Post on 14-Jul-2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS
LARISSA CARDOSO VIEIRA
DIVERSIDADE DE FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM UM
GRADIENTE DE ALTITUDE NA CHAPADA DIAMANTINA, BRASIL
RECIFE
2016
LARISSA CARDOSO VIEIRA
DIVERSIDADE DE FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM UM
GRADIENTE DE ALTITUDE NA CHAPADA DIAMANTINA, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Fungos do
Departamento de Micologia do Centro de
Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Pernambuco, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em
Biologia de Fungos.
Área de Concentração: Micologia básica
Orientador: Prof. Dr. Gladstone
Alves da Silva
Co-orientadora: Dra. Danielle Karla
Alves da Silva
RECIFE
2016
Catalogação na fonte Elaine Barroso
CRB 1728
Vieira, Larissa Cardoso
Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares em um gradiente de altitude na Chapada da Diamantina, Brasil / Larissa Cardoso Vieira - Recife: O Autor, 2016.
51 folhas: il., fig., tab. Orientador: Gladstone Alves da Silva Coorientadora: Danielle Karla Alves da Silva Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
Centro de Biociências. Biologia de Fungos, 2016. Inclui referências
1. Fungos 2. Micorriza 3. Diamantina, Chapada (BA) I. Silva, Gladstone Alves da (orient.) II. Silva, Danielle Karla Alves da (coorient.) III. Título
579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CB-2017- 430
LARISSA CARDOSO VIEIRA
DIVERSIDADE DE FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM UM
GRADIENTE DE ALTITUDE NA CHAPADA DIAMANTINA, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Fungos do
Departamento de Micologia do Centro de
Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Pernambuco, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em
Biologia de Fungos.
Aprovada em: 26 / 02 / 2016
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________________________________
Dra. Danielle Karla Alves da Silva – (Co-orientadora)/ Universidade Federal do Vale do São
Francisco
________________________________________________________________
Dr. João Ricardo Gonçalves de Oliveira – Examinador Externo – Titular/ Universidade
Federal da Paraíba
_________________________________________________________________
Dra. Renata Gomes de Souza – Examinador Interno – Titular/ Universidade Federal
Universidade Federal de Pernambuco
Aos meus pais, Fátima e Benedito,
minha irmã, Luana, e meu noivo,
Filipe.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida e por iluminar meus caminhos.
Aos meus pais, Fátima e Benedito pelo incentivo, amor, união, por me
ajudar nas horas mais difíceis e apoiar as minhas decisões.
Ao meu noivo, Filipe, pelo amor, paciência, incentivo, companheirismo,
por entender minhas ausências e pela ajuda em vários momentos.
À minha irmã, Luana, pela amizade, compreensão e momentos de
diversão e pela ajuda neste trabalho.
Ao professor Gladstone pela orientação, incentivo, amizade,
compreensão e seus conselhos sábios.
À Danielle Karla, pela co-orientação, amizade e ajuda em tantos
momentos deste trabalho.
À Fritz Oehl pela amizade, sugestões e auxílio na identificação das
espécies.
Ao Dr. João Ricardo e à Dra. Renata Gomes por participarem como
titulares e às Dras. Adália Mergulhão e Adriana Melo por ser membros
suplentes deste trabalho.
Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos.
À Daniele Magna e Camila Melo, pela ajuda em algumas etapas do
trabalho, pela amizade e alegria.
À Juliana, Frederico, Iolanda, Maiely e Catarina por tornar os dias de
trabalho mais felizes.
Aos colegas do laboratório de micorrizas pelo aprendizado diário .
Ao guia Edwilson, pela amizade, informações e auxílio durante a
coleta.
E a todos que me ajudaram em algum momento neste trabalho, muito
obrigada!
RESUMO
Em áreas montanhosas, alterações de fatores bióticos e abióticos estão diretamente
relacionados à modificação do gradiente de altitude e estas atuam modelando a biodiversidade
inclusive dos microrganismos presentes no solo. Dentre estes, os fungos micorrízicos
arbusculares (FMA) são importantes por realizar associação mutualística com os hospedeiros
vegetais. Os FMA já foram estudados mundialmente em áreas montanhosas, nas quais
frequentemente são conhecidas novas espécies, porém a disposição da estrutura da
comunidade desses fungos com o acréscimo de altitude requer mais pesquisas, principalmente
em áreas montanhosas do Brasil. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi determinar a
diversidade e distribuição da comunidade de FMA em cinco habitats ao longo de um
gradiente de altitude na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. As amostras de solo e raízes
foram coletadas em uma área montanhosa na Serra das Almas, Chapada Diamantina (BA) em
Maio/2014. Foram selecionados cinco tipos de habitats com o acréscimo de altitude entre
1.451 a 1.958 m acima do nível do mar: cerrado de altitude (CEA), campo limpo (CAL), mata
de galeria (MAG), campo rupestre em regeneração (CRR) e campo rupestre (CAR). Foi
determinado o percentual de colonização micorrízica hifálica, arbuscular, vesicular e total. Os
esporos foram quantificados e identificados morfologicamente, para realização de análises
ecológicas da comunidade de FMA. Os solos analisados apresentaram pH ácido e a textura
dos solos difere entre os habitats. O número de esporos foi maior em CAR, apresentando
abundância similar ao encontrado em CEA e MAG. Os percentuais de colonização total, de
arbúsculos, vesículas e hifas não diferiram entre os habitats, sendo o de colonização por
arbúsculos muito baixo (<1%), enquanto os de hifas foram os principais responsáveis pelo
percentual total. Foram identificadas 49 espécies de FMA, sendo Glomus e Acaulospora os
gêneros mais representativos. A riqueza e diversidade de FMA por amostra não diferiu entre
os habitats, enquanto diferenças na distribuição de alguns gêneros de FMA foram observadas:
Acaulospora e Glomus tiveram maior abundância na área de maior altitude (CAR), enquanto
Bulbospora predominou na área de menor altitude (CEA). A comunidade de FMA difere ao
longo do gradiente, mostrando que CEA é menos similar com os demais habitats. O conteúdo
de silte e areia grossa explicaram a mudança na composição das espécies de FMA, mostrando
que a textura do solo é o fator determinante para a comunidade desses fungos na Serra das
Almas.
Palavras-chave: Campos rupestres. Bioma Cerrado. Ecologia do solo. Glomeromycota.
ABSTRACT
In mountainous areas, changes in biotic and abiotic factors are directly related to the
modification of the altitude gradient and these act modeling biodiversity including the
microorganisms in the soil. Among them, the arbucular mycorrhizal fungi (AMF) are
important for performing mutualistic association with host plants. The AMF have been
studied mountainous in areas globally, in these areas new species are frequently described, but
the pattern of distribution of these fungi with the altitude increase requires more research,
especially in mountainous areas of Brazil. Thus, the objective of this work was to determine
the diversity and distribution of AMF community along an altitude gradient in Chapada
Diamantina, Bahia, Brazil. Samples of soil and roots were taken on May (2014) in a
mountainous area in „Serra das Almas‟, Chapada Diamantina (BA). Five habitat types were
selected following the increasing altitude from 1.451 to 1.958 m above sea level:
„mountainous cerrado - cerrado de altitude‟ (CEA), „grass field - campo limpo‟ (CAL),
„riparian forest - Mata de Galeria (MAG)‟, „rupestre field in regeneration – campo rupestre
em regeneração‟ (CRR) and „rupestre field – campo rupestre‟ (CAR). The percentage of
mycorrhizal colonization by hypha, arbuscules, vesicules and total, the number of spores and
AMF species were determined. Os esporos foram quantificados e identificados
morfologicamente, para realização de análises ecológicas da comunidade de FMA. The soils
presented acid pH and the soil texture differ between habitats. The number of spores were
higher in CAR, and did not differ from CEA and MAG. The percentage of colonization total
and by arbuscules, vesicules and hyphae did not differ between habitats, being the arbucules
colonization very low (<1%), while the hyphae were responsible for the majority of
colonization. Forty-nine AMF species were identified, with Glomus and Acaulospora being
the most representativeness genera. The AMF richness and diversity per sample did not differ
between habitat types (or sites), while differences in some genera distribution of AMF in
relation to altitude gradient were observed: the genera Acaulospora and Glomus presented
higher abundance in the highest site (CAR), while Bulbospora predominated in the lowest site
(CEA). The composition of AMF community differ along the altitudinal gradient, showing
that the habitat type with lowest altitude (CEA) present a community very distinct from the
others vegetation types. The content of silt and coarse sand explained the changes in the AMF
community composition, showing that soil texture is the factor that are shaping the AMF
community in the „Serra das Almas‟ sites.
Keywords: Rupestre fields. Cerrado Biome. Soil ecology. Glomeromycota.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Temperatura mínima, máxima (°C) e precipitação mensal (mm) no
município de Rio de Contas, (Bahia) durante o ano de 2014. Fonte: Climatempo ...........
21
Figura 2 - Áreas de coleta visualizadas através de imagens de satélite na Serra das
Almas, Bahia, Brasil ..........................................................................................................
22
Figura 3 - Áreas de coleta na Serra das Almas, Bahia, Brasil. (A) cerrado de altitude -
CEA, (B) campo limpo – CAL, (C) mata de galeria – MAG, (D) campo rupestre em
regeneração - CRR, (E) campo rupestre – CAR ................................................................
23
Figura 4 - Média do número de esporos de FMA em cinco habitats da Serra das Almas,
Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR
(campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre). Médias seguidas pela mesma
letra nas barras não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% .......................
27
Figura 5 - Curva de acumulação de espécies de FMA identificadas em cinco habitats da
Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata
de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre) ...................
28
Figura 6 - Riqueza de espécies (a) e índice de Shannon (b) de FMA identificados em
cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo
limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo
rupestre). Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade ............................................................................................
31
Figura 7 - Abundância relativa dos gêneros (%) Acaulospora (a), Bulbospora (b) e
Glomus (c) em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude),
CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração),
CAR (campo rupestre). Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade .......................................................................
32
Figura 8 - Análise de agrupamento utilizando-se o índice de Sørensen para calcular a
similaridade de espécies de FMA em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA
(cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo
rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre) ............................................................
34
Figura 9 - Análise de escalonamento multidimensional com base na comunidade de
FMA correlacionado com atributos do solo em cinco habitats da Serra das Almas,
Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR
(campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre) ...............................................
35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Atributos químicos e granulométricos do solo da Serra das Almas, Bahia.
Habitats: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria),
CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre). Médias seguidas da
mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade .....................................................................................................................
26
Tabela 2 - Colonização radicular total, de arbúsculos, vesículas e hifas (%) em cinco
habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo),
MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo
rupestre). Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem
significativamente pelo teste de Tukey a 5% ....................................................................
27
Tabela 3 - Espécies de FMA identificadas em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia:
CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo
rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre) ............................................................
29
Tabela 4 - Análise da comparação entre os diferentes habitats pela análise de
Permutação multivariada (PERMANOVA) em Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado
de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em
regeneração), CAR (campo rupestre) ................................................................................
33
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 12
2.1 CHAPADA DIAMANTINA ................................................................................ 12
2.2 FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES ................................................ 14
2.2.1 FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM GRADIENTES DE
ALTITUDE .................................................................................................................
17
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 21
3.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................. 21
3.2 COLETA DAS AMOSTRAS ............................................................................... 23
3.3 COLONIZAÇÃO RADICULAR ......................................................................... 23
3.4 QUANTIFICAÇÃO DOS ESPOROS E IDENTIFICAÇÃO MORFOLÓGICA
DOS FMA ...................................................................................................................
24
3.5 OBTENÇÃO DE ESPOROS EM CULTURA ARMADILHA ............................ 24
3.6 ANÁLISES ECOLÓGICAS DA COMUNIDADE DE FMA .............................. 24
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 25
3.8 ANÁLISE DO SOLO ........................................................................................... 25
4 RESULTADOS ...................................................................................................... 26
4.1 PROPRIEDADES DO SOLO ............................................................................... 26
4.2 NÚMERO DE ESPOROS .................................................................................... 27
4.3 COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA ...................................................................... 27
4.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES .................................................................................... 28
4.5 COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE FMA ................................................. 33
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 36
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 43
10
1 INTRODUÇÃO
Aproximadamente 12% da superfície terrestre é coberta por montanhas (SPEHN et al.,
2010). Essas áreas realizam vários serviços ecossistêmicos e econômicos, tais como o
fornecimento de água e minérios, terras utilizadas na agricultura e são fontes de
biodiversidade, sendo consideradas essenciais para a conservação do planeta (AGENDA 21,
1992). A inclinação do relevo, associada com diferentes tipos de solos e com quantidade
variada de água e nutrientes, formam vários micro-habitats que abrigam uma composição de
espécies singular e com representantes endêmicos (SPEHN et al., 2010).
Na Região Nordeste do Brasil, os maiores picos encontram-se no estado da Bahia na
região da Chapada Diamantina, um conjunto montanhoso que faz parte da Cadeia do
Espinhaço (WATANABI; ROQUE; RAPINI, 2008). A vegetação característica da Chapada
Diamantina é composta por campos rupestres, que compreendem plantas de porte herbáceo a
arbustivo, crescendo sobre afloramentos rochosos e solos quartzíticos a partir de 900 m de
altitude (CONCEIÇÃO et al., 2005). Nesta área estão presentes outros tipos vegetacionais que
podem misturar-se entre si, formando ecótonos de difícil distinção (ZAPPI et al., 2003). Essas
modificações na diversidade podem ser influenciadas pela composição do substrato,
condições geográficas e climáticas associadas à altitude (CONCEIÇÃO; PIRANI;
MEIRELLES, 2007; KAMINO; OLIVEIRA-FILHO; STEHMANN, 2008).
A Chapada Diamantina é uma área de conservação nacional, porém atividades
antropogênicas como o desmatamento, prejudicam a vegetação e o solo (ROCHA et al.,
2005), provocando erosão. Estresses bióticos e abióticos podem modificar as condições do
solo, prejudicando a manutenção da biodiversidade através de atividades realizadas
principalmente por microrganismos, como a decomposição do material orgânico (WALL;
MOORE, 1999), ciclagem de nutrientes (BISSETT et al., 2013) e estabilidade do solo
(SPEHN et al., 2010).
Os microrganismos presentes no solo, que são capazes de realizar associação com as
plantas, podem modificar as relações dos vegetais, influenciando seu desenvolvimento
(LUGO et al., 2008). Neste sentido, os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são
organismos do solo que formam a simbiose mais abundante que existe, pois estão associados
à maioria das plantas (FITTER, 2005). Os FMA recebem compostos dos hospedeiros e em
troca auxiliam na obtenção de nutrientes, especialmente o fósforo (PASZKOWSKI, 2006).
Esses fungos se destacam pelos benefícios nutricionais e não nutricionais realizados
(GIANINAZZI et al., 2010), sendo considerados imprescindíveis para a manutenção dos
11
ecossistemas terrestres. Os FMA são capazes de sobreviver em substratos com condições
limitantes, tais como estresse salino (GUO; GUOG, 2014) e hídrico (AUGÉ, 2001),
auxiliando a comunidade vegetal associada.
O acréscimo de altitude promove condições ambientais diferentes que podem
ocasionar mudanças na diversidade de plantas (ZHAO et al., 2005), animais (BROWN, 2001)
e microrganismos como os FMA (LIU et al., 2011). Entretanto, somente a altitude pode não
ser capaz de modificar a riqueza da comunidade, como observado na vegetação dos campos
rupestres da Serra do Espinhaço (BORGES; CARNEIRO; VIANA, 2011). Padrões de
distribuição das espécies podem ser encontrados com a mudança de altitude (EISENLOHR et
al., 2013), como observado na maioria dos estudos com FMA realizados mundialmente em
gradientes de altitude (LUGO et al., 2008; GAI et al., 2012; LI et al., 2014). No Brasil foram
desenvolvidos dois estudos em ambientes montanhosos visando essa análise (BONFIM et al.,
2016; COUTINHO et al., 2015), que revelaram alta riqueza de espécies de FMA.
Os estudos de diversidade realizados em diferentes locais do mundo em áreas
montanhosas de elevada altitude têm permitido a descrição de novas espécies de FMA, tais
como: Acaulospora nivalis (OEHL et al., 2012), Septoglomus altomontanum, Acaulospora
pustulata e A. tortuosa (PALENZUELA et al., 2013a, b), sendo essas espécies consideradas
de ocorrência restrita a ambientes com altitudes superiores a 1.400 m. Considerando a
ausência de estudos nos ecossistemas da Chapada Diamantina, especialmente em áreas com
altitudes acima de 1.400 m no Brasil, esse estudo visa contribuir com o conhecimento da
diversidade de FMA no Pico das Almas, o terceiro maior pico da região Nordeste.
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi determinar a diversidade e distribuição da
comunidade de FMA ao longo de um gradiente de altitude na Chapada Diamantina, buscando
entender a distribuição local das espécies e contribuir para a ampliação do conhecimento
desse importante grupo de microrganismos.
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CHAPADA DIAMANTINA
A Cadeia do Espinhaço é um conjunto montanhoso brasileiro com áreas entre 700 a
2.000 m de altitude, distribuído em cerca de 1.000 km de comprimento, tendo 50-100 km de
largura, limitado ao norte pela serra da Jacobina (BA) e ao sul pela serra do Ouro Branco
(MG) (KAMINO; OLIVEIRA-FILHO; STEHMANN, 2008), está localizado entre os estados
de Minas Gerais e Bahia, sendo neste último denominado Chapada Diamantina (GIULIETTI;
FORERO, 1990).
O principal tipo vegetacional da Cadeia do Espinhaço são os campos rupestres, que
crescem em áreas de maiores altitudes das serras a partir de 900 m, sobre solos quartzíticos,
pobre em nutrientes, incluindo os afloramentos rochosos, nos quais o solo pode reter mais
umidade devido a baixa profundidade do substrato que aproxima a rocha ao subsolo (ZAPPI
et al., 2003; RAPINI et al., 2008; WATANABI; ROQUE; RAPINI, 2008). Esses
afloramentos são constituídos de raízes ligadas densamente, material vegetal e rochoso
desintegrados, que formam um substrato bem agregado, facilitando a fixação da planta nesses
ambientes hostis (CONCEIÇÃO; GIULIETTI, 2002). A vegetação dos campos rupestres tem
diferentes fitofisionomias, que incluem desde formações herbáceas a arbustiva-arbórea com
árvores de pequeno porte (VASCONCELOS, 2011).
Estudos em campos rupestres contribuem para a obtenção de novos registros
científicos (RAPINI et al., 2008) graças à presença de espécies endêmicas que podem estar
restritas a uma única serra (GIULIETTI et al., 1987) ou até mesmo a uma pequena amostra de
solo de afloramento rochoso (CONCEIÇÃO; PIRANI; MEIRELLES, 2007). Estudos
florísticos mostram a grande biodiversidade dos campos rupestres (PIRANI; MELLO-SILVA;
GIULIETTI, 2003; GIULIETTI et al., 1987; ZAPPI et al., 2003; KAMINO; OLIVEIRA-
FILHO; STEHMANN, 2008; STANNARD, 1995), que segundo Giulietti et al. (1987),
apresenta mais de 30% da vegetação endêmica.
A fisionomia dos campos rupestres é bastante similar entre as áreas da Chapada
Diamantina, pois geralmente ocorre predominância das mesmas famílias: Asteraceae,
Cyperaceae, Eriocaulaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae,
Orchidaceae, Poaceae e Rubiaceae (GIULIETTI et al., 1987; STANNARD, 1995;
CONCEIÇÃO; GIULIETTI, 2002; PIRANI; MELLO-SILVA; GIULIETTI, 2003; ZAPPI et
al., 2003; CONCEIÇÃO; PIRANI, 2005; CONCEIÇÃO; PIRANI; MEIRELLES, 2007). Isto
13
sugere que os afloramentos rochosos em altitudes elevadas influenciam o desenvolvimento
das plantas de forma similar, levando à manutenção das mesmas espécies vegetais nesses
locais (CONCEIÇÃO; PIRANI, 2007). Além disso, certos representantes vegetais possuem
caracteres morfológicos adaptativos ao ambiente rochoso e ao estresse hídrico que auxiliam a
sobrevivência das plantas (GIULIETTI et al., 1987; RAPINI et al., 2008), como
representantes da família Velloziaceae que possuem modificações no tronco para resistência
ao fogo (RAPINI et al., 2008).
Na Chapada Diamantina é comum encontrar mosaicos florísticos, formados por
diversos tipos de vegetação ocorrendo na área (ROCHA et al., 2005), tais como cerrados e
matas de galeria, substituindo os campos rupestres ou misturando-se entre eles (GIULIETTI
et al., 1987). A variedade na flora é causada por diversos motivos, tais como a variação
microclimática, composição do substrato, mudança de altitude e declividade (GIULIETTI;
FORERO, 1990; CONCEIÇÃO; PIRANI; MEIRELLES, 2007). A precipitação da Serra do
Espinhaço diminui no sentido sul ao norte, ocorrendo modificações na vegetação de modo a
separar o conjunto montanhoso em três partes: o setor Sul, Central e Norte, que são
circundados por ecossistemas de floresta tropical, Cerrado e Caatinga, respectivamente
(HARLEY, 1995; GONTIJO, 2008).
As áreas mais baixas têm geralmente o clima mais quente e menor precipitação,
enquanto nas áreas com maior altitude a umidade aumenta, pois as nuvens vindas do oceano
ao encontrar com as serras condensam-se, formando precipitação inclusive na época seca
(HARLEY, 1995). A caatinga é a vegetação mais comum do semiárido nordestino,
constituindo a vegetação predominantemente distribuída em torno das áreas montanhosas da
Chapada Diamantina (QUEIROZ et al., 2005), sendo encontrada até 1.000 m de altitude
(ZAPPI et al., 2003). A caatinga tem fisionomia arbórea ou arbustiva, com muitos espinhos e
adaptações xeromórficas (PRADO, 2003). O cerrado é um tipo de vegetação composta por
fisionomia arbustiva a arbórea, similar aos ecossistemas de savana, e na Chapada Diamantina
pode ser encontrado a partir de 1.000 m de altitude (ZAPPI et al., 2003). Esse é o tipo vegetal
que ocorre em torno das áreas de altitude da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e por vezes
entram em contato com os campos rupestres na subida dos morros (KAMINO; OLIVEIRA-
FILHO; STEHMANN, 2008).
A Chapada Diamantina foi formada no período pré-cambriano (Proterozóico) pelo
modelamento das rochas sedimentares através do processo tectônico e intemperismo pela
água e o vento, originando diversas feições geomorfológicas (GIUDICE; SOUZA, 2009),
incluindo os picos mais altos da região Nordeste: Pico do Barbado (2.033 m), Pico do Itobira
14
(1.970 m) e Pico das Almas (1.958 m), localizados na parte oeste da Chapada. Os solos da
Serra do Espinhaço são formados essencialmente por quartzito, têm poucos nutrientes
(BENITES et al., 2007), são ácidos e arenosos (CONCEIÇÃO; GIULIETTI, 2002). A
profundidade e as características dos solos são tão variáveis que influenciam a distribuição
vegetal na Chapada Diamantina: a família Poaceae foi encontrada com maior predominância
em áreas de solos arenosos e com poucos nutrientes, enquanto a família Velloziaceae foi a
maior representante dos afloramentos rochosos, onde os solos eram menos profundos e com
maior quantidade de matéria orgânica (RAPINI et al., 2008). De acordo com Conceição e
Giulietti (2002), a diversidade de substratos formados são possíveis indicadores da
diversidade vegetal dos campos rupestres.
A Chapada Diamantina possui alto valor biológico graças à vasta biodiversidade e
espécies endêmicas dos campos rupestres (WATANABI; ROQUE; RAPINI, 2008); tem
potencial turístico, devido às belas paisagens formadas geologicamente que originaram
cachoeiras e montanhas (GIUDICE; SOUZA, 2010); é importante ecologicamente, pois é um
manancial hídrico (HARLEY, 1995); e economicamente por fornecer áreas utilizadas na
agricultura (SPEHN et al., 2010). Entretanto, a Chapada Diamantina sofre um longo processo
de degradação através de mineração, queimadas, agricultura (ROCHA et al., 2005), remoção
de madeira e de plantas medicinais e ornamentais (GIULIETTI et al., 1987). Grande parte da
Chapada Diamantina encontra-se em área de proteção criada em 1985 e denominada: Parque
Nacional da Chapada Diamantina (PARNA). No entanto e como mencionado, a PARNA não
engloba toda extensão da Chapada e alguns locais, como a Serra das Almas que é a área de
estudo desse trabalho, não tem proteção ambiental.
2.2 FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES
Microrganismos como bactérias e fungos podem estar presentes no solo formando
vários tipos de relações ecológicas. Dentre os representantes do Reino Fungi presentes no
solo, as micorrizas se destacam pela simbiose formada com os vegetais. As micorrizas
arbusculares, orquidóide e ericóide colonizam o interior das células radiculares das plantas,
portanto, são chamadas endomicorrizas, enquanto a ectomicorriza distribui-se entre as células
da raiz (BONFANTE; GENRE, 2000). As plantas formam associação com ao menos um
desses tipos de micorrizas, que auxiliam com a captação de nutrientes do solo para o vegetal,
contribuindo com a ciclagem nos ecossistemas (VAN DER HEIJDEN et al., 2015).
15
Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são simbiontes obrigatórios de vários
tipos de plantas, incluindo Angiospermas, Gimnospermas e representantes de Pteridófitas e
Briófitas (SMITH; READ, 2008), chegando a colonizar 90% da flora conhecida. Evidências
fósseis mostram que os FMA são anteriores à formação das plantas vasculares (WILKINSON,
2001), e provavelmente os ancestrais dos vegetais conhecidos atualmente formavam a
simbiose micorrízica (CAIRNEY, 2000). Os FMA melhoram a captação de nutrientes
minerais, principalmente o fósforo, mediam as respostas das plantas aos estresses ambientais
(FINLAY, 2004), aumentam a absorção de água (AUGÉ, 2001), reduzem a perda de
agregados do solo (VAN DER HEIJDEN et al., 2006) a partir da produção da glomalina
(RAMOS; MARTIM, 2010) e aumentam a tolerância à seca e doenças (SMITH; READ,
2008).
Os FMA são cosmopolitas e estão distribuídos em todos continentes e zonas climáticas
da Terra (DAVISON et al., 2015). Atualmente, esses fungos estão classificados no filo
Glomeromycota, com aproximadamente 290 espécies descritas, distribuídas em 3 classes, 5
ordens, 15 famílias e 38 gêneros (http://glomeromycota.wix.com/lbmicorrizas#!sistema-de-
classificao/c1cmb), e a classificação do grupo é baseada, principalmente, em estudos
morfológicos e ontogenéticos dos esporos denominados de glomerosporos por Goto e Maia
(2006) e, recentemente, em análises moleculares (de SOUZA et al., 2010; OEHL et al., 2011).
Os FMA são organismos biotróficos obrigatórios que precisam de uma planta hospedeira para
seu crescimento, não sendo possível cultivá-los isoladamente em meio de cultura
(BONFANTE; GENRE, 2000), exceto a partir das culturas monospóricas estabelecidas em
propagação in vitro em sistema monoxênico com raízes transformadas (DECLERCK et al.,
2001).
Quando os nutrientes no solo se tornam escassos, as hifas se expandem
extraradicularmente ampliando a busca por recursos no solo, atingindo áreas maiores que a
zona de absorção das raízes (ALLEN et al., 2003), além disso, as hifas são finas e por isso
conseguem acessar microlocais que não são disponíveis para as raízes (FINLAY, 2004). Para
a efetividade da simbiose ocorrem vários processos, iniciando pela fase pré-simbiótica que é
caracterizada pela germinação do esporo e crescimento micelial inicial. Em seguida o fungo,
ao encontrar o hospedeiro, penetra no córtex radicular e estende-se intercelularmente
formando hifas e vesículas; e intracelularmente formando os arbúsculos, estrutura que
caracteriza a simbiose e é responsável pela troca de nutrientes entre os simbiontes
(PASZKOWSKI, 2006). Os arbúsculos tem duração muito curta e por isto dificilmente são
encontrados em raízes de plantas que estão inativas ou velhas (BRUNDRETT, 1991). As
16
vesículas são consideradas estruturas de armazenamento de lipídeos (BRUNDRETT, 1991)
formadas intra e intercelularmente, e juntamente com os arbúsculos são características de
presença de FMA (SMITH; READ, 2008).
Após a efetividade da colonização radicular, o micélio cresce intra e
extraradicularmente e forma novos esporos (SMITH; READ, 2008). Esporos, hifas e raízes
colonizadas constituem os propágulos de FMA, estruturas capazes de iniciar outra vez
associação com novos hospedeiros (VARELA-CERVERO et al., 2015). Os FMA colonizam a
comunidade vegetal, formando uma rede micelial no solo que torna-se capaz de estabelecer
simbiose com plantas de várias espécies em diferentes estágios de vida (SMITH; READ,
2008). Portanto, é conhecido que uma planta pode se associar a várias espécies de fungos ao
mesmo tempo, e ainda, o fungo pode colonizar diversas plantas formando muitas
combinações entre si (ALLEN et al., 2003; SANDERS, 2003). O maior número de espécies
de plantas pode aumentar a quantidade de associações possíveis, favorecendo uma maior
esporulação e diversidade de FMA (BURROWS; PFLEGER, 2002), dessa forma, é possível
que mudanças na composição vegetal afetem a comunidade de fungos e vice-versa
(SANDERS, 2004).
Os tipos de propágulos variam de acordo com a composição da comunidade de FMA
(VARELA-CERVERO et al., 2015), por exemplo, a família Glomeraceae produz mais
propágulos na raiz, enquanto a família Gigasporaceae (atualmente ordem Gigasporales) tem
maior biomassa fúngica no solo (ALLEN et al., 2003), além disso, Gigasporales não formam
vesículas nas raízes, mas formam células auxiliares extraradicularmente (ANTONINKA;
RITCHIE; JOHNSON, 2015). Varela-Cervero et al. (2015) observaram através de análises
moleculares de propágulos infectivos que geralmente o gênero Glomus era mais abundante
nas raízes, enquanto Pacispora e Paraglomus predominaram na forma de esporos, e
Scutellospora foi mais comum sob forma de micélio extraradicular.
Considerando que determinadas condições podem ser limitantes para esses fungos,
estudos ecológicos vêm investigando quais possíveis fatores estão mais correlacionados,
influenciando a estrutura da comunidade de FMA (BÖRSTLER et al., 2006). Esses fatores
incluem propriedades bióticas e abióticas do solo (BRUNDRETT; AWSHAT, 2013; KIVLIN;
HAWKES; TRESEDER, 2011; MAIA; SILVE; GOTO, 2010), sazonalidade
(GUADARRAMA et al., 2014), diversidade vegetal (EMERY et al., 2015) e diferentes
formas de uso da terra (BAINARD et al., 2015). Além disso, mudanças climáticas, tais como
o aumento de CO2 podem afetar a comunidade de FMA no ambiente (COTTON et al., 2015).
Dessa forma, os FMA podem ser influenciados direta ou indiretamente pela modificação da
17
vegetação que responde às mudanças no solo ou clima (HART; READER; KLIRONOMOS,
2001).
2.2.1 FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM GRADIENTES DE ALTITUDE
A altitude é um dos fatores que podem atuar na diversidade de plantas e
microrganismos (LI et al., 2014) por modificar condições climáticas, tais como temperatura,
pressão atmosférica do ar e radiação solar; e geográficas, como por exemplo, o tamanho da
área de terra (KÖRNER et al., 2007). Portanto, as variações de altitude permitem analisar
quais características favorecem o estabelecimento das espécies no gradiente elevacional
(HARLEY, 1995), pois essas mudanças ocorrem em ambientes distintos que são próximos
entre si (FISCHER; BLASCHKE; BÄSSLER, 2011).
Estudos florísticos em montanhas demonstram que a distribuição dos táxons vegetais
muda ao longo do gradiente de altitude. Pompeu et al. (2011) analisaram plantas ao longo de
um gradiente de altitude em florestas na Serra da Mantiqueira (MG) e observaram que com o
acréscimo de altitude a diversidade diminui, enquanto a curva da riqueza aumenta até a
altitude intermediária, e em seguida, diminui. Fisher e Fulé (2004) não observaram diferenças
significativas na diversidade de espécies vegetais, estudando um gradiente de altitude no Pico
de São Francisco, no Arizona (EUA), mas a riqueza foi diferente entre os tipos de vegetação,
sendo menor nas altitudes intermediárias.
Como os FMA são simbiontes que ajudam os vegetais na obtenção de nutrientes, essa
associação pode ser mais importante quando as plantas estão em condições extremas e
necessitam sobreviver em situações ambientais difíceis (LI et al., 2014), tais como quando se
desenvolvem em afloramentos rochosos montanhosos. Com o aumento gradual de altitude
vários fatores bióticos e abióticos são modificados, sendo capazes de influenciar a
comunidade de FMA, por isso estudos em áreas montanhosas permitem avaliar preferências
ecológicas na distribuição dos fungos no gradiente de altitude (ANTONINKA; RITCHIE;
JOHNSON, 2015). Os principais fatores atuando nessas mudanças são a planta hospedeira,
variáveis do solo e elevação (LI et al., 2014).
Os estudos sobre os FMA realizados em áreas de altitude contemplam diversos
ecossistemas, tais como: florestas (FISHER; FULÉ, 2004; BONFIM et al., 2016), tundra
(SCHMIDT et al., 2008), campos rupestres (COUTINHO et al., 2015), pastagem de puna
(LUGO et al., 2008), campos alpinos (READ; HASELWANDTER, 1981), pradaria (LI et al.,
2014), além de áreas cultivadas (BEENHOUWER et al., 2015) nos continentes da América,
18
Europa, Ásia e África. Nesses trabalhos foram recuperadas 108 espécies de FMA
(identificadas até nível específico) através de análises morfológicas e moleculares, das quais
Acaulospora spinosa esteve presente em cinco estudos com identificação das espécies, e os
gêneros com maior ocorrência foram Glomus e Acaulospora.
A composição da comunidade de FMA pode não ter diferenças ao longo do gradiente
de altitude (BEENHOUWER et al., 2015). Porém, a maioria dos estudos encontraram
variações em vários aspectos ecológicos desses fungos, sendo importante compreender como
a altitude afeta as condições ambientais que influenciam a riqueza, composição e diversidade
das comunidades de FMA.
Shi et al. (2014) determinaram o número de esporos, riqueza e diversidade de espécies
e colonização micorrízica em montanhas do Monte Taibai na China, e de acordo com esses
autores, os padrões de distribuição dessas análises foram diferentes ao longo do gradiente
(1.050 a 3.750 m de altitude). Os autores também sugerem que fatores ambientais, mudança
na altitude e espécies vegetais foram os principais fatores que influenciaram a comunidade de
FMA. Liu et al. (2015) analisaram a encosta ocidental e oriental de uma montanha na China
com vegetação herbácea alpina em um gradiente altidudinal variando de 4.150 a 5.033 m e
verificaram que a diversidade e riqueza de espécies de FMA mostraram tendências diferentes
com o aumento de altitude, nos dois lados da montanha, sendo essas diferenças causadas por
mudanças na comunidades de plantas, propriedades do solo e condições climáticas.
Na montanha Segrila na região do Tibete (China), a riqueza, o número de esporos e
percentual de colonização diminuem com a altitude, porém a diversidade não diferiu
estatisticamente (GAI et al., 2012). Não é fácil correlacionar quais condições estão
influenciando a distribuição dos fungos no gradiente, visto que vários fatores podem estar
envolvidos, e podem não estar correlacionados com a comunidade de FMA. Lugo et al.
(2008) analisaram a comunidade de FMA em gramíneas com via metabólica C3 e C4. Os
táxons vegetais sofreram variação com a altitude: as plantas do tipo C3 predominaram nas
áreas mais elevadas, enquanto as plantas C4 tiveram maior ocorrência em menores altitudes.
Porém, não houve diferença significativa na riqueza e abundância dos FMA entre as
gramíneas estudadas. Em relação à mudança de altitude de 3.320 a 3.870 m, o número de
esporos e a riqueza de FMA foram correlacionados negativamente com o acréscimo da
elevação.
Read e Haselwandter (1981) observaram em montanhas dos alpes na Áustria que a
colonização por FMA foi maior nas altitudes intermediárias e menores na menor e maior
altitude (1.600 m e 3.000 m). Os autores sugerem que o estresse nutricional pode não ser o
19
principal fator para o desenvolvimento das plantas, e que a baixa colonização na maior
altitude pode ter ocorrido por falta de contato do fungo com a raiz, que cresce por um período
de tempo curto quando a cobertura de neve diminui. Fisher e Fulé (2004) realizaram bioensaio
de infectividade de FMA e verificaram que o percentual de colonização fúngica foi
correlacionado positivamente com riqueza de espécies vegetais, visto que maiores números de
colonização ocorreram nas áreas com maior número de espécies de plantas, que consistiam
nas menores e maiores elevações, 2.595 e 3.308 m, respectivamente.
Nas raízes podem ser encontrados mais que um tipo de fungo, já que micorrizas e
fungos endofíticos podem colonizar raízes vegetais. Desta forma ambos tipos ou apenas um
deles pode estar presente na zona radicular, porém, isto pode variar de acordo com a altitude
(HASELWANDTER; READ, 1980). Na área de maior altitude montanhosa na Áustria, na
qual o ambiente tinha condições mais extremas e ocorria vegetação aberta, a colonização
micorrízica era rara, enquanto a presença de fungo endofítico (Rhizoctonia sp.) foi mais
abundante nas raízes (HASELWANDTER; READ, 1980). Isso provavelmente ocorreu por
causa do tipo de reprodução dos fungos, pois havia poucos esporos de FMA nas áreas de
altitudes alpinas, enquanto existiam várias estruturas de reprodução de Rhizoctonia sp. nas
raízes que poderiam representar os principais inóculos para os hospedeiros vegetais.
Schmidt et al. (2008) analisaram colonização de raízes por FMA e fungos endofíticos
em dois locais. Nos Andes (Peru) houve duas espécies de plantas da família Compositae na
área de maior altitude (5.391 m) que não foram colonizadas por FMA, mas continham
endofíticos, entretanto, nas altitudes mais baixas o padrão inverso ocorria; e no Colorado
(EUA) o percentual de colonização micorrízica total diminuiu significativamente com o
acréscimo de altitude, que chegou a 4.298 m. De acordo com o estudo, os resultados sugerem
que os FMA não estão bem adaptados a altas altitudes ou mesmo que as mudanças
morfológicas em plantas e fungos causadas pela elevação contribuem para essa redução de
colonização.
Estudos com FMA em ambientes montanhosos concentram-se nas áreas temperadas,
nas quais frequentemente são encontrados novos táxons (OEHL et al., 2006; PALENZUELA
et al., 2014). Análises de gradiente de altitude no Brasil foram realizadas na Serra do Cipó,
que faz parte da Cadeia do Espinhaço no estado de Minas Gerais (COUTINHO et al., 2015), e
na Serra do Mar no estado de São Paulo (BONFIM et al., 2016). Esses dados mostraram que
essas áreas abrigam uma grande biodiversidade de FMA. Dessa forma, é provável que os
ambientes de altitude dos trópicos possuam maior diversidade de FMA, pois esses
ecossistemas possuem mais variações climáticas do que os gradientes elevacionais de clima
20
temperado (RAHBEK 1995). Os ecossistemas montanhosos do Brasil podem ser fontes de
novas espécies de fungos, visto que Cetraspora auronigra Oehl, L.L. Lima, Kozovitz, Magna,
G.A. Silva, foi descrita recentemente em uma floresta tropical montanhosa em áreas de campo
rupestre no estado de Minas Gerais (LIMA et al., 2014a). Além disso, áreas de altitude são
pouco estudadas no país e merecem maior atenção pela constante degradação.
21
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo localiza-se na Serra das Almas, no município de Rio de Contas, a
cerca de 360 km de Salvador, no estado da Bahia. De acordo com a classificação de Köppen,
o clima da área é do tipo Cwb – caracterizado como temperado úmido, com verão chuvoso e
inverno seco, apresentando médias anuais inferiores a 22 °C e temperaturas baixas durante o
inverno. No mês de coleta (maio/2014), a média da temperatura mínima foi 16,88 °C, a
temperatura máxima foi 26,48 °C e a precipitação acumulada mensal foi 29,4 mm
(www.climatempo.com.br) (Figura 1).
Figura 1 - Temperatura mínima, máxima (°C) e precipitação mensal (mm) no município de Rio de Contas,
(Bahia) durante o ano de 2014.
Fonte: Climatempo, 2014.
No município de Rio de Contas predomina a vegetação de campo rupestre e cerrado,
mas também podem ser encontrados ecossistema de Caatinga, além de áreas agrícolas
(ROCHA et al., 2005). A florística do Pico das Almas encontra-se descrita em Stannard
(1995), com predominância de representantes das famílias Compositae, Melastomataceae,
Orchidaceae, Cyperaceae, Rubiaceae, Fabaceae, Poaceae, Lamiaceae, Xyridaceae, Myrtaceae,
Euphorbiaceae e Eriocaulaceae, que constituem 54% da flora da área.
22
As coletas foram realizadas em cinco pontos ao longo da Serra das Almas, seguindo o
gradiente altitudinal que resultou no intervalo de 500 m de altitude da base até o cume e cerca
de 3 km de distância (Figura 2).
Figura 2 - Áreas de coleta visualizadas através de imagens de satélite na Serra das Almas, Bahia, Brasil.
Fonte: Google Earth, 2015.
No presente estudo foi possível observar cinco fisionomias vegetacionais: o primeiro
habitat, situado a 1.451 m de altitude (13°31'10.58"S, 41°56'23.98"O), foi denominado de
cerrado de altitude (CEA). De acordo com Harley (1995), na região do Pico das Almas há
locais entre 1.000 e 1.500 m de altitude, no qual ocorrem cerrados de altitude. Nessas áreas
são identificados elementos vegetais de cerrado e campo rupestre, sendo considerado como
uma zona de transição entre os dois tipos florísticos (RODELA, 1998). O segundo habitat tem
1.547 m de altitude (13°31'25.27"S, 41°57'9.52"O) e localiza-se no “Vale do Queiroz”, o qual
possui predominantemente vegetação herbácea e solo úmido, foi denominado campo limpo
(CAL). O bosque esparso encontrado no Campo do Queiroz é formado por árvores delgadas e
esgalhadas (HARLEY, 1995). O terceiro local de coleta constitui a mata de galeria (MAG) a
1.564 m de altitude (13°31'26.13"S, 41°57'18.96"O). As matas de galerias são caracterizadas
por representantes de Floresta perenifólia ou semi-caducifólia ao longo de rios e riachos
(ZAPPI et al., 2003; HARLEY, 1995). O quarto habitat localiza-se a 1.657 m (13°31'27.31"S,
41°57'34.72"O), com fisionomia de campo rupestre, porém havia sofrido queimada em 2010,
sendo encontrados muitos espécimes de capim-elefante, a área foi denominada campo
23
rupestre em regeneração (CRR). O último habitat localiza-se no ponto culminante da serra, o
Pico das Almas a 1.958 m de altitude (13°31'36.63"S, 41°58'2.59"O), com vegetação
característica de campos rupestres (CAR) (Figura 3).
Figura 3 - Áreas de coleta na Serra das Almas, Bahia, Brasil. (A) cerrado de altitude - CEA, (B) campo limpo –
CAL, (C) mata de galeria – MAG, (D) campo rupestre em regeneração - CRR, (E) campo rupestre – CAR.
Fonte: A autora, 2016
3.2 COLETA DAS AMOSTRAS
A coleta foi realizada no mês de maio de 2014, início do período seco. Na Serra das
Almas foram selecionadas, ao longo do gradiente de altitude, cinco habitats diferentes. Em
cada nível foi delimitada uma área de 1.600 m2
contendo seis parcelas de 100 m2 que
distanciavam 10 m entre si. Em cada parcela foi coletada uma amostra (composta de 10
subamostras), totalizando 30 amostras compostas na área de estudo. Cada amostra composta
tinha cerca de 5 kg de solo e raízes.
3.3 COLONIZAÇÃO RADICULAR
As raízes foram separadas manualmente do solo e lavadas com água destilada,
diafanizadas com KOH 10% e coradas com azul de Trypan (0,05%) (PHILLIPS; HAYMAN,
1970). Para determinação do percentual de colonização radicular, as raízes foram avaliadas de
A B C
D E
24
acordo com o método de McGonigle et al. (1990), que avalia a presença de hifas, vesículas e
arbúsculos.
3.4 QUANTIFICAÇÃO DOS ESPOROS E IDENTIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS FMA
Os esporos foram extraídos a partir de 50 g de solo através do método de
peneiramento úmido (GERDEMANN; NICOLSON, 1963) e centrifugação em água e
sacarose (JENKINS, 1964) e em seguida, foram quantificados em placa canaletada com
auxílio de estereomicroscópio (40x). Os esporos foram montados em lâminas com PVLG
(álcool-polivinílico em lactoglicerol) e com PVLG + reagente de Melzer (1:1), em seguida
foram identificados morfologicamente no microscópio com auxílio de literatura recente
(SCHENCK; PEREZ, 1990; BLASZKOWSKI, 2012).
3.5 OBTENÇÃO DE ESPOROS EM CULTURAS ARMADILHA
Para montagem das culturas armadilha, foram feitas amostras compostas (dois a dois)
dos pontos amostrados (500 g de cada amostra foram retiradas para montagem dos vasos). O
solo foi misturado, colocado em potes plásticos, nos quais foi semeado sorgo forrageiro
(Sorghum bicolor (L.) Moench), milho (Zea mays L.) e amendoim (Arachis hypogaea L.). As
plantas foram mantidas durante dois ciclos de quatro meses em casa de vegetação, sob regas
constantes. Após cada ciclo, foi retirada uma alíquota de solo para extração de esporos e
montagem de lâminas para identificação das espécies de FMA.
3.6 ANÁLISES ECOLÓGICAS DA COMUNIDADE DE FMA
Para análise da comunidade de FMA, a riqueza e o índice de Shannon foram
calculados para cada amostra. A riqueza é o número de espécies em cada amostra. O índice de
diversidade de espécies de Shannon foi calculado de acordo com a equação H‟= -Σ(Xi/Xo) x
log(Xi/Xo), onde Xi é o número de esporos de cada espécie; Xo é o número total de esporos
de todas as espécies, para fins estatísticos foram utilizados os valores de Exp (H‟). Para
determinar a similaridade entre as áreas, foi realizado o índice de similaridade de Sørensen
(BROWER; ZAR, 1984).
A análise de espécie indicadora (DUFRENE; LEGENDRE, 1997) foi realizada
objetivando identificar espécies indicadoras de cada local de coleta, o valor de indicação
25
(IndVal) foi calculado para cada espécie e a significância dos valores foi calculada pelo teste
de Monte Carlo, as espécies foram consideradas indicadoras quando apresentaram p<0,05 e
IndVal maior ou igual a 25%.
Os dados de abundância relativa de cada espécie da comunidade de FMA (baseados na
identificação morfólogica) foram analisados empregando-se a técnica NMS (non-metric
multidimensional scaling) de ordenação multivariada e utilizando-se o índice de Sørensen,
com o objetivo de verificar o efeito das diferentes fisionomias vegetacionais sobre a estrutura
e composição da comunidade de FMA. As propriedades físicas e químicas do solo foram
utilizadas para verificar a correlação desses fatores com os eixos da ordenação. A análise de
Permutação multivariada (PERMANOVA) foi realizada para comparar a composição da
comunidade entre os locais estudados, as áreas foram comparadas duas a duas.
As análises espécie indicadora, NMS e a construção dos gráficos box plot foram
realizadas utilizando o programa PC-ORD versão 5.0. A análise de agrupamento e a curva de
acumulação de espécies foram realizadas com auxílio do programa Primer 6.0 (CLARKE;
GORLEY, 2006). Os valores calculados nas curvas de acumulação de espécies foram
utilizados para a construção do gráfico no programa Excel®.
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados de colonização foram transformados em arco seno, os de números de esporos
transformados em log (x+1) e os do índice de Shannon foram transformados em Exp (H‟). Os
dados de colonização micorrízica, número de esporos, índice de Shannon, riqueza e os
atributos do solo foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey (P ≤ 0,05) utilizando o programa Assistat.
3.8 ANÁLISE DO SOLO
A caracterização química e física das 30 amostras de solo do local de coleta foi
realizada na Estação Experimental de Cana de Açúcar de Carpina da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (Tabela 1).
26
4 RESULTADOS
4.1 PROPRIEDADES DO SOLO
Os solos amostrados tem pH ácido e no geral diferem significativamente entre si
(Tabela 1). O teor de fósforo variou de 3 a 19, sendo estatisticamente maior em CEA e CAR.
O habitat com menor teor de ferro foi CEA, que teve maior concentração de manganês e
cobre. O solo de MAG possui maior quantidade de ferro, potássio, alumínio e CTC, e o de
CAR maior teor de cálcio. A quantidade de matéria orgânica é significativamente maior em
CAR e MAG. No CEA encontra-se o maior teor de areia grossa e areia fina e o menor teor de
silte, em oposição à MAG. Os solos de CAL e CRR possuem maior quantidade de argila,
enquanto CAR tem o menor teor desse atributo.
Tabela 1 - Atributos químicos e granulométricos do solo da Serra das Almas, Bahia. Habitats: CEA (cerrado de
altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo
rupestre). Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
CEA CAL MAG CRR CAR
Análise química
mg/dm3
Fe 16,35 c 124,47 bc 336,57 a 210,63 ab 217,67 ab
Cu 1,27 a 0,15 b 0,42 b 0,05 b 0,12 b
Zn 25,95 a 8,73 a 8,75 a 18,93 a 13,65 a
Mn 25,08 a 0,48 b 0,21 b 3,00 b 0,65 b
P 6 c 3 c 13 b 4 c 19 a
pH 4,2 b 5,0 a 4,1 b 4,8 a 3,6 c
cmolc/dm3
K 0,05 c 0,05 c 0,28 a 0,08 c 0,19 b
Na 0,03 b 0,04 b 0,09 a 0,06 ab 0,09 a
Al 1,8 b 0,8 c 6,1 a 1,9 b 2,0 b
Ca 0,33 b 0,30 b 0,44 b 0,30 b 1,05 a
Mg 0,27 a 0,28 a 0,29 a 0,28 a 0,38 a
CTC 7,07 c 4,77 c 25,82 a 7,20 c 14,27 b
% MO 1,60 b 1,51 b 11,30 a 2,80 b 8,31 a
Análise granulométrica
%
AG 46,91 a 26,30 bc 14,71 c 37,33 ab 40,92 ab
AF 22,44 a 9,65 bc 5,75 c 16,92 ab 16,32 ab
Silte 25,2 c 54,6 ab 70,9 a 35,9 bc 37,9 bc
Argila 5,4 bc 9,5 a 8,6 ab 9,9 a 4,8 c
Fonte: A autora, 2016
27
4.2 NÚMERO DE ESPOROS
Maior número de esporos foi observado em CAR, a qual foi estatisticamente similar
em abundância de esporos a CEA e MAG. Em CAL ocorreu menor número de esporos, sendo
similar apenas com CRR (Figura 4). Nossos resultados diferem do padrão esperado em áreas
de altitude e não apresentou nenhum padrão de distribuição dos esporos com o acréscimo de
altitude.
Figura 4 - Média do número de esporos de FMA em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de
altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo
rupestre). Médias seguidas pela mesma letra nas barras não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5%.
Fonte: A autora, 2016
4.3 COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA
Não foi observada diferença significativa no percentual de colonização por arbúsculos,
vesículas, hifas e colonização total de FMA entre os habitats (Tabela 2).
Tabela 2 - Colonização radicular total, de arbúsculos, vesículas e hifas (%) em cinco habitats da Serra das
Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre
em regeneração), CAR (campo rupestre). Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem
significativamente pelo teste de Tukey a 5%.
Habitats (%)
Total Arbúsculo Vesícula Hifa
CEA 23,98a 0,00a 1,95a 22,02a
CAL 29,07a 0,19a 4,79a 24,08a
MAG 32,32a 0,06a 5,77a 26,48a
CRR 29,17a 0,13a 4,25a 24,79a
CAR 29,24a 0,29a 7,02a 21,93a
Fonte: A autora, 2016
a
ab ab
bc c
28
4.4 RIQUEZA DE ESPÉCIES
Foram quantificados 5.603 esporos nos cinco habitats da Serra das Almas que
representaram 49 espécies de FMA. As espécies identificadas pertencem a cinco ordens, 11
famílias e 20 gêneros (Tabela 3). Dessas espécies, 14 não foram identificadas a nível
específico, devido à falta de características distintivas e/ou por se tratarem de novas espécies
(Scutellospora sp. 1 e Scutellospora sp. 2). Os gêneros Glomus e Acaulospora são os mais
representativos em número de espécies na área de estudo, com nove e oito espécies,
respectivamente, seguido por Scutellospora (6). A riqueza variou entre 19 a 26 espécies de
FMA, e foi menor no habitat CEA em relação aos demais, e nenhum habitat atingiu o ponto
de estabilização da curva (Figura 5).
Figura 5 - Curva de acumulação de espécies de FMA identificadas em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia:
CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração),
CAR (campo rupestre).
Fonte: A autora, 2016
As espécies Acaulospora mellea¸ Claroideoglomus etunicatum, Glomus brohultii, G.
glomerulatum, G. macrocarpum, G. microcarpum, Glomus sp. 4, Gigaspora margarita,
Bulbospora minima, Orbispora pernambucana e Scutellospora calospora foram registradas
em todas os habitats, enquanto 20 táxons tiveram a distribuição limitada a apenas um habitat
(Tabela 3).
29
Tabela 3 - Espécies de FMA identificadas com seus respectivos valores de indicação (VI) e grupo de indicação
em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de
galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre). Valores de indicação (VI) e grupo de
indicação das espécies.
Espécies CEA CAL MAG CRR CAR Grupo Valor de
indicação (VI)
P*
Acaulosporaceae
Acaulospora aff. alpina X X X CAR 42.0 0.0646
Acaulospora foveata Trappe & Janos X CEA 16.7 1.0000
Acaulospora laevis Gerd. & Trappe X CRR 16.7 1.0000
Acaulospora longula Spain & N.C. Schenck X X CRR 63.3 0.0036
Acaulospora mellea Spain & N.C. Schenck X X X X X CAR 28.2 0.4127
Acaulospora morrowiae Spain & N.C. Schenck X X CRR 32.4 0.1750
Acaulospora sp. 1 X MAG 16.7 1.0000
Acaulospora sp. 2 X X MAG 62.1 0.0061
Kuklospora colombiana (Spain & N.C. Schenck)
Oehl & Sieverd.
X CAL 16.7 1.0000
Kuklospora sp. X CAL 16.7 1.0000
Ambisporaceae
Ambispora appendicula (Spain, Sieverd. & N.C.
Schenck) C. Walker
X X X CAL 27.7 0.1571
Dentiscutataceae
Dentiscutata cerradensis (Spain & J. Miranda)
Sieverd., F.A. Souza & Oehl
X MAG 16.7 1.0000
Diversisporaceae
Diversispora eburnea (L.J. Kenn., J.C. Stutz & J.B.
Morton) C. Walker & A. Schüßler
X CRR 16.7 1.0000
Tricispora nevadensis (Palenzuela, Ferrol, Azcón-
Aguilar & Oehl) Oehl, Palenzuela, G.A. Silva &
Sieverd.
X CAL 16.7 1.0000
Entrophosporaceae
Claroideoglomus etunicatum (W.N. Becker &
Gerd.) C. Walker & A. Schüßler
X X X X X CAL 18.2 0.7438
Entrophospora aff. infrequens X CAR 33.3 0.1741
Glomeraceae
Dominikia bernensis Oehl, Palenz., Sánchez-
Castro, N.M.F.Sousa & G.A.Silva
X CAR 16.7 1.0000
Funneliformis mosseae (T.H. Nicolson & Gerd.) C.
Walker & A. Schüßler
X CAR 16.7 1.0000
Glomus brohultii R.A. Herrera, Ferrer & Sieverd. X X X X X CEA 31.9 0.0041
Glomus glomerulatum Sieverd. X X X X X CEA 21.9 0.8414
Glomus macrocarpum Tul. & C. Tul. X X X X X CAL 25.2 0.6122
Glomus microcarpum Tul. & C. Tul. X X X X X CAR 26.8 0.5850
Glomus sp. 1 X X X X CAR 33.8 0.1730
Glomus sp. 2 X X X CAL 13.2 1.0000
Glomus sp. 3 X X X X CRR 47.6 0.1409
Glomus sp. 4 X X X X X CRR 44.2 0.2262
Glomus sp. 5 X MAG 16.7 1.0000
Rhizoglomus clarum (T.H. Nicolson & N.C.
Schenck) Sieverd., G.A. Silva & Oehl
X X CRR 12.8 1.0000
30
Continuação da Tabela 3 - Espécies de FMA identificadas com seus respectivos valores de indicação (VI) e
grupo de indicação em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo
limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre). Valores de
indicação (VI) e grupo de indicação das espécies.
Espécies CEA CAL MAG CRR CAR Grupo Valor de
indicação (VI)
P*
Rhizoglomus intraradices (N.C. Schenck & G.S.
Sm.) Sieverd., G.A. Silva & Oehl
X X CAL 9.2 1.0000
Rhizoglomus sp. X CRR 50.0 0.0249
Gigasporaceae
Gigaspora decipiens I.R. Hall & L.K. Abbott X X CAL 27.4 0.1695
Gigaspora gigantea (T.H. Nicolson & Gerd.) Gerd.
& Trappe
X X X MAG 20.1 0.3617
Gigaspora margarita W.N. Becker & I.R. Hall X X X X X MAG 19.3 0.5488
Intraornatosporaceae
Paradentiscutata bahiana Oehl, Magna, B.T. Goto
& G.A. Silva
X CAL 16.7 1.0000
Paraglomeraceae
Paraglomus pernambucanum Oehl, C.M. Mello,
Magna & G.A. Silva
X CRR 16.7 1.0000
Racocetraceae
Cetraspora auronigra Oehl, L.L. Lima, Kozovits,
Magna & G.A. Silva
X CRR 16.7 1.0000
Cetraspora gilmorei (Trappe & Gerd.) Oehl, F.A.
Souza & Sieverd.
X X MAG 36.0 0.0678
Cetrapora sp. X X CAL 16.2 1.0000
Racocetra fulgida (Koske & C. Walker) Oehl, F.A.
Souza & Sieverd.
X X X CAL 7.8 1.0000
Racocetra tropicana Oehl, B.T. Goto & G.A. Silva X MAG 16.7 1.0000
Scutellosporaceae
Bulbospora minima Oehl, Marinho, B.T. Goto &
G.A. Silva
X X X X X CRR 33.7 0.3312
Orbispora pernambucana (Oehl, D.K. Silva, N.
Freitas, L.C. Maia) Oehl, G.A.Silva & D.K. Silva
X X X X X CRR 29.5 0.3803
Orbispora sp. X CRR 16.7 1.0000
Scutellospora aurigloba (I.R. Hall) C. Walker &
F.E. Sanders
X MAG 16.7 1.0000
Scutellospora calospora (T.H. Nicolson & Gerd.)
C. Walker & F.E. Sanders
X X X X X CEA 25.9 0.5633
Scutellospora sp. 1 X MAG 66.7 0.0039
Scutellospora sp. 2 X X CRR 17.7 0.4719
Scutellospora sp. 3 X CEA 16.7 1.0000
Scutellospora spinosissima C. Walker & Cuenca X X CAL 27.4 0.3277
*valores de p são significativos quando menores que 0,05. As espécies são consideradas indicadoras quando VI
> 25% e o p<0,05 e estão destacadas em negrito. Fonte: A autora, 2016
Com a análise de espécie indicadora foi possível identificar cinco espécies indicadoras
de algum dos habitats: Acaulospora longula e Rhizoglomus sp. são espécies indicadoras do
habitat CRR, Acaulospora sp. 2 e Scutellospora sp. 1 são indicadoras da MAG e Glomus
brohultii de CEA (Tabela 3).
31
A média da riqueza de FMA e do índice de Shannon por amostra não diferiu entre os
habitats (Figura 6a e b; p>0,05).
Figura 6 - Riqueza de espécies (a) e índice de Shannon (b) de FMA identificados em cinco habitats da Serra das
Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre
em regeneração), CAR (campo rupestre). Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fonte: A autora, 2016
A maioria dos gêneros não diferiu significativamente por amostra, entretanto
Acaulospora, Bulbospora e Glomus mostraram diferentes abundâncias entre os habitats
(Figura 7a, b e c). O número de indivíduos de Acaulospora foi significativamente maior no
a a a a
a a a a a
a
(a)
(b)
32
local de maior elevação, diferindo significativamente do de menor altitude, enquanto o gênero
Bulbospora mostrou um padrão inverso. Representantes do gênero Glomus diferiram entre os
habitats, com maior abundância em CAR, diferindo de CRR e CAL.
Figura 7 - Abundância relativa dos gêneros (%) Acaulospora (a), Bulbospora (b) e Glomus (c) em cinco habitats
da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de galeria), CRR
(campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre). Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ab
(a)
(b)
b ab ab a
a ab ab ab b
33
Fonte: A autora, 2016
4.5 COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE FMA
A comunidade de FMA diferiu entre os habitats na Serra das Almas. A análise de
permutação multivariada (PERMANOVA) evidenciou que os habitats avaliados diferem em
relação à composição de espécies (F=2.5461; p<0,05). O local de menor altitude - CEA
diferiu de todas as demais áreas (Tabela 4), enquanto que CAL diferiu apenas de CEA, MAG
diferiu de CRR e CEA, CRR diferiu de CAR, MAG e CEA, não apresentando diferenças
apenas em relação a CAL. CAR diferiu de CRR e CEA, sendo similar a MAG e CAL.
Tabela 4 - Análise da comparação entre os diferentes habitats pela análise de Permutação multivariada
(PERMANOVA) em Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata de
galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre).
Comparação habitats P
CAR vs. CRR 0,0019
CAR vs. MAG 0,6374
CAR vs. CAL 0,1140
CAR vs. CEA 0,0137
CRR vs. MAG 0,0055
CRR vs. CAL 0,8914
CRR vs. CEA 0,0115
MAG vs. CAL 0,1538
MAG vs. CEA 0,0091
CAL vs. CEA 0,0185
Fonte: A autora, 2016
(c)
ab ab bc a c
34
De acordo com o índice de similaridade de Sørensen, a comunidade de FMA dos
habitats CAR e MAG são 70% similares, e estas são 60% similares com CEA. Por outro lado,
a comunidade de FMA presente em CRR e CAL são 70% similares, e estes habitats possuem
cerca de 35% de similaridade com os demais (Figura 8).
Figura 8 - Análise de agrupamento utilizando-se o índice de Sørensen para calcular a similaridade de espécies de
FMA em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo), MAG (mata
de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre).
Fonte: A autora, 2016
A análise de NMS mostrou a separação entre os habitats com o CEA se apresentando
distinto das demais. Os eixos do NMS explicaram aproximadamente 88% da variação dos
dados e o conteúdo de silte se correlacionou negativamente com o eixo 2; enquanto que o
conteúdo de areia grossa se correlacionou positivamente com o mesmo eixo (Figura 9).
35
Figura 9 - Análise de escalonamento multidimensional com base na comunidade de FMA correlacionado com
atributos do solo em cinco habitats da Serra das Almas, Bahia: CEA (cerrado de altitude), CAL (campo limpo),
MAG (mata de galeria), CRR (campo rupestre em regeneração), CAR (campo rupestre).
Fonte: A autora, 2016
Nos vasos de cultivos de cultura armadilha foram recuperadas 19 espécies:
Acaulospora mellea, Acaulospora sp. 2, Ambispora appendicula, Bulbospora minima,
Cetraspora gilmorei, Claroideoglomus etunicatum, Kuklospora colombiana, Gigaspora
margarita, Glomus brohultii, G. glomerulatum, G. macrocarpum, G. microcarpum, Glomus
sp. 1, Glomus sp. 2, Glomus sp. 4, Paradentiscutata bahiana, Scutellospora calospora,
Scutellospora sp. 2 e Orbispora pernambucana. A partir das culturas armadilha foi possível
registrar a espécie Paradentiscutata bahiana para o habitat CRR, uma vez que a partir das
amostras do campo essa espécie havia sido identificada apenas em amostras coletadas no
habitat CAL.
36
5 DISCUSSÃO
Os solos da Cadeia do espinhaço e Chapada Diamantina são ácidos e arenosos
(GIULIETTI et al., 1987; CONCEIÇÃO; PIRANI, 2005). De acordo com Chaverri-Polini
(1998), montanhas úmidas possuem solos ácidos com grande teor de alumínio, assim como os
da Serra das Almas. Coutinho et al. (2015) sugeriram que os solos mais ácidos encontrados
em maiores altitudes ocorrem devido a lixiviação. A maior concentração de matéria orgânica
em CAR e MAG está associada ao tipo de substrato presente nessas duas fisionomias
vegetacionais. Os microhabitats de afloramentos rochosos presentes em áreas de campos
rupestres são conhecidos por possuir elevado teor de matéria orgânica (CONCEIÇÃO;
PIRANI, 2005), enquanto MAG possui grande quantidade de serapilheira formada pela
decomposição de material da parte aérea das plantas. Os habitats estudados mostram
diferenças na textura do solo, que possuem diferentes teores de argila, areia e silte. Essas
partículas de tamanho diferentes caracterizam condições do solo, tais como a porosidade que
proporciona espaços no solo para os microrganismos.
No presente estudo, não foi possível observar nenhuma tendência entre a esporulação
dos FMA e o gradiente de altitude. No entanto, a densidade de esporos foi maior no habitat de
maior altitude, resultado que difere dos obtidos em montanhas na China (LI et al., 2014; GAI
et al., 2012) e Argentina (LUGO et al., 2008), em que o número de esporos foi menor no
ambiente de maior altitude. O número de esporos pode ter sido maior em CAR pelo número
superior de microhabitats presentes nesse local, os quais são fornecidos pelos afloramentos
rochosos. Além disso, os afloramentos rochosos são constituídos por um emaranhado de
raízes densamente agrupadas (CONCEIÇÃO; GIULIETTI, 2002), que podem aumentar a
disponibilidade de simbiose com os FMA.
Diversos fatores podem explicar as variações na distribuição da densidade dos
esporos: propriedades do solo, idade da planta associada, dormência dos esporos e
modificações geográficas (LUGO et al., 2008). Portanto, mais variáveis devem ser
consideradas nas análises de FMA com a altitude para compreender quais são as maiores
influências na esporulação. No presente trabalho, a média de número de esporos variou de
66,66 a 359,5 50 g-1
solo nos habitats estudados, sendo esses valores similares aos observados
em áreas de campos rupestres da Serra do Cipó (CARVALHO et al., 2012).
De modo geral, a colonização dos FMA nas raízes vegetais é menor no habitat de
maior altitude (GAI et al., 2012; READ; HASELWANDTER, 1981; LI et al., 2014), e
algumas vezes, plantas das altitudes mais altas não são capazes de realizar essa associação,
37
por isso o percentual de colonização pode ser menor (SCHMIDT et al., 2008). No entanto, no
presente estudo não foi observado nenhuma relação entre colonização micorrízica e altitude.
Schmidt et al. (2008) também observaram que as estruturas de FMA presentes nas raízes de
plantas na Cordilheira dos Andes não apresentavam relação significativa com a altitude.
A média de colonização micorrízica total variou de 23,98 a 32,32%, esses valores de
colonização radicular estão dentro do observado em outros ambientes de montanhas, como em
áreas montanhosas no Tibete, onde o percentual de colonização variou de 14 a 50% (LI et al.,
2014). A colonização por arbúsculos foi muito baixa (<1%) e a média variou de 0 a 0,29%,
esses valores de colonização de arbúsculos foram inferiores aos observados em outros
ambientes de montanha (LI et al., 2014). A média de colonização por hifas foi a mais
abundante nos ambientes estudados, variando de 21,93 a 26,48%. Nas áreas estudadas houve
predominância de taxa das famílias Acaulosporaceae e Glomeraceae perfazendo cerca de
50% de todos os táxons registrados, essas famílias são conhecidas por apresentarem maior
produção de hifas intracelulares (HART; READER, 2002). Varela-Cervero et al. (2015),
estudando os diferentes propágulos dos FMA, observaram que o gênero Glomus é mais
encontrado dentro das raízes quando comparado a micélio extra radicular e esporos. Nesse
sentido, a predominância desse gênero pode explicar a maior colonização por hifas registrada
em nosso estudo.
Esse é o primeiro estudo sobre a diversidade de FMA em gradiente de altitude em
diferentes ecossistemas da Chapada Diamantina e apresentou, no geral, grande riqueza de
espécies na área de estudo. A riqueza de táxons obtida na Serra das Almas foi similar a outras
áreas de campo rupestre no Brasil. Carvalho et al. (2012), analisando quatro habitats
diferentes de campos rupestres e um de cerrado na Serra do Cipó (MG), registraram 49
espécies de FMA e Coutinho et al. (2015) recuperaram 51 táxons na mesma área. Em
ambientes de cerrado também em Minas Gerais, foram identificadas apenas 19 espécies de
FMA (SIQUEIRA; COLOZZI-FILHO; OLIVEIRA, 1989).
Os taxa pertencentes aos gêneros Glomus e Acaulospora representam 50% de todas as
espécies identificadas nos locais estudados, esses gêneros são comumente referidos com
maior predominância na maioria dos ecossistemas (SILVA et al., 2014; SILVA et al., 2015;
PEREIRA et al., 2014; CARVALHO et al., 2012; COUTINHO et al., 2015; BONFIM et al.,
2016), porém, deve-se considerar que esses gêneros são os que apresentam maior número de
espécies descritas (STÜRMER; SIQUEIRA, 2008). Além disso, esses gêneros foram mais
abundantes no habitat de maior altitude (CAR), o que também foi observado por Coutinho et
al. (2015) em áreas de altitude na Serra do Cipó (MG, Brasil).
38
As espécies identificadas na Serra das Almas representam 21% da riqueza conhecida
mundialmente, sendo que três táxons são novos registros para o Brasil: Diversispora eburnea,
Tricispora nevadensis, Dominikia bernensis e 13 para o ecossistema de campos rupestres:
Acaulospora foveata, Acaulospora laevis, Bulbospora minima, Dentiscutata cerradensis,
Diversispora eburnea, Dominikia bernensis, Paradentiscutata bahiana, Paraglomus
pernambucanum, Racocetra tropicana, Rhizoglomus intraradices, Scutellospora aurigloba,
Scutellospora spinosissima e Tricispora nevadensis. Cerca de 25% das espécies identificadas
são novos registros para o estado da Bahia. Dentre as espécies encontradas em todos os
habitats da Serra das Almas, Scutellospora calospora, Claroideoglomus etunicatum e Glomus
macrocarpum foram identificadas nos cinco habitats de campos rupestres na Serra do Cipó
(CARVALHO et al., 2012) e nos ecossistema de campos ferruginosos em Minas Gerais
(LIMA, 2014b), mostrando que esses táxons estão bem distribuídos nos ecossistemas de
campos rupestres.
Vinte táxons só ocorreram em um dos habitats: Acaulospora foveata e Scutellospora
sp. 3 só ocorreram em CEA; Acaulospora laevis, Diversipora eburnea, Rhizoglomus sp.,
Paraglomus pernambucanum, Cetraspora auronigra e Orbispora sp. ocorreram apenas em
CRR; Acaulospora sp. 1, Dentiscutata cerradensis, Glomus sp. 5, Racocetra tropicana,
Scutellospora aurigloba e Scutellospora sp. 1 só ocorreram em MAG; Kuklospora
colombiana, Kuklospora sp., Tricispora nevadensis e Paradentiscutata bahiana ocorreram
apenas em CAL; e Dominikia bernensis e Funneliformis mosseae só ocorreram em CAR.
Cetraspora auronigra foi descrita recentemente ocorrendo em ecossistemas de campo
rupestre ferruginoso e floresta tropical montanhosa no estado de Minas Gerais (LIMA et al.,
2014a) e neste trabalho essa espécie foi encontrada em CRR. Acaulospora alpina, identificada
inicialmente nos Alpes da Suíça em altitudes acima de 1.300 m (OEHL et al., 2006), foi
identificada também na Serra das Almas, em áreas com aproximadamente 500 m de altitude
na Índia (RAJKUMAR; SEEMA; KUMAR, 2012) e nos Andes Chilenos entre 550 e 1.600 m
de altitude (CASTILLO et al., 2006), mostrando que essa espécie é indicativa de locais de
altitude. Este resultado ressalta a importância de mais estudos em áreas altas de ecossistemas
tropicais, visando ampliar o conhecimento sobre a distribuição dos FMA. Tricispora
nevadensis (anteriormente Entrophospora nevadensis) também foi relatada aqui, essa espécie
foi descoberta na Espanha associada a quatro espécies de plantas numa altitude de 1.900 a
3.090 m (PALENZUELA et al., 2010).
A análise de espécie indicadora foi realizada para determinar qual táxon representa os
habitats estudados e possivelmente sua preferência ambiental. Glomus brohultii foi a espécie
39
indicadora para o habitat CEA, sendo a mais comumente encontrada em estudo realizado em
área de campo rupestre (PAGANO; SCOTTI, 2009). Acaulospora longula foi considerada
indicadora do habitat CRR, essa espécie foi encontrada também em áreas de Mata Atlântica
no Brasil (GOMES; TRUFEM, 1998; CARRENHO; TRUFEM; BONONI, 2001; ZANGARO
et al., 2013). As demais espécies consideradas indicadoras são possíveis novos táxons para a
ciência. A curva de acumulação das espécies não atingiu um platô, e possivelmente mais
espécies seriam obtidas se mais coletas fossem realizadas em períodos diferentes, visto que
algumas espécies de FMA podem ter preferências sazonais e não esporular, se mantendo sob a
forma de outro tipo de propágulo no solo (ZANGARO; MOREIRA, 2010). Outra maneira de
se adicionar espécies que não estavam esporulando no campo é a partir da utilização da
técnica de cultura armadilha, mas no presente estudo não foi possível adicionar nenhuma
espécie com essa técnica. Apesar de não ter adicionado espécies a lista, a cultura armadilha
permitiu aumentar o número de táxons em um dos habitats, pois P. bahiana não havia sido
recuperada nas amostras de campo de CRR. As condições de cultivo em pote podem ter
favorecido a esporulação dessa espécie que possivelmente estava inativa, visto que não foi
recuperada na análise amostral desse habitat anteriormente. Porém, deve-se considerar que
nem sempre a quantificação de espécies de uma amostra de solo representa toda a
comunidade fúngica presente naquele momento.
No presente estudo, a riqueza e diversidade de FMA não apresentaram variação entre
os tipos de habitats. Neste sentido, GAI et al. (2012) também não verificaram diferença na
diversidade com acréscimo da elevação. Entretanto, esse resultado contrasta com a maioria
dos trabalhos, nos quais ocorrem mudanças na distribuição de espécies ao longo do gradiente
de altitude, com a riqueza diminuindo (SHI et al., 2014; GAI et al., 2012; LUGO et al., 2008),
ou aumentando significativamente conforme aumento da altitude (BONFIM et al., 2016), ou
mesmo em altitudes intermediárias (COUTINHO et al., 2015). Esses resultados evidenciam
que outros fatores além da altitude podem estar atuando na determinação da comunidade de
FMA. Apesar de não encontrar diferença entre a riqueza e o índice de diversidade em um
aspecto geral, a distribuição de alguns gêneros foram predominantes em alguns habitats em
relação aos demais. O gênero Bulbospora, representado pela única espécie Bulbospora
mínima, foi descrito em 2014 em áreas de Caatinga e afloramentos rochosos em Pernambuco,
numa área a 900 m acima do nível do mar (MARINHO et al., 2014), sendo o mesmo
registrado em todos habitats da Serra das Almas, no entanto, foi predominante no habitat de
altitude mais baixa. Possivelmente, essa espécie possui preferência por solos com alto teor de
areia, visto que o gênero predominou no habitat CEA, que possui solos mais arenosos em
40
relação aos demais habitats e, além disso, os autores referem que o local em que a espécie foi
encontrada apresenta substrato arenoso (MARINHO et al., 2014). Glomus e Acaulospora
foram encontrados principalmente nos habitats de maior altitude. Esses gêneros podem não
apresentar restrição a condições ambientais mais adversas, como nos topos frios e úmidos das
montanhas. De acordo com Varela-Cervero et al. (2015), possivelmente as espécies do gênero
Glomus tem propágulos com diferentes estratégias de vida. Em análise de um gradiente de
altitude na Argentina, Lugo et al. (2008) identificaram apenas a família Glomeraceae nas
maiores altitudes (3.700 a 3.870 m); enquanto na China, a família Glomeraceae apresentou
maior abundância relativa nas menores elevações, enquanto Acaulosporaceae predominou na
maior altitude de 4.648 m (GAI et al., 2012).
Através da análise de permutação multivariada e do índice de Sørensen foi possível
visualizar que certos habitats possuem a comunidade de FMA mais similar entre si. A
comunidade de FMA em CRR foi mais similar à encontrada em CAL, provavelmente por
influência do maior teor de argila nessas fisionomias vegetacionais. Além disso, esses habitats
tiveram maior diversidade de espécies, apesar de não ter ocorrido variação significativa
(Figura 6b). Os fungos em CAR e MAG podem ter sido similares pela maior quantidade de
matéria orgânica nessas áreas. A matéria orgânica pode influenciar a composição da
comunidade de microrganismos do solo (BARDGETT et al., 2005), incluindo os FMA
(JOHNSON et al., 1991), com o aumento de altitude (BONFIM et al., 2015). Entretanto,
Bainard et al. (2015) não observaram mudança na diversidade de micorrizas apesar da
mudança no teor dessa variável do solo em pradarias no Canadá. Dessa forma, outros fatores
também podem ser determinantes. Os FMA de CEA foram menos similares com os demais
habitats, possivelmente pelo maior teor de areia grossa, como foi indicado na análise
multivariada, que mostrou clara separação de CEA (Figura 9).
A análise multivariada evidenciou que os atributos físicos do solo, teores de areia e
silte foram as características do solo mais correlacionadas com a distribuição das espécies na
Serra das Almas. Carvalho et al. (2012) também constataram que os atributos físicos do solo
influenciaram as comunidades de FMA em áreas de campos rupestres.
A comunidade de FMA da Serra das Almas foi 34,6% similar com a que foi
encontrada no cerrado e campos rupestres da Serra do Cipó (CARVALHO et al., 2012), que
estão separadas a cerca de 670 km, evidenciando que os ecossistemas de campos rupestres
tem comunidades de FMA com baixa similaridade. Estudos florísticos demonstram que a
vegetação da Cadeia do Espinhaço bahiana tem 30% de similaridade com a de Minas Gerais
(KAMINO; OLIVEIRA-FILHO; STEHMANN, 2008). Os autores sugerem que a baixa
41
similaridade possivelmente é causada pelos biomas diferentes que circundam cada área, sendo
Cerrado em Minas Gerais e Caatinga nas terras baixas da Bahia.
Scutellospora sp.1 e Scutellospora sp. 2 constituem novos táxons para a ciência e
estão sendo descritos a partir dessa pesquisa. É possível que mais espécies novas sejam
descritas nas áreas de campos rupestres, pois estes ecossistemas tem alto grau de endemismo
vegetal (VIANA; FILGUEIRAS, 2008) e, provavelmente, há certo grau de endemismo dos
microrganismos associados às plantas. Nesse sentido, Carvalho et al. (2012) sugeriram que
seis novos táxons poderiam ser descritos dos locais estudados na Serra do Cipó-MG;
recentemente, nesse mesmo local, Coutinho et al. (2015) verificaram que mais 10 táxons
poderiam ser descritos, evidenciando que os ambientes de altitude abrigam uma grande
diversidade de FMA e que podem ser considerados hotspots de diversidade desses fungos,
como sugerido por Carvalho et al. (2012).
42
6 CONCLUSÕES
O número de glomerosporos e a colonização micorrízica não apresentam padrão em
relação ao aumento da altitude nos habitats analisados;
Não há variação na riqueza e diversidade dos FMA nos habitats estudados, entretanto
a composição da comunidade de FMA difere entre as fisionomias vegetacionais e é
influenciada principalmente pelos atributos físicos do solo (teores de areia grossa e silte);
A Serra das Almas apresenta elevada riqueza de espécies de FMA e pode ser
considerado hotspot para conservação da diversidade desse importante grupo de fungos, com
dois novos táxons sendo descritos a partir desse trabalho.
43
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