Post on 11-Jan-2016
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José Salomão Schwartzman
Bases Neurais do Riso
José Salomão SchwartzmanProfessor Titular do Curso de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
www.schwartzman.com.brjosess@terra.com.br
José Salomão Schwartzman
Gelotologia
estudo do riso
José Salomão Schwartzman
O riso
adultos riem, em média, 20 vezes por dia
crianças riem até 10 vezes mais do que adultos
bebês apresentam sorriso como resposta na quinta semana pós-natal
risada surge por volta do quarto mês de vida
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José
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algumas horas de vida
José
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38 dias
José
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45 dias
José
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2 meses e meio
José Salomão Schwartzman
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A risada
sons vocálicos com a duração de 1/16 segundos repetindo-se a cada 1/5 de segundo
o diafragma se contrai, o coração acelera os batimentos, a pressão arterial se eleva e as pupilas dilatam
o ar sai dos pulmões a mais de 100 km/h
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O riso
o riso “normal” pode ser associado ao humor e pode ser causado por outros elementos tais como cócegas, pistas sociais e gás hilariante
em algumas situações, o riso pode ser dissociado do humor
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O riso
quando rimos há contração simultânea dos músculos zigomático maior e orbicular dos olhos
outros músculos faciais, respiratórios e da laringe são ativados também
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zigomático maior
orbicular dos olhos
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contração do músculozigomático maior
contração do músculoorbicular dos olhos
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Provine, 1996José Salomão Schwartzman
O riso
se alguém ouvir sua risada possivelmente começará a rir também
mecanismo neurobiológico para a detecção e replicação do riso segundo Provine, 1996
gerador
do riso
detectorauditivo
geradordo riso
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Riso: inato ou adquirido?
as crianças riem porque as pessoas riem para ela?
estudo de Leuba (1940):– fazia cócegas em seus 2 filhos usando uma
máscara que ocultava sua expressão facial
– as cócegas faziam com que as crianças explodissem em gargalhadas
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Riso: inato ou adquirido?
crianças nascidas cegas ou surdas começam a rir por volta dos 3 meses
o padrão sonoro é diferente das crianças normais
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Riso
segundo Köstler: é um reflexo de luxo que não teria nenhuma utilidade biológica
Darwin (1872) especulou que as bases evolucionárias do riso seria sua função de expressar felicidade no contexto social e isto propiciaria uma vantagem de sobrevivência do grupo
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Riso: teorias
teoria da superioridade– a risada seria a expressão dos sentimentos de
superioridade de uma pessoa com relação a outras
teoria da incongruência– a risada seria uma reação intelectual a algo
inesperado, ilógico ou inapropriado
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Riso: teorias
teoria do alívio:– a risada seria um alívio de energia nervosa
teoria de Morreall (1983):– risada seria resultante de uma mudança
psicológica agradável
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Dissociação do riso, sorriso e emoção
podem ocorrer paresias das expressões faciais voluntárias com persistência das expressões associadas a emoções
esta condição tem sido denominada de “síndrome de Foix-Chavany-Marie”, “síndrome opercular anterior” e “paresia facial volitiva”
situação inversa pode ocorrer na chamada “paresia facial emocional””
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Dissociação do riso, sorriso e emoção
lesões associadas com a “paresia facial volitiva” têm sido observadas:
– na região opercular bilateralmente podem ser de origem congênita decorrer de acidente vascular cerebral ou tumores
– enfartos da região da artéria cerebral média– enfartos na coroa radiada– lesões da cápsula interna– lesões da ponte– lesões ocupando espaço na substância branca fronto-parietal– esclerose múltipla
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Dissociação do riso, sorriso e emoção
exemplos clássicos da “paresia emocional” são observados em pacientes com a doença de Parkinson, nos quais, a despeito de sensações emocionais subjetivas preservadas, não observamos as características expressões faciais normalmente presentes
nestes pacientes, os mesmos movimentos faciais podem ser produzidos voluntariamente
autópsias de pacientes exibindo “paresia emocional” têm revelado lesões na porção reticular da ponte, tálamo ou estruturas do corpo estriado
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tálamo
substância negra
cerebelo
striatum
núcleo caudadoputamen
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Riso patológico
pode ser classificado do ponto de vista neuropatológico em:
– doença do neurônio motor, paralisia vascular pseudo-bulbar e desordens motoras extrapiramidais
– fou rire prodromique
– fazendo parte de crises epilépticas
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Riso patológico
pode ser classificado do ponto de vista neuropatológico em:
– doença do neurônio motor, paralisia vascular pseudobulbar e desordens motoras extrapiramidais
– fou rire prodromique
– fazendo parte de crises epilépticas
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Riso patológico: de acordo com a localização das lesões
mesencéfalo, ponte, tronco encefálico e cerebelo regiões do corpo estriado e cápsula interna lesões frontais
– grupo misto:
paralisia pseudobulbar hemiplegia simples e dupla tumores da cápsula interna direita região subtalâmica direita tegmento da ponte esclerose múltipla
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Riso patológico
pode ser classificado do ponto de vista neuropatológico em:
– doença do neurônio motor, paralisia vascular pseudobulbar e desordens motoras extrapiramidais
– fou rire prodromique
– fazendo parte de crises epilépticas
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Fou rire prodromique
descrita em 1903 por Féré
condição rara caracterizada pela ocorrência de riso inapropriado, não motivado como sintoma inicial de um quadro de isquemia cerebral
o riso, a princípio incontrolável, pode se seguir de risadinhas ou choro
em seguida surgem os sinais e sintomas mais típicos de um acidente vascular: hemiparesia, afasia etc.
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Fou rire prodromique
lesões que têm sido associadas com o fou rire prodromique:
– base da ponte sem comprometimento do tegmento– giro hipocampal esquerdo– tálamo esquerdo póstero-lateral e partes adjacentes da
cápsula interna sem envolvimento do hipotálamo– hipotálamo– complexo amigdalóide– núcleo lenticular e caudado esquerdo
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Tronco encefálico: visão anterior
ponte
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tálamo
complexo amigdalóide hipocampo
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Riso patológico
pode ser classificado do ponto de vista neuropatológico em:
– doença do neurônio motor, paralisia vascular pseudobulbar e desordens motoras extrapiramidais
– fou rire prodromique
– fazendo parte de crises epilépticas
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Epilepsia gelástica
riso pode ocorrer durante qualquer tipo de manifestação epiléptica; porém, o termo epilepsia gelástica deve ser reservado para aqueles casos em que o riso é o seu sintoma principal
algumas vezes o riso constitui a única manifestação da crise
em outras, se acompanha por alterações autonômicas, movimentos automáticos e/ou estados alterados da consciência
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Epilepsia gelástica
o riso nestas crises, em geral, é mecânico e estereotipado; mas, eventualmente pode parecer natural e ser contagioso
alguns paciente relatam sentimentos de alegria, enquanto outros percebem o riso como inapropriado e não acompanhados por emoções positivas
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Epilepsia gelástica
segundo alguns autores, as crises epilépticas originadas no lobo temporal se acompanhariam da sensação de alegria, enquanto as originadas no hipotálamo não
entretanto, foram descritos alguns casos de crises acompanhadas por sensação de alegria em pacientes com hamartomas do hipotálamo
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Epilepsia gelástica
as áreas cerebrais mais freqüentemente envolvidas em casos de epilepsia gelástica são:– hipotálamo, em geral nos casos de
hamartomas hipotalâmicos– os pólos frontais– os lobos temporais– pacientes com esclerose tuberosa
generalizada
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hamartoma hipotalâmicoJosé Salomão Schwartzman
caso anterior após cirurgiaJosé Salomão Schwartzman
hamartoma hipotalâmicoJosé Salomão Schwartzman
caso anterior após cirurgiaJosé Salomão Schwartzman
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José
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Riso
estudos com estimulação elétrica cerebral
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Riso e estimulação elétrica cerebral
Fish et al., em 1993:– observaram sorriso em 2/75 pacientes estudados
um caso estimulação da amígdala um caso estimulação do córtex frontal
Gordon et al.(1996) e Arroyo et al. (1993):– riso e/ou sorriso em 2/106 pacientes
riso e alegria com a estimulação do giro fusiforme e giro para-hipocampal
os pacientes relataram que “o significado das coisas se alterava” e “que tudo ficava engraçado” durante a estimulação
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Riso e estimulação elétrica cerebral
foram descritos pacientes com doença de Parkinson que descreveram sensação de bem estar, algumas vezes acompanhada por risos e gargalhadas durante a estimulação do núcleo sub-talâmico
em um paciente com hamartoma, a estimulação do hipotálamo produziu risadas
risada foi induzida com a estimulação elétrica do córtex do cíngulo e do globo pálido
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Corrente elétrica estimula arisada.Fried e Behnke, 1998
Estimulação elétrica foirealizada em 85 pontos docórtex cerebral do hemisférioesquerdo de umapaciente epiléptica com 16anos de idade.
Esta área é denominada deárea motora suplementar.
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área motorasuplementar
córtexpré-motor
córtexmotor
primário
A área motora suplementar e o córtex pré-motor estão envolvidos no planejamento dos movimentos e executam estes planos através de suas conexões com o córtex motor primário.
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Uma pequena área medindocerca de 2cm x 2cm localizada no giro frontal superior evocava de forma consistente risadas quando estimulada.As risadas eram acompanhadaspor sensação de alegria; porém, em estimulações repetidas, as razões verbalizadas para asensação de alegria evocadaeram diferentes.A duração e intensidades dasrisadas eram proporcionais àintensidade da corrente utilizada.
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Estimulação de áreaspróximas causavam interrupção da fala sem aocorrência de risadas.
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Estimulação de outrasáreas próximas causavainterrupção de atividadesmanuais de fala sem aocorrência de risadas.
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Nestes pontos a estimulaçãoevocou movimentos complexosenvolvendo o membro superiore o inferior, típicos da estimulaçãoda área motora suplementar.
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Estimulação de áreas mais anterioresevocou sensação de formigamentono membro inferior direito.
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córtexpré-frontal
neurônios motores cervicais
cerebelo
NX
TEMPBASAL
hipotálamo
tálamo
GB
áreas motorapré-motora
motora suplementar
SCP
Rede neural do riso (Wild et al., 2003)
SCP: substância cinzenta periaqueductalTEMP BASAL: lobo temporal basal + amígdalaGB: gânglios da baseNX: núcleo do nervo vago
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Riso
a maioria dos autores concorda em que deva existir no tronco cerebral uma via final comum para a risada
esta via final integra expressões faciais, respiração e respostas autonômicas
há evidências no sentido de que apenas lesões mesencefálicas dorsais causam diminuição das expressões emocionais faciais enquanto que lesões ventrais levam ao riso patológico
José Salomão Schwartzman
Leituras recomendadas
Neural correlates do laughter and humour– Barbara Wild, Frank A. Rodden, Wolfgang Grodd and
Willibald Ruch– Brain (2003), 126, 2121-2138
Taking Laughter Seriously– John Morreall 1983– State of New York University Press
Compassionate Laughter– Patty Wooten 2002– Jest Press
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