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LIVRO DE RESUMOS
COPYRIGHT 2014 © RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS, LARISSA FONTINELE DE
ALENCAR & FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (ORG.)
Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa dos organizadores.
CAPA: MAURÍCIO FONTINELE DE ALENCAR
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR REVISÃO: OS AUTORES SUPERVISÃO: RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) FICHA CATALOGRÁFICA FEITA PELO EDITOR
C145
Caldas, Raimunda Benedita Cristina et al.
Inclusão e preservação de saberes para o bom viver: livro de
resumos do Seminário Tradução e Interculturalidade / Raimunda
Benedita Cristina Caldas, Larissa Fontinele de Alencar, Fernando
Alves da Silva Júnior. Bragança/PA: PPLSA, 2014.
172p. Il. Color.; 14x21
ISBN:
1. Comunidades tradicionais. 2. Educação no Campo. 3. Estudos
Culturais. 4. Estudos linguísticos. 5. Estudos literários. 6.
Estudos terminológicos. 7. Interculturalidade. 8. Linguagem e
Educação. 9. Tradução. 10. Tradução cultural. 11. Título.
CDD 400
CDU 82
RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS; LARISSA FONTINELE DE
ALENCAR; FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR (Org.)
Inclusão e preservação de saberes
para o bom viver
Livro de RESUMOS
Seminário Tradução e
Interculturalidade
PPLSA
Bragança/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Carlos Edílson de Almeida Maneschy Reitor
Horacio Schneider
Vice-Reitor
Emmanuel Zagury Tourinho Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
Sebastião Rodrigues da Silva Junior Coordenador
Janice Muriel Cunha Vice-Coordenadora
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA
Raimunda Benedita Cristina Caldas Coordenadora
José Guilherme dos Santos Fernandes Vice-Coordenador
PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra. Raimunda Benedita Cristina Caldas
COMISSÃO CIENTÍFICA
Ana Suelly Arruda Câmara Cabral
Beatriz Gama Rodrigues Carmem Lúcia Reis Rodrigues
Esteban Reyes Celedón Flávio Leonel Abreu da Silveira
Frederico Augusto Garcia Fernandes Georgina Negrão Kalife Cordeiro
João de Jesus Paes Loureiro
José Guilherme dos Santos Fernandes Luis Júnior Costa Saraiva
Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Nilsa Brito Ribeiro
Paula Tavares Pinto Paiva Pere Petit Penarrocha
Raimunda Cristina Caldas Regina Helena Urias Cabreira Roberta Alexandrina da Silva
Salomão Antonio Mufarrej Hage Sylvia Maria Trusen
Tabita Fernandes da Silva Valéria da Silva Medeiros
COMISSÃO ORGANIZADORA
Adriana da Silva Lopes
Aldilene Lopes de Morais Andréia Ribeiro
Daniele Silva Edileuza Amoras Pilletti
Elenilda do Rosário Costa
Elizabeth Conde de Morais
Fernando da Silva Junior
Francisco Pereira de Oliveira
Juciany Soares
Larissa Fontinele Alencar Márcia Saviski Pinho Michelly S. Machado
Natacha Penna Rosana Brito
Viviane Carvalho
MONITORIA
Adriano V. dos Santos Alessandra Nascimento
Ane Caroline Lisboa Anilton Costa
Camilla Rodrigues dos Santos Carmem Ferreira Miranda
Cássia Sueny Sousa da Cunha Cleiton da Costa Ribeiro
Daisy Sousa Santana
Elivelton Elivelton Silva Reis Francinei dos Santos Padilha Francisca Dulciléia da Silva Gleciane da Silva Pantoja Ingrid Clairley Barbosa Ivonete Souza Campelo
Izabelle Dayanne de Morais
Jacqueline Bianca Matos Keila Cristina R. Pacheco Keila de Paula Fernandes
Luciana de Fátima Rosário Luciana de Fátima do Rosário Luis Humberto de O. Junior
Luma Caroline Rabelo Marcia Taynãn Rodrigues
Marclei da Silva Moura Marcos Roberto Costa
Maria Evangelina dos Santos Milena de Paula da Silva Miriane da Luz Soares
Morgana da Silva Perreira Nayara Leão Nunes
Paula Karine de Oliveira Paulo Vitor Ramos Ribeiro
Raiane Miranda Gomes Renata Guimarães Pinheiro
Rosangela da Silva Rosinely Costa Pereira Sigrid Corrêa Fonseca
Silvana Ribeiro Pereira Suellem Fernandes
Tamires Cassia da Silva Sousa Valdinei Ferreira da Costa
Vitor Hugo de Souza Gomes Yara das Chagas Furtado
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes....................................................... 23
ORALIDADE E INTERCULTURALIDADE
DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI: a linguagem do maravilhoso em “um sonho” Elenilda Rosário Costa | Sylvia Trusen.................................................... 25
ELEMENTOS NÃO VERBAIS
como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas Aline do Socorro dos Santos Araújo........................................................ 26
“MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”: as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia oriental Fernando Alves da Silva Júnior.............................................................. 27
NO LABIRINTO DA MEMÓRIA: a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira Juliana Patrizia Saldanha de Sousa....................................................... 28
PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA: a quarta morada do sebastianismo Sônia Moraes do Nascimento | Fernando Alves da Silva Júnior............... 28
TRADUÇÃO CULTURAL E ESTUDOS TERMINOLÓGICOS
A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO
medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico Fernanda Analena Ferreira Borges da Costa | Abdelhak Razky................ 30
AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico Aldilene Lopes de Morais | Roberta Alexandrina da Silva......................... 31
BANQUETE: um estudo sincrônico e diacrônico do termo Andréia da Silva Ribeiro | Raimunda Benedita Cristina Caldas................ 32
TERMINOLOGIA da piscicultura no Pará Josué Leonardo Santos de Souza Lisboa | Abdelhak Razky..................... 32
ESTUDOS LINGUÍSTICOS E INTERCULTURALIDADE I
ANÁLISE FONOLÓGICA descritiva da língua ka’apor Lorram Tyson dos Santos Araújo | Raimunda Benedita Cristina Caldas.. 34
ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA dos contatos culturais no município de Bragança Yara das Chagas Furtado | Tabita Fernandes da Silva............................. 35
TOPÔNIMOS DO TUPI: rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA Sara Concepción Chena Centurión | Carmen Lucia Reis Rodrigues......... 36
TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS em Macunaíma por Curt Mayer-Clason Marco Peixoto | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................... 37
EDUCAÇÃO NO CAMPO E INTERCULTURALIDADE
A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA
e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de Bacuriteua-Bragança-Pará Viviane dos Santos Carvalho | Georgina Negrão Kalife Cordeiro............... 38
A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA
na formação de educadores e educadoras das escolas do campo: uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA Edileuza Amoras Pilletti | Georgina Kalife Negrão Cordeiro...................... 39
PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO
matemática e formação de professores do campo Fabio Colins da Silva | Tadeu Oliver Gonçalves....................................... 40
PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA: desafios e perspectivas Maria Emília de Vasconcelos.................................................................. 41
GÊNERO, IDENTIDADE E INTERCULTURALIDADE
A IDENTIDADE FEMININA sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA Antonia Edylane Milomes Salomão......................................................... 43
AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL:
representações do gênero em relatos sobre a tortura Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa............................................... 44
QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia Turé-Mariquita de Tomé-Açu/PA Michelly Silva Machado.......................................................................... 45
RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE: festividade de São Braz, na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará Antonio Edson Farias............................................................................. 45
LITERATURA TRADUZIDA NA AMAZÔNIA E TRADUÇÃO CULTURAL
A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013) Suellen Cordovil da Silva........................................................................ 47
A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS:
aspectos teórico-metodológicos Delisa Pinheiro | Joyce Ribeiro................................................................ 48
A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder Rafaella Dias Fernandez | Izabela Guimarães Guerra Leal....................... 49
A TRAPAÇA do Iauaretê Leomir Silva de Carvalho | Sílvio Augusto de Oliveira Holanda................. 50
AS CICATRIZES DE MARIA:
entre dores e rupturas Luciana de Barros Ataide....................................................................... 51
CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS: o olhar apressado do outro Bene Martins.......................................................................................... 52
“JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica Francisco Pereira Smith Júnior.............................................................. 52
MEMÓRIAS DE TRABALHO
e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II Elizabete Lemos Vidal............................................................................. 53
PAULO PLÍNIO ABREU e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia Geovane Silva Belo | Sônia Araújo........................................................... 54
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE I
A VARIAÇÃO DIATÓPICA no dicionário escolar Brayna Conceição dos Santos Cardoso................................................... 56
A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL: um estudo do português falado em Mocajuba Maria Sebastiana da Silva Costa | Regina Célia Fernandes Cruz.............. 57
DEVIRES KYIKATÊJÊ Juliana do Monte Gester | Sue Rivera Ikeda | Hiran de Moura Possas |
Lucivaldo Silva da Costa......................................................................... 58
INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da região do Gurupí Eliene Rosa Chaves | Tabita Fernandes da Silva..................................... 59
TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo Tembé Lena Cláudia dos Santos Amorim Saraiva.............................................. 60
VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA:
análise acústica preliminar Gisele Braga Souza | Regina Célia Fernandes Cruz................................. 61
ESTUDOS DE TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE
A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES de Haroldo de Campos e Herberto Helder Geovanna Marcela da Silva Guimarães | Izabela Guimarães Guerra Leal....................................................................................................... 63
À PROCURA DE MÁRIO Faustino tradutor Thiago André Veríssimo......................................................................... 64
DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA em O Xangô de Baker Street Fernando Henrique Crepaldi Cordeiro................................................... 65
MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS: um estudo de nomes de lugares de origem indígena
de Curuçá (PARÁ) Ilzaléa Rocha da Silva | Carmen Lúcia Reis Rodrigues............................. 66
ROBERT STOCK: poeta, tradutor e vagabundo Dayana Crystina Barbosa de Almeida.................................................... 66
TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA de São Domingos do Capim/PA Jeconias Monteiro de Araújo | Carmen Lúcia Reis Rodrigues................... 67
ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE
A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI: primeiras reflexões Joyce Ribeiro | Lidia Sarges.................................................................... 69
O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO,
e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande” Rayniere Felipe Alvarenga de Sousa | Deyse Carla da Silva Mota | Sylvia Maria Trusen.......................................................................................... 70
O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA: uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense” Elizabeth Conde de Morais | Carmen Lucia Reis Rodrigues | Sylvia Maria Trusen................................................................................................... 71
O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA: a tradução e a performance do narrador Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa | Sylvia Maria Trusen.................. 72
PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução Márcia Saviczki Pinho | Carmem Lúcia Rodrigues Reis........................... 73
ESTUDOS LITERÁRIOS E OUTRAS ARTES
“CACHORRO DOIDO”: uma análise antropológica da homossexualidade
na narrativa curta, de Haroldo Maranhão Rodrigo Maroja Barata | Joel Cardoso..................................................... 75
ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade contemporânea Joel Cardoso.......................................................................................... 76
ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE) Hyago Átilla Sousa dos Santos | Edson Soares Martins........................... 77
ESTRATÉGIAS DE LEITURA: uma experiência local marajoara Jurema do Socorro Pacheco Viegas | Joel Cardoso.................................. 78
MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS:
cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA) Ninon Rose Tavares Jardim.................................................................... 79
MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes Glayce de Fatima Fernandes da Silva | Ediane Maria Guimarães Monteiro | Joel Cardoso.......................................................................... 80
ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE I
A ATIVIDADE DE CAÇA como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá
José Rondinelle Lima Coelho | Felype Mota Moreira............................ 82
A MEMÓRIA DO CONSUMO: aspectos culturais da vila Cearazinho Rafaella Contente Pereira da Costa | Pere Petit Peñarrocha...................... 83
MANDIOCULTURA: estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil” Natascha Penna dos Santos | Luis Junior Costa Saraiva......................... 83
O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará Luis Junior Costa Saraiva...................................................................... 84
OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ: uma breve discussão metodológica Pâmela Paula Souza Neri | Gilcilene Dias Costa....................................... 85
QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA?
alteridade e família na Amazônia Kirla Korina dos Santos Anderson.......................................................... 86
RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO
como fonte de renda sustentável em comunidades rurais
no município de Bragança Délio Saraiva dos Santos........................................................................ 87
UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR como resistência sociocultural Evilania Bento da Cunha........................................................................ 88
LINGUAGENS DISCURSIVAS E CULTURAIS
ESTUDOS DOS GESTOS dêiticos na linguística Romário Duarte Sanches | Sabine Reiter................................................. 90
LITERATURA E CINEMA: perspectiva intercultural amazônica Cleidiane Maria Pureza Moraes | Tabita Moraes de Castilho | Lilian Pereira Nascimento................................................................................. 92
NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO: análise das intervenções do professor de língua portuguesa
em textos escolares Eduarda Otacília Silva Meireles | Fernanda Ramos Correa | Hadson José Gomes de Sousa............................................................................. 93
SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS: letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA Mônica de Jesus dos Anjos Nunes | José Sena Filho | Luiz Guilherme Junior................................................................................... 94
SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES: o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas décadas de 1960-1990 Ariane Baldez Costa | Pedro Petit Peñarrocha.......................................... 95
ESTUDOS LITERÁRIOS E INTERCULTURALIDADE
A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez Raimundo Conceição de Araujo de Sousa | Iris de Fátima
Lima Barbosa......................................................................................... 96
A BIOGRAFIA de Benedito César Pereira Lidiane Sousa da Silva........................................................................... 97
A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula e da História da Princesa da Pedra Fina Thays da Costa Pantoja | Suzy Maria Campelo Rodrigues | George Pellegrini................................................................................................ 98
BATUQUES E UMBANDAS:
entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em Bragança/PA Nazareno Araújo Barbosa....................................................................... 98
ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade Adriana da Silva Lopes | Roberta Alexandrina da Silva............................ 99
LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA de São Benedito em Bragança-PA Larissa Fontinele de Alencar.................................................................. 100
MARIA LÚCIA MEDEIROS: trajeto e palavra Aline de Fátima da Silva Lucena | José Guilherme dos Santos Fernandes.............................................................................................. 101
RASTROS DE “CAMÕES” em narrativas orais bragantinas Maria Evangelina Gato dos Santos | Larissa Fontinele de Alencar............ 102
ESTUDOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE II
ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS: a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950 Amilcar de Souza Martins Sobrinho | Roberta Alexandrina da Silva......... 104
ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO: um exercício de etnografia Carlos Alberto Corrêa Dias Junior.......................................................... 105
MEMÓRIAS MIRIENSES:
heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ Leidiane Pena Pinheiro | Carlos Alberto Corrêa Dias Junior..................... 106
NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES:
através do contato com a capa, as mãos tocam a história Renan Brigido Nascimento Felix | Francivaldo Alves Nunes..................... 107
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II
AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua Keila Cristina Redig Pacheco | Tabita Fernandes da Silva........................ 109
ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ: desafios da tradução Tabita Fernandes da Silva...................................................................... 110
O SUJEITO enquanto manifestação gramatical Janúbia Lucas Guague Guimarães | Tabita Fernandes da Silva...............111
UM ESTUDO DA HOMONÍMIA no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi Elivelton Silva Reis | Tabita Fernandes da Silva...................................... 111
COMUNIDADES TRADICIONAIS, SABERES E INTERCULTURALIDADE
A PRODUÇÃO DE SABERES na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus, Taperaçu Campo, Bragança (PA) Alceny Nunes de Araujo | Fernando Alves da Silva Júnior...................... 113
AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA... - uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas
da compreensão humana Carolina Maria Mártyres Venturini......................................................... 114
CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA
(Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus
LINNAEUS 1763 (Brachyura, Ucididae) Bruna Patricia Brito Matos | Claúdia Nunes Santos............................... 115
DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS como estratégia para o conhecimento e a preservação da Amazônia Juciclea Ataide da Silva | Bruna Patrícia Brito Matos | Rita de Cássia Oliveira dos Santos................................................................. 116
O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso Ana Célia Barbosa Guedes | Danila Guedes Azevedo | Alik Nascimento
de Araújo............................................................................................... 117
OS SABERES DA GENTE DO MAR: o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do Treme, Bragança (PA) Roseli da Silva Cardoso | José Guilherme dos Santos Fernandes............. 118
ENSINO, INCLUSÃO E INTERCULTURALIDADE
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA: saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ Andréa Lima de Souza Cozzi | Giselle Maria Pantoja Ribeiro.................... 121
NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA” em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA Adão Souza Borges................................................................................. 122
O XOTE DAS MENINAS” como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos Simone de Nazaré Viana Lima | Rita de Nazareth
Souza Bentes......................................................................................... 123
PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação Kelry Leão Oliveira | Camila Claide Oliveira de Souza | Gilcilene Dias da Costa................................................................................................. 124
ESTUDOS LITERÁRIOS, TRADUÇÃO E INTERCULTURALIDADE
CRÍTICA E TRADUÇÃO na obra de Ana Cristina César Beatriz de Souza Carvalho | Mayara Ribeiro Guimarães......................... 126
O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR em fanfictions – reescritas no meio virtual Fabíola Reis | Izabela Guimarães Guerra Leal........................................ 127
OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO
em Ana Cristina Cesar Mayara Ribeiro Guimarães..................................................................... 128
TRADUÇÃO LITERÁRIA: recepção nos suplementos literários letras & artes e arte-literatura Eldinar Lopes......................................................................................... 128
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE III
ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em Capanema Suely Cunha de Souza | Raimunda Benedita Cristina Caldas.................. 131
GESTOS DE APONTAR (POINTING): elementos linguísticos e culturais Simone Negrão de Freitas | Romário Duarte Sanches.............................. 132
INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO na toponímia de Tracuateua Maria de Fátima dos Santos Vale | Tabita Fernandes da Silva................. 132
O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor Raimunda Benedita Cristina Caldas....................................................... 133
ESTUDOS DE LINGUAGEM E INTERCULTURALIDADE II
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor Estelita Araújo Barros | Maria Augusta Raposo de Barros Brito............... 135
GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO:
trabalhando a oralidade com os alunos da EJA Gleciane da Silva Pantoja | Camilla da Silva Souza.................................. 136
INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de graduação em letras língua inglesa Marcus Alexandre Carvalho de Souza..................................................... 137
NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA e inclusão na escola Giselle Maria Pantoja Ribeiro | Tatiana Cristina Vasconcelos Maia.......... 138
RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD Antonia Edleuza Alves | Jaed Ríllare Alves de Sousa............................... 139
LÍNGUAS HISPÂNICAS E TRADUÇÃO CULTURAL
LITERATURA E HISTORIA: traços de resistência na literatura paraguaia Carlos Henrique Lopes de Almeida......................................................... 141
O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM: El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar Fernanda da Costa Silva | Iris de Fátima Lima Barbosa.......................... 142
O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL:
como reconhecê-los? Rozilda Rodrigues Monteiro | Valéria da Costa Cabral | Carmen Lúcia Rodrigues............................................................................................... 143
TRADUTORES HISPÂNICOS traduzindo para o português Eva Yolanda Taberne Albarenga | Giane da Silva Mariano Lessa.............. 143
ENTRE A TERRA, O MANGUE E O MAR: DIALOGANDO COM OS DIVERSOS SABERES DA
PESCA
AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude Norma Cristina Vieira Costa | Deis Elucy Siqueira.................................. 145
PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA Sebastião Rodrigues da Silva Júnior..................................................... 146
PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia Darcy de Nazaré Flexa Di Paolo | Deis Elucy Siqueira.............................. 147
“SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”: a importância do conhecimento ecológico local
para o bom viver na Amazônia
Roberta Sá Leitão Barboza.............................................................. 148
TREME:
um nome que conta as origens da comunidade Maria de Lima Gomes | Deis Elucy Siqueira............................................ 149
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: ESTUDOS INTERCULTURAIS
A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital Sybelle Rúbia Duarte Sampaio | Cicera Edilene Alves da Silva................ 151
A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no ensino superior Maria da Conceição Azevêdo................................................................... 152
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES
culturais para construção da escola bragantina Luciane Silveira Rodrigues | Maria Adriana Leite | Robson de Sousa Feitosa................................................................................................... 153
GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA:
uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências didáticas Tânia Maria Moreira | Paulo da Silva Lima.............................................. 154
LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS?
um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará Kelry Leão Oliveira | Gilcilene Dias da Costa........................................... 155
O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA Maria Adriana Leite | Luciane Silveira Rodrigues..................................... 156
DISCURSO E REPRESENTAÇÃO
DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO: as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011 Hildete Pereira dos Anjos | Flavia Marinho Lisboa................................... 158
ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS: interdiscursivade no campo jurídico Suelem Cristina Silva Bezerra................................................................. 159
MST E MÍDIA: o trabalho de produção de imagens Laécio Rocha de Sena | Nilsa Brito Ribeiro.............................................. 159
O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO: os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO, na memória dos atingidos e no discurso dos jornais Cícero Pereira da Silva Júnior................................................................ 160
O DISCURSO SOBRE A HERESIA na formação de uma identidade cristã ortodoxa Rosana Brito da Cruz | Roberta Alexandrina da Silva.............................. 161
OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES de evento de educação especial Ingrid Fernandes Gomes Pereira Brandão | Mírian Rosa Pereira | Hildete Pereira dos Anjos.................................................................................... 162
MESAS REDONDAS
A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE na conversão semiótica João de Jesus Paes Loureiro................................................................... 164
A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO na transmissão de conhecimento Maria Teresa Costa Gomes Roberto Cruz................................................ 165
A MORTE VIRGINAL: arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da república Aldrin Moura de Figueiredo.................................................................... 165
PESCA SUSTENTÁVEL: das questões químicas às questões de gênero Marileide Moraes Alves........................................................................... 166
TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória Carmen Lúcia Reis Rodrigues................................................................. 167
TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO:
leituras interculturais
Esteban Reyes Celedón....................................................................... 167
Apresentação
23
APRESENTAÇÃO Raimunda Benedita Cristina Caldes
Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na
Amazônia, do Campus Universitário de Bragança, da
Universidade Federal do Pará, convida para o evento
denominado I SEMINÁRIO NACIONAL EM TRADUÇÃO E
INTERCULTURALIDADE, que será realizado no período de 08 a 10 de
dezembro de 2014, no Campus Universitário de Bragança, cidade
localizada a 200 quilômetros da cidade de Belém, capital do estado do
Pará, na região nordeste e litorânea da Amazônia brasileira.
O Seminário congrega discussões a respeito das variedades de
discursos e usos de linguagem as convergências de feições de línguas e,
por conseguinte, de culturas nos mais variados modos de relação que
formam na perspectiva regional as interseções de outros modos de se
compreender a legitimar ideologia e identidade amazônicas.
O evento reúne por meio das conferências, mesas redondas, sessões
temáticas e programação artística e cultural pesquisadores que
desenvolvem e apresentam experiências de caráter interdisciplinar e
intercultural. As práticas, por sua vez, redimensionarão os processos
dialógicos e dialéticos nas discussões e proposições acadêmicas e nas
apresentações de amostras interculturais.
OBJETIVOS
Ampliar discussões a partir da tradução e das relações interculturais
advindas das práticas de integração em línguas e intralínguas, as quais
configuram os processos de formação e composição da realidade (pan)
amazônica, bem como divulgar as produções de práticas interculturais
na Amazônia.
O
Apresentação
24
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA
AMAZÔNIA
O Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na
Amazônia (PPGLS), na modalidade de curso de mestrado, está
vinculado ao Campus Universitário de Bragança, da Universidade
Federal do Pará, e tem por finalidade a formação continuada e o
fomento da prática investigativa de profissionais portadores de diploma
de nível superior, que sejam capazes de atuar no ensino de graduação e
pós-graduação, na gestão e na intervenção cultural especializada, tendo
como objetivo precípuo estudar, a partir de movimentos endógenos e
exógenos, as diversas representações e práticas que perfizeram e
perfazem as várias configurações das culturas da/na Amazônia,
mediante a compreensão das diferentes formações discursivas, em
diferentes linguagens, e suas correspondentes condições sociais e
históricas de produção.
O PPGLS existe desde 2011, quando realizou sua primeira seleção,
com aprovação de 12 candidatos. O Programa foi aprovado na 122ª
Reunião do CTC, da Capes, com o conceito 3, o que reforça nossa
motivação para alavancar este Programa, daí a necessidade de realizar
eventos, como o II SLINS, que possibilitem maior interação entre
pesquisadores e entre a Academia e a Comunidade em geral, com a
possibilidade de transferência de conhecimentos.
No Programa existe uma área de concentração – Linguagens e
Saberes – e duas linhas de pesquisa: Leitura e Tradução Cultural e
Memória e Saberes Interculturais. Para maiores detalhes acerca do
PPGLS, acesse: pplsa.blogspot.com.br.
Oralidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
25
ORALIDADE e interculturalidade
Coordenador: Fernando Alves da Silva Junior
DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XXI:
a linguagem do maravilhoso em “um sonho”
Elenilda Rosário COSTA (Bolsista Capes/PPLSA/UFPA)
E-mail: helen__costa@hotmail.com
Sylvia TRUSEN (Orientadora)
E-mail: syviatrusen@oi.com.br
definição atual dada ao maravilhoso é a de que ele supõe o
sobrenatural e que ao longo da narrativa permanecerá
inexplicado de acordo com as leis que regem a nossa realidade
humana. Partindo desta perspectiva, observaremos quanto de
veracidade há nessa lógica sob os olhos do sonho. O sonho, a partir do século IV quando o cristianismo se torna religião e, mais que isso,
ideologia, no Ocidente se torna fenômeno cultural, o qual passa a ser
conhecido em proporções e significados de maior e menor grau em
diversas sociedades humanas. Assim, “Um sonho”, narrativa oral
coletada pelo projeto Imaginário nas Formas Narrativas Orais da
Amazônia Paraense (IFNOPAP) faz parte de uma coletânea de narrativas intitulada Um portal para Bragança e é a partir de sua
análise que seguiremos no desenvolver deste trabalho. Buscamos,
aqui, falar da linguagem do maravilhoso no período medieval e de
como essa linguagem atua e/ou foi traduzida no século atual. Será
que são maiores as semelhanças ou as incongruências? A tradução
desse maravilhoso tem a mesma função/finalidade hoje que no Medievo? Por meio da narrativa citada procuramos entender como se
comporta os ensinamentos deste gênero e como que a narrativa oral
A
Oralidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
26
atual revela tais características; tudo isso, visto sob a perspectiva do
sonho, pois além de tratar deste aspecto como o próprio título revela, o
maravilhoso nesse âmbito é também riquíssimo na Idade Média. Para
fundamentar esta ideia autores como Le Goff, Lévi-Strauss, Todorov,
Walter Benjamin, Cuche entre outros serão abordados aqui.
Palavras-chave: Maravilhoso. Linguagem. “Um sonho”. Narrativa oral.
ELEMENTOS NÃO VERBAIS
como estratégias argumentativas em narrativas orais fantásticas
Aline do Socorro dos Santos ARAÚJO (UFPA)
E-mail: alinearaujo21@live.com
ste trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla que propõe
investigar estratégias argumentativas em narrativas orais
fantásticas, produzidas por falantes de comunidades rurais. Nesta comunicação apresentamos parte do resultado de análises de
narrativas orais fantásticas produzidas por falantes da comunidade de
Santa Rita do Crauateua localizada na zona rural do município de São
Miguel do Guamá no Nordeste do Pará. Nesta comunicação
analisamos os elementos não verbais empregados como estratégias
argumentativas em narrativas orais fantásticas. A análise mostra que os elementos não verbais, também denominados elementos
paralinguísticos, constituem recursos muito importantes para compor
o jogo argumentativo da narrativa. Nota-se que o falante, ao produzir
uma narrativa fantástica, precisa garantir a persuasão e convencer
seu ouvinte de que a história contada por ele é verídica. Assim é de grande utilidade para o falante, ao narrar um evento fantástico, valer-
se de elementos como gestos, olhares, movimentos corporais, tom de
voz, ritmo diferenciado, modulações na altura da voz, os quais, além
de servirem para cativar e prender o ouvinte na historia narrada,
contribuem para dizer que o fato é verdadeiro e digno de ser aceito
enquanto tal. Para este trabalho foram privilegiadas as manifestações linguísticas da área rural por advirem de pessoas que habitam em um
ambiente propício para o cultivo do imaginário. Para este estudo serão
utilizados como base teórica obras de autores como Koch (2008),
Todorov (2004) e Fernando Tarallo (1986) entre outros. A concepção de
argumentação adotada neste trabalho é a de que todo texto é argumentativo e a de que a argumentação está inscrita na própria
E
Oralidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
27
língua e que tanto elementos verbais como não verbais participam do
jogo de argumentação levado a efeito num evento comunicativo.
Palavras-chave: Elementos não verbais. Estratégias argumentativas.
Narrativas orais fantásticas.
“MAS COMO É QUE SE VIRA LABISONHO?”:
as peculiaridades de um “licântropo” na poética oral da Amazônia
oriental
Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA) E-mail: macuninfeta@gmail.com
om base na coleta de narrativas orais de cunho sobrehumano
durante a pesquisa de campo realizada na comunidade
Taperaçu Campo (Bragança, PA), observou-se um grande
número de narrativas que cuidam da metamorfose de pessoas em porco, ou seja, em “labisonho”, tendo como base essa transformação, o
objetivo desse estudo é enfatizar a alteridade nas narrativas de
metamorfose animal. Utiliza-se o termo sobrehumano para não sugerir
uma visão positivista ao reforçar a oposição entre natureza e cultura
suscitada pelo conceito de sobrenatural (BRELICH, 1983). Destaca-se
neste trabalho a duplicidade de alguns indivíduos desta localidade por conta do perspectivismo ameríndio de Viveiros de Castro (2008, 2011)
asseverar que existem modos de perceber o mundo que se diferem
entre os diversos seres, isso implica dizer que em um encontro de
subjetividades, ou seja, quando duas espécies se encontram na mata,
cada uma enxergará a outra a partir de seu ponto de vista. Viveiros de Castro explica que no contato de um indígena com um porco do mato
(caititu), o humano terá apenas um ponto de vista acerca desse
encontro, que ele se deu com um animal, não obstante, o encontro se
deu com dois, por isso pode-se considerar o ponto de vista do caititu e,
para este, o animal é o indígena, não ele. Como os encontros são, via
de regra, agressivos, e nesse exemplo, o indígena certamente tentará matar o porco, o caititu que ver a si mesmo como humano, enxergará
seu algoz como um jaguar, pois as onças caçam e matam os humanos,
na mesma medida em que se alimentam de caititus. Em vista do
exposto, a humanidade é sempre uma conquista, uma vez que todos
se enxergam como humanos, é dentro deste edifício conceitual construído por Viveiros de Castro que se pretende discutir a presença
deste labisonho na poética oral desta comunidade pertencente a
C
Oralidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
28
Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, (Bragança, PA),
enfatizando, sobremodo, a discussão de alteridade nas histórias de
metamorfose.
Palavras-chave: Labisonho. Poética oral. Perspectivismo Ameríndio.
Taperaçu Campo.
NO LABIRINTO DA MEMÓRIA:
a oralidade nas narrativas de Quintino de Lira
Juliana Patrizia Saldanha de SOUSA (UNAMA) E-mail: j.luar@hotmail.com
ntre os anos de 1981 a 1985 explode um conflito agrário no
Nordeste Paraense envolvendo diretamente o município de
Santa luzia do Pará. Na liderança dos colonos, neste conflito,
destacou-se Armando Quintino de Lira, que buscava liberar as terras para o colono ter a oportunidade para o trabalho. Sem solução para a
questão agrária, eles articulam-se e buscam outro meio de fazer
“justiça”, utilizando a força armada. Neste trabalho pretendo
investigar as narrativas orais relativas as ações do Quintino, enquanto
agia como Gatilheiro. Será necessário a utilização de entrevistas e
tendo como instrumento relevante, para que a pesquisa se realize, a memória dos cidadãos residentes em Santa Luzia do Pará. Busco
resgatá-las e catalogá-las numa perspectiva de construção de um
acervo como parte da história do município de Santa Luzia do Pará. A
caminhada metodológica terá como base o uso de pesquisa qualitativa
e envolverá, além de pesquisas documentais e bibliográficas, a pesquisa de campo, promovendo entrevistas com cidadãos que
atuaram com Quintino no conflito e/ou foram testemunhas desse fato
histórico e cultural para os luzienses. Busca-se compreender a grande
influência causada pelas ações do Gatilheiro na sociedade Luziense.
Palavras-chave: Quintino. Conflito agrário. Memória. Narrativas orais.
PEDRA DO GURUPI E A ILHA DA IARA:
a quarta morada do sebastianismo
Sônia Moraes do NASCIMENTO (UFPA) E-mail: sonia.mnascimento@hotmail.com
Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (UFPA)
E
Oralidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
29
E-mail: macuninfeta@gmail.com
presente trabalho visa apresentar uma breve descrição da
presença do sebastianismo na cidade de Viseu-PA,
especificamente na Pedra do Gurupi e na Ilha da Iara, dois
espaços que podem ser considerados místicos. A pesquisa tem por base as narrativas orais de moradores e pescadores locais. Acerca das
figuras sobrenaturais, analisou-se as narrativas a partir dos estudos
realizados por Heraldo Maués, que os denomina simplesmente como
“encantados” (...) “aqueles que se apresentam sob forma de animais
aquáticos, nos rios e igarapés Oiara, estes sob forma humana, no Mangal ou Caruana os que incorporam nos pajés” (MAUÉS, 1995, p.
190). A pesquisa inicial vislumbrou estas entidades a fim de entender
os eventos que ocorriam entre a pedra e a ilha, e as manifestações que
ainda ocorrem, como descrito por Cascudo (2010, p. 229), de que
neste local “é crença, entre os povos (...) [que] nas noites de luar, ouve-
se distintamente, lá embaixo, um rumor de vozes humanas e de repiques de sinos”, crença esta confirmada pelos narradores, de que
este lugar é o reino de “bastião”. Sendo assim, Maués considera três
locais como morada deste soberano português, “a primeira delas é a
ilha de Maiandeua, no município de Maracanã, onde se situam a praia
e o lago da princesa, que é a filha do rei (...). A segunda é a ilha de
Fortaleza, no município de São João de Pirabas, onde existe a ‘pedra do rei Sabá’ e o ‘coração da princesa’ (...) O mesmo acontece com a
ilha dos Lençóis, no litoral do Maranhão, esta é a terceira morada do
rei Sebastião” (MAUÉS, 2005, p. 264). Tendo em vista a forte crença
de que a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara trocavam de lugar até serem
“benzidas” por um padre, e que ainda há relatos de pescadores e curandeiros de Viseu afirmando a presença do rei Sebastião nesses
espaços, sendo que a ilha pertence à filha do rei encoberto e a pedra o
seu lócus privilegiado de aparição, neste trabalho defende-se que a
Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara corresponde à quarta morado do Rei
Sebastião.
Palavras-chave: Sebastianismo. Quarta Morada. Pedra do Gurupi. Ilha da Iara.
O
Tradução cultural e estudos terminológicos
I Seminário Tradução e Interculturalidade
30
TRADUÇÃO CULTURAL e estudos terminológicos
Coordenador: Elias Maurício da Silva Rodrigues
A VARIAÇÃO DO (R) PÓS-VOCÁLICO
medial no Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico
Fernanda Analena Ferreira Borges da COSTA (PPGL/UFPA)
E-mail: analenacosta@gmail.com
Abdelhak RAZKY (Orientador)
E-mail: arazky@gmail.com
ste -vocálico medial na
região Norte do Brasil, com foco em 18 (dezoito) localidades
distribuídas estrategicamente pela região, determinadas pelo
Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB); excetuando cidades capitais.
Configura-se, portanto, em um estudo Geolinguístico, representado inicialmente por Gilliéron (1915), na França, e por Aguilera (1998) e
Cardoso (2014) no Brasil, entre outros, atrelado a uma análise de cunho variacionista, ou seja, uma abordagem laboviana dos dados. O
objetivo está em verificar qual(s) variante(s) da variável (r)
apresenta(m) maior ocorrência na fala dessa Região, bem como
pontuar a influência de variáveis linguísticas e sociais na realização dos róticos em contexto interno, para posterior documentação dos
dados em cartas linguísticas que demonstrem a distribuição diatópica
das variantes identificadas. A análise é desenvolvida a partir de 4.608
ocorrências de (r) pós-vocálico medial, no entanto, até o momento foi verificada a metade desse corpus equivalente a 9 (nove) localidades do
Pará, proveniente da fala de 72 informantes (36 informantes até o momento) estratificados por meio de variáveis sociais: sexo e faixa
etária, e variáveis linguísticas dependentes e independentes. Para
E
Tradução cultural e estudos terminológicos
I Seminário Tradução e Interculturalidade
31
codificar, processar e analisar os dados utiliza-se o programa estatístico GOLVARB X. A título de resultados parciais, esta pesquisa
também encontra a fricativa glotal surda/sonora (aspirada) [/] como
a mais empregada por todos os falantes, seguida do zero fonético []. Palavras-chave: Sociolinguística. Variável. Variantes. Geolinguística.
AS ACEPÇÕES DE SANTO no senso comum e no dicionário terminológico
Aldilene Lopes de MORAIS (PPLSA/Bolsista Capes)
E-mail: aldmorais@hotmail.com
Roberta Alexandrina da SILVA (orientadora)
E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com
presente trabalho tem como meta fazer uma investigação do
termo santo. Vislumbrando-o com uma palavra que não faz
parte do léxico geral da língua, mas como um elemento que
está inserido dentro das línguas de especialidade. Assim, será imprescindível entendermos como a terminologia estuda o
comportamento dos termos dentro das línguas de especialidade. Para
essas ponderações teremos como aporte teórico Krieger e Finatto. As
autoras explicam-nos que o termo está atrelado às línguas técnicas,
ou seja, as línguas de especialidade. Nesta perspectiva, estudaremos
como se dá o processo de tradução do termo para as inúmeras situações comunicacionais que ele está inserido. A tradução é feita
quando há uma mudança de significado de um campo para outro.
Quando há uma troca cultural ocorre um processo de significação de
determinados aspectos de uma cultura para outra. Veremos que a
tradução não se dá apenas entre línguas, mas esse processo acontece entre culturas diferentes. Peter Burke, assim como Krieger e Finatto
nos darão suporte teórico para esse diálogo. Nossa pesquisa se detém
em pesquisas em dicionários e também em teóricos que argumentam
sobre o termo santo nas religiões cristãs, assim como em outras
religiões. Krieger e Finatto (2004). Peter Burke e Hsia (2009), Luigi
Moraldi (1999) e Mircea Elidade (2010) serão os principais teóricos que servirão como base para nossa pesquisa.
Palavras-chave: Terminologia. Santo. Língua de Especialidade.
O
Tradução cultural e estudos terminológicos
I Seminário Tradução e Interculturalidade
32
BANQUETE:
um estudo sincrônico e diacrônico do termo
Andréia da Silva RIBEIRO (Bolsista do PPLSA/UFPA)
E-mail: asr_letras@yahoo.com Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora)
E-mail: rcriscaldas@gmail.com
presente estudo discute pontos específicos do termo ‘banquete’
no campo da Terminologia. A análise voltada à investigação desse termo de especialidade toma-o como elemento linguístico
constituído socialmente, e, portanto, passível de ressignificação.
Objetivou-se lançar uma abordagem em torno do conceito de diacronia
e sincronia para análise do termo técnico da culinária, cuja
metodologia empregada envolve a pesquisa bibliográfica em textos que
discutem o léxico de especialidade. O arcabouço teórico contempla os estudos das autoras Krieger e Finatto (2004), Biderman (1996),
Faulstich (1998) e Bastarrica (1999). Portanto, o termo “banquete”
representa o objeto de estudo em perspectiva etimológica, sincrônica e
diacrônica. Assoma-se o estudo de Bettencourt (2001) com
contribuições a respeito da definição de banquete. Nesta perspectiva,
estabelece relações com a área da tradução – para compreender a representação e motivação na tradução dos termos técnico-científicos.
Do mesmo modo, dialoga com SOBRAL (2008) a respeito da prática
tradutória e com textos literários que tratam sobre o termo em
questão. Corroboram para esta análise alguns exemplares de textos
consagrados, a saber: O Banquete de Platão, O Banquete em Rabelais de Mikhail Bakhtin e textos bíblicos, com os quais verificam-se
mudanças de perspectiva do termo, da nomeação de assento para
designar uma refeição celebrativa.
Palavras-chave: Linguagem. Tradução. Termo de especialidade.
Banquete.
TERMINOLOGIA
da piscicultura no Pará
Josué Leonardo Santos de Souza LISBOA (UFPA) E-mail: josueleonardo10@hotmail.com
Abdelhak RAZKY (Orientador)
O
Tradução cultural e estudos terminológicos
I Seminário Tradução e Interculturalidade
33
E-mail: arazkyl@gmail.com
presente trabalho consiste na elaboração do glossário da
terminologia da piscicultura, ramo da aquicultura, de cultivo
de peixes, nos municípios de Belém, Castanhal, Peixe-Boi e
Igarapé-Açu, no Estado do Pará. O corpus denominado PisciTerm é constituído de entrevistas com piscicultores, técnicos, engenheiros da
pesca, professores especialistas, estudantes e trabalhadores braçais
do dia a dia das fazendas, laboratórios e estações de piscicultura.
Assim sendo, o objeto de estudo é o léxico especializado e as variantes
terminológicas linguísticas e de registro pertencentes à piscicultura, delimitadas em três campos semânticos: reprodução induzida,
engorda e comercialização. Têm-se, como ferramenta de auxílio para o
levantamento, a análise, edição, a organização e distribuição dos verbetes, os programas computacionais WordSmith Tools (versão 5.0) e
Lexique Pro (versão 3.3.1.). A pesquisa está ancorada nos
procedimentos teórico-metodológicos da socioterminologia
estabelecidos por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 2001, 2010). O objetivo é documentar, a linguagem técnica e as variantes orais dessa
área do conhecimento humano, em expansão no mundo, no Brasil e
no Pará, de grande relevância ambiental, econômica, nutricional e
social, tornando-se uma importante ferramenta tanto para os
profissionais da área, quanto para os demais profissionais, e a para todos os interessados pela terminologia da piscicultura.
Palavras-chave: Socioterminologia. Glossário. Piscicultura.
O
Estudos linguísticos e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
34
ESTUDOS LINGUÍSTICOS e interculturalidade I Coordenadora: Sara Concepción Chena Centurión
ANÁLISE FONOLÓGICA
descritiva da língua ka’apor
Lorram Tyson dos Santos ARAÚJO (UFPA)
E-mail: proflorram@gmail.com
Raimunda Benedita Cristina Caldas (Orientadora)
E-mail: criscaldas@ufpa.br
presente trabalho disserta sobre estudo linguístico do Ka’apor,
língua indígena que, descoberta por volta de 1930, integra um
conjunto de oito línguas do ramo VIII da família Tupí-Guaraní,
falada na região noroeste do estado do Maranhão e nordeste do Pará
por cerca de mais de 600 falantes, distribuídos em quatro aldeias indígenas. Os estudos concernentes à língua ka’apor apresentam
relativa atualidade, contudo, compõem considerável material de
estudo acerca de fundamentos estruturais da mesma, além de estudos
respeitantes a questões etnohistóricas. Nesse sentido, objetivamos, à
luz dos campos fonético-fonológico e morfossintático da língua, tecer
análise descritiva de aspectos linguísticos que caracterizam a língua Ka’apor, por meio de sistemas que a norteiam e que lhe conferem uma
gramática interna e em descobrimento. Desse modo, debruçamo-nos,
mais especificamente, neste labor sobre aspectos como: representação
fonético-fonológica (fonemas, alofones, segmentos vocálicos e
consonantais) padrão silábico, acentuação tônica, dentre outros. A pesquisa, em fase preliminar de estudo, confere caráter de ordem
bibliográfica e pretende colaborar com a literatura em torno da língua
em análise, tendo em vista a necessidade de ampliação dos estudos
O
Estudos linguísticos e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
35
de tal língua com o propósito de melhoramento do ensino do ka’apor
nas escolas de suas aldeias; de registro da referente língua, por meio
da escrita, dentre outros aspectos; para tanto amparamo-nos nos
estudos de KAKUMASU (1986), KAKUMASU & KAKUMASU (1988,
1990), CALDAS (2001, 2004, 2010), SILVA (2001, 2001), CORRÊA DA
SILVA (1997), RODRIGUES (1986), RIBEIRO (1996), bem como de outros pesquisadores, que discorrem pesquisas de inúmeras ordens
sobre a língua em estudo.
Palavras-chave: análise linguística; fonética e fonologia; Ka’apor.
ANTROPONÍMIA COMO EVIDÊNCIA
dos contatos culturais no município de Bragança
Yara das Chagas FURTADO (UFPA)
E-mail: yarafurtadorcc@hotmail.com
Tabita Fernandes da Silva, (Orientador) E-mail: tabitafs1@hotmail.com
presente trabalho busca apresentar evidências dos contatos
culturais no município de Bragança por meio do estudo de
antropônímos encontrados em registros oficiais de óbitos e de
nascimento que datam do período de 1826 a 1846. Bragança e regiões circunvizinhas, no passado, foram espaços onde entrecruzaram
europeus, indígenas e africanos, fato que é conhecido pelos registros
históricos e documentos antigos disponíveis em Bragança.
Encontramos na antroponímia a possibilidade de identificar mais
evidências do contato entre as três matrizes que formam a sociedade brasileira na região do Caeté em registros oficiais e verificar, nesses
registros, de que modo o influxo entre povos distintos exerceu
influência na escolha dos nomes de pessoas da localidade, bem como
nas escolhas dos modos pelos quais as pessoas eram nomeadas. Este
trabalho tem como fundamento teórico principalmente os trabalhos de
Dick (1986) e Carvalinhos (2007). A antroponímia tem sua origem na metade do século XIX e é um dos ramos da Onomástica, que estuda
especificamente os nomes próprios de pessoas, sejam prenomes ou
alcunhas de família, explicando sua origem e evolução e variação em
função de local, época e costumes ,tem fortes ligações com a história e
a geografia, e considera que, no antropônimo, ficam registradas atitudes e posturas sociais de um povo, suas crenças, profissões,
região de origem (Carvalhinhos, 2007). Embora este trabalho
O
Estudos linguísticos e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
36
apresente apenas resultados parciais uma vez que a pesquisa ainda
está em andamento, os resultados obtidos até então mostram a
importância de se identificar o indivíduo por meio da condição e do
papel social deste no momento de registrar o advento de seu
nascimento ou de sua morte.
Palavras-chave: Antroponímia. Contatos culturais. Sociedade bragantina.
TOPÔNIMOS DO TUPI:
rastros indígenas na cidade de Castanhal-PA
Sara Concepción Chena CENTURIÓN (PPGLSA/UFPA)
E-mail: sarachena@gmail.com
Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora)
E-mail: reisrodrigues@oi.com.br
ste trabalho pretende evidenciar as marcas identitárias
deixadas pelos indígenas e materializadas nos topônimos de origem Tupi na cidade de Castanhal (zona urbana). Para
alcançar esse objetivo e trazer à luz da demonstração que os
topônimos são marcas e fazem parte da memória do castanhalense foi
necessário o levantamento da parte histórica da construção da estrada de ferro Belém-Bragança, assim como, da fundação da cidade de
Castanhal. Além dos dados históricos também recorremos a recursos
como cartas geográficas desta cidade dos anos (1990; 1998; 2014),
bem como pesquisadores como Dick (1990, 1999, 2007); Carvalinhos
(2002; 2008); Cunha (1992); Cruz (1955), Gagnebin (2006), Orlandi
(1997, 2008), entre outros. Elementos toponímicos como Ibirapuera, Curuçá, Capanema, Tangarás e Sucupira, dentre outros quando
analisados minuciosamente evidenciam parte da história, elementos
motivadores e significados que nos levam a entender que estão
registrados na memória dos citadinos desta cidade marcas indígenas.
Um dado importante conseguimos alcançar, de que, se em um primeiro momento não nos aparece o elemento motivacional indígena,
num segundo o elemento principal de motivação é sem dúvida a língua Tupi. Outro ponto que constatamos é a ocorrência em maior
porcentagem de topônimos de natureza física, em ordem decrescente
temos os fitotopônios, os zootopônimos e dos hidrotopônimos. Palavras-chave: Onomástica. Topônimos. Castanhal. Tupi.
E
Estudos linguísticos e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
37
TRADUÇÃO DOS TERMOS INDÍGENAS
em Macunaíma por Curt Mayer-Clason
Marco PEIXOTO (UFPA/Bolsista PIBIC)
E-mail: marco.f.o.peixoto@hotmail.com Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)
E-mail: izabelaleal@gmail.com
presente pesquisa tem como interesse principal a reflexão a
respeito da tradução para o alemão do clássico modernista brasileiro Macunaíma – o herói sem nenhum carácter (1928.), de
Mario de Andrade. A tradução aqui mencionada é de Curt Meyer-
Clason, responsável pela tradução para a língua alemã de grandes obras da literatura brasileira, como Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa. A pesquisa tem como foco a tradução dos termos
indígenas empregados por Mario de Andrade. É igualmente importante
ressaltar a relação desses vocábulos com o tempo histórico e artístico em que Mario de Andrade lançava sua obra, avaliando o quanto ela foi
essencial para o envolvimento da literatura com o país. É importante
investigar se o tradutor foi capaz de manter o elemento intertextual da
obra original, cuja relação se dá pelo entrelaçamento do português
regular com os termos e as narrativas indígenas que o herói Macunaíma introduz, numa manifestação que evoca a pluralidade
linguística e a diversidade cultural, acarretando uma estrutura
narrativa singular. Para isso, será exposto um levantamento dos termos indígenas na em Macunaíma e levanta os questionamento
quanto a tradução desses mesmos para o alemão, ressaltado aqueles
que forem considerados de maior relevância pra construção do sentido da obra. Mais que uma simples representação do momento artístico
em que se insere, a obra se estrutura de forma complexa, revelando
relações de intertextualidade e apontando para uma dimensão de
recriação artística.
Palavras-chave: Tradução. Intertextualidade. Macunaíma.
A
Educação no campo e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
38
Educação no Campo e interculturalidade
Coordenadora: Edileuza Amoras Pilletti
A LINGUAGEM PRESENTE NA ESCOLA e aquela expressa pelos pescadores e marisqueiras de Bacuriteua-
Bragança-Pará
Viviane dos Santos CARVALHO (PPLSA/UFPA, Bolsista PAC/UNEB)
E-mail: vivres76@hotmail.com
Georgina Negrão Kalife CORDEIRO (Orientadora)
E-mail: cordeiro@ufpa.br
urante muito tempo, a linguagem que prevaleceu na escola
ocidental moderna foi a acadêmica, científica, de uma ciência linear, racional, fragmentada, homogênea, ligada à lógica dos
colonizadores; portanto, que deslegitima os conhecimentos e saberes
dos camponeses, em especial dos pescadores e marisqueiras. Estamos
em processo inicial de um estudo de caso da escola do campo
Raimundo Martins Filho, situada na comunidade Vila de Bacuriteua,
no município de Bragança, Nordeste do Pará, cujos (as) discentes são filhos (as) de pescadores e marisqueiras, na sua quase totalidade.
Pretendemos, através dessa pesquisa, com viés etnográfico e da
utilização de aspectos da história oral, perceber se os saberes e fazeres
dos pescadores e das marisqueiras estão inseridos na prática
pedagógica da referida escola; além da tentativa de contribuirmos para a valorização da identidade desses grupos pela instituição escolar
estudada. Utilizaremos as técnicas da observação participante,
entrevista e análise de documentos. Nesta produção escrita, propomos
reflexões em torno da conexão da linguagem, seu sentidos e
D
Educação no campo e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
39
importância, com questões culturais e os conhecimentos da natureza,
do trabalho, da vivência dos pescadores e marisqueiras; bem como,
um estudo sobre a presença da escola no contexto sociocultural
desses pescadores e marisqueiras, como um espaço de socialização de
conhecimentos e formação de identidades. Para tanto, lançamos mãos
de alguns autores: Kristeva (1969), Hoijer (1974) e Todorov (1996), que abordam sobre a linguagem; Lévi- Strauss (1997), Cuche (1999), Bosi
(1992) as questões de cultura; Arroyo (2012), Munarim (2009),
Fernandes (2006), Freire (2005) educação do campo; Oliveira (1993),
que se refere à linguagem e ao processo de socialização e
aprendizagem; Bourdieu (2007), que expõe sobre as relações de poder sociais e a aprendizagem da linguagem; Hall (2005) sobre questões de
identidade; entre outros. A partir desse trabalho, pensamos em
contribuir para desmistificar a legitimação de alguns saberes, fazeres e
linguagens veiculados pela escola como únicos verdadeiros e de
relevância.
Palavras-chave: Linguagem. Saberes. Escola. Pescadores. Marisqueiras.
A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA
na formação de educadores e educadoras das escolas do campo:
uma análise do Procampo na Amazônia oriental, Bragança-PA
Edileuza Amoras PILLETTI (IFPA/PPLSA)
E-mail: edileuza.pilletti@ifpa.edu.br
Georgina Kalife Negrão CORDEIRO (Orientadora)
E-mail: cordeiro@ufpa.br
ste estudo tem como foco o Programa de Apoio à Formação
Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo)
que oferta formação acadêmica ancorada na Pedagogia da
Alternância, uma proposta pedagógica que surgiu na França, em
1935, num vilarejo chamado Lot-et-Garone, que tem como pressupostos a formação integral do jovem ou adulto que vive no
campo, aliando o conhecimento tradicional ao científico. O educando
vive um período na escola e outro em sua comunidade de origem. Na
Pedagogia da Alternância, na escola, os educandos estudam segundo
um ritmo de alternância, havendo dois tempos de estudo: o Tempo Escola e Tempo Comunidade, que se alternam entre os Períodos
letivos. A partir disso, a pesquisa teve como objetivo central analisar
E
Educação no campo e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
40
como se materializa a formação dos/as educadores/as do campo,
formandos do curso de LPEC em Bragança, no Nordeste Paraense no
decorrer do Tempo Comunidade. Os demais objetivos buscou-se,
numa perspectiva geral, refletir sobre a concepção e os princípios
pedagógicos que norteiam Programa de Apoio à Formação Superior em
Licenciatura em Educação do Campo (Procampo) no âmbito do IFPA, considerando o lugar de onde se fala, isto é, de uma instituição
centenária que tem suas bases alicerçadas na educação profissional,
na qual a experiência com a Educação Superior é muito recente.
Pretende-se também constatar os desafios enfrentados e as estratégias
utilizadas pelos sujeitos envolvidos na execução da referida licenciatura. Para esta pesquisa, propus como metodologia de estudo a
Pesquisa Qualitativa por meio de um Estudo de Caso. Os dados
iniciais foram obtidos através de observação direta e participante. A
análise documental foi a nossa fonte primordial para obtenção dos
dados da pesquisa, leitura dos documentos da instituição referentes a
matricula dos educando e análise do Projeto Político Pedagógico da LPEC. Como resultado, este trabalho sinaliza que o PROCAMPO gerou
novos conhecimentos que ao serem confrontados com o currículo em
vigência aponta sua inadequação. O trabalho também assinala as
dificuldades e limites de ordem estrutural que, de certo modo,
comprometeu a dimensão pedagógica da referida formação.
Palavras-chave: Educação do Campo. Pedagogia da Alternância. Formação de Professores.
PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO
matemática e formação de professores do campo
Fabio Colins da SILVA (PPGECM/UFPA)
E-mail: colins.uepa@hotmail.com
Tadeu Oliver GONÇALVES (Orientador)
E-mail: tadeuoliver@yahoo.com.br
ste artigo tem como objetivo apresentar e discutir as práticas de
professores alfabetizadores das escolas do campo. As práticas
docentes que tratamos nesse texto voltam-se ao processo de
alfabetização matemática. O que chamamos de alfabetização
matemática são as práticas de leitura e escrita nas quais as crianças se envolvem no contexto escolar e extraescolar e que precisam
mobilizar conhecimentos associados à quantificação, às operações
E
Educação no campo e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
41
aritméticas, à movimentação e orientação no espaço e à leitura de
gráficos, relacionados com a resolução de situações problemas. Esse
estudo é parte resultante da pesquisa de mestrado do Programa de
Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da
Universidade Federal do Pará ofertado pelo Instituto de Educação
Matemática e Científica. Os sujeitos dessa pesquisa são dois professores alfabetizadores do campo que ensinam matemática nos
anos iniciais do ensino fundamental e que integram o Programa Federal de Formação Continuada de Professores Alfabetizadores, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Para fundamentar
as discussões sobre Alfabetização Matemática utilizamos as pesquisas
de Fonseca (2004) e Danyluk (1989), sobre Educação do Campo consideramos as produções de Antunes-Rocha e Hage (2010) e Arroyo
(2011). O material selecionado para apresentação e discussão são as
sequências didáticas construídas e aplicadas pelos professores
alfabetizadores em turmas multisséries das escolas do campo. Os
dados coletados possibilitou-nos apontar conhecimentos matemáticos
que foram mobilizados pelos professores no processo de alfabetização matemática.
Palavras-chave: Alfabetização Matemática. Formação de Professores.
Educação do Campo.
PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO RURAL, BRAGANÇA PA:
desafios e perspectivas
Maria Emília de VASCONCELOS (SEMED/UFPA)
E-mail: emiliavasconcelos@bol.com.br
ste trabalho é fruto de um estudo de caso do Programa Brasil
Alfabetizado Rural, em Bragança PA, o qual tem como foco
alfabetizar jovens de 15 anos em diante, com o interesse de
encaminhá-los já alfabetizados a 1º etapa da Educação de Jovens e
Adultos afim de superar o analfabetismo no município ora citado. Ademais, faremos uma reflexão sobre os desafios e dificuldades
encontrados, bem como os aspectos conceituais, filosóficos e
operacionais do mesmo que se baseia no método de Paulo Freire, para
fazer uma análise do perfil dos perfil dos alfabetizadores e
alfabetizandos que compõem as 32 turmas envolvidas nesta iniciativa.
Para tal, essa servirá como exemplo de transformação educacional na vida de 840 alfabetizandos que tiveram a oportunidade de resgatar o
E
Educação no campo e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
42
estudo perdido por vários motivos dentro de uma educação
transformadora. Vale destacar ainda, que nosso objetivo é
acompanhar 36 turmas rurais locadas em escolas, igrejas, centros
comunitários, associações residências e até casa de farinha. Com a
média de 15 alunos por turma, sendo na sua maioria mulheres. Nosso
desafio é durante o desenvolvimento do Programa, verificarmos os pontos positivos e negativos detectados na aplicabilidade tais como:
material didático, seleção e qualificação dos alfabetizadores e
coordenadores, desempenho dos alfabetizadores, dificuldades de
formar o quantitativo de matriculas, rejeição por parte do público alvo,
alta taxa de evasão, falta de ações voltadas para a cidadania, alto índice de repetência e a baixa taxa de continuidade dos estudos. E
como poderemos colaborar com sugestões de alterações para reverter
este quadro e executar com perspectivas de pleno sucesso o processo
de alfabetização.
Palavras-chave: Brasil Alfabetizado. Alfabetizar. Rural. Desafio.
Perspectivas.
Gênero, identidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
43
GÊNERO, IDENTIDADE e Interculturalidade
Coordenadora: Camilla da Silva Souza
A IDENTIDADE FEMININA
sobre o conhecimento das ervas e plantas de uso medicinal em Pimenteiras-PA
Antonia Edylane Milomes SALOMÃO (PPLSA/UFPA)
E-mail: dilamil@yahoo.com.br
sta pesquisa tem como eixo central indagar sobre a identidade feminina no processo de transmissão do conhecimento
relacionado às plantas e ervas de uso medicinal tendo como
exemplo a comunidade Quilombola de Pimenteiras. Porque é incomum
a presença do homem nesse campo de conhecimento? A construção do
conhecimento relacionado às plantas medicinais é predominantemente oral e, na grande maioria de saber feminino repassado entre as
gerações e partilhado entre as mulheres. Como exemplo para esta
pesquisa será tomados alguns dados transcritos do falar de uma
moradora da comunidade Quilombola da Pimenteira que resguarda
um conhecimento particular no campo das plantas e ervas de uso
medicinal, repassado entre as gerações femininas de sua família. Alguns autores serão basilares na pesquisa desse trabalho como Pedro
Paulo A. FUNARI (2003), Joan SCOTT (1990), José Rivair MACEDO
(1999), Vicente Junior SABINO (2002). O objeto deste estudo são as
pesquisas no campo da identidade de gênero no decurso da história
feminina. Com base nesta investigação o trabalho em questão proporciona como resultado a compreensão da relação feminina com
as plantas e ervas medicinal, observando que este saber não foi
marcado de forma positiva na distinção dos gêneros. A presença da
E
Gênero, identidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
44
identidade feminina no domínio do saber sobre as ervas, em certo
período histórico foi marcado como ato de punição e morte na
fogueira.
Palavras-chave: Gênero. Identidade Feminina. Ervas Medicinais.
AS MULHERES E A DITADURA MILITAR NO BRASIL:
representações do gênero em relatos sobre a tortura
Rosângela do Socorro Nogueira de SOUSA (UFPA)
E-mail: ro_nogueira123@hotmail.com
sta Comunicação versará sobre a representação da figura
feminina militante nos relatos proferidos por mulheres presas
entre o fim dos anos 60 e início dos anos 70, no contexto da
ditadura militar. Para tanto, toma-se como arcabouço teórico o
Sistema de Valoração, desenvolvido por Martin & White (2005, 2008), que, segundo Vian Jr (2009, p. 113) “...caracteriza-se como um
sistema interpessoal no nível da semântica do discurso...”, e a noção
de discurso na perspectiva da Análise do Discurso, além da concepção
de ideologia como “conjunto de práticas” cuja a materialidade é a
própria linguagem (MUSSALIM, 2001) com vistas às relações de tensão
presentes nesses relatos como manifestação de práticas que reproduzem relações sociais, históricas e ideológicas enunciadas por
um indivíduo que, interpelado pela ideologia, constitui-se como sujeito
do dizer de um lugar discursivo determinado. São analisados 5
excertos, veiculados no livro “Direito à memória e à verdade: Luta,
substantivo feminino”, de Tatiana Merlino, nos quais as sobreviventes descrevem as torturas sofridas. O livro foi lançado como parte das
celebrações do mês internacional da mulher, em 2010, e apresenta o
registro de vida e morte de 45 mulheres brasileiras engajadas na luta
contra a ditadura e o testemunho de 27 sobreviventes. Os relatos
serão analisados, visando desnudar como os recursos linguísticos
materializam os posicionamentos divergentes sobre o mesmo tema, no caso, a representação da figura da mulher no contexto da ditadura
militar, construindo personas discursivas e valorações negativas ou
positivas sobre essas mulheres de acordo com as formações
discursivas de onde se originam. As valorações sobre a mulher
presentes nos relatos ocorrem, em grande parte, dentro dos subsistemas de Julgamento e Apreciação e o modo de se relacionar
com as proposições, no subsistema de Comprometimento, concretiza-
E
Gênero, identidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
45
se por meio ora da Monoglossia, em que não ocorre negociação de
sentidos, ora da Heteroglossia, com os recursos de Distanciamento,
como forma de negação do discurso do outro.
Palavras-chave: Discurso. Ideologia. Valoração. Mulher. Ditadura
Militar.
QUESTÕES SOBRE IDENTIDADE ÉTNICA
e autoidentificação Tenetehára: estudo sobre aldeia Turé-
Mariquita de Tomé-Açu/PA
Michelly Silva MACHADO (Bolsista CAPES-PPLSA/UFPA)
E-mail: michelly_skazi@hotmail.com
história das etnias indígenas do Brasil é marcada por um
processo de negação e segregação das identidades. No cenário
Amazônico, as etnias indígenas resistem às segregações sociais existentes e estabelecem as mais variadas formas de preservar suas
culturas e legitimar suas identidades étnicas. Nesse contexto,
apresenta-se um estudo sobre a Aldeia Turé-Mariquita, etnia Tembé,
que faz parte da nação Tenetehára e está localizada na cidade de
Tomé-Açu no estado do Pará. Trata-se de um grupo que possui mais
de 400 anos de contato e sofreu ao longo da história com repressões violentas; campanha de caça escravos; epidemias; diminuição de seu
espaço; mão-de-obra estigmatizada; e a disputa de terras com
fazendeiros, madeireiros e colônias de imigrantes. Atualmente, o grupo
perdeu quase totalmente suas características étnicas, são
estigmatizados como “índios remanescentes” ou “misturados” e que procuram, após esse processo, garantir a integridade de suas terras,
revitalizar sua cultura e legitimar ou reafirmar sua identidade étnica.
Desse modo, desvelam-se reflexões sobre a questão indígena no
contexto da pós-modernidade, uma vez que, o grupo observado não é
entendido como seres estáticos sem transformações e adaptações no
tempo e no espaço. Para isso, dialoga-se com autores como: Ribeiro (1957), Burke (2008), Chartier (1990), Hall (2008) e Gomes (2002).
Palavras-chave: Etnia Tembé. Identidade. Legitimação étnica.
Resistência indígena.
RELIGIOSIDADE, CULTURA E IDENTIDADE:
A
Gênero, identidade e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
46
festividade de São Braz, na comunidade quilombola do
Jacarequara, em Santa Luzia do Pará
Antonio Edson FARIAS (SEDUC-PA)
E-mail: edsonfarias13@gmail.com
ste trabalho busca entender as representações da religiosidade,
cultura e identidade na comunidade quilombola Jacarequara,
em Santa Luzia do Pará, ao longo da sua história mas
principalmente durante a Festividade de São Brás, levando em
consideração a representação cultural e religiosa, as quais são defendidas por autores como Peter Burke, José Guilherme dos Santos
Fernandes, Vicente Salles, Edna Maria Ramos de Castro, Raymundo
Heraldo Maués, entre outros. A pesquisa analisa a Festividade a partir
das diversas facetas da mesma, a saber: A Festividade se inicia pela
MATANÇA, que é o ato de abater os animais doados a São Brás; A
MORDOMAGEM são os membros da Festividade, que logo após a ladainha podem ser escolhidos para serem JUÍZES ou PRESIDENTE
da Festividade do ano seguinte; A COMILANÇA, é o jantar que é
servido indiscriminadamente a todos os presentes; A PROCISSÃO e a
LADAINHA em latim caboclo são o auge religioso da Festividade e dá-
se no horário das 06 da tarde, logo após a ladainha é feito o sorteio
entre os MORDOMOS para a escolha do próximo Presidente, que ficará à frente dos preparos da Festividade para o ano seguinte,
encerrando assim a parte religiosa da festividade. Na sequência, temos
a festa de aparelhagem. Analisaremos, ainda, as tensões durante o
desenrolar da Festividade, voltados tanto para o religioso quanto pela
festa de aparelhagem. Palavras-chaves: Religiosidade. Identidade. Quilombola. São Brás.
E
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
47
LITERATURA TRADUZIDA na Amazônia e
tradução cultural Coordenadores: Francisco Pereira Smith Júnior
e Elizabete Lemos Vidal
A NOVA POSSIBILIDADE DE TRADUÇÃO: Grand sertão: veredas (2013)
Suellen Cordovil da SILVA (UNIFESSPA)
E-mail: sue_ellen11@yahoo.com.br
esta comunicação propõe-se apresentar trechos da nova tradução americana de Grande sertão: veredas (1965) com o
título Grand sertão: veredas (2013) realizada por Felipe
Martinez. Tem-se como objetivo geral analizar alguns trechos da nova tradução de Grande sertão: veredas. Felipe W. Martinez afirma que o
problema da última tradução de 1963 foi a falta da experiência de
tradução para o inglês, pois Harriet de Onís traduzia outras obras para a língua espanhola. Martinez considera que a tradução The devil to pay in thebacklands passou por simplificações. O novo tradutor
decidiu utilizar novas estratégias para a tradução de Grande sertão:
veredas, por exemplo, manter os neologismos, a sintaxe e a pontuação
do original. Martinez descreve que os neologismos para o inglês são
reinventados nessa nova tradução, diferentemente da tradução de
1963 que omitia e incluía palavras formais no lugar de recriar os neologismos para a língua inglesa. No caso da sintaxe, o novo tradutor
afirma que tentou ser fiel ao original, pois os leitores americanos
teriam que se adaptar às estruturas de significação da língua
portuguesa. A pontuação permanece inalterada nessa nova tradução,
N
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
48
pois, para Martinez, muitos tradutores são relutantes em lidar com as
palavras de Guimarães Rosa. Para o novo tradutor esse método
garante a conclusão da tradução. Essa tradução foi de uma parte do original, numa tentativa de recriar Grande sertão: veredas. Elaborou-
se um esquema com alguns trechos do original, da tradução de 1963 e
de 2013, que esses novos trechos traduzidos estavam próximos ao parâmetros do original como, por exemplo a sonoridade, a sintaxe e a
pontuação. As escolhas tradutórias comparadas demonstraram que as
características do original podem ser transpostas para língua inglesa.
Ele afirma que não permite “clichês”, pois Guimarães Rosa gostaria de
chamar a atenção do leitor americano. Nessa nova tradução, Martinez
tenta demonstrar o “não lugar comum” proposto por Guimarães Rosa. O tradutor alega que estudou o português por apenas um ano e
mescla a sintaxe do original com o inglês gradativamente. Palavras-chave: Grand sertão: veredas.Tradução. Recepção americana.
A TRADUÇÃO NOS ESTUDOS CULTURAIS: aspectos teórico-metodológicos
Delisa PINHEIRO (UFPA)
E-mail: delisapinheiro@yahoo.com.br
Joyce RIBEIRO (Orientadora) E-mail: joyce@ufpa.br
stamos desenvolvendo a pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero
e sexualidade/Prodoutor2013. Etnografamos dois ateliês de produção
do município de Abaetetuba/PA, no decurso de 10 meses. Entre os objetivos de pesquisa está a reflexão sobre o processo de tradução da
tradição deste artefato pedagógico-cultural, que tem ocorrido na
justaposição entre os significados da cultura ribeirinha e os da cultura
globalizada. Neste artigo, vamos apresentar o aporte teórico-
metodológico sobre tradução cultural que tem orientado a pesquisa. Acionamos a noção de tradução cultural em dois sentidos: como
ferramenta metodológica da etnografia pós-moderna (CLIFFORD,
1998), e como ferramenta analítica, do modo como manuseada pelos
Estudos Culturais desconstrutivos (BHABHA, 1998). No primeiro caso,
a tradução é uma atividade de pesquisa, ou seja, a prática do
pesquisador/a quando interpreta as informações produzidas no
E
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
49
trabalho de campo transformando-as em texto escrito. No segundo, é
uma prática humana, que se manifesta quando homens e mulheres
habitam os interstícios culturais. Desse modo, concluímos que nos
dois casos, a tradução cultural se materializa em meio a conflitos:
como atividade de pesquisa impõe ao pesquisador decidir sobre a
forma de registro das informações: se traduz garantindo a fluência e a inteligibilidade do leitor, apagando as particularidades da experiência,
ou se mantém a intenção e o sentido original do texto com suas
particularidades, possibilitando ao leitor perceber o foco do problema
de pesquisa e o caminho escolhido pelo pesquisador-tradutor. Ao final, ao traduzir o pesquisador inventa relatos parciais sobre certa cultura,
pois aciona a noção de objetividade e verdade contingentes. Como ação humana a tradução cultural é uma prática produzida como efeito
do encontro cultural, logo, em meio a conflitos e tensões que não terão
solução. Tais práticas tradutórias expressam a natureza múltipla e
conflitiva dos significados, bem como a abertura, a hibridez, e a
dinamicidade produzida pelos jogos de poder, pela diferença e pela alteridade.
Palavras-chave: Tradução cultural. Estudos Culturais. Cultura
tradutória.
A TRADUÇÃO POÉTICA em Herberto Helder
Rafaella Dias FERNANDEZ (Bolsista CAPES/PPGL/UFPA)
E-mail: rafaelladias_fernandez@hotmail.com
Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)
E-mail: izabelaleal@gmail.com
erberto Helder em seus livros sobre apropriações realizadas de
outros poetas não utiliza o termo tradução, e sim “poemas
mudados para português”. Esta forma peculiar de definir o
trabalho tradutório já aponta para o gesto de traduzir como um ato de criação literária. O tradutor não transporta para a sua língua a obra
estrangeira, ele cria uma nova obra, diferente daquela que lhe deu
origem. Na poética herbertiana, a criação assume lugar de destaque, e
a atividade de criar está totalmente relacionada a violência. Para o
poeta, a escrita é algo muito corporal, há a presença dos órgãos, dos
fluxos vitais, o corpo passa a ser pensado em partes, como potência viva, isso possibilita ao poeta o vazio da forma, o espaço para novas
H
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
50
formas e significados. Nessa deformação do corpo há uma violência
essencial para a construção de novos sentidos poéticos. Com isto, o
objetivo deste trabalho será refletir sobre a tradução literária na obra
poética herbertiana e como a violência assume lugar de destaque
nesse processo criador. Analisaremos três poemas traduzidos por
Herberto Helder em que é nítido o trabalho de criação poética e em que percebemos a presença marcante da violência, da deformação do
corpo e da palavra poética.
Palavras-chave: Tradução. Criação. Violência. Poética.
A TRAPAÇA
do Iauaretê
Leomir Silva de CARVALHO (Mestre/UFPA/bolsista CAPES)
E-mail: leomircarvalho@gmail.com
Sílvio Augusto de Oliveira HOLANDA (Orientador) E-mail: eellip@hotmail.com
sta comunicação versa sobre a linguagem do conto “Meu tio
Iauaretê” (1961) de João Guimarães Rosa em sua realização
transgressora. Barthes (1978) identifica a linguagem ao poder
afirmando que nela as estruturas de opressão se reproduzem e se mantêm. O poeta, para o pensador francês, é um dos únicos sujeitos
capazes estabelecer uma relação criativa com a linguagem passível de
suspender sua fixidez mesmo que por um breve momento, a esse ato Barthes chama de trapaça. Portanto, analisa-se no conto de
Guimarães Rosa como o autor brasileiro “trapaceou” ao contar a
estória de um matador de onças em “Meu tio Iauaretê”. Ao lado disso, traça-se um paralelo entre a tradução criativa, como a compreende
Haroldo de Campos no ensaio “A palavra vermelha de Hoelderlin”
(1977), e a fala do matador de onças. Sob esse aspecto, a tradução é
uma maneira chave de desdobrar a palavra em seu potencial estético
e, portanto, visa escavar um outro lugar na própria linguagem distante das determinações do poder. Assim, utilizando-se do conto de
Guimarães Rosa, analisa-se como a linguagem do onceiro encena ou
faz-se metáfora da tradução criativa que, em seu contato com o outro,
se aproxima cada vez mais de si mesmo, traçando um percurso repleto
de pontos brancos e de camadas sobrepostas, que, constantemente,
busca em si um lugar fora da autoridade e da repetição. Palavras-chave: “Meu tio Iauaretê”. Trapaça. Linguagem.
E
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
51
AS CICATRIZES DE MARIA:
entre dores e rupturas
Luciana de Barros ATAIDE (PUC/MG) E-mail: lu.c.aba@hotmail.com
onsiderando com Beth Brait, Antonio Candido e outros teóricos
que mostram como a personagem de uma narrativa encena a
linguagem, construindo assim a verossimilhança que a sustenta, objetiva-se mostrar como o conto As cicatrizes do amor, de
Paulina Chiziane teatraliza tal processo. Para isso, será
problematizado o deslocamento da personagem Maria através de uma
abordagem entre a tradição moçambicana e os valores da
modernidade no espaço africano, usando, nessa produção, um tom
memorialista. Cabe então lembrar que, ao caracterizar a construção da personagem, Renata Pallotini (1989) mostra como esse trabalho
pode tornar essa figura ficcional verossimilhante. Tal consideração a
autora o faz ao afirmar que a criação de um personagem requer o
trabalho de um desenho de esquema do ser humano, atribuindo a
esse ato criativo características e cores que produzirão um efeito de
verdade, claro, uma verdade ficcional. Assim, entendendo a personagem como essa unidade, nota-se que o artigo apresenta uma
análise do processo de construção desse ser verbal, dando-lhe sentido
que, por vezes, chega a confundir o leitor quanto aos limites que
separam a ficção da realidade. Para que o tom memorialístico seja
desenvolvido nesse estudo, será imprescindível que se recorra a
Halbwachs (2006) para uma abordagem acerca da construção da memória individual, associando-a à memória coletiva, uma vez que
para evocar o passado há a necessidade de se recorrer a lembranças
exteriores ao ser para que assim ele possa ser transportado a outros
pontos de referência determinados pela sociedade. A análise do conto
de Paulina Chiziane sob essa perspectiva mostra que a literatura tem como uma de suas funções a representação do real e é exatamente a
manipulação técnica da linguagem que vai determinar a classificação
de uma obra como literária ou não.
Palavras-chave: Personagem. Verossimilhança. Deslocamento.
Tradição. Memória.
C
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
52
CULTURAS AMAZÔNIDAS PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS:
o olhar apressado do outro
Bene MARTINS (UFPA)
E-mail: behne03@yahoo.com.br
m todo panorama de estereótipos populares e eruditos
construídos sobre a Amazônia, permanece uma gama de
conceitos impregnados daquela visão exagerada, resultante de
impressões e olhares apressados, sobretudo de viajantes que por aqui
passaram algum tempo e saíram difundindo o que para eles era a tônica das culturas amazônidas. Alguns dos relatos de viagens mais
conhecidos são os de Luiz e Elizabeth C. Agassiz, Francisco José de L.
e Almeida, Henry Walter Bates, Carlos Maria de la Condamine e o de Mário de Andrade com seu livro O turista aprendiz. Mário, em sua
viagem, embarca na atmosfera do povo ribeirinho, dá asas à
imaginação e divaga, tentando, naturalmente, fugir das estereotipias estrangeiras ou dos olhares opressores que os brasileiros poderosos
tinham sobre os destituídos da sorte, relegados apenas às benesses da
mãe-natureza. Este texto investiga o modo como as imagens
estereotipadas sobre as culturas dos povos amazônidas foram
construídas, demonstra o local de enunciação dos responsáveis pela
elaboração das “imagens-conceitos” e identifica algumas estratégias desenvolvidas pelos habitantes da região, para se manifestarem enquanto sujeitos produtores de expressões culturais. No corpus do
trabalho: fragmentos retirados de relatos de viagens; do romance O inferno verde de Alberto Rangel; de narrativas orais populares e dos
romances O relato de um certo oriente, de Milton Hatoum e A terceira margem, de Benedito Monteiro. Estes para ilustrar a complexa troca
intercultural entre os povos, e o convívio, nem sempre harmonioso,
entre as culturas, dada a impossibilidade de uma apreensão total das particularidades que cada cultura mantém.
Palavras-chave: Culturas amazônidas. Estereótipos. Enunciação.
“JOGOS INFANTIS”: uma geografia erótica
Francisco Pereira SMITH JÚNIOR (UFPA)
E-mail: fsmith@ufpa.br
E
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
53
presente artigo apresenta a obra jogos infantis de Haroldo
Maranhão como um texto dotado de uma linguagem ousada no
limiar de uma discussão dialética a respeito de sexo. O estudo
propõe uma analise da forma como os narradores tratam da
sexualidade nos quinze contos da obra. O humor e a ironia exercitam
com dinamismo e simplicidade a linguagem do texto e tentam filtrar os fatos sexuais das narrativas, de maneira que possam explicar a
sexualidade com senso de humor e interprete o cotidiano com mais
naturalidade, típica proposta pelos escritores do Modernismo
Brasileiro. A obra Jogos Infantis faz parte daqueles textos da literatura
que se destaca pela sua específica linguagem “lúdica”. Repleta de expressões que criam imagens que “brincam” com o imaginário do
leitor, utiliza uma linguagem que proporciona dinamismo e
simplicidade, no qual há um jogo das imagens (ou entrelaçamento) do
mundo ficcional com as imagens do mundo real. Faz o mundo
ficcional ser integrado à estrutura de realidade pela experiência crítica
do leitor e pela funcionalidade intertextual que a obra provoca. Percebe-se que o escritor procura tecer relações impensadas, que
multiplica imagens e se dá por gestos sensíveis, estabelecendo novos
campos de consistência e sentido. Em Jogos Infantis há um jogo que
reorganiza o valor do signo, combinando ideais que possibilitam uma
inversão na estrutura literal de certas construções lexicais.
Palavras-chave: narrativa, sexualidade, infância, metáfora.
MEMÓRIAS DE TRABALHO
e de vida frente ao projeto Belo Monte-Parte II
Elizabete Lemos VIDAL (UFPA)
E-mail: vidal@ufpa.br
s mudanças que se intensificam como consequência dos
impactos causados pela construção do Complexo Hidrelétrico do
Xingu revelam-se em relatos dos moradores das áreas atingidas pela construção da barragem do Complexo Hidrelétrico do Xingu
que está sendo construída na Volta Grande do Rio Xingu, no
município de Vitória do Xingu/Pa, região da Transamazônica, Norte do
Brasil, começando com uma grande obra de barramento e um
vertedouro onde a água terá sua passagem controlada. Com esse barramento, a Volta Grande do Rio Xingu foi atingida diretamente,
seja com alagamento, seja pela seca do rio. Centenas de pessoas já
O
A
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
54
abandonaram suas casas e estão recomeçando a vida em outro lugar.
Tomando como elemento indicativo a coleta de narrativas das quais
emerge a memória coletiva das famílias que moram e trabalham
nessas comunidades ribeirinhas, este trabalho de pesquisa registra as
práticas de trabalho, o modo de vida, a relação cotidiana com o rio,
bem como a gestão e uso dos recursos naturais de famílias localizadas no entorno da Volta Grande do Rio Xingu. O processo de deslocamento
a que são submetidos os atingidos pela barragem identificam a noção
de território, no que se refere ao espaço dominado por algum tipo de
poder, que vincula questões de ordem política e social. Trata-se,
portanto, de um método dialético que busca compreender a decomposição do espaço na destruição da estrutura social e da
memória coletiva de um grupo. Essa dialética pode ser identificada em
diferentes vozes discursivas de moradores das áreas ribeirinhas da
Volta Grande do Xingu, cujo perímetro compreende 05 comunidades:
Arroz Cru I, Arroz Cru II, Paratizão, Santa Luzia e Itaboca.
Palavras-chave: Narrativa. Oralidade. Memória. Belo Monte.
PAULO PLÍNIO ABREU
e o lugar das vozes poéticas no ensino de literatura da Amazônia
Geovane Silva BELO (DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO\UFPA) E-mail: geovanebelo@hotmail.com
Sônia ARAÚJO (Orientadora)
E-mail: ecosufpa@hotmail.com
aulo Plínio Abreu começou na literatura paraense entre os anos de 1940 e 1950. Publicou seus primeiros poemas no Suplemento
Arte-Literatura, do Jornal Folha do Norte e nas revistas
“Novidade” e “Terra Imatura”. O poeta apresentou uma visão
sensivelmente simbólica do mundo e imprimiu em seus versos as
aflições de quem vive o combate entre o pensamento e a palavra
(im)passível de tradução. O objeto de sua indagação era o enigma do verbo como signo precário, por isso poetizou, alheio aos temas
regionalistas, as conturbações da vida dividida entre o ser poeta e o
ser ente. Paulo Plínio buscava transfigurar a linguagem e revesti-la de
uma força simbólica perturbadoramente humana. Sua leitura de
mundo é sempre incomodada com a inutilidade da palavra, assim foge do verso comum. Reconhecida a potencialidade de sua escrita, sua
universalidade temática, notamos a invisibilizadade de sua obra no
P
Literatura traduzida na Amazônia e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
55
Ensino de Literatura da Amazônia. No encalço dessa leitura, extraímos
a questão: que proveitos haveria para a Educação de Jovens do
Ensino Médio, caso a poesia do autor estivesse mais presente nas
práticas docentes? Este artigo pretende propor um debate sobre o
lugar que as vozes literárias da Amazônia ocupam. Traz uma proposta
dialógica de análise sobre a poética de Plínio, apresenta algumas interferências temáticas em seus textos e questiona o reducionismo e
o ocultamento da Leitura de Literatura no Ensino de Literatura. O
leitor de literatura tem a chave da sensibilidade e da apreensão
estética. A arte literária é uma voz discursiva, força constituidora de
um significado individual e coletivo com o qual o leitor estabelece uma relação cultural. Desse modo, o professor deve ativar o convite à
experimentação e, por consequência, à reflexão participativa. A ação
dialógica do docente é a conexão do aluno com o senso poético, por
isso precisa ser uma oferta fascinante e libertadora, porque faz o
jovem imergir no enigma da palavra à espera de tradução, como nos
aponta Paulo Plínio Abreu. Palavras-chave: Paulo Plínio Abreu. Literatura da Amazônia.
Educação.
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
56
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade I
Coordenadora: Maria Risolêta Julião
A VARIAÇÃO DIATÓPICA
no dicionário escolar
Brayna Conceição dos Santos CARDOSO (PPGL/UFPA)
E-mail: brayna.cardoso@hotmail.com
presente trabalho intitulado A variação diatópica no
dicionário escolar tem como objetivo principal analisar o tratamento da variação diatópica nos dicionários escolares dos
acervos 3 e 4, selecionados na última edição do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD/2012). Para a realização desta pesquisa
selecionamos uma amostra representativa de quatro dicionários, a saber: Caldas Aulete Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Dicionário Escolar Aurélio Júnior da Língua Portuguesa, Dicionário Houaiss Conciso e Dicionário da Língua Portuguesa Evanildo Bechara, através destes dicionários verificamos como a variação
diatópica é apresentada nas estruturas megaestruturais,
macroestruturais e microestruturais. Também, elaboramos um
questionário aplicado a professores e alunos de escolas públicas e
particulares, a fim de verificar suas atitudes acerca do uso dos dicionários em sala de aula, tendo como finalidade saber se o
dicionário é utilizado; como é utilizado; em que situações faz-se o uso;
as atitudes do usuário; se os verbetes que constam nas obras
representam a realidade sociocultural dos usuários e seus anseios
inerentes a esta temática. A pesquisa aqui delineada adota como
pressupostos teóricos as contribuições advindas dos estudos em Metalexicografia (Lexicografia Teórica) e Geografia Linguística, ciências
O
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
57
estas que nos fornecem suporte para avaliar e refletir como os
lexicógrafos inserem a variação linguística em um importante
instrumento didático, o dicionário escolar, que deve ter como função
principal registrar a língua em uso, representando o repertório
linguístico e sociocultural de seu usuário.
Palavras-chave: Dicionário Escolar. Metalexicografia. Variação Diatópica.
A VARIAÇÃO PROSÓDICA NO NORTE DO BRASIL:
um estudo do português falado em Mocajuba
Maria Sebastiana da Silva COSTA (PPGL/UFPA)
E-mail: sebast_costa@hotmail.com
Regina Célia Fernandes CRUZ (CNPq/UFPA)
E-mail: regina@ufpa.br
ste trabalho apresenta os primeiros resultados obtidos com os dados do corpus formado, em nível de Dissertação de Mestrado
(COSTA, em andamento), para a variedade linguística do
português de Mocajuba (PA), vinculado ao projeto Atlas Prosódico
Multimédia do Norte do Brasil (AMPER-Norte). Objetiva-se caracterizar
a variação prosódica dialetal do português falado em Mocajuba (PA). Analisam-se aqui os dados relativos aos informantes do sexo feminino,
nível Médio de escolaridade (BF53) e nível superior (BF55). Para o
presente estudo consideram-se apenas os dados fornecidos para as
frases com sintagmas nominais simples contendo 10 vogais, a saber:
O pássaro gosta do pássaro (pwp), O Renato gosta do Renato (twk) e O
bisavô gosta do bisavô (kwk). Todas as frases foram analisadas nas duas modalidades (declarativa e interrogativa total) investigadas pelo
projeto AMPER. A análise acústica foi feita a partir das medidas
acústicas das vogais de 36 enunciados, 18 de cada sexo, que sofreu
seis etapas de tratamento: a) codificação e; b) Isolamento das
repetições em arquivos de áudios individuais c) segmentação fonética no programa PRAAT 5.0; d) aplicação do script praat; e) seleção das
três melhores repetições e; f) aplicação da interface Matlab para se
obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições.
Analisaram-se particularmente os parâmetros acústicos de frequência
fundamental (semitons), duração (ms) e intensidade (dB). Os
resultados mostraram que F0 é um parâmetro relevante na distinção das duas modalidades alvo, pois nos dados de ambos os sexos
E
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
58
observou-se um movimento de pinça na sílaba tônica do vocábulo
ocupando o núcleo do sintagma nominal final, resultado de um
movimento descendente das declarativas e ascendentes para as
interrogativas. Nestas mesmas sílabas, a duração registrou uma
variação proporcionalmente inversa e significativa considerando tanto
a diferença de escolaridade quanto o acento. A intensidade não foi um parâmetro acústico significativo.
Palavras-chave: Prosódia. Acústica. AMPER.
DEVIRES KYIKATÊJÊ
Juliana do Monte GESTER (Bolsista/UNIFESSPA)
E-mail: julianamgester@gmail.com
Sue Rivera IKEDA (Bolsista/UNIFESSPA)
E-mail: chihiro.220@hotmail.com
Hiran de Moura POSSAS (Orientador) E-mail: hiranpp@hotmail.com
Lucivaldo Silva da COSTA (Orientador)
E-mail: lucivaldo05@yahoo.com.br
rata-se, aqui, de um projeto que tem por objeto de estudo a
língua Kyikatêjê. Com o apoio da comunidade indígena Kyikatêjê, liderada pelo cacique Zeca Gavião Kyikatejê, estamos
realizando filmagens, gravações e entrevistas com pessoas da aldeia,
entre eles o diretor da escola local, moradores e professores. Temos
por objetivo o mapeamento de aspectos da língua, como o alfabeto e a
escrita, através de textos e conversas contendo narrativas, histórias, lendas e fatos do dia-a-dia, bem como a descrição de processos como a
confecção de objetos, rituais de caça e preparação para jogos.
Transitando por essas realidades, pretendemos elaborar oficinas e
material didático com apoio dos professores e falantes nativos da
língua, com a finalidade de trabalhar o sistema fonético e fonológico
da língua e identificar/marcar tempos verbais e partículas que diferem a língua Kyikatêjê da língua Portuguesa e dessa forma, contribuir para
uma cartografia social da comunidade cuja essência não se prende em
dados meramente geográficos, mas destaca as vivências, memórias e
interpretações dessa bagagem cultural pela ótica dos habitantes da
aldeia, o que acaba por nos tornar sensíveis a esse universo de simbologias por trás de sua história, valorizando e, principalmente,
incentivando uma participação mais ativa dos indivíduos pelas suas
T
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
59
motivações e sensações. Roque Laraia (2001), nos diz que o patrimônio
cultural de um povo se adquire com os esforços de toda a comunidade
e tendo em vista que muitas línguas indígenas encontram-se
ameaçadas de extinção, principalmente a língua Kyikatejê que não
possui qualquer tipo de documentação, torna-se essencial a ação
conjunta para propiciar as inovações e invenções. Dessa forma, as Mito-poéticas Kyikatêjê surgem não só como produto de pesquisa e
investigação, mas como meio de colaborar com a continuação cultural
desse povo.
Palavras-chave: Língua Kyikatêjê. Devir. Cartografia.
INFLUÊNCIA DO CONTATO CULTURAL
na dinâmica do léxico da flora empregado por índios Tembé da
região do Gurupí
Eliene Rosa CHAVES (Bolsista da CAPES/UFPA) E-mail: elienerosachaves@yahoo.com
Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)
E-mail: Tabitafs1@hotmail.com
presente estudo visa contribuir para o conhecimento da
dinâmica do léxico de itens da flora da língua Tembé registrada por Max Boudin (1966). Este estudo faz parte de meu projeto
de dissertação de Mestrado intitulado DENOMINAÇÕES DA FAUNA E DA FLORA NOS REGISTROS DE MAX BOUDIN: PERDA, CONSERVAÇÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DESSAS DENOMINAÇÕES POR ÍNDIOS TEMBÉ DA REGIÃO DO GURUPÍ em andamento no Campus Universitário de
Bragança, estado do Pará. O estudo apresenta parte do levantamento do léxico da flora, encontradas nos registros de BOUDIN (1966),
publicada há quase 50 anos, em comparação com as atuais
denominações empregadas por falantes nativos Tembé, na aldeia
Tekohaw e tem como objetivo verificar a dinâmica desse léxico e seus
resultados como perda, conservação e ressignificação dessas denominações atuais. A pesquisa se justifica pela situação de extremo
contato interétnico vivenciada por esses índios na atualidade, ao
mesmo tempo, em que vive uma situação de bilinguismo que tem
favorecido o uso do português. Interessa saber como, nesse contexto,
os índios Tembé da atualidade denominam itens da flora, elementos
tão intrinsecamente ligados a práticas de sobrevivência como, por exemplo, a produção da farinha e de que modo resultados como perda,
O
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
60
manutenção, empréstimo e adaptação desses elementos linguísticos
podem indicar os processos de tradução e ressignificação da nova
situação experimentada por esses índios. Tomamos como parâmetros
nesta pesquisa obras lexicográficos e descrições linguísticas
disponíveis sobre os Tembé tais como BOUDIN (1966), GOMES (2002),
ZANNONI (1992) E WAGLEY & GALVÃO (1966), SILVA (2010) e outros. A verificação desse léxico empregado pelos índios Tembé do Gurupí
visa trazer mais contribuição para o conhecimento da dinâmica do
léxico ao longo do tempo em contextos de intenso contato cultural
como é a situação vivenciada pelos índios Tembé da referida região. O
estudo vincula-se aos princípios teóricos da Lingüística do Contato da Socioterminologia e da Lexicologia.
Palavras-chave: Dinâmica léxica. Flora. Língua Tembé. Contatos
Culturais.
TERRITÓRIO INDÍGENA: o ensino-aprendizagem mediado pelos saberes e práticas do povo
Tembé
Lena Cláudia dos Santos Amorim SARAIVA (SEMED/BRAGANÇA-PA)
E-mail: l-claudia-amorim@bol.com.br
pesquisa está em andamento e tem o propósito de discutir
como se constrói o conhecimento da criança indígena, nas
aldeias Sede e Cajueiro, situadas na Terra Indígena Alto rio
Guamá. Apresenta as práticas cotidianas que viabilizam a
aprendizagem da criança em território indígena. Nesse contexto o saber da criança é construído pela oralidade, tendo como suporte as
brincadeiras, a prática cotidiana e o ambiente que a cerca. Mediante
essa realidade cabe registrar como esse conhecimento é repassado,
visto que as crianças estão sempre presentes na ação cotidiana. Com
isso a situação a ser investigada neste espaço se faz a partir do olhar
da criança Tembé como percebe o universo de conhecimento e aprendizado de seu povo. Ainda nesta dinâmica, espera-se identificar
como a criança entende as expressões culturais como a pintura
corporal, dança, canto e a língua materna, considerados processos
identitários do grupo. Este trabalho tenta analisar como o
conhecimento tradicional da criança Tembé, em consonância com as diversas realidade sociais e culturais, são significativos para a
identidade da criança neste contexto, pois é necessário entender
A
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
61
questionamentos centrais como: Qual a função social da criança
Tembé? Como é constituído o conhecimento da criança em relação a
sua identidade? A pesquisa utiliza o método etnográfico, e ainda como
suporte a observação participante, entrevistas semi-estruturada e
registro audiovisual. Os sujeitos envolvidos foram as crianças,
professores indígenas, pajés, os idosos que são responsáveis pela continuidade e repasse da cultura. Diante dessa vivência cotidiana a
criança Tembé vivencia momentos relevantes de aprendizagem,
configurados desde o nascimento até a fase adulta, como o ritual do
bebê, a festa do mingau, a festa da moça (Wyrau haw) entre outros.
Palavras-chave: Saberes Tradicionais. Aprendizagem. Criança Tembé.
VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NA FALA DE BARCARENA/PA:
análise acústica preliminar
Gisele Braga SOUZA (PPGL/UFPA/CAPES) E-mail: giselebraga18@gmail.com
Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora)
E-mail: regina@ufpa.br
presente estudo visa caracterizar acusticamente as vogais
médias pretônicas da variedade linguística falada no município de Barcarena/PA. Esta pesquisa é vinculada ao projeto Norte
Vogais, que é integrante do Diretório Nacional PROBRAVO. O corpus
total é composto por amostras de fala de 18 (dezoito) informantes
nativos de Barcarena/PA, estratificados socialmente em sexo
(masculino e feminino), faixa etária (15 a 25 anos; 26 a 45 anos; e
acima de 45 anos) e nível de escolaridade (fundamental, médio e superior). Neste trabalho, serão apontados, especificamente, os
resultados obtidos por meio da análise da terceira faixa etária
investigada (acima de 45 anos), formada por 6 (seis) informantes, os
quais foram gravados em situação de fala lida. Os dados foram
coletados a partir da leitura de um texto sobre futebol, por meio do qual os informantes selecionados produziram 53 (cinquenta e três)
vocábulos contendo as vogais médias em posição pretônica. A seleção
de tais vocábulos considerou os fatores favorecedores da variação das
médias pretônicas apontados nos estudos sociolinguísticos
empreendidos pelo projeto Norte Vogais. No tratamento dos dados,
foram tomadas medidas de média e desvio padrão de F1 e F2 (Hz) das vogais alvo. Diante da análise acústica preliminar, observou-se que,
O
Estudos de linguagem e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
62
na fala de Barcarena/PA, as variantes médias abertas (anterior e
posterior) apresentam um espaço acústico bastante definido. Em
contrapartida, as variantes médias fechadas e as altas possuem maior
proximidade, indicando, dessa forma, um maior grau de variação
linguística.
Palavras-chave: Vogais médias pretônicas. Análise acústica. Variação linguística.
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
63
ESTUDOS DE TRADUÇÃO e Interculturalidade
Coordenadora: Carmen Lúcia Reis Rodrigues
A ANTROPOFAGIA NAS TRADUÇÕES
de Haroldo de Campos e Herberto Helder
Geovanna Marcela da Silva GUIMARÃES (UFPA)
E-mail: geovanna_marcela@yahoo.com.br
Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)
E-mail: izabelaleal@gmail.com
antropofagia é uma marca cultural dos povos da América
Latina, tanto os de origem primitiva quanto os de origem
moderna, mais precisamente como manifesto de identidade
nacional. O objetivo deste trabalho é discutir como a antropofagia
ressoa como discurso crítico e poético nas traduções de Haroldo de Campos, poeta brasileiro, e de Herberto Helder, poeta português,
mostrando como a antropofagia, na contemporaneidade, é tomada no
sentido de desconstrução e (re)valorização cultural. É importante
ressaltar que a noção de antropofagia em Herberto Helder é um
processo de criação poética, ao nível do texto e da linguagem,
extremamente latente e concreto, enquanto que em Haroldo de Campos ela se apresenta com um caráter muito mais conceitual e
reflexivo. Para exemplificar de que maneira isso ocorre, tomaremos
como objeto de análise as traduções de poemas indígenas feitas por
Herberto Helder e a discussão da antropofagia como desconstrução e
apropriação do legado cultural estrangeiro defendida por Haroldo de Campos. Para isso, a antropofagia será concebida, em termos poéticos,
como uma forma de apropriação violenta da tradição, no sentido de
que ela irá encenar uma desconstrução do cânone universal.
A
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
64
Palavras-chave: Haroldo de Campos. Herberto Helder. Antropofagia.
Tradução.
À PROCURA DE MÁRIO
Faustino tradutor
Thiago André VERÍSSIMO (Bolsista CAPES/UFSC)
E-mail: thasverissimo@gmail.com
s décadas de 1940 e 1950 são significativas quanto ao processo de difusão cultural nos jornais brasileiros, com destaque para
atuações de escritores, poetas e literatos nos diversos periódicos
dessa época, o que fez do jornal um ambiente moderno e criativo em
prol da cultura e da literatura. Em Belém, nesse período, há dois
jornais que contribuem para o movimento cultural na cidade
paraense, por meio dos respectivos suplementos literários: Arte Literatura, da Folha do Norte e Arte e Literatura, de A Província do Pará. Nesse ambiente, Mário Faustino (1930-19620) inicia a vida
literária publicando crônicas em jornais e, sobretudo, atua como
tradutor de textos poéticos. A confluência dessas traduções em jornais
paraenses constituiu o nosso trabalho intitulado À procura de Mário
Faustino Tradutor, o que engloba, primeiro, o mapeamento das traduções do texto poético realizadas na sua primeira juventude, com
a publicação de poesia e prosa de autores como: Bernard Shaw, Pablo
Neruda, Gabriela Mistral, Walt Whitman, Miguel Unamuno, Henri Michaux, Paul Éluard, Simonov (publicados n’A Província) e Alfonsina
Storni, Rafael Alberti, Juan Ramón Jiménez, T.S. Eliot, Rainer Maria Rilke, James Joyce (publicados na Folha do Norte). Nesse sentido, esta
comunicação pretende mapear o percurso de formação de Mário Faustino enquanto tradutor, a partir de suas contribuições
tradutórias para os jornais paraenses até chegar às traduções
publicadas na página Poesia Experiência, do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, nos anos de 1956 a 1959. Para
tanto, apresentaremos o “projeto” de tradução de Mário Faustino nos
suplementos culturais dos referidos jornais brasileiros, pensando na ideia de tradução como processo de formação cultural.
Palavras-chave: Mário Faustino. Tradução-formação. Tradução e
jornal. Tradução do texto poético.
A
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
65
DIÁLOGOS ENTRE BRASIL E INGLATERRA
em O Xangô de Baker Street
Fernando Henrique Crepaldi CORDEIRO (UFPA)
E-mail: fhcc2001@hotmail.com
sta comunicação pretende realizar uma leitura do romance O Xangô de Baker Street, de Jô Soares, obra que relata as
aventuras de Sherlock Holmes, célebre detetive inglês, em
terras brasileiras, promovendo uma releitura do personagem criado
por Arthur Conan Doyle. Tendo em vista essa particularidade nossa
apresentação terá essencialmente dois eixos: por um lado, buscará indicar as relações entre essa obra e o gênero policial; por outro,
enfocará as tensões que surgem do contraponto entre as duas
culturas, a inglesa, representada por Holmes e Watson, e a brasileira,
na qual ambos são submergidos. Se a presença do personagem criado
por Arthur Conan Doyle implica um reconhecimento quase que pré-
textual do gênero, um dos desvios quanto a essa forma se refere à apresentação de uma investigação que não se restringe a ser apenas
um meio de se resolver o enigma. Na obra de Jô Soares, tão ou mais
importante do que a revelação do assassino, é a tensão que se
estabelece entre o racionalismo e a frieza – tipicamente inglesas, e
mais típicas ainda de Sherlock Holmes – e a cordialidade brasileira. A paródia ao cânone sherlockiano surge, principalmente, da necessidade
de adequação de Holmes ao contexto brasileiro, pois o seu
deslocamento espacial (deixando a Inglaterra e vindo ao Brasil)
acarreta um deslocamento, digamos, cultural. O detetive inglês
encontra-se em um ambiente em que suas habilidades, em especial,
sua racionalidade e sua frieza, são postas em xeque. Pode-se dizer que é como se o Brasil constituísse, para Holmes, uma espécie de “mundo
pelo avesso”, um lugar onde a inteligência privilegiada dessa “super-
máquina de raciocínio” não consegue impor ordem ao caos imperante.
Do confronto entre esses dois modos de pensar o mundo surge,
constantemente, o cômico, que se infiltra e contamina toda a narrativa, apresentando-se como um dos elementos que distanciam a
obra de Jô Soares dos romances policiais mais tradicionais, marcados
pela “seriedade”, pelo rigor e pela objetividade. Esse entrelaçar do sério
com o cômico, por sua vez, remete-nos ao modo carnavalizado pelo
qual a narrativa se constrói.
Palavras-chave: Sherlock Holmes. Gênero policial. Brasil. Inglaterra. Paródia.
E
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
66
MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO TOPONÍMICAS:
um estudo de nomes de lugares de origem indígena de Curuçá
(PARÁ)
Ilzaléa Rocha da SILVA (SEMED)
E-mail: rochailza@yahoo.com.br
Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA)
E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
ste trabalho integra parte de uma pesquisa mais ampla
apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado
“Uma Pesquisa Toponímica no Município de Curuçá/PA:
Topônimos de Origem Indígena”. Nesta comunicação, tem-se como
intuito realizar uma abordagem a respeito da motivação de
determinados topônimos de origem indígena de Curuçá, município situado à região Nordeste do Estado do Pará. Para tanto, discutiremos
o significado – nem sempre evidente – de determinados topônimos, por
meio de sua possível estrutura morfológica, conforme as explicações
etimológicas de autores como Cunha (1997), Tibiriçá (1984, 1985) e
Sampaio (1987), por exemplo. Sendo assim, esse estudo partirá,
sobretudo, da análise da estrutura e formação do topônimo, a fim de se ter uma tradução mais precisa das formas investigadas. O estudo
da motivação e formação dos nomes de lugares analisados levará em
consideração também as características físicas e culturais de Curuçá.
Os dados considerados na pesquisa fazem parte do mapa do
município de Curuçá/PA, e serão explorados, neste trabalho, de acordo com os princípios metodológicos propostos por Dick (1975,
1990, 1999). A exemplo do que será tratado nesta comunicação, foram identificados os topônimos Itajuba e Itarumã, onde há a sequência
fonológica Ita. No entanto, é possível perceber que a presença de Ita
nos dois topônimos é apenas uma coincidência fônica, pois, em Itajuba, tem-se as formas Ita ‘pedra’ + juba ‘amarelo’ (CUNHA, 1997);
enquanto que, em Itarumã, tem-se as formas I ‘água’, ‘rio’ + tarumã ‘planta da família das verbenáceas’ (CUNHA, op. cit., p. 757).
Palavras-chave: Topônimos indígenas. Motivação toponímica.
Morfema. Curuçá-PA.
ROBERT STOCK:
E
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
67
poeta, tradutor e vagabundo
Dayana Crystina Barbosa de ALMEIDA (UNIFESSPA)
E-mail: almeidadcb@gmail.com
poeta norte-americano, chamado simplesmente de Robert Stock, viajou para Brasil, embarcou em um navio na região sul
e acabou aportando, primeiramente, em São Luís do Maranhão
e, posteriormente, em Belém. Quando já estava morando na capital
paraense Stock descobre rapidamente a Revista Norte e entra em
contato com o jovem Benedito Nunes. Robert Stock mostrou ao próprio Benedito Nunes, e aos poetas Mário Faustino e a Max Martins
uma nova modalidade de “vida literária”, pois “o regime de dedicação
exclusiva à poesia a que se entregava. O norte-americano circulou
intensamente entre poetas e escritores, na década de 1950, em Belém.
Dessa circulação podemos destacar a relação que surgiu entre Stock,
Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Drummond. Esta relação ocorreu por meio da tradução, pois Stock traduz literaturas do
inglês para o português para Nunes, Faustino e Martins. Faustino, por
sua vez traduz Stock inglês para o português e Stock faz o caminho
inverso com Drummond. Objetiva-se, nesta pesquisa, analisar
brevemente as relações de Robert Stock com os escritores brasileiros:
Benedito Nunes, Mário Faustino, Max Martins e Carlos Drummond. A relação de Robert Stock com os brasileiros será analisada pelo viés da
leitura, da Recepção e circulação de textos.
Palavras-chave: Robert Stock. Tradução. Poesia. Língua Inglesa.
TOPÔNIMOS DE ORIGEM INDÍGENA
de São Domingos do Capim/PA
Jeconias Monteiro de ARAÚJO (UFPA)
E-mail: jeconiasmonteirodearaujo@hotmail.com
Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (Orientadora) E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
Onomástica é a parte da linguística que estuda os nomes
próprios, divide-se em: Antroponímia, estudos dos nomes de
pessoas (antropônimos) e Toponímia, estudos dos nomes de lugares (topônimos). À luz da toponímia, o objetivo geral deste
trabalho é fazer uma análise dos topônimos de origem indígena
O
A
Estudos de tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
68
encontrados nos nomes das comunidades ribeirinhas, rios e igarapés
do Município de São Domingos do Capim/Pa. Como objetivos
específicos, buscamos: a) analisar a estrutura morfológica dos
topônimos, observando o processo de formação; b) verificar a
etimologia dos topônimos e classificá-los de acordo com a taxonomia
proposta por Dick (1990) e c) verificar os tipos de topônimos predominantes no Município, conforme os modelos taxonômicos de
Dick (1990). A realização desta pesquisa obedeceu a quatro etapas: a)
pesquisa bibliográfica; b) coleta de dados; c) organização dos dados e
d) análise dos dados. O referencial teórico amparou-se em Andrade
(2010), Dick (1990), Sampaio (1987), Tibiriçá (1984) e outros. Os resultados obtidos revelaram que existe uma relação de significação
entre o topônimo e os aspectos físicos e psicológicos presentes nos
lugares nomeados, o que apresenta um novo olhar em relação aos
estudos realizados sobre signo linguístico, processos de formação de
palavras, marcados pelo choque do tupi com o português etc.
Palavras-chave: Topônimos. Estrutura morfológica. Significação. Tupi. São Domingos do Capim.
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
69
ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade
Coordenadora: Sylvia Maria Trusen
A TRADUÇÃO DA TRADIÇÃO DO BRINQUEDO DE MIRITI:
primeiras reflexões
Joyce RIBEIRO (UFPA)
E-mail: joyce@ufpa.br
Lidia SARGES (Bolsista Prodoutor/UFPA)
E-mail: lidiasarges@yahoo.com.br
m dos objetivos da pesquisa intitulada O brinquedo de miriti no município de Abaetetuba: a tradução da tradição de um artefato pedagógico-cultural por meio das intersecções de gênero e
sexualidade/Prodoutor2013, é analisar as práticas de tradução
cultural de artesãos e artesãs que produzem o famoso artesanato. A pesquisa foi orientada pelo modus operandi da etnografia pós-moderna
(Clifford, 1998), com uma experiência de campo de dez meses em dois ateliês de produção; produzimos informações por meio da observação do faladopensadovivido (Certeau, 1984), e de conversações com os
interlocutores e interlocutoras. Para refletir as práticas de tradução
cultural consideramos o encontro da cultura do passado, a tradição, e
a cultura do presente, a cultura globalizada. Assim, a bicentenária
tradição (Hobsbawn, 1984) do brinquedo de miriti representa o município como “a capital mundial do brinquedo de miriti”, produz
identidades culturais e em certa medida “impõe” os temas dos
brinquedos, homogeneizando-os, e garantindo sua própria
sobrevivência. Porém, o encontro dos significados da tradição com os
significados da cultura globalizada promove um curto-circuito cultural (Bhabha, 1998) cujo efeito é a tradução do brinquedo de miriti. O
U
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
70
processo de tradução é marcado pela intersecção com outros fatores,
entre os quais, as demandas do Círio de Nazaré, as “modernizações”
estéticas orientadas pelo SEBRAE, e ainda, as demandas da diferença,
mais precisamente as de gênero e de sexualidade, haja vista que nos
ateliês a produção é generificada. Artesãos e artesãs não são caboclos
ingênuos que traduzem o brinquedo de miriti levados unicamente por suas preferências pessoais e visão de mundo simples. Contrariamente,
são sujeitos afetados por uma miríade de significados que eclodem de
múltiplos espaços e tempos, como a tradição, a cultura globalizada, o
SEBRAE e a diferença, sendo subjetivados por eles. Assim, a tradução
do brinquedo de miriti se expressa tanto nos brinquedos com temas considerados tradicionais – aqueles que representam o cotidiano da
vida ribeirinha −, quanto nos brinquedos com temas midiáticos, já que
ambos são marcados por hibridações estéticas que só são possíveis
nos jogos de poder, que a muitas posições de sujeito por meio da
aceitação, contestação, negociação, enfim, pela tradução da tradição
do brinquedo de miriti. Palavras-chave: Tradição. Brinquedo de miriti. Tradução cultural.
O PROCESSO DE TRADUÇÃO – DA ORALIDADE PARA O ESCRITO,
e o gênero maravilhoso na narrativa transcrita pelos
pesquisadores do programa IFNOPAP, “A Cobra Grande”
Rayniere Felipe Alvarenga de SOUSA (UFPA)
E-mail: rayniere.alvarenga@gmail.com
Deyse Carla da Silva MOTA (UFPA)
E-mail: deyse.silvamota@gmail.com Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora)
E-mail: sylviatrusen@oi.com.br
presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise da
narrativa coletada e transcrita pelos pesquisadores do
Programa IFNOPAP – o Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense, “O mistério da Cobra Grande” (que
exibe o animal habitante das profundezas dos rios amazônicos), nosso
objeto de pesquisa, fomentando e estabelecendo uma compreensão da
natureza das narrativas amazônicas – com a finalidade de divulgar e
revisar as teorias sobre o gênero maravilhoso. A pesquisa realizada ratifica a forte ligação e relevância da narrativa “O mistério da Cobra
Grande” com o gênero maravilhoso. Efetivamente, o conto integra-se à
O
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
71
produção no plano do imaginário das narrativas míticas, Propõe-se,
assim, a partir da leitura de PROPP (Morfologia do conto maravilhoso e
o Raízes históricas do conto maravilhoso) articular a narrativa ao
gênero que Todorov distinguiu do fantástico e do estranho. Outrossim,
considerando-se que a narrativa foi transcrita do oral para o escrito,
almeja-se refletir acerca da passagem entre esses dois registros, o oral e o escrito. O fundamento teórico que deverá, portanto, orientar a
pesquisa provém dos estudos literários e das teorias da referida
temática. Deste modo, o trabalho efetivou-se com a leitura analítica da
narrativa do Programa IFNOPAP, em conjunto com os estudos de
Todorov (1975), Vladimir PROPP, Jakobson e Jorge Larrosa. Palavras-chave: IFNOPAP. “O mistério da Cobra Grande”. Gênero
maravilhoso.
O TEXTO ORAL COMO FONTE DE PESQUISA:
uma reflexão sobre a “cerâmica icoaraciense”
Elizabeth Conde de MORAIS (PPLSA/UFPA)
E-mail: elibethconde@gmail.com
Carmen Lucia Reis RODRIGUES (Orientadora)
E-mail: reisrodrigues@oi.com.br
Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora) E-mail: sylviatrusen@oi.com.br
presente trabalho visa refletir sobre a utilização do texto oral
como fonte de pesquisa, ao disponibilizar os recursos
linguísticos, e possibilita compreender a criação do contexto de uso dos termos que caracterizam a prática da produção/ criação da
“Cerâmica Icoaraciense”. Essa prática se faz presente na cidade de
Belém, no estado do Pará, distrito industrial de Icoaraci, na região
chamada de Paracuri, onde os artesãos e artesãs criam peças, que
merecem destaque pelo seu valor expressivo. O texto, colhido na fala,
é o ponto de partida para o processo de sistematização da investigação. O artigo é resultado do Seminário interdisciplinar
Tradução e Transcrição: estudo de um caso. Esta investigação faz parte do projeto de pesquisa Aspectos Semântico – Discursivos dos termos da Cerâmica Icoaraciense, vinculado ao curso de Pós-
graduação Linguagens e Saberes na Amazônia. Cujo objetivo é
selecionar a partir dos discursos dos artesãos e artesãs, no plano da oralidade, os termos que caracterizam a prática da confecção da
O
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
72
Cerâmica, através dos textos colhidos, junto aos informantes
denominados de artesãos, no qual, expõem as suas concepções
ideológicas. Para fundamentar essa atividade são usadas as leituras:
para delimitar sobre o tema discurso (FOUCAULT, 2013); a respeito da
Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004) e (AUBERT, 2001); sobre a
Tradução Cultural (BURKE, 2009) e (VAN SETERS, 2008); no que diz respeito do processo de Tradução (BERMAN, 2013), (JAKOBON, 1995),
(LARROSA, 1996), (LAGES, 2002). O processo de translado do texto
oral para o texto escrito é visto como um ato de tradução e assume
uma importância fundamental, durante o processo de aquisição dos
dados para análise, e oportuniza ver as características próprias do fazer do artesão.
Palavras-chave: Tradução. Terminologia. Cerâmica Icoaraciense.
O TRASLADO DAS NARRATIVAS ORAIS À ESCRITA:
a tradução e a performance do narrador
Myrcéia Carolyne Guimarães da COSTA (PPLSA/UFPA)
E-mail: myrceia@yahoo.com.br
Sylvia Maria TRUSEN (Orientadora)
E-mail: sylviatrusen@me.com
este trabalho é feito um estudo de tradução, transcrição e
performance narrativa. Esta tradução dá-se na passagem do
âmbito do oral para o do escrito, cujo objeto de estudo é uma
narrativa oral em torno do Ataíde, ente mitológico dos manguezais,
colhida em Taperaçu/Bragança, Pará. A finalidade deste trabalho é discorrer sobre as teorias acerca dos estudos de tradução, além de
apresentar problemas que advêm dela, especialmente quanto às duas
modalidades da língua: oral e escrita. Traduzir não se reduz somente à
transposição de uma língua estrangeira para a língua materna.
Entendemos tradução como um trabalho que suplanta a esfera das
palavras, abraçando o homem e sua cultura, visto que, estudar tradução compreende analisar os problemas de recepção, o modo
como certas culturas, grupos ou indivíduos leem a cultura do outro. A
base teórica que fundamenta a tradução centra-se nas teorias
tradutórias de Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Sabine Gorovitz,
Antoine Berman, Peter Burke e Roman Jakobson. No que diz respeito às narrativas orais, o trabalho é balizado nas leituras de Junia Zaidan
e Barbara Reeves (que cita Paul Thompson) para fundamentar o ato de
N
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
73
transcrever/traduzir a voz do narrador em material escrito para o
pesquisador. Em relação à performance, as teorias de Paul Zumthor,
direciona as análises desta pesquisa. Assim, o trabalho de transcrever
uma narrativa oral perpassa pela ação de traduzir, pois trata-se de
uma tradução intralingual (segundo Jakobson, 1995) em que existe a
passagem entre signos verbais no interior da mesma língua, no caso deste trabalho, do campo do oral para o campo do escrito.
Palavras-chave: Narrativa Oral. Escrita. Performance. Tradução.
PLANTAS MEDICINAIS: terminologia e tradução
Márcia Saviczki PINHO (PPLSA/UFPA)
E-mail: marciasav@hotmail.com
Carmem Lúcia Rodrigues REIS (Orientadora)
E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
termo plantas medicinais já nos alude sua significação, devido
nossa cultura ainda preservar muitos traços tradicionais. Na
literatura botânica, há uma grande gama de autores que
procuraram defini-la. Para Campelo e Ramalho (1989) “Planta
medicinal é aquela que contém um ou mais princípio ativo que lhe confere atividades terapêuticas”. Este trabalho, a ser desenvolvido no
âmbito da Terminologia e Tradução, tem por finalidade – a partir de uma amostra de corpus de pesquisa do projeto “Saberes que curam:
uma incursão sobre a tradução dos nomes de plantas da comunidade
da Vila-que-era (PA)” – traduzir os conhecimentos tradicionais, em
relação ao poder de cura, por meio do estudo do léxico específico das plantas medicinais nos falares populares de Vila-que-era. A
Terminologia é um ramo de estudos da linguística voltada ao estudo
dos termos específicos de uma área também específica (KRIEGER;
FINATTO, 2004). A Tradução refere-se ao transporte e à
ressignificação de um texto, ou termos específicos de uma língua ou cultura de partida para outra de chegada (LARROSSA, 1996). A
terminologia, neste trabalho, tem como meta embasar o estudo dos
termos específicos, neste caso, sobre as plantas medicinais e a
Tradução permitirá compreender a atribuição da finalidade a um dado
termo, no âmbito da cura. Portanto, o foco deste trabalho é o estudo
dos termos das plantas medicinais a partir de aportes teóricos e metodológicos da Terminologia e da Tradução. Para a constituição
O
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
74
desse corpus foram selecionadas duas informantes visitadas e
entrevistadas no período do segundo semestre de 2013 ao primeiro
semestre de 2014. Os dados foram coletados através de equipamentos
audiovisuais, e transcritos segundo Fávero (1999), com o auxílio dos
programas Toolbox e Listen N Write. A pesquisa revelou, por meio do
material coletado, até o presente momento, que as plantas medicinais são utilizadas na comunidade para curarem os malefícios tanto do
corpo, como da alma.
Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Plantas Medicinais.
Conhecimentos tradicionais. Vila-que-era (PA).
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
75
ESTUDOS LITERÁRIOS e outras artes
Coordenador: Joel Cardoso
“CACHORRO DOIDO”:
uma análise antropológica da homossexualidade na narrativa curta, de Haroldo Maranhão
Rodrigo Maroja Barata (ICA/UFPA)
Joel Cardoso (ICA/UFPA)
E-mail: jcdoriangray@gmail.com
omando como ponto de partida o registro do texto literário, o
presente artigo visa analisar, interdisciplinarmente, o
comportamento homossexual explícito e contundente, na
narrativa “Cachorro Doido”, um conto de Haroldo Maranhão (escritor paraense, nascido em Belém, em 1927, e que faleceu em 2004, no Rio
de Janeiro). Para as reflexões que tecemos sobre esta narrativa, parte do livro Jogos Infantis, publicado pela Editora Francisco Alves (Rio de
Janeiro), no ano de 1986, levamos em conta os enfoques teóricos
propostos pela Antropologia Social (prioritariamente) e, ainda,
perpassamos pelas lentes elucidativas da Psicanálise e da Filosofia. Entre outras referências, pautando-nos nestas três áreas do
conhecimento, tomando como referências teóricas, respectivamente,
autores como Peter Fry (homossexualidade do ponto de vista das
Ciências Sociais), Maria Rita Khel (homoafetividade, agora sob as
lentes da Psicanálise) e Michel Foucault (com sua teoria da anátomo-
política disciplinar e da biopolítica normativa do corpo humano). O conto, cuja trama passa-se, em grande parte, num colégio, em Belém,
do Pará, depois na casa de um dos personagens, traz, como
T
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
76
protagonistas, as personagens Carlão e Luizinho, colegas de classe, os
quais exteriorizam com seus comportamentos características
padronizadas e nada relativistas em relação às questões de
sexualidade e de poder. Propomo-nos, no artigo, investigar a sanha
classificatória dos homens sobre outros homens e as variantes
relacionais entre indivíduos e a homossexualidade. Palavras-chave: Homossexualidade. Antropologia. Literatura. Haroldo
Maranhão.
ARTE E FORMAÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO: breve contextualização histórico-reflexiva da arte na sociedade
contemporânea
Joel CARDOSO (ICA/UFPA)
E-mail: jcdoriangray@gmail.com
artigo versa sobre a utilização da Arte como instrumento de
inclusão social. A arte apresenta um contexto muito amplo e,
em nosso trabalho, não privilegiamos uma modalidade artística
específica. Ao contrário, dentre as diversas possibilidades de abordar o
aproveitamento do universo da arte como processos de inclusão social,
optamos por fazer um breve passeio pela História da Arte, desde os primórdios, e, a partir daí, chegarmos ao contexto contemporâneo. Perpassamos pela História social da Arte, refletindo sobre a arte em
seu percurso desde a Antiguidade até a Modernidade, mostrando,
ainda, a arte como expressão da cultura de um povo, em suas
manifestações expressas pelos costumes, crenças e pela religiosidade.
Nesse sentido, a arte se apresenta como importante suporte para as manifestações sociais, configurando-se, ora como arte, ora como
mercadoria, gerando renda. A seguir, fazemos um passeio pelas
academias de Arte na História, bem como sobre o ensino da Educação
artística em nosso país. A arte tem gerado inúmeros projetos sociais,
constituindo-se, na Educação, como ferramenta facilitadora tanto na sala de aula, como fora dela. Procuramos fazer, a priori, uma
exposição em que a arte foi vista, como um painel resumido,
mostrando como, nos diferentes momentos, tanto a sua manifestação
espontânea, como a sua mercantilização foram importantes. Por fim,
falamos sobre a expansão e influência da arte através das novas
mídias (cinema, música, TV, publicidade etc.). Em decorrência do alto
O
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
77
alcance dessas mídias, hoje, a arte pode se constituir como
facilitadora no desenvolvimento social.
Palavras-chave: Arte & Educação. Inclusão social. Ensino de arte.
ENTRE A PALAVRA E A ESCULTURA: experimentos do ateliê de tradução do NETLLI (URCA-CE)
Hyago Átilla Sousa dos SANTOS (Bolsista/URCA-CE)
E-mail: hyagoatilla@ymail.com
Edson Soares MARTINS (Orientador) E-mail: edsonmartins65@hotmail.com
trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre o arco
compreendido entre a produção e o produto, no caso específico
da tradução de Art, Religion and Symbolic Beliefs in
Traditional African Context: A Case for Sculpture, do autor nigeriano Benedict Orhioghene Akpomuvie, levada a cabo dentro das
atividades do Ateliê de Tradução do Núcleo de Estudos de Teorias
Linguísticas e Literárias (NETLLI), grupo de pesquisa da base do
Diretório Nacional dos Grupos de Pesquisa do CNPq. A tradução foi
feita pelos pesquisadores do Netlli, utilizando a metodologia de
trabalho desenvolvida no âmbito do Ateliê de Tradução. Pretende-se descrever as diretrizes de tal metodologia, refletir sobre suas
possibilidades e limites, além de proporcionar as condições de partilha
dos resultados. No caso em tela, constituiu-se um desafio peculiar
para o trabalho o fato de a temática do texto alvo estar impregnada da
terminologia própria de um segundo idioma, o iorubá, com o qual se nomearam as divindades representadas nos artefatos ritualísticos
sagrados estudados pelo autor, no texto em inglês, além de ser
necessário lidar com as transformações do iorubá em seu uso
concorrente com o português falado nos terreiros de candomblé no
Brasil. O fenômeno do abrasileiramento da onomástica sagrada iorubá
para um público leitor de português brasileiro exigiu a compreensão do espaço de interculturalidade historicamente constituído pelo
contato singular entre os povos em questão. O resultado desta
experiência foi publicado em formato de livro eletrônico em PDF, com
indexação padrão internacional (ISBN), nos moldes do trabalho feito
pelo Ateliê de Editoração do Netlli, que é outro equipamento cultural auxiliar do grupo de pesquisa.
Palavras-chave: Iorubá. Tradução Coletiva. Interculturalidade.
O
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
78
ESTRATÉGIAS DE LEITURA:
uma experiência local marajoara
Jurema do Socorro Pacheco VIEGAS (PPGArtes/ICA/UFPA) E-mail: jujuviegas17@hotmail.com
Joel CARDOSO (Orientador)
E-mail: jcdoriangray@gmail.com
leitura, alicerce para o ensino-aprendizagem da Língua Materna, tanto em relação seu aspecto discursivo oral, quanto
escrito, abarca uma diversidade textual mais ampla, pautada
em proposição de metodologias contemporâneas, que busquem dar
suporte ao aluno e, ao mesmo tempo, extrair dos textos um
conhecimento mais abrangente, não somente no que diz respeito à
abordagem linguística, mas, também, no que tange à aquisição de leitura, à inserção de diferentes temas atuais (ética, meio ambiente,
cultura, identidade, diversidade, etc.). A leitura, nosso ponto de
partida, passa a ser elemento motivador de novas práticas pedagógicas
em sala de aula, em qualquer nível ou área de ensino e exerce papel
fundamental na formação do educando, considerando aspectos
linguístico, cognitivos, emocionais e culturais. Na prática enunciativa, podemos desenvolver reflexões e buscar respostas para diversas
questões que nos afligem na contemporaneidade. O ensino da leitura,
no mundo atual, deve desenvolver-se com base nas várias estratégias:
contação de histórias, recitação de poesia, apresentação de peças
teatrais, música, dança, etc., a partir de aspetos interdisciplinares e intertextuais, desde os primeiros anos da vida escolar. Já há alguns
anos, estamos pesquisando e desenvolvendo a temática da leitura.
Estas duas vertentes pedagógicas proporcionam possibilidades aos
alunos de observar aspectos relacionados à recepção e à efetivação de
leitura. Para dar suporte à pesquisa, utilizamos algumas obras que versam sobre o assunto, entre elas, Estratégias de Leitura, de Isabel Solé; Oficina de Leitura, de Ângela Kleiman; Intertextualidade, de Maria
Zilda Cury; As Condições sociais de leitura, de Magda Soares.
Apoiamo-nos, também, em pesquisas de campo, por meio de
entrevistas com alunos dos Ensinos Fundamental e Médio e, ainda,
com professores alfabetizadores que, hoje, atuam a partir do quinto
ano do Ensino Fundamental, até o Ensino Médio, na escola Tancredo Neves, em Melgaço, no Marajó das Florestas. Acreditamos que o
A
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
79
resultado do trabalho em pauta pode ser referência para professores e
estudiosos da leitura, uma vez que buscamos despertar e amadurecer
em nossos alunos o gosto pela leitura, bem como os valores sociais
que estão se perdendo no mundo hodierno.
Palavras-chave: Leitura. Intertextualidade. Interdisciplinaridade.
MULHERES ENTRE ENFEITES & CAMINHOS:
cartografia de memórias em saberes e estéticas do cotidiano no
Marajó das florestas (S. S. da Boa Vista-PA)
Ninon Rose Tavares JARDIM (UEPA/GECA/CUIA)
E-mail: ninonjardim@gmail.com
esta pesquisa apresento uma cartografia do saber-fazer com
fibras de jupati, tecido por mulheres dos rios Chaves, Pirarara,
Seringueiro, Urucuzal e da Vila de Nazaré, no município de São Sebastião da Boa Vista, no Marajó das Florestas-Pa. A problemática
que orientou a investigação foi analisar como essas mulheres da
floresta marajoara constroem o saber-fazer na criatividade artística de
tecer fibras? Quais os significados dessa arte em suas vidas? Como
suas Obras dialogam com a tradição e o contemporâneo? De que modo
essa arte vem se (res)significando ao longo do tempo? Seguindo orientações teóricas dos Estudos Culturais e do Pensamento Pós-
Colonial em conexões com o campo da Arte e por meio da metodologia
da História Oral, procurei etnografar a paisagem física, humana e
cultural de uma comunidade rural amazônica; captar a estética
elaborada no cotidiano, os sentidos do saber-fazer gestados na feitura de Enfeites e Caminhos entre formas e coloridos. Neste enredo, analiso
o processo produtivo e criativo durante o fazer em fibra na relação com
os tempos do viver marajoara; discuto como essa arte é absorvida pelo
mercado; trago à cena a arte em fibra do jupati no diálogo com
questões conceituais do campo da arte, relacionando tradição e
modernidade, culto e popular, arte, vida e estética do cotidiano, entrelaçados aos olhares das mulheres sobre sua Obra e os
significados simbólicos, estéticos e formais. No modo de alinhavar
Enfeites e Caminhos, busco aproximações com memórias indígenas e
heranças históricas; analiso a morfologia da tessitura, as relações
cromáticas, as funções que essa arte tem na vida dessas mulheres e as significações icônicas, indiciais e simbólicas das composições
artísticas. Mergulhada nesse universo, descubro que o saber-fazer em
N
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
80
fibras está articulado a cosmologias e ecossistemas estéticos; a arte
em fibras é conhecimento e meio de vida; as Obras expressam
sentimento de prazer, de gostar de tecer, incitando transgressões de
códigos cosmológicos locais; fortalecem laços familiares, ligam
gerações pela tradição do tecer, estabelecem encontros familiares,
momentos de intimidade, cumplicidade, aprendizagem, disputas, conquistas entre mães, filhas e irmãs; (re)afirmam identidades,
autoridades artísticas, estabelecendo códigos de respeito e hierarquias
no reconhecimento acerca da qualidade do tecer.
Palavras-chave: Arte. Estética do Cotidiano. Memória. Identidade.
MÚSICAS EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA:
composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho
e Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes
Glayce de Fatima Fernandes da SILVA (UFPA) E-mail: glaycesilv@bol.com.br
Ediane Maria Guimarães MONTEIRO (UFPA)
E-mail: edianemonteiro@bol.com.br
Joel CARDOSO (Orientador)
E-mail: joelcardosos@uol.com.br
ste trabalho tem por desígnio contribuir para o aperfeiçoamento
da prática dos professores de Português, mas não ambiciona
abarcar as vastas possibilidades de fazê-lo, apenas apresenta
algumas sugestões de atividades referentes à música, tendo em vista
que abraçou como tema “Música em aulas de Língua Materna: composições e/ou interpretações de Vinicius de Moraes, Toquinho e
Adriana Calcanhotto em diálogo com outras artes”. A linha central
deste estudo consiste em contemplar a música em aulas de Língua
Materna, tendo como objeto de estudo a música como subsídio
metodológico no processo de ensino-aprendizagem de Língua Materna.
Desse modo, definiu-se o objetivo geral: Apontar e descrever como a música pode ser utilizada como subsídio metodológico no processo de
ensino-aprendizagem de Língua Materna. Em vista desse objetivo,
definiram-se questões mais específicas, tais como: Delinear conceitos
sobre música enquanto modalidade artística; Definir as relações
intersemióticas que se estabelecem entre as diversas modalidades artísticas; Assinalar como as aulas de Língua Materna podem
ultrapassar as fronteiras gramaticais; Propor leituras interpretativas e
E
Estudos literários e outras artes
I Seminário Tradução e Interculturalidade
81
metodologias intersemióticas para o ensino-aprendizagem de Língua
Materna, tomando a música como ponto de partida para o diálogo com
outras artes. Este estudo foi desenvolvido a partir do cunho
qualitativo, definindo-se como pesquisa bibliográfica. Em vista dos
anseios deste estudo, fez-se necessário apresentar alguns
desdobramentos conceituais sobre: semiótica; artes; a linguagem intersemiótica entre as artes; a arte musical; e aulas para além das
fronteiras gramaticais. Assim, aponta-se a relevância deste trabalho
em virtude de demonstrar música para contribuir para a ampliação do
horizonte de leitura dos alunos de Português, a partir do seu diálogo
com outras artes. Palavras-chave: Língua Materna. Música. Artes. Intersemiótica.
Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
82
ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade I
Coordenador: Luís Junior Costa Saraiva
A ATIVIDADE DE CAÇA
como momento de interação entre os Tembé do Alto rio Guamá
José Rondinelle Lima COELHO (PPGAS/UFAM, SEDUC-PA)
E-mail: coelho184@hotmail.com
Felype Mota MOREIRA (UFPA)
E-mail: felypemota0@gmail.com
reflexão feita a seguir é resultado de pesquisas realizadas na
Terra Indígena Alto Rio Guamá, na aldeia Sede, mais
especificamente, em caçadas junto ao povo Tembé Tenetehara
no de 2013. As ponderações que proponho podem ser entendidas
como um esforço de compreender o papel da atividade de caça na cosmologia do grupo em questão. Por isso busquei analisar a dinâmica
de caça e regras para a manutenção da segurança do caçador no
espaço do mato, assim como o processo de produção do corpo e
adoecimento. Busquei fazê-los a luz de Viveiros de Castro para o
entendimento das dinâmicas presentes nas relações de uma sociedade
ameríndia, assim como Garnelo para pensar as categorias ligadas a saúde e doença. Some-se a esses, clássicos como Wagley e Galvão
(1961), Gomes (1977) e Zanonni (1999) para uma análise da história,
versões de mitos e organização social, dados recolhidos por esses
autores em diferentes momentos da trajetória dos Tenetehara. E assim
verifiquei que a atividade de caça é um momento xamanístico, que possui relevância para a manutenção de um mundo onde a
(cosmo)lógica Tembé aparece em cada momento da caçada, seja no
preparo das armas, armadilhas, moquém, nas andanças, construção
A
Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
83
do mutá e até nos momentos que antecedem e sucedem essa
atividade, pois o cuidado com os parentes deve ser uma constante,
evitando com isso conflitos e possíveis adoecimentos.
Palavras-chave: Caçada. Corpo. Tembé. Adoecimento.
A MEMÓRIA DO CONSUMO:
aspectos culturais da vila Cearazinho
Rafaella Contente Pereira da COSTA (PPLSA/Bolsista CAPES/UFPA)
E-mail: rafaellacontente@gmail.com Pere Petit PEÑARROCHA (Orientador)
E-mail: petitpere@hotmail.com
presente artigo busca compreender as percepções sobre o
consumo de bens materiais e simbólicos em diferentes
momentos da história de uma vila localizada no município de Bragança no estado do Pará, a Vila Cearazinho, fazendo uma análise
cultural de aspectos do comportamento. Neste sentido, as memórias
possibilitam o entendimento do conteúdo simbólico da ação do
consumo e de como esses sujeitos percebem o mercado ao longo de
suas trajetórias, que possuem características de formações sociais que
se transformaram com o tempo. Usou-se a história oral como fonte de pesquisa, por está vinculada à memória, que é uma ocorrência nos
sujeitos. Desta forma, as narrativas se apresentam como uma fonte
que pode nos dizer, e muito, sobre aspectos do passado e também do
presente, pois desvela saberes transformados a partir dos significados
atribuídos ao consumo. A história do consumo revela como os moradores do Cearazinho percebem a si e o outro, a partir dos valores
conferidos aos elementos da estrutura social que constituem tanto o
espaço da vila quanto os ambientes externos, das relações de poder
existentes, por meio da afirmação de identidades e de como se
posicionam no processo de ressignificação do consumo, que atribui
certas organizações do cotidiano em momentos históricos diversos. Palavras-chave: Consumo. Memória. Cearazinho.
MANDIOCULTURA:
estudos etnográficos e a dinâmica social na “Terra do Brasil”
Natascha Penna dos SANTOS (PPLSA/UFPA)
O
Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
84
E-mail: nat_penna@yahoo.com.br
Luis Junior Costa SARAIVA (Orientador)
E-mail: luisjsaraiva@yahoo.com.br
etnografia como tradução se propõe a vivenciar experiências. A
descrição resultante do trabalho de campo reporta-nos a uma (trans)formação. A descrição citada sobre o uso da mandioca
que provoca curiosidade pela forma rudimentar do preparo da farinha
e da referência sobre a importância que o alimento tem para a
comunidade da “nova terra”. Foram citadas relações histórico-sociais
entre grupos diferentes, fazendo referência de como cada uma delas descreve o uso da mandioca, mostrando que não se trata só de cuidar
de uma planta que alimenta, mas a importância da farinha na vida
das pessoas apontando os impactos na memória e história de cada
grupo. Para a construção deste trabalho, foram usadas fontes
documentais históricas acessadas via internet, bem como livros e, a
contribuição para os estudos etnográficos foi pensada a partir da análise dessas fontes. O que se pretendeu com esse trabalho foi
instigar a reflexão a cerca dos estudos culturais e suas possibilidades
de relação com a antropologia e os estudos etnográficos. Existe
possibilidade de tradução? Como propor um estudo etnográfico
definitivo sobre a questão levantada? Não há uma única resposta, o
que se tem como o título nos chama atenção é uma cultura da mandioca ou a mandiocultura sendo demonstrada como descrição
histórica levando o leitor a pensar na construção de uma identidade
local bragantina a partir das diversas formas de intersecção entre as
realidades e categorias sociais, o estrangeiro, o índio, o agricultor, a
mulher, e o cultivo da mandioca proporcionando conhecimento para as ciências sociais na medida em que tenta fazer uma observação
dessas dinâmicas.
Palavras-chaves: Tradução. Experiência. Etnografia. História.
O MITO DO ATAÍDE: reflexões preliminares sobre a relação entre meio ambiente e
narrativas orais na comunidade de Bacuriteua, Bragança, Pará
Luis Junior Costa SARAIVA (UFPA)
E-mail: luisj@ufpa.br
A
Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
85
presente comunicação busca refletir sobre o conjunto de
narrativas orais coletadas na comunidade de Bacuriteua, umas
das comunidades pertencentes a Reserva Extrativista Marinha
do Caeté Taperaçu, a qual localiza-se próxima a Bragança-Pará. Nosso
objetivo e refletir sobre os mitos que surgem nas narrativas orais e a
relação entre mitos e meio ambiente. Levando em conta o fato de que os moradores da referida comunidade vivem da pesca e da extração do
caranguejo, a relação deste com a natureza é algo importe de ser
abordado a partir dos mitos. A metodologia aplicada na presente
pesquisa é de cunho antropológico, dentro de uma perspectiva do
estudo do imaginário e das representações sociais. A partir do trabalho de campo junto a comunidade, foi possível realizar a coleta
de narrativas orais sobre os mitos com pessoas que narram essas
histórias nesse contexto social. Nosso objetivo foi construir um diálogo
com a comunidade envolvida partindo das realidades vividas em
relação aos mitos narrados por esses diversos atores sociais, dando
destaque para o mito do Ataíde. Um primeiro elemento importante, possível de destacar nas narrativas dos moradores da referida
comunidade, é a forma como o mito está relacionado a preservação
ambiental, pois como alguns dos entrevistados já definem em seus
relatos orais, o Ataíde é o “Dono do Manguezal”, o que nos apresenta a
importância social desse mito no espaço da comunidade e da sua
relação com a natureza. Palavras-chave: Mito. Ataíde. Bacuriteua. Meio ambiente. Oralidade.
OS RASTROS DA CULTURA INDÍGENA EM CAMETÁ:
uma breve discussão metodológica
Pâmela Paula Souza NERI (PPGEDUC/UFPA/bolsista CAPES)
E-mail: pamelaletras@yahoo.com.br
Gilcilene Dias COSTA (Orientadora)
E-mail: gilcilene@ufpa.br
presente trabalho pretende apresentar o projeto de pesquisa
que tem como objetivo traçar uma análise sobre o processo de
silenciamento da cultura indígena no município de Cametá,
seguindo os rastros do que chamamos de trilha indígena, as
localidades da Aldeia-Cujarió-Pacajá-Cametá-Tapera. A pesquisa toma como base a cronística de Pero de Magalhães Gândavo para viabilizar
a discussão sobre a construção da representação da cultura indígena
A
O
Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
86
dada pela visão do colonizador. A proposta consiste em voltar quando
necessário para a literatura produzida na época, como forma de
perceber pela vertente pós-colonial como a representação indígena foi
constituída na historiografia brasileira. Desse modo, tomaremos como
base na pesquisa de Pós-graduação do Mestrado de Educação e
Cultura da UFPA três vertentes de problematização, a saber: os estudos pós-coloniais, que fomentarão os discursos sobre a crítica à
colonização dos saberes indígenas na historiografia brasileira. Em segundo lugar, partiremos para o estudo sobre o processo de memória-esquecimento da cultura indígena no município de Cametá, buscando
entender, num terceiro movimento, por meio do pensamento da alteridade, o movimento de afirmação e negação do outro em nossa
cultura, interligando os elementos diacrônicos e sincrônicos da experiência no contexto histórico atual. Para essa primeira discussão
apresentada, levantaremos os principais conceitos do pós-colonialismo
que serão usados como arcabouço metodológico durante a pesquisa,
perpassando pela contribuição da genealogia do sujeito e
consequentemente da narrativa autobiográfica para a construção metodológica da investigação.
Palavras-chave: Crônicas de viagem. Memória-esquecimento. Pós-
colonialismo.
QUANDO PESQUISADOR E NATIVO SÃO DA “MESMA” CULTURA? alteridade e família na Amazônia
Kirla Korina dos Santos ANDERSON (IFPA/Campus Tucuruí)
E-mail: kirla7@hotmail.com
objetivo principal do trabalho consiste em contribuir para a
reflexão sobre interculturalidade na Amazônia, tendo como
ênfase a construção do “outro”, no contexto das relações de
família. Para isso, parte da ideia de que a socialização consiste num
processo de interação social, que engloba os mais diversos aspectos da
vida em sociedade (família, escola, grupos de amigos) e que acompanha toda a vida do indivíduo, para além do ideal de
transmissão cultural. A pesquisa foi realizada entre famílias de
camadas médias urbanas, na cidade de Belém/PA, e contou com
pesquisa bibliográfica sobre família, socialização e camadas sociais;
entrevistas com onze pessoas de diferentes posicionamentos na família, além de observações. Referida emicamente como educação
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Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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e/ou criação, a socialização faz parte de um conjunto de idealizações
que as famílias constroem, geralmente demarcadas por ideais de certo
e errado e bem e mal, no qual a família é tratada como local de
aprendizado das relações sociais, embora com especificações em cada
contexto familiar. A antropologia, em seus esforços de entendimento
das diferenças entre as relações sociais, dedicou grande destaque à noção de alteridade, de estar com o outro (muitas vezes, tida através
do estudo de sociedades “nativas”, “exóticas”, ou seja, de uma
realidade diferente da do pesquisador). A leitura de autores como
Clifford Geertz, Marcell Mauss, Roberto Cardoso de Oliveira e Roberto
DaMatta, mostra a necessidade de se relativizar as experiências nativas, que estão sendo observadas e compreendê-las no contexto em
que são produzidas. Neste sentido, vale ressaltar que cada família
apresenta a sua especificidade, ou melhor, é como se cada casa fosse
um caso, por isso a diversidade de formas de pensar e sentir a
socialização na família. Ao falar de sua socialização, os entrevistados
procuram fazer isso ao comparar o tratamento que tiveram em relação à infância dos pais, ou a sua em relação aos seus filhos. Assim, a
categoria “outro” que se investiga envolve a consideração sobre o modo
de vida do grupo pesquisado, com ênfase para a maneira como
construímos um espaço relacional, em que a cultura opera como uma
lente através da qual enxergamos, classificamos e tratamos o outro.
Portanto, a socialização é um processo relacional, em que o outro aparece como um espelho, que reflete a rede de relações a que o
indivíduo está submetido, o que serve de reflexão para minha
pergunta central nesta análise.
Palavras-chave: Socialização. Alteridade. Antropologia.
RESGATE DA CULTURA DA PRODUÇÃO DE PANELAS DE BARRO
como fonte de renda sustentável em comunidades rurais no
município de Bragança
Délio Saraiva dos SANTOS (UNINTER) E-mail: deliosaraiva@hotmail.com
o passado produzir panelas de barro era um requisito da “boa
dona de casa”, já que acesso a materiais metálicos e outros do
gênero eram de difícil acesso até meados do século XX. Esse processo produtivo ainda hoje é muito recorrente em alguns
municípios do estado do Pará, porém de forma isolada este saber
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Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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silenciosamente está desaparecendo, já que está guardado nas mãos
de poucas senhoras, que mesmo não tendo apenas como função uso
doméstico, mas também como produto de comercialização ou troca é
ainda pouco explorado como negócio. Em 2003 com a parceria do
SEBRAE-PA, iniciamos um processo de investigação e aperfeiçoamento
de métodos e criação de equipamentos com o objetivo de através de uma produção comercial e sistemática fortalecer a cultura e manter a
tradição da fabricação ceramista através da comercialização de
panelas de barro. Esta tradição ceramista aos poucos vem
desparecendo em virtude do não reconhecimento pelas novas gerações
da importância desta produção para as gerações futuras. Buscamos através deste processo a consolidação do legado deixado pelos
antecessores que aqui estiveram, incentivando, divulgando,
visibilizando e mantendo esta produção que vai além da simples
comercialização, tornando-se fonte de orgulho de uma tradição rica e
expressiva da cultura local.
Palavras-chave: Regate. Inovação. Comércio.
UM ENSAIO ETNOGRÁFICO DA EDUCAÇÃO KA’APOR
como resistência sociocultural
Evilania Bento da CUNHA, (PPGLS/UFPA/UNIFAP) E-mail: evilaniageo@yahoo.com.br/evilania@unifap.br
José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)
E-mail: mojuim@uol.com.br
artigo aqui apresentado é resultado dos estudos da pesquisa de mestrado no Programa Linguagem e Saberes na Amazônia
durante disciplinas cursadas para obtenção de créditos, com
projeto intitulado A (RE)SIGNIFICAÇÃO DO LUGAR E AS NOVAS
TERRITORIALIDADES DOS KA’APOR NAS ALDEIAS XIÉ PYHÚN
RENDA, PARAKUY RENDA E TURIZINHO. Far-se-á um recorte do
Projeto de Educação Ka’apor a partir do olhar da pesquisadora e de sua experiência como educadora formadora na Educação Escolar
Indígena dando ênfase à avaliação diagnóstica realizada no ano de
2012, do qual originou esse projeto de pesquisa. De acordo com o
Parecer Interdisciplinar Preliminar resultante da avaliação
diagnóstica, o projeto de escolarização dos povos indígenas no Brasil trás consigo métodos ou formas de mensurar, ou não, o processo de
aprendizagem das habilidades apresentadas no decorrer das
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Estudos culturais e interculturalidade I
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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atividades impostas, desconsiderando os inúmeros espaços próprios
da educação ou desenvolvimento das pedagogias indígenas,
restringindo os espaços de aprendizado ao confinamento da escola.
Essa perspectiva orientou os sujeitos e instituições que até o presente
momento vêm “ensinando” nas escolas da Terra Indígena Alto Turiaçu.
Juntamente com esse modelo e estrutura externa ao mundo do povo indígena chegam práticas, valores, metodologias de ensino e avaliação
do ensino-aprendizado aos moldes da educação escolar que não
conseguem ser eficientes. A avaliação teve como objetivos desenvolver
atividades pedagógicas interdisciplinar com práticas do mundo
kamará (não indígena) e ka’apor e fazer um levantamento da história de vida escolar dos educandos. Neste trabalho pretende-se apresentar
um relato etnográfico das aulas do componente curricular História e
Geografia. A metodologia adotada foi pesquisa documental do material
didático utilizado para a avaliação e construção de material
proveniente das aulas, além de consulta aos documentos técnicos
elaborados pelos professores formadores. Palavras-chave: Ka’apor. Educação Escolar Indígena. Avaliação.
Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
90
LINGUAGENS DISCURSIVAS e culturais
Coordenadores: José Sena da Silva Filho
e Hadson José Gomes de Sousa
ESTUDOS DOS GESTOS
dêiticos na linguística
Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA)
E-mail: duarte.romrio@gmail.com
Sabine REITER (Orientadora)
E-mail: daadbelem@daad.org.br
ste presente trabalho objetiva explicitar a relevância dos
estudos dos gestos, em especial os gestos dêiticos, na ciência da
linguagem. Como pressupostos teóricos utilizamos Kendon
(1972; 2004), McNeil (1992; 2005) e Streeck (2009). Estes autores
tratam da relação dos gestos com a fala, dos gestos como linguagem, e
inferem discussões dos aspectos linguísticos e cognitivos, além de sistematizarem e classificarem os gestos em tipos. Haviland (2000)
também serviu de base teórico-metodológica, já que suas pesquisas
tratam especificamente de um dos tipos gestuais, o uso do gesto
dêitico. Os pressupostos metodológicos seguem, em partes, os
métodos adotados pela etnografia e pela antropologia visual. Também foram adotados alguns procedimentos no tratamento dos dados. Como
se trata de um estudo experimental utilizamos apenas uma gravação
audiovisual que contempla uma narrativa oral de um morador
residente na Ilha de Santana, localizada no município de Santana -
AP, Brasil. Esta narrativa compõe o corpus de dados do Grupo de
Pesquisa Núcleo de Fotografias Contemporâneas (NUFOC) da Universidade Federal do Amapá. A pesquisa nos mostrou que os
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Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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gestos dêiticos são visualizados na interação comunicativa do sujeito
durante a narrativa, e nos leva a compreender que tanto os gestos
quanto a fala estão intrinsecamente ligados. Deste modo, inferimos
que os gestos dêiticos também precisam ser compreendidos como
categorias linguísticas de análises plausíveis.
Palavras-chave: Linguística. Gestos dêiticos. Fala.
INSTITUIÇÃO E CONSTITUIÇÃO
da identidade do sujeito professor
Hadson José Gomes de SOUSA (UFPA)
E-mail: hadsonsousa@hotmail.com
o esforço de discutir sobre concepções/percepções acerca de
tessituras identitárias é que nasce esse trabalho. Para tanto,
nos dedicaremos a refletir, ancorados em Geraldi (2010a), sobre duas possibilidades de construção da identidade. A saber, os processos de instituição e constituição do ser, expressões-chave caras a
este estudo; que implicam pensar duas possibilidades de relação. Em
seguida queremos defender/discutir a partir de uma perspectiva di-
alógica, a identidade concebida como construto resultante da relação
com a(s) alteridade(s) – relação Eu-Tu. A relação com a Outridade, com o absolutamente Outro, interrelação, enceta a constituição da
identidade, portanto. Identidade que é construída num movimento em
que a diferença identifica (GERALDI, 2010b; LÉVINAS, 1988, 2004).
Por essa via, rechaça-se o ser ensimesmado e a identidade cartesiana
solipsista. Após esse percurso, intuímos verticalizar essa discussão
para analisar concepções de identidades que circulam socialmente e são delegadas ao sujeito professor. Tomaremos como objeto de análise charges veiculadas em espaços virtuais de interação (Facebook e
WhatsApp). Num exercício crítico de refutar modelos
homogeneizadores e padronizadores, de instituição, que eliminam o
foco interacional-dialógico, logo não contemplam a identidade como
um “(...) processo de constituição ao longo da vida”. (GERALDI, 2010a). Que no caso do professor se constitui na relação triádica:
professor(es), aluno(s) e objeto(s) de ensino, dentro dos espaços de
interação em que esse profissional atua; a sala de aula, no caso. Por
conseguinte, percebemos que essas identidades impostas comportam
discursos que circulam e tornaram-se senso comum e tentam inolucar
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Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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e perpetrar sentidos que pauperizam a imagem social do sujeito
professor.
Palavras-chave: Sujeito professor. Instituição. Constituição.
Identidade.
LITERATURA E CINEMA:
perspectiva intercultural amazônica
Cleidiane Maria Pureza MORAES (UFPA)
E-mail: cleidy.gyrl@gmail.com Tabita Moraes de CASTILHO (GEPEM/UFPA)
E-mail: tabitamoraes@hotmail.com
Lilian Pereira NASCIMENTO (Orientadora)
E-mail: sralilian@gmail.com
ste trabalho tem por objetivo mostrar a literatura e o cinema em uma perspectiva intercultural amazônica onde aborda diferente
e diferenças culturais pelo meio de uma diversidade de valores,
conhecimentos e costumes que fazem parte da realidade Amazônica.
Nos últimos anos a Amazônia tem sido assunto de relatórios,
documentos, poemas, contos, ensaios, romances, literatura em geral e
na modernidade a arte cinematográfica. E cada vez que alguém a descreve a partir de seu olhar e sua cultura, ela passa a ser narrada
pelo mistério que rodeia a essência natural de cada morador, e este
real torna-se conhecimento de outra cultura distinta da sua e faz com
que o imaginário dessas pessoas o usufrua desses saberes regionais
amazônicos. As culturas amazônicas estão rígidas por uma filosofia chamada pespectivismo, isto é, a noção de que o mundo esta habitado
por uma classe diferente, humana e não humanos que aprendem a
realidade de diferentes pontos de vistas e dentre esses a natureza
perspectivista das cosmologias amazônicas e as fronteiras fluidas
entre as culturas mestiças e indígenas que o cerca. E neste
intercambio de diferentes culturas temos como metodologia a literatura e o cinema que contribuem positivamente na
interculturalidade de um povo. A literatura se revela como uma área
do conhecimento humano que promove facilmente essa parceria,
principalmente quando conjugamos com outras formas artísticas
como é o caso do cinema, o qual se revela como forma de conhecimento, ou seja, o cinema é o interlocutor dessas questões
interculturais de um povo, tal como a obra “Iracema” de Jose de
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Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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Alencar, que retrata tanto nos textos quanto no filme Iracema Uma
Transa amazônica de Jorge Bodansky e Orlando Senna, dilemas
comuns da cultura de um povo, é justamente essa realidade
apresentada nesta obra que a torna mais cativante ao leitor, pois não
se trata da historia de um super herói que faz atos incríveis de modo
fantasioso e sim de uma realidade regional vividas por pessoas que são heróis de suas próprias historias. Com isso, este estudo nos fez
perceber que literatura e cinema são parcerias de conhecimento
intercultural.
Palavras-chave: Amazônia. Cinema. Cultura. Literatura.
NOS RASTROS DA AVALIAÇÃO:
análise das intervenções do professor de língua portuguesa em
textos escolares
Eduarda Otacília Silva MEIRELES (UFPA) E-mail: meirelles.eduarda@gmail.com
Fernanda Ramos CORREA (UFPA)
E-mail: nanndaramosfp@hotmail.com
Hadson José Gomes de SOUSA (Orientador)
E-mail: hadsonsousa@hotmail.com
om este trabalho objetivamos analisar as concepções que
perpassam o ato de avaliar em Língua Portuguesa,
especificamente avaliação de textos escolares, produzidos por
alunos do 8º ano do ensino fundamental, do Centro Educacional
Sagrada Família, localizado na cidade de Curuçá-PÁ. Com base nos rastros deixados pelo professor no processo de correção, analisaremos
e interpretaremos com base nas teorias que discutem sobre avaliação
escolar e textual o que é priorizado pelo professor ao intervir nos
textos produzidos em sala de aula e de que maneira essa avaliação
pode contribuir para a construção do conhecimento pertinente a
produção textual dos alunos. Para essa análise, utilizaremos como aporte teórico, dentre outros autores, as discussões sobre avaliação
em língua materna tecidas por Suassuna & Marcuschi (2007). Segundo Suassuna (in Suassuna & Marcuschi, 2007, p.11) “Uma das
principais dimensões da avaliação é a de promover a construção do
conhecimento.” Assim, refletiremos se as marcas deixadas pelo
professor, nos textos dos alunos, servem de suporte para a retextualização e construção do conhecimento, tanto pelo aluno
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Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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quanto pelo professor. Ou seja, se há ensino-aprendizagem nesse
processo. Daí, chegaremos à discussão da(s) concepção(ões) de
avaliação que prevalece(m) e/ou predomina(m) em cada ato avaliativo.
Assim, tentaremos demarcar as concepções de texto que são levadas
em consideração pelo professor nesse processo.
Palavras-chave: Avaliação. Língua Portuguesa. Produção Textual.
SABERES LOCAIS EM PRÁTICAS ORAIS:
letramentos nas vivências do rio Jepohúba - Breves Marajó-PA
Mônica de Jesus dos Anjos NUNES (UFPA/PARFOR)
E-mail: anjos_nunes@hotmail.com
José SENA FILHO (Orientador)
E-mail: formadorsenal@hotmail.com
Luiz GUILHERME JUNIOR (Co-Orientador)
E-mail: lguilherme@ufpa.br
presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre
narrativas orais e saberes dos ribeirinhos do Rio Jepohúba no
Município de Breves, onde os contos transcritos e reescritos
foram aplicados em um projeto de leitura e escrita na Escola
Margarida Azevedo Nêmer, no Município de Breves – Pará, Marajó, com alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. O mesmo foi
elaborado e desenvolvido por causa da necessidade em atrair os
alunos das referidas séries para o mundo da leitura e escrita, visto
que o rendimento na sala de aula estava comprometido. O projeto foi
aplicado, com base na perspectiva enunciativa de Mikhail Bakhtin e de Letramentos conforme orienta Roxane Rojo, além de outros autores
da área, levando em consideração os saberes ribeirinhos como prática
de leitura e escrita integrada ao seu meio social, no intento de que
cada criança também usasse sua vivencia diária e em família como
ferramenta de ensino e aprendizagem para uma alfabetização de
qualidade, tornando assim a realidade escolar uma significação diferenciada para o discente. O resultado foram alunos leitores,
capazes de criar e recriar o próprio saber e o projeto que deveria
apenas coletar dados para a construção do trabalho de conclusão de
curso, se tornou parte do Projeto Politico Pedagógico da escola e foi
estendido para as escolas ribeirinhas, onde as narrativas foram gravadas, sendo desenvolvido em todos os turnos nas escolas,
tornando alunos capazes de ler e criar seus próprios textos.
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Linguagens discursivas e culturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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Palavras-chave: Narrativas orais. Ribeirinhos. Letramentos.
SALAS DE CINEMA, VIDA URBANA E ESPECTADORES:
o impacto cultural do cinema no cotidiano bragantino nas
décadas de 1960-1990
Ariane Baldez COSTA (PPLSA)
E-mail: arianebaldez@hotmail.com
Pedro Petit PEÑARROCHA (Orientador)
E-mail: petitpere@hotmail.com
trabalho visa estudar por meio das narrativas orais daqueles
que frequentaram as salas de cinema em Bragança, o impacto
cultural do cinema no cotidiano bragantino durante os anos de
1960-1990. Mediante a isto, procuramos também discutir aspectos no
que diz respeito à importância da experiência com o cinema na vida sociocultural local, procurando entender como essa experiência era
vivenciada e como ocorria a recepção da sétima arte. O cinema se
instala na rotina dos moradores do município de Bragança, aliás, pelo
menos de uma parte dela, ainda que não fosse de forma linear (pois
entre seus altos e baixos, as salas de cinema foram sobrevivendo)
permanecendo assim na vida social dos bragantinos, atravessando gerações e gerações durante aproximadamente oito décadas,
destacando o Cine Olímpia como a mais popular e frequentada sala de
cinema da cidade. Dessa forma, o estudo permeia o universo da
memória o qual privilegia os mais diversos conjuntos de experiências,
prazeres e práticas sociais voltadas para as exibições cinematográficas. Seu desenvolvimento inicia a partir de uma
abordagem interdisciplinar, a qual dialoga com os diversos campos de
conhecimento, como a história oral, a antropologia, da sociologia, a
história etc., enveredando por uma metodologia de pesquisa de campo
e bibliográfica, tendo como apoio teórico Verena Alberti (2005) no âmbito das fontes orais, Maurice Halbwachs (2006) com suas considerações sobre a memória, Jean-Claude Bernardet (2006) e (2009)
em um panorama sobre a história do cinema nacional e mundial,
Leôncio SIQUEIRA (2208) e Benedito Cezar Pereira (1963) em um
estudo historiográfico local e Graeme Turner (1997) com sua teoria do
cinema como prática social.
Palavras-chave: Cine Olímpia. Bragança. Espectadores. Cinema. Impacto cultural.
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Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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ESTUDOS LITERÁRIOS e Interculturalidade
Coordenadora: Larissa Fontinele de Alencar
A ATUAÇÃO DA PERSONAGEM ÚRSULA IGURÁN BUENDÍA
na obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
Raimundo Conceição de Araujo de SOUSA (UFPA)
E-mail: araujoraimundo99@yahoo.com.br
Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora)
E-mail: iris_flb@hotmail.com
Literatura Hispano-americana por apresentar uma diversidade
de temas, sejam eles em relação ao contexto local, seja aos
elementos universais que afligem o gênero humano, e essa
pluralidade faz com que o conjunto de obras, principalmente as
produzidas a partir dos anos cinquenta do século vinte colocaram a América Latina em destaque no cenário literário mundial. Neste artigo,
apresentaremos uma análise sobre algumas características presentes no romance Cem anos de solidão, do escritor Gabriel García Márquez,
e que são os fios condutores que irão direcionar este trabalho.
Primeiro será discutido o Boom Latino-americano e a relação que
Gabriel García Márquez tem com esta definição, posteriormente, e do mesmo modo, destacaremos o Realismo Mágico e sua analogia com a
obra estudada. Apresentaremos de maneira sucinta uma biografia do
escritor e um comentário sobre o romance em questão. Com estas
informações e com fundamentações teóricas de crítica e teoria literária
entraremos no ponto principal que é a construção e atuação da
personagem, para isso escolhemos a matriarca Úrsula Iguarán Buendía. Para desenvolvimento deste usamos como fundamentação teórica as obras Literatura e Sociedade, de Antonio Candido; A
A
Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
97
personagem, de Beth Brait, El Boom em perspectiva, de Ángel Rama;
Historia da literatura Hispanoamericana, de Bella Josef; Antologia crítica de la Literatura Hispanoamericana, de John O’Kuinghttons
Rodríguez.
Palavras-chave: Realismo Mágico. Boom Latino-americano. Cem anos
de solidão. Úrsula Iguarán Buendía.
A BIOGRAFIA
de Benedito César Pereira
Lidiane Sousa da SILVA (UFPA)
E-mail: lidyamorim04@yahoo.com.br
presente trabalho objetiva mostrar a biografia do poeta,
político, bragantino, chamado Benedito César Pereira, este é
um dos capítulos de meu TCC, que intitulou-se “Maní de
Urutá: A Lenda Bragantina de Benedito César Pereira” a sua elaboração só foi possível com os relatos de seus familiares e amigos e
por meio da oralidade consegui elaborar a biografia do mesmo, já que
quase nada encontramos impresso que mencione este autor que muito
ajudou na construção histórica cultural de Bragança. Nome
importante do cenário político e poético de Bragança, dentre seus
escritos destacam-se “Sinopse da História de Bragança” (1963), “Maní de Urutá” (1958), obras que o tornaram conhecido entre os escritores
bragantinos, mas que poucos tiveram o privilégio de tais leituras, pois
as mesmas são de difícil acesso. E dos poucos exemplares do poema
“Maní de Urutá” saiu de Bragança na I Jornada Paraense de Folclore,
onde o próprio autor presenteou os participantes do evento e grande parte deste público era de outras regiões do estado. “Os ‘causos’
contados durante o dia e na festa: mitos, estórias, lendas, narrativas
antigas, perdidas no tempo, transmitidas de uma geração à outra sem
que ninguém se lembre de um autor ou de uma origem” (BRANDÃO,
1984, p. 20). Objetivando que os relatos da família e amigos do autor
não se perdessem no tempo e não ficasse somente no plano da oralidade e a cada nova informação o encanto crescia em transformar
esses relatos em texto escrito. “Uma ou muitas pessoas juntando suas
lembranças conseguem descrever com muita exatidão fatos ou objetos
que vivenciaram” (HALBWACHS, 2006, p. 31). Para fundamentar esse
estudo e enriquecer os relatos são usadas as leituras: (MOISÉS, 2004); (LARAIA, 1997); (ROSÁRIO, 1999); (LÉLIS. 1999); (COUTO, 2000).
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Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
98
Palavras-chave: Bragança. Benedito César Pereira. Cultura.
A INFLUÊNCIA DOS ROMANCES DE CAVALARIA
no imaginário da literatura de cordel: o caso de Amadis de Gaula
e da História da Princesa da Pedra Fina
Thays da Costa PANTOJA (UFPA)
E-mail: thaysrockstar15@hotmail.com
Suzy Maria Campelo RODRIGUES (UFPA)
E-mail: suzy_201320@hotmail.com George PELLEGRINI (Orientador)
E-mail: pellegrini13@yahoo.es
s romances de cavalaria encheram de encantamento e fantasia
o imaginário ibérico do final da Idade Média e do início do
Renascimento. Nelas, os heróis saem em busca de aventuras, dispostos a lutar contra qualquer tipo de inimigo. O âmbito onde o
cavaleiro está imerso é totalmente fantástico; sempre vence a gigantes
e a seres monstruosos; castelos, encantamentos e coisas
sobrenaturais aparecem constantemente no mundo novelesco de
cavaleiros andantes. Serviu de inspiração para que Cervantes
escrevesse o mais famoso romance de todos os tempos: Don Quixote de La Mancha. Das páginas dos romances de cavalaria saíram muitos
dos nomes com que os conquistadores batizaram vários lugares da
América recém-descoberta. A nossa literatura de cordel traz muito do
imaginário percebido nos romances de cavalaria. O universo
maravilhoso de princesas, dragões e cavaleiros andantes foi transportado para o sertão. Este trabalho tem o objetivo de, através do comparatismo literário, fazer uma análise do cordel A princesa da Pedra Fina, de Leandro Gomes de Barros e do romance de cavalaria El Amadis de Gaula, anônimo, levando em consideração as principais
características e outros aspectos irrelevantes relacionados com o
gênero novelas de cavalarias. O principal motivo de focalizar este
gênero é familiarizar os demais com gêneros poucos conhecidos, mas, que são pertinentes para a sua formação.
Palavras-chave: Cordel. Romances de cavalaria. Amadis de Gaula.
Literatura Comparada.
BATUQUES E UMBANDAS:
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Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
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entre Bruno de Menezes e o terreiro de Mãe Terezinha, em
Bragança/PA
Nazareno Araújo BARBOSA (UFPA)
E-mail: araujobarbosa2004@yahoo.com.br
este estudo abordaremos a relação cultural e literária entre as
práticas afro-religiosas e o texto “Batuque” de Bruno de
Menezes, escritor paraense. Serão investigadas, principalmente,
as práticas umbandistas, na cidade de Bragança, Nordeste do Pará,
mais especificamente, o Terreiro da Mãe Terezinha. Preocupamo-nos com os aspectos sociais e históricos desta prática afro-religiosa, nossa
análise se volta para como ela surge na cidade de Bragança, e quais os
eventos históricos a ela relacionados desde seu aparecimento até o
início do século XXI. Dentro do contexto cultural atual encontramos
diferentes possibilidades de expressões de religiosidade, cada uma
delas permite ao homem moderno se relacionar de formas diversas com o mundo sobrenatural, sagrado e religioso. Algumas religiões
sofrem preconceitos por parte da sociedade, pelo fato e
reconhecimento da falta de informação sobre religiosidades e cultos
afro-brasileiros. Diante desses aspectos, pretendemos relacionar comparativamente com a obra Batuque, de Bruno de Menezes,
utilizando o poema de mesmo título como forma de símbolo ao batuque que é feito no terreiro de umbanda de Mãe Terezinha.
Portanto, este estudo, ainda preliminar, pretende traçar pontos de
intersecção entre os estudos culturais e os literários, como forma de
construção social sobre as práticas afro-religiosas traduzidas
culturalmente para o texto ficcional e metafórico de Bruno de
Menezes. Palavras-chave: Mãe Terezinha. Bruno de Menezes. Práticas afro-
religiosas. Literário.
ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: o dilema da santidade
Adriana da Silva LOPES (Bolsista CAPES/PPLSA)
E-mail: adrianadsl1@hotmail.com
Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)
E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com
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Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
100
ste trabalho irá realizar uma investigação sobre dois termos
específicos da área religiosa: o sagrado e o profano. O objetivo
deste trabalho é realizar um estudo de caso desses dois termos,
a investigação irá se concentrar na análise da etimologia, nas
definições encontradas em diferentes dicionários, o uso dessas
palavras em diversos contextos e na visão de teóricos da área religiosa. O estudo possui aportes teóricos das áreas de Terminologia, Tradução
e Discurso, para assim, compreendermos a linguagem religiosa, o
transporte dos termos sagrado e profano da área religiosa para outras
áreas do conhecimento e entender como o discurso religioso influencia
na concepção dos cristãos sobre tais termos. Faz-se necessário atentar para a origem desses termos e como os dicionários os definem. A
Bíblia Sagrada é outro recurso utilizado na pesquisa, verificaremos
como os termos “sagrado” e “profano” são empregados em um livro de
cunho altamente religioso. Textos jornalísticos também servirão de
contribuição nesse trabalho, notaremos, em um ambiente informativo,
os contextos que os termos “sagrado” e “profano” integram e as associações à eles dadas. Oferecerá embasamento teórico neste estudo
autores como Ieda Maria Alves, Maria da Graça Krieger, Maria José
Finatto, Adail Sobral e Eni Orlandi.
Palavras-chave: Terminologia. Tradução. Discurso. Sagrado. Profano.
LIMIARES LITERÁRIOS DA MARUJADA
de São Benedito em Bragança-PA
Larissa Fontinele de ALENCAR (SEDUC/UFPA)
E-mail: larissafontinelle@yahoo.com.br
proposta deste estudo é apresentar alguns pontos limiares
entres os conceitos que abrangem Cultura e Literatura,
evidenciando rastros silenciados de memória afrodescendente
no contexto histórico-antropológico da Marujada de São Benedito de
Bragança/Pará, mas que permanecem no texto literário, mais precisamente, a obra de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara.
Inicialmente, propomos uma investigação da manifestação cultural de
louvação a São Benedito. Para em seguida, observamos pontos de
intersecção entre aspectos culturais e literários que direcionam para
uma problemática que determina o rastro de memória silenciado.
Assim, para compor o tópico teórico-metodológico, observamos a noção de memória, esquecimento e silêncio a partir do olhar de
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Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
101
estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, mas que convergem
para esclarecer mais precisamente o conceito de “rastro”, como
Ricoeur (2007), Gagnebin (2006), Assman (2011), Benjamim (1987),
Ginzburg (2012), Pollak (1989), dentre outros, que tracejam o percurso
para entender o rastro silenciado tanto na manifestação cultural,
quanto no texto literário. Partindo desses pressupostos, relacionamos rastros da memória com a cultura originária dos negros; são códigos
embrionários da cultura da Marujada que também surgem nas
narrativas literárias. E, por isso, são essenciais para a compreensão do texto de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara. Ressaltamos
que os rastros silenciados foram observados com a proposição de
ponderar a transição de silenciamento dos rastros da memória cultural para o código ficcional. Portanto, o principal objetivo deste
estudo é verificar como os rastros da memória transitam do código
cultural para a narrativa literária através do viés do silenciamento.
Palavras-chave: Memória. Rastro. Silêncio. Marujada de São Benedito.
MARIA LÚCIA MEDEIROS:
trajeto e palavra
Aline de Fátima da Silva LUCENA (PPLSA/UFPA)
E-mail: alinnelucena@bol.com.br José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)
E-mail: mojuim@uol.com.br
ste trabalho tem por objetivos estudar a ficção autobiográfica de
Maria Lúcia Medeiros, pelo viés da memória, entrelaçando a
tênue fronteira entre ficção e realidade; pretende-se ainda estabelecer relações entre o texto da escritora, suas memórias e vozes
de entrevistados sobre a sua poética, considerando o estudo e análise de sua obra Quarto de Hora (1994). Nesta abordagem, procuraremos
verificar como se intercruzam o texto literário, as vivências e memórias
de Maria Lúcia e a versão dos entrevistados acerca de sua obra. Maria Lúcia produz seus textos ancorados nas próprias reminiscências e por
meio das lembranças constrói uma obra rica e pungente. Em se
tratando da prosa literária de Maria Lúcia, como o acessar da
memória revela ou encobre vinculações entre o vivido e o imaginado?
Como a restauração do passado deixa entrever o autobiográfico no
literário? A autora é memória de sua obra e sua obra memória de sua autora ou vida e obra não guardam os rastros uma da outra? Vários
E
Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
102
são os momentos em que se verifica na obra de Maria Lúcia o
fomentar da questão. Não só as suas personagens lembram, recordam,
restauram; também a autora o faz, transfigurando a experiência vivida
em arte, por meio de recursos vários que asseguram o ambíguo lusco-
fusco entre autobiografia e ficção. O procedimento metodológico está
pautado em descrever as bases diferenciais de uma escrita que congrega elementos reais e criação ficcional. Com base na leitura dos
textos – literários e não literários – de Maria Lúcia Medeiros (contos,
depoimentos) investigaremos como Maria Lúcia representa em sua
escrita elementos reais que são transfigurados para a esfera da ficção
por meio de uma leitura interpretativa da vida e obra da escritora. O estudo pretende, nesse sentido, traçar uma linha de leitura da obra da
escritora seguindo uma perspectiva autobiográfica e memorialística,
segundo a qual procura-se entender a sua obra literária como espaço
onde se espelha a vida da própria escritora e a fragmentação do
sujeito, típica do mundo contemporâneo.
Palavras-chave: Maria Lúcia. Memória. Ficção. Autobiografia.
RASTROS DE “CAMÕES”
em narrativas orais bragantinas
Maria Evangelina Gato dos SANTOS (UFPA) E-mail: hewagts@yahoo.com.br
Larissa Fontinele de ALENCAR (Orientadora)
E-mail: larissafontinelle@yahoo.com.br
presente estudo visa apresentar uma pesquisa preliminar que consiste na coleta de narrativas orais que tematizam peripécias
feitas por uma personagem denominada de Camões, são
narrativas orais recorrentes entre idosos que vivem na região
bragantina, nordeste paraense. Por ter uma diversidade dessas
narrativas presentes nos contares populares da região, surge a
necessidade de averiguar como se dá a construção do personagem, para assim, partimos para uma análise literária que esboce traços e
rastros de Camões nas narrativas orais. Como pressuposto teórico,
tomaremos como base: Walter Benjamin (1985), Ecléa Bosi (2003) e
Paul Thompson (1992), dentre outros teóricos. Quanto aos dados,
foram observadas cerca de dez narrativas orais coletadas entre pessoas idosas moradoras de Bragança-PA e arredores. É válido
ressaltar, que a pesquisa está em andamento, mas já constatamos que
O
Estudos literários e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
103
se trata de narrativas curtas que relatam as aventuras e anedotas de
Camões, um senhor esperto, sábio e corajoso que realiza quase todas
as ações dentro da narrativa, ou seja, é o personagem principal.
Assim, inicialmente analisaremos como ocorreu o contato dos
narradores com as narrativas de Camões; posteriormente
observaremos qual a sua relevância ou significado no contexto social da região bragantina e a sua disseminação a partir da influência, de
certa maneira, do mito camoniano português. Desse modo, o estudo
também tem como foco traçar o percurso narrativo da personagem e
considerar possíveis influências da literatura de cordel nordestina com
o escritor português Luís Vaz de Camões. Palavras-chaves: Narrativas orais. Camões. Personagem.
Estudos culturais e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
104
ESTUDOS CULTURAIS e Interculturalidade II
Coordenador: Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior
ENTRE MÉDICOS E ALIENISTAS:
a cruzada contra o álcool em Belém - 1930 à 1950
Amilcar de Souza Martins SOBRINHO (PPLSA/UFPA)
E-mail: peixe_martins@yahoo.com.br
Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)
E-mail: alexandrinadasilva@hotmail.com
medicina no Brasil a partir do século XIX começou a ganhar
espaço, uma vez que nesse período surgiram várias sociedades
médicas e faculdades de medicina, que produziram um corpus
de saber que esteve a serviço do Estado com a intenção de moldar os
comportamentos da população na tentativa de promover a higienização social. O conhecimento médico organizou os mais
variados discursos que, de certa forma, atingiram as mais variadas
esferas da vida cotidiana de homens e mulheres, incidentes sobre
questões como sexualidade, habitação, lazer, espaço de trabalho,
educação e loucura. Dentro desse contexto, a bebida alcoólica era um
dos focos de atenção da sociedade capitalista, que passava a ser um prazer do qual deveria ser regulado, já que o uso desregrado colocava
em “xeque” a moral burguesa. Para isso, foi preciso a elaboração de
um corpus teórico que colocasse a bebida alcoólica no grupo das
substâncias que comprometiam, não somente o bem estar social, mas
sobretudo, o organismo do individuo. A instituição médica alinhada a ideia de controle social resolveu então fomentar uma batalha contra o
álcool, se valendo muita das vezes, do discurso de uma ciência neutra,
símbolo do progresso da civilização, onde os médicos adquiriam o
A
Estudos culturais e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
105
direito de intervir na vida da população no sentido se purificá-las do
cancro social que era a bebida. A ordem médica foi constituída de
saberes e poderes que a colocava numa condição de interloucutora
entre o Estado e a Sociedade, cooperando para o desenvolvimento de
uma lógica trabalhista, disciplinadora e moralizante. Em Belém, esse
papel foi constituído por médicos, intelectuais, geneticistas e, principalmente, a consolidação de instituições médicas como o
Hospício Juliano Morreira, a Santa Casa de Misericórdia e a Sociedade
Médico-Cirúrgica. O Estado firmou uma espécie de parceria com as
instituições médicas, pois através do pensamento dos esculápios,
chancelaria sua proposta de intervenção das massas, o que demonstra que o “progresso da nação” passaria também pelas mentes e mãos dos
médicos. Esses, instituídos de poderes e com o papel de curar a
sociedade da nocividade do álcool, tiveram em seus discursos o
pensamento norteador de uma campanha anti alcoólica na primeira
metade do século XX.
Palavras-chave: Medicina. Controle. Álcool.
ENTRE O PESQUISADOR E O OBJETO:
um exercício de etnografia
Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (PPGSA/UFPA) E-mail: carlosdias@ufpa.br
rata-se de um texto que reflete sobre a relação entre pesquisador
e objeto na produção de uma etnografia. Busca-se, mais
especificamente, uma compreensão nas diversas metodologias etnográficas de uma melhor abordagem para o trabalho a ser realizado
na Feira Municipal de Cametá, levando em consideração diversos
aspectos da própria pesquisa e do pesquisador e tomando por base o
projeto Falas da Feira: narrativa, trabalho e cultura na feira Municipal
de Cametá-Pará. Tomada como uma questão imprescindível para o
início do trabalho de campo, esta reflexão debate os métodos utilizados desde o evolucionismo cultural até o estruturalismo de Lévi-
Strauss e, também, a hermenêutica de Geertz. Ainda num plano de
discussão de abordagem e escrita recorre-se a James Clifford para
discutir os parâmetros da própria escrita etnográfica levando em
consideração que parte do objeto é de caráter imaterial, como as narrativas e as falas produzidas pelos “nativos”. Entendida como uma
tarefa primeiramente reflexiva, a etnografia deve ser pensada nos seus
T
Estudos culturais e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
106
mais intensos meandros e a relação entre pesquisador X objeto se
torna salutar, levando em consideração o “estar lá”, o “estar aqui”,
mas, no caso do projeto, o “estranhamento”, e a “familiaridade”.
Discute-se também a limiaridade do termo “nativo” e a “coautoria” no
processo de construção desta etnografia.
Palavras-chave: Etnografia. Trabalho de campo. Feira municipal de Cametá.
MEMÓRIAS MIRIENSES:
heranças de gênero entre a cultura indígena ka’apor no Maranhão e cabocla no município de Igarapé-Miri-PARÁ
Leidiane Pena PINHEIRO (UFPA)
E-mail: lei_d_i@hotmail.com
Carlos Alberto Corrêa DIAS JUNIOR (Orientador)
E-mail: emaildavida@gmail.com
om a globalização as mulheres passaram a desempenhar um
papel de protagonistas nos processos de desenvolvimento
social, econômico e político. Na verdade, esse papel só passou a
ser um pouco mais reconhecido e valorizado, pois desde sempre cabe
à mulher a responsabilidade de transmitir os princípios morais, culturais e religiosos para seus familiares e para a comunidade onde
vivem. O presente trabalho tem como objetivo o estudo do discurso e
da memória a partir de narrativas orais das mulheres caboclas do
interior do município de Igarapé-Miri no estado da Pará e das
mulheres da aldeia Indígena Ka’apor no estado do Maranhão. Discutem-se, em linhas gerais, a problematização da suposta
linearidade nas narrativas enunciativas e discursivas dessa e sua
posição hierárquica junto ao seu grupo social e se as marcas
enunciativas e discursivas (caso haja) provem de uma condição
histórica? Ou é coisa do momento presente. Aborda-se também o
papel da memória enquanto resultado do entrelaçamento das experiências cotidianas e a importância do lugar na construção do
sujeito social, a partir das informações analisadas nos discursos das
informantes em suas narrativas. O trabalho foi executado a partir da
analise do discurso e a transcrição das narrações das informantes de
Igarapé-Miri e ka’apor foram feitas seguindo as instruções de transcrição do projeto Rota do mito. É percebível que ao longo do
discurso de nossas informantes há a busca pelo poder discursivo e é
C
Estudos culturais e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
107
esse poder simbólico que permite a contínua reprodução do discurso.
Desse modo ao analisarmos a linearidade nas narrativas discursivas
dessas mulheres podemos afirmar que existem marcas enunciativas
sim, mesmo que algumas indeléveis, essas mulheres conseguiram
galgar uma determinada posição hierárquica junto a suas
comunidades mesmo mediante ha situações adversas encontradas por nossas informantes. As mulheres ao longo de sua evolução cultural
aprenderam a inovar na reorganização dos espaços físicos, sociais,
culturais e intelectuais. E o mais importante aprendeu a inovar
libertariamente, expandindo o campo das possibilidades
interpretativas, alvitrando múltiplos temas de investigação, legislando novas problematizações, agrupando inúmeros sujeitos sociais,
construindo novas formas de pensar, viver e perpassar seus
conhecimentos culturais independentemente de sua etnia.
Palavras-chave: Discurso. Memória. Narrativas Orais. Mulheres
Miriense e Mulheres ka’apor.
NO ROMANCE CANDUNGA, DE BRUNO DE MENEZES:
através do contato com a capa, as mãos tocam a história
Renan Brigido Nascimento FELIX (PPHIST/UFPA)
E-mail: renanbrigido@yahoo.com.br Francivaldo Alves NUNES (Orientador)
E-mail: francivaldonunes@yahoo.com.br
a maioria das propostas que se voltam à análise literária, o
texto sem dúvida é o referencial principal às relações constituídas. Entretanto, existem outras possibilidades que não
podem ser descartadas, pois permitem aprofundar as reflexões. Nesse
sentido, a objetivo da presente comunicação é levantado com a
seguinte indagação: Como construir um exercício de reflexão, que leve
em consideração a importância de uma imagem? Assim, observando a
imagem que a primeira edição lançada em 1954, do romance Candunga de Bruno de Menezes, apresentou no frontispício da obra,
propõe-se um diálogo que estabeleça conexões entre imagem, história
e literatura produzida na Amazônia. Para isso, utilizaram-se os
pressupostos de Peter Burke e Paul Ricoeur que entendem a
importância que objetos como: pinturas, moedas, caricaturas, desenhos, tapeçarias entre outros estabelecem a compreensão do
passado. Com isso, dois importantes conceitos tornaram-se
N
Estudos culturais e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
108
fundamentais: o de narrativa visual e a representação que produções
visuais adquirem frente ao debate que considere a importância
atribuída tanto no momento em que foram dadas conhecer como
frente às marcas que a passagem do tempo lhe conferiram. Em
consequência disto, buscou-se estabelecer diálogos com a imagem que
compôs a primeira edição do romance Candunga, vale destacar o subtítulo que acompanhou a obra em sua trajetória, para que se
perceba o objetivo principal ao qual se destinou: “Cenas das Migrações
Nordestinas na Zona Bragantina”, apresentando como chamada de
capa o trem da Estrada de Ferro Bragança (EFB) atrelada a três
vagões, a qual foi retratada em movimento cruzando ao meio um dado espaço. Assim, colocou-se em debate que a imagem produz uma gama
de sentidos, em que pese a visibilidade para algo comum aos sujeitos
que leram a obra na ocasião em que veio a público, associado a
importância que ganhou no interior da narrativa. Possibilitando que
através do uso da imagem articulações sejam feita entre literatura e
história, dada à importância que a linha férrea teve para as cidades de Bragança e Belém.
Palavras-chave: Imagem. Literatura. História. Narrativa visual.
Representação.
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
109
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II
Coordenadora: Tabita Fernandes da Silva
AS ESTRATÉGIAS DE CONSTRUÇÃO
do grau dos nomes e adjetivos no português falado em Taquandeua
Keila Cristina Redig PACHECO (UFPA)
E-mail: keila.redig@yahoo.com.br
Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)
E-mail: tabitafs1@hotmail.com
ste trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que
se encontra em andamento a respeito das estratégias de
expressão do grau aumentativo no português falado. O estudo
visa verificar que estratégias de grau são empregadas pelo falante, efetivamente, no cotidiano, para expressar as noções de grau
aumentativo nos nomes, além de investigar se tais estratégias são
contempladas em gramáticas tradicionais como as de Azeredo (2010),
Bechara (2009), Castilho (2012), Cunha e Cintra (1985). Quanto aos
dados analisados, estes foram obtidos em pesquisa de campo com os
falantes da comunidade de Taquandeua, pertencente ao município de Bragança, no estado do Pará. O trabalho fundamenta-se, teoricamente
em autores como Basílio (2003; 2004) e Assunção Júnior (1986). Não
obstante a pesquisa esteja inconclusa, é possível observar que há
importantes estratégias para a expressão do grau que não são
contempladas nas gramáticas analisadas. Este estudo visa contribuir com mais dados para um tratamento da noção de grau que seja mais
próximo da realidade da língua falada. Para tanto, pretende-se estudar
a língua falada como objeto de pesquisa colocada em situações
E
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
110
naturais de comunicação, tendo como propósito analisar a língua
falada tal como é usada pela comunidade, visando investigar os modos
pelos quais os informantes estabelecem a formação do grau nos nomes
e adjetivos. O trabalho está sendo desenvolvido a partir da pesquisa
sociolinguística, de natureza quali-quantitativa na comunidade de
Taquandeua. Contudo, este trabalho contribuirá como fonte para novos dados a pesquisa cientifica, provocando discussões acerca das
construções morfologia do grau em contrapartida vista pelas
gramáticas, uma vez que esta pesquisa se motiva observar as
estratégias de grau realizadas no uso cotidiano dos falantes.
Palavras-chave: Grau aumentativo. Português falado. Gramática tradicional.
ESTUDOS DA LÍNGUA TEMBÉ:
desafios da tradução
Tabita Fernandes da SILVA (UFPA)
E-mail: tabitafs1@hotmil.com
Tembé é uma língua pertencente ao subramo IV da família
Tupí-Guaraní, do tronco Tupí (RODRIGUES, 1984-1985; 1986;
1999). É falada atualmente por índios Tembé que vivem na região do Gurupí, na divisa Pará/Maranhão, os quais vivenciam uma
situação de contato com desde os registros mais antigos da língua
Tembé foram produzidos por Nimuendaju (1914/1915), Hurley (1931)
e Rice (1934). Atualmente já é possível contar com dicionários, artigos,
dissertações e teses, os quais indicam como a língua conta com uma documentação representativa. Os índios Tembé são bilíngues e
vivenciam uma forte situação de contato com os falantes do português
e de outras línguas indígenas. Nesta comunicação apresento algumas
experiências de estudo com a língua Tembé e tomo tais experiências
como ilustrativas de certos desafios que se impõem à tarefa da
tradução em contexto intercultural. O enfoque dado à tradução, neste trabalho, leva em consideração o pensamento de Berman (2007) e
Schleiermacher (2000), entre outros. Também consideramos os
princípios da Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972) bastante
relevantes para orientar uma tarefa de tradução que questione a
noção de equivalência linguística. As experiências de pesquisa de campo com o povo Tembé ocorreram na aldeia Tekoháw e datam do
período compreendido entre 2006 a 2010.
O
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
111
Palavras-chave: Língua Tembé. Contexto intercultural. Desafios da
tradução.
O SUJEITO
enquanto manifestação gramatical
Janúbia Lucas Guague GUIMARÃES (UFPA)
E-mail: Janubia_guimaraes@hotmail.com
Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)
E-mail: tbitafs1@hotmail.com
ste trabalho consiste num estudo voltado para as formas de
realização do sujeito gramatical da língua portuguesa em
narrativas orais, verificando como tais realizações são tratadas
e conceituadas em quatro gramáticas da língua portuguesa, a saber:
Celso Cunha & Lindley Cintra (2008), Evanildo Bechara (2009), José Carlos de Azeredo (2011), Ataliba de Castilho (2012). O trabalho
objetiva conferir se as realizações do sujeito gramatical, do modo como
se manifestam em textos orais do cotidiano, são contempladas nas
gramáticas referidas e como esse processo se dá entre eles. Este
estudo fundamenta-se teoricamente nas obras de Mateus (2003),
Pontes (1987) e Mioto (2004). Além disso, o estudo aqui proposto visa trazer mais contribuição para a reflexão sobre a importância do estudo
de fenômenos gramaticais em textos orais conforme os usos próprios
do cotidiano, bem como investigar como o sujeito gramatical se
manifesta nesses textos, buscando obter uma visão geral da
complexidade deste componente gramatical. Os dados que serão objeto desta análise foram extraídos de textos orais coletados junto a
falantes da comunidade de Taquandeua, uma vila pertencente ao
município de Bragança, no estado do Pará. Por ser uma pesquisa em
andamento, este estudo ainda não traz resultados conclusivos,
apresenta apenas resultados parciais.
Palavras-chave: Sujeito gramatical. Narrativas orais. Gramáticas da língua portuguesa.
UM ESTUDO DA HOMONÍMIA
no léxico da fauna e da flora em obras lexicográficas tupi
Elivelton Silva REIS (UFPA)
E
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
112
E-mail: eliveltonreis1@gmail.com
Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora)
E-mail: tabitafs1@hotmail.com
presente trabalho consiste num estudo sobre a homonímia
entre nomes de plantas e de animais em obras lexicográficas sobre o Tupí. Este estudo faz parte de uma pesquisa mais
abrangente sobre o registro da fauna e da flora em obras lexicográficas
da língua Tupí. O trabalho fundamenta-se, principalmente, em obras
como as de Biderman (1981), Vilela (1994), Krieger e Finato, (2004)
para o tratamento do léxico e nos estudos de Ullmann (1977) e Bechara (1999) entre outros, para o entendimento da homonímia,
além de Noll e Dietrich (2010) para discussão acerca do Tupi e do
Português no Brasil. Atentando também na reflexão a respeito da
contribuição desses registros para o conhecimento da realidade física
do Brasil da época. Os dados seguem uma metodologia de contagem
geral dos itens lexicais existente em cada obra, desses itens está sendo feito a análise dos itens que coincidem entre as especialidades de flora
e fauna. Os dados analisados nesta pesquisa foram extraídos de
quatro obras lexicográficas: TIBIRIÇÁ (1984), LEMOS (1951),
SAMPAIO (1901), AYROSA (1934). O estudo busca discutir possíveis
razões para a existência da homonímia entre nomes de animais e
plantas nos registros do Tupí conforme são encontrados nas obras lexicográficas referidas. A pesquisa que estamos desenvolvendo ainda
não está concluída e, por essa razão, apresenta apenas resultados
parciais.
Palavras-chave: Nomes de plantas. Nomes de animais Homonímia.
Língua Tupí.
O
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
113
COMUNIDADES TRADICIONAIS, saberes e Interculturalidade
Coordenadores: Francisco Pereira de Oliveira
e José de Moraes Sousa
A PRODUÇÃO DE SABERES
na confecção de panelas de barro na comunidade de São Mateus,
Taperaçu Campo, Bragança (PA)
Alceny Nunes de ARAUJO (UVA)
E-mail: alcenynunesferreira@gmail.com
Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (SEDUC/UFPA)
E-mail: macuninfeta@gmail.com
comunidade de São Mateus, subdivisão da comunidade
Taperaçu Campo, pertencente à Reserva Extrativista Marinha
Caeté-Taperaçu, é uma área rica em matéria-prima para a
confecção de cerâmica, especialmente o tijolo e, em menor escala, os
utensílios domésticos, como panelas de barro. Na pesquisa pretende-se discutir o modo em que os saberes são construídos em torno da
confecção das panelas de barro que, por um lado, apresentam-se
como fonte de renda familiar e, por outro, como uma forma de
transmissão de conhecimento por meio do seu processo de fabricação.
As primeiras visitas à “Cerâmica de Panela de Barro São Mateus” revelaram que é no manuseio e no falar que se dá o aprendizado pela
argila cujo grupo humano envolvido com a produção de cerâmica e de
saberes engloba três gerações (avós, filhos e netos). A produção
consiste, primordialmente, na extração e/ou na compra da argila,
seguida da modelagem em torno manual, colocadas para secar em
prateleira e, por fim são queimadas, tingidas e postas à venda no próprio “ateliê”. A modelação das panelas de barro da comunidade é
A
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
114
um ofício que se espraia para além das olarias e atinge a escola local
de educação infantil “Maria Olinda Oliveira Silva” por meio dos
programas “Escola de Portas Abertas” e “Mais Educação”. É pensando
nessa relação de se produzir conhecimento por meio do barro que
espreitamos nosso objeto de pesquisa.
Palavras-chave: Produção de Saberes. São Mateus. Panela de Barro.
AH ESSE RIO, QUE É MINHA RUA...
- uma semiose fotográfica proposta sob as bases biológicas da
compreensão humana
Carolina Maria Mártyres VENTURINI (UFPA)
E-mail: cventurini@ufpa.br
arcas prenunciaram o século XXI: a era dos direitos do
Planeta Terra e de tudo o que ele e o seu entorno contenham; uma humanidade informacional; a era da cidadania; a clareza
dos direitos e deveres de cada um para com a sociedade; sempre
buscando suprir necessidades materiais e imateriais dos humanos, ao
usufruir(-se) como/da natureza, tendo consciência de si e do mundo.
Este estudo, além da produção de conhecimento, de uma natureza de
campo prático, e da interligação de ambos, busca perspectivas que possibilitem novas maneiras de se perceber o mundo, de se perceber a
Amazônia, sempre alvo de debates sobre a sua preservação ambiental,
porém distantes de sua realidade pluralizada. Assim, esta proposição
intenciona um olhar para o mundo particular desta semiosfera quanto
à sua sustentabilidade cultural, e, com isto, abrir possibilidades de contribuições teórico-metodológicas para as ciências humanas e
sociais, especificamente no que tange o uso da imagem fotográfica
como ferramenta para as pesquisas em suas relações semiológicas
imagem-identidade-imaginário. A pretensão em se debruçar para o
fazer/pensar relações do cotidiano e da cultura Amazônida com seus
rios por meio de olhares imagéticos, buscará interligar fragmentos capturados das ações humanas neste citado espaço, utilizando a
fotografia como instrumento maior, revelador de um real e, por seu
intermédio na linguagem, captar, expor, e ressignificar sentidos aos
rios no cotidiano Amazônida, com foco na sua população ribierinha.
As reflexões propostas instigam a tessitura (poiésis) de uma rede metodológica capaz de capturar fugidias percepções de contextos
contemporâneos entre o homem/ribeirinho, o mundo/Amazônia, as
M
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
115
imagens e linguagens expressas no fazer de sua arte/vida (em suas
luzes, cores, formas, texturas, olhares e sensações). Tal rede vai além
de um mero clique do ato fotográfico: cria representações, percepções,
permite um repensar as relações culturais cotidianas, posto que,
observar o que se vive e o que se conota, pode ser entendido como um
‘linguagear’, um fluir dos processos de evolução enquanto seres que existem na produção de si mesmos (autopoiesis).
Palavras-chave: Ribeirinhos Amazônidas. Semiose Fotográfica.
Sustentabilidade Cultural. Ecologia.
CONCEPÇÕES DE MORADORES DE BRAGANÇA
(Pará, Brasil) sobre o caranguejo-uçá Ucides Cordatus LINNAEUS
1763 (Brachyura, Ucididae)
Bruna Patricia Brito MATOS (UFPA)
E-mail: brunapatricia777@yahoo.com.br Claúdia Nunes SANTOS (Orientadora)
E-mail: claudianunes.bio@gmail.com
m Bragança, como ao longo dos manguezais Brasileiros, a
captura do caranguejo-uçá é considerada a atividade
extrativista mais antiga e importante, para auto-consumo ou comercialização. Apesar disso, os conhecimentos dos consumidores
bragantinos sobre esta espécie não foram sistematizados. Portanto, as
concepções de moradores da área urbana deste município sobre o Ucides cordatus foram investigadas. Através de amostragem aleatória
simples e questionário estruturado com perguntas abertas, foram
entrevistados 154 profissionais de diversas atividades, de ambos os sexos, com escolaridade variada e idade entre 14 a 86 anos. Mas de
30% das respostas para “o que é o caranguejo-uçá?” foram alocadas
na categoria consensual cujo núcleo de sentido é “não sei”. As demais
respostas ficaram distribuídas em 13 categorias, que incluem
concepções utilitárias (“caranguejo comestível”, “caranguejo da feira”, “mina”, “marisco”), amistosas (“bichinho”), relacionada a aspectos
morfológicos (“vermelhinho”). Outras setes categorias o definem como
um animal, de forma vaga (“ser vivo”, “animal”, “espécie da região
bragantina”), aproximadas da classificação zoológica (“artrópode”,
“crustáceo”) e algumas bem distantes (“molusco”, “réptil”). No
Conhecimento Ecológico Local (CEL) aqui verificado, “caranguejo-uçá” não parece ser um etnotaxon local, além de separar machos e fêmeas
E
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
116
em espécies diferentes (“caranguejo do mangue”/ “cangurua”,
respectivamente). Notou-se que a percepção predominante é de
indiferença ou utilidade (renda e alimentação). E ainda que a
percepção preservacionista deve-se mais á relação homem-manguezal
do que homem-caranguejo. O defeso é entendido por esses cidadãos
como instrumento legal para o controle das atividades de alguns atores da cadeia produtiva (coletores, vendedores), sem estendê-lo aos consumidores. O valor cultural atribuído a Ucides cordatus parece ser
maior como alimento/renda, do que como elemento da fauna. Estudos
que aprofundem as representações sociais a ele articulados são
necessários. A significação faunística-ecológica deste caranguejo,
através de intervenções no ensino de zoologia e inserção deste como elemento simbólico no calendário cultural, deve ser pensada pelos
programas de preservação da espécie.
Palavras-chave: Percepção. Etnozoologia. Caranguejo-uçá. Bragança.
DIALOGANDO SABERES TRADICIONAIS E SABERES CIENTÍFICOS
como estratégia para o conhecimento e a preservação da
Amazônia
Juciclea Ataide da SILVA (Bolsista PIBEX/UFPA)
E-mail: cleiaasaff@hotmail.com Bruna Patrícia Brito MATOS (UFPA)
E-mail: brunapatricia777@yahoo.com.br
Rita de Cássia Oliveira dos SANTOS (Orientadora)
E-mail: rcos@ufpa.br
Ensino de Ciências é essencial na construção do espírito crítico e na percepção da natureza como um fator dinâmico que
interage com a sociedade e o meio. O livro didático ainda é o
recurso mais utilizado nas aulas de ciências, mas para a região Norte
tem deixado a desejar em relação à contextualização, pois a maioria
desconsideram os conhecimentos tradicionais e a cultura dos alunos visto que estão inseridos em uma área cercada por biodiversidade a
ser conhecida para ser preservada. Realizar exposições itinerantes de
zoologia com exemplares da fauna amazônica, em escolas públicas é
essencial, pois proporciona espaços coletivos de aprendizagem e troca
de conhecimentos. Diante disso, o presente trabalho se propôs a
realizar exposições itinerantes voltadas para o ensino de zoologia com o objetivo de contribuir com o conhecimento da fauna Amazônica
O
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
117
valorizando os conhecimentos tradicionais de alunos da educação básica de Bragança-PA. Na Coleção de Zoologia do Campus de
Bragança, UFPA, foram selecionados representantes de vários grupos
zoológicos endêmicos, construídos cenários relacionados aos
ecossistemas em que estes ocorrem e expostos nas escolas para
aproximadamente 900 alunos. Foram aplicados dois questionários, um pré e outro pós-exposição, para os alunos do 4º e 5º/9, com oito
questões cada, voltadas para aspectos morfológicos dos animais. Estes
instrumentos visaram analisar os impactos da exposição através da
comparação do conhecimento prévio e o nível de assimilação de
conhecimento por parte dos alunos a respeito da taxonomia,
biogeografia e ecologia dos animais após a exposição. Dos resultados da análise dos questionários com alunos do 4º/9; 36,9 % acertaram as
oito questões antes da exposição e 50,5% depois, dos alunos do 5º/9;
a porcentagem de acerto foi de 36,7% antes da exposição e 57,9%
depois, evidenciando a importância das exposições zoológicas para a
troca de conhecimentos cotidiano. Alunos do 4º/9 ao serem questionados sobre os caranguejos pertencerem ou não à Metazoa,
28,6% afirmaram que sim antes da exposição e 86,6% responderam
que sim somente após a exposição, mostrando que apesar do contato
direto com esses animais, por serem, filhos de “catadores de
caranguejos”, conhecem mais os animais de outras regiões, do que
animais da Amazônia, mostrando a importância da contextualização no ensino de Ciências.
Palavras-chave: Zoologia. Interdisciplinaridade. Conhecimento
tradicional.
O SAMBA DE RODA COMO ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA da comunidade quilombola de Santa Rita da Barreira, São Miguel
do Guamá/PA, 2014: um estudo de caso
Ana Célia Barbosa GUEDES (UFPA)
E-mail: anacbguedes@hotmail.com Danila Guedes AZEVEDO (UEPA)
E-mail: danilaguedes@hotmail.com
Alik Nascimento de ARAÚJO (Orientadora)
E-mail: professsoraalik@gmail.com
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
118
presente resumo tem por objetivo, compreender o samba de roda como estratégia de sobrevivência e de identificação
cultural da comunidade Santa Rita da Barreira, situada no
município de São Miguel do Guamá/PA. A metodologia utilizada é um
estudo de caso dessa comunidade. Durante a pesquisa foi feito uma
investigação bibliográfica sobre a temática, pesquisa de campo,
aplicação de questionários, análise de narrativas e de cantigas compostas pelos moradores. Os dados foram coletados no período de
agosto a outubro de 2014. A cultura africana tem sua expressão na
música popular brasileira, a partir de diversos elementos. Assim,
desde o início da colonização brasileira se tem notícia das músicas
cantadas pelos negros em diferentes locais, que chegando a essas terras, foram ressignificada a outras culturas, tais como portuguesa e
indígena, formando uma musicalidade compreendida como afro-
brasileira. Dentro da cultura afro-brasileira e africana, a musicalidade
ocupa um lugar de protagonista em festas, reuniões, rituais, no
conforto de suas dores, no código de possíveis fugas, distrair seus
donos, assim como na própria afirmação de sua identidade. Esse costume sobrevive até os dias atuais, principalmente nas
comunidades tradicionais, como por exemplo, na comunidade
quilombola em que esta pesquisa foi elaborada, em especial entre os
moradores mais idosos, já que estes assume uma função social
importante de lembrar e contar para os mais jovens a sua história. Após seu reconhecimento como comunidade quilombola (ITERPA,
2002) pelo Estado brasileiro, este costume reforçou-se ainda mais,
pois atingiu também a população mais jovem do local. Assim, o Samba
de Roda passou a ter um papel fundamental de identidade, estratégia
de sobrevivência e construção simbólica para esta comunidade, haja
vista que antes desse reconhecimento a maioria da população não se interessava nesse estilo musical, hoje muitos deles que ali vivem
procuram a matriarca, dona Raimunda, para aprenderem a cantar e dançar samba. Lá o samba de roda, além de ter se tornado elemento
de identificação cultural, é também algo espontâneo.
Palavras-chave: Samba de roda. Quilombo. Identidade. Sobrevivência.
OS SABERES DA GENTE DO MAR:
o imaginário e as experiências de vida dos pescadores da Vila do
Treme, Bragança (PA)
Roseli da Silva CARDOSO (PPLSA/UFPA)
O
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
119
E-mail: roselicrds008@gmail.com
José Guilherme dos Santos FERNANDES (Orientador)
E-mail: mojuim@uol.com.br
este estudo apresento as análises das narrativas orais dos
pescadores da vila do Treme-Bragança (PA), constituídas a partir de depoimentos das experiências de vida e narrativas
míticas dos pescadores, coletadas na comunidade durante a realização
da pesquisa de campo com técnicas e procedimentos metodológicos da
história oral com base etnográfica, considerando a presença do
pesquisador, mesmo que em curto espaço de tempo, no local da pesquisa. O objetivo central é compreender a formação de identidades
dos pescadores da referida vila por meio do seu ponto de vista, ou
melhor, priorizando os saberes tradicionais repassados de geração a
geração no contexto social desta prática milenar, a pesca artesanal. As
reflexões apresentadas estão fundamentadas nos estudos sobre a
memória no percurso das reminiscências dos pescadores (HALBWACHS, 2004; LE GOFF, 1996; RICOEUR, 2007; SARLO,
2007). Abordarei sobre importância das fontes orais na geração de
dados por informarem mais do que simples acontecimentos, não
somente fatos, mas o significado destes para quem os vivenciou e os
reconta (PORTELLI, 2001; ALBERT, 2005; THOMPSON, 2002). No que
concerne as narrativas míticas, pressupõe-se que o narrado e o vivido pelos pescadores, na medida que se constituem de elementos que
representam o comportamento desses sujeitos, são a expressão do seu
próprio modo de vida e sua representação da realidade (GREIMAS,
2001; ELIADE, 1976; BARTHES, 2011; GENETTE, 1985). A pesquisa
na comunidade da vila do Treme permitiu a elaboração de um conjunto de informações sócio-histórica que não pode ser considerada
em toda sua complexidade, porém, mediante as informações
apresentadas neste estudo temos a possibilidade de estabelecer
algumas considerações basilares sobre a importância das narrativas e
da história oral para os pescadores artesanais, tais como: a
perpetuação dos saberes passados de pai para filho, a manutenção da tradição dos pescadores, a simbologia mítica discursiva como
representação da realidade, a variedade discursiva como constructo
social (BOURDIEU, 1998), a formação ambígua e ambivalente da
identidade dos pescadores (BAUMAN, 2005). Este estudo pretende
contribuir para a valorização e legitimação dos saberes tradicionais no âmbito acadêmico e ampliar o conhecimento acerca da pesca artesanal
na região amazônica.
N
Comunidades tradicionais, saberes e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
120
Palavras-chave: Narrativa. História oral. Memória. Identidade.
Pescadores artesanais.
Ensino, inclusão e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
121
ENSINO, INCLUSÃO e Interculturalidade
Coordenadora: Joana D’Arc de Vasconcelos Neves
MEMÓRIA E RESISTÊNCIA:
saberes e práticas educativas em narrativas orais dos moradores da Ilha Grande/Belém-PARÁ
Andréa Lima de Souza COZZI (PPGED-UEPA)
E-mail aacozzi@bol.com.br
Giselle Maria Pantoja RIBEIRO (UFPA)
E-mail: profgiselle@yahoo.fr
artigo Memória e Resistência: saberes e práticas educativas em
narrativas orais dos moradores da ilha grande/Belém-Pará,
objetiva ligar a humanidade com a sua origem e não deixá-la
esquecer do que insiste em ser anunciado: “no princípio era o verbo”. Dentro desta perspectiva, o verbo pode ser entendido como palavra: “e
o verbo se fez carne, e habitou entre nós”, a palavra enlaça a
humanidade formando a sua voz, a palavra que enlaça a carne e que
chega até nós. Assim compreendido, será possível acreditar na força
adquirida pelo sujeito que se permite ouvir e contar histórias de um
modo novo, com uma linguagem própria que aciona em quem ouve reverberações, talvez esquecidas, talvez guardadas, talvez
atormentadas, talvez torturadas por forças externas. A passagem para
esse entendimento se efetivará ao fazermos a interface entre as
reflexões de multiculturalismo crítico trazido por Peter McLaren e
Interculturalidade de Caterine Walsh, e, ainda, os diálogos críticos propostos por Regina Zilberman e Ezequiel Theodoro no livro:
Literatura e pedagogia: ponto e contraponto (2008) e os saberes e
prática educativas presentes no cotidiano da comunidade ribeirinha
O
Ensino, inclusão e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
122
que vive as margens do Rio São Benedito na Ilha Grande/Belém-PA. O
referido relato fará o recorte dos saberes apresentados pelas vozes dos
narradores e a necessidade do dialogo da escola com tais saberes e
práticas educativas locais, trazendo como base o multiculturalismo
crítico como possibilidade epistemológica para o estudo da educação e
cultura e a compreensão da complexidade da educação na Amazônia, que envolve a reorientação curricular demandas da contextualização
do real, das problemáticas percebidas e vividas pelos sujeitos, a
reorganização do calendário escolar de acordo com as demandas de
cada grupo, outros tempos e espaços, modos de ensinar e de avaliar, a
busca de referenciais epistemológicos além da seleção dos conteúdos escolares estéreis da vida que os cercam, de historicidade, da
indissociável relação entre escola e vida.
Palavras-chave Multiculturalismo crítico. Currículo. História Oral.
Literatura Oral.
NARRATIVAS, CARTOGRAFIAS E O “DEVER DA MEMÓRIA”
em comunidades afrodescendentes do Rio Capim/PA
Adão Souza BORGES (PPLSA/UFPA)
E-mail: adaoriocapim@bol.com.br
presente trabalho objetiva discutir a relação entre as
narrativas e as memórias de narradores e narradoras
afrodescendentes do Engenho Calixto e da Aproaga, os quais
articulam nas suas falas repertórios de bens materiais e imateriais,
que remontam o período da escravidão, engendrando, assim, patrimônios capazes de legitimar suas identidades quilombolas e
garantir direitos amparados na Constituição Federal. As referidas narrativas fazem parte do corpus de dois trabalhos já concluídos: (i)
dissertação de mestrado de nossa autoria, denominada “Narrativas de
Remanescentes de Quilombo: divergências e convergências na
construção da identidade negra no Engenho do Calixto, em Aurora (PA)”, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Linguagens e
Saberes da Amazônia, da Universidade Federal do Pará (2014);
(ii)“Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia: povo do Aproaga –
São Domingos do Capim (2008)”, coordenado pelo pesquisador Alfredo
Wagner. Nessas narrativas, os sujeitos-narradores articulam-se a
partir de suas lembranças e colocam em prática o “dever da memória” a partir da prática da narração e da preservação, em seus domicílios,
O
Ensino, inclusão e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
123
de bens materiais, espaços sagrados e o resguardo dos bens coletivos,
herdados de seus antepassados. Como viés teórico-metodológico,
utilizamos os aportes da história oral e do debate teórico sobre a
memória, bem como a teoria da Antropologia da Memória,de Jöel
Candau.
Palavras-chave: Aproaga. Dever da memória. Engenho do Calixto. Narrativas. Patrimônio.
O XOTE DAS MENINAS”
como elemento catalisador no ensino de línguas para surdos
Simone de Nazaré Viana LIMA (SEDUC-PA)
E-mail: simone_vianalima@yahoo.com.br
Rita de Nazareth Souza BENTES (SEDUC-PA/UEPA)
E-mail: ritasbentes@yahoo.com.br
letra de música “O Xote das meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé
Dantas (1953), foi trabalhada em uma das práticas escolares
como elemento catalisador à luz das ideias de Signorini (2006),
com a perspectiva teórico-metodológica de conceber essa letra como
entrada didática favorável à emersão de outros gêneros discursivos,
constituindo-se desse modo o objeto deste trabalho. Essa pratica foi realizada no mês de junho de 2013, com alunos surdos que
frequentam o Atendimento Educacional Especializado-AEE no contra
turno, na Unidade Especializada Educacional Prof. Astério de
Campos- UEES. E, como objetivo principal transformar este clássico
da música popular brasileira numa narrativa visual, acessível a esses alunos surdos. O método foi baseado na pedagogia visual (Souza
Campelo, 2008), utilizando-se de imagens do Google para ilustrar a
realidade retratada na música, além da leitura da letra impressa em
português, tendo a Língua Brasileira de Sinais-Libras, como elemento
de interação e instrução. Nesse processo foram escolhidos quatro
alunos que fotografados quadro a quadro, reconstituíram o sentido do texto com imagens e gravações. As imagens selecionadas foram
usadas para a produção do vídeo por meio do Programa Windows
Movie Maker. Os instrumentos didáticos mobilizados pelos professores
foram: o texto impresso, apresentação de imagens no PowerPoint,
programa Movie Maker, câmera fotográfica Sony. Na leitura dialogada ocorreu o debate sobre questões da juventude, como: namoro na
adolescência, o estar apaixonado, bem como: expressões idiomáticas e
A
Ensino, inclusão e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
124
aspectos da geografia mencionados na música. Esta atividade
mobilizou a troca de saberes de culturas diferentes entre os surdos e
os não surdos sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa (L2) e da
Libras (L1) e sobre o exercício e a análise de expressão corporal e facial
como formas de interação verbal e não-verbal. A etapa seguinte foi
apresentar a letra estudada a outros alunos sem realizar a interpretação em Libras e em seguida o vídeo produzido. Os demais
alunos surdos conseguiram também envolver-se e compreender a
temática constitutiva na letra da música “Xote das Meninas” exposta
através da história, recontada no vídeo, e demonstraram isso por meio
de uma sequencia de imagens e da explicação em língua de sinais. O trabalho desenvolvido foi possível devido ao modo diferente de ensinar
a esses alunos surdos, como aos professores não surdos,
considerando que produções culturais e a língua de sinais são
fundamentais e diferenciadores no processo ensino e aprendizagem de
uma escola que respeite as diferenças culturais presentes.
Palavras-chave: Educação de Surdos. Língua de Sinais. Pedagogia Visual.
PROJETOS DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
um estudo a partir da teoria pós-crítica em educação
Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA)
E-mail: kelryoliveira03@hotmail.com
Camila Claide Oliveira de SOUZA (PPGED/UFPA)
E-mail: camilaclaide@hotmail.com
Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: costagilcilene@gmail.com
trabalho a qual nos propomos a desenvolver, trata-se de uma
pesquisa que vem sendo realizada neste primeiro ano de curso
do mestrado em educação, motivado pela disciplina Educação
Brasileira, que nos oportunizou investigar como a educação estava sendo pensada no cenário brasileiro. Isso nos levou a curiosidade de
entender como o campo da educação infantil está sendo pensado em
nosso país a partir dos pensamentos da vertente pós-crítica em
educação. Dessa forma, escolhemos como objeto de estudo, a análise
dos projetos de linguagens de uma unidade de educação infantil de Belém-Pará, com objetivo de entender, como vem sendo construídos os
projetos pedagógicos nas Unidades de Educação Infantil, analisando
O
Ensino, inclusão e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
125
se as formações pedagógicas têm contribuídos para o aperfeiçoamento
deste trabalho e se na prática dos professores tem inovado e
dinamizando o ensino. Dessa forma, buscamos verificar como o
currículo vem sendo dinamizado nesta perspectiva, analisando se tem
se pensado no respeito e reconhecimento das identidades e das
diferenças dos sujeitos do espaço. Isso nos levou a realizar uma pesquisa teórica, utilizando autores que discutem a pós-modernidade
em educação como SILVA (2001); CORAZZA (2001); COSTA (2013) e
outros e em articulação destes estudos passamos para a pesquisa de
campo. Este trabalho vem se modificando ao longo do curso de acordo
com os dados coletados, por meio de uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas e observação em lócus de pesquisa,
trata-se de uma pesquisa em andamento que pretende contribuir com
os nossos trabalhos de conclusão de curso do mestrado, que envolvem
as dimensões das linguagens e os estudos pós-críticos em educação,
no que tange a diferença no campo educacional. Portanto, os
resultados ainda são preliminares, mas já podemos dizer que a Unidade vem desenvolvendo projetos de linguagens como
impulsionadores em suas práticas pedagógicas e no trabalho
curricular, que as formações pedagógicas acontecem e que estes
professores são atuantes na dinâmica das formações, porém é uma
trabalho que ainda deixa dúvidas, receios e angustias nos professores,
mas que porém tem promovido um ensino dinâmico e diferencial em relação ao que vinha sendo pensado no espaço anteriormente. Ainda
temos a curiosidade de descobrir com a pesquisa se o ensino
dinamizado leva em consideração o contexto sociocultural dos
indivíduos e se respeita a identidade e a diferença das crianças na
ressignificação de seus conhecimentos, que são metas e desejos ainda a serem respondidos com o andamento da pesquisa de campo.
Palavras-chave: Projetos de Linguagens. Educação Infantil. Pós-
Crítica. Identidade. Diferença.
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
126
ESTUDOS LITERÁRIOS, tradução e interculturalidade
Coordenadora: Mayara Ribeiro Guimarães
CRÍTICA E TRADUÇÃO
na obra de Ana Cristina César
Beatriz de Souza CARVALHO (Bolsista PIBIC/UFPA)
E-mail: crvlh.beatriz@gmail.com
Mayara Ribeiro GUIMARÃES (Orientadora)
E-mail: mayribeiro@uol.com.br
sta comunicação visa apresentar ao público o plano de trabalho
desenvolvido por mim em torno da relação entre a poesia de
Ana Cristina Cesar e sua prática de tradução, sob o ponto de
vista da tradução como crítica e do tradutor como (re)criador,
promovido pela teoria concretista dos irmão Campos, em que medida por trás da tradução de vozes estrangeiras desenvolve-se uma dicção
poética própria e, ainda, em que medida o gesto tradutório, para Ana
Cristina, é uma continuação ou um ponto de partida da escrita
poética. A partir daí, identificarei como a prática tradutória interfere
em sua produção literária e também em âmbito nacional, ao promover
a ampliação da atividade crítica, ensaística e literária, consequentemente causando uma renovação de seu cenário cultural.
Buscarei mostrar como a pesquisa será norteada pelo estudo de
reflexões de Ana Cristina César sobre tradução de prosa e poesia
modernas em ensaios críticos em que a poeta comenta a tarefa
tradutória, como nos ensaios “Pensamentos Sublimes Sobre o Ato de Traduzir”, “O ritmo e a tradução da prosa”, sobre traduções de
Machado de Assis para o Inglês e ainda “Bastidores da Tradução” e
“Traduzindo o Poema Curto”, além da a sua tradução anotada do
E
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
127
conto “Bliss” de Katherine Mansfield e as suas notas, propriamente
ditas, por meio das quais Ana Cristina obteve seu grau de mestre na
Universidade de Essex. O eixo teórico-metodológico estará situado em
teóricos de tradução como Walter Benjamin, Antoine Berman, Haroldo
de Campos e outros autores para quem a autêntica tradução não
segue a linha de imagem-cópia, e sim entendendo o exercício tradutório como gesto de construção literária. E assim, por meio desta
pesquisa que ainda está em andamento, busco ampliar os estudos de
sua obra literária e investigar os problemas levantados pela própria
Ana Cristina Cesar em seus ensaios.
Palavras-chave: Ana Cristina César. Tradução. Criação Poética.
O LEITOR-AUTOR E O LEITOR-TRADUTOR
em fanfictions – reescritas no meio virtual
Fabíola REIS (PPGL/UFPA) E-mail: fsfreis@yahoo.com.br
Izabela Guimarães Guerra LEAL (Orientadora)
E-mail: izabelaleal@gmail.com
ste trabalho tem como objetivo apresentar questões
relacionadas à autoria, tradução e à forma de apropriação de personagens de outros autores pelos leitores-autores de
fanfictions, histórias reescritas por fãs. O leitor-autor é aquele que,
dentro de uma comunidade de fãs como Harry Potter, Crepúsculo ou
Senhor dos Anéis, faz uso de personagens de outros autores para criar
a própria história e publicá-la na Internet, interagindo com outros
leitores. O leitor-tradutor traduz as histórias do leitor-autor, novamente reescrevendo-a. Esta pesquisa apresenta de que forma
acontece essa apropriação das personagens e como se dá o processo
de reescrita e a interação entre leitores, autores e tradutores nesse
meio. Entende-se que tradução é uma forma de reescrita e essa prática é, como afirma Lefevere em Tradução, Reescrita e Manipulação da Fama Literária (2007), algo que sempre existiu em nosso meio e
que vai além do que simplesmente corrigir ou modificar uma frase, pois envolve a inserção de ideologia, crítica e cultura do reescritor no
novo texto. É importante observar que a tradução de histórias de fãs é
uma atividade muito recente e bastante comum entre jovens sem
formação alguma na área, e que, no entanto, se disponibilizam a
E
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
128
traduzir, sem custo algum, ficções de outros fãs para a língua
portuguesa. Palavras-chave: Fanfiction. Autoria. Tradução. Reescrita.
OS BASTIDORES DA TRADUÇÃO em Ana Cristina Cesar
Mayara Ribeiro GUIMARÃES (UFPA)
E-mail: mayribeiro@uol.com.br
ntendendo o exercício de tradução literária como prática autônoma, com normas próprias, que converte o tradutor ao
status de autor do texto traduzido, perfazendo-se no domínio de
um crime que desencaminha a linguagem, estudar a experiência
tradutória de Ana Cristina César, que passa pela tradução de poesia e
ficção, envolve também o estudo de suas considerações teórico-críticas sobre o ato tradutório, registradas em ensaios, cartas, notas e nas
próprias traduções. No caso particular de Ana C., por trás da tradução
de vozes estrangeiras está também a reflexão sobre uma tradição
literária e sobre uma dicção poética própria, pensando a tradução
enquanto experiência de reflexão - nem impressão, nem metodologia,
nas palavras de Antoine Berman - na qual o ato de reflexão sobre si mesma é inseparável do próprio exercício tradutório. Para Berman,
tradução e crítica, na modernidade literária, tornaram-se
consubstanciais ao ato de escrever, de natureza “intersticial” (Berman,
19 p. 31), conferindo à tradução uma experiência plural. Nesta
comunicação buscarei investigar em que medida o gesto tradutório,
para Ana C., é uma continuação, ou um ponto de partida, da escrita poética, o que nos leva a uma ponderação ancorada nos paratextos
escritos pela poeta paralelamente à tradução do conto “Bliss”, de
Katherine Mansfield, contista neozelandesa do início do século XX.
Palavras-chave: Tradução literária. Ana Cristina Cesar. Crítica
literária. Poesia.
TRADUÇÃO LITERÁRIA:
recepção nos suplementos literários letras & artes e arte-
literatura
Eldinar LOPES (UFPA)
E
Estudos literários, tradução e interculturalidade
I Seminário Tradução e Interculturalidade
129
E-mail: eldlopes@yahoo.com.br
década de 1940 foi muito importante para a divulgação do
universo artístico em geral. Primeiro porque se presenciou uma
ampla abertura à literatura estrangeira, principalmente as da
América Latina e as da Europa, em virtude de um contexto político e social de pós-guerra no qual influenciou diretamente os domínios
literários. Segundo, em virtude da criação dos suplementos literários,
que foram cadernos especialmente dedicados a publicar tudo o que
envolvia o universo das Artes, isto é, eram cadernos culturais
vinculados a algum jornal, cujo corpo ia-se formando a partir das publicações de textos ensaísticos e filosóficos, das divulgações de
algum evento ou lançamento que diz respeito ao literário, das
publicações de contos poemas traduzidos. A necessidade de
proporcionar o diálogo com outros escritores e pensadores
estrangeiros influenciou diretamente na mentalidade e na cultura
nacional, resultando assim, não somente na tentativa de mostrar que a plêiade intelectual brasileira estava em pé de igualdade com os
escritores que foram traduzidos, mas na necessidade de se pensar a
formação intelectual a partir do contato e abertura com o outro. Esse
trabalho, portanto, se debruçará em discutir o papel da tradução nos
anos compreendidos de 1946 a 1951, a partir do levantamento das
traduções de textos literários que foram publicados nos suplementos Arte-Literatura, do jornal paraense Folha do Norte, e Letras & Artes,
do jornal carioca A Manhã.
Palavras-chave: Tradução. Pós-guerra. Suplemento.
A
Estudos de linguagem e interculturalidade III
I Seminário Tradução e Interculturalidade
130
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade III
Coordenadora: Eliete de Jesus Bararuá Solano
AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS
no português falado em Bragança (PA): análise acústica
Carlos Nédson Silva CAVALCANTE (PPGL/UFPA)
E-mail: nedson@ufpa.br
Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora)
E-mail: regina@ufpa.br
ste trabalho apresenta a pesquisa As Vogais Médias Pretônicas
no Português Falado em Bragança (PA): Análise acústica. Seu
principal objetivo é caracterizar acusticamente as vogais orais
átonas, especificamente as vogais médias, em posição pretônica, desta variedade falada na Amazônia Paraense. O corpus é constituído de
amostras de fala de 18 informantes nativos de Bragança (PA) estratificadamente distribuídos por faixa etária, sexo e escolaridade,
que foram gravados em dois tipos de protocolo: a) teste de projeção de
imagens e b) fala lida. Para a composição dos instrumentos de coleta
de dados, foram selecionados 74 vocábulos de maior frequência de ocorrência nos corpora sociolinguísticos já existentes sobre as
variedades linguísticas estudadas do Pará. Os dados foram segmentados em seis níveis no programa PRAAT e estão sendo
tomadas as medidas de média e desvio padrão de F1e F2 (Hz) das
vogais médias alvo na posição pretônica. Além da análise no PRAAT,
se se prevê igualmente o uso do software R para tratamento estatístico
a ser analisado. São também previstas medidas das vogais tônicas destes 74 vocábulos com o objetivo de apresentação de um espaço vocálico de referência. Conforme o corpus já analisado, que
E
Estudos de linguagem e interculturalidade III
I Seminário Tradução e Interculturalidade
131
compreendem 324 ocorrências das vogais médias pretônicas,
observou-se que a tendência dos falantes do dialeto de Bragança(PA) é
pela realização da manutenção e que as ocorrências das vogais altas
não são referentes às vogais subjacentes, mas resultado de variação
das vogais médias em posição pretônica.
Palavras-chave: Vogais médias. Vogais pretônicas. Análise acústica.
ESTUDO LEXICAL DE TERMOS DA CURA
usados nos artefatos medicinais na comunidade Caeté em
Capanema
Suely Cunha de SOUZA (UFPA/Bolsista PIBIC/CNPq)
E-mail: scsenf@hotmail.com
Raimunda Benedita Cristina CALDAS (Orientadora)
E-mail: rcriscaldas@gmail.com
estudo lexical de termos da cura usados nos artefatos
medicinais na Comunidade Caeté em Capanema integra a
pesquisa socioterminológica, cuja abordagem teórica tipológico-
funcionalista procura mostrar de que maneira as culturas estabelecem
por meio da língua o saber tradicional, fazendo uso dos recursos de
que dispõem. A constatação de que o ato da comunicação entre indivíduos promove o estabelecimento e desenvolvimento de saberes
reforça o papel que a língua tem de promover a circulação do
conhecimento dentro de uma comunidade. Por esse motivo, o estudo
objetiva levantar o léxico relativo aos termos de práticas de cura com
partes de plantas e animais utilizadas na confecção de artefatos medicinais na Comunidade Caeté, em Capanema. A composição das
fichas terminológicas reúne o registro de termos de práticas utilizadas
na medicina caseira, a fim de divulgar o saber tradicional de
comunidades do Caeté no que respeita à utilização de artefatos
culturais nas atividades cotidianas nessa comunidade. A investigação
segue orientação de estudos de Lexicologia e Terminologia (KRIEGER & FINATTO, 2004; BIDERMAN, 2001), e da Socioterminologia
(FAULSTICH, 2000, 2002, 2004 e 2006) de cuja constituição foi
possível reunir material socioterminográfico sobre mais de 100
entradas de práticas culturais na região do Caeté.
Palavras-chave: Práticas de cura. Termos da medicina caseira. Comunidade Caeté.
O
Estudos de linguagem e interculturalidade III
I Seminário Tradução e Interculturalidade
132
GESTOS DE APONTAR (POINTING):
elementos linguísticos e culturais
Simone Negrão de FREITAS (UFPA)
E-mail: sinegrabr@gmail.com Romário Duarte SANCHES (Bolsista CAPES/UFPA)
E-mail: duarte.romrio@gmail.com
ste estudo pretende revisar a pesquisa realizada por B.
Haviland (2000) sobre o uso dos gestos em comunidades aborígenes (Austrália) e ameríndias (México) e refletir sobre a
importância do componente gestual como parte do funcionamento da
linguagem. O objetivo de Haviland (2000) foi detectar que os gestos de
apontar (pointing) são elementos relevantes tanto para uma análise
linguística como também cultural das comunidades investigadas. E
que tais gestos estão presentes em toda sociedade, seja ela ocidental ou oriental. Em suas pesquisas, Haviland (2000) mostra como os
falantes nativos de Guugu Yimithirr (GY), por meio de narrativas orais,
se utilizam dos gestos para se localizarem no espaço (‘oriented’
gestures), e também como forma de representação e manipulação do estado de coisas. Deste modo, Haviland (2000) tem como aparato
teórico e metodológico os estudos de McNeil (1995; 2002); Kendon (2005) e entre outros autores que tratam gesto e fala como
componentes inseparáveis. Assim, de acordo com Haviland (2000),
apontar é uma forma por meio da qual as pessoas dispõem seu
conhecimento sobre o espaço, usando um gesto para indicar: um
lugar, uma coisa num lugar e algo que se move de um lugar para
outro. O autor considera também que todos os espaços representados por gestos podem ser construções complexas do conhecimento que é
ao mesmo tempo geográfico, social e cultural.
Palavras-chave: Gestos. Linguagem. Cultura.
INFLUÊNCIAS DO CONTATO INTERÉTNICO
na toponímia de Tracuateua
Maria de Fátima dos Santos VALE (UFPA)
E-mail: fatimasantosvale@yahoo.com.br
Tabita Fernandes da SILVA (Orientadora) E-mail: tabitafs1@hotmail.com
E
Estudos de linguagem e interculturalidade III
I Seminário Tradução e Interculturalidade
133
ste trabalho ainda em fase inicial apresenta um estudo acerca
da influência do contato no léxico da Toponímia de Tracuateua
(PA). Apesar de emancipado, Tracuateua ainda mantém suas
raízes na cultura bragantina. Por isso, trabalhamos com a hipótese
primeira de que algumas comunidades teriam se formado a partir das rotas de indígenas e quilombolas fugidos da cidade de Bragança (PA).
A pesquisa em curso objetiva também encontrar explicações para o
fato de tantos povoados terem recebido denominações religiosas.
Quanto a essa questão, a investigação deve mostrar se essas
denominações seriam, de fato, os nomes originais ou se representam o anúncio preocupante da extinção do léxico nativo. Outro fator a ser abordado implicará sobre a contribuição toponímica dos cassacos
nordestinos e dos ciganos que se instalaram em Tracuateua à época
da construção da estrada de ferro Belém-Bragança e da instalação do
campo de sementes da EMBRAPA. Que destino tiveram esses povos?
Onde deixaram suas marcas? Qual o significado para a população atual? Responder estas questões é ter o privilégio do resgate de um
grande legado para a história de Tracuateua. Diante dessas premissas
acreditamos que somente uma pesquisa investigativa de procedimento
histórico-comparativo poderá dar conta da presença de resquícios do
léxico primitivo e da influência sofrida pelos falantes e seus
respectivos topônimos. Contudo, trata-se de uma novidade que entusiasma, mas altamente desafiadora.
Palavras-chave: Indígenas. Quilombolas. Investigação. Tracuateua.
Topônimos.
O TRATAMENTO DAS INTERFERÊNCIAS GEOSOCIOLINGUÍSTICAS para a tradução da língua Ka’apor
Raimunda Benedita Cristina Caldas (PPLSA/UFPA)
E-mail: rcriscaldas@yahoo.com.br
Ka’apór é uma língua da Família Tupí-Guaraní, pertencente ao
mesmo ramo do Guajá, Wayampí, Wayampipukú, Emérillon,
Zo’é, Anambé de Ehrenreich, Awré e Awrá e Takunhapé
(RODRIGUES, 1984-1985; RODRIGUES e CABRAL, 2002;
RODRIGUES, 2005). É falada por indígenas da Terra Indígena (T.I.)
Alto Turiaçu, no noroeste do Maranhão. A configuração da T.I. da qual pertencem os Ka’apor também é constituída por uma aldeia Guajá e
E
O
Estudos de linguagem e interculturalidade III
I Seminário Tradução e Interculturalidade
134
uma Timbira ao lado das doze aldeias ka’apor. A língua apresenta
como panorama sociolinguístico dois grupos dialetais de natureza
diatópica bastante evidente, além da diversidade de ordem diafásica,
diageracional, diastrática e diassexual, observados com base na
Dialetologia pluridimensional e relacional, por Thun e Radtke (1996) e
por Thun (1996, 1998a, 1998b, 2000a, 2000b). Nesta comunicação disponho resultados de levantamentos sociolinguísticos realizados durante o curso de Formação Básica Ka’apor, do Projeto Ka’a Namõ Jajunu’e Ha Katu, os quais servem como parâmetros para a descrição
dialetológica dos Ka’apor. Os dados constituem-se como contribuições
para a educação básica e formação de professores, assim como para
os estudos sociogeolinguísticos, em execução pelo projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (Cabral e Razky 2013), com vistas aos
avanços das investigações na área dos estudos histórico-comparativos,
especialmente, no que se refere ao aspecto da constituição interna do
subramo III, da Família Tupí-Guaraní, do qual pertence o Ka’apor (cf.
Rodrigues 1985; Rodrigues e Cabral 2002).
Palavras-chave: Língua Ka’apór. Interferências Geosociolinguísticas. Tradução.
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
135
ESTUDOS DE LINGUAGEM e Interculturalidade II
Coordenadores: Jair Cecim da Silva
e Ewerton Gleison Lopes Branco
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
a partir do grafismo corporal da cultura indígena Ka’apor
Estelita Araújo BARROS (UFPA/SEDUC)
E-mail: estelita_barros@yahoo.com.br
Maria Augusta Raposo de Barros BRITO (UFPA-Bragança)
E-mail: araposo@ufpa.br
pesquisa foi realizada com os alunos da etnia ka’apor do 6º ao
9º ano durante as alternâncias de estudo que ocorreram em
dois Polos de Ensino: Aldeia Xiépihurenda, município de Centro
Novo e Aldeia Jupu’y Renda, município de Maranhãozinho. Por meio
da observação participante, no decorrer das aulas do componente
curricular da Etnomatemática. O processo de escolarização compõe-se de uma equipe de educadores formadores em um projeto de Educação
Escolar Indígena, Aprendendo com a Floresta, visando o avanço da
escolaridade de indígenas da etnia ka’apor, no estado do Maranhão. A
experiência é fundamentada na pedagogia de alternância, que consiste
em um sistema de ensino alternado sendo que o mesmo busca adequar-se a essa pedagogia respeitando o tempo e a cultura de cada
povo inserido no mesmo. E durante essa experiência de ensino e
aprendizagem, observou-se a desenvoltura e o conhecimento
matemático dos alunos, os quais os aplicam de acordo com a cultura e
a dinâmica do cotidiano de suas aldeias. O desenvolvimento desse
trabalho nos levou a pensar em uma proposta de ensino-aprendizado que pudesse fazer com que os alunos tivessem uma visão da educação
A
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
136
matemática sendo aplicada em seu dia a dia, assim como a arte do
grafismo corporal que possui uma conceituação geométrica em seus
traços. Valorizando o conhecimento matemático do aluno, sua forma
de subsistência, sua vida sociocultural, seu contexto cultural e seus
saberes. Com a realização da pesquisa constatou-se que é possível um
diálogo entre os saberes culturais do povo Ka’apor e os assuntos matemáticos vistos por uma ótica mais ampliada da visão em sala de
aula.
Palavras-chave: Educação escolar indígena. Etnomatemática.
Grafismo corporal. Educação matemática Ka’apor. Saberes Ka’apor.
GÊNERO TEXTUAL ORAL ENTREVISTA DE EMPREGO:
trabalhando a oralidade com os alunos da EJA
Gleciane da Silva PANTOJA (UFPA)
E-mail: gleiceane.pantoja@r7.com Camilla da Silva SOUZA (Orientadora)
E-mail: souza.camilla@gmail.com
presente trabalho apresenta uma proposta didática acerca do
gênero textual oral “entrevista de emprego” voltada para o
desenvolvimento de habilidades e competências orais dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlia Quadros
Peinado, localizada no município de Bragança-PA. A referente
proposta foi construída a partir da observação do cotidiano escolar da
turma da quarta etapa, de Educação de Jovens e Adultos (E.J.A.) e de
um questionário aplicado à professora da turma. Assim, os dados apreendidos da realidade escolar da turma de E.J.A. revelaram
algumas dificuldades em torno da expressão oral (postura, elementos
prosódicos, expressividade facial) desses alunos. Logo, o gênero oral
“entrevista de emprego” apresenta-se como uma forma de trabalhar o
oral de maneira sistematizada, propondo atividades sequencias de
práticas da oralidade como: a linguagem formal, os “meios cinésicos” e os “meios para-linguísticos” (Dolz e Schneuwly, 2004). Dessa forma,
objetiva-se contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, no
qual, os alunos possam desenvolver individualmente sua expressão
oral formal pública, características próprias do gênero “entrevista de
emprego”. Para fundamentar este trabalho, ou seja, para respaldar a importância de se trabalhar com a oralidade de forma sistemática a
partir dos gêneros textuais traz-se as contribuições de Leonor Fávero
O
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
137
(2000), Roxane Rojo (2001) e Sandoval Gomes-Santos (2012). Sendo
assim, nossa proposta prevê um ensino que contemple não somente
as práticas escolares, mas, as práticas sociais que vão além dos muros
da escola. Pois, os alunos de E.J.A. buscam um preparo voltado para
o mercado de trabalho, para o exercício de sua cidadania e a escola
deve propiciar múltiplos letramentos, no qual, os discentes possam estar inseridos em diversas situações comunicativas, de forma
dinâmica.
Palavras-chave: Oralidade. Proposta didática. Entrevista de emprego.
INFLUÊNCIA DO INTERCÂMBIO CULTURAL
com assistentes de ensino de inglês na motivação de alunos de
graduação em letras língua inglesa
Marcus Alexandre Carvalho de SOUZA (ILLA/UNIFESSPA)
E-mail: alexandre0202@yahoo.com.br
aprendizagem de uma língua estrangeira não envolve apenas o
conhecimento de estruturas e funções da língua, mas envolve
também aspectos culturais, já que não se pode aprender uma
língua estrangeira sem conhecer a cultura e modos de agir, pensar e
ser de falantes daquela língua-cultura. Aspectos socioculturais podem estar presentes entre os fatores que motivam ou que desmotivam os
aprendentes no seu processo de aprendizagem de uma língua
estrangeira, sendo a motivação um aspecto muito importante quando
se trata desse tipo de aprendizagem. Este trabalho tem por objetivo
apresentar aspectos socioculturais da motivação para a aprendizagem de alunos do curso de Letras Língua Inglesa, trabalhando em
específico com as menções feitas em relação ao intercâmbio cultural
realizado por meio da vinda de Assistentes de Ensino de Inglês (English Teaching Assistants – ETAs) da Comissão Fulbright ao
Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará. Os dados
desta pesquisa estão inseridos em uma pesquisa maior, intitulada “Percepções dos alunos sobre sua própria (des)motivação: estudo
comparativo em turmas dos cursos extensivo e intensivo de
licenciatura em Letras Língua Inglesa”. Os participantes da pesquisa,
em geral, percebem como aspecto primordial a proficiência adquirida
na língua inglesa, não se atentando para a importância dos aspectos
socioculturais que a presença dos ETAs trouxe para o curso.
A
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
138
Palavras-chave: Motivação. Aspectos Socioculturais. Aprendizagem de
Língua Inglesa.
NOVAS ALTERNATIVAS DE LEITURA
e inclusão na escola
Giselle Maria Pantoja Ribeiro (UFPA)
E-mail: profgiselle@yahoo.fr
Tatiana Cristina Vasconcelos Maia (GELPEA/UEPA)
E-mail: tat_maia@hotmail.com
ste artigo propõe reflexões sobre o multiculturalismo crítico e o
multiletramento, como práticas inclusivas necessárias na
escola e na sociedade. Durante muito tempo nas escolas o
ensino da leitura se manteve em linha reta, linearmente sendo
exercido e assim, se dava predominante a valorização de uma cultura dominante sobre a outra minoritária. E ocorria de se pensar em uma
única forma de ensinar as crianças o caminho para se chegar à leitura
e à escrita. (Ensinar o que às crianças? A leitura através da escrita?).
O cenário agora pede mudança e ocorre a ampliação do entendimento
do ato de leitura para se chegar a escrita. É nessa atmosfera que as
reflexões aqui propostas se firmaram com o enfoque dado às outras formas de linguagens cabíveis nos espaços escolares, outras práticas
de ensino da leitura que favorecem a construção do conhecimento
mais amplo, pois a linguagem está voltada para as atividades
cotidianas, ampliando enormemente o entendimento, desta maneira o
trabalho com o multiletramento pautado no multiculturalismo crítico, enriquece as práticas escolares, a partir do momento que traz para
escola o debate sobre as diferentes culturas e variadas formas de
linguagens que podem ser trabalhadas, e desta forma, entender o ato
de leitura não apenas como uma simples tarefa de juntar letras,
formando sons para as coisas nominadas, já estabelecidas pelo
sistema escolar, mas trazer para ela um diálogo amplo e dinâmico. Está pesquisa tem caráter qualitativo e nela foram traçados os
seguintes procedimentos: observações, anotações no diário de campo,
entrevistas, analises e leituras teóricas para comparação ou
constatação do que se pretende. Neste artigo, trabalhamos os itens
relacionados ao tema: A leitura multicultural de Paulo Freire, Multiculturalismo e a crítica pós-moderna, Letramento como práxis:
desafios apontados, (Multi) letramento e cultura: de que educação
E
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
139
estamos falando? Alfabetização, multiletramento e surdez, “Uma
história da leitura” à luz de Alberto Manguel, alcançando ainda as
noções de Suzana Vargas em seu livro “Leitura: uma aprendizagem de
prazer”, Roland Barthes “O prazer do texto”, Regina Zilberman
“Literatura e pedagogia”, concluindo com as análises e as
aproximações conclusivas. Palavras-chave: Cultura. Multiculturalismo. Multiletramento. Leitura.
Ensino.
RELAÇÃO DO ALUNO GRADUANDO COM AS TIC’s no processo de ensino aprendizagem na EAD
Antonia Edleuza ALVES (SEDUC)
E-mail: edleuzaal@hotmail.com
Jaed Ríllare Alves de SOUSA (UFPA)
E-mail: jaed.r.sousa@hotmail.com
presente estudo tem como tema “Relação do aluno graduando
com as TICs no processo de ensino aprendizagem na EaD”. A
educação a distância é um dos mais promissores campos da
educação na sociedade moderna, pois pelas suas propostas de
universalizar o ensino procura atender as demandas educacionais da sociedade moderna. É, ainda, o processo em que o ensino ocorre por
meio de ambientes virtuais de aprendizagens vinculados às
tecnologias de informação e comunicação e facilita a inserção do aluno
no mundo globalizado. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a
relação do aluno graduando com as tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino aprendizagem na da educação a
distancia. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma
pesquisa exploratória e descritiva com o uso de questionários que
foram aplicados aos alunos graduandos dos cursos de Pedagogia da
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Biologia do Instituto
Federal do Pará (IFPA) e Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) pertencentes ao Plano Nacional de Formação de
Professores do Estado do Pará - Parfor/Pa, haja vista que 20% por
cento da carga horária da cada disciplina devem ser cumpridas por
meio da educação a distância. O questionário aplicado contém
perguntas abertas e fechadas aplicadas a 53 alunos dos cursos citados totalizando 10 questões referentes ao tema apresentado. Os
resultados apresentados mostram que os alunos sabem da
O
Estudos de linguagem e interculturalidade II
I Seminário Tradução e Interculturalidade
140
importância das tecnologias no processo de ensino aprendizagem, mas
uma parte significativa dos graduandos não tem acesso à internet com
frequência. Muitos apresentam dificuldades para realizar as atividades
online que correspondem a 20% do total da carga horária de cada
disciplina. Percebe-se ainda que uma das dificuldades enfrentadas
pelos alunos, é justamente a falta do domínio das ferramentas dos ambientes virtuais de aprendizagem oferecidas para a interação entre
o professor e o aluno. Isso se justifica, justamente, porque o AVA
disponibiliza variadas ferramentas e o aluno ainda se sente inibido em
usá-las. Muitas vezes usa penas as ferramentas mais comuns, como
e-mail, material impresso e telefone. Sendo assim, pode-se dizer que o ensino na EaD trouxe inúmeros benefícios de muita valia para a
sociedade e nesse contexto merecem destaque dois fatores
importantíssimos para o aperfeiçoamento e a qualidade do ensino a
distancia, que são o papel desempenhado pelo professor/tutor e a
comunicação dialógica dos envolvidos nesse processo de ensino.
Palavras-chave: EaD. Tecnologia. Ensino.
Línguas hispânicas e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
141
LÍNGUAS HISPÂNICAS e Tradução Cultural
Coordenador: Carlos Henrique Lopes de Almeida
LITERATURA E HISTORIA:
traços de resistência na literatura paraguaia
Carlos Henrique Lopes de ALMEIDA (UFPA)
E-mail: carloshla@ufpa.br
ste estudo tem como proposta a análise e discussão de traços
de resistência presentes em algumas das principais obras do autor paraguaio Augusto Roa Bastos. O corpus selecionado
apresenta narrativas cujas representações destacam alguns dos fatos
históricos responsáveis por importantes mudanças na configuração
política, econômica e social do país mediterrâneo. As temáticas
contemplam os primeiros contatos do Velho Mundo como as novas terras conquistadas, duas grandes guerras contra países vizinhos, a
Grande Guerra em 1864-1870 e a Guerra do Chaco 1932-1935,
ambos episódios promoveram a reconfiguração de um cenário que
indicava ser promissor. Outro traço cultural que vale destacar refere-
se à diglossia da nação Paraguaia, pois além de significar a chave para
a consolidação de um nacionalismo pautado na cultura Guaraní, também funcionou como um artifício literário utilizado por Roa Bastos
na tessitura de seus romances. O entrecruzamento da história e da
ficção oferecerá um espaço de reflexão e discussão sobre a identidade
a partir das releituras do passado existentes no universo literário das
obras roabastianas. A análise será realizada a partir dos conceitos de Identidade Cultural, Alteridade e Resistência, propostos por Homi
Bhabha (2011), Stuart Hall (2002), Bosi (2002) Thomas Bonicci (2009),
Mentom (1993) e White (2003).
E
Línguas hispânicas e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
142
Palavras-chave: Identidade. Resistência. Literatura. Alteridade.
O EROTISMO E A FANTASIA DE GIANTES EM:
El Insecto de Pablo Neruda e Hable con Ella de Almodóvar
Fernanda da Costa Silva (UFPA)
E-mail: fernandacostam1@gmail.com
Iris de Fátima Lima BARBOSA (Orientadora)
E-mail: íris_flb@hotmail.com
icardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto nasceu na cidade de Parral
– Chile em 12 de julho de 1904 e faleceu em Santiago do Chile
em 23 de setembro de 1973, tinha por pseudônimo o nome
Pablo Neruda, inspirado no escritor checo Jan Neruda. Foi poeta,
político, escritor e diplomático, consagrando-se como um ativista
político. Considerado um dos maiores poetas Chilenos, assim como um dos nomes mais renomados da literatura contemporânea, em suas
obras podemos observar várias faces do escritor, que se entrelaçam
entre momentos de lirismo, angústia, amor, política, erotismo, entre
outros. Vale ressaltar que para este trabalho buscamos analisar o poema El Insecto de Pablo Neruda, subsidiado por considerações a
cerca do erotismo de estudiosos como: Ronaldo Vainfas, Lúcia Castello Branco, Milla Balleiro de Sá Adami, buscando analogias entre o poema
e a fantasia ou fetiche de Giantess, em que a pessoa fantasia ser de
uma estatura pequena para ficar à mercê dos caprichos de um (a) gigante (a). E neste desenrolar, unimos o poema com o filme Hable con Ella de Pedro Almodóvar que vem retratar também o fetiche em sua
película, onde uma das supostas cenas, um casal se encontra em seu quarto, e o homem seguindo a fantasia de Giantess, se torna o
pequeno ser que se dispõe a satisfazer todos os desejos de sua amada.
O mesmo acontece no poema, pois o amante se revela como um
inseto, em que irá percorrer, ou melhor, irá passear pelo corpo de sua
amante. Fascínio é uma entre as catarses oferecidas entre estas duas
obras, as quais escolhemos para analisar e mostrar uma pequena porção da literatura Hispano-Americana em analogia com a sétima
arte.
Palavras-chave: El Insecto. Pablo Neruda. Hable com Ella. Pedro
Almodóvar. Fantasia de Giantess.
R
Línguas hispânicas e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
143
O ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS DO ESPANHOL:
como reconhecê-los?
Rozilda Rodrigues MONTEIRO (UFPA)
E-mail: rozilda.rmonteiro@hotmail.com
Valéria da Costa CABRAL (UFPA) E-mail: valeria.cabral19@yahoo.com.br
Carmen Lúcia RODRIGUES (Orientadora)
E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
ste trabalho tem como principal objetivo apresentar as características da classe de palavras substantivo do espanhol –
a segunda língua mais falada no mundo – a partir do ponto de
vista tradicional e a partir dos critérios semântico, morfológico e
sintático, em contraste com os substantivos do português, uma língua
muito próxima do espanhol, tanto geograficamente como
geneticamente, já que as duas possuem a mesma origem, o Latim. Inicialmente, serão apresentadas as definições mais tradicionais, tanto
em relação ao substantivo em espanhol como em português.
Posteriormente, trataremos da classificação e formação do substantivo
em espanhol, com suas flexões de gênero, número e grau, e
enfocaremos sua função do ponto de vista sintático. Para tanto, serão
apontados exemplos para uma melhor compreensão do referido objeto de estudo. A partir da identificação de características morfológicas e
sintáticas do substantivo em espanhol, mostraremos que o critério
semântico por si só não é suficiente para diferenciar o substantivo das
demais classes de palavras, sendo necessário aplicar critérios formais
para o reconhecimento dessa classe de palavra. Portanto, veremos que a definição tradicional de substantivo apoiada exclusivamente em
critérios semânticos deixa lacunas em seu aprendizado, tanto por
parte de quem aprende o espanhol como primeira língua como por
parte de quem o aprende como segunda língua.
Palavras-chave: Espanhol. Substantivo. Semântico. Morfológico.
Sintático.
TRADUTORES HISPÂNICOS
traduzindo para o português
Eva Yolanda Taberne ALBARENGA (UNILA)
E-mail: evataberne@gmail.com
E
Línguas hispânicas e tradução cultural
I Seminário Tradução e Interculturalidade
144
Giane da Silva Mariano LESSA (Orientadora)
E-mail: giane.lessa@gmail.com
tradução inversa (TI), conhecida no Brasil como “versão”, que
implica traduzir um texto escrito na língua materna do tradutor
para uma língua estrangeira, é uma prática ainda polêmica e criticada por vários teóricos de finais do século XX. Por um lado, essa
prática é defendida em alguns estudos recentes, mas ignorada em boa
parte dos trabalhos acadêmicos da área, que ao falar em tradução
pressupõem que esta sempre está sendo feita da língua estrangeira
para a língua materna do tradutor. No entanto, há tradutores a realizam profissionalmente. No contexto brasileiro, alguns tradutores
hispânicos traduzem diferentes tipos de textos (jurídicos, literários,
científicos, legendas e roteiros de filmes, entre outros) do espanhol
para o português. É com esse perfil de sujeitos que trabalharemos,
com o objetivo de analisar as representações sobre a tradução inversa
que emergem dos seus discursos, em seus comentários sobre os seguintes tópicos: as diferenças entre traduzir de forma inversa e
traduzir de forma direta (para a sua língua materna); as dificuldades
que enfrentam traduzindo para uma língua estrangeira; as diferenças
de traduzir determinados tipos de textos; as estratégias utilizadas; as
aptidões necessárias para realizar a TI e as particularidades do par
linguístico espanhol/português. Tomando como base a teoria das representações, abordada a partir de uma visão construcionista.
Analisar-se-á até que ponto a crença que diz respeito ao falante nativo
como superior ao falante não nativo na sua competência tradutória é
retomada/reafirmada/discutida nos discursos dos tradutores
entrevistados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem interpretativista. Os dados foram gerados a partir de um questionário
escrito, que tinha por objetivo delimitar o perfil dos participantes e
uma entrevista oral, com perguntas semiestruturadas, realizada via
Skype. O presente artigo apresentará os resultados da pesquisa que
está sendo realizada para o desenvolvimento do TCC, ainda em
andamento. Palavras-chave: Direcionalidade. Tradução inversa. Representações.
Par linguístico português/espanhol. Estudos latino-americanos.
A
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
145
ENTRE A TERRA, O MANGUE e o mar: dialogando com os
diversos saberes da pesca Coordenadora: Deis Elucy Siqueira
AS RELAÇÕES GERACIONAIS NA PESCA ARTESANAL
na comunidade de Bonifácio-Pará: saberes e juventude
Norma Cristina Vieira COSTA (PPBA/UFPA)
E-mail: normacosta@ufpa.br
Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora) E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
rata-se de visibilizar as relações geracionais a partir dos saberes
ecológicos pesqueiros locais que as constituem na comunidade
de Bonifácio, em Bragança-Pará. Este trabalho apresenta parte dos resultados de pesquisa de tese desenvolvido no grupo de pesquisa
ESAC-Estudos Socioambientais Costeiros/ Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de
Bragança. O texto ancora-se em entrevistas parcialmente
estruturadas, observação participativa e grupos focais com os
membros das famílias pescadoras e moradoras da comunidade de Bonifácio. Identificou-se que na comunidade de Bonifácio as relações
de parentesco são fundamentais na formação dos mais jovens,
especialmente na formação daqueles que estão iniciando a atividade
de pesca. É através destas relações que se constroem os primeiros
conhecimentos ecológicos locais. O pai, a mãe e os parceiros de pesca
obtiveram um lugar de destaque na formação do pescador e da pescadora da comunidade de Bonifácio. Aqui, os (as) jovens são
inseridos socialmente na atividade de pesca. Ainda que não ocorra
T
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
146
uma inserção forçada, a introdução se inicia desde muito cedo, ainda
na infância e se concretiza de modo geral na juventude, quando os
pescadores e as pescadoras, sobretudo os primeiros, integram os
grupos pesqueiros inter familiares. Também é na juventude que os
saberes da pesca apreendidos no dia-a-dia se evidenciam. Os jovens se
casam por volta de 20 a 22 anos e são considerados adultos a partir daí, ainda que a passagem de crianças para jovem ocorra mais ou
menos por volta de 15 anos, conforme o Estatuto. Adolescência. De
qualquer maneira, ainda que não seja marcada tão forte por ruptura e
crise de identidade, a juventude é uma fase que pode ser considerada
intermediária entre a infância e a vida adulta (antes do casamento).Esse modelo de vida, representada em grande medida
pelos vários aspectos socioculturais de uma comunidade tradicional,
transita pelos diferentes, porém relacionados, campos de ação
humana. Dentre eles merecem destaque as relações de gênero no
processo de socialização dos conhecimentos pesqueiros. As mulheres,
jovens pescadoras aprendizes, longe de ter as mesmas oportunidades e ensinamentos dos homens, aprendem prioritariamente a lida com o
pescado (limpar, eviscerar, retalhar, salgar) em grande medida para
fins domésticos/autoconsumo. Aos homens, jovens pescadores
aprendizes, a socialização dos conhecimentos pesqueiros calca-se em
direção a profissionalização no setor.
Palavras-chave: Relações geracionais. Pesca Artesanal. Saberes Locais. Juventude.
PARTICIPAÇÃO E RELAÇÕES DE PODER
no conselho deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, Bragança/PA
Sebastião Rodrigues da SILVA JÚNIOR (UFPA)
E-mail: sebast@ufpa.br
presente estudo se refere a pesquisa realizada na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, criada em 2005,
localizada no município de Bragança, região nordeste do estado
do Pará, Amazônia, Brasil, a mesma dispõe de uma área de 42 mil
hectares, envolvendo uma população de cerca de 40 mil pessoas. O
objetivo foi analisar o Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, enquanto instrumento de participação e
de poder, verificando se o mesmo contribui para a mudança nas
O
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
147
relações de poder entre os agentes técnicos e a população tradicional
no que diz respeito à gestão desta Unidade de Conservação. O
trabalho foi elaborado a partir de uma abordagem qualitativa,
utilizando-se de um formulário padronizado, entrevistas semi-
estruturadas e informais, bem como observação participante. Conclui-
se que não obstante os conflitos, expostos ou latentes, as disputas entre vários conselheiros, as divergências entre as instituições
participantes, este se configurou como: um espaço aberto ao debate e
proposições; possibilitou a ampliação da participação das populações
tradicionais nos processos decisórios, ainda que em pequena
abrangência. Considera-se que o mesmo foi um espaço fundamental para o processo de democratização das relações entre a sociedade
local e as comunidades que vivem dos recursos que a Reserva
Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu oferece.
PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS E RELAÇÕES DE GÊNERO em uma comunidade tradicional da Amazônia
Darcy de Nazaré Flexa DI PAOLO (PPGBA/UFPA)
E-mail: dflexa@ufpa.br
Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora)
E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
presente resumo enfoca um pouco da Tese de Doutorado
vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia
Ambiental (PPGBA)/UFPA, Campus de Bragança, orientada
pela profa. Dra. Deis Siqueira, sob o título Práticas socioambientais e relações de gênero em uma comunidade tradicional da
Amazônia. Está sendo desenvolvida na comunidade
Cajueiro/nordeste paraense, a 18 km da cidade de Bragança, onde
moram 120 famílias, compreendendo aproximadamente 500
moradores. Os campos constituem a principal característica
ambiental, campos estes que se apresentam cheios no período chuvoso e secos em períodos que não chove. Visando identificar as
principais formas de vida da comunidade, mais especificamente no
que se refere à relação dos moradores com o meio ambiente, o estudo
tem como objetivo identificar e analisar as principais atividades
extrativistas geradoras de renda e aquelas destinadas ao autoconsumo, em sua articulação com os ciclos produtivos dos
recursos naturais utilizados e os arranjos familiares que são
O
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
148
construídos Tem como hipótese norteadora: as atividades produtivas
socioambientais se organizam não apenas, mas significativamente, de
acordo com o movimento produtivo e reprodutivo dos recursos
naturais utilizados, as quais implicam em diferentes arranjos das
famílias, ancorados estes, por sua vez, na divisão sexual do trabalho. Além da observação in loco e da pesquisa participante estão sendo
desenvolvidos também grupos focais como metodologia básica. Neste
contexto, tem-se verificado que a atividade econômica principal é a
agricultura, com destaque para a mandioca, com a qual é produzida,
sobretudo, tanto a farinha d’agua quanto a de tapioca. Além da
agricultura, destaca-se a pesca, com vários tipos de peixe e de
camarão e também o caranguejo. A pecuária é exclusivamente para o tratamento da terra, com dizem os moradores locais “para estrumar a
terra”, devido, sobretudo, as plantações de mandioca. Portanto, com
relação a atividades econômicas, destacam-se, sobretudo: agricultores,
pescadores, e tiradores de caranguejo, porém, mesmo tendo uma
dessas atividades com principal, todos se envolvem de alguma forma com cada uma delas, isto, de acordo com as respectivas épocas do
ano, as quais correspondem também aos ciclos produtivos e
reprodutivos dos recursos naturais existentes. Tendo presente que a
apropriação dos recursos da natureza não ocorre fora do contexto dos
valores humanos, o presente estudo visa contribuir como mais um
produto acadêmico-científico direcionado a esta temática, fruto de estudos que estão sendo desenvolvidos pelo grupo de Estudos
Socioambientais Costeiros (ESAC)/UFPA/Campus de Bragança.
Palavras-chave: Extrativismo. Socioambiental. Relações de gênero.
Amazônia.
“SARDINA É A FARINHA DOS PEIXES”:
a importância do conhecimento ecológico local para o bom viver
na Amazônia
Roberta Sá Leitão BARBOZA (FEPESCA/ESAC/UFPA) E-mail: robertasa@ufpa.br
valorização do saber local sobre a natureza pelos cientistas é
relativamente recente. O conjunto de saberes e práticas a
respeito do mundo natural e sobrenatural é conhecido como
conhecimento ecológico local (CEL). Caracterizam-se como conhecimentos intimamente relacionados à natureza, utilizados no
A
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
149
cotidiano de povos tradicionais, adquiridos através de observações
extensivas de uma área ou de uma espécie, e transmitidos
especialmente por via oral, de geração em geração de modo informal.
Hoje, o entendimento do CEL pela ciência passou a ganhar espaço na
conservação e manejo dos recursos naturais, constituindo-se um
importante desafio. Nesse contexto, foi realizado um estudo acerca do CEL de pescadores artesanais das vilas dos Pescadores e vila
Bonifácio, Bragança (Pará), sobre a ecologia alimentar de alguns
peixes. Verificou-se similaridade nos relatos sobre o conhecimento do
hábito alimentar dos peixes fornecidos pelos pescadores e das
informações disponíveis na literatura cientifica. De acordo com os pescadores, a dieta alimentar dos peixes esteve baseada
principalmente no consumo de sardinha e camarão. A partir da
riqueza constatada no conhecimento dos pescadores sobre a ecologia
trófica de peixes, sugere-se que estes saberes sejam empregados no
manejo dos recursos pesqueiros no nordeste do Pará, contribuindo
para o bom viver dessas pessoas. Palavras-chave: Conhecimento Ecológico Local. Pescadores artesanais.
Peixes.
TREME:
um nome que conta as origens da comunidade
Maria de Lima GOMES (FACED/ESAC/UFPA)
E-mail: normacosta@ufpa.br
Deis Elucy SIQUEIRA (Orientadora)
E-mail: deissiqueira@yahoo.com.br
ste estudo é um dos resultados da investigação realizada na
Vila do Treme, em Bragança, PA, no período de agosto de 2011
a janeiro de 2013. Teve como objetivo obter informações sobre o
início da ocupação do lugar. Por meio da memória dos mais antigos
identificados foram entrevistados nove (9) moradores da comunidade do Treme com faixa etária entre 80 a 97 anos. Pelo efeito bola de neve,
usou-se a entrevista semi-estruturada e não estruturada, como
instrumento de coleta de dados. A Comunidade data do início do
século XX, sendo os primeiros moradores oriundos de comunidades
próximas. O lugar foi escolhido pela proximidade do rio Caeté, o que facilitava a atividade ocupacional: a pesca. Seis, são os grupos
familiares que deram origem a população da comunidade, que recebeu
E
Entre a terra, o mangue e o mar: dialogando com os diversos saberes da pesca
I Seminário Tradução e Interculturalidade
150
o nome de Treme, em função de um lago que apresenta o fenômeno
natura, mas incomum em região tropical, que é o tremular da terra ao
se pisar nas águas do lago. A valorização da memória dos moradores
mais antigos, que não tem um registro histórico, é uma forma de
obtenção de informações que levam a compreensão do passado, das
tradições para guarda-las, ao mesmo tempo em que possibilita a percepção de mudanças para o futuro. Este trabalho apresenta parte
dos resultados de pesquisa desenvolvido no grupo de pesquisa ESAC-
Estudos Socioambientais Costeiros/Programa de PG em Biologia Ambiental-Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança.
Palavras-chave: Memória. Comunidade. Idosos.
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
151
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: estudos interculturais
Coordenadora: Maria da Conceição Azevedo
A LINGUAGEM COTIDIANA DOS ALUNOS
no processo ensino-aprendizagem representada pela cultura digital
Sybelle Rúbia Duarte SAMPAIO (Bolsista/Supervisora
PIBID/CAPES/URCA)
E-mail: aylana.sybelle.ce@gmail.com
Cicera Edilene Alves da SILVA (Bolsista PIBID/CAPES/URCA) E-mail: edilenealves.s95@hotmail.com
realidade transformada das escolas, das relações sociais e dos
diferentes contextos escolares, exige uma adaptação maior ao
ensino contextualizado com as comunidades dos educandos. Não há como fragmentar a linguagem em processo conteudístico, sem
considerar o papel da instituição na vida efetiva dos alunos. Nesse
ponto, faz-se viável aproximar os saberes das situações reais e
específicas, bem como desconsiderar a filosofia unificadora comum a
muitas escolas de ensino médio. A construção da identidade docente
em confronto com essas mutações exige maior aproximação com essa realidade contextual. Por isso o PIBID (Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência) propicia ao graduando um contato
maior com esse trabalho. Concomitantemente, tencionamos analisar
os avanços possíveis nessa interação profissional e de formações:
docente e discente. A fim de encontrar alternativas de ações que promovam uma constante reflexão em torno da atuação docente
versus desenvolvimento da aprendizagem dos alunos através de uma
linguagem comum e compreendida socialmente. O que faz da escola
A
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
152
viva são os alunos, professores, pais, funcionários que interagem com
ela em diferentes linguagens. Essas esferas socializam-se no contexto
que elas próprias criam e recriam. E através do poder da palavra se
revelam, expõem seus pontos de vista, aparelharam-se. Essa escola
deve ser um lugar de ascensão e conexão de todos os participantes, na
construção da cidadania. O trabalho proposto pelo PIBID objetiva formar pessoas e influenciar a estruturação da escola de maneira
dinâmica e que estimule os alunos a manifestarem-se nos diversos
domínios culturais. Na nossa perspectiva ainda há muitos paradigmas
que precisam ser quebrados para fazer do ensino um processo eficaz
em maior escala. Desfragmentar o currículo, tornando-o flexível, reflexivo, vivo e pensado coletivamente, para formar a identidade da
instituição, acompanhando o desenvolvimento local e reprogramado a
partir do contexto da realidade da instituição. Pretendemos dispor da
linguagem cotidiana e local dos alunos do ensino médio em contato
com os alunos da universidade e futuros docentes, para utilizarmos a
cultura digital através de blogs interativos, redimensionarmos a prática pedagógica que ative os mecanismos de entendimento do ser e
fazer dos discentes, induzindo, portanto, transformações nos moldes
de uma escola ressignificada.
Palavras-chave: Ensino. Linguagem. Contextualização. PIBID.
A NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS
e a constituição dos papéis sociais em uma aula de leitura no
ensino superior
Maria da Conceição AZEVÊDO (Doutoranda em Educação/USP) E-mail: cazevedo@ufpa.br
esta comunicação, trazemos à discussão um estudo em que
analisamos o funcionamento discursivo de uma interação em
sala de aula, enfocando os modos como a professora e os
alunos, por meio de comportamentos verbais e não verbais, interagem reciprocamente para dar acabamento a uma interação singular, na
qual os sentidos não estão dados, mas vão sendo construídos
conjuntamente. Intentamos examinar de que maneira os padrões
interacionais nos permitem observar a distribuição dos papéis sociais
entre os participantes e as funções dos atos de linguagem praticados na cena didática, em termos de uma configuração discursiva que
deriva das particularidades de um ambiente de ensino institucional.
N
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
153
Os dados considerados na análise originaram-se de um recorte do corpus de nossa pesquisa de Mestrado, em que foram registradas em
vídeo as aulas da disciplina “Produção e Compreensão de Textos II”,
ministradas para uma turma do segundo período do Curso de Letras
da Universidade Federal do Pará, no Campus de Bragança/PA.
Selecionamos para análise um episódio didático em que a professora faz a correção de um exercício de compreensão textual. Tomando como
pressuposto a concepção da natureza interacional e dialógica da
linguagem (BAKHTIN, 2003, 1988), fundamentamos nossa análise em
dois eixos temáticos: estudos que tematizam a organização das
interações e a constituição das práticas discursivas em situações de
ensino e aprendizagem (MEHAN, 1979; MORTIMER & SCOTT, 2002; GERALDI, 1997); reflexões sobre os exercícios de compreensão textual
(MARCUSCHI, 1996, 2001). O estudo nos permitiu constatar que: i) a
organização das trocas discursivas entre a professora e os alunos é
determinada, em grande medida, pelo formato do exercício, que
conduz à negociação de sentidos em função das instruções contidas nas questões propostas; ii) a constituição das interações em situações
de sala de aula demanda dos sujeitos a assunção de papéis
convencionados institucionalmente, o que pode conduzir a uma
inversão dos papéis dos participantes e das funções dos atos de
linguagem.
Palavras-chave: Padrões de interação. Dialogismo. Ensino superior. Aula de leitura.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DOS SABERES
culturais para construção da escola bragantina
Luciane Silveira RODRIGUES (SEMED/BRAGANÇA-PA)
E-mail: lusilveira1978@gmail.com
Maria Adriana LEITE (UFPA)
E-mail: m.adrianaleite@hotmail.com
Robson de Sousa FEITOSA (Orientador) E-mail: rsfeitosa77@hotmail.com
Secretaria Municipal de Educação de Bragança-PA lançou em
2013 seu projeto de educação objetivando a construção coletiva da Escola Bragantina. Este projeto traz um Programa de
Formação Continuada que visa identificar os elementos que caracterizam a comunidade bragantina e faze-los adentrar e
A
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
154
transformar os currículos das escolas que compõe esta rede de ensino,
dando voz e vez aos saberes e fazeres locais. Ocorre no chão da escola,
através de ações como Jornada Pedagógica e circuitos de diálogos intitulado de Caravana Pedagógica (CP), que é objeto de estudo deste
artigo. Ao nos questionarmos se nossa escola está pronta para nossos
alunos reais, nos deparamos com o desafio: uma proposta de formação que promova a reflexão-ação-reflexão dos docentes em rede
objetivando reafirmá-los como protagonistas de sua história, sem
negar a participação dos sujeitos envolvidos neste processo. Pensado
no formato de construção coletiva, as CP’s constituem-se em um
processo de acompanhamento periódico, cujo objetivo é estabelecer
um contato com o corpo escolar e auxiliar em seus projetos. Estas propõem abrir caminhos para processo de libertação do sujeito
oprimido (professor, alunos, comunidade) que, diante de uma
realidade repressora (sistema, currículo, configurações sociais,
formação) vê-se diminuído em seu direito de protagonista de um
tempo, espaço, de uma história. As CP’s são planejadas a partir dos projetos e dados referentes ao que escola vem construindo nos últimos
anos como: o IDB, dados estatísticos, programa federais, PPP, etc. Não
nos propomos a levar formulas ou modelos. O princípio é partir de
uma conversa inicial com os professores sobre suas práticas, o que
possibilita partimos do olhar do professor, para só então construir
com eles a reflexão teórica para orientação de suas atividades. O presente trabalho está sendo desenvolvidos através de análise dos
discursos dos professores, com entrevistas e gravações sobre os
relatos das visitações em comunidade. A diversidade encontrada nas
escolas reafirma que o conhecimento não é uma “caixinha fechada” ou
que tenha forma unilateral, ou ainda com a construção feita de cima
para baixo em que umas poucas pessoas mandam e umas muitas pessoas procuram acatar, os saberes presentes nos diversos espaços
que são abordados em cada comunidade nos leva a ver a escola como
um espaço privilegiado levando-nos a acreditar em uma educação de
qualidade e para todos.
Palavras-chave: Saberes. Caravana pedagógica. Escola bragantina.
GÊNERO TEXTUAL NA TEORIA E NA PRÁTICA:
uma proposta para orientar a leitura e a produção de sequências
didáticas
Tânia Maria MOREIRA (UNIFESSPA)
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
155
E-mail: taniammoreirabr@yahoo.com
Paulo da Silva LIMA (UNIFESSPA/PIBEX)
E-mail: paulosl@ufpa.br
ste trabalho aborda questões teóricas relativas ao estudo de
gênero textual e da abordagem sequência didática como subsídio ao ensino de Língua Materna e Estrangeira. O ponto
de partida desta experiência reside na necessidade de explorar e
construir sequências didáticas, voltadas ao desenvolvimento de ações
práticas em escolas da rede pública de Marabá, PA, que estão vinculas
ao projeto de pesquisa e extensão em desenvolvimento na UNIFESSPA, “Gêneros textuais no ensino: da Educação Básica ao Ensino Superior”.
O nosso objetivo nesta comunicação é apresentar uma abordagem em
experimentação, voltada ao estudo e à construção de sequências
didáticas que demonstrem relação entre teoria e prática. Na
construção dessa abordagem, adotamos como referência teórica os
estudos de Machado et al. (2004), Marcuschi (2005; 2007) e Dolz et al. (2010). Tal abordagem consiste na proposição de algumas perguntas
que podem servir como um roteiro na realização de observação de
propostas de ensino voltadas para o trabalho com gêneros textuais. A
primeira aplicação dessa abordagem ocorreu em oficinas de leitura e
produção de sequências didática envolvendo os gêneros notícia e
resumo, assim como em oficinas de produção de artigos de opinião. Acreditamos que o uso dessa abordagem pode contribuir no
desenvolvimento de competências linguísticas e discursivas de alunos
em formação na área de Letras e contribuir para o desenvolvimento da
consciência crítica quanto ao estudo e à produção de atividades
didáticas envolvendo diferentes gêneros textuais. Palavras-chave: Gêneros textuais. Sequência didática. Leitura e
produção de textos.
QUE LINGUAGENS EDUCAM OS PEQUENINOS?
um estudo sobre as dimensões da linguagem em uma unidade de educação infantil, Belém-Pará
Kelry Leão OLIVEIRA (PPGED/UFPA)
E-mail: kelryoliveira03@hotmail.com
Gilcilene Dias da COSTA (Orientadora) E-mail: costagilcilene@gmail.com
E
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
156
ste trabalho visa apresentar elementos iniciais de uma pesquisa
de Mestrado em Educação, cujo objetivo consiste em analisar
as dimensões das linguagens artística e musical na educação
infantil tendo como lócus uma Unidade de Educação Infantil no
município de Belém-PA e como aporte teórico os estudos pós-
estruturalistas sobre linguagem, diferença, currículo, educação. A pesquisa surgiu de inquietações que se deram durante a graduação e
que se estenderam para o campo profissional com a minha entrada
nesta instituição de ensino a qual estou me propondo investigar, por
conta da escassa discussão acerca da linguagem que leva a
dificuldade dos professores em saber utilizar suas dimensões em práticas diárias como mecanismo de construção/ressignificação do
conhecimento. Dessa forma, buscamos investigar os modos como a
linguagem está sendo trabalhada na educação infantil, analisando
como as crianças estão se desenvolvendo a partir dessa proposta de
ensino e se o contexto sociocultural dessas crianças vem sendo levado
em consideração nessa dinâmica de construção do conhecimento. Como proposta deste trabalho, optamos por apresentar num primeiro
momento uma discussão teórica sobre linguagem a partir de uma
perspectiva pós-estruturalista apoiada em autores como CORAZZA
(2001); COSTA (2011 e 2013); SILVA (2001), e da “perspectiva do
cotidiano” fundamentada nas ideias de Michel de Certeau (2014), com
aproximações a serem feitas ao campo da educação. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os dados obtidos ainda são
preliminares, porém, é possível apontar, no tocante aos estudos da
linguagem, o seu caráter instável e difuso no meio social, bem como
no tocante ao cotidiano escolar que os professores vem desenvolvendo
um trabalho experimental no município de Belém, com uma metodologia de ensino que ainda está em processo de aprovação pela
secretaria de educação do município, e que por ser nova gera muitas
dúvidas em relação às formas de realizar as práticas pedagógicas, mas
que ao mesmo tempo sinaliza ações satisfatórias para a formação
destas crianças.
Palavras-chave: Linguagem. Educação Infantil. Pós-Estruturalismo. Cotidiano.
O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE E SUAS INTERFACES
com os saberes locais: uma proposta de reorientação curricular em Bragança-PA
E
Linguagem e educação: estudos interculturais
I Seminário Tradução e Interculturalidade
157
Maria Adriana LEITE (UFPA)
E-mail: m.adrianaleite@hotmail.com
Luciane Silveira RODRIGUES (UFPA)
E-mail: lusilveira1978@gmail.com
s reflexões apresentadas neste artigo são parte do processo de acompanhamento da proposta de formação continuada de
professores da Secretaria Municipal de Educação-Bragança-PA
(SEMED-Bragança-PA), iniciada no ano de 2013. A proposta consiste
num plano de formação continuada para os professores,
coordenadores e gestores da rede municipal de ensino, que tem como objetivo construir coletivamente as bases para elaboração de uma
Política Curricular que afirmem as diretrizes da “Escola Bragantina”.
Nosso objetivo é perceber como o processo de formação continuada
chega ao chão da escola tornando-se elemento capaz de contribuir
para a prática da reflexão pedagógica, que promova a transformação da práxis do professor. Entendemos que o processo de formação
continuada de professores precisa dar conta de promover a constante reflexão de sua práxis, partindo do olhar sobre a diversidade cultural,
em que a escola encontra-se inserida. Nosso trabalho é resultado do
acompanhamento da implementação da proposta de construção da
escola bragantina através das Jornadas pedagógicas 2013/2014, as
exposições das escolas no Museu pedagógico e as Caravanas pedagógicas. O presente trabalho está estruturado três momentos
sendo o primeiro explanando como se deu a implementação da
proposta de construção da escola bragantina em 2013 feita através da
formação de multiplicadores, no segundo momento temos ampliação
da proposta com os círculos de diálogos por área de conhecimento que
teve por objetivo aproximar o professor da reflexão críticas sobre os conteúdos escolares e suas relações com o complexo temático, e por
fim no terceiro momento apresentamos uma reflexão a partir das
análises das avaliações feitas pelos professores municipais ao final da
Jornada Pedagógica em 2014.
Palavras-chave: Formação Docente. Currículo Contextualizado. Complexo Temático.
A
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
158
DISCURSO e representação
Coordenadora: Nilsa Brito Ribeiro
DISCURSO FUNDADOR E TERRITÓRIO:
as regiões Sul e Sudeste do Pará narradas no plebiscito 2011
Hildete Pereira dos ANJOS (UNIFESSPA)
E-mail: hil_dos_anjos@hotmail.com
Flavia Marinho LISBOA (UNIFESSPA)
E-mail: dosanjoshildete@gmail.com
trabalho tem como objeto os indícios de enunciados relativos à
produção de um discurso fundador nos documentos relativos
ao Plebiscito ocorrido no Pará em 2011, que consultou a
população paraense acerca da criação de dois novos estados a saber,
Carajás e Tapajós. Para efeito deste trabalho, será analisado apenas o material relativo à campanha do estado de Carajás, coletado para
pesquisa de mestrado de uma das autoras, à luz de conceitos como
discurso fundador, identidade e território. A noção de discurso
fundador, retirada de Orlandi e Chauí, implica na convergência, a
partir de formações discursivas e ideológicas diversas, para uma
narrativa coerente que, pelo movimento de ser retomada e reforçada ao longo do tempo cria uma identidade territorial. O conceito de
território se ampara em Santos, entendido como espaço humano
produzido pelo uso, no empenho da produção da existência. O objetivo
da pesquisa é articular os indícios que aparecem na forma de marcas
discursivas, nos diversos suportes e gêneros discursivos, que apontem para tal convergência. Quanto à identidade o trabalho se ampara em
Hall, entendendo que a produção de sentidos acerca da região,
expressa em imagens, memórias, definições cria nexos e aponta para
O
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
159
construções identitárias. O material que deverá compor o corpus
analítico consta de vinhetas de rádio, notícias de jornal, panfletos e entrevistas. O percurso metodológico implica em recortar o corpus a
partir de marcas que apontam para uma identidade regional. Como
resultados, espera-se apontar as formações discursivas e ideológicas
de base dessa produção identitária e seus pontos de convergência.
Palavras-chave: Análise de Discurso. Formação discursiva. Território. Identidade.
ESTUDO DE SENTENÇAS CONDENATORIAS:
interdiscursivade no campo jurídico
Suelem Cristina Silva BEZERRA (UFPA)
E-mail: suezbezerra@yahoo.com.br
presente pesquisa se insere na esfera dos estudos que vem se
desenvolvendo a partir da relação linguagem e trabalho e tem como objeto a análise do trabalho desenvolvido pelo juiz, por
meio da linguagem, no domínio das relações interdiscursivas no
campo jurídico, tendo como referência o processo de fixação da pena. Nesse sentido, a mesma tem como corpus a sentença penal
condenatória a pena privativa de liberdade que se realiza como um ato
jurisdicional, materializado em um discurso jurídico que legitima a supressão de um direito, por meio de práticas discursivas que lhes são
próprias, e no qual é possível identificar a coexistência de saberes de
campos discursivos diversos. Objetiva-se, portanto, identificar e
analisar, à luz da teoria da Análise do Discurso, que relações
interdiscursivas são estabelecidas no cruzamento entre saberes no campo jurídico ao se valorar as circunstâncias judiciais descritas no
art. 59, do Código Penal Brasileiro. Desta feita, a análise centrar-se-á
no processo de fixação da pena-base, destacando-se, especificamente,
as circunstâncias judiciais relativas à “personalidade do agente” e à
“conduta social”, entendendo, sobretudo, que a linguagem é o meio
pelo qual são construídos e fundados sentidos e efeitos de sentido gerados no cruzamento de saberes no campo jurídico, consequentes
da realização do trabalho do juiz.
Palavras-chave: Sentença penal. Prática discursiva. Interdiscurso.
MST E MÍDIA:
A
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
160
o trabalho de produção de imagens
Laécio Rocha de SENA (UNIFESSPA)
E-mail: laeciorocha@yahoo.com.br
Nilsa Brito RIBEIRO (UNIFESSPA)
E-mail: nilsa@unifesspa.edu.br
este trabalho objetivamos analisar o jogo de representações do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST presente
em três reportagens publicadas no ano de 1996, em dois
jornais de Marabá-PA, com circulação regional – O Correio do Tocantins e Opinião. As nossas análises, elucidadas à luz de estudos
de discursos, produz o movimento de aproximação do sujeito que
enuncia, através do funcionamento do discurso, identificando indícios
ou marcas linguísticas que, situadas na história, anunciam o trabalho
ideológico da mídia em direção à construção de imagens do MST numa
tensa relação com outros discursos que participam das forças políticas em contraposição a este movimento social. Nossas análises nos levam
a postular que o discurso da imprensa, sob o manto da neutralidade e
da informação, não só noticia fatos, mas também inscreve sua posição
ideológica face ao que enuncia. Assim, os sentidos de criminalização a
que os jornais recorrem no jogo de construção de imagens possuem
filiações políticas e ideológicas ao discurso do latifúndio na região. Ao produzir imagens do MST, a mídia produz também sua autoimagem e
a imagem de outros discursos que estão no embate político e
discursivo, constituindo, assim, uma tríade discursiva entre MST,
Estado e Proprietário de terra na região de Marabá-PA.
Palavras-chave: Discurso. MST. Mídia.
O DISCURSO PÚBLICO E O PUBLICADO:
os conflitos em torno da implantação da UHE de Estreito-MA/TO,
na memória dos atingidos e no discurso dos jornais
Cícero Pereira da Silva Júnior (UFPA/SEDUC)
E-mail: hell_vetius@hotmail.com
escopo deste trabalho encontra-se em entender de que
maneira as mídias impressas acompanharam as tensões entre os atingidos pela Usina Hidrelétrica de Estreito-MA e os
representantes do consórcio responsável por sua construção, bem
N
O
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
161
como as relações de forças que emergiram em torno do
empreendimento a partir do momento em que atores políticos, sociais
e econômicos compostos por associações, elites políticas locais,
movimentos sociais e ribeirinhos, passaram a definir suas posições
estratégias em relação a ele. O esforço concentrar-se-á em entender, a
partir do cruzamento das informações contidas nas matérias com a memória dos atingidos que se organizaram contra o empreendimento,
os efeitos de poder e verdade, suscitados pelos debates que encontraram solo discursivo bastante fértil nas páginas impressas. O
recorte documental teve como base o jornal “O Progresso” (2005-
2011), de circulação diária, editado em Imperatriz-MA, que assumiu
posição favorável à construção da barragem e direcionou as notícias de forma a criar um discurso bastante homogêneo em que as elites
políticas locais e os grupos ligados às atividades comerciais de
Imperatriz e região obtiveram visibilidade hegemônica e deixaram em
um plano secundário as vozes dos movimentos sociais que se
antepuseram à construção do empreendimento.
Palavras-chave: UHE de Estreito. Conflitos. Memória. Discurso. Poder.
O DISCURSO SOBRE A HERESIA
na formação de uma identidade cristã ortodoxa
Rosana Brito da CRUZ (PPLSA)
E-mail: rosanabc87@gmail.com
Roberta Alexandrina da SILVA (Orientadora)
E-mail: alexandrinasilva@hotmail.com
sta comunicação é resultado da defesa de monografia realizada na Universidade Federal do Pará sob a orientação do Prof. Msc. Thiago de Azevedo Porto cujo título foi “Eusébio de Cesaréia e a
História Eclesiástica: um discurso identitário acerca da ortodoxia via alteridade das heresias” (2013). Com o objetivo de verificar os
processos formadores da identidade cristã no século IV, através do contexto de escrita da obra História Eclesiástica do bispo Eusébio de
Cesaréia, pois os textos escritos nesse momento possuíam grande importância para propagar ideais de autores sobre as diversas
controvérsias religiosas e políticas que estavam em efervescência
naquele cenário (séc. IV). Essa obra foi o ponto de partida para
elaboração deste artigo, no qual será analisado mais precisamente um
aspecto da obra, no que concerne a analise de um discurso formador
E
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
162
de identidade que se dá através da afirmação da ortodoxia pela
alteridade das heresias, buscando consolidar sua legitimidade
religiosa. Trata-se, portanto de perceber, os modos através dos quais
se problematiza a formação de uma identidade cristã ortodoxa nos
primeiros séculos do cristianismo, destacando-se ainda as relações e
cruzamentos entre os diversos cristianismos da época, com formas sociais e culturais que constituem o repertório de nossa tradição e
nosso universo cultural hoje.
Palavras-chave: Heresia. Ortodoxia. Identidade.
OS DISCURSOS PRESENTES EM CARTAZES
de evento de educação especial
Ingrid Fernandes Gomes Pereira BRANDÃO
(GEDPPD/ICH/UNIFESSPA)
E-mail: ingridfgomes@hotmail.com Mírian Rosa PEREIRA (GEDPPD/ICH/UNIFESSPA)
E-mail: mirian-pereira@hotmail.com
Hildete Pereira dos ANJOS (Orientadora)
E-mail: hil_dos_anjos@hotmail.com
este artigo, as autoras propõem uma análise do discurso não verbal presente nos cartazes produzidos pelo Núcleo de
Educação Especial vinculado à Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), com o
propósito de divulgar a primeira e sexta Jornada de Educação Especial
e Inclusão. Os eventos acadêmicos analisados constituem o primeiro e o mais recente, de uma série de seis eventos. O objetivo é analisar
como os discursos sobre deficiência aparecem nesses cartazes, sob a
ótica dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de origem
francesa (AD); neles, são investigados os efeitos de sentido produzidos
nos possíveis interlocutores, que ocupam lugares determinados na
estrutura de formação social que lhes é comum, tendo o jogo simbólico da imagem como operador da memória, formulado por Michel Pêcheux
e também as condições históricas de produção das formações
discursivas que determinam o que pode e deve ser dito, conforme Orlandi. Os resultados evidenciados pela análise, consideraram a
capacidade de abrigar discursos em uma relação de
complementaridade e contradição nas imagens que forjaram a construção das marcas discursivas em cada momento do contexto
N
Discurso e representação
I Seminário Tradução e Interculturalidade
163
histórico alusivo ao evento, que conduziu as discussões sobre
educação e inclusão educacional no âmbito acadêmico da região Sul e
Sudeste do Pará.
Palavras-chave: Discurso Não Verbal. Efeito de Sentidos. Deficiência.
Mesas redondas
I Seminário Tradução e Interculturalidade
164
MESAS REDONDAS
A IMAGEM INTERSIGNIFICANTE
na conversão semiótica
João de Jesus Paes LOUREIRO (UFPA-ILC)
homem vive a remoldar de significações a vida. A fazer emergir
sentidos no mundo em um processo de criação e reordenação
continuada de símbolos intercorrente com a cultura. Vai
redimensionando sua relação com a realidade num livre jogo com as
situações e tensões culturais em que está situado. O homem cria, renova, interfere, transforma, reformula, sumariza ou alarga sua
compreensão das coisas, suas ideias, através do que vai dando sentido
à sua existência. A diversidade dinâmica real e simbólica de suas
relações com a realidade exige uma compreensão também dinâmica e
diversa dessas relações. Diferentemente da moldagem da matéria às necessidades de uso, que exige uma ação prática e material, o
ajustamento dos objetos a novas necessidades de fruição intelectual
obriga a ressignificação desses objetos no ato sua recepção, por um
movimento não visível, mas mental. Esse ajustamento se dá pela re-
hierarquização de seu significado simbólico, quando ocorre uma
alteração na hierarquia das funções neles contidas, modificando a posição da dominante. A função dominante representa, em cada
momento dessa relação, aquilo que define o sentido cultural e emotivo
do jogo intercorrente entre o homem e a realidade. E é justamente o
momento complexo dessa transfiguração simbólica, que altera a
recepção conceitual e prática dos objetos em sua qualidade e joga com a mobilidade de seu lugar na cultura, que denomino de conversão semiótica.
O
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A METÁFORA E A SUA TRADUÇÃO
na transmissão de conhecimento
Maria Teresa Costa Gomes Roberto CRUZ (UA-Portugal)
metáfora tem sido objeto de estudo em variados contextos de uso, visto permear a comunicação humana e refletir-se em toda
a sua experiência; desde a mais quotidiana à mais exclusiva e
especializada. A metáfora estrutura a própria forma de pensar e
constitui um traço forte dos contextos de tempo e de cultura de quem
comunica e, por esse motivo, é discutida como elemento de representação conceptual nos textos literários, na educação e na
ciência e tecnologia. Todas as culturas têm Metáfora mas cada cultura
detém as suas referências metafóricas e constrói o seu discurso com
base no seu referencial rico e identitário. Esta intervenção procura
discutir os desafios e condicionalismos associados à tradução da
metáfora, enquanto portadora de conhecimento, e questionar estratégias tradutológicas atualmente em uso ou a considerar.
Tomamos a Ecologia Linguística como premissa enquadradora e
abordamos a tradução da metáfora como ação essencial, complexa e
tendente à diversidade.
Palavras-chave: Tradução da metáfora. Transmissão de conhecimento.
Ecologia Linguística.
A MORTE VIRGINAL:
arte, história e literatura na pintura brasileira do limiar da
república
Aldrin Moura de FIGUEIREDO (UFPA/CMA/CNPQ)
m 1788, Bernardin de Saint-Pierre publicou o romance Paul et Virginie, alcançando fama quase imediata e sendo traduzido
para diversas línguas, do inglês ao russo, tornando-se um modelo beletrista, passando a pertencer ao domínio público
internacional e a ser referido como clássico da literatura universal.
Escrito no final do século XVIII, o romance traduziu uma máxima da
ilustração francesa: defendia uma sociedade ideal, onde a felicidade
dependeria do respeito aos direitos humanos. Saint-Pierre utilizou os
conceitos de Jean-Jacques Rousseau, pleiteando uma educação do homem natural longe da civilização, no enriquecimento de seu caráter
A
E
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com noções de honestidade e moralismo. O romance relata a história
de duas crianças criadas em comum, como irmão e irmã no esplendor
natural do cenário tropical de uma ilha do Oceano Índico. Na
adolescência, surgem sentimentos românticos entre os dois
personagens, mas a mãe de Virgínia, percebendo o envolvimento,
decide mantê-los longe e a envia para estudar na França. Vários anos mais tarde, Virgínia anuncia o seu regresso à Ilha Maurício, mas o
navio que a traz de volta passa por uma tempestade e naufraga nas
rochas, sob o olhar de desespero de Paulo. Não demora muito para ele
sucumbir à dor da sua perda. Essa história é publicada no Brasil em
1811, pela Imprensa Régia no Rio de Janeiro, seguida de muitas edições posteriores. A imagem do casal apaixonado e de Virginia morta
se transformou num emblema do romantismo oitocentista, chegando
ao século XX, com uma importante narrativa construída pela arte
brasileira, a partir da obra do pintor fluminense Antonio Parreiras. Na tela, A morte de Virgínia, de 1905, adquirida pelo governo do Pará,
Parreiras revolve um vasto e eloquente repertório cognitivo sobre as representações da mulher e do amor na sociedade ocidental lido a
partir dos registros simbólicos da sociedade brasileira do limiar do
século XX, compondo uma narrativa visual que entrecruzava signos
literários, representações de gênero, matéria de erudição, recepção
crítica entre Paris, Niterói e Belém do Pará num largo espaço de tempo
entre a segunda metade do século XVIII e a primeira década do século XX.
PESCA SUSTENTÁVEL:
das questões química às questões de gênero
Marileide Moraes ALVES (UFPA/Campus Bragança)
elato da aplicação de resultado de pesquisa desenvolvida em
laboratório da Faculdade de Engenharia de Pesca da UFPA
junto a um grupo de mulheres pescadoras da comunidade do Castelo (Bragança-PA). A experiência comprova que é possível utilizar
a ciência e tecnologia empregadas e desenvolvidas por pesquisadores
da academia como ferramenta para incrementar a qualidade de vida
das comunidades no entorno da universidade. A pesquisa levou às
mulheres do Castelo a técnica de curtimento de pele de peixe (couro),
a qual envolve conhecimentos de química. A utilização da técnica de curtimento e dedicação às atividades que empregam o couro, neste
R
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contexto, envolvem aspectos da socioeconomia, conhecimentos
tradicionais e sustentabilidade.
TRADUÇÃO DE NARRATIVAS DE UMA LÍNGUA DE TRADIÇÃO
ORAL: algumas questões sobre a atividade tradutória
Carmen Lúcia Reis RODRIGUES (UFPA/Campus de Castanhal)
E-mail: carmenrodrigues89@yahoo.com
iscutiremos, neste trabalho, alguns aspectos relativos ao ato
tradutório no momento da transcrição e tradução de narrativas
orais xipaya. O Xipaya está classificado na família linguística
Juruna (do grupo Tupi), e, assim como as demais línguas indígenas
brasileiras, é uma língua de tradição oral. Note-se que, mesmo sendo
considerada em perigo de extinção, essa língua ainda faz parte da memória da falante nativa mais velha da etnia xipaya. Interessa-nos,
nesta comunicação, explorar por meio de exemplos algumas questões
linguísticas apontadas por Yakobson (1995), que vêm à tona durante o
processo tradutório envolvendo, em geral, duas línguas distintas. Os
exemplos serão apresentados por meio de fragmentos de narrativas
xipaya – registradas pela autora desta comunicação e traduzidas para o português – que fazem parte de nosso corpus de pesquisa. Nesse
estudo, concordamos com a visão do tradutor literário José Paulo
Paes, ao afirmar que a tradução “é a busca de uma aproximação com
o original”, já que esta “não é equivalente ao texto original” (cf.
NÓBREGA; GIANI, 1988, p.53). Essa concepção de tradução coaduna-
se com o pensamento de Walter Benjamim, pois este considera a impossibilidade de haver uma tradução quando esta busca,
essencialmente, a semelhança com o original (cf. LAGES, 2008, p. 70;
FURLAN, 1996, p. 100).
Palavras-chave: Narrativas Xipaya. Atividade tradutória. Aspectos
Linguísticos. Concepção de tradução.
TRADUÇÃO OU TRAIÇÃO:
leituras interculturais
Esteban Reyes CELEDÓN (UFAM) E-mail: estebanceledon@gmail.com
D
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e bem uma língua pode ser definida como um código de
comunicação de um grupo social, ela também é uma das
manifestações da cultura desse grupo (ou povo). Aprender uma
língua, ter proficiência nela, usa-la é, de certa forma, aprender, viver,
participar de uma cultura. Já quando queremos expressar o dito ou escrito de uma língua em outra língua, recorremos à tradução. Sendo
assim, traduzir seria o ato de transpor os códigos de comunicação de
um grupo social/cultural para outro grupo social/cultural. Quando
estes grupos são próximos, no caso dos espanhóis e os portugueses,
geralmente possuem manifestações, senão semelhantes, ao menos equivalentes, com o qual o exercício da tradução tem muitas
possibilidades de ser eficaz. Porém, quando queremos fazer a
transposição de códigos de grupos sociais/culturais distantes, por
exemplo, entre uma língua moderna europeia, no caso o português, e
uma língua indígena do Brasil, a tarefa complica-se. Nesta
oportunidade, propomos evidenciar alguns problemas que se presentam ao trilhar esse caminho das transposições de um código
para outro, tomando como referência experiências vivenciadas no
interior do estado da Amazônia.
S
Organização:
Apoio:
Programa de Pós-Graduação em
Linguagens e Saberes na Amazônia PPLSA/UFPA