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JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS, UMA PROPOSTA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Sérgio Jesus de Andrade
Orientadora: Profª Renata Costa de Toledo Russo ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JUNDIAÍ – ESEF
RESUMO
Este estudo de cunho bibliográfico têm como objetivo fazer um resgate cultural dos jogos e brincadeiras tradicionais que estão se perdendo com o passar do tempo. Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para brincar. Enquanto que em épocas passadas elas tinham as ruas, parques, bosques, hoje em dia estes espaços estão cada vez mais escassos, sem falar da falta de segurança e a concorrência com os carros nas ruas, sem falar também da concorrência com o vídeo game e o computador. O brincar faz parte da vida da criança, e é uma fonte natural de conquistas, vivências e novas experiências, é no brincar que as crianças aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, vivências como: o respeito, entendimentos de regras, viver em grupos, dividir espaço e material, entre outras experiências que o brincar pode oferecer as crianças.Para muitas crianças a escola é o único espaço para brincar, o que torna a educação física escolar um pouco diferente do que se vivia em épocas anteriores. Nos dias de hoje o brincar está muito mais presente dentro das aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da quadra com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e brincadeiras tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha, barra manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas.
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Física Escolar
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INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje é fato que as crianças têm menos espaços para
brincar, enquanto que em épocas passadas elas brincavam nas ruas, parques,
bosques. Atualmente esses espaços estão cada vez mais escassos, sem falar na
falta de segurança e o excesso de carros nas ruas como também da concorrência
desleal com o vídeo game e o computador.
O brincar faz parte da vida da criança, é uma fonte natural de
conquistas, vivências e novas experiências. É no brincar que as crianças
aprendem muitas coisas que a vida pode lhes ensinar, vivências como: o respeito,
entendimentos de regras, viver em grupos, dividir espaço e material, entre outras
experiências que o brincar pode oferecer as crianças.
Nos dias de hoje para muitas crianças a escola é o único espaço para
brincar, o que torna a Educação Física Escolar um pouco diferente do que se vias
em épocas anteriores. Hoje em dia o brincar está muito mais presente dentro das
aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a criança no meio da
quadra com um amontoado de brinquedos. O resgate de alguns jogos e
brincadeiras tradicionais tais como: jogos de pegar, cantigas de roda, amarelinha,
barra manteiga, mãe da rua, pedrinhas entre outras, estão presentes nas aulas.
DEFININDO CULTURA
Para começarmos a definir cultura vamos recorrer ao dicionário da
língua portuguesa, no qual XIMENES (2000) definiu “cultura como ação ou modo
de cultivar. 2. Plantação. 3. Desenvolvimento intelectual. 4. Antrop. Conjunto de
experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições, produções
artísticas e intelectuais) que caracterizam uma sociedade. 5. Conjunto de
conhecimentos adquiridos numa determinada área de atividade. 6. Conjunto de
atitudes e comportamentos que caracterizam certa mentalidade. => Cultura
inflacionária.
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Assim antropologicamente falando podemos definir cultura como:
conjunto de experiências e realizações humanas (costumes, crenças, instituições,
produções artísticas e intelectuais), (XIMENES, 2000).
A palavra “cultura”, em sua origem no latim, significa ação ou maneira
de explorar certas produções naturais, cuidado com o campo e criação de
animais. Sua origem, portanto, está associada à ideia de trabalho produtivo.
(NEIRA, 2008).
Nesta ideia de Neira (2008), a cultura estava somente relacionada ao
trabalho no campo.
Podemos também definir cultura segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs (Brasil, 1998) como:
[..] um conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo. Neles o indivíduo é formado desde o momento de sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância, aprende os conhecimentos e valores do grupo; por eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como cada grupo social a concebe. (p. 27).
A cultura é tudo aquilo que criamos, vivenciamos, modificamos e
adaptamos conforme nossas necessidades como explica (DAOLIO , 1995).
O homem é um ser influenciável, e como a cultura de um povo pode
influenciar outro, com o passar das gerações os homens vão mudando,
aperfeiçoando e aprimorando, com tudo isso algumas coisas vão ficando para
trás, como por exemplo, as rodas familiares de conversas, as brincadeiras na rua,
as festividades que antigamente ocorriam nas casas, ruas e igrejas. Nos dias de
hoje os eventos festivos acontecem de forma isolada, sem o engajamento de
muitas famílias, fazendo que certas tradições se percam no tempo.
Segundo NEIRA (2008, p.33),
em 1871, Edward B. Tylor, etnólogo inglês, utilizou o termo “cultura” (em inglês, culture) como síntese de kultur e civilization, abrangendo em uma só palavra todas as realizações produzidas pelo homem ao longo da sua história. Essa definição caracterizada “cultura” como algo adquirido, refutando a ideia inata, dependente biologicamente.
Acompanhando o raciocínio do autor, podemos afirmar que todas as
produções humanas ao longo dos tempos são formas de cultura.
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Os jogos, brinquedos e brincadeiras, são elementos da cultura de um
povo, e não podem perder suas características com o passar dos tempos. A cada
geração temos que levar estas características aos mais novos, estes jogos,
brinquedos e brincadeiras possuem um repertório riquíssimo, podendo ser
inseridos nas aulas de Educação Física Escolar podendo facilitar em muito
nossas aulas.
A IMPORTÂNCIA DO RESGATE DE JOGOS E BRINCADEIRAS NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.
Por toda sua infância o brincar é uma coisa muito presente na vida das
crianças. Em épocas passadas as brincadeiras tinham como principal local a rua
ou espaços abertos, sem o grande fluxo de carros e com segurança.
Nos dias de hoje as brincadeiras monótonas, e/ou pouco gasto de
energia vem ganhando espaço na vida das crianças. Os computadores, os vídeos
games, a televisão se tornaram grandes aliados dos pais e crianças quando a
questão é brincar. Por parte dos pais por serem sempre dentro de casa, sob a
supervisão dos mesmos, e por parte dos filhos, que tendo em vista não poderem
sair na rua para brincar se refugiam nas telas dos mesmos.
Segundo Betti (1998) apud Costa (2006), os adolescentes brasileiros
despedem em média quatro horas por dia vendo televisão.
Os jogos e brincadeiras folclóricas foram perdendo espaço com o
passar dos tempos, ora pela falta de espaço, ora pela falta de segurança como
afirma FARIA JUNIOR (1996):
[...] jogos populares infantis, parlendas e brinquedos cantados foram sendo perdidos (ou transformados) nos últimos cinquenta anos, possivelmente como consequência dos processos de urbanização e de industrialização. (p.59)
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O brincar é algo presente para todos, principalmente para as crianças.
Para algumas é tão sério quanto o trabalho dos seus pais, pois na brincadeira
pode ser livre para criar e vencer seus próprios limites.
Para alguns o espaço escolar é o único momento em que esta criança
pode brincar sem estar o tempo todo voltada para um equipamento eletrônico.
Sentar no chão, rolar, correr, gritar, extravasar, são algumas das sensações que
os alunos sentem durante uma aula. Uma brincadeira, por exemplo, de pegar,
onde o aluno precisa correr para “fugir” do pegador, pode liberar muitas
sensações diferentes em cada aluno da sala de aula. Enquanto um aluno que se
movimenta pouco pode estar com a adrenalina a mil, outro aluno que tem um
repertório motor mais vasto está tranquilo e calmo esperando o pegador se
aproximar mais para depois sair correndo.
O brincar é algo nato da criança, em todos os momentos nos quais não
está realizando algo que algum adulto pediu, ela está brincando, seja com um
brinquedo ou com alguma “coisa” que ela encontrou no chão.
Segundo Borba (2006), estudos da Psicologia baseados em uma visão
histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil apontam que o
brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e
aprendizagem, sendo assim por que não trazer o brincar para a Educação Física
Escolar?
Pipa, esconde-esconde, pique, passaraio, bolinha de gude, bate mãos, amarelinha, queimada, cinco-marias, corda, pique-bandeira, polícia e ladrão, elástico, casinha, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-heróis...Brincadeiras que nos remetem à nossa própria infância e também nos levam a refletir sobre as crianças contemporânea: de que as crianças brincam hoje? Como e com quem brincam? (BORBA, 2006, p.33).
Devido ao grande desenvolvimento das cidades, os espaços estão
ficando cada vez mais limitados, as crianças estão sendo obrigadas a brincar em
pequenos espaços, e em muitos casos, só sobrando as aulas de Educação Física
nas escolas, ficando para nós Professores de Educação Física a responsabilidade
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de propagar para os alunos, os brinquedos e brincadeiras que os seus pais e
avós brincavam na sua infância.
Segundo Cascudo (1984) e Kishimoto (1999; 2003), os jogos
tradicionais infantis fazem parte da cultura popular, expressam a produção
espiritual de um povo em uma determinada época histórica, são transmitidos pela
oralidade e sempre estão em transformação, incorporando as criações anônimas
de geração em geração. Ligados ao folclore, possuem as características de
anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação e mudança. As
brincadeiras tradicionais possuem, enquanto manifestações da cultura popular, a
função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver a convivência social.
Os jogos e brincadeiras tradicionais como podemos observar em
Kishimoto (1992) apud Calegari e Prodocimo (2006), que antigamente eram
passados de geração para geração, hoje se perdem por diversos motivos, um dos
quais podemos citar, é a pouca convivência familiar, devido aos muitos
compromissos assumidos pelas famílias no dia-a-dia. Os pais trabalham fora o dia
todo, as crianças por sua vez, ao invés de brincar, estão indo cada vez mais cedo
para cursinhos e escolinhas, perdendo o pouco tempo disponível para brincar.
Nos dias de hoje o que está faltando para que nossas crianças
brinquem?
A meu ver, um dos fatores é o fato das crianças não saberem do que
brincar, como poderão elas brincar de algo que não lhes foi ensinado?
Como uma criança pode brincar de mãe da rua em frente a sua casa se
ela nunca nem ouviu falar desta brincadeira?
Estes questionamentos podem resolver alguns dos problemas que às
vezes ocorrem nas aulas de Educação Física, nós Professores de Educação
Física podemos fazer este resgate cultural de brinquedos, jogos e brincadeiras e
levar ao conhecimento de nossos alunos durante nossas aulas, possibilitando que
eles adquiram este conhecimento, não somente apresentar os brinquedos, jogos
e brincadeira, mas também trazer ao conhecimento do aluno toda sua história, e
trajetória pelo mundo.
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[...] é lamentável o fato de que estas brincadeiras tradicionais não se tenham sido incorporadas ao conteúdo pedagógico das aulas de Educação Física. Pois, aprender a trabalhar com essas brincadeiras poderia garantir um bom desenvolvimento das habilidades motoras sem precisar impor as crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha. (FREIRE, 2003, apud SANTOS, 2009, p. 211).
O brincar é algo inato á criança, os jogos e brincadeiras tradicionais
trazem um repertório motor riquíssimo para as crianças, quando temos a
possibilidade de incorporar estes jogos e brincadeiras tradicionais nas aulas,
damos a possibilidade das crianças vivenciarem um pouco mais da cultura do
nosso povo, ganhando em conhecimento e aprendizagem motora.
Velasco (1996), afirma que na antiguidade as crianças brincavam e
participavam das festividades, lazer e jogos dos adultos, mas ao mesmo tempo
tinham também um espaço reservado para que elas realizassem suas próprias
atividades. O que incluía nestas atividades o que hoje chamamos de brincadeiras
populares, pois naquela época a brincadeira era considerada um elemento
cultural, do riso e do folclore.
Ao observarmos uma criança que brinca, percebemos uma coisa
curiosa: seu estado de espírito coincide com sua concentração no objeto da
brincadeira, jamais é estático e possui um sentido de atração que contagia.
(JUNIOR, 1999).
Como podemos observar os jogos e brincadeiras folclóricas são de
extrema importância no desenvolvimento motor da criança, mas até que ponto
podemos afirmar que uma brincadeira de rua pode ser importante no
desenvolvimento motor e social da criança?
Cavallari e Zacharias (1997) afirmam que é difícil estabelecer que uma
determinada atividade é uma brincadeira, um pequeno jogo ou um grande jogo.
Para podermos definir, temos que ver como esta atividade será desenvolvida no
caso estudado e assim chegar a uma conclusão. O próprio professor pode utilizar
uma mesma atividade em forma de brincadeira, pequeno jogo ou grande jogo,
adaptando-se ao publico a ser atingido. Para transformar uma brincadeira em jogo
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ou vice-versa, basta utilizar as regras de acordo com as características da
atividade.
Uma brincadeira de rua, um jogo popular, pode facilmente ser inserido
nas aulas de Educação Física, basta o Professor dar o enfoque adequado na
atividade. Uma brincadeira de mãe da rua, por exemplo, pode ser inserida nas
aulas de correr, tendo em vista a complexidade da atividade, uma vez que os
alunos são “obrigados” a estarem sempre atentos ao pegador, para poderem
desviar e não serem pegos, podemos ainda trabalhar diversas capacidades
físicas nesta mesma aula.
O brincar é algo que acompanha a criança por toda sua vida, de acordo
com LOPES (2001, p. 35), o jogo e o exercício, é a preparação para a vida adulta.
“A criança aprende brincando, e é o exercício que a faz desenvolver suas
potencialidades”.
Não podemos deixar de lado o fato das crianças viverem em casas e
apartamentos, sendo assim também não podemos desvincular a rua da escola.
Antigamente os grandes talentos eram descobertos em peneirões realizados nas
várzeas, nas poucas quadras poliesportivas que existiam, e nos dias de hoje eles
são descobertos nas escolinhas de esporte. O que antes se aprendia na rua, hoje
se aprende nas escolinhas, este fato reforça ainda mais o papel do Professor de
Educação Física escolar, evidenciar em suas aulas vivências que possibilitem o
desenvolvimento motor, levando ao aluno conhecimento e vivências motoras. Não
devemos traçar uma linha de separação entre a rua e a escola, os poucos jogos e
brincadeiras que hoje se aprende nas ruas podem servir em muito para as nossas
aulas.
Os jogos e brincadeiras populares citados por Kishimoto apud Moreira
(2008), por serem passados de geração em geração, trazem toda uma bagagem
cultural, é muito rico em questões de respeito e de convivência, os quais uma
criança não consegue jogando a frente de um computador ou vídeo-game.
Possibilitar as vivências corporais coloca a criança defronte aos seus medos e
aumenta sua capacidade de resolução de problemas, preparando-as para o
futuro. A responsabilidade da escolha da atividade apropriada é do Professor de
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Educação Física escolar, que deve propor situações onde a criança possa correr,
pular, rolar, girar, explorar as suas habilidades e desenvolver mais algumas.
Segundo HUIZINGA (1980, p. 33)
o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em sim mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana.
Todo jogo tem sua regra própria, com elas a criança consegue
desenvolver habilidades para entender as regras do dia-a-dia, uma criança que
brinca e compreende as regras de um jogo ou brincadeira, se torna um adulto
entendedor das regras da vida.
Os jogos como conteúdos escolares podem ser considerados como um
dos que apresentam maiores facilidades de aplicação por diferentes razões, entre
elas:
Não são desconhecidos da criança, uma vez que a maioria já participou de diferentes jogos e brincadeiras;
Não exigem espaço ou material sofisticado (embora possam existir jogos com tais exigências);
Podem variar em complexidade de regras, ou seja, desde pequeno pode-se jogar com poucas regras ou chegar a jogos com regras de altíssimo nível de complexidade;
Podem ser praticados em qualquer faixa etária;
São divertidos e prazerosos para os seus participantes (a menos que sejam levados a extremos de competição);
Aprende-se o jogo pelo método global, diferentemente do esporte, que geralmente é aprendido/ensinado por partes. Ao contrário, em um grande jogo, aprendemos jogando, não se explica e se “treina” as partes para depois se jogar; a graça de se aprender o jogo está em justamente jogá-lo. Não se aprende a arremessar para depois se aprender a jogar queimada, o arremesso é aprendido durante o jogo. Se o arremesso deve ser mais forte, mais forte, mais fraco, em determinada direção, para cima ou para baixo, é o contexto do jogo que vai determinar. Os jogos coletivos foram criados desta maneira, as pessoas aprendiam jogando, somente mais tarde, com a técnica e a ciência é que passou a ensinar com decomposição de partes. (DARIDO e RANGEL, 2005, p.158; 159).
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Os jogos e brincadeiras tradicionais elevam o conhecimento intelectual
das crianças, conhecer a história de um jogo, saber de onde veio, e os lugares
onde se joga. Sabemos que os jogos e brincadeiras modificam de região para
região, conforme afirmam Darido e Rangel (2005) as brincadeiras costumam
variar conforme a região, mas mantêm sua essência e sua forma; essas
diferenças deveriam ser ensinadas aos alunos conforme elas aparecem e de
acordo com o nível de interesse dos mesmos.
Muitos dos jogos e brincadeiras que ainda conhecemos nos dias de
hoje podemos encontrar no quadro que veremos logo abaixo chamado
“Brincadeiras infantis”. Esse quadro foi pintado pelo artista holandês, Pieter
Bruegel, por volta do ano de 1560.
Brincadeiras infantis, BRUEGEL, 1560, 118 cm x 161 cm.
http://www.educandario.com.br/Revista/220909/peqbruegel.jpg
Observando esta pintura conseguimos elencar 84 brincadeiras com as
quais as crianças brincavam por volta de 1560. Podemos também observar o
estilo do bairro, ruas amplas de terra batida, muito espaço para que as crianças
brinquem a vontade, aspectos que nos dias de hoje são quase impossíveis de se
encontrar.
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As brincadeiras costumam variar conforme a região, mas mantêm sua essência, sua forma e sua poesia. O aspecto que mais se altera é a letra das canções e o próprio nome dos jogos. Aliás, no Brasil, há uma riqueza muito grande de jogos e brincadeiras, uma vez que os herdamos dos portugueses, índios e negros numa quantidade incrível. (DARIDO e RANGEL, 2005, p.158).
DARIDO E RANGEL (2005) dizem que: “a Educação Física, ao
considerar o jogo conteúdo, colabora para que o mesmo continue a ser
transmitido de geração, alicerçando esse patrimônio cultural tão importante para a
humanidade.” (p. 158)
Contudo não podemos desvincular estes conteúdos das aulas de
Educação Física Escolar, nossos alunos merecem ter contato com todas estas
vivências, sejam elas motoras ou intelectuais.
As aulas de Educação Física Escolar são um rico momento de trocas
de cultura, nelas acontece o que podemos chamar de pluralidade cultural, pois
nossos alunos são oriundos de diversas regiões, assim como seus pais, com isso
trazem uma bagagem cultural imensa.
Como proposta de trabalho a ser desenvolvida na aula de Educação
Física, vamos analisar o que segundo Neira & Nunes (2008), pode ajudar em
muito nossas expectativas junto aos nossos alunos.
Segundo NEIRA & NUNES (2008, p. 252)
socializar e ampliar o repertório de brincadeiras, rodas cantadas e lengalengas pertencentes à cultura corporal. Conhecer suas variações regionais, procedimentais e nominais. Adaptá-las para as condições do grupo (número de alunos, espaço físico, tempo de aula). Adotar uma postura participativa e não preconceituosa em relação às diferenças físicas, sexuais e raciais.
Seguindo a proposta de Neira (2008) de montar um projeto para se
trabalhar com os jogos e brincadeiras populares podemos ter a dimensão da
grandeza das propostas e possibilidades para se conseguir desenvolver o
trabalho com jogos e brincadeiras.
Pensando neste texto resolvemos elaborar com os alunos uma
pesquisa, onde eles perguntariam a seus pais e avós, com quais brincadeiras eles
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brincavam na infância, em outro momento em sala de aula levantamos quais as
brincadeiras que os alunos brincam nos dias de hoje, para depois colocar no
quadro as brincadeiras dos pais, para nossa surpresa as brincadeiras antigas são
pouco brincadas nos dias de hoje. Elas estão perdendo espaço para as
brincadeiras individuais, onde o brincar é isolado, sozinho.
Passando esta etapa de levantamento das brincadeiras que os pais e
avós de meus alunos brincavam, elaboramos um projeto de resgate folclórico de
jogos e brincadeiras, onde colocamos algumas das brincadeiras citadas pelos
pais e avós. Elencamos todas as brincadeiras citadas, no quadro e cada sala foi
escolhendo quais brincadeiras eles queriam aprender, no mês de Agosto de 2009,
demos inicio ao projeto, o qual foi enriquecedor e muito proveitoso para os alunos.
Os jogos e brincadeiras tradicionais serviram como facilitador para as
aulas de Educação Física Escolar, pois além dos alunos terem o contato com os
jogos nas aulas, ao chegar a casa, podiam contar com o apoio de seus pais, que
também conheciam os jogos e brincadeiras e podiam contribuir com mais
informações, as quais sempre enriqueciam as próximas aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após realizarmos esta revisão bibliográfica podemos perceber o quão
importante para os nossos alunos é o resgate dos jogos e brincadeiras
tradicionais, pois além de terem um vasto e rico repertório motor, é uma fonte
inesgotável de cultura, possibilitando inúmeras possibilidades de aprendizagem
motora e cultural.
Podemos perceber que nossos alunos estão a cada dia perdendo os
espaços para que possam se movimentar e colocar seus corpos em ação.
Percebemos que os jogos de vídeo-game, computador e a televisão
são grandes aliados de pais e crianças quando pensamos no brincar, mas estes
vêm tirando as possibilidades de aprendizagem motora de nossos alunos.
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As aulas de Educação Física Escolar podem se tornar muito mais
atrativas e possibilitar inúmeras combinações de jogos e brincadeiras, para que a
aprendizagem motora e cultural de nossos seja significativa, podemos traçar um
elo de aprendizagem, escola-familía-escola, ou família-escola-familía, que facilita
as nossas vidas de Professores de Educação Física Escolar, e melhora em muito
os aspectos motores de nossos alunos, tendo em vista que os pais também
conhecem algumas das atividades que vamos trabalhar durante nossas aulas,
podendo contribuir com sugestões e trazendo novas formas de brincar.
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REFERÊNCIAS
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