação Quartzolit. O assentamento do porcelanato em fachadas (Fig. 6) não levou em conta as condições ambientais e climáticas onde a edificação se encontra inserida durante a aplicação das placas cerâmicas. Chuvas alternadas a sol intenso provocaram a penetração de água através do rejunte que reagiram com os componentes da argamassa de emboço provocando o surgimento de eflorescências nas fachadas. O rejunte, tido como flexível pelo fabricante, não resistiu às variações de temperatura das placas cerâmicas sujeitas à ação do sol, fissurando por dilatação térmica. A origem da eflorescência está relacionada com problemas no sistema construtivo empregado. Na presença de água, substâncias agressivas
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
ou sais solúveis podem ser transportados até a superfície da placa cerâmica, formando depósitos esbranquiçados. A ausência do rufo (chapin) durante a colocação do porcelanato nas fachadas permitiu a passagem da água da chuva que penetrou pelos poros do concreto causando a lixiviação do mesmo, ou seja a dissolução e remoção dos compostos hidratados da pasta de cimento. A água carreou o hidróxido de cálcio (CaOH2) presente no concreto para a superfície do porcelanato que reagiu com o anidrido carbônico (CO2) presente no ar formando o carbonato de cálcio (CaCO3). Este depositou‐se por entre o rejunte das placas cerâmicas formando um manchamento de cor branca.
Fig. 5 – Tipos de sulcos: a) sulco em forma de “V”; b) sulco retangular. Fonte: Lordsleem Jr.,
1997.
Até a fachada oeste, que está menos exposta à ação da chuva, apresentou eflorescência no porcelanato de cor cinza escuro. Interessante notar que a Casa de Força que tem suas fachadas revestidas com cerâmica 10 x 10cm Elizabeth linha Cristal nas cores branca e preta não apresentou eflorescência no rejunte. Após inspeções e análises detalhadas, concluiu‐se que as pequenas dimensões das placas cerâmicas propiciaram pouca movimentação das peças permitindo que a argamassa utilizada no rejunte absorvesse os movimentos oriundos de dilatação térmica impedindo a penetração das águas de chuva. O chapin de cobre (rufo) inicialmente projetado para a platibanda foi modificado para chapin em porcelanato. Certamente a solução inicial para proteção do respaldo da platibanda (em cobre) era mais eficaz, embora mais cara, e antiestética com relação ao conjunto. O fato é que a ausência do chapin contribuiu para a penetração das águas de chuva por entre o porcelanato e sua base provocando o surgimento de eflorescência. Paredes para divisões internas dos escritórios foram executadas com dry‐wall em dias chuvosos, sem as devidas proteções, permitindo que placas de gesso acartonado entrassem em contato com as águas da chuva provocando perda de material que tiveram que ser repostas. A não colocação de fita entre as placas provocou fissuras em diversos pontos destas paredes. Para o acabamento
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
final das paredes, a fita foi colocada nos sulcos dos painéis de gesso acartonado conforme recomendação do fabricante e a seguir, pintadas com tinta a base de látex acrílica.
Fig. 5 – Eflorescência no rejunte do porcelanato cinza da rampa de acesso à saída de emergência. Fachada Oeste. Fonte: Melo, C. A. P. 2011.
Fig. 6 – Eflorescência no porcelanato cinza no encontro da Fachada Oeste com a Fachada Sul. Fonte: Melo, C. A. P. 2008.
Não foi elaborado projeto de impermeabilização. A execução imperfeita do sistema de impermeabilização com manta asfáltica provocou uma série de vazamentos na laje de teto que precisou ser refeito. Os vazamentos também foram encontrados no encontro dos tubos de queda de água pluvial e a calha que provocaram manchamentos na pintura interna das paredes. Esses problemas persistem e são motivos da não aceitação definitiva da obra no presente momento pela Fiscalização. O telhamento dos laboratórios e escritórios foi executado com telhas de fibrocimento com 8mm de espessura que, após sua montagem, selaram não resistindo à incidência de chuva e sol. Algumas telhas chegaram a trincar e foram substituídas. A área descoberta destinada a manutenção ao lado do Piso Técnico recebeu piso cerâmico antiderrapante. Foi prevista a execução de juntas de movimentação para evitar que as placas cerâmicas se soltem devido à dilatação térmica dos materiais. Foi aplicado mastique nas juntas para absorção dos movimentos das placas cerâmicas. O Piso Técnico recebeu acabamento com execução de piso em cimentado. Como não foram executadas juntas de dilatação formando quadros de 2,00 x 2,00m, surgiram fissuras generalizadas causadas por dilatação térmica da estrutura, que foram posteriormente corrigidas. O fechamento lateral do Piso Técnico foi executado em platibanda com ventilação permanente marca Comovent fixada em estrutura auxiliar metálica. Esta estrutura auxiliar apresentou sinais de corrosão em alguns pontos (Fig. 8) sobre a porta de entrada do Piso Técnico. Foi recuperada com lixamento do perfil metálico atacado por corrosão, aplicação de fundo anticorrosivo e posteriormente aplicação de duas demãos de esmalte sintético cinza como tinta de acabamento (ao fundo na Fig. 2).
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Uma modificação realizada na tubulação do sistema de exaustão mecânica levou ao reposicionamento da chaminé (ao fundo na Fig. 8). Tal modificação impôs uma alteração na fachada leste, no trecho onde se encontra a porta de acesso ao Piso Técnico. A platibanda Comovent foi suprimida neste trecho deixando o perfil de sustentação da mesma exposto à ação das intempéries. A falta de compatibilização entre o sistema de exaustão mecânica e o posicionamento dos quadros de comando do sistema de ar‐condicionado obrigou tal modificação. Isto gerou acréscimo de serviços na quantidade de piso cerâmico, emboço, reboco e pintura de paredes, impermeabilização do trecho de laje agora ocupado pela chaminé e que antes era coberto com telhamento em cimento amianto. Tais serviços extras causaram impacto no orçamento final da obra.
Fig. 8 – Piso Técnico: corrosão na estrutura metálica auxiliar da coberta. Chaminé reposicionada. Fonte: acervo do autor.
Fig. 9 – Escada de acesso ao Piso Técnico localizado no pavimento superior. Forma e armadura em execução. Fonte: acervo do autor.
A escada de acesso ao Piso Técnico, por tratar‐se de escada secundária, foi projetada com apenas 0,84m de largura e necessitou ser ampliada para 1,40m (Fig. 9) para atender exigências do Corpo de Bombeiros do Estado de Pernambuco. O Projeto de Cálculo Estrutural não foi devidamente compatibilizado com esta modificação no projeto de arquitetura gerando improvisação durante a execução da complementação da armadura e fôrma da escada. Após a concretagem do complemento verificaram‐se discrepâncias nas dimensões do piso e do espelho da escada em alguns degraus gerando desperdício de material e mão de obra durante a correção. Na área externa do Piso Técnico, durante a execução dos serviços de impermeabilização, observou‐se que as águas de chuva se acumulavam no trecho junto à Fachada Norte e junto ao abrigo dos dutos de ar‐condicionado provenientes dos laboratórios em direção ao Piso Técnico (Fig. 10). Constatou‐se no local que não existia ralo para esgotar este trecho inclusive previsto no projeto hidro‐sanitário. A manta de impermeabilização também não subiu por sobre as bases de apoio dos condensadores dos splits (à esquerda na Fig. 10) deixando tais bases expostas à percolação de umidade que atingiu os escritórios e danificou o forro. Estes problemas foram sanados posteriormente. No interior do piso técnico a manta de impermeabilização deixou de envolver dutos do sistema de ventilação e exaustão mecânicas o que provocou a inundação dos laboratórios durante a realização de teste de estanqueidade.
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Fig. 10 – Piso Técnico, Área de Manutenção: teste de estanqueidade dos serviços de impermeabilização. Fonte: Melo, C. A. P. 2008.
Fig. 11 – Infiltrações, manhas e bolores e eflorescência na marquise de acesso à unidade. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
A marquise de acesso apresentou manchas e bolores no revestimento do teto (Fig. 11) causados por umidade proveniente de águas pluviais devido a falhas durante a execução do sistema de impermeabilização que precisou ser refeito (Fig. 16). Ressalte‐se aqui a importância da elaboração do projeto de impermeabilização bem como sua perfeita execução para evitar os danos que as águas pluviais podem provocar nos diversos sistemas da edificação, pricipalmente na estrutura de concreto armado. Detectou‐se a entrada de água pluvial na Caverna do Alvo através da tampa do Bunker. O contrapiso já estava sendo perfurado pela água (Fig. 12) que se acumulava nas placas de poliestireno expandido (EPS) que serviram como junta de dilatação provisória para a tampa (Fig. 13). Apesar da execução do sistema de impermeabilização com manta asfáltica e a construção de uma coberta provisória feita com telhas de fibrocimento, sempre que chovia as águas pluviais invadiam a caverna através da tampa. O serviço de impermeabilização da tampa foi refeito e a coberta provisória foi revisada e virou definitiva (Fig. 14).
Fig. 12 – Caverna do Alvo: Contrapiso danificado por água pluvial oriundo da tampa da Caverna. Fonte: Melo, C. A. P. 2008.
Fig. 13 – Tampa da Caverna do Alvo: Abertura no perímetro da tampa com infiltração de águas pluviais. Fonte: Melo, C. A. P. 2008.
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
O projeto de instalações hidráulicas não contemplou a construção de caixa dágua para alimentação da unidade (Fig. 14). Esperava‐se contar com a água proveniente da caixa dágua existente que alimenta todo o Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN), mesmo sabendo‐se que o empreendimento se tratava de uma unidade estratégica cuja produção não poderia parar devido a interrupção do abastecimento d’água por parte da concessionária local. Posteriormente, em mais uma improvisação realizada no decorrer da obra, foi inserida no projeto uma caixa dágua de 5.000 litros em polietileno que foi escondida por uma parede em alvenaria revestida e pintada com tinta PVA (Fig. 15) de modo a se harmonizar com a estética da edificação. Os compressores dos aparelhos de ar‐condicionado tipo split foram instalados em base de alvenaria na área descoberta do Piso Técnico. A base de alvenaria recebeu impermeabilização com manta asfáltica. Foram construídas duas minicobertas com telhas de fibrocimento de 8mm de espessura sobre os pontos de descida da tubulação frigorígena que partem dos compressores em direção aos escritórios onde se encontram instalados os split’s para protegê‐los da ação da chuva. Verificou‐se que o Projeto de Instalações Hidráulicas não foi devidamente compatibilizado com o de Cálculo Estrutural. Não foi previsto no cálculo a fôrma e ferragem dos tanques de decaimento de material radioativo tendo sido objeto de improvisação durante a execução. Além disso, as duas caixas para tratamento de esgoto contaminado foram transformadas em uma única em local estratégico, próximo à Central de Água Gelada sem que tenha havido a revisão no Projeto de Cálculo Estrutural.
Fig. 14 – Implantação de caixa dágua com capacidade para 5.000 l em polietileno não prevista no projeto original, para abastecer a unidade. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
Fig. 15 – Paredes em alvenaria revestida para esconder a caixa dágua. Ao fundo do lado esquerdo, coberta sobre tampa da caverna do Bunker. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
Todo o porcelanato das fachadas foi aplicado com argamassa colante tipo AC‐III marca Quartzolit, com espaçamento de 3mm e rejunte Quartzolit de base epóxi. Foi aplicado porcelanato Elizabeth Granitti Ônix (preto) em alto relevo. Nos painéis restantes foi utilizado porcelanato Ibiza polido (bege) para manter a harmonia do conjunto com os outros edifícios do CRCN. Foi colocado rufo em porcelanato no respaldo da platibanda.
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Durante a execução do revestimento das fachadas surgiu eflorescência de cor esbranquiçada no rejunte do porcelanato preto. Atualmente ainda se observa o surgimento de eflorescência nas Fachadas Sul, Oeste e Norte. Até o porcelanato preto da rampa de acesso à saída de emergência dos laboratórios encontra‐se apresentando eflorescência no rejunte (Fig. 06). Foi construída uma edícula (Fig. 16) com estrutura em concreto armado, vedação em alvenaria de tijolos cerâmicos de uma vez rebocada e pintada internamente com tinta à base de PVA acrílica. A coberta foi executada com telhas de fibrocimento onduladas com calha construída em alvenaria revestida e impermeabilizada. Os algerozes são de concreto armado. Externamente, as fachadas das paredes receberam revestimento em cerâmica 10 x 10cm Elizabeth nas cores bege e preto. O piso interno recebeu cerâmica antiderrapante. O agenciamento externo recebeu pavimento intertravado de concreto contido por meio fio de concreto. Nas inspeções realizadas, não se observou o surgimento de eflorescência por entre o rejunte das placas cerâmicas da Casa de Força (Fig. 16). Acredita‐se que isto tenha ocorrido devido ao pequeno tamanho das placas cerâmicas (10 x 10cm) e ao rejunte Quatzolit empregado que permitiu a absorção da dilatação térmica das placas cerâmicas. Também não se observaram fissuras na altura do fundo da verga existente sobre as portas comprovando a perfeita aderência entre alvenaria estrutural e elementos de concreto. A remoção da eflorescência deve ser realizada com a lavagem do porcelanato das fachadas com ácido orgânico (ácido acético, CH3COOH), retirada do rejunte existente e aplicação de rejunte flexível Sikaflex‐221 cor cinza‐escuro. O Sikaflex‐221 é um adesivo selador de poliuretano, monocomponente, com elevada qualidade, utilizado em diversas funções, que cura ao entrar em contato com a umidade atmosférica formando um elastômero durável. De acordo com o fabricante, Sikaflex‐221 adere perfeitamente a uma grande variedade de materiais, sendo apropriado para manter elásticas, de uma forma permanente, vedações que necessitem de grande força adesiva. É apropriado para materiais como madeira, metais, metais com aplicação de primer ou pintura de acabamento (sistema de dois componentes), materiais cerâmicos ou plásticos.
Fig. 16: Casa de Força. Cerâmica 10 x 10cm nas cores preta e branca aplicada nas fachadas, sem eflorescência. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
Fig. 17: Marquise: Impermeabilização sendo refeita para sanar as manchas no teto do acesso à unidade. Fonte: Melo, C. A. P. 2009.
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Não foram observados indícios de manchamentos na parte inferior das paredes internas da Casa de Força devido a ascensão de água por capilaridade. A grama esmeralda (Zoysia Japonica) plantada no jardim do entorno encosta na parede da Casa de Força, estando a mesma sujeita à ação da umidade proveniente da rega diária das plantas e das chuvas. Os desenhos as built (conforme construído) relativos às etapas dos diversos serviços realizados durante a execução da obra não foram entregues. Desta forma, perdeu‐se a referência do que foi realmente executado. Tais documentos são fundamentais para se ter um registro de tudo que foi efetivamente executado na obra, principalmente no que diz respeito ao real posicionamento das tubulações embutidas em alvenarias, pisos, ou forros, o que facilitará bastante os serviços de manutenção do empreendimento. A Unidade de Produção de Radiofármacos foi concluída no final de 2009. Após a aceitação provisória da obra realizou‐se a “posta em marcha” da unidade farmacêutica com os testes dos equipamentos e início da produção do radiofármaco FDG‐18, de acordo com as Boas Práticas de Fabricação. A aceitação definitiva da obra depende ainda da solução de diversas pendências contratuais apontadas nos relatórios da Fiscalização. Com a aceitação definitiva da obra, deverá ser fornecido o Manual do Adquirente e Usuário de Imóveis segundo a norma [9]. Deverão ser realizadas vistorias periódicas na edificação conforme o disposto no Decreto Estadual [10] que Regulamenta a Lei nº 13.032, de 14 de junho de 2006, e alterações, que dispõe sobre a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas em edifícios de apartamentos e salas comerciais no âmbito do Estado de Pernambuco, especificamente no que concerne às edificações em alvenaria resistente, e dá outras providências.
5 Conclusão
Como a Unidade de Produção de Radiofármacos ainda não possui o manual de operação uso e manutenção das edificações, conforme previsto na norma [9] sugere‐se a contratação de um especialista para vistoriar a edificação e elaborar um plano de manutenção preventiva que estabeleça um conjunto de atividades para conservar a capacidade funcional da edificação mediante a execução de serviços pré‐estabelecidos em prazos definidos. Isso evitará surpresas desagradáveis na previsão orçamentária e reduz os custos de manutenção. Segundo a norma [4], a omissão em relação à necessária atenção para a manutenção das edificações pode ser constatada nos freqüentes casos de edificações retiradas de serviço muito antes de cumprida sua vida útil projetada, causando muitos transtornos aos seus usuários e um sobrecusto em intensivos serviços de recuperação ou construção de novas edificações. Seguramente pior é a obrigatória tolerância, por falta de alternativas, ao uso de edificações cujo desempenho atingiu níveis inferiores ao mínimo recomendável para um uso saudável, higiênico ou seguro. Tudo isto possui um custo social que não é contabilizado, mas se reflete na qualidade de vida das pessoas. Ainda segundo a norma [4], a manutenção não pode ser realizada de modo improvisado e casual posto que seu custo é relevante economicamente no custo global das edificações. Ela deve ser entendida como um serviço técnico cuja responsabilidade exige capacitação apurada. Para se atingir maior eficiência na administração de uma edificação ou conjunto de edificações, é necessária uma abordagem fundamentada em procedimentos organizados em um sistema de
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
manutenção, segundo uma lógica de controle de custos e maximização da satisfação de seus usuários com as condições oferecidas pelas edificações. Recomenda‐se que seja implementada a norma [4] “Manutenção de Edifícios – Procedimentos”, onde se define manutenção como sendo um conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes a fim de atender as necessidades e segurança de seus usuários.
6 Considerações finais
Este trabalho analisa a construção de uma edificação da indústria farmacêutica. Cabe à equipe multidisciplinar encarregada da elaboração dos projetos, trabalhar de forma integrada para que todos os projetos estejam perfeitamente compatibilizados e perfeitamente detalhados antes de sua entrega ao cliente. Ressalta‐se a importância do detalhamento arquitetônico para que na obra não haja improvisações por falta solução adequada para a execução de determinado sistema da edificação. Ressalta‐se ainda a importância do projeto de alvenaria que deveria detalhar o encontro das paredes com os elementos de concreto, acunhamento no encontro com as vigas de respaldo, coxins de apoio, etc. para evitar a fissuração das paredes ocasionadas por dilatação térmica da estrutura de concreto armado. Deveria ter sido dada importância ao projeto de impermeabilização, uma vez que a maioria das manifestações patológicas são causadas por penetração de umidade nos diversos sistemas da edificação. Corrosão de armaduras, eflorescências, manchas, bolores são exemplos de manifestações patológicas causadas por penetração de água de chuva ou de águas subsuperficiais nas estruturas de concreto. Concluiu‐se que a maioria das manifestações patologicas observadas na Unidade de Produção de Radiofármacos do CRCN se originaram durante as etapas do seu processo construtivo, principalmente em dias chuvosos. Assim, ao se executar a construção de um empreendimento da indústria farmacêutica é fundamental que seja garantido o controle de qualidade em todas as etapas construtivas, com um planejamento bem detalhado, que permita uma visão clara do que será executado; um projeto que atenda os requisitos mínimos de qualidade; a escolha correta dos materiais; uma execução obedecendo ao projeto e as especificações. É fundamental que a fase de uso da edificação seja orientada com manuais de utilização da edificação. Reforça‐se a necessidade da importância da elaboração de um projeto arquitetônico bem detalhado e compatibilizado com os projetos complementares para a perfeita execução do empreendimento. As revisões nos projetos, quando necessárias, devem ser realizadas antes da contratação da obra. Além disso, só um projeto executivo completo confere condições adequadas para perfeita orçamentação do empreendimento visto que o índice de incertezas durante a fase de elaboração da planilha orçamentária com a previsão dos serviços será bastante reduzido proporcionando se encontrar o preço real do empreendimento. Isto posto, os órgãos públicos que contratam serviços técnicos de engenharia só deverão fazer a licitação da obra de posse de todos os projetos executivos do empreendimento.
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013
Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013
Alerta‐se as empresas interessadas na produção e comercialização de radiofármacos para a importância da elaboração de todos os projetos executivos concernentes ao empreendimento e sua perfeita compatibilização antes do início da obra. Caderno de encargos, detalhamento dos serviços, memoriais descritivos, orçamento pormenorizado e cronograma são elementos fundamentais para um correto gerenciamento da obra que vai prevenir a má execução dos serviços e o surgimento de manifestações patológicas nos diversos sistemas da edificação além de garantir a entrega da obra dentro do pazo previsto. Isto vai proporcionar o retorno do investimento dentro dos prazos estabelecidos para a realização do empreendimento.
Referências
[1] Costa Jr M P, Silva M G. A influência do processo produtivo no controle de patologias e nos processos de manutenção. Revista Engenharia, Ciência e Tecnologia ‐ Volume 6. Nº4 ‐ julho/agosto; 2003. [2] Picchi F, Agopyan V. Sistemas da qualidade na construção de edifícios. Boletim técnico da escola Politécnica da USP, BT/PCC/104, São Paulo: EDUSP; 1993. [3] Dórea S C, Silva L F. Estudo sobre índices da patologia das construções: paralelo entre a situação mundial e a brasileira. In: V Congresso iberoamericano da patologia de las construciones – CONPAT 99. Proceedings; 1999. Montevideo – Uruguai. p. 609‐616. [4] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5674: Manutenção de edificações ‐ Procedimento. Rio de Janeiro; 1999. [5] Lordsleem Jr A C. Sistemas de recuperação de fissuras da alvenaria de vedação: avaliação da capacidade de deformação. Dissertação (Mestrado) apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo; 1997. [6] Tokazi A et al. Manual técnico de manutenção e recuperação. São Paulo, FDE; 1990. [7] Thomaz E. Trincas em Edifícios – causas, prevenção e recuperação/Ercio Thomaz. São Paulo. Editora PINI; 1989. 194p. [8] Duarte R B. Correção de fissuras em alvenarias. In: Seminário sobre manutenção de edifícios, 1., Porto Alegre; 1988. Anais. Porto Alegre, UFRGS ‐ Curso de Pós‐graduação em Engenharia Civil; 1988. p.87‐98. [9] ______ NBR 14037: Manual de operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. Rio de Janeiro; 1998, 5 p. [10] Pernambuco. Governo. Decreto Estadual Nº 33.747, de 06 de agosto de 2009. Regulamenta a Lei nº 13.032, de 14 de junho de 2006, e alterações, que dispõe sobre a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas em edifícios de apartamentos e salas comerciais no âmbito do Estado de Pernambuco, especificamente no que concerne às edificações em alvenaria resistente, e dá outras providências. Palácio do Campo das Princesas, Recife; 2009, 9 p. Disponível em: <http: //www.prpe.mpf.gov.br /internet/Legislacao/Administracao‐Publica/Decretos / DECRETO ‐ ESTADUAL ‐ N1‐33.747‐DE‐06‐DE‐AGOSTO‐DE‐2009. Acesso em: 21/01/2013.