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Inovações tecnológicas para tratamento e reúso de água: Enfrentando os desafios do
Século XXI
José Carlos Mierzwa
mierzwa@usp.br
Aracajú, 09 de Dezembro de 2015
Resumo da apresentação
• Histórico dos problemas de saneamento;
• Desafios atuais para o tratamento de águas e efluentes;
• A opção dos processos de separação por membranas;
• Desafios tecnológicos;
• Pesquisas em desenvolvimento;
• Considerações finais.
• “É incrível a história que os esgotos podem nos contar: dos hábitos de alimentação e higiene pessoal ao uso de medicamentos e comportamentos íntimos, como sexual e social”
(Adaptado de Lofrano, Giusy e Brown, Jeanette, Science of Total Environment, 408 (2010) 5254-5264)
Tão incrível quanto a história contada pelos esgotos é o fato de que parte dela pode ser lida na água e no alimento que consuminos.
Citação do autor.
Paralelo Histórico entre as práticas de Saneamento, com foco em água de abastecimento e no tratamento de esgotos (Adaptado de vários autores)
Era Romana Era negra do saneamento
Era da iluminação no saneamento e revolução industrial
Desenvolvimento dos processos básicos de
tratamento
Era do desen-volvimento de
processos Aumento na restrição dos padrões ambientais
Novos processos
0 476- 800 1800 1914 1965 20141700
Processo de filtração para remoção de partículas
Início do uso de filtros lentos - Europa
1855
Vínculo entre uma epidemia de cólera e a água
(John Snow – Londres)
1880-1890
Teoria dos germes por Louis Pasteur
1908
Início do uso do Cloro - EUA
1950
Demonstração teórica da dessalinização por membranas
(Samuel Yuster - UCLA)
1958-1960
Desenvolvimento de membranas assimétricas
(Loeb e Sourirajan)
Desenvolvimento dos sistemas
MBR
19901970
Teoria dos sedimentadores lamelares
(K.M. Yao)
Desenvolvimento do saneamento no mundo e as tecnologias aplicadas após a revolução industrial
• Gerenciamento dos esgotos por meio do lançamento direto no solo e nos corpos d’água.
Fonte: Fundamentals of biological wastewater treatment, 2007 – Udo Wiesmann, In Su Choi and Eva-Maria Dombrowski.
Resultados das práticas adotadas para o tratamento de esgotos
• Epidemias de cólera;
• Correlação entre a presença de organismos vivos na água e as epidemias de cólera;
• Uso de sistemas de filtração para tratamento de água, os quais evoluíram para os sistemas convencionais;
• Adoção do cloro como agente de desinfecção.
Segunda Guerra Mundial (1939)
Desafios atuais associados ao Saneamento em grandes centros urbanos
Falta de planejamento;
Demanda excessiva;
Poluição;
Necessidade de importar água de regiões distantes.
Escassez de água:
Quantidade; e
Qualidade.
Poluição da Água
►Efluentes de origem doméstica:
Problemas relacionados à diminuição da concentração de oxigênio nos corpos d´água e substâncias nutrientes.
►Efluentes de origem industrial:
Problemas relacionados aos mais variados tipos de substâncias.
►Acidentes ambientais podem agravar o problema.
Problemas de poluição
Opções para a Gestão dos Recursos Hídricos e do Saneamento Políticas de gerenciamento integrado dos recursos hídricos:
Lei Federal 9.433/1997.
Uso Racional da Água:
Equipamentos economizadores;
Melhoria dos processos produtivos;
Redução da perdas em sistemas de produção e distribuição.
Aprimoramento dos processos de tratamento de água e efluentes:
Tecnologias de separação por membranas.
Reciclagem e reúso da água.
Opções tecnológicas para tratamento de águas e esgotos
Tecnologia Classe de contaminante
CID GID COD SS Bactérias e
vírus
Evaporação E / B NA B E E
Troca iônica e eletrodeionização e
eletrodiálise E E NA NA NA
Osmose reversa B NA B E E
Adsorção em carvão ativado NA NA E / B NA NA
Radiação ultravioleta NA NA NA NA B / E
Sistema convencional de
tratamento de água NA NA NA E E
Micro e ultrafiltração NA NA B E E
Oxidação química(ozônio) NA NA E / B NA E
Sistemas biológicos de tratamento NA NA B / E B NA
E = Eficiente; B = Bom; NE = Não CID – Compostos Inorgânicos Dissolvidos; GID – Gases Ionizáveis Dissolvidos; COD – Compostos Orgânicos Dissolvidos; SS – Sólidos em suspensão.
Fatores favoráveis ao uso das tecnologias de separação por membranas
Limitação dos sistemas convencionais de tratamento para lidar com os problemas associados ao tratamento de água e esgotos;
Necessidade de altos investimentos para aprimorar os processos tradicionais de tratamento às novas demandas.
Demanda do mercado:
A previsão para o mercado de membranas em 2012 foi de US$ 15 bilhões (Freedonia Group, 2009);
50% deste valor relacionado aos mercados de tratamento de água e efluentes, envolvendo as tecnologias de micro e ultrafiltração e osmose reversa.
Relação entre inovação e investimento em P&D na atualidade
Principais processos de separação por membranas e capacidade de tratamento
Desafios para a aplicação das tecnologias de separação por membranas
• No Brasil: • Demonstrar o potencial da tecnologia de separação por
membranas para tratamento de água e efluentes;
• Desenvolver uma base de conhecimento específica para a aplicação da tecnologia, considerando-se as condições do país;
• Ampliar as pesquisas sobre a fabricação de membranas nacionais, com foco nos problemas de desempenho observados.
• No mundo:
• Desenvolvimento de membranas com menor potencial de ocorrência de depósitos.
Sistemas MBR para Tratamento de Esgotos
Combinam o processo biológico de tratamento de efluentes com o processo de separação por membranas;
Elimina a necessidade de utilização de clarificadores secundários;
Permite a operação com uma maior concentração de sólidos no licor misto;
Possibilita a obtenção de um efluente tratado com qualidade superior.
Sistema MBR Puron - Koch
Exemplo do desempenho dos bioreatores com membranas submersas
Afluente (mg/L) Efluente (mg/L) Membrana
SS DQO* DBO SS DQO DBO
80 - 460 100 - 365 200 -
1000 < 5 < 40 < 10 UF
96 89 349 < 5 12 3,7 UF
280 620 230 < 5 11 < 5 MF
153 79 176 < 5 6 1,5 MF
110 – 164 292 – 411 --x-- < 5 15 – 19 --x-- UF
1315 --x-- 1130 5 --x-- 5 UF
* DQO baseada no método com permanganato.
Fonte: Water Treatment Membrane Processes - AWWA
Desenvolvimento de membranas no CIRRA/USP
Reúso Potável O fator limitante para o reúso não potável abrangente
de água é o custo da rede de distribuição;
Atualmente o nível de desenvolvimento tecnológico permite a obtenção de água com elevado grau de qualidade;
Com a utilização destas tecnologias é possível implantar um programa de reúso potável planejado;
Isto já vem sendo feito em outros países.
Reúso Potável
Avaliação do potencial de um programa de reúso potável para o Município de Campinas;
Estudo a ser desenvolvido pelo Centro Internacional de Referência em Reúso de Água – POLI/USP;
Utilização do esgoto tratado de um Sistema MBR;
Adoção de tecnologias complementares de tratamento:
◦ Desinfecção por radiação UV;
◦ Sistema de Osmose Reversa;
◦ Processo de oxidação avançado (UV/Peróxido);
◦ Carvão ativado granular.
Proposta para produção de água de reúso para fins potáveis (Fonte: Imprensa Oficial, 2015).
Conclusões: A falta de planejamento nos grandes centros urbanos
tem resultado em problemas induzidos de escassez de água;
Para enfrentar estes problemas é necessária uma abordagem integrada;
◦ Redução do consume de água;
◦ Uso de novas tecnologias;
◦ Reúso planejado.
Foco em Inovação tecnológica.
Muito obrigado!