I Colóquio “Visões da Antiguidade” - USP · I Colóquio “Visões da Antiguidade” –...

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I Colóquio “Visões da Antiguidade” Livro de Resumos Paulo Martins Henrique Cairus João Angelo Oliva Neto (organizadores) 2010 ISBN: 978-85-7506-179-4

Transcript of I Colóquio “Visões da Antiguidade” - USP · I Colóquio “Visões da Antiguidade” –...

I Colquio

Vises da Antiguidade

Livro de Resumos

Paulo Martins

Henrique Cairus

Joo Angelo Oliva Neto

(organizadores)

2010 ISBN: 978-85-7506-179-4

2

Todos os direitos reservados ao Programa de Ps-Graduao em

Letras Clssicas da Faculdade de Filosofia, Letras e

Cincias Humanas da

Universidade de So Paulo Av. Prof. Luciano Gualberto, 403-

So Paulo/SP - 05508-900 - Brasil

Imagem da Capa

O Heracles Papyrus (Oxford, Sackler Library, Oxyrhynchus Pap.

2331) um fragmento do sculo III

de um poema sobre os trabalhos de Hrcules. Est contido no papiro 3

desenhos do primeiro trabalho.

Universidade de So Paulo

Reitor

Prof. Dr. Joo Grandino Rodas

Pr-Reitor de Ps-graduao

Prof. Dr. Vahan Agopyan

Pr-Reitor de Pesquisa

Prof. Dr. Marco Antonio Zago

Faculdade de Filosofia, Letras e

Cincias Humanas

Diretora

Profa. Dra. Sandra Margarida Nitrini

Vice-Diretor

Prof. Dr. Modesto Florenzano

Programa de Ps-Graduao em

Letras Clssicas

Prof. Dr. Paulo Martins Coordenador

Prof. Dr. Andr Malta Campos Vice-Coordenador

Grupos de Pesquisa

Proaera Programa de Altos

Estudos sobre Representaes da

Antiguidade UFRJ

www.letras.ufrj.br/proaera

Coordenador: Prof. Dr. Henrique

Cairus

Verbum Vertere Estudos de Potica,

Traduo e Histria da Traduo de

Textos Latinos e Gregos USP

www.usp.br/verve

Coordenador: Prof. Dr. Joo Angelo

Oliva Neto

IAC Imagens da Antiguidade

Clssica USP www.usp.br/iac

Coordenador: Prof. Dr. Paulo Martins

M386s Martins, Paulo; Cairus, H. F. e Oliva Neto, J. A. (org.)

I Colquio Vises da Antiguidade Livro de Resumos. 2010

29p.

Livro de Resumos (I Colquio Vises da Antiguidade Livro de Resumos)

DLCV/Programa de Ps-Graduao em Letras Clssicas da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias

Humanas da Universidade de So Paulo. IAC Imagens da Antiguidade Clssica IAC/USP; Verbum

Vertere Estudos de Potica, Traduo e Histria da Traduo de Textos Latinos e Gregos VerVe/USP;

Proaera Programa de Altos Estudos sobre Representaes da Antiguidade UFRJ

1. Letras Clssicas. 2. Lnguas Clssicas. 3. Literatura Grega e Latina

I. Ttulo.

CDU - 870

880

ISBN: 978-85-7506-179-4

3

I Colquio

Vises da Antiguidade

Livro de Resumos

Paulo Martins

Henrique Cairus Joo Angelo Oliva Neto

(organizadores)

Universidade de So Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas

Departamento de Letras Clssicas e Vernculas Programa de Ps-Graduao em Letras Clasicas

2010

4

ndice

ndice .................................................................................................... 4

Apresentao ..................................................................................... 5

Programao........................................................................................ 7

Ttulos e Sesses .............................................................................. 8

Resumos ............................................................................................ 12

Anotaes ........................................................................................ 25

5

Apresentao

O I Colquio Vises da Antiguidade promovido por trs grupos de

Pesquisa, a saber: IAC (Imagens da Antiguidade Clssica), VerVe (Verbum

Vertere) e Proaera (Programa de Altos Estudos em Representaes da

Antiguidade) e nasce com o intuito de verticalizar e disseminar pesquisas

cujo cerne apresente, em alguma medida, aspectos relativos s representaes

e s imagens verbais e no-verbais da Antiguidade Clssica. Nesse escopo,

podemos incluir no s imagens, digamos, plsticas estaturia, pintura

(vascular ou parietal), numismtica, arte das tessarae, dos intaglios, dos

relevos etc. assim contempladas em todos os seus meios, como aquelas que

so construdas verbalmente, ora como traduo da linguagem iconogrfica

para linguagem verbal, ora como verbalizao da letrada.

A organizao do evento est dividida em trs grandes grupos de

apresentao: O primeiro composto por professores doutores e/ou por

professores doutorandos que apresentam o desenvolvimento de sua pesquisa

ou pelo menos parte dela; o segundo composto por mestres/mestrandos e o

ltimo grupo, mas no menos importante, que aglutina pesquisadores que iro

apresentar suas pesquisas de pr-projeto de mestrado ou pesquisa de Iniciao

Cientfica em curso ou j terminada.

O colquio pressupe mais do que uma simples apresentao protocolar de

textos, um acrescentar linhas ao currculo Lattes, um bate-papo consigo

mesmo em que alteridade desconsiderada no s pelo agente do discurso, o

pesquisador, como tambm pelos pacientes do mesmo discurso os quais

fingem ouvi-lo; antes se pretende como espao diferenciado de transferncia

6

de conhecimento, de inter-relao dos pesquisadores, de troca de experincias

e de leituras, enfim, como lugar que deveria singularizar as grandes

Universidades do Brasil a priori.

O nosso colquio pensado, portanto, como sermones, dilogos, discusses

agonsticas, conversas inter pares que visam a ampliar a transmisso do

conhecimento e do saber, numa tentativa, que esperamos frutfera, de

contrariar a prtica acadmica estril de nossas universidades.

Henrique Fortuna Cairus

Joo Angelo Oliva Neto

Paulo Martins

7

Programao

Dia 28 de julho Dia 29 de Julho Dia 30 de Julho

Manh

9:00 h s

12:00

Palestras

e

Debates

1. Prof. Dr. Paulo

Martins

(USP/IAC/Proaera)

8. Prof. Dr. Henrique

Cairus

(UFRJ/Proaera)

14. Prof. Dr. Joo

Angelo Oliva Neto

(USP/IAC/VerVe)

2. Prof. Dr.

Alexandre Pinheiro

Hasegawa

(USP/VerVe)

9. Profa. Dra. Marly

de Bari Matos

(DLCV/USP)

15. Prof. Dr. Roberto

Bolzani Filho (DF/USP)

3. Rosngela

Santoro de Souza

Amato (USP/IAC)

10. Prof. Fbio Paifer

Cairolli (VerVe/USP)

16. Profa. Melina

Rodolpho (USP/IAC)

ALMOO ALMOO ALMOO

Tarde

14:00 h

s 17:00

Palestras

e

Debates

4. Prof. Alexandre

Agnolon

(UFOP/VerVe)

11. Profa. Irene

Cristina Boschiero

(USP/IAC)

17. Profa. Julieta Alsina

(UFRJ/Proaera)

5. Profa. Ceclia

Gonalves Lopes

(USP/IAC/VerVe)

12. Cynthia Helena

Dibbern (USP/IAC)

18. Denise de Souza

Ablas (USP/IAC)

6. Henrique Fiebig

(USP/IAC)

13. Gdalva Maria da

Conceio

(USP/IAC)

19. Anna Carolina

Barone

(USP/IAC/VerVe)

7. Lya Grizzo

Serignolli

(USP/IAC)

20. Simone Demboski

Tonidandel (USP/IAC)

A partir

das

20:00h

CONFRATERNIZAO

ENTRE OS

PALESTRANTES

8

Ttulos e Sesses

Local

Sala 260 Prdio de Letras Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo.

Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 Cidade Universitria SP - SP

INFORMAES

www.usp.br/iac [email protected]

DIA 28 DE JULHO - MANH

9:00 9:45

Prof. Dr. Paulo Martins (USP/IAC) Coordenador de Sesso

Reflexes sobre a observao e a anlise de imagines da Antiguidade

Clssica

9:45 10:30

Prof. Alexandre Pinheiro Hasegawa (USP/VerVe)

A imagem de Flaco no livro dos Epodos

INTERVALO

10:45 11:30

Profa. Melina Rodolpho (USP/IAC)

cfrase: A construo da imagem verbal

11:30 12:00 - debates

DIA 28 DE JULHO - TARDE

14:00 14:30

9

Prof. Alexandre Agnolon (UFOP/USP/VerVe) Coordenador de Sesso

Prticas fisiognomnicas em epigramas de Marcial

14:30 15:00

Profa. Ceclia Gonalves Lopes (USP/IAC/VerVe)

Uma leitura metapotica de Amores, 1.15 - o retrato da elegia

INTERVALO

15:15 15:45

Henrique Fiebig (USP/IAC)

Monumenta uerbalia: uma anlise do corpus latino da obra As fontes

escritas antigas para uma histria das artes plsticas entres os gregos de

Johannes Adolf Overbeck

15:45 16:15

Lya Grizzo Serignolli (USP/IAC)

Uma figurao do Amor: Militia Amoris

16: 15 17:00 - Debates

DIA 29 DE JULHO - MANH

9:00 9:45

Prof. Dr. Henrique Cairus (UFRJ/PROAREA) Coordenador de Sesso

De uisu hipocrtico: o mundo nos olhos

9:45 10:30

Profa. Dra. Marly de Bari Matos (PPGLC/USP)

A imagem da criana e uma criana destituda de imagem: consideraes

sobre a infncia nas cartas de Plnio o Jovem.

INTERVALO

10:45 11:30

Prof. Fbio Paifer Cairolli (USP/VerVe)

A imagem do imperador em Marcial e em moedas de seu tempo

11:30 12:00 - Debates

10

Dia 29 de Julho - Tarde

14:00 14:30

Profa. Irene Cristina Boschiero (USP/IAC) Coordenadora de Sesso

As Imagines do poeta em Horcio

14:30 15:00

Rosngela Santoro de Souza Amato (USP/IAC/VerVe)

Eikones de Filstrato, o velho: um mtodo

INTERVALO

15:15 15:45 Cynthia Helena Dibbern (USP/IAC)

O retrato de Anbal entre dois gneros historiogrficos: reflexes sobre a

construo de seu thos em Nepos e em Tito Lvio

15:45 16:15

Gdalva Maria da Conceio (USP/IAC)

O retrato de Jlio Csar por ele mesmo

16: 15 17:00 - Debates

DIA 30 DE JULHO MANH

9:00 9:45

Prof. Dr. Joo Angelo Oliva Neto (USP/IAC/VerVe) Coordenador de

Sesso

Bibliopoemas: a poesia prevista

9:45 10:30 Prof. Dr. Roberto Bolzani Filho (PPGF/DF/USP)

As imagens de Scrates

INTERVALO

10:45 11:30 Prof. Dr. Adriano Scatolin (PPGLC/DLCV/USP)

11

A auctoritas no De Oratore de Ccero

11:30 12:00 - Debates

DIA 30 DE JULHO - TARDE

14:00 14:30 Julieta Alsina (UFRJ/Proaera) Coordenadora de Sesso

A discreta cfrase diettica: a descrio hipocrtica do alimento

14:30 15:00 Denise de Souza Ablas (USP/IAC)

A paixo segundo Dido

INTERVALO

15:15 15:45 Anna Carolina Barone (USP/IAC/VerVe)

Uma reflexo tradutolgica sobre as formas de nomear objetos de arte no

De signis de Ccero

15:45 16:15 Simone Demboski Tonidandel (USP/IAC)

A Imagem de Lvia Drusila/ Jlia Augusta em Tcito

16: 15 17:00 - Debates

12

Resumos

PROF. DR. ADRIANO SCATOLIN

PPGLC/USP

A auctoritas no De Oratore de Ccero

Esta palestra apresenta as estratgias utilizadas por Ccero em seu De

oratore para conferir auctoritas a suas personagens e a seu escrito. Para tal,

analisam-se as passagens polmicas da obra, em que seus protagonistas

criticam o tratamento apresentado pelos scriptores artium em seus manuais,

bem como aquelas em que, direta ou obliquamente, as personagens apontam

as supostas fontes de que se teria servido o Arpinate para a escrita do De

oratore.

PROF. ALEXANDRE AGNOLON

VerVe/USP/UFOP/ Doutorando

Orientador: Joo Angelo Oliva Neto

Prticas fisiognomnicas em epigramas de Marcial

O presente trabalho tem como objetivo principal perceber a repercusso, em

epigramas invectivos do poeta latino Marcial, de procedimentos descritivos

presentes em tratados de Fisiognomonia antigos. Uma vez que a descrio

no entre os antigos procedimento natural da linguagem, mas estratgia

prescrita pela tradio retrica e potica, buscar-se- observar de que maneira

as lies fisiognomnicas se associam descrio que, segundo diversos

tratados antigos como a Retrica a Hernio e Instituies Oratrias, tcnica

elocutiva cara retrica judicial e epidtica, j que que mediante processos

visualizantes capaz de pintar paixes, aes e caracteres, gerando por seu

turno terror e indignao, piedade e comiserao.

13

PROF. ALEXANDRE PINHEIRO HASEGAWA

VerVe/USP/ Doutorando

Orientador: Joo Angelo Oliva Neto

A imagem de Flaco no livro dos Epodos

Ao abrir sua coleo epdica, Horcio declara ser pacfico e pouco firme

(epod. 1, 16: imbellis ac firmus parum). Essa fraqueza inicial repercute em

outros poemas do livro, como no epod. 3, em que seu fraco estmago no

suporta o alho, ou ainda no epod. 12, em que, por meio de litote, declara

velha ser jovem no firme (v. 3: ...nec firmo iuueni...). fraqueza de Flaco

est relacionada a mollis inertia do epod. 14 que o impede de conduzir ao fim

sua recolha imbica (epod. 14, 7-8: inceptos, olim promissum carmen, iambos

/ ad umbilicum adducere). Este retrato termina (epod. 17) com a sujeio do

poeta s artes mgicas do maior alvo das invectivas horacianas, a feiticeira

Candia. Da descrio de impotncia do poeta passaremos implicao desta

imagem em um livro cujo modelo o potente Arquloco, que leva, por meio

de seus violentos versos, os adversrios morte.

ANNA CAROLINA BARONE

VerVe/IAC /USP/ IC

Orientador: Prof. Dr. Joo Angelo Oliva Neto

Uma reflexo tradutolgica sobre as formas de nomear objetos de arte no

De signis de Ccero

Embora haja diferentes culturas, e to distantes no tempo-espao, existe a

possibilidade da traduo: a linguagem permite a compreenso do diferente.

De acordo com o ponto de vista adotado em meu trabalho, a lngua materna

no aprisionaria o pensamento do falante serviria como referencial flexvel

para pensamentos novos e, por que no, de novas culturas. De um lado h um

lxico consolidado, que permite uma apreenso relativamente pronta de

aspectos do mundo (mas tambm possui flexibilidade); de outro, h, abrindo

caminho para aspectos novos e novas nuances do mundo, a sintaxe e o texto.

14

Se os objetos de arte referidos por Ccero em De signis, o livro IV do

Segundo Discurso contra Verres, nos so desconhecidos e se, alm disso,

recebem certos recortes formais (Hjelmslev) e tons discursivos (Bakhtin) na

lngua e na cultura latina diferentes dos da lngua portuguesa e de nossa

cultura, no haveria um caminho sinttico-textual que desse conta da

traduo/compreenso dessas diferenas? E se a preocupao com os nomes

dos objetos e a forma de traduzi-los for considerada junto de uma outra: a

preocupao com as redondezas sinttico-textuais desses nomes? Direcionar

o olhar para lugares mais distantes do foco do problema poderia ajudar a

resolv-lo e, quem sabe, contribuir para o estudo de uma possvel tecnicidade

dos termos latinos referentes s obra de arte.

PROFA. CECLIA GONALVES LOPES

IAC/VerVe /USP/Doutoranda

Orientador: Paulo Martins

Uma leitura metapotica de Amores, 1.15 - o retrato da elegia

O objetivo deste trabalho apresentar o poema I.5 dos Amores de Ovdio

como explicao de sua potica referente Elegia Ertica Romana.

Nosso intuito mostrar que, longe de apenas seguir as convenes que

vinham sendo utilizadas por Proprcio e Tibulo, Ovdio quer mostrar a Elegia

como ela realmente , e faz isso por meio da exposio das regras, do desafio

aos limites, da confluncia de normas, do tornar seu leitor / ouvinte,

consequentemente, capaz de perceber o que h por trs das regras dos

gneros. E o interessante que tudo pode ser percebido nos poucos versos

que compem esse poema dos Amores.

Assim, por exemplo, Corina, a puella responsvel pela felicidade e pelas

dores de seu amante, aparece apenas no poema que estudaremos (ao

contrrio, por exemplo, da Cntia de Proprcio, que surge logo em I.1). No

ela a figura mais importante na poesia elegaca de Ovdio que, at esse

momento, no se descreve completamente apaixonado ou prestes a realizar

qualquer coisa por amor. Sua paixo a poesia, ela a razo de sua

existncia. E ele a quer clara, sem disfarces, luz do dia assim como vemos

Corina pela primeira vez.

15

CYNTHIA HELENA DIBBERN

IAC/USP/ Pr-mestrado

Orientador: Paulo Martins

O retrato de Anbal entre dois gneros historiogrficos

Este modesto trabalho prope-se a analisar alguns aspectos da construo do

retrato de Anbal em duas obras de gneros historiogrficos distintos: Ab

Vrbe Condita, de Tito-Lvio, e Liber de Excellentibus Ducibus Exterarum

Gentium, de Cornlio Nepos. A primeira, pertencente ao gnero histora, tem,

por objeto as res do povo romano, ao passo que outra, obra de um escritor de

bos, dedica-se vita do general, narrando os acontecimentos de maneira

sumria e selecionada, de acordo com o retrato virtuoso a ser pintado. Em

Lvio, apesar da preocupao do historiador em narrar detalhadamente os

acontecimentos, h tambm a construo ficcional e imagtica do thos do

general atravs de diversos procedimentos retricos, de maneira a construir

um retrato de acordo com a concepo histrica liviana que associa a moral

Fortuna. Na Vida de Anbal no h o mesmo rigor cronolgico na narrativa

dos acontecimentos, e o retrato construdo positivo, quase todo composto de

elogios, sendo que as aes descritas com mais detalhes e ateno so aquelas

que deixam transparecer a imagem do grande estrategista. J o retrato

construdo por Lvio mais complexo, compreendido de censuras e elogios.

Poderamos comparar o retrato nepotiano a um busto, monumento em

homenagem a um homem ilustre e virtuoso, ao passo que o retrato construdo

por Lvio poderia ser associado a uma grande pintura nas paredes de um

templo, na qual Anbal aparece como protagonista em boa parte das imagens

dos acontecimentos do povo romano, e muitas vezes focado de tal forma que

podemos conhecer seu carter.

16

DENISE DE SOUZA ABLAS

IAC/USP/IC

Bolsa da Pr-Reitoria de Pesquisa USP

Orientador: Paulo Martins

A paixo segundo Dido

Este trabalho pretende apresentar uma leitura da Heride VII Carta de

Dido a Enias , de Ovdio, sob o ponto de vista do gnero elegaco e,

juntamente com isso, levantar alguns elementos que favoream a releitura do

Livro IV da Eneida de Virglio, j que o fato de a citada Heride aludir to

ostensivamente pica de Virglio obriga o leitor dupla leitura, busca de

citaes da Eneida e de co-incidncias e ecos na carta de Dido escrita por

Ovdio.

PROF. FBIO PAIFER CAIROLLI

VerVe/USP/ Doutorando

Orientador: Joo Angelo Oliva Neto

A imagem do imperador em Marcial e em moedas de seu tempo

O objetivo deste trabalho analisar a construo do poder imperial de

Domiciano nos nove primeiros livros de Epigramas, de Marcial (c. 40 c.

105 d.C.). Para tanto, levantaremos o thos do imperador nos epigramas em

que o poeta se dirige ao governante ou comenta suas aes. Com isso,

pretende-se sistematizar os procedimentos de construo da imagem do

imperador. A isto, acrescentaremos a leitura de moedas produzidas durante o

governo daquele imperador, apontando eventuais homologias entre os

epigramas, o discurso oficial e preceptivas que tratem do elogio ao

governante.

17

GDALVA MARIA DA CONCEIO

IAC/USP/IC

Orientador: Paulo Martins

O retrato de Jlio Csar por ele mesmo

Este estudo objetiva observar relatos de acontecimentos ocorridos na guerra

civil romana, da segunda metade do I sc. a.C., descritos na obra A Guerra

Civil (Bellum Civile), escrita por Jlio Csar em forma de Comentrios

(Commentarii), nos quais o prprio Csar esteve envolvido ou como principal

protagonista ou apenas como narrador. O critrio utilizado para a anlise ser

o exame de alguns procedimentos compositivos utilizados pelo autor na

construo da mensagem que deseja veicular. Por meio desse exame

pretende-se entender como ele se coloca em sua obra, outorgando-lhe uma

finalitas, que opera como moldura do retrato que ele pinta dele mesmo,

produzido a partir de elementos, implcitos ou explcitos da narrativa, em que

ele parece projetar-se como libertador do povo, cumpridor das leis, defensor

dos direitos, injustiado em sua dignitas.

PROF. DR. HENRIQUE FORTUNA CAIRUS

Proaera/UFRJ/USP

De uisu hipocrtico: o mundo nos olhos

A comunicao pretende apresentar o opsculo De uisu, que integra o Corpus

hippocraticum, a partir da idia de que esse texto reflete a importncia do

olhar na cultura grega. Pretende-se destacar, no texto, as especifidades

teraputicas em que se lana um olhar sobre o olhar, sugerindo, assim uma

meta-ecfrase.

18

HENRRIQUE VERRI FIEBIG

IAC/USP/IC

Bolsa de IC/FFLCH

Orientador: Paulo Martins

Monumenta uerbalia: uma anlise do corpus latino da obra As fontes

escritas antigas para uma histria das artes plsticas entres os gregos de

Johannes Adolf Overbeck.

O presente estudo pretende analisar, a partir de excertos retirados do corpus

latino da obra As fontes escritas antigas para uma histria das artes plsticas

entres os gregos, de Johannes Adolf Overbeck, as peculiaridades descritivas

dos textos selecionados pelo autor, e pensar a importncia das fontes escritas

no mbito do estudo das artes figuradas, bem como a relevncia deste tipo

compilao para uma histria das artes plsticas entre os gregos.

PROFA. IRENE CRISTINA BOSCHIERO

IAC/USP/ Doutoranda

Orientador: Paulo Martins

As Imagines do poeta em Horcio

Como que dando a permisso para abrir sua correspondncia, em suas cartas,

Horcio provoca no leitor o efeito equivalente ao de estar descortinando a

intimidade de seu gnio disciplinado. E com o intuito de vislumbrar de que

forma Horcio traa a imagem da fuso do gnio e da tcnica (ou seja, do

verdadeiro poeta), que o presente trabalho se debrua sobre as Epstolas, obra

em que ele se colocar como escritor e crtico literrio. O fundo basilar para

esse traado sero as cartas a Floro, a Augusto e aos Pises. J seus contornos

sero discutidos a partir das consideraes horacianas concernentes aos

poetas romanos anteriores a sua gerao, educao de um poeta, conduta

ao escrever e criticar uma obra e ao modo de vida mais conveniente quele

que almeja ser coroado com louros.

19

PROF. DR. JOO ANGELO OLIVA NETO

VerVe/IAC/USP

Bolsista Pq - CNPq

Bibliopoemas: a poesia prevista

Se na passagem do VI ao V sculo a.C. a escrita foi advento catastrfico e,

sua maneira, revolucionrio para os fundamentos do mundo arcaico

grego, cujo pilar era a oralidade, no foram menos radicais o advento e a

significao do livro, na forma de rolo ou na de cdice, no perodo helenstico

grego e no perodo clssico romano, em que j ento era suporte por

excelncia da poesia. Talvez porque acostumados, a despeito das diferenas, a

incluir o uolumen e o codex, os pugilares e os codicillos entre os recursos de

que dispunham os romanos, j no percebemos o impacto tecnolgico que o

livro e todos esses instrumentos ligados escrita causaram nos usurios, nos

poetas, ou melhor, na poesia que supostamente apenas continham. Foi tal, foi

to avassalador, que os poetas, como que maravilhados, no puderam deixar

de descrever ecfrasticamente, no todo ou em parte, o prprio suporte que nas

mos do leitor estavam contidos os poemas que ele ento lia. Ver o livro era

ler seus poemas.

Assim sendo, como se ver, todas as qualidades que o poema deveria ter

projetam-se virtualmente no objeto livro.

20

PROFA. JULIETA ALSINA

Proaera/UFRJ - Mestre em Letras Clssicas

FAPERJ

A discreta ecfrase diettica: a descrio hipocrtica do alimento

Este trabalho pretende elencar alguns dos procedimentos descritivos

utilizados pelo autor do tratado hipocrtico Da dieta (especialmente no

catlogo de alimentos contido nos captulos 39 a 56), visando a levantar

consideraes acerca do gnero discursivo do texto e da sua composio.

Foca-se, sobretudo, o aspecto visual da descrio, tentando perceber nessa

descrio elementos que evidenciem no texto aquilo que, licenciosamente,

chamei de ecfrase, por perceber a confluncias com esse gnero, que ter seu

desenvolvimento particular num momento posterior da histria da literatura.

LYA GRIZZO SERIGNOLLI

IAC/USP/ Pr-mestrado

FAPESP

Orientador: Paulo Martins

Militia Amoris: uma figura do Amor.

A militia amoris uma tpica elegaca que explora os paradoxos do amor e

da guerra e compreende uma linguagem permeada por ambiguidades e

ironias. Os poetas elegacos introduzem esse lugar-comum no discurso por

meio da recusatio: a negao dos temas picos e a recusa da guerra em favor

da elegia e do cio. Outros motivos associados a esse topos so o triunfo

militar e o seruitium amoris. O Amor, um dos principais deuses associados

elegia romana, ao lado de Vnus e Marte, aparece nessas tpicas como

comandante de um exrcito, que, com suas armas, fere e subjuga suas

vtimas, transformando-as em fiis seguidoras de seu estandarte. O cenrio de

servido e combate, rendies e triunfos, to familiar aos romanos,

mencionado em grande parte dos poemas elegacos de Proprcio, Ovdio e

Tibulo, tornando-se um dos principais elementos caracterizadores da elegia

romana.

21

PROFA. DRA. MARLY DE BARI MATOS

PPGLC/ USP

A imagem da criana e uma criana destituda de imagem: consideraes

sobre a infncia nas cartas de Plnio o Jovem

Na correspondncia de Plnio o Jovem, a meno recorrente reproduo de

imagens de personalidades evidencia o modo como se utilizavam artes como

a literatura, a escultura e a pintura na divulgao de padres de conduta cvica

e moral. Partindo do pressuposto de que a imagem valorava quem por era ela

retratado, oferecendo-lhe a promessa de prestgio imorredouro e de sua

perpetuao como modelo a ser seguido,bem como das consideraes do

autor acerca da pueritia ao longo de sua obra, pretende-se discutir os sentidos

do termo imago e seu emprego na carta VI, 2 para a desqualificao do filho

falecido de M. Aquilo Rgulo, seu adversrio na atividade poltica e rival na

oratria.

PROFA. MELINA RODOLPHO

IAC/ USP/Doutoranda

Orientador: Paulo Martins

Imagem Verbal Ocorrncias da cfrase na Eneida

O objetivo dessa comunicao analisar a aplicao da cfrase na Eneida

trata-se de um recurso retrico-potico amplamente utilizado na poesia desde

Homero. A cfrase entendida como o processo descritivo que permite

pormenorizar o objeto da descrio, produzindo uma imagem verbal.

O repertrio ecfrstico engloba diversas figuras para conferir vivacidade ao

texto. Alm disso, o efeito da cfrase depende de um processo imaginativo

(fantasia) que permite presentificar o contedo da descrio.

Um conceito frequentemente associado cfrase a evidncia, cuja

teorizao em Quintiliano permite no apenas estabelecer a relao entre

ambas, como tambm esboar uma sistematizao desses recursos que so

constantemente equiparados a outros, ocasionando certa diversidade

terminolgica.

A partir da anlise no poema, pretende-se estabelecer algumas caractersticas

prprias da cfrase.

22

PROF. DR. PAULO MARTINS

IAC/ USP

Reflexes sobre a observao e a anlise de imagines da Antiguidade

Clssica

Esse trabalho, antes de ser relativo a um aspecto especfico, quer-se geral.

Assim, no observa imagines e/ou repraesentationes, buscando seu

esgotamento, seu escopo metodolgico: quais so as possibilidades de

observao de imagens verbais e no- verbais na Antiguidade Clssica? Quais

categorias e aparatos temos em mos a fim de produzir uma leitura apta de

textos e de figuras em vis homolgico? Essas questes, na verdade, norteiam

os trabalhos que se desenvolvem no seio do grupo de pesquisa e de estudos

IAC, portanto estabelece o elo necessrio organicidade das pesquisas j

realizadas ou em curso.

PROF. DR. ROBERTO BOLZANI FILHO

DF/USP

Imagens de Scrates

A questo concernente ao Scrates histrico, tambm chamada de

Problema de Scrates, diz respeito s dificuldades com que deparam muitos

estudiosos, na tentativa de encontrar, no seio de um conjunto de testemunhos

dspares sobre o filsofo, as informaes historicamente mais fidedignas para

a construo do verdadeiro perfil do socratismo. Pelo menos durante os dois

ltimos sculos, numerosos historiadores da filosofia se debruaram sobre o

tema e chegaram a concluses variadas, alguns elegendo os textos platnicos

como os documentos mais relevantes, outros preferindo o testemunho de

Xenofonte, outros ainda voltando-se para Aristteles ou mesmo para

Aristfanes.

Mais recentemente, tem sido possvel olhar para esse fascinante problema

com cautela. A lembrana de que Aristteles, na Potica, caracterizava a

totalidade dos discursos socrticos (lgoi socratiko) como mimticos

(1447a28-b13), permitiu a concluso de que a questo socrtica tem todas as

aparncias de um falso problema, uma vez que ela se baseia numa falsa

compreenso que, por sua vez, acarreta uma falsa interpretao da natureza

exata dos testemunhos sobre Scrates...se o logos sokratikos no deve ser lido

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nem interpretado como um documento histrico no sentido estrito, mas antes

como uma obra literria e filosfica que comporta uma grande parte de

inveno, a questo socrtica fica desprovida de objeto (L.- A. Dorion,

Compreender Scrates, Vozes, 2006, p. 22-3).

Pretende-se aqui, em consonncia com a concluso acima extrada, pensar os

lgoi sokratiko, mais especificamente os textos do corpus platonicum, luz

de conceitos bsicos da Potica de Aristteles, para sugerir que esses lgoi

configuram um gnero peculiar, que acolhe caractersticas da comdia, e cujo

procedimento mimtico no pode ser facilmente acomodado a distines

bsicas, como aquela entre poesia e histria, alm de exibirem uma forma

muito prpria de mobilizar as noes de thos, prxis e dinoia, bem como

suas relaes.

ROSNGELA SANTORO DE SOUZA AMATO

IAC/ USP/Pr-mestrado

Orientador: Paulo Martins

Co-Orientador: Joo Angelo Oliva Neto

Eikones de Filstrato, o velho: um mtodo

Nesta apresentao ser lida a traduo do eikon 6 Amores - do livro I dos

Eikones de Filstrato. A leitura ser acompanhada de comentrios que

buscaro mostrar os expedientes textuais e retricos empregados para

obteno dos objetivos expressos em seu prefcio. Sero tambm apontadas

algumas das referncias intratextuais que servem como pontos de referncia

para que o autor proceda interpretao daquilo que descreve. Isso quer dizer

que Filstrato no se limita ao expediente retrico da cfrase (que passa com

ele a constituir um gnero isto , se autonomiza) e transita entre a

descrio e a narrao, de forma sutil. Dessa forma, ora nos transforma em

ouvintes que a partir de uma imagem ouvem a narrativa das aes

associadas a ela ora nos transforma em expectadores que a partir das

descries e narrativas visualizam as imagens que o autor nos quer transmitir.

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SIMONE DEMBOSKI TONIDANDEL

IAC/USP/Mestrado

Orientador: Paulo Martins

A imagem de Lvia Drusilla/Jlia Augusta em Tcito.

Tcito refere-se esposa do princeps com evidente hostilidade e malcia. De

acordo com seus registros, insinua, de maneira sutilmente assertiva, a

participao de Jlia Augusta (58 a.C. a 29 d.C.) na morte de seu prprio

marido e de Germnico, neto de Augusto e possvel sucessor ao trono.

E exatamente por essa razo que se torna imprescindvel levantarem-se as

referncias textuais, cujos registros denotem caractersticas que retratem tal

intencionalidade, e configurem as acusaes implcitas em sua historiografia.

Para tanto, h de analisar-se o tipo de linguagem persuasiva, utilizada por

Tcito, que induz o leitor a corroborar suas alegaes.

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Anotaes

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ISBN: 978-85-7506-179-4