Post on 07-Apr-2016
IntoxicaçõesProf Bruno Silva
Introdução• A intoxicação é o efeito nocivo que se
produz quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com:– Pele e olhos– Mucosa: Nasal, do trato gastrintestinal, dos
porgãos genitais• São situações comuns na prática clínica
principalmente em emergências e são a causa mais freqüente de acidentes domésticos não mortais.
Introdução• As intoxicações acidentais ou intencionais,
são consideradas uma importante causa de ida a emergências médicas ou internações;
• A OMS estima que aproximadamente 1,5 a 3% da população é intoxicada por ano. – Isto representa para nosso país, até
4.800.000 novos casos a cada ano. – De 0,1 a 0,4 % das intoxicações culminam
em óbito.
Introdução• Muitas vezes estamos diante de casos em
que há uma exposição evidente, porém há casos em que a exposição é apenas possível.
• Portanto a hipótese de intoxicação deve ser sempre um diagnóstico diferencial em quadros obscuros e com sintomatologia não enquadrável.
Introdução• Aproximadamente 70% das intoxicações
são agudas• Cerca de 90% das intoxicações agudas se
dá por ingestão (isto é por via oral).
Produtos tóxicos comuns
Diagnóstico• O diagnóstico das intoxicações agudas
emprega os mesmos processos para o diagnóstico de qualquer condição clínica:– História ( anamnese )– Exame físico– Exames laboratoriais ( Se necessário )
Diagnóstico• Lembre-se sempre: • PARA DIAGNOSTICAR UMA PARA DIAGNOSTICAR UMA
INTOXICAÇÃO, É PRECISO PENSAR INTOXICAÇÃO, É PRECISO PENSAR NELANELA !!
Diagnóstico• Na prática clínica, as eventualidades que
se apresentam, podem estar enquadradas dentro de 2 possibilidades:1.1.Exposição evidenteExposição evidente2.2.Exposição possívelExposição possível
Exposição evidente• Quando há uma exposição evidente,
clara, ela pode estar enquadrada em uma das seguintes condições:– O toxicante (tóxico) e a dose são conhecidosO toxicante (tóxico) e a dose são conhecidos– O toxicante é conhecido porém a dose é O toxicante é conhecido porém a dose é
desconhecidadesconhecida– O toxicante e a dose são desconhecidosO toxicante e a dose são desconhecidos
Exposição evidente• Diante de uma exposição evidente, o
problema principal é:– Avaliar a QUANTIDADE do toxicante e a sua Avaliar a QUANTIDADE do toxicante e a sua
toxicidade.toxicidade.• O tratamento dependerá da quantidade e
da toxicidade do toxicante.
Exposição possível• É a ausência de exposição clara
(evidente) porém com:– Brusca transição do estado de saúde para um Brusca transição do estado de saúde para um
distúrbio orgânico importante e com risco de distúrbio orgânico importante e com risco de morte.morte.
– Aparecimento simultâneo de sintomas Aparecimento simultâneo de sintomas semelhantes em nº significativo de pessoas.semelhantes em nº significativo de pessoas.
Exposição possível• Entram nessa situação, o encontro de
“pistas” como:– Vidros, Vidros, – Fracos vazios, Fracos vazios, – Envelopes de fármacos vazios ou Envelopes de fármacos vazios ou
mastigados, mastigados, – Partes de plantas, Partes de plantas, – Seringas recém-usadas, Seringas recém-usadas, – Cartas de despedidas ou de tentativa clara de Cartas de despedidas ou de tentativa clara de
suicídio no local onde se encontravam o suicídio no local onde se encontravam o paciente, ou próximo a ele.paciente, ou próximo a ele.
Diagnóstico diferencial• Pensar em intoxicação para o diagnóstico
de uma enfermidade com:– Quadro clínico obscuroQuadro clínico obscuro– Com sintomatologia não enquadrávelCom sintomatologia não enquadrável– Etiologia desconhecidaEtiologia desconhecida– Pacientes desacordados e encontradoPacientes desacordados e encontrado
• Lembre-se: Envenenamento deve ser considerado sempre no diagnóstico diferencial !
Exame físico• Muitas vezes, como os pacientes chegam
desacordados e sem informações importantes que podem nos nortear a um diagnóstico, o exame físico completo se torna um aliado fundamental.
• Além de ser completo, para obter uma visão integral do paciente e manutenção de suas funções vitais, devemos procurar alguns sinais e sintomas que juntos podem fechar o diagnóstico.
Exame físico: Hálitos• De polidor de prata (amêndoas amargas):
– Intoxicação por: Cianeto• Alho:
– Intoxicação por: Arsênico, fósforo, tálio e parathion
• Acetona: – Intoxicação por: Acetona, álcool, isopropílico,
metanol, aspirina• Gás de carvão:
– Intoxicação por: Monóxido de carbono
Exame físico: Hálitos• Pêra:
– Intoxicação por: Hidrato de cloral• Graxa de sapato:
– Intoxicação por: Nitrobenzeno• Cânfora:
– Intoxicação por: Cânfora• Álcool:
– Intoxicação por: Álcool
Exame físico: Boca• Sialorréia:
– Organofosforados (OF),
– Carbamatos, – Arsênico, – Estricnina, – Chumbo,
– Mercúrio, – Tálio, – Cogumelos, – Nicotina, – Aspirina, – Cáusticos
Exame físico: Boca• Xerostomia (boca seca):
– Atropínicos, – Anti-histamínicos, – Efedrina, – Anfetamina
Exame físico: Boca• Descoloração das gengivas:
– Chumbo, – Mercúrio, – Arsênico, – Bismuto
Exame físico: Olhos• Miose:
– Narcóticos,– OF,– Carbamatos,– Pilocarpina,– Muscarina,– Ipeca,
Exame físico: Olhos• Midríase:
– Atropínicos– Cocaína– Anfetaminas– Meperidina– Éter– Cânfora
– Álcool– Cianeto– Monóxido de carbono– Nicotina– Benzeno– LSD
Exame físico: Cardiovascular• Taquicardia:
– Álcool– Arsênio– Atropínicos– Aspirina– Efedrina– Nicotina– Cocaína– IPECA– Anfetamina
• Bradicardia:– Digitálicos– Gasolina– Nicotina– Cogumelos– Narcóticos– Cianeto– Simpaticomiméticos– OF– Carbamatos
Exame físico: Cardiovascular• Hipertensão:
– Anfetaminas– Chumbo– Nicotina– Simpaticomiméticos
• Hipotensão:– Fenotiazínicos– Imipramina
Exame físico: Cardiovascular• Alterações no ECG:
– Arritmias ventriculares:Arritmias ventriculares: • Arsenico, imipramina
– Bloqueio atrioventricular: Bloqueio atrioventricular: • Cianeto, dextropropoxifeno
– QT prolongado:QT prolongado: • Fenotiazinas
– OutrasOutras: • Ipeca
Exame físico: Pele• Marcas de agulhas:
– Narcóticos e anfetaminas• Vesículas tensas:
– Barbitúricos• Bolhas nos pés:
– Monóxido de carbono• Pele seca e quente:
– Atropínicos e botulismo
Exame físico: Pele• Sudorese:
– OF, – Carbamatos, – Nitratos, – Muscarínicos, – Nicotina, – Anfetaminas,
– Barbitúricos, – LSD, – Cogumelos, – Talio, – Privação de drogas
Exame físico: Pele• Coloração:
– Preto: Iodo– Marrom: Brometo, metahemoglobinemia– Amarela: Ácido bórico– Rosa: Monóxido de carbono– Icterícia: Anilina, Arsênico, benzeno, fenotiazinas,
fósforos, tiazídicos, quinina, cogumelos– Cianose: Dióxidos de carbono, cianeto, metano,
nitratos, nitritos, Hidrato de clora, dinitrofenol, sulfonas
Exame físico: Neuropsíquicos• Convulsões:
– Anfetaminas,– Cânfora– Idrocarboneto,– Clorados,– OF,– Carbamatos,– Cianeto– Isoniazida,
– Estricnina– Cogumelos– Cocaína– Nicotina– Cafeína– Dextropropoxifeno
Exame físico: Neuropsíquicos• Coma:
– Barbitúricos– Narcóticos– Álcool– Tranquilizantes– Hidrato de cloral– Paraldeído– Clorofórmio– Éter– Cianeto
– Monóxidos de carbono
– Nicotina– Benzeno– Xileno– Cogumelos– Dextropropoxifeno
Exame físico: Neuropsíquicos• Alucinações:
– Álcool,– LSD,– Mescalina,– Anfetaminas,– Atropínicos,– Cocaína,
Exame físico: Neuropsíquicos• Cefaléia:
– Monóxido de carbono,– Chumbo– Álcool– Antabuse,
Exame físico: Neuropsíquicos• Tremores;
– Fenotiazinas– OF,– Monóxido de carbono,
• Hipertermia:– Atropina,– Aspirina,– Anfetamina,– LSD,
Exame físico: Digestivos• Cólicas abdominais:
– OF,– Carbamatos,– Arsênico,– Chumbo, – Tálio,– Privação de drogas,
Exame físico: Digestivos• Diarréia:
– Arsênico,– Ferro,– Ácido bórico,
• Constipação:– Chumbo,– Narcóticos,– Carvão ativado
Exame físico: Respiratórios• Depressão
respiratória:– Narcóticos,– Dextropropoxifeno,– Álcool– Monóxido de carbono,
• Taquipnéia:– Aspirina,– Querosene,– Metanol,– Nicotina,– Monóxido de
carbono,
Exame físico: Respiratórios• Edema agudo de pulmão:
– OF,– Carbamatos,– Hidrocarbonetos,– Narcóticos,– Dextropropoxifeno,– Monóxido de carbono,
Toxíndromes: AnfetaminasToxíndromes: Anfetaminas
• Atividade excessiva,• Argumentação,• Tremores• Cefaléia,• Diarréia,
• Sudorese,• Xerostomia com
cheiro pútrido,• Taquicardia,• Midríase, • Arritmia
Toxíndromes: AspirinaToxíndromes: Aspirina
• Taquipnéia,• Vômitos,• Hipertermia,
Toxíndromes: OF e CarbamatosToxíndromes: OF e Carbamatos
• Sialorréia,• Lacrimejamento,• Miose,• Sudorese,• Relaxamento dos efíncteres,• Cólicas abdominais,• Broncorréia
Toxíndromes: CianetosToxíndromes: Cianetos
• Cianose,• Coma,• Hálito com odor de polidor de prata,• Convulsões,• Bradicardia,• Bloqueio cardíaco
Toxíndromes: FenotiazinasToxíndromes: Fenotiazinas
• Miose,• Tremores,• Hipotensão postural,• Ataxia,• Prolongamento de QT
Toxíndromes: BarbitúricosToxíndromes: Barbitúricos
• Coma,• Pupilas levemente mióticas,• Vesículas cutâneas,
Toxíndromes: AntidepressivosToxíndromes: Antidepressivos
• Coma, • Depressão respiratória,• Alterações cardíacas,
Toxíndromes: Opiáceos em geralToxíndromes: Opiáceos em geral
• Coma,• Depressão respiratória,• Pupilas puntiformes,
Toxíndromes: NafazolinaToxíndromes: Nafazolina
• Sudorese fria,• Hipertensão arterial,• Palidez cutânea,
Conclusão• As intoxicações agudas são uma importante
causa de ida à emergência médica, principalmente na faixa pediátrica;
• A maior parte das intoxicações ocorrem por ingestão, porém podemos encontrar intoxicações por inalação ou absorção cutânea;
• Devemos sempre lembrar das intoxicações em todo paciente que chega com quadro obscuro;
• Reconhecer sinais ao exame físico é o maior aliado ao clínico na busca por uma etiologia.