Post on 16-Nov-2018
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE JORNALISMO
JOLVINO FRANKLIN FILHO
A CIDADE DE FORTALEZA, O CENTRO COMERCIAL E A
IMPRENSA: ANÁLISE DE REPORTAGENS E SEUS
DIFERENTES CONTEÚDOS
FORTALEZA
2013
JOLVINO FRANKLIN FILHO
A CIDADE DE FORTALEZA, O CENTRO COMERCIAL E A
IMPRENSA: ANÁLISE DE REPORTAGENS E SEUS
DIFERENTES CONTEÚDOS
Monografia submetida à aprovação
Coordenação do Curso de Jornalismo do
Centro Superior do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do grau de Graduação.
Orientadora: Profª Ms. Maria Elia dos Santos Vieira
FORTALEZA
2013
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274
F832c Franklin Filho, Jolvino
A cidade de Fortaleza, o centro comercial e a imprensa: análise de
reportagens e seus diferentes conteúdos / Jolvino Franklin Filho.
Fortaleza – 2013.
41f. Il.
Orientador: Profª. Ms.Maria Elia dos Santos Vieira.
Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade Cearense,
Curso de Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo, 2013.
1. Jornalismo - repórteres. 2. Apuração da noticia. 3. Centro de
Fortaleza. I. Vieira, Maria Elia dos Santos. II. Título
CDU 070(813.1)
JOLVINO FRANKLIN FILHO
Monografia como pré-requisito para obtenção do
título de bacharelado em Jornalismo, outorgado
pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido
aprovada pela banca examinadora composta pelos
professores.
Data de aprovação: 09/09/2013.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Professora Ms. Maria Elia dos Santos Vieira
________________________________________
Professora Ms. Lenha Aparecida Diógenes
________________________________________
Professora Esp. Mara Cristina Barbosa Castro
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela minha existência, saúde, perseverança e dedicação há todos esses anos
de estudo.
A minha família pelo carinho e apoio que funcionaram como alicerce para estimulo de minha
coragem
Agradeço em especial, a minha orientadora, Maria Elia pela contribuição para a realização
desse trabalho e principalmente pela presença constante, paciência e os ensinamentos bem
fundamentados.
A FAC – Faculdades Cearenses pela competência e compreensão do seu corpo docente. Aos
professores de comunicação em especial.
A todos os colegas de turma na graduação, em especial ao colega Junior Freitas Narcélio
Duarte, Giseli Louany e Raquel, pelo convívio e compartilhamento e nas horas de duvidas,
pelas discussões enriquecedoras, durante o curso e ainda pela homenagem que me foi prestada
por todos.
A todos que contribuíram comigo de alguma forma na realização desse trabalho.
Aos servidores da FAC e em especial ao Fabio Leite, pela eficiente disponibilidade no horário
da rádio.
“O covarde nunca começa, o fracassado nunca termina, o vencedor nunca desiste”
(Norman V. Peale)
RESUMO
O presente trabalho analisa as diversas manchetes produzidas pelas equipes de repórteres que
prestam serviços ao jornal impresso O Povo com exclusividade na coleta de noticias do
cotidiano no centro de Fortaleza do contato com os diferentes atores sociais que ali
desempenham suas funções ou atividades. O espaço em estudo localiza-se na área central de
Fortaleza e constitui-se a área mais dinâmica da cidade. Ali estão, praças jardinadas, cinemas,
teatros e parques de grande atração popular em épocas passadas. O comércio agitado, as
agências bancárias, as escolas, faculdades, postos, centro de saúde e hospitais. A estação
ferroviária, o bonde de outros tempos e as paradas de ônibus para todos os bairros, frutos dos
fatores responsáveis pela hegemonia desta área da cidade que em certo grau, ainda prevalece.
O trabalho foi norteado por indagações consideradas pertinentes ao estudo para compreender
os processos ocorridos no centro de: ordem econômica, política e cultural. O centro de
Fortaleza perdeu parcialmente suas tradicionais funções, a imagem que marcou época como
preferência de local primordial para moradia, para fazer contemplação e sociabilidade
praticamente desapareceu. A pesquisa analisou matérias sobre o centro de Fortaleza
destacando critérios de noticiabilidade no ano de 2012, nos meses de maio, junho e julho.
Dessa forma foi possível perceber os conteúdos e consequências das matérias para a
sociedade.
ABSTRACT
This study analyzes the various headlines produced by teams of reporters who work fora
newspaper O POVO exclusively in collecting news everyday in downtown Fortaleza in
contact with different social actors that there perform their functions or activities. The area
under study is located in the central area of Fortaleza and constitutes the most dynamic area of
the city. There are jardinadas plazas, cinemas, theaters and parks of great popular attraction in
the past. The busy trade, banking agencies, schools, colleges, jobs, health care facilities and
hospitals. The train station, tram and other times the bus stops for all neighborhoods, fruits
hegemony of the factors responsible for this area of the city that to some degree, still prevails.
So the work was guided by questions considered relevant to the study to understand what
processes are occurring in the economic, political and cultural center of Fortaleza made
partially losing their traditional roles of providing an image that epoch as the local preference
for primary housing, to contemplation and sociability virtually disappeared. The research
analyzed materials on the center of Fortaleza highlighting criteria for newsworthiness in 2012,
in the months of May, June and July. Thus it was possible to understand the content and
consequences of subjects for society.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Mapa da Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção...............................15
FIGURA 2 – Santa Casa de Misericórdia.................................................................................16
FIGURA 3 – Cadeia Pública.....................................................................................................17
FIGURA 4 – Estação Ferroviária João Felipe..........................................................................17
FIGURA 5 – Bonde urbano de tração animal...........................................................................18
FIGURA 6 – Cine São Luiz e Coluna da Hora na Praça do Ferreira.......................................22
FIGURA 7 – Praça do Ferreira.................................................................................................22
FIGURA 8 – Café do Comércio...............................................................................................23
FIGURA 9 – Territorialização dos aposentados na Praça do Ferreira......................................24
SUMÁRIO
1.0 – INTRODUÇÃO..............................................................................................................11
2.0 – FORTALEZA – BREVE HISTÓRICO.......................................................................14
2.1 – Localização geográfica: Povoado e Sociedade........................................................14
2.2 – A elevação do povoado: Antes um aglomerado sobre um grande areal, hoje um
espaço urbano em “devir”. .....................................................................................14
2.3 – O aglomerado transformado em vila, depois província:
Fortaleza contada em Verso e Prosa ......................................................................18
2.4 – A cidade e o centro, uma história de pseudo-glamour: decadência,
degradação e estagnação ..........................................................................................21
3.0 - O CENTRO DE FORTALEZA: NOVOS PROJETOS.....................................26
3.1 O projeto Vila do Mar ...............................................................................................26
3.2 O que pensam os legisladores de melhoria sobre o Centro?...................................26
3.3 Atual ENCETUR.........................................................................................................27
3.4 O Centro Dragão do Mar............................................................................................28
4.0 - A IMPRENSA NO CEARÁ: DESDE OS PRIMÓRDIOS A SERVIÇO DE
QUE E DE QUEM?..........................................................................................................29
4.1 Jornal O Povo – Historias, Desafios, Registros e Repetições...................................32
5.0 - ANÁLISE DAS REPORTAGENS REFERENTES AOS MESES DE MAIO,
JUNHO E JULHO DE 2012..................................................................................................35
5.1 Movimento no Comércio do Centro de Fortaleza cai 70% devido à greve ..........35
5.2 Vigilância – Centro Monotorado................................................................................36
5.3 Inácio e Moroni - Sábado de caminhadas pelo Centro de Fortaleza.......................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40
1 – INTRODUÇÃO
A cidade de Fortaleza frequentemente tem passado por inúmeras transformações,
em especial a região central, que é a responsável pela maior parte dos registros históricos.
Nesta região existem as primeiras construções da fundação da capital. As transformações
foram tantas que mudaram o centro da cidade e o jeito de viver do seu povo, seja com os
avanços das tecnologias, com o crescimento econômico ou pelo desenvolvimento no setor de
comunicação, pois a presença da mídia é de importância incontestável.
Nos seus primórdios o local da fundação de Fortaleza foi considerado sem
condições de exploração, por ser constituído de uma planície arenosa e habitado por índios
ferozes (CASTRO, 1977). Com as notícias de carências de algodão no mercado externo, a
província do Ceará desenvolveu o plantio de algodão para exportação, utilizando o Porto do
Mucuripe que superou o Porto de Aracati, que até então prevalecia e dava à cidade a condição
de maior província, superando Fortaleza.
Quando por medidas políticas em 1799, a província do Ceará se emancipou do
domínio de Pernambuco, as tarifas anteriormente cobradas passaram a somar no tesouro,
propiciando um crescimento e desenvolvimento dessa. (IPLANCE, 1982).
A nossa análise tem como base o jornal O POVO, assim escolhido pela sua
abrangência e convivência com essa cidade durante um período de mais de 80 anos,
exatamente no período que ocorriam as transformações.
Do jornal analisamos apenas reportagens produzidas no centro da cidade no
período de Maio, Junho e Julho de 2012, sendo escolhido este período por refletir as
mudanças de comportamento na população, passando do cotidiano para a agitação do período
eleitoral que, por suas características, mobiliza toda a população que vive a intensa presença
da mídia, a qual lhe serve de termômetro para determinar a imagem do Centro refletida pelo
comércio e assim mostrar a importância desta reflexão.
Justificar a preferência pelo tema abordado nesse trabalho não foi difícil. Primeiro
porque Fortaleza dos anos sessenta resumia-se a essa região que se conhece como centro atual
e era possuidora de predicados, que envolvia a todos que aqui chegavam, com uma gama de
serviços prestados, tais como: escola, trabalho assistência à saúde e jurídica, sem contar com
os instrumentos de lazer, clubes, cinemas, teatro, praças e parques de diversão e ainda uma
impressão atraente de uma cidade moderna, embora afirmem que a decadência do centro de
Fortaleza iniciou-se logo após a década de 1930 (PONTE, 2010).
Naquela época as fábricas e o comércio apresentavam-se com suas demandas
satisfeitas, contribuindo assim para o surgimento dos empregos temporários e do comercio
ilegal, crescendo o número de sinais de pobreza.
Surgiram novos bairros luxuosos, a oeste com a Jacarecanga, a leste com a
Aldeota, Meireles e Praia de Iracema, mudando-se para esses bairros as repartições públicas e
as agências bancárias, cartórios, com surgimento posterior dos shoppings centers.
A frequência da população o centro diminuiu em quantidade e qualidade,
tornaram-se mais frequentes a demolição de prédios tradicionais e cresceu o número de
abandono de muitos outros.
O comércio ambulante, reforçando-se da pirataria de discos compactos e produtos
importados, invadiu as calçadas do centro da cidade, tornando as ruas desorganizadas e com
dificuldade para o trânsito de pedestres. Observou-se também o crescimento da insegurança,
com registro de frequentes atos praticados por descuidistas e assaltantes, com destaques para
as saidinhas bancárias.
Esse quadro entristecedor destruiu as esperanças dos fortalezenses e como tal,
conscientes da importância da mídia no acompanhamento desse desmanche do centro da
cidade, escolhemos para o tema de pesquisa deste trabalho, uma abordagem que mostre como
a imagem do centro de Fortaleza é representado pelo jornal impresso “ O POVO” , por ter,
este veículo informativo, uma convivência coincidente com o tempo em que ocorreu o
crescimento até registros da decadência do bairro.
O objetivo desta pesquisa é descobrir como desapareceu e onde foi parar o centro
de Fortaleza tão cantado e decantado pelos poetas e cancioneiros do século passado. Porque
não mais existem esses costumes? Para alcançar o objetivo esperado, utilizam-se os estudos
críticos do discurso conjuntamente com a pesquisa bibliográfica para analisar além do texto, o
contexto, as imagens; pois nesta pesquisa descrevem-se as imagens que compõe as
reportagens, não se perdendo de vista a importância do discurso no texto escrito.
Nesta pesquisa a metodologia utilizada foi pautada na análise de três textos
constituídos por editoriais do jornal O POVO, por se tratarem de matérias colhidas no centro
de Fortaleza. Ver reportagens em anexo.
2 – FORTALEZA – BREVE HISTÓRICO
A evolução da cidade de Fortaleza desde sua fundação sempre esteve na
dependência de uma ação com planejamento antecipado, pois muitas vezes lhe faltaram
condições favoráveis para aplicação de um projeto que lhe proporcionasse um
desenvolvimento mais rápido e seguro.
2.1 – Localização geográfica: Povoado e Sociedade
A fundação do povoado deveu-se ao fato de os navios holandeses que partiam do
Pará e Maranhão para Pernambuco precisarem de apoio para fazer baldeação no percurso da
viagem. O local foi escolhido mesmo sendo constatada a inexistência de fatores geográficos
favoráveis, tais como uma baía, ou a foz de um rio navegável, pelo contrário, ele estava
situado sobre uma planície arenosa sem condições de ser explorada agricolamente usando os
padrões tecnológicos da época e ainda era habitada por índios “ferozes” (CASTRO, 1977). A
escolha deve ter ocorrido por falta de opção e muitos que foram designados para administrar o
“novo local” desistiram face a adversidades; hostilidades dos índios e as complexidades
relativas a elementos da natureza.
2.2 – A elevação do povoado: Antes um aglomerado sobre um grande areal, hoje um
espaço urbano em “devir”.
Fundada em 1649 pelos holandeses e elevada a categoria de Vila só em 1726,
quando em 1810, Koster passando por Fortaleza, enumerou apenas quatro ruas e 1,200
habitantes (MARQUES, 1986).
Ainda no final do século XVIII, o primeiro governador do Ceará, Bernardo
Vasconcelos, refere-se a Fortaleza como um montão de areia profunda, apresentando dos
lados, pequenas casas térreas (APUD GIRÃO, 1984 P. 115). Até a segunda metade do século
XIX, Fortaleza ocupava posição inferior a Aracati, mesmo em 1750, sua população não
chegava a 10 mil habitantes (MARQUES, 1986). Porém veio a superar-se devido à ocorrência de
um forte assoreamento ocorrido no porto de Aracati que prejudicou a produção do local e
reverteu-se em vantagens para o porto de Fortaleza.
Ver figura 01
Fonte: Museu do Ceará, outubro/2012.
FIGURA 01: Mapa da Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção em 1726, desenhada pelos Padres
Jesuítas. Pesquisada no Museu do Ceará.
Com a introdução do plantio de algodão, em escala comercial, em áreas do interior
no sertão nordestino, no final do século XVIII, Fortaleza cresce e consegue sua afirmação
como centro urbano hegemônico da região, especialmente nas décadas de 1820 a 1830
(LEMENHE, 1983). Esta condição associada ao volume excessivo de algodão exportado para
Europa, garantiram à Fortaleza uma infraestrutura que vai estabelecer uma nova “ordem
social e econômica”, o porto em uma área central pautado em um planejamento que se
consolidou e se estabeleceu até os dias de hoje. Vale ressaltar que este centro, do ponto de
vista da localização está de fato próximo a beira mar. Sua centralidade diz respeito muito mais
a sua funcionalidade.
Antes de chegar a esse alvissareiro período, logo no fim do século XVIII,
lembramos que ocorreu uma importante mudança político-administrativa que contribuiu para
o fortalecimento dessa capital. Ocorreu a separação administrativa do Ceará que até então era
subordinada a Pernambuco. Isso aconteceu em 1799, o que possibilitou a eliminação da dupla
tarifa de trânsito, cobrada obrigatoriamente por Pernambuco da província do Ceará (IPLANCE,
1982).
A partir de então ocorre a implantação de uma estrutura administrativa em
Fortaleza, com criação da Junta de Fazenda em 1808 e implantação do sistema de correios em
1812, quando também foi proposto pelo engenheiro Silva Paulet, um plano de um sistema
viário para a cidade, de onde resultou o traçado ortogonal de ruas estreitas, que ainda
prevaleceram no centro da cidade (MARQUES, 1986). Já em 1823, Fortaleza é elevada a
categoria de cidade e em 1826, conferiram a existência de 277 estabelecimentos comerciais,
dos quais 76 estrangeiros e 201 nacionais (LEMENHE, 1983).
A produção agrícola desenvolveu-se ao nível de exportação, em especial para o
café e o algodão. O comércio no porto teve destaque tanto para exportação como para
importação. Os excedentes apropriados pelo estado, sob forma de impostos, permitiu a
multiplicação das edificações públicas como a Santa casa de Misericórdia 1861, Cadeia
Pública 1866, Assembleia Legislativa 1871, Asilo da Medicinidade 1844, Quartel do Batalhão
de Segurança e Estação da Estrada de Ferro de Baturité 1880, até um plano de urbanização
para a cidade, solicitado ao arquiteto Adolfo Hebster, em 1875. Ver figuras: 02, 03, 04
Foto: Jolvino Franklin, Outubro/ 2012.
FIGURA 02: Santa Casa de Misericórdia fundada em 1861. Uma das primeiras construções públicas de
Fortaleza.
Foto: Jolvino Franklin, Outubro/ 2012.
FIGURA 03: Cadeia Pública fundada em 1866, hoje Emcetur.
Foto: Jolvino Franklin, Outubro/ 2012.
FIGURA 04: Estação Ferroviária João Felipe, fundada em 1871.
Segundo Barão de Studart, no seu “Para a história do jornalismo cearense”, outros
meios de comunicação também surgiram, agilizando os contatos dentro e fora da cidade:
Telégrafo (1881), cabo submarino para a Europa (1882), serviços telefônicos e caixas postais
(1889).
Com o desenvolvimento de Fortaleza também cresceu o interesse pelo
embelezamento do centro da cidade, local onde estavam as praças ajardinadas que serviam de
lazer para as famílias. Os cafés (Café do Comércio e outros) em número de quatro na Praça do
Ferreira que serviam para encontros e formavam aglomeração popular.
Após as décadas de 1930 a 1940 ocorreram sinais de descentralização, as famílias
seguiam para leste, rumo à Aldeota ou Meireles onde já se destacavam belas residências,
sobrados e inúmeros palacetes (GONDIM, 1987).
2.3 – O aglomerado transformado em vila, depois província: Fortaleza contada em
Verso e Prosa
O Crescimento espacial e populacional de Fortaleza concorreu para a instalação
de um sistema de transporte coletivo, feito por bondes de tração animal. Os bondes
significaram novos espaços para a sociedade, encontravam-se frequentes acontecimentos
advindos dos bancos dos bondes, e assim, não por acaso, que logo surgiu um pasquim
intitulado “O Bond”. Surgiram outros denominados ”O Século XX”, “O leque” e “O
progresso” que talvez assinalem a presença da imprensa. (PONTES, 2010).
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?q=bonde+tra%C3%A7%C3%A3o+animal+fortaleza&hl=pt-
FIGURA 05: Bonde urbano de tração animal, século XIX.
Com destaque superior aos demais pasquins citados, registra-se grande
movimento desenvolvido por um grupo da elite intelectual cearense em 1892, denominado
“Padaria Espiritual”.
Membros da elite cultural de Fortaleza, manifestavam-se colaboradores,
cancioneiros, escritores, escrevendo sobre a imagem da cidade, entre os quais cita-se
Francisco de Paula Ney, Otacílio Azevedo, Artur Eduardo Benevides, em épocas diferentes
escreveram suas mensagens sobre o que viram ou sentiram no seu tempo.
“As praças eram ajardinadas com bom gosto, sobre os quadrados de grama
bem cuidada. Havia touceiras as mais variadas espécies. Colunas de mármore
vindas de Portugal, trabalhadas em estilo coríntio, sustentavam grandes jarros
de porcelana japonesa. Nesses receptáculos havia plantas exóticas de grande
efeito estético e nas longas alamedas, mosaicos. Os inúmeros bancos de Talitas
de madeira pintadas de verde, belos combustores de luzes carbônicas
esverdeadas, davam ao local uma atmosfera de fantasia. Convidando ao sonho
ou ao repouso. À noite famílias inteiras, moços velhos, rapazes e crianças
enxameavam, no meio daquela vegetação luxuriante ou sentavam-se nos
bancos”. (Azevedo, 1992).
Fortaleza (Poesia)
Ao longe em brancas praias embaladas
Pelas ondas azuis dos verdes mares
A Fortaleza, a loura desposada.
Do sol – dormita a sombra das palmares.
Loura do sol e branca de luares
Como uma hóstia de luz cristalizada
Entre verbenas e jardins pousada
Na brancura de místicos altares
Lá canta em cada ramo um passarinho...
Há pupilos de amor em cada ninho
Na solidão dos vastos matagais
É minha terra, a terra de Iracema
O decantado e esplêndido poema
De alegria e beleza universais (Paula Ney)
Canto de amor a Fortaleza
Artur Eduardo Benevides
Não tens Capibaribe ao luar.
Não tens ilhas defronte.
Não tens pontes, não tens ventos terríveis minuanos.
Não tens brumas, montanhas nem fortins.
És pobre cidade. Mas és bela.
Tens mistérios e muita adolescência.
Se contemplo o teu vento, penso em rosas.
Tenho pétalas, em mim se te murmuro.
Quanto és mansa, bucólica e pura.
Bela e jovem, a grande flor atlântica, plantada mais em nós do que no chão.
Cidade das velhas serenatas, dos doces pastorinhos e fandangos.
Dos retratos românticos e das valsas.
De usanças que o tempo já não trás.
Quem foi que sepultou seus violões?
Tuas cirandas, modinhas e quermesses.
Tuas festas de reis, tuas lanternas, teus sobrados, serões e bandolins?
Quantos sofrem por ti, pois te desmiolam e te tornam uma girl made in USA
E já não houve os sinos que te chamam, para Nossa Senhora Assunção.
Fonte: Lucineide Souto e José Campelo – Fortaleza, 1726.
Como a cidade de Fortaleza por muitas décadas resumia-se a região que hoje é
considerada centro, obedecendo ao quadrilátero programado por Silva Paulet, formado pelas
avenidas do Imperador, Duque de Caxias, Dom Manoel e Leste-Oeste. Lugar em que se
situam aquelas belas praças, conservadas ou não, fica claro que esse Centro de Fortaleza,
prevaleceu com sua imagem na mídia (nos jornais, nas revistas, nos livros e canções) São
aqueles que amam a cidade que assim comprovam.
A despeito do que está colocado, podemos expor aqui (em forma de síntese) um
relato bastante pertinente sobre a cidade e o Centro por Sebastião Pontes, do seu livro
Fortaleza da Belle Époque.
“A Fortaleza dos anos sessenta resumia-se a essa região
que se conhece como centro atual e era possuidora de predicados que
envolva a todos que aqui chegavam, com uma gama de serviços
prestados, tais como : escola, trabalho assistência à saúde e jurídica,
sem contar com os instrumentos, clubes, cinemas, teatros, praças e
parques de diversão e ainda uma impressão atraente de uma cidade
moderna.
Embora afirmem que a decadência do centro de Fortaleza
iniciou logo após a década de 1930 (Pontes – 2010). Em 1965 quando
aqui cheguei, vislumbrava em Fortaleza os ares de uma cidade bela e
atraente.
Vivo aqui há 47 anos, assisti a cidade crescendo
evoluindo. Sonhei ver Fortaleza superar Recife e imitar o Rio de
Janeiro e quem sabe até Paris, mas o sonho pouco durou e o centro
da cidade regrediu, perdeu a beleza, glamour. E sua decente
população foi substituída predominantemente por uma mestiçada
constituída pelo êxodo rural produzido pelas estiagens no sertão. E
Fortaleza inchou, as favelas triplicaram-se nas periferias e invadiu o
centro. Faltou moradia e faltou emprego. Mão de obra sobrou, mas
totalmente desqualificada.
As fábricas e o comércio com sua demanda satisfeita e
assim surgiu o indexável precedente dos empregos temporários e do
comercio ilegal e assim cresce o numero de sinais de pobreza.
Surgiram novos bairros luxuosos, a oeste com a
Jacarecanga a leste com Aldeota, Meireles e Praia de Iracema daí
mudaram para esses bairros as repartições públicas e as agências
bancárias, cartórios e surgiram os shoppings centers.
A frequência da população no centro diminuiu em
quantidade e qualidade, torna-se mais frequente a demolição de
prédios tradicionais e cresceu o número de abandono de muitos
outros.
O comércio ambulante reforçando-se da pirataria de cd’s
e produtos importados invadio as calçadas e cresceu a insegurança
com frequentes lances praticados por descuidistas e assaltantes em
ação com destaque para as saidinhas bancárias. Esse quadro
entristecedor destruiu as esperanças dos fortalezenses e como tal,
consciente da importância da mídia no acompanhamento desse
desmanche do centro da cidade escolha-se para este tema de pesquisa
nesse trabalho, qual a imagem do centro de Fortaleza é representado
pelo jornal impresso “O povo”, por ter esse veículo uma convivência
coincidente com o crescimento e decadência desse bairro, onde deve
encontrar conhecimento suficientes para justificar.”
2.4 – A cidade e o Centro, uma história de pseudo-glamour: decadência, degradação e
estagnação
Se hoje o centro de Fortaleza não possui a primazia de tempos passados, pelo fato
de que algumas funções foram deslocadas para outras áreas da cidade, o mesmo conserva uma
grande vitalidade e se presta a um leque de atividades, como moradia, trabalho, lazer,
compras, troca de informações, alimentação e sociabilidade para a população de menor poder
aquisitivo (VASCONCELOS, 2001).
Por exemplo, as Praças do Ferreira, José de Alencar e Passeio Público,
apresentam diversidades de uso, diurno e noturno e diferenciação quanto à forma de
apropriação pelos fatores sociais (SILVA, 2001) Ver figuras: 05, 06 e 7.
Foto: Jolvino Franklin, Outubro/ 2012.
FIGURA 06: Cine São Luiz e Coluna da Hora na Praça do Ferreira (Fortaleza atual).
Fonte: Arquivo Nirez (apud Vasconcelos), 2001.
FIGURA 07: Praça do Ferreira na gestão de Raimundo Girão, em 1933.
Fonte: Nirez (apud Vasconcelos), 2001.
FIGURA 08: Café do Comércio, situado na Praça do Ferreira, século XIX.
As praças do centro de Fortaleza sofrem com abandono. Entre os principais
problemas estão a insegurança, poluição sonora e sujeira. A Praça José de Alencar, apesar de
apresentar problemas, mostra contrastes verificados pela presença de mendigos e ambulantes
que disputam espaços com os artistas e cantores evangélicos.
A Praça do Ferreira é a que se apresenta mais preservada com condições de
acolher quem desejar passar ou permanecer por mais tempo na mesma. Além de limpa a
segurança realizada pelos policiais é frequente. Assim contrapondo a situação de abandono
das praças. Lá não se ver vendedores ambulantes e outras figuras comuns em outras praças.
Na Praça do Passeio Público, principalmente à noite, quando deveria ser mais presente a
atuação dos policiais, constata-se a ausência dos mesmos.
Fonte: Arquivo pessoal.
FIGURA 9: Territorialização dos aposentados na Praça do Ferreira, 2012.
Na Praça José de Alencar, não obstante a presença da guarda municipal e dos
policiais, verifica-se a apresenta de vendedores ambulantes, que se apropriam desse espaço,
tornando-o ponto marcante em poluição sonora.
Esses locais no passado foram privilegiados pela sociedade cearense para o lazer
(AZEVEDO, 1992), alí aconteciam os principais eventos culturais. Com a perda das funções
residencial e institucional, a área passou a concorrer com as atividades comerciais e de
serviços, sendo apropriada por parte da população menos abastada. (Jornal O Povo).
Assim destruiu-se o glamour e o romantismo dessas áreas da cidade. Crescem os
bairros a leste e oeste de Fortaleza e se abrem novas avenidas, surgem edifícios e aglomerados
de apartamentos, supermercados e shopping centers nos bairros. Cresce o número de
automóveis no centro, falta estacionamento, acelera-se a demolição de prédios, para usar
como estacionamentos.
Chega a década de 1980 e acelera-se o esvaziamento do centro com as instituições
transferindo-se para os bairros. O palácio do governo foi para o Cambeba, o fórum para a
Washington Soares a Assembleia Legislativa para o Dionísio Torres, o gabinete do prefeito
para a Serrinha, deixando só a lembrança da Fortaleza que passou.
Na Fortaleza de hoje, as manchetes, não só na imprensa escrita, como também nos
demais veículos de comunicação são diferentes. Falam do medo, da preocupação e da
insegurança. A cidade cresceu e distanciou-se das características antes descritas, por
repórteres, poetas e escritores. A atmosfera romântica da cidade, há tempo tornou-se “cinza”.
Diversas fases de crescimento foram observadas por seus narradores. “Suas características
modernas confundem-se com diversos aspectos de decadência e desleixo”.
O centro tradicional que em seu passado glorioso viveu anos de glamour, sofreu
também a influência dos diversos espaços de consumo, surgidos a partir da década de 80.
Em face à decadência verificada no centro de Fortaleza, houve uma preocupação
por parte das autoridades, surgindo, a partir daí, os projetos para melhorar a imagem do
mesmo. Veio então depois o movimento de requalificação do Centro de Fortaleza entre esses
o projeto “Viva o Centro” e “Ação Novo Centro (ANC)” sob a tutela do PLANEFOR que
surgiu a partir da movimentação existente na cidade promovida por um grupo de pessoas da
sociedade civil denominado “Amigos do Centro’ que contava com a participação de lojistas.
3.0 O CENTRO DE FORTALEZA: NOVOS PROJETOS
3.1 O projeto Vila do Mar
É um projeto que vem sendo executado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza,
agora de forma amplamente vantajosa em relação ao projeto anterior, conhecido como Costa
Oeste. As obras contemplam uma avenida litorânea, calçadões, praças de convivência,
quadras poliesportivas, novas barracas de praia, centro de artes e ofícios, anfiteatro e
memorial, pista de skate, além de saneamento ambiental e proteção de encosta. O “Vila do
Mar” prevê reassentamento dos moradores da área de preservação permanente de risco.
Os primeiros quatro apartamentos foram entregues à população do primeiro trecho
da orla, cujas obras já foram concluídas. Serão construídas 1.434 casas em quatro conjuntos
habitacionais. O projeto realizará melhorias fundiárias e a urbanização visa beneficiar a
extensão litorânea dos bairros Pirambu, Cristo Redentor, Barra do Ceará, promovendo
reabilitação urbana e ambiental do local.
Foram concluídos 03 km de um total de 5,5 km e o investimento previsto é de R$
142 milhões. Esse projeto visa o direito de permanência dos moradores que atendem às
condições de beneficiários do programa do governo federal, contribuindo para diminuir o
fosso social, que ainda perdura em nossa sociedade e beneficia uma população de
aproximadamente 300 mil pessoas. Fonte: Jean de Almeida Saraiva – Jornal O Povo
3.2 O que pensam os legisladores de melhoria sobre o centro ?
A resposta é dos vereadores que querem uma Fortaleza diferente na organização
do espaço urbano e na administração pública, é o que surge no pensamento dos vereadores do
município. Eles que logo estarão nas ruas em busca de votos, demonstraram possuir visão
mais crítica sobre a cidade do que se pode apresentar, as posições cotidianas na câmara
municipal.
Se depender da maioria dos parlamentares, os chamados fichas-sujas serão
impedidos de assumir cargos na prefeitura ou no legislativo do estado. Não serão vistos nas
ruas, placas e outdoors irregulares e a população não será incomodada com o som de
aparelhos paredões. O trânsito passará a fluir bem, sem as dificuldades atuais. Essas são
apenas algumas propostas dos parlamentares entrevistados pelo jornal O Povo.
O questionário apresentado aos 41 vereadores que exercem mandatos entre
titulares e suplentes. Apenas 31 responderam, constituindo um programa geral de
considerações e ponderações, ver-se que pelas respostas não falta poder para se realizar, pode
faltar iniciativa ou competência, porque a cidade está muito aquém do que deseja os seus
legisladores. Mesmo as respostas confirmando que os parlamentares na maioria convergem
com o mesmo ponto de vista, os objetivos não são atingidos. Fonte: Pedro Alves@opovo.com.br
3.3 Atual ENCETUR
Um projeto que virou sucesso – a ENCETUR funcionando também aos domingos
das 09:00h ao meio dia, fica aberto para atendimento do público e em especial aos turistas e
moradores da capital que vão ao local fazer compras de produtos artesanais.
Aquele espaço pode estender seu horário de abertura se o tempo for adequado. Por
exemplo, no próximo domingo, a ENCETUR só fecha as portas as14h, por que aguarda visita
de turistas norte-americanos, mexicanos e brasileiros que participam de um cruzeiro num
transatlântico que atracou no Porto do Mucuripe.
Os cerca de 800 visitantes que faziam o trajeto entre Buenos Aires na Argentina
rumo à Europa, passavam pelo Rio de Janeiro e veio a capital cearense.
O grupo encontrou no local uma grande variedade de produtos cearenses nos
quiosques que funcionam nas antigas celas do presídio onde foi a antiga cadeia pública do
Ceará. Além do artesanato de renda do bilro, redes, confecções de modelos e diversas bolsas,
calçados e lembrancinhas.
Há 105 comerciantes instalados no local e o centro também oferece sugestões
gastronômicas como castanhas de caju, licores, fungos e doces. O centro é dotado de praça de
alimentação, museu de arte, área para estacionamento de carros e ônibus e segurança durante
24 horas. Diz Luís Carlos Bezerra, vice-presidente da associação dos lojistas da ENCETUR.
Fonte: Jornal O Povo 10/05/2012
3.4 O Centro Dragão do Mar
Constitui um dos projetos de requalificação de áreas históricas, voltados para a
promoção do turismo e do lazer cultural, desponta como estratégia central da gestão urbana
contemporânea.
Esse novo tipo de planejamento tem como objetivo dinamizar o papel da cidade
na economia globalizada. (GONDIM, 2007)
Conforme Linda Gondim, o projeto do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura,
construído pelo Governo do Estado do Ceará em Fortaleza, em 1988, tem esse objetivo desde
a sua implantação e aqui se aproveita para discutir também a produção da imagem do Centro
de Fortaleza através de uma operação de marketing político no âmbito de uma estratégia para
transformar o Ceará num estado moderno.
Aqui ainda chama a atenção de que se consolida na década de 1990 e de que os
bens simbólicos tem um papel importante para a economia urbana, e a cultura é usada para
promover a imagem da cidade.
Segundo Linda Gondim, foi na gestão do ex-governador Tasso Jereissati que se
iniciou a construção do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, com 30 mil m², sendo
13.500 m² de área construída e usada como espaço público que deve entre outras coisas
estimular a sociabilidade entre as classes sociais, ajudando a incrementar a atração turística da
cidade.
Localizado na orla marítima, ocupando quatro quadras com blocos que se
integram por meio de escadas, rampas e um elevador panorâmico, o complexo urbanístico de
estilo pós-moderno, compreende: um planetário, dois museus, espaço destinado à oficina de
artes, teatro, cinemas, livrarias, lojas de souvenires e um anfiteatro destinado a espetáculos
musicais. Seu nome é do jangadeiro cearense, herói do movimento abolicionista e como novo
ícone da cidade de Fortaleza, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), foi
apresentado como uma política cultural capaz de produzir informação, conhecimento e
cultura. (GONDIM, 1999)
4.0 A IMPRENSA NO CEARÁ: DESDE OS PRIMÓRDIOS A SERVIÇO DE QUE E
DE QUEM?
Desde sempre a imprensa no Brasil esteve a serviço das elites e autoridades
politicas vigentes, no Ceará não foi diferente. Destacamos aqui algumas que fizeram historia.
O Ceará possui uma das mais reais tradições jornalísticas do Brasil, tanto pelo
desenvolvimento das atividades respectivas, iniciadas presumivelmente em 1824, com a
publicação do “Diário do Governo” redigido pelo Padre Gonçalo Inácio Loiola de
Albuquerque Mororó.
A história do jornalismo Cearense pode ser dividida em duas fases principais: A
primeira os jornais existiam em função de partidos políticos ou de grupos de opinião e pouca
atenção davam ao caráter noticioso ou comercial da imprensa. Com o surgimento do “Correio
do Ceará” em 1915, é que o noticiário e a publicidade começaram a ganhar espaço jornalístico
e a partir de então os órgãos de orientação política tiveram duração efêmera.
Com as “Folhas Partidárias”, no segundo império, o Ceará apareceu de maneira
notável, com os liberais e os conservadores, órgãos muito atuantes. Os liberais contaram com
o “Cearense” para defender seus interesses, quando houve a cisão do partido, os dissidentes
lançaram a “Gazeta do Norte”. A outra corrente, cuja totalidade era representada pelo “Pedro
II” inicialmente, para depois se tornar porta voz de uma ala conservadorista, que em luta com
a anterior fez publicar a “Constituição”. Esses, o mais “imparcial” e o “Sol” foram os
principais órgãos da imprensa cearense no período e ainda o “Libertador” que surgiu para
incitar a campanha abolicionista no Ceará.
Nas acanhadas relações da época uniam-se às inteligências, os relatores, principais
chefes partidários, agregavam os jovens de talentos promissores como Juvenal Galeno, Rocha
Lima, Oliveira Paiva, Farias Brito, entre outros, não tardaria a brilhar na constelação literária
do Ceará.
Não faltou também, a elevação dos que sendo políticos eminentes, como Tomaz
Pompeu de Souza Brasil, Miguel Fernandes Vieira, Manoel Soares da Silva Bezerra, Pedro
Pereira da Silva Guimaraes, Domingos José Nogueira Jaguaribe que se afirmaram como
jornalistas, na segunda metade do Século XIX.
É muito difícil fazer jus do papel que os jornais de então desempenhavam na
civilização cearense. José Brigído considerado o maior jornalista da época, opinou que foram
aqueles órgãos o meio de descarregar as paixões evitando-se as lutas a mão armada. Com essa
tradição o jornalismo cearense caiu em crise em 1889 ao ser mudado o regime, desapareceram
os jornais “O Cearense” e o “Pedro II”, os mais antigos órgãos políticos em circulação em
todo o Império do Brasil. A seguir destacamos alguns jornais que fizeram história em
Fortaleza.
“A República”, que apareceria a seguir para ter uma existência de vinte anos,
encerrada em 1912. Os órgãos de oposição foram o “Jornal do Ceará”, e “O Unitário”, de
Valdomiro Cavalcante e João Brígido respectivamente.
Jornal Unitário fundado por João Brígido dos Santos em 1903. Seu fundador foi
advogado politico, cronista, jornalista e historiador. Nascido no estado do Espirito Santo em
1829 e falecido em 1921.
Como jornalista foi destemido, combativo no exercício do jornal que fundou.
Como politico foi deputado estadual, deputado geral e senador pelo estado do Ceará. Fundou
também o Jornal Araripe na cidade do Crato, no Ceará. O Jornal Unitário em 1894 passou a
pertencer ao grupo dos Diários Associados de propriedade de Francisco de Assis
Chateaubriand. Fonte: Nobre (2006, P.128)
Também o Correio do Ceará foi um tradicional jornal cearense da cidade de
Fortaleza. Foi fundado em 02 de Março de 1915, por Álvaro da Cunha Mendes, empresário
do ramo gráfico. A partir de 1937 esse jornal passa a ser integrante do grupo Diário
Associados, de propriedade de Francisco de Assis Chateaubriand. Esse jornal deixou de
circular em 1982 e sua ultima edição foi de nº 19.962. Em março de 2006 quando comemorou
91 anos de fundação voltou a circular, apenas com edições especiais. Fonte: (Nobre, 2006, P. 132)
O Jornal Tribuna do Ceará pertenceu ao empresário Afonso Sancho e circulou
na cidade de Fortaleza até o fim da década de 1990, quando foi vendido ao Empresário Tasso
Jereissati, que já detém concessões de emissoras de rádio e televisão e agora planeja resgatá-
lo. A informação está na revista Veja da última semana de setembro de 2012. Diz-se que a
retomada da Tribuna do Ceará será na internet, mas há projetos para ampliar para a versão
impressa. Fonte: www.iguatunoticias e Revista Veja
O Jornal O Estado do Ceará tinha como lema: Independente como você. Foi
fundado em 1936 por um grupo de políticos do PSD, Partido Social Democrata, tendo a frente
o Deputado Federal José Martins Rodrigues. Durante certo tempo o jornal O Estado ficou na
mão de políticos assim como outros periódicos da época, que também pertenciam ao jogo
partidário ou faziam parte do mesmo. Por causa desse engajamento político o jornal vivia
entre altos e baixos. Quando o PSD estava no poder o jornal estava bem, quando era a UDN
que governava, o jornal estava mal. Assim esteve até quase fechar, já na mão do jovem
empresário da época, Sérgio Filomeno.
Em 1963, o Dr. Venelouis Xavier Pereira, advogado e jornalista, delegado da
policia civil, fez uma proposta a Sérgio Filomeno e comprou o jornal. Começa nova fase. O
jornal passou a ser uma empresa, recuperou suas finanças, passou a dar lucro e se
desenvolver. Em 1964, ocorre a revolução militar: foram cassados direitos políticos, pessoas
foram perseguidas e iniciou-se a fase negra para as instituições democráticas.
A imprensa brasileira passou a ser perseguida e censurada. Os jornais que não
concordavam e publicavam matérias que ferissem os interesses da revolução, tinham seus
editores, jornalistas e diretores chamados ao comando militar para dar explicações e muitas
vezes eram presos e processados.
O jornal O Estado, no início, apoiou o movimento de 1964, mas logo em seguida
entrou na oposição e assim seu diretor, Venelouis Xavier Pereira foi perseguido. Nesse
período o jornal se notabilizou pela proteção que dava aos jornalistas perseguidos, impedidos
de trabalhar em outros meios de comunicação.
A liberdade de imprensa e a defesa dos direitos das minorias e da justiça social
marcaram a historia do jornal O Estado e do seu diretor Venelouis Xavier Pereira. Até hoje o
jornal continua sobre o controle dos herdeiros. Fonte: (Nobre, 2006, P. 145)
4.1. Jornal O POVO – Histórias, desafios, registros e repetições
O Jornal “O Povo” foi fundado em 05/01/1928 pelo jornalista e odontólogo
Demócrito Rocha Dummar e o advogado Paulo Sarasate Ferreira Lopes, e em sua primeira
página de edição aparece a seguinte citação:
“Contrariamente ao pensamento de muitos nunca será demais um novo
jornal”. Assim iniciava-se a apresentação do novo diário cearense que passou a
circular na tarde do sétimo dia de 1928, um sábado, sob o título de “Falando ao
Povo”, o jornal se propunha a descortinar o mundo e ser um grito que
estimulasse mais vozes a lutar por ideais de justiça e liberdade. Logo em sua
gênese se propõe a fazer de suas páginas uma arena para combater francos e
leais. E o futuro dirá da nossa lealdade ao programa aqui traçado (O Povo 80
anos).
A Fundação Demócrito Rocha presta homenagem ao jornal O Povo, descrevendo
a sua história com detalhes através de reportagens e fotografias, retratando o convívio na
história, revivendo o cotidiano não apenas de Fortaleza, cidade na qual foi fundado há mais de
80 anos, mas destacando as notícias que fizeram história em Fortaleza, no estado do Ceará, no
Nordeste, no Brasil e no mundo, conforme publicou o seu propósito, o mundo em oito
décadas, no exemplar “O Povo” 80 anos confirma que a sua prevalência na constante ação de
testemunhar os fatos do cotidiano, fazem do Jornal O Povo o veículo mais íntimo da história
de Fortaleza.
Assim está registrada uma sequência dos principais acontecimentos que fazem
parte da história, desde a fundação do jornal O Povo, até as edições atuais, initerruptamente,
cumprindo o caminho traçado por seus fundadores.
O primeiro tema que passa a habitar suas páginas sistematicamente é o banditismo
de Virgulino Ferreira (Lampião). Outro tema foi Luís Carlos Prestes e as marcas deixadas por
sua coluna. O Assassinato de João Pessoa, Campos de concentração e na seca de 1932. Padre
Cícero, “O Patriarca de Juazeiro”. Sempre temas polêmicos com as reportagens a seguir:
O Revide- A França atacará a Itália no próprio continente. Uma lição dos
ditadores intransigentes. O beato Zé Lourenço em uma área fértil do Cariri inicia a
Comunidade do Caldeirão. No céu com zepelim.
Onde tem noticia O Povo esta presente, é o que comprova O Povo 80 anos, com a
seriedade demonstrada, faz crescer a credibilidade e assim, a convivência com o crescimento
e desenvolvimento de Fortaleza sugere que é importante e confiável podermos contar com as
matérias deste jornal como apoio a esse trabalho, que visa mostrar a imagem do Centro de
Fortaleza, como principal objetivo. Fonte: Exemplares publicados para o aniversario de 80 anos do
jornal O Povo
Verificando o livro “O Povo 80 Anos”, observa-se que o jornal se sobressai no
número de registros na história desta cidade, o que nos permite avaliar pela estrutura que
possui, constituindo-se em um dos maiores veículos de comunicação no estado do Ceará na
atualidade, em números de circulação.
A prevalência na constante ação de testemunhar os fatos do cotidiano em
Fortaleza, no Ceará, no Brasil e no mundo por mais de 80 anos faz do jornal O Povo, o
veiculo mais intimo da historia dessa cidade. Fonte: Exemplar publicado para aniversario de 80
anos do jornal O Povo
Jornal Diário do Nordeste
O Diário do Nordeste, jornal fundado em Fortaleza no dia 19 de Dezembro de
1981 pelo empresário Edson Queiroz, proprietário do Sistema Verdes Mares, com sucursais
em Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte, Sobral, Brasília e Recife, obteve uma condição que
quase passou a concorrer com os demais jornais no espaço fortalezense e em vários
municípios do Ceará, e está incluso entre os jornais que fazem a história de Fortaleza.
O Diário surgiu numa época em que o Brasil iniciava o processo de cobertura
política. E com certeza os bons ventos da democracia contribuíram para fazer com que o
jornal apostasse sempre no novo.
Contando com um moderno parque gráfico, aparece no mercado dentro de um
novo contexto, ou seja, quando a informação e as tecnologias de comunicação ganham maior
destaque no cenário do mundo globalizado e multicultura. Foi o primeiro jornal a informatizar
toda a redação e adotar o uso de cores em Fortaleza.
O forte do Diário do Nordeste é a sua penetração maciça em todo o estado,
abrange todas as regiões chegando às mãos dos leitores de norte a sul o Ceará e tem o apelo
popular conseguido com o jornal dos bairros que circulava aos domingos e a cada semana
contava a história de um bairro.
As coberturas de maior destaque nos seus primeiros 25 anos foram em: Junho/82
– acidente com o Boeing na Serra de Aratanha, Janeiro/84 – Comércio das Diretas na Praça da
Sé em São Paulo, Janeiro/85 eleições indiretas, Tancredo Neves é eleito, Novembro/89
primeiras eleições após a redemocratização do país, Janeiro/90 crise álcool tende a piorar,
Janeiro /91 guerra do golfo, Setembro/2001 atentado às torres gêmeas, abril/2005 morre o
papa João Paulo II.
Passou quase que imediatamente a concorrer com os demais jornais no espaço
fortalezense em vários municípios do Ceará.
São esses os jornais que fizeram e fazem história em Fortaleza.
.
5.0 REPORTAGENS PRODUZIDAS SOBRE O CENTRO DE FORTALEZA NOS
MESES DE MAIO, JUNHO e JULHO/2012, NO JORNAL “O POVO”.
Segundo ERBOLATO (2004), as notícias são comunicações sobre fatos novos
que surgem na luta pela existência do indivíduo e da própria sociedade, devendo ser recentes,
inéditas, verdadeiras, objetivas e de interesse público.
Nem tudo o que acontece se transforma em notícia. A maior parte das atividades
dos homens não são registradas pelos jornais. Milhares de pessoas vivem semanas, meses e
anos sem tomar parte em acontecimentos noticiáveis. Pode até acontecer que saiam da rotina,
porém se tornam apenas participantes secundários desses acontecimentos que os jornais
noticiam.
Ainda de acordo com ERBOLATO, 2004, as notícias poderiam ser publicadas
respeitando-se os critérios de proximidade (envolvem notícias locais), impacto,
consequências, utilidade, oportunidade, descobertas e invenções, progresso, entre outros, que
embora não aceitos pela unanimidade, chegam a motivar o público.
Dentre os acontecimentos ocorridos no Centro de Fortaleza nos meses de maio,
junho e julho/2012, foram registradas várias reportagens feitas pelos repórteres do Jornal O
Povo, atingindo vários setores desde os casos de omissão administrativa à insegurança, até
fatos relacionados à política, conforme descrito nos títulos a seguir.
5.1 Movimento do comércio no centro de Fortaleza cai 70% devido à greve – Editorial
de Economia – Jornal O Povo – 21/06/2012 – Lusiana Freire e Mariana Freire.
Ao recorrer a uma análise do comportamento comercial no centro de Fortaleza
constava uma flagrante queda que representa pelo menos 70% no movimento de pessoas que
normalmente frequentam o local. E essa avaliação crua foi demonstrada pelo pequeno número
de visitantes e trabalhadores que arriscaram ir ao centro da cidade no dia 21 de junho de 2012.
Primeiro dia de greve dos motoristas e cobradores de ônibus de Fortaleza.
Segundo Maia Júnior, Presidente da Associação dos Empresários de ônibus de
Fortaleza (ACEFORT), cerca de trezentas e cinquenta mil pessoas vão ao centro todo dia, e
destas, trezentas mil vão de ônibus, porém o medo de ficar sem condução reduziu o número
de visitantes e consumidores em setenta por cento.
Muitos funcionários que trabalham no centro também tiveram dificuldade de
chegar às empresas, já que alguns ônibus os quais estavam, paravam em diversas avenidas
obrigando os passageiros a descerem e continuarem suas viagens a pé.
Muitos foram os que não chegaram ao trabalho, outros ficaram presos em diversos
terminais de ônibus sem saber como seria a viagem de volta para casa. Entre outras
consequências ainda registrou-se um prejuízo irreparável ao comércio pela inexistência de
fregueses.
5.2 Vigilância – Centro Monitorado – Editorial Polícia, 10/07/2013.
O centro de Fortaleza receberá 24 câmeras de monitoramento. Segundo a Guarda
Municipal, o sistema vai funcionar 24 horas por dia em pontos como as Praças do Ferreira,
Coração de Jesus, Praça dos Leões, entre outras, e em alguns locais de grande movimentação
de pessoas que visitam e trabalham nessa região.
As câmeras possuem um ângulo de 360 graus, com alta definição. Ao todo, foram
investidos R$ 800.000,00 para aquisição de móveis para a estruturação do Gabinete de Gestão
Integrada Municipal (GGIM) e dos equipamentos necessários ao sistema de vídeo-
monitoramento. A ação integra o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania.
5.3 Inácio e Moroni - Sábado de caminhadas pelo Centro de Fortaleza – Ranne Almeida,
Jornal O Povo, Caderno Política (15/07/2012)
Os dois candidatos com os melhores índices de intenção de voto à prefeitura,
segundo a última pesquisa Ibope, Inácio Arruda e Moroni Torgan, escolheram o Centro da
Cidade para fazer caminhadas na manhã de ontem, apostando no grande fluxo de pessoas
naquele dia. Ambos apostam no corpo-a-corpo na área central, mas usam discursos diferentes,
enquanto Moroni prometeu tranquilidade aos usuários do Centro, Inácio focou na questão do
planejamento.
Quem andava pelas ruas do Centro de Fortaleza na manhã de ontem, pode
verificar a movimentação intensa de candidatos que disputam à Prefeitura da Capital. O bairro
comercial, que fica lotado aos sábados, foi espaço para caminhadas do senador Inácio Arruda
(PCdoB) e do ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM), que percorreram ruas do Centro
junto com a militância.
Com a mesma bandeira levantada nas campanhas passadas, Moroni abordava
eleitores, prometendo, em especial, “tranquilidade” aos comerciários e usuários do Centro de
Fortaleza, dizendo já ter um projeto pronto para fazer uma cidade tranquila e ser o único que
tem esse projeto, disse, acrescentando que também focará sua campanha em soluções para a
saúde, educação e mobilidade urbana.
Para o democrata, o apoio das máquinas municipal e estadual às candidaturas de
Elmano de Freitas e Roberto Cláudio, respectivamente, não deverão interferir na decisão do
Fortalezense. “Fortaleza só respeita uma máquina: a do povo” alfinetou.
Ao defender planejamento para a Capital, Inácio, por sua vez, alertou para a
necessidade urgente da implantação de um Instituto que organize a gestão da cidade. “O
município tem grande capacidade de atrair investimentos, mas é preciso que ele se planeje
para isso. Tudo começar a partir daí”, destacou o comunista, que já comandou um
planejamento “bairro a bairro” na Capital, quando presidiu a Federação de Bairros e Favelas
de Fortaleza (FBFF). Outra prioridade, segundo ressaltou, será a reestruturação da rede de
saúde publica. “Há 30 anos a rede é a mesma, sendo que a população dobrou nesse mesmo
período”, apontou o senador.
Análise das Matérias
A abundante produção de reportagens diárias, produzidas pelos jornais,
relacionadas ao centro de Fortaleza, muito diz da sua importância para a população dessa
cidade, demonstrando não ter perdido total a sua prevalência sobre os demais bairros,
especialmente no setor de prestação de serviços, que atrai a presença de público e faz as
notícias acontecerem.
Mário Erbolato, no Livro Técnicas de Codificação em jornalismo, foca a
importância dos critérios de noticiabilidade para uma boa notícia. Neste trabalho observa-se
que nas reportagens relacionadas não faltaram esses fatores, os quais facilitam a compreensão
dos leitores, uma vez que as reportagens são pautadas em assuntos que fazem parte da
conversa diária daqueles que aqui moram, trabalham ou frequentam.
São três reportagens de cadernos diferentes, conforme a seguir: Caderno cidade,
Caderno Polícia e Caderno Política.
O editorial do Caderno Cidade fala sobre a greve dos motoristas de ônibus. Dessa
forma, foca num assunto que preocupa a população em geral, apresentando uma notícia em
linguagem clara, texto breve e assunto inédito e como critérios de noticiabilidade, verificamos
que a notícia possui proximidade, consequências e interesse pessoal, já que ocorre na cidade
onde vive ou trabalha esta população, trás consequências no seu deslocamento e apresenta
interesse pessoal para àquelas pessoas que se dirigem diretamente ao centro da cidade, local
em que foram relatadas as maiores consequência da greve dos motoristas.
O editorial Polícia tem o fito na segurança e destaca a instalação de câmeras no
centro da cidade pela guarda municipal. Esta notícia apresenta como características a clareza,
a veracidade do fato, o interesse público e brevidade, as quais influenciam grau de interesse
do leitor. Como características de noticiabilidade podemos citar a proximidade, o progresso e
a importância, já que o fato ocorre no centro da cidade e se tornará um fator importante no
controle da segurança pública, que atualmente se tornou uma das principais exigências da
população de Fortaleza.
O editorial de Política focaliza a Campanha Eleitoral. Á três meses da eleição a
notícia se torna mais atrativa aos leitores pela proximidade do tempo e as perspectivas de
mudanças que os candidatos sugerem. Ela apresenta como características a clareza, a
brevidade do fato, a objetividade e se mostra de interesse público. Como características de
noticiabilidade podemos citar a proximidade, a importância, o interesse humano e a
rivalidade, já que o fato ocorre em um período próximo às eleições, despertando o interesse
dos eleitores acerca das notícias que relatam as propostas dos candidatos mais bem
posicionados, segundo os institutos de pesquisa de intenção de votos, para vencerem a eleição
da prefeitura municipal de Fortaleza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avaliar um trabalho de pesquisa que tem como única fonte as notícias do
cotidiano encontradas nas manchetes dos jornais impressos que colhem noticias no centro de
fortaleza é facilitado pela extensão da recente amostra de área. O centro da cidade atende aos
limites geográficos obedecidos pelas Avenidas Dom Manoel, Duque de Caxias, Imperador e
Avenida Leste-Oeste, conforme o projeto de Silva Paulet.
É um pequeno espaço territorial, mas considerando as atividades nele
desenvolvidas é o espaço territorial mais complexo, tendo em vista que as construções antigas
são predominantes, ocorrendo frequentes problemas nas instalações elétricas (incêndios
frequentes), instalações hidráulicas (com problemas em canos velhos, hidratantes).
O Comércio de confecções e de plásticos (sensível aos incêndios) engloba toda
esta região e convivem com as barracas ocupando as calçadas que entulham as ruas e
promovem uma desorganização total.
Os terminais de ônibus para os bairros e cidades metropolitanas e os demais
veículos (automóveis, motos, bicicletas) saem todos do centro. As ruas e calçadas apresentam-
se lotadas, onde os pedestres disputam espaço com os veículos.
A desorganização do trânsito e a insegurança total que já é comum no sentimento
da população (devido aos frequentes assaltos, saidinhas bancárias e furtos) tornam a região
intranquila, com exceção da Praça do Ferreira, local onde não há presença de camelôs e
aparentemente a população ainda respira um pouco mais tranquila. Nos demais redutos reina a
intranquilidade, até na Praça José de Alencar onde é constante a presença de guardas
municipais.
Nas entrevistas aos repórteres do jornal impresso “O Povo” as autoridades
prometem segurança até mesmo 24h, mas os transeuntes manifestam um comportamento
preocupado, sempre em alerta, tanto nas ruas, nas lojas e nas saídas das agências bancárias em
especial.
Não é assegurado a ninguém fugir a regra da alerta. Quando perguntamos a seis
pessoas comuns, como julgam o centro de Fortaleza, a resposta foi: É preocupante! O que se
conclui que hoje a imagem do centro de Fortaleza é da insegurança e do medo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADERALDO, Mozart Soriano. História abreviada de Fortaleza. Fortaleza: Imprensa
Universitária da UFC, 1974.
AZEVEDO, Otacílio. Fortaleza descalça. 2. ed. Fortaleza: UFC, 1992.
CASTRO, José Liberal. Fatores de localização e expansão da cidade de Fortaleza.
Fortaleza: Ed. Imprensa Universitária, 1972.
COSTA, Sabrina Studart Fontenele. Intervenção na cidade existente. [São Paulo]:
Universidade Federal de São Paulo, 2005.
DANTAS, Eustáquio Wanderley Corrêa, et al. De cidade à metrópole (Transformações
Urbanas) em Fortaleza. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
ERBOLATO, Mario L. Técnicas de Codificação em Jornalismo. 5. ed. São Paulo: Ática,
2004.
GIRÃO, Raimundo. Fortaleza e crônica histórica. Fortaleza: Casa José de Alencar, 2000.
GONDIM, Linda Maria de Pontes. Dragão do mar e a (Fortaleza pós-moderna) Cultura
patrimônio e imagem da cidade. São Paulo: Anablume, 2007.
LEMENHE, Maria Auxiliadora. Fortaleza, progresso?. Fortaleza, [s.n.], 1979.
MAMEDE, Maria Anacelia B. A construção do nordeste pela mídia. Secretaria de Cultura
do Estado do Ceará, 2006.
MENESES, Antônio Bezerra de. Descrição da cidade de Fortaleza. Fortaleza: Revista do
Instituto do Ceará, volume IX, 1985.
MARQUES, Regina Elisabeth do Rego Barros. Organização, dependência e classes sociais,
o caso de Fortaleza. Tese de Mestrado em Sociologia. Fortaleza: UFC, 1986.
NOBRE, Geraldo da Silva. Introdução à história do Jornalismo Cearense. [S.l]: Secretaria
de Cultura do Estado do Ceará, 2006.
PONTE, Sebastião Rogério. Reformas urbanas e controle e controle social 1860-1930.
Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 1993.
SANTOS, Milton. O país distorcido, o Brasil, a globalização e a cidadania. São Paulo,
2002.
SARMENTO, Lídia. et. al. Fortaleza, praças, parques e monumentos. Fortaleza: Fundação
de Cultura e esportes.
SILVA, José Borracchiello da. Nas trilhas da cidade, Fortaleza. Museu do Ceará/SECULT,
2001.
SOUTO, Lucineide. et al. Revista Fortaleza 13 de Abril de 1726. Fortaleza: Prefeitura
Municipal de Fortaleza, Secretaria de Cultura, 2002.
VASCONCELOS, Leonardo Costa de. Um centro para uma cidade. Fortaleza: Pós-
graduação em sociologia, UFC, 2008.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. 2. ed. São Paulo: Studio Bobel,
FAPESP, Lincoln Instituto, 2001.