Post on 19-Oct-2015
Federao Portuguesa de Badminton
Preveno de Lesoe
Primeiros Socorros
Introduo
A leso um mal que todos os atletas e treinadores conhecem bem, por terempassado pela situao ou por um colega j a ter vivido.
Assim surge este artigo, numa tentativa de prevenir ao mximo oaparecimento dessa leso e de informar o que poderemos fazer imediatamente aps oaparecimento desta. Pois os primeiros socorros so de extrema importncia para evitaro agravamento da leso. O ideal seria a existncia de equipas pluridisciplinares naactividade desportiva. Embora o fisiotrapeuta seja cada vez mais solicitado otreinador aquele que mais precocemente pode intervir junto dos atletas.
H um conjunto de leses, que ocorrem com mais frequncia na prticadesportiva, cujas causas, diversas, vo desde o desleixo do prprio praticante(porexemplo, devido a um aquecimento inadequado) incorrecta interveno dotreinador(por exemplo, execuo repetida de um erro tcnico que poder levar aleso), justifica-se portanto, que para elas se chame a ateno para os procedimentos aadoptar com vista a evitar o seu aparecimento ou , uma vez verificadas, minimizar osseus efeitos.
Procedimentos a adoptar para a preveno de leses(por parte do treinador epelo atleta):
- estudo rigoroso da sesso programada- verificao cuidada do estado de conservao, e condies de segurana de
todos os meios e materiais necessrios para a sesso de treino- anlise dos riscos que cada exerccio comporta- anlise rigorosa das capacidades fsicas e psicolgicas dos atletas- alertar o atleta para os cuidados a ter antes da execuo- realizar sempre um bom aquecimento e bons
alongamentos(independentemente do tempo estar quente), qualquer treinoou competio dever ser sempre precedida de um aquecimento que porum lado permite reduzir a viscosidade intramuscular e por outro lado faz apreveno de possveis leses musculares resultantes de uma deficientecoordenao entre os msculos agonistas e antagonistas.
- exerccios de flexibilidade, o stretching como forma de melhorar aflexibilidade tem sido considerado um mtodo efectivo de preveno deleses dos msculos, articulaes e tendes; promove a relaxao, doponto de vista fisiolgico a relaxao diminui a tenso muscular, umestado de contraco prolongado ou um nvel de contraco demasiadoelevado pode dar origem chamada contratura.
- estado de fadiga do atleta, dar o tempo de recuperao suficiente entrecada sesso e entre cada exerccio de treino
Factores predisponentes para o aparecimento de leses de natureza interna:- morfotipo do atleta- ndice de flexibilidade- gesto desportivo- qualidades dos pisos- equipamento desportivo(comun a todos praticantes e a nvel pessoal)
importante identificar e actuar sobre os factores de risco, pois so eles quenos vo permitir actuar no campo da preveno.
a preveno a forma de tratamento mais eficaz
Quando acontece a leso desportiva as estruturas mais frequentes envolvidasso os tecidos moles podendo no entanto ocorrer ocasionalmente situaes maisgraves como as fracturas.
Tipos de tecidos moles:
Contrcteis(produzem movimento) - estruturas musculo-tendinosas
No contrcteis(controlam o movimento) - cpsula articular- ligamentos- fscias- aponevroses- bolsas serosas- razes nervosas- pele
Todos os tecidos moles dispem-se num sistema de cadeias interligadas einterdependentes funcionalmente. Como podemos identificar se a leso de um tecidocontrctil ou de um tecido no contrctil ?
Tecido contrctil:- a dor/sintoma revelada no:
- movimento activo- estiramento passivo- movimento resistido
Tecido no contrctil:- a dor/sintoma revelada no:
- estiramento passivo
Articulao normal
Leses Articulares
As leses traumticas das articulaes mais comuns so as luxaes e osentorses, que se produzem, tal como as fracturas, por um choque directo, ou a maiorparte das vezes em consequncia de um movimento em falso.
Os esquemas seguintes do uma ideia dessas leses:
Peristeo
Membrana sinovial
Camada fibrosa da cpsulaCavidade articularCartilagem articularOsso esponjosoOsso compacto
Cavidade medular
LuxaoVerifica-se quando a cabea de um segmento sseo sai da sua articulao.
Na luxao os ligamentos esto seccionados, a articulao est deslocada, assuperfcies articulares no esto em contacto.
Distinguem-se dois tipos, respectivamente, a luxao incompleta ousubluxao(aquela em que existe, em parte, contacto entre as superfciesarticulares) e a luxao completa(aquela em que os contactos entre as superfciesarticulares se perdem totalmente).
Os sintomas so, alm de deformao da extremidade do osso, dor intensa,edema, dificuldade ou impossibilidade do movimento normal.
Dever imobilizar-se o sinistrado, colocando-o em posio cmoda erepousante, colocar-lhe depois panos molhados e frios.
Entorse No entorse h a distenso ou rotura de um ligamento, ficando, porm, as
superfcies articulares em contacto. Sinais:
Dor, inchao, movimentos possveis mas dolorosos;O entorse mais frequente o da articulao tibio-trsica, em que o inchaoest habitualmente localizado na parte externa, os movimentos sodolorosos, mas a marcha possvel na maior parte dos casos.
O que no se deve fazer:A articulao lesionada no deve suportar qualquer peso.No aplicar calor ou pomadas termoestimulantes, por produzirem dilataodos vasos sanguneos; se estes apresentam roturas, a quantidade de sangueextraviado maior, o hematoma aumenta, tornando-se mais difcil a suareabsoro.No massajar 24-48 primeiras horas por produzir vasodilatao e retardaro perodo de coagulao, com as consequncias referidas.
O que se deve fazer:Repouso da articulao.Elevar a zona afectada.Aplicar frio(o mais usual uma bolsa de gelo).
Rotura Muscular
uma leso de qualquer massa muscular, como consequncia, em geral, de falta desinergismo entre a actividade dos msculos agonistas e antagonistas, de uma
contraco violenta do msculo sobrepondo-se sua capacidade contrctil, ou, menosfrequente, devida a uma contuso seguida de uma contraco violenta de defesa. A rotura pode ser mais ou menos grave conforme a extenso de feixes afectados. Considera-se que os factores a seguir mencionados predispem para este tipo de
leses:Bitipo do desportista(os brevlineos musculares e tnicos so os mais afectados).Inactividade prolongada.Execuo de exerccios intensos sem prvio e adequado aquecimento.Fadiga muscular.
Sinais:No momento em que se produz a rotura, o lesionado sente uma dor intensa queabranda com o repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o msculolesionado.Pouco tempo depois aparece um inchao devido ao hematoma produzido,acompanhado de derrame sanguneo(equimose).Tudo isso acarreta uma impotncia, em maior ou menor grau, do msculoafectado.
Comportamento a seguir:- Preveno:Ter em ateno aos atletas com dores musculares localizadas.Comear, sempre , qualquer sesso ou competio com um aquecimento (geral eespecfico) adequado.Ter em ateno o aparecimento da fadiga muscular(diminuir a intensidade outerminar os exerccios).
O que no se deve fazer:Aplicar calor ou massajar, sem que tenham passado 24-48 horas, pelo perigo deaumentar o derrame sanguneo.Proibir a anestesia local e temporria com a finalidade do atleta continuar oexerccio fsico, pois poder aumentar a rotura.
O que se deve fazer:Repousar o msculo afectado.Aplicar compressas.Aplicar frio(bolsa de gelo) sobre o penso compressivo.Tomar anti-inflamatrios.
Contuses So leses traumticas que resultam duma agresso mecnica que conduz a
alteraes orgnicas, sem soluo de continuidade. Sinais:
Dor local.Derrame sanguneo(equimose).Pode ocasionar impotncia funcional.Pode haver hematoma(enquistamento de sangue).
Comportamento a seguir:- Contuses ligeiras:Penso compressivo.Imobilizao ligeira.
- Contuses graves:Imobilizar o segmento atingido como se uma fractura.
Tendinites So inflamaes dos tendes acompanhadas de um engrossamento dos mesmos,
produzidas por causas vrias como por exemplo, para o caso do tendo deAquiles, o treino em solos duros e irregulares, o calado inadequado ou com solasgastas, ou deformaes dos ps(ps chatos).
Sinais:Dor espontnea ou sob presso, que se acentua quando se move o tendo afectado.No caso de tendo de Aquiles(o caso mais comun), a dor aviva-se com a marchapelo que o doente coxeia.
Comportamento a seguir:- Preveno:Evitar as ms condies de treino, em especial a prtica do mesmo em pisos muitoduros e irregulares.No abusar do treino em asfalto ou empedrado.Evitar arranques excessivamente intensos ou quilometragens dirias exageradas.Evitar calado em mau estado.
O que deve fazer:Repouso com imobilizao da zona afectada.Calor local(o ideal aplicar ondas curtas ou radioterapia dirias).Reabilitao, passados os sintomas, da ligeira atrofia muscular medianteexerccios e massagens adequados.Utilizao de calado adequado.
CibrasAcontecem por uma carncia de sdio, provocada por excesso de fadiga, sudao ouesforo muscular intenso, manifestando-se por uma contraco e endurecimentomuscular. A forma de eliminar a cibra consiste em massajar o msculo contrado,acompanhando a contraco de forma activa e voluntria at o msculo descontrair.Devem ser ministrados ao indivduo lquidos com cloreto de sdio.
Os principais objectivos perante a leso:- prevenir o agravamento da leso- controlar a hemorragia e o edema- criar condies ideias para a recuperao dos tecidos
Fisiopatologia das leses dos tecidos moles:- Fase aguda ou inflamatria(primeiras 48-72 horas)- Fase de reparao tecidular- Fase de remodelao
RESUMINDO
1.Fase aguda:
O que fazer ?
REPOUSO- A estrutura lesionada dever ser sujeita a um perodo de repouso,respeitando sempre a dor ou outra sintomatologia.
GELO- Aplicar gelo na zona lesionada, durante 10 minutos, de 2 em 2 horas.
COMPRESSO- A compresso da regio afectada permite o controle doedema/hematoma. Deve ser feita com ligaduras elsticas. Dever-se- ter ateno aoscompromissos circulatrios ou nervosos.
ELEVAO- um factor importante para combater a reaco inflamatria,pois favorece o retorno venoso e linftico, diminuindo assim a formao deedema/hematoma.
O que no fazer !
CALOR- Evitar qualquer forma de calor na regio, o que ir produzirnecessariamente um aumento da circulao local, provocando assim aumento doedema/hematoma.
ALCOOL- No ingerir bebidas alcolicas durante a fase aguda porque olcool tem caractersticas vasodilatadoras.
EXERCCIO- A actividade demasiado cedo pode piorar a situao.
MASSAGEM- Na fase aguda ou inflamatria constitui uma contradioabsoluta, aumenta o edema e o derrame pondo em causa a recuperao dos tecidos.
*Ateno a tudo o que possa mascarar a dor -sprays- ou outros analgsicos do tipo.
2.Fases de reparao tecidular e de remodelao
Na fase de reparao dos tecidos, o movimento controlado muito importantepois favorece a reparao da estrutura segundo as suas linhas de tenso, permitindo apreservao das caractersticas mecnicas e funcionais dos tecidos lesionados.
Nestas duas fases no possvel dar receitas nem timmings exactos para seactuar. Tudo depende da evoluo da situao inicial.
Objectivos do tratamento:
- Eliminar a dor.- Restaurar a mobilidade/estabilidade.- Restaurar o tnus e a fora muscular.- Reprogramar o envolvimento proprioceptivo.- Restabelecer a funo.
Critrios gerais para o regresso actividade
- Ausncia de dor.
- Motivao psicolgica, ausncia de medo/estabilidade.
- Equilbrio entre mobilidade/estabilidade.
- Flexibilidade e fora muscular.
A actuao precoce no dispensa na maioria dos casos que se recorra a umservio especializado. Pois no podemos esquecer que leses de pouca importnciaquando no respeitadas podem-se tornar em leses graves por vezes incompatveiscom a continuao de uma carreira desportiva.
importante compreender as cadeias musculares pois elas permitem-nos cadavez mais entender o gesto desportivo. Esta noo pode ser decisiva para identificar acausa de uma leso ou compreender que determinado atleta poder estar mais sujeitoa uma leso especfica.
Bibliografia:
- Curso de treinadores de Badminton nvel 1- Preveno e primeiros socorros, L.Miguel/P.Gomes
- Estudos Prticos, Anatomofisiologia Edies F.M.H- P.Pezarat/A.Pascoal/P.Silva/M.Espanha
- Metodologia do Treino Desportivo Edies F.M.H.- J.Castelo/H.Barreto/F.Alves/P.Mil-Homens/J.Carvalho/J.Vieira
Trabalho realizado por Jorge Cao
Federao Portuguesa de Badminton
Preveno de Lesoe
Primeiros Socorros