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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ÍNDIOS ONLINE:
O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação.
SIDNEI MARCIANO PEREIRA
SÃO PAULO
2010
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SIDNEI MARCIANO PEREIRA
ÍNDIOS ONLINE:
O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação, área de concentração Comunicação e Cultura Midiática, sob orientação da Profa. Dra. Bárbara Heller.
SÃO PAULO - SP
2010
Pereira, Sidnei Marciano Índios Online: o uso da internet em tribos indígenas / Sidnei Marciano Pereira – São Paulo, 2010. 160 f.: il.
Dissertação (mestrado) – Apresentada ao Instituto de Ciências Sociais e Comunicação da Universidade Paulista, São Paulo, 2010. Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática “Orientação: Profa. Dra. Barbara Heller” 1. Índio. 2. Representação indígena. 3. Mídia cinematográfica. 4. Ciberespaço. I. Título.
SIDNEI MARCIANO PEREIRA
ÍNDIOS ONLINE:
O USO DA INTERNET EM TRIBOS INDÍGENAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação, área de concentração Comunicação e Cultura Midiática.
Data de Aprovação: _____________________
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________Profa. Dra. Bárbara Heller (Orientadora)
Universidade Paulista - UNIP
_______________________________________Prof. Dr. Milton Pelegrini
Universidade Paulista - UNIP
_______________________________________Prof. Dr. Sérgio Amadeu da Silveira
Faculdade Cásper Líbero
DEDICATÓRIA
À minha mãe Josepha Pereira pelo apoio em todos os momentos e incentivo
para nunca desistir.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Barbara Heller por todo o apoio e palavras de alento nos
momentos difíceis.
À minha família em geral, principalmente a Jô, Milton e Tiago que me
acolheram em sua casa na cidade de Campinas/SP. Às minhas irmãs Suzana,
Sandra e meu irmão Saulo pela compreensão neste período no qual me dediquei
mais aos estudos do que a família.
Um agradecimento muitíssimo especial à minha irmã Solange e minhas
sobrinhas Phâmela e Phaola por me receberem em sua casa sempre que precisei
ficar mais tempo em São Paulo.
A todos que direta e indiretamente contribuíram para que eu dedicasse total
atenção à pesquisa e foram solidários nos momentos de sufoco e cansaço, nesses
24 meses de luta e perseverança.
RESUMO
Nossa pesquisa traz breve histórico da gênese da Comunicação Mediada por
Computador (CMC) com o advento do computador e da Internet, além de relatos
sobre a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) por povos
indígenas no território brasileiro, como ponto de partida para chegarmos à análise do
nosso objeto de pesquisa, o site Índios Online.
Também traçamos um pequeno panorama sobre a gradativa representação
do indígena na mídia cinematográfica brasileira, para depois analisar a utilização
pelos índios da tecnologia do vídeo e da internet nas aldeias.
Por fim, analisamos a representação virtual dos índios na rede mundial de
computadores, a Internet, por meio do site Índios Online, além de um breve estudo
sobre a temática das reportagens publicadas no site e entrevistas para
identificarmos a internet na visão do índio, buscando compreender o uso e o
significado da Internet na vida dos indígenas e colhermos informações sobre a
opinião dos mesmos a respeito dessa novidade nas aldeias.
Nas considerações finais apresentamos algumas reflexões sobre a utilização
da Comunicação Mediada por Computador, comentando suas vantagens e possíveis
desvantagens na utilização desses recursos tecnológicos por tribos indígenas
brasileiras.
Palavras-chave: índio, representação indígena, mídia cinematográfica e
Internet.
ABSTRACT
Our research provides a brief history of the genesis of Computer-Mediated
Communication (CMC) with the advent of computers and the internet, and reports on
the use of Information and Communication Technologies (ICTs) by indigenous
peoples in the brazilian territory, as a starting point to get to the analysis of our
research object, the Indian Online site.
Also draw a small picture on the gradual representation of indigenous media in
brazilian cinema, in order to examine the use by indians of video technology and the
internet in the villages.
Finally, we analyze the virtual representation of indians in the World Wide
Web, the internet, through the Indian Online site, beyond a brief study on the subject
of news reports and interviews on the site to identify the internet in view of the
indians, seeking understand the use and meaning of the internet in the lives of
indigenous people and to glean information about the views of the same about this
news in the villages.
The closing remarks present some reflections on the use of Computer-
Mediated Communication, commenting on its advantages and possible
disadvantages in their use of technology for brazilian indian tribes.
Keywords: indian, indigenous representation, media cinema and Internet.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Imagem reproduzida da página inicial do blog AJI
em 10 de dezembro de 2009 41
Figura 2: Imagem reproduzida da página inicial do CIR,
10 de dezembro de 2009 43
Figura 3: Imagem reproduzida da página inicial do site COIAB
em 10 de dezembro de 2009 44
Figura 4: Imagem reproduzida da página inicial Associação
em 10 de dezembro de 2009 46
Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena
em 10 de dezembro de 2009 48
Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena
em 10 de dezembro de 2009 49
Figura 7: Imagem reproduzida da página inicial do IDETI
em 10 de dezembro de 2009 50
Figura 8: Imagem reproduzida da página inicial do Inbrapi
em 10 de dezembro de 2009 52
Figura 9: Imagem reproduzida da página não localizada
em 10 de dezembro de 2009 54
Figura 10: Imagem reproduzida da página de busca
em 10 de dezembro de 2009 55
Figura 11: Imagem reproduzida da página inicial Nhandeva
em 10 de dezembro de 2009 57
Figura 12: Imagem reproduzida da página “Como ajudar”
em 10 de dezembro de 2009 58
Figura 13: Imagem reproduzida da página inicial da APIO
em 10 de dezembro de 2009 59
Figura 14: Imagem reproduzida do blog SITOAKORE
em 10 de dezembro de 2009 61
Figura 15: Imagem reproduzida da página inicial Warã
em 10 de dezembro de 2009 63
Figura 16: pesquisa sobre o índio em site de busca
em 5 de março de 2009 71
Figura 17: imagem do índio na internet
em 5 de março de 2009 72
Figura 18: Imagem reproduzida da página inicial do site
Índios Online, 28 de março de 2009 73
Figura 19: Imagem reproduzida a partir do item “Oca”, site
Índios Online, 28 de março de 2009 76
Figura 20: Imagem reproduzida a partir do item “Oca”, site
Índios Online em 7 de agosto de 2009 80
Figura 21: Imagem reproduzida da página inicial do chat
em 28 de março de 2009 81
Figura 22: Imagem reproduzida da página inicial do chat fora do ar
em 7 de agosto de 2009 82
Figura 23: Página principal com o novo local de acesso ao chat
em 10 de outubro de 2009 83
Figura 24: Ao clicar no anúncio do chat abre-se esta página
para acesso, 10 de outubro de 2009 84
Figura 25: Imagem da sala de bate-papo vazia
em 10 de outubro de 2009, depois da modificação 85
Figura 26: Imagem reproduzida da página Nações,
28 de março de 2009 86
Figura 27: Imagem reproduzida da nova página Mapa,
10 de agosto de 2009 88
Figura 28: Imagem reproduzida da página inicial do Arco Digital
em 28 de março de 2009, antes da reformulação do site 91
Figura 29: Imagem reproduzida da página inicial do item “Diários”,
28 de março de 2009 92
Figura 30: Imagem reproduzida da parte inferior
da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009 92
Figura 31: Imagem reproduzida da nova página Arquivos,
10 de agosto de 2009 93
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Análise reportagens de abril/2009 97
Gráfico 2 – Estatísticas das atividades 101
Gráfico 3 – Análise dos temas abordados 102
Gráfico 4 – Análise reportagens de maio/2009 103
Gráfico 5 – Estatísticas das atividades 110
Gráfico 6 – Análise dos temas abordados 111
Gráfico 7 – Análise reportagens de junho/2009 113
Gráfico 8 – Estatísticas das atividades 119
Gráfico 9 – Análise dos temas abordados 120
Gráfico 10 – Análise do segundo trimestre 121
Gráfico 11 – Análise reportagens de julho/2009 123
Gráfico 12 – Estatísticas das atividades 125
Gráfico 13 – Análise dos temas abordados 126
Gráfico 14 – Análise reportagens de agosto/2009 127
Gráfico 15 – Estatísticas das atividades 131
Gráfico 16 – Análise dos temas abordados 132
Gráfico 17 – Análise reportagens de setembro/2009 133
Gráfico 18 – Estatísticas das atividades 139
Gráfico 19 – Análise dos temas abordados 140
Gráfico 20 – Análise do terceiro trimestre 141
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAIDF – Associação dos Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal
AEIP – Associação dos Estudantes Indígenas Pankararu
AJI - Ação dos Jovens Indígenas
AIESA – Adolescentes Indígenas Educadores em Saúde
APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque
Apoinme - Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste Minas Gerais e Espírito
Santo
CEF – Caixa Econômica Federal
CINEP – Centro Indígena de Estudos e Pesquisa
CIPI - Comissão Indígena da Propriedade Intelectual
CIR - Conselho Indígena de Roraima
CMC - Comunicação Mediada por Computador
Conapir - Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial
CNPI - Comissão Nacional de Política Indigenista
COEPP – Central de Organização das Escolas Públicas de Pankararu
COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CONEG - Conselho Nacional de Entidades Gerais
CTI - Centro de Trabalho Indigenista
DIREC – Diretoria Regional de Educação
ETA – Estação de Tratamento de Água
ENIAC - Electronic Numerical Integrator And Calculator
EUA – Estados Unidos da América
Funasa - Fundação Nacional de Saúde
Funai – Fundação Nacional do Índio
Gesac - Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão
GMI - Grupo de Mulheres Indígenas
HTML - Hypertext Markup Language
HTTP – Hypertext Transfer Protocol
HPG - Home Page Grátis
ICB - Instituto do Cacau da Bahia
IDETI - Instituto das Tradições Indígenas
INBRAPI – Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual
ISA – Instituto Socioambiental
OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
MC – Ministério da Comunicação
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia
MEC – Ministério da Educação
MinC – Ministério da Cultura
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
ONG - Organização não-governamental
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
PUC – Pontifícia Universidade Católica
TI - Terra Indígena
TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação
UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz
UFBA - Universidade Federal da Bahia
UFRR – Universidade Federal de Roraima
UNB – Universidade de Brasília
Unesco - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
WWW - Word Wide Web
18
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 20
1. CAPÍTULO I – Tecendo a Rede 29
1.1 Gênese da Comunicação Mediada por Computador 29
1.2 Espaço cibernético: a arte do controle 31
1.3 Ciberespaço 34
1.3.1. Espaço de euforia e disforia 34
1.4 Novas possibilidades para índios e não índios 37
2. CAPÍTULO II – Rede verde e amarela 39
2.1 Índios na rede digital 39
2.1.1 - Ação dos Jovens Indígenas (AJI) 41
2.1.2 - Conselho Indígena de Roraima (CIR) 43
2.1.3 - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira (COIAB) 44
2.1.4 - Associação Guarani Nhe´ê Porã 46
2.1.5 – Estudante Indígena 48
2.1.6 - Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) 50
2.1.7 - Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade
Intelectual (Inbrapi) 52
19
2.1.8 - Warã – Instituto Indígena do Brasil 54
2.1.9 - Posto Indígena Kambiwá 55
2.1.10 - Associação Artístico-Cultural Nhandeva 57
2.1.11 - Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (APIO) 59
2.1.12 - Organização de Mulheres Indígenas do Acre 61
2.1.13 - Associação Warã 63
3. CAPÍTULO III – Arcos e flechas digitais 65
3.1 Da tela do cinema à tela dos computadores 65
3.2 Caminho das Índias na Internet 71
3.3 Índios Online: como tudo começou 74
3.4 Análise do site Índios Online 76
3.4.1 Análise das reportagens publicadas no Índios Online 96
3.4.2 Análise das entrevistas 142
CONSIDERAÇÕES FINAIS 151
REFERÊNCIAS 154
SITES VISITADOS 158
APÊNDICES 160
20
INTRODUÇÃO
A sociedade pós-moderna, como pensam Stuart Hall (1998), Anthony Giddens
(2002) e outros, é caracterizada pela velocidade das mudanças, pelo excesso de
informações, pelas novas tecnologias. Sociedade acelerada, complexa, que parece não
ter mais fronteiras. Chamada sociedade de informação, em rede, do conhecimento. O
desenvolvimento da informática possibilitou a disseminação de outra forma de
comunicação: mediada por computadores, que está sendo utilizada até por índios.
Ao completar 15 anos de existência no Brasil, a internet ainda é um veículo que
tem muito a ser estudado e explorado, principalmente no que se refere à Comunicação
Mediada por Computador (CMC). No quadro brasileiro, o perfil das pessoas que
participam das conversações na Web já foi bastante alterado, a partir da popularização
da internet. A mudança no perfil de usuários acompanha o desenvolvimento de novas
possibilidades tecnológicas de base digital: “Estamos vivenciando um processo de
informatização dos espaços urbanos, marcada pelo surgimento das redes telemáticas,
da internet móvel e pelo desenvolvimento da computação portátil...” (LEMOS e
VALENTIM, 2007, p. 49).
No Brasil, os índios do século XXI procuram, aos poucos, se adaptar e utilizar a
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Apesar das sucessivas perseguições
ocorridas desde a colonização portuguesa, a população indígena do Brasil vem se
mobilizando a fim de se organizar, reivindicando sua identidade étnica e seus direitos,
utilizando-se para isso até de recursos tecnológicos sofisticados, como a internet.
21
Então, nos perguntamos: quais os benefícios e os problemas a que estão
expostos os índios brasileiros ao desbravarem a floresta virtual, imensa e sem
fronteiras, que é a rede mundial de computadores? Trata-se, efetivamente, de processo
de inclusão, ou apenas ilusão da participação das comunidades indígenas na
comunidade ciberespacial? São questões relevantes que justificam o estudo, a ser
desenvolvido na linha de pesquisa “Contribuições da Mídia para a Interação entre
Grupos Sociais”, que congrega pesquisas sobre os processos de mediação das
linguagens que dinamizam modalidades comunicativas em grupos sociais.
A dissertação é de caráter exploratório, permeada por questões teóricas e
filosóficas propostas por pesquisadores das novas transformações comunicativas,
como CASTELLS, 1999; GIDDENS, 2005; HALL, 1998; KOZINETS, 2002;
SANTAELLA, 2003; SODRÉ, 2002; do ciberespaço, CAZELOTO, 2007; LEMOS e
VALENTIM, 2007; LÉVY, 1998 e 1999; SILVEIRA, 2003; e do conhecimento científico,
GEPHART, 2004; GODOY, 1995; VERGARA, 2005; TRAVANCAS, 2006; YIN, 2001;
MOREIRA, 2004; BARDIN, 1988; AYROSA e SAUERBRONN, 2004, os quais
compõem o quadro do nosso referencial teórico.
O problema de pesquisa visa estudar e compreender “se e como” a influência da
CMC fortalece a autonomia e emancipação indígena, no Brasil, na luta por seus
direitos.
Dada a enorme variedade de atividades realizadas na internet para se
comunicar e defender direitos, como, por exemplo, protestar por e-mail e blogs, criar
comunidades em sites de relacionamentos, fóruns, chats etc., é imprescindível delimitar
a pesquisa para não nos perdermos no emaranhado de tramas da rede mundial de
computadores.
Por isso, selecionamos o site www.indiosonline.org.br, a fim de analisar seu
conteúdo e estratégias utilizadas para a luta e defesa dos direitos indígenas.
22
Escolhemos o site pelo fato de ele ter a participação inicial de sete povos indígenas:
kiriri, tupinambá, pataxó-hãhãhãe e tumbalalá, na Bahia; xucuru-kariri e kariri-xocó, em
Alagoas, e pankararu em Pernambuco e, posteriormente, a inclusão de mais seis
tribos: truká, em Pernambuco; tupiniquim e guarani, no Espírito Santo; potiguara, na
Paraíba; terena, em Mato Grosso do Sul; e pankararu, em São Paulo1.
A análise de seu conteúdo abarcou as páginas disponíveis no menu do site e as
reportagens publicadas. Delimitamos a pesquisa das reportagens nos últimos seis
meses de publicação: de abril a setembro de 2009, com início no mês em que se
comemora o Dia do Índio, e final em setembro, mês que antecedeu a apresentação do
pré-relatório para a qualificação da dissertação.
Nas transcrições dos enunciados dos índios manteremos a maneira pela qual
escrevem, sem corrigir erros de sintaxe e concordância, tampouco sem assinalá-los
com a sigla “sic”, para manter o texto o mais próximo possível do original.
Este trabalho tem por objetivo geral conhecer e analisar como os índios utilizam
a internet para reivindicar direitos políticos, entendidos aqui como civis e territoriais, a
fim de entender o potencial dessa ferramenta na autonomia e emancipação indígena.
E, por objetivos específicos, identificar quais os aparatos necessários para a utilização
da internet pelos índios, equipamentos, programas e recursos. Por fim, compreender o
potencial da CMC utilizada por tribos indígenas brasileiras.
A priori, não partiremos de hipóteses preestabelecidas, pois estamos
preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados ou produto. O
interesse do pesquisador qualitativo está em verificar como determinado fenômeno se
manifesta nas atividades, procedimentos e interações diárias.
1 Os pankararu, originários da Aldeia Brejo dos Padres, em Pernambuco, começaram a migrar para São Paulo a partir de 1950, fugindo da seca, da fome e do conflito com posseiros.
23
Os pesquisadores qualitativos não partem de hipóteses estabelecidas a priori, não se preocupam em buscar dados ou evidências que corroborem ou neguem tais suposições. Partem de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando mais diretos e específicos no transcorrer da investigação (GODOY, 1995, p. 63).
A metodologia inclui pesquisa bibliográfica e revisão da literatura pertinente ao
problema de investigação e a cibercultura, para embasar as orientações teóricas que
darão suporte ao estudo. Será analisado o site Índios Online, escolhido a partir dos
motivos já justificados, delimitando o objeto de pesquisa e as reportagens nele
divulgadas. Segue abaixo breve relato dos métodos e estratégias de análises que
foram adotados.
Dentro das várias áreas do conhecimento científico, há dois tipos de estudos
principais que podem ser seguidos: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. As
duas vertentes são chamadas de “natureza da pesquisa”.
A pesquisa de natureza quantitativa procura mensurar, enumerar, medir,
quantificar, provar estatisticamente hipótese anteriormente estabelecida. Já a pesquisa
de natureza qualitativa define suas proposições à medida que o estudo é aprofundado.
Os focos se definem aos poucos, conforme a pesquisa se desenvolve. Na pesquisa
qualitativa – sobre a qual este trabalho assenta suas bases –, é de suma importância à
descrição dos fenômenos.
Para Gephart (2004, p. 455), “um importante valor da pesquisa qualitativa é a
descrição e o entendimento das atuais interações humanas, os significados e os
processos que constituem a organização da vida real”. Desta forma, este trabalho será
de natureza qualitativa, por ser pesquisa que estudará as relações humanas, históricas
24
e sociais, para entender significados.
Segundo Godoy (1995, p. 58), a natureza da pesquisa qualitativa não procura
enumerar ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na
análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que se definem à
medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre
pessoas, lugares e processos interativos pelo contato do pesquisador com a situação
estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos,
ou seja, dos participantes da situação em estudo. O ambiente e as pessoas nele
inseridas devem ser olhados holisticamente: não são reduzidos a variáveis, mas
observados integralmente.
Quando um pesquisador de orientação qualitativa planeja desenvolver algum
tipo de teoria sobre o que está estudando, constrói o quadro teórico aos poucos, à
medida que coleta os dados e os examina.
Os dois principais paradigmas de pesquisa, dentro das ciências sociais, são o
positivista e o interpretativista. O primeiro busca descobrir a verdade sobre
determinado assunto e estuda a realidade objetiva, controlando variáveis e hipóteses
(Gephart, 2004). É mais indicado para pesquisas quantitativas. Por sua vez, a pesquisa
interpretativista, ainda para Gephart (2004, p. 456), “descreve significados e
conhecimentos; produz a descrição do propósito dos membros e define uma situação:
entende a construção da realidade”.
O paradigma de suporte da nossa pesquisa será interpretativista, pois
focalizaremos a interpretação, em vez da quantificação, e daremos ênfase à
interpretação que os próprios participantes têm do fenômeno da CMC, que está sob
análise.
Durante o desenvolvimento deste trabalho, também será usado o estudo do tipo
25
exploratório, pois a elaboração de páginas na internet por índios brasileiros é atividade
inovadora, contemporânea e carente de referenciais teóricos. O estudo de caráter
exploratório, segundo Travancas (2006), tem por objetivo organizar dados relevantes
sobre o tema para serem, posteriormente, fontes de pesquisa, as quais suscitarão
novos questionamentos e investigações.
Métodos tradicionais, como a etnografia, têm-se aberto para novas
possibilidades. Uma delas é a netnografia. Trata-se de abrir as portas para o estudo de
outras “tribos” e outras culturas: as comunidades virtuais e a cibercultura, como será
estudado neste trabalho. Se historicamente os estudos sobre os povos indígenas
estavam condicionados aos deslocamentos do pesquisador até as comunidades, para
permanecer in loco, a partir da utilização da rede mundial de computadores o contexto
do encontro entre observador e observado transformou-se consideravelmente.
Para o estudo das comunidades virtuais e da cibercultura, Kozinets (2002) menciona que diversos antropólogos têm sinalizado para a necessidade de adaptação das técnicas próprias do método etnográfico. Nesse sentido, a netnografia é considerada uma nova metodologia de pesquisa qualitativa que incorpora as técnicas da etnografia tradicional ao estudo de comunidades e culturas emergentes a partir da Comunicação Mediada por Computadores. Assim, como lembram Ayrosa e Sauerbronn (2004), os relatos têm o valor de uma observação etnográfica, embora ninguém esteja fisicamente junto (VERGARA, 2005, p. 197).
Por isso escolhemos o método netnográfico para as entrevistas, pois não
estaremos fisicamente juntos. Adotamos o estudo de caso para análise do site Índios
Online. O estudo de caso representa a estratégia ideal quando o pesquisador tem
pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos
26
contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real, como orienta Robert Yin
(2001, p. 19).
Iniciamos o estudo por meio da apresentação, via internet, da proposta de
pesquisa aos membros do site Índios Online. Procedemos ao acompanhamento on-line
das reportagens publicadas no site, selecionando as matérias publicadas em período
determinado, e classificamos as reportagens em categorias, facilitando o estudo do
objeto analisado.
A construção dos dados se deu a partir de entrevistas on-line semiestruturadas.
Elaboramos questões em ordem predeterminada, mas dentro de cada questão foi
relativamente grande a liberdade, permitindo que outras questões fossem levantadas,
dependendo das respostas dos entrevistados, segundo orienta Moreira (2004, p. 55).
Foram entrevistados on-line um usuário da internet na tribo indígena pankararu,
em Pernambuco, um dos gestores do site Índios Online e o coordenador da ONG
Twydêwá, Sebastian Gerlic, idealizador da Rede Índios Online. Os critérios de seleção
dos entrevistados não foram rígidos: escolhemos usuário, gestor e coordenador para
colher informações sobre opiniões a respeito do uso da internet em aldeias indígenas
brasileiras.
Além das entrevistas on-line, também houve análise de conteúdo do site Índios
Online, na tentativa de verificar quais as posturas políticas, ideológicas e sociais
presentes.
A análise de conteúdo, segundo Bardin (1988), define-se como conjunto de
técnicas de análises das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos
e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas
mensagens.
27
Concluímos a análise do site e das informações coletadas utilizando as três
fases cronológicas delimitadas por Bardin (1988):
Pré-análise: fase de organização do trabalho em que se deve escolher os
documentos que serão submetidos a análise, formular hipóteses e objetivos e elaborar
indicadores que fundamentem a interpretação final.
Exploração do material: a análise propriamente dita. Se a pré-análise for feita de
maneira cuidadosa e convenientemente concluída, esta fase representa a
administração sistemática das decisões tomadas anteriormente, envolvendo operações
de codificação em função das regras previamente formuladas.
Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: os resultados brutos são
tratados de maneira a serem significativos e válidos. A partir deles, o analista pode
fazer inferências.
A pesquisa bibliográfica e revisão da literatura foram desenvolvidas no período
de agosto a dezembro de 2008. A análise do site Índios Online iniciou-se no mês de
março de 2009, e as entrevistas no segundo semestre do ano corrente. Concluímos
uma pré-análise dos dados da pesquisa nos meses de agosto e setembro de 2009.
Como a internet é dinâmica e de fácil atualização, em agosto de 2009, o Índios
Online alterou o visual do site. Como já estávamos com a análise completa, utilizamos
essa mudança para traçar paralelo do antes e depois do Índios Online.
Estabelecidas nossas estratégias e objetivos, dividimos esta dissertação em três
capítulos. No primeiro há breve histórico da gênese da CMC, com o advento do
computador e da internet, tecnologias que possibilitaram o desenvolvimento de novo
mercado da informação e do conhecimento, o ciberespaço, descrevendo seus pontos
positivos e negativos. Nesta pesquisa não interessa a técnica em si. Contudo, é
essencial expor as grandes tendências da evolução tecnológica para abordar as
28
mutações sociais e culturais que as acompanham.
Iniciamos o segundo capítulo com breve relato da apropriação das TIC por
povos indígenas no território brasileiro, como ponto de partida para chegar à análise do
objeto de pesquisa, o site Índios Online.
No terceiro capítulo, há breve panorama sobre a gradativa representação do
indígena na mídia cinematográfica brasileira, tomando como ponto de partida os termos
“índio primitivo”, “índio documentado”, “índio patriótico” e “índio tecnizado”2, de Robert
Stam, para depois analisar a utilização pelos índios da tecnologia do vídeo e da internet
nas aldeias.
Apresentamos à análise da representação virtual dos índios na rede mundial de
computadores, a internet, por meio do site Índios Online, mantido pela organização não
governamental (ONG) Thydêwá3, composta por índios e não índios, além de breve
estudo sobre a temática das reportagens publicadas no site. Elaboramos questões
para identificar a internet na visão do índio. Por exemplo: para você, o que significa a
internet? A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura? As respostas para
essas e outras perguntas que aplicaremos na entrevista ajudarão a entender o uso e o
significado da internet na vida dos indígenas, além de saber a opinião a respeito dessa
novidade na aldeia.
Nas considerações finais há algumas reflexões sobre a utilização da CMC,
comentando vantagens e possíveis desvantagens na utilização dos recursos
tecnológicos por tribos indígenas brasileiras.
2 “Índio documentado”, “índio patriótico” e “índio tecnizado” são categorias utilizadas por Robert Stam, em seu texto “Imagens cinematográficas dos índios brasileiros”, publicado na obra de Lauerhass, Ludwig e Nava, Carmen. Brasil – uma identidade em construção, e foram aplicados neste artigo graças à clareza que oferecem aos estudiosos da imagem do índio na mídia audiovisual.
3 Na língua pankararu thydêwá significa “esperança da terra”.
29
1. CAPÍTULO I – TECENDO A REDE
1.1 GÊNESE DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR
Para se conhecer mais sobre a CMC, é preciso compreender o que é o
ambiente digital e sua abrangência, a partir de breve ensaio sobre o desenvolvimento
da tecnologia e infraestrutura.
Os computadores modernos tiveram como precursoras as primeiras
calculadoras capazes de armazenar programas. O primeiro computador eletrônico foi
construído em 1945 para cálculos balísticos. Chamava-se Electronic Numerical
Integrator And Calculator (ENIAC), ocupava por volta de 100m2, consumia 140
quilowatts, pesava 30 toneladas e ficava isolado em ambiente refrigerado, onde
cientistas em uniforme branco o alimentavam com cartões perfurados, e que de tempos
em tempos emitiam listagem de dados em formulários contínuos.
Outro passo decisivo foi a invenção do microprocessador, em 1971, por Ted
Hoff, permitindo multiplicar inúmeras vezes a capacidade de processamento das
primeiras máquinas. Isso viabilizou a redução do tamanho dos computadores e permitiu
o surgimento dos microcomputadores.
No final dos anos 70, o computador diminuiu de tamanho, aumentou a
30
capacidade de processar informações e foi sendo absorvido em várias atividades
econômicas. Esse desenvolvimento tecnológico deu início a nova fase na automação
da produção industrial: robótica, linhas de produção flexíveis, máquinas industriais com
controles digitais etc. A busca constante de produtividade por várias formas de
tecnologia (aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de dados) foi
tomando corpo e assumindo grande valor nas atividades econômicas.
Segundo relata Lévy (1999, p. 32), a informática perdeu aos poucos a postura
de técnica, deixando de ser utilizada apenas no setor industrial para fundir-se às
telecomunicações, à editoração, ao cinema e à televisão. A fusão facilitou a difusão da
internet a ponto de, hoje, permear a vida em todos os momentos.
A internet começou em 1958, para evitar que as comunicações fossem
interrompidas em ataque com armas nucleares. A ideia era construir uma rede que
evitasse a existência de um centro e de única rota de comunicação. A comunicação
seria feita por pacotes de informações enviadas de forma redundante por várias rotas,
em uma rede em que todos os pontos se comunicariam. Assim, se uma bomba
destruísse alguns pontos da rede, as informações continuariam a ser enviadas pela
malha de comunicação intacta.
Pouco mais de duas décadas depois, a ideia havia se tornado imensa rede, que
só conectava instituições educacionais e de pesquisa. Diferentemente de hoje, quando
milhões de pessoas têm acesso à internet a partir da residência, do trabalho ou de sua
biblioteca na escola ou na universidade, pública ou privada.
Em suma, atualmente as ferramentas de criação de sites na web permitem que,
praticamente qualquer pessoa, com um pouco de conhecimento em informática, com
acesso ao computador e à internet, coloque uma página na web e contribua para a
definição desse meio e do que ele pode fazer.
31
1.2 ESPAÇO CIBERNÉTICO: A ARTE DO CONTROLE
As redes de computadores formadas nos anos 70 juntaram-se a outras,
ampliando o número de pessoas e de máquinas. Uma corrente cultural espontânea e
imprevisível impôs novo curso ao desenvolvimento tecnoeconômico. As tecnologias
digitais surgiram como infraestrutura da rede mundial de computadores, criando
espaços de comunicação, organização e transação, além de novo mercado da
informação e do conhecimento: o espaço cibernético ou ciberespaço, como ficou
popularmente conhecido.
Tem-se ideia do significado de “espaço”, mas o que é “cibernético”? Norbert
Wiener (1948, p. 11) convencionou chamar todo o campo do controle e da teoria da
comunicação, seja na máquina ou no animal (racional e irracional), pelo nome de
cibernética. Segundo Isaac Epstein (1986, p. 6), a origem grega do termo remonta a
Platão, que empregou “kubernetan” como a arte de pilotar navios e, em sentido mais
amplo, a arte de governar o Estado.
Para Wiener, a cibernética engloba a mente e o corpo humanos e o mundo das
máquinas automáticas, reduzindo todos os três ao denominador comum da
comunicação e do controle. A teoria de Wiener se sustenta no princípio de que as leis
da comunicação e do gerenciamento se aplicam igualmente aos seres humanos e às
máquinas, constituindo simbiose.
No entanto, Wiener possivelmente desconhecia que a palavra cibernética havia
32
sido utilizada em sua acepção política no início do século XIX. Como afirma Robert
Caussin, Ampère (1775-1836) definira a cibernética no segundo volume de seu “Essai
sur la philosophie des sciences”, publicado em 1843.
É, então, após as ciências [direito público e diplomacia] que se ocupam de diversos objetos, que devemos colocar aquela que chamo de cibernética, da palavra kubernetan, que tomada primeiramente no sentido restrito da arte de governar [pilotar] um navio, recebeu entre os próprios gregos a significação bem mais ampla da arte de governar em geral. (CAUSSIN, 1970, p. 79)
E em que consiste a arte do piloto? O capitão estabelece o destino da viagem. O
piloto deve corrigir o rumo, afetado pelos ventos e correntes marítimas, ou seja, a cada
momento decide por modificações no timão, nas velas e nos remos, que compensarão
os desvios produzidos. O vento ou os remadores fornecem a força propulsora.
Nos navios modernos, o piloto automático compõe-se de um conjunto de
aparelhos e mecanismos que contrabalançam as alterações. De acordo com um
programa sobre as perturbações, regula a força dos motores e demais controles e faz
mais ainda: verifica se o resultado de suas correções foi eficaz.
O piloto, no entanto, não é a instância que decide, no início do trajeto, o destino
do navio; apenas utiliza a racionalidade instrumental a serviço do responsável pela
viagem.
Na arte de governar o Estado ou, mais especificamente no caso deste trabalho,
o ciberespaço, é também desejável um piloto que mantenha a rota correta e corrija os
desvios que possam surgir. Quem, porém, determina o trajeto? Como são
especificados os alvos ou metas nas sociedades pós-modernas? Em boa parte,
33
possivelmente, a própria natureza dos sistemas sociopolítico e econômico fornece
balizas de sua operacionalidade, restando, no entanto, alguma margem de manobra
para os centros de decisão. Estes, por sua vez, ao conceber suas metas
conservadoras, reformistas ou revolucionárias, poderão acionar os respectivos “pilotos”
para dirigir a “nave” social rumo aos objetivos traçados (EPSTEIN 1986, p. 9).
De algum modo, porém, não se deve admitir que os objetivos estejam
inelutavelmente inscritos na natureza das sociedades, nem que, por outro lado, estas
não ofereçam resistência às mudanças. Porém, observamos que as sociedades
modernas não têm alvos claros e aceitos por consenso. Portanto, o equilíbrio talvez
esteja a serviço de sistemas autoritários e iníquos que privilegiam os próprios
interesses em detrimento dos da sociedade. Cabe a nós, tripulantes, identificar não
apenas o piloto, mas quem é o capitão da embarcação, e deixar claro qual o rumo e o
destino almejados.
34
1.3 CIBERESPAÇO
Segundo Lévy (1998, p. 104), a palavra ciberespaço data de 1984, utilizada por
William Gibson no seu romance de ficção científica Neuromancer4. No livro, Gibson cita
ciberespaço como o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre
as multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural, que
tornava sensível a geografia móvel da informação normalmente invisível. O vocábulo
foi rapidamente incorporado pelos usuários e criadores das redes digitais. Lévy (1999,
p. 92) define ciberespaço como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão
mundial e das memórias dos computadores”, trazendo inovações diante das
comunicações, como acesso a distância, transferência de arquivos, correio eletrônico,
conferências eletrônicas, ensino a distância e comunidades virtuais.
1.3.1 Espaço de euforia e disforia
Há duas tendências principais no tratamento crítico da internet e da cultura que
nela se gera: tendências eufórica e disfórica. Os eufóricos pregam, em linguagem de
4 GIBSON, William, Neuromancer. New York, Ace Books, 1984.
35
liberação, as possibilidades utópicas abertas pelo ciberespaço, que ainda se constitui
estonteante zona livre, na qual a informação e a comunicação facilmente acessíveis
corriam por conta de pessoas interessadas e motivadas, o que estimulou o
aparecimento de fantasias sobre possível reviravolta nas formas de poder social. No
outro extremo, os disfóricos, com a impaciência típica dos críticos de plantão,
transplantaram para o ciberespaço, sem levar em conta suas novidades e
especificidades, os discursos sobejamente empregados, sem quaisquer resultados
pragmáticos, na crítica da cultura de massas e indústria cultural (Santaella, 2003, p.
72).
O ciberespaço é fenômeno complexo que não pode ser categorizado a partir do
ponto de vista de qualquer mídia prévia. Nele, a comunicação é interativa, usa o código
digital universal, é convergente, global, e até hoje não está muito claro como esse
espaço será regulamentado. Além disso, o ciberespaço transforma-se em velocidade
historicamente sem precedentes.
A revolução da informação não é simplesmente questão de progresso
tecnológico. Ela também é significativa para a nova matriz de forças políticas e culturais
que suporta. Com isso, espera-se que, sob a ideia de espaço livre e infinitamente
navegável, as redes também estarão sendo crescentemente reguladas pelos
mecanismos reinantes do mercado capitalista. Por isso as corporações gigantescas
das mídias há algum tempo juntam armas não apenas para confrontar, mas formatar as
novas tecnologias.
Visão realista de como o mercado capitalista opera leva a compreender por que
as tradicionais empresas das mídias atuais não estão se encolhendo diante do
ciberespaço, mas, ao contrário, se dilatando por meio de alianças com as
telecomunicações e setores computacionais (Santaella, 2003, p. 73).
Enfim, Santaella (2003, p. 75) adverte que, longe de estar emergindo como reino
36
de algum modo inocente, o ciberespaço e suas experiências virtuais vêm sendo
produzidos pelo capitalismo contemporâneo, e estão necessariamente impregnados
das formas culturais e paradigmas próprios do capitalismo global. O ciberespaço, por
isso mesmo, está longe de inaugurar nova era emancipadora. Embora a internet esteja
revolucionando o modo de viver, trata-se de revolução que em nada modifica a
identidade e natureza do montante cada vez mais exclusivo e minoritário daqueles que
detêm as riquezas e continuam no poder.
Mas nem tudo está perdido, segundo informações do pesquisador Manuel
Castells. Embora os interesses comerciais e governamentais sejam coincidentes
quanto ao favorecimento da expansão do uso da internet, “a capacidade da rede é tal
que a maior parte do processo de comunicação era, e ainda é, grandemente
espontâneo, não organizado e diversificado na finalidade e adesão” (Castells 2003, p.
379).
Portanto, mesmo que a internet se torne basicamente um meio para o comércio
e entretenimento eletrônicos, ela ainda será espécie de céu aberto para a
multiplicidade de atividades interativas não existentes no passado.
37
1.4 NOVAS POSSIBILIDADES PARA ÍNDIOS E NÃO ÍNDIOS
Cultura e instituições da sociedade também apresentam transformações como
as vistas nos textos anteriores sobre tecnologia. Novos processos de símbolos estão
surgindo, novos valores sociais, nova educação. A revolução da tecnologia da
informação deve ser geradora e distribuidora de conhecimento e informação. Na visão
de Castells (1999, p.127), os novos dispositivos de processamento da informação
podem ser responsáveis pelo aumento da produtividade, dentro de crescimento
moderado e constante.
A comunicação via internet possibilita alterar o sistema convencional de
tratamento da informação, antes atividade concentrada aos profissionais vinculados à
mídia tradicional, agora acessível às pessoas comuns, que utilizam a internet e alteram
seu conteúdo diretamente de casa ou escritório, viabilizando a produção de conteúdos
específicos, particulares, pessoais, e sua transmissão sem fronteiras.
A alteração no sistema convencional de produção e transmissão da informação
abre possibilidades não só para as pessoas “comuns”, mas também para quem vive à
margem da sociedade capitalista e urbana, como os povos indígenas.
Serão mudanças cada vez mais rápidas e intensas. Além de computadores, o
uso comum de dispositivos digitais de acesso à internet (palmtops, celulares e
televisores) possibilitará que a rede esteja presente rotineiramente no dia a dia, seja no
centro urbano, rural, e mesmo na floresta. Conhecer e usar o novo meio de
38
comunicação é essencial para qualquer pessoa que deseja participar do processo de
socialização. E somente participará quem souber utilizar as ferramentas digitais,
reinventando maneira de estruturar regras geradoras de comportamento e de
comunicação.
Embora associada ao processo de utilização da Internet, a inclusão digital5 não é
o foco da nossa pesquisa, mas, isto sim, o uso desta ferramenta pelos índios
brasileiros.
5 Para saber mais sobre inclusão digital ver: CAZELOTO, Edilson. Inclusão digital: uma visão crítica. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 2008.
39
2. CAPÍTULO II – REDE VERDE E AMARELA
2.1 ÍNDIOS NA REDE DIGITAL
Após esta rápida revisão sobre o que é e como se configurou o ciberespaço,
partimos para a análise da interação das comunidades indígenas brasileiras com essa
imensa rede. Para isso, selecionamos da internet sites e blogs6 feitos por índios ou por
sujeitos e grupos autoidentificados como indígenas.
A maioria são sites de organizações indígenas, por isso estão registradas como
“org”, mas como na internet há grande liberdade, organizações também podem criar
endereços eletrônicos “.com”, por serem mais comuns, como é o caso da Coordenação
das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (www.coiab.com.br) e da
Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque
(www.povosindigenasdooiapoque.com.br).
Sabemos que essa análise não é exaustiva, pois a cada dia novos sites e blogs
surgem e só podemos localizá-los se bem divulgados entre a comunidade indígena
internauta e/ou nos mecanismos de busca na Internet.
6 O termo blog, derivado de weblog, designa um tipo de publicação na qual os internautas deixam comentários ao final de cada matéria publicada. O sistema gratuito ou de baixo custo facilitou a disseminação da prática do weblog, por dispensar conhecimentos técnicos especializados.
40
Excetuando-se as produções feitas por órgãos governamentais, com extensão
“gov.br”, como Funai, e páginas pessoais em comunidades privadas, como Orkut,
destacamos os seguintes resultados:
41
2.1.1 – Ação dos Jovens Indígenas (A.J.I) de Dourados
http://ajindo.blogspot.com
Figura 1: Imagem reproduzida da página inicial do blog AJI em 10 de dezembro de 2009
A Ação dos Jovens Indígenas (AJI) informa que é um grupo de jovens da aldeia
de Dourados – MS, que se reúne todos os dias, para diversas atividades, como oficinas
de artesanato, de bijuterias, de danças, de malabares etc., com o objetivo de fortalecer
a união entre os jovens das etnias terena, kaiowá e guarani, visando à sua integração
com a comunidade douradense e formação político-social. Segundo informações no
perfil do blog, a AJI produz o jornal Ajindo, “canal de comunicação e informação
42
elaborado pelos jovens indígenas de Dourados, com a finalidade de esclarecer a
comunidade indígena e a sociedade douradense sobre informações e acontecimentos
na Reserva Indígena de Dourados.”
O blog está no ar desde maio de 2006, possui 366 reportagens publicadas, bem
organizadas, com o total de matérias postadas por mês e ano, possibilitando verificar o
aumento na produção de reportagens: 27 em 2006; 50 em 2007; 169 em 2008 e 120
até o momento, 10 de dezembro de 2009.
43
2.1.2 – Conselho Indígena de Roraima
http://www.cir.org.br
Figura 2: Imagem reproduzida da página inicial do CIR, 10 de dezembro de 2009
O Conselho Indígena de Roraima (CIR) teve início na década de 70, com o
apoio de missionários católicos. O Conselho, formado pelas etnias macuxi e
wapichana, tem como propósito aglutinar forças e discutir coletivamente a dura
realidade dos povos indígenas de Roraima.
A página do CIR está no ar desde 2003, e seu trabalho volta-se para a
demarcação e homologação das terras indígenas de Roraima, e para a fiscalização das
áreas de educação, saúde e autossustentabilidade.
44
2.1.3 - COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
http://www.coiab.com.br
Figura 3: Imagem reproduzida da página inicial do site COIAB em 10 de dezembro de 2009
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB foi
criada em uma reunião, em abril de 1989, por líderes e organizações indígenas, como
o Conselho Indígena de Roraima (CIR). Segundo informações do site, a COIAB “é a
maior organização indígena do Brasil, tem 75 organizações membros dos nove
Estados da Amazônia Brasileira (Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso,
45
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins); são associações locais, federações regionais,
organizações de mulheres, professores e estudantes indígenas. Juntas, essas
comunidades somam aproximadamente 430 mil pessoas, o que representa cerca de
60% da população indígena do Brasil.”
A COIAB foi fundada para ser o instrumento de luta e de representação dos
povos indígenas da Amazônia pelos seus direitos básicos (terra, saúde e educação).
Representa cerca de 160 diferentes povos indígenas, que ocupam aproximadamente
110 milhões de hectares no território amazônico.
46
2.1.4 - Associação Guarani Nhe´ê Porã
http://www.culturaguarani.org.br
Figura 4: Imagem reproduzida da página inicial da Associação em 10 de dezembro de 2009
A Associação é formada por guaranis de duas aldeias, Krukutu e Tenondé Porã,
da região de Parelheiros, em São Paulo. Por estarem próximos à cidade e receberem
muitas visitas de escolas e grupos interessados em conhecê-los, em 2001 os índios
guaranis decidiram criar uma associação e uma página na internet, para organizar
visitas e doações, e incentivar melhorias nas duas aldeias.
O site que teve inicialmente sua hospedagem gratuita, em um endereço
47
eletrônico comercial (www.culturaguarani.hpg.com.br)7, com publicidade de um
provedor de acesso na sua página principal, atualmente, mais independente, possui
sua própria página (.org.br).
A Associação também é responsável por viabilizar projetos em diversas áreas,
como saúde, educação, artesanato, visitas à aldeia, plantio etc., todos visando à
sustentabilidade da aldeia. Os projetos têm como objetivo manter o “nhandereko”,
modo de vida guarani.
7 HPG significa home page grátis. O espaço é cedido por um provedor que em troca veicula publicidade nos sites hospedados gratuitamente.
48
2.1.5 – Estudante Indígena – Um Novo Caminho
http://estudanteindigena.blogspot.com
Figura 5: Imagem reproduzida do blog Estudante Indígena em 10 de dezembro de 2009
O blog “estudanteindigena” é o mais novo espaço de divulgação indígena na
rede mundial de computadores, lançado em agosto de 2009. Como o título da página
especifica, estudantes indígenas é um novo caminho para os índios que desejam ser
estudantes universitários.
O novo caminho já conta com dificuldade logo no início, como o título informa
em letras garrafais, “Estudantes Indígenas”, no plural, é assim que o site tem sido
49
divulgado pelos índios e simpatizantes da causa indígena. No entanto, como o
endereço eletrônico foi registrado no singular, ocorre erro de localização no navegador
da internet.
Figura 6: Imagem reproduzida da página não localizada em 10 de dezembro de 2009
Conseguimos acessar o blog depois de muita insistência e utilização de
mecanismos de pesquisa no site de busca www.google.com.br, nome também
complicado para índios e não índios.
Superadas as dificuldades, a página oferece reportagens sobre vestibulares
indígenas para 2010 e informa quais universidades possuem vagas extras e cotas para
candidatos de origem indígena.
50
2.1.6 - Instituto das Tradições Indígenas
http://www.ideti.org.br
Figura 7: Imagem reproduzida da página inicial do IDETI em 10 de dezembro de 2009
O Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) é organização não governamental
criada em 15 de junho de 1999 e declarada OSCIP - Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público - em fevereiro de 2004, com sede na cidade de São Paulo e
atuação no território nacional.
Segundo informações do site, o IDETI nasceu do encontro entre pessoas
indígenas de diferentes povos que vêm assumindo importante papel de interlocutores
entre suas comunidades e a sociedade nacional, atuando na defesa da tradição e dos
51
direitos de seu povo. Com consciência de que a sobrevivência física e cultural do povo
indígena depende do diálogo, troca de conhecimentos e interação com o mundo
contemporâneo, preservando as bases do modo tradicional de vida.
Entre as missões do IDETI, está fortalecer a identidade e a diversidade dos
povos indígenas de nosso país, buscar alternativas para uma vida digna, com
desenvolvimento sustentável dos territórios indígenas, e capacitar o povo indígena em
novos conhecimentos e tecnologias.
52
2.1.7 - INBRAPI – Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual
http://www.inbrapi.org.br
Figura 8: Imagem reproduzida da página inicial do Inbrapi em 10 de dezembro de 2009
Segundo informações no item Quem Somos, o INBRAPI teve sua origem no
Encontro de Pajés ocorrido em 2001, em São Luís do Maranhão, quando se cogitou,
entre os líderes espirituais presentes, a criação de uma entidade que protegesse da
biopirataria e da exploração de terceiros os conhecimentos tradicionais indígenas.
Em 2002, no final do curso de qualificação de profissionais indígenas no Rio de
Janeiro, foi criada a Comissão Indígena da Propriedade Intelectual (CIPI). Ainda
53
naquele ano, no Encontro de Lideranças, em Campo Grande, os participantes
referendaram a criação da CIPI e apoiaram a criação do INBRAPI, formado por índios
de várias tribos, o que aconteceu efetivamente em fevereiro de 2003.
O site entrou no ar em 2004, e no dia 20 de novembro de 2009 foi lançado o
novo site do INBRAPI com o intuito de continuar mantendo o público informado sobre
os acontecimentos e novidades indígenas no território nacional.
54
2.1.8 - Warã – Instituto Indígena do Brasil
http://www.institutowara.org.br
Figura 9: Imagem reproduzida da página não localizada em 10 de dezembro de 2009
O Instituto Warã é organização composta por profissionais indígenas com
formação superior, que atuam como assessores e consultores de diversos povos
indígenas, segundo as informações que aparecem, ao digitar o nome do instituto, em
página de busca na Internet. Ao clicar no link indicado pelo buscador, o site não é
localizado: pode estar fora do ar temporária ou permanentemente.
55
2.1.9 - Posto Indígena Kambiwá – Pernambuco
http://www.kambiwa.org
Figura 10: Imagem reproduzida da página de busca em 10 de dezembro de 2009
Em Pernambuco, entre os municípios de Inajá e Ibimirim, vivem os índios
kambiwá, reconhecidos pela Funai em 1978. O termo kambiwá significa “retorno à
Serra Negra”. A Serra Negra é a área sagrada para essa e outras populações
indígenas da região. Atualmente, os kambiwá estão distribuídos em oito aldeamentos
principais: Pereiro, Nazário, Serra do Periquito, Tear, Garapão, Americano, Faveleira e
Baixa da Índia Alexandra, a aldeia principal, onde se encontra o Posto Indígena
Kambiwá.
Segundo reportagem publicada pelo site Imaginário Pernambucano8, no dia 25
8 www2.imaginariopernambucano.com.br
56
de abril de 2005, “a história, a cultura e a luta do povo kambiwá já pode ser conhecida
através da rede www.kambiwa.org que entrou no ar no Dia Nacional do Índio.” Foi só o
que localizamos, pois ao digitar o endereço eletrônico indicado, o site não é localizado.
57
2.1.10 - Associação Artístico Cultural Nhandeva – Nossa Gente
http://www.nhandeva.org
Figura 11: Imagem reproduzida da página inicial Nhandeva em 10 de dezembro de 2009
A Associação foi fundada por um grupo de artistas, índios e não índios, em
1997, com o objetivo de resgatar parte das tradições perdidas dos “atuais índios
guarani de Paraty”, Estado do Rio de Janeiro. O site criado em 2003 teve também a
sua última atualização neste mesmo ano de 2003.
58
Figura 12: Imagem reproduzida da página “Como ajudar” em 10 de dezembro de 2009
O interessante da organização sem fins lucrativos é que no item "Como ajudar" o
internauta pode apoiar os trabalhos da Associação com um valor mensal que varia de
U$ 5 a U$ 50. No entanto, na falta das “verdinhas”, aceita-se qualquer tipo de moeda,
isto é, “colaboração”, como se constata na figura acima.
59
2.1.11 - APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque
http://www.povosindigenasdooiapoque.com.br
Figura 13: Imagem reproduzida da página inicial da APIO em 10 de dezembro de 2009
A Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (APIO) tem 17 anos de
existência e foi criada no município do Oiapoque, Estado do Amapá, por índios que
representam diversas etnias (galibi, palikur, karipuna e galibi-marworno) do Vale do
Uaçá. Desde então tem representado os interesses desses povos indígenas e
60
defendido seus direitos, além de firmar convênios com instituições governamentais e
não governamentais para desenvolver ações de assistência, capacitação, pesquisas e
desenvolvimento em benefícios das etnias.
Segundo informações do site, a APIO realiza Assembleias de Avaliação e
Prestação de Contas a cada ano, e participa ativamente da organização e realização
das Assembleias Indígenas anuais, que congregam todos os povos indígenas daquela
região de fronteira. Possui escritórios administrativos nas cidades de Macapá e
Oiapoque.
A página está no ar desde 2004, com o intuito de oferecer informações sobre a
Associação e criar um fórum para debates e chat para promover a comunicação entre
índios e não índios.
61
2.1.12 - Organização de Mulheres Indígenas do Acre – Sul do Amazonas e
Noroeste de Rondônia – SITOAKORE
http://www.sitoakore.blogspot.com
Figura 14: Imagem reproduzida do blog SITOAKORE em 10 de dezembro de 2009
O Grupo de Mulheres Indígenas (GMI) foi formado em 1996, em Rio Branco,
para atender aos anseios da mulher indígena, que já reivindicava sua participação no
movimento social indígena por melhorias na saúde, educação etc. As mulheres
passaram a desenvolver algumas oficinas de saúde, educação e artesanato,
fortalecendo ainda mais seu papel dentro das comunidades.
62
Durante todo o processo de envolvimento nos trabalhos, surgiu a necessidade
de se organizar, buscar mecanismos legais para se fortalecer e ampliar o horizonte de
ações. Em maio de 2005 nasceu a Organização das Mulheres Indígenas do Acre e Sul
do Amazonas e Noroeste de Rondônia – SITOAKORE, que representa 355 aldeias, 18
povos indígenas do Estado do Acre, do Sul do Amazonas e um do noroeste de
Rondônia.
63
2.1.13 - Associação Warã
http://www.wara.nativeweb.org
Figura 15: Imagem reproduzida da página inicial Warã em 10 de dezembro de 2009
A Associação Warã é constituída pelo povo A´uwé-Xavante da aldeia Idzô´uhu,
que significa abelhinha, localizada na Terra Indígena Sangradouro, no Mato Grosso,
Brasil.
Segundo informa o site, “Warã é uma entidade sem fins lucrativos criada em
1997, subordinada à assembleia tradicional A´uwé-Xavante, que acontece no warã,
páteo central da aldeia – por isso já vimos outro endereço eletrônico com a palavra
64
warã. A associação tem como missão a preservação do Ró, o mundo Xavante, que
representa ao mesmo tempo o cerrado e a cultura xavante.”
O site não possui links com outras instituições nacionais ou internacionais,
exceto o link do portal que faz a hospedagem gratuita do site, www.nativeweb.org. A
Nativeweb, sediada nos Estados Unidos, é organização educacional, sem fins
lucrativos, dedicada ao uso das telecomunicações para divulgar informações sobre
nações, povos e organizações indígenas, promover a comunicação entre indígenas e
não indígenas e pesquisar e facilitar o uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação para povos indígenas.
65
3. CAPÍTULO III – ARCOS E FLECHAS DIGITAIS
3.1 DA TELA DO CINEMA À TELA DOS COMPUTADORES
No atual contexto de expansão da mídia9 no Brasil o novo desafio que se coloca
para os índios é garantir-lhes espaço nos novos canais para que exponham suas
opiniões sobre os mais variados assuntos. Possivelmente, se o índio tiver acesso às
novas mídias, entre elas TV digital e internet, não só poderá explicitar seu ponto de
vista, como também lutar contra a visão exótica que a mídia tradicional tem dos povos
indígenas, como as divulgadas pelo cinema nacional, as quais veremos mais adiante.
Os povos indígenas são impelidos a se adaptar à sociedade dos homens
brancos, principalmente com a expansão das cidades até os limites de suas aldeias.
Essa adaptação não é apenas prejudicial, como parece. Ela pode gerar novas
maneiras de se representar o índio na mídia brasileira, culminando com a
representação do índio pelo próprio índio.
Inspirado nos termos “índio primitivo”, “índio documentado”, “índio patriótico” e
“índio tecnizado”, citados no livro de LAUERHASS e NAVA (2007), que examina as
representações cinematográficas dos povos indígenas no Brasil, traço paralelo entre o
cinema e as primeiras representações virtuais dos índios na internet.9 Mídia, neste texto, é todo meio de comunicação - cinema, televisão, internet, rádio, on-line etc.
66
Os índios, apesar de terem tido sua cultura vilipendiada em diversas regiões do
mundo, ganharam notoriedade no cinema brasileiro, ao longo de várias décadas, como
veremos a seguir.
O cinema mudo, na década de 1910, exaltou o índio na ficção, enquanto na
realidade era dizimado, como lembra Robert Stam:
O cinema mudo enalteceu o índio como um “bravo guerreiro”, ingenuamente bom, fonte profunda de espiritualidade e símbolo da nacionalidade brasileira. A exaltação, porém, referia-se justamente ao grupo étnico que era vitimado por um processo de genocídio, tanto físico como cultural. Enquanto o índio verdadeiro era aniquilado, marginalizado ou extinto pela miscigenação (In: Ludwig Lauerhass Jr e Carmen Nava, 2007, p. 169).
Em Os Sertões de Mato Grosso (1916), Tomás Luís Reis retrata aquilo que
chamou “a pacificação de numerosas tribos indígenas encontradas em estado primitivo,
vivendo na Idade da Pedra” (RAMOS, 1987, p. 74)10. Já Ao redor do Brasil (filmado
entre 1924 e 1930), documenta a flora, a fauna e práticas sociais da região, em geral
mostrando indígenas de frente para a câmara ou de perfil, como se os estivesse
catalogando, o que explica os termos “índio documentado” e “índio primitivo”, do citado
Robert Stam.
O índio documentado dos primórdios do cinema, apresentados nos filmes a que
acabamos de nos referir, estava sempre seminu e em atividade, enquanto homens
brancos, que apenas os observavam, usavam ternos, sugerindo ao espectador a
enorme diferença entre a “evolução” do homem “civilizado”, que se veste de forma
elegante e não realiza trabalhos manuais, e o “primitivismo” do índio, que, além de 10 Trechos de alguns de seus filmes constam do documentário Yndio do Brasil (1995), de Sylvio Back.
67
seminu, desenvolve tarefas agrícolas ou festivas: moer milho, lançar flechas ou dançar.
Tal representação do índio pelo branco manifesta a maneira como o segundo entendia
o primeiro: ser exótico e inferior à sua cultura europeia.
No final da década de 30, o índio primitivo mostrado nos documentários é
elevado à categoria de índio patriótico, isto é, aquele que aceita passivamente ser
colonizado, que cede suas terras para a criação de uma grande pátria chamada Brasil
na qual poderiam participar, desde que aceitassem ser catapultados do "barbarismo"
para o estágio de desenvolvimento alcançado pelo homem branco, como pregavam as
atividades da Comissão Rondon e como sugere o filme de Humberto Mauro, O
descobrimento do Brasil (1937). Patrocinado pelo Instituto do Cacau da Bahia (ICB),
poderosa organização de latifundiários, o filme mostra atores imitando índios,
aplaudindo o que teria sido uma cerimônia estrangeira de transferência das terras
indígenas aos europeus.
O descobrimento apresenta a versão “oficial” do encontro entre o europeu e o índio... Suas genuflexões traduzem, em representação audiovisual, uma fantasia dos conquistadores: a de que a leitura de um documento numa língua europeia inacessível aos nativos poderia significar uma legítima transferência da propriedade da terra. Em suma, os índios eram candidatos ideais à disciplina europeia, à cristianização e à desapropriação (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass Jr e Carmen Nava, 2007 p.173).
O filme mostra que os índios eram candidatos ideais a serem enganados, como
ainda acontece nos dias de hoje. Índios entregues à própria sorte ou à má sorte dos
órgãos do governo, como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pela
saúde indígena, sempre alvo de denúncias. É o que revela reportagem publicada no
68
jornal O Estado de S. Paulo11, em 7 de maio de 2009:
Disputa de poder: Nas disputas entre partidos, a Funasa sempre é cobiçada. Além do orçamento para 2009 de R$ 4.000.000.000,00 (quatro bilhões de reais), tem independência administrativa. As ramificações em todo o País dão margem para negociações de cargos, permitindo várias composições. A Funasa frequenta relatórios de investigação da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas da União e da Polícia Federal. Em novembro do ano passado, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, chamou a Funasa, presidida por Danilo Forte, de corrupta, e destacou a “baixa qualidade” nos serviços prestados (O Estado de S. Paulo, Caderno Nacional, p. A8).
Os órgãos do governo, por um lado, desejam emancipar os índios, afirmando
que não são mais crianças que necessitam de proteção, mas por outro lado, embora
permitam que os povos indígenas residam em terras demarcadas, acreditam que não
mereçam ter o domínio efetivo sobre as mesmas.
Desde o descobrimento os índios são prejudicados. Muitas vezes suas
reivindicações e opiniões não eram apresentadas corretamente nas versões
produzidas pelos não índios, o que começou a mudar a partir da década de 80, quando
os índios puderam ser representados por si mesmos, sem atores contratados, pois o
vídeo chegou às aldeias, configurando aquilo que Oswald de Andrade chamou de o
“índio tecnizado”, isto é, o uso da tecnologia audiovisual para fins culturais e políticos
utilizada e elaborada por povos indígenas (In: Stam, 2007, pp. 184-185).
11 ARRUDA, Roldão; FORMENTI, Lígia. Índios deixam a sede da Funasa após determinação da Justiça, O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 mai. 2009. Caderno Nacional, p. A8.
69
O mais significativo desdobramento recente dessa tendência é a emergência de uma “mídia indígena” - isto é, o uso da tecnologia audiovisual (câmeras de vídeo, aparelhos de videocassete etc.) para fins culturais e políticos mantidos por povos indígenas. O Centro de Trabalho Indigenista (CTI), de São Paulo, por exemplo, tem atuado em colaboração com tribos desde 1979, ensinando produção de vídeo e edição, disponibilizando tecnologias para reforçar a proteção das reservas indígenas (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e Carmen Nava, 2007, p 183).
Entre os grupos indígenas mais versados em mídia estão os caiapó, povo de
língua Jê do Brasil central, que vive em 14 agrupamentos espalhados em território com
tamanho equivalente ao da Grã-Bretanha (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e
Carmen Nava, 2007, p 184).
Em 1987, ao receber uma equipe da Granada Television, que pretendia filmá-
los, os caiapó12 exigiram, em troca de sua colaboração, câmeras de vídeo, aparelhos
de videocassete, monitores e fitas de vídeo. Quando receberam o aparato tecnológico
para fazer filmes, convocaram três cinegrafistas independentes para treiná-los e,
juntos, criaram o filme Taking aim: a apropriação cultural e política da tecnologia do
vídeo pelos caiapó.
Os caiapó usaram vídeos para gravar cerimônias tradicionais, manifestações públicas e encontros com brancos (a fim de obter o equivalente a uma transcrição legal). As imagens, bastante divulgadas pela Time e pela New York Times Magazine, dos caiapó manejando câmeras, têm poder de chocar que vem da ideia de que os índios são “exóticos” ou “alocrônicos: Índios de verdade não carregam câmeras de vídeo” (STAM, Robert. In: Ludwig Lauerhass, Jr e Carmen Nava, 2007, p 184).
12 A grafia dos nomes de povos indígenas, com letra minúscula, que utilizamos aqui, obedece aos critérios da Associação Brasileira de Antropologia.
70
Mesmo assim, os programas e canais de televisão do Brasil não se interessaram
pela produção feita pelos próprios índios; apenas a TV Cultura abriu espaço semanal
para a exibição das imagens, em um programa independente chamado A´Uwe13,
produzido pelo ator global Marcos Palmeira. A mesma emissora também divulga vídeos
feitos nas aldeias pelas próprias tribos indígenas, além de documentários e
reportagens com temática indígena.
Em virtude da dificuldade de as emissoras tradicionais veicularem os programas
feitos pelos indígenas, o desafio é garantir-lhes espaço nas novas mídias, em franca
expansão em nosso país, como a internet, na qual alguns índios brasileiros já arriscam
dar os primeiros passos, como veremos a seguir.
13 Programa A´Uwe é apresentado na TV Cultura todos os domingos, às 18 horas.
71
3.2 CAMINHO DAS ÍNDIAS NA INTERNET
Iniciei a pesquisa na internet por um site14 de busca, digitando a palavra “índio”.
Ativando a opção “somente páginas em português”, surge na tela o link15 para vários
sites de temática indígena, como Museu do Índio, Dia do Índio, índios do Brasil, Funai,
Comissão Pró-Índio de São Paulo e Estatuto do Índio – Povos Indígenas no Brasil.
Figura 16: pesquisa sobre o índio em site de busca em 5 de março de 2009
14 Local na internet identificado por um nome de domínio, constituído por uma ou mais páginas de hipertexto, que pode conter textos, gráficos e informações em multimídia
15 Elemento de hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao ser acionado, provoca a exibição de novo hiperdocumento.
72
Explorei site a site, naveguei texto a texto para tentar descobrir o caminho dos
índios no século XXI. Nessa viagem, que muito me lembra a de Pedro Álvares Cabral,
procurando o caminho das Índias, agora singrando os mares sem fim da internet,
descobri belas fotos dos povos indígenas e informações resgatadas por pesquisadores
e/ou simpatizantes indígenas.
Figura 17: imagem do índio na internet em 5 de março de 2009
O objetivo, neste momento, ao explorar a internet, não é analisar as imagens
sedutoras produzidas por pesquisadores, fotógrafos profissionais ou simpatizantes,
como mostra a figura acima, mas localizar sites produzidos pelos próprios índios. Por
73
isso, continuei a desbravar esta selva imensa, formada por bits16 e bytes17, que é a rede
mundial de computadores, até que finalmente surgiu uma clareira, o site
www.indiosonline.org.br.
Figura 18: Imagem reproduzida da página inicial do site Índios Online, 28 de março de 2009
16 Menor parcela de informação processada por um computador.17 Conjunto de bits adjacentes, geralmente constituído por oito bits, que forma a unidade de informação,
usada para representar um caractere no computador.
74
3.3 ÍNDIOS ONLINE: COMO TUDO COMEÇOU
Na parte superior do site Índios Online há à esquerda o logotipo da idealizadora
do site, a organização não governamental Thydêwá18, composta por índios e não
índios, e, à direita, os logotipos dos parceiros, Cultura Viva19; Gesac20 e Oi Futuro21, os
quais ajudam a entender como o site foi criado e se mantém.
A ideia do site se desenvolveu depois da experiência da ONG Thydêwá, na
publicação de uma série de livros intitulada “Índios na visão dos índios”, com textos,
fotografias e desenhos feitos de forma colaborativa com as comunidades indígenas
kiriri, tumbalalá, tupinambá e pataxó-hãhãhãe (Bahia), xucuru-kariri e kariri-xocó
(Alagoas) e pankararu (Pernambuco).
Em abril de 2004, a ideia de conectar as aldeias se concretizou no projeto
batizado “Rede Índios Online”, que, com o apoio do governo do Estado da Bahia e do
governo federal, permitiu financiar computadores, máquinas fotográficas digitais,
antenas de conexão via satélite Star One e a instalação do portal22 indígena na internet,
no endereço eletrônico www.indiosonline.org.br.
Com o respectivo apoio da Unesco23, foram eleitos dois representantes das
18 Na língua pankararu thydêwá significa “esperança da terra”.19 Cultura Viva, programa do Ministério da Cultura. Ver http://www.cultura.gov.br/cultura_viva/20 Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), programa do Ministério da
Comunicação. Ver http://www.mc.gov.br/inclusao-digital/gesac 21 Instituto Oi Futuro, programa Novos Brasis. Ver
http://www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp22 Site na internet que oferece grande variedade de serviços, tais como dispositivos de busca,
informações gerais e temáticas, foros de discussão e outros.23 Sigla de Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Ver
http://www.brasilia.unesco.org/
75
tribos participantes, citadas acima, para a primeira oficina de qualificação, orientação
para o uso do computador, dicas sobre navegabilidade, imagem, texto e edição para
sites, realizada na Bahia, sede da ONG Thydêwá.
Dois anos depois, em 2006, o Ministério da Cultura (MinC) iniciou o apoio ao
projeto “Rede Índios Online”, com a instalação de pontos de internet por meio do
Programa Cultura Viva, os chamados Pontos de Cultura24, que agregam agentes
culturais que articulam e impulsionam um conjunto de ações em suas comunidades.
Foram criadas, também, parcerias com o Ministério da Comunicação,
responsável por manter a conexão de alta velocidade, pelo Programa Gesac25
(Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão) e com o Ministério do
Trabalho e Emprego, que seleciona até 50 jovens das comunidades, de 16 a 24 anos,
os quais recebem bolsa de R$ 150 por mês, por um semestre, para participarem de
cursos de capacitação em alguma manifestação cultural da região em que moram.
Em agosto de 2006, a partir do Programa “Novos Brasis”26, do Instituto Oi
Futuro, a Rede Índios Online enveredou por nova fase, chamada “Arco Digital”, que
passou a oferecer cursos de aprendizagem colaborativa para qualquer índio brasileiro
por meio da educação a distância, com o apoio da Universidade Federal da Bahia
(UFBA). Conheceremos o Arco Digital, a seguir, na análise do site.
24 Iniciativas desenvolvidas por sociedades civis, que firmaram convênio com o Ministério da Cultura (MinC), por meio de seleção de editais públicos. Os Pontos de Cultura ficam responsáveis por articular e impulsionar as ações que já existem nas comunidades. Atualmente, existem mais de 650 Pontos de Cultura espalhados pelo país.
25 Presente em comunidades com baixo índice de desenvolvimento humano, o programa Gesac, Ministério da Comunicação, fornece conexão à internet, em alta velocidade e via satélite, e já atende a 4 milhões de pessoas em 3.200 pontos de presença espalhados pelo país. Dos pontos de presença, 75% ou 2.400, estão instalados em escolas municipais e estaduais, 400 em postos militares, 100 no Programa Fome Zero e 300 em associações, sindicatos, organizações não governamentais (Ongs) e telecentros.
26 Programa Novos Brasis. Ver http://www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp
76
3.4 ANÁLISE DO SITE ÍNDIOS ON-LINE
Estávamos com a análise do site completa, quando ocorreu a alteração visual do
Índios Online, em 7 de agosto de 2009. Após cinco anos de existência, foi a primeira
vez que houve reformulação total. O Índios Online recebeu nova roupagem e recursos
multimidiáticos, como a coluna de vídeos na capa e figuras e sons no chat. Por isso
utilizaremos a mudança para traçar um paralelo do antes e depois da reformulação.
Figura 19: Imagem reproduzida a partir do antigo item “Oca”, site Índios Online, 28 de março de 2009
77
Na parte superior do antigo site Índios Online estava o menu principal, em forma
de bambu, na horizontal, com os links Oca, Nações, Atividades, Fórum, Cursos, Diários
e Chat, descritos a seguir:
OCA: página principal na qual são publicadas as reportagens.
NAÇÕES: mostrava o mapa da região Nordeste do Brasil, com os links das sete
primeiras tribos participantes: kariri-xocó e xucuru-kariri, de Alagoas; pankararu, de
Pernambuco; kiriri, tupinambá, tumbalalá e pataxó hã-hã-hãe, da Bahia.
ATIVIDADES: disponibilizava atividades realizadas pelos membros do Índios
Online.
FÓRUM: funcionava somente para membros das tribos participantes, utilizado
para trocar ideias e debates sobre futuras ações do site.
CURSOS: dava acesso à página Arco Digital – Comunidade Colaborativa de
Aprendizagem -, restrita aos alunos indígenas cadastrados, por meio de login e senha.
DIÁRIOS: local que reunia todas as matérias publicadas diariamente e dava
acesso a uma ferramenta de busca para pesquisar reportagens no site.
CHAT: dá acesso à sala de bate-papo.
Na nova home page as matérias estão dispostas à esquerda e a novidade fica
por conta dos vídeos publicados à direita. O site, que começou com hipertexto, se
moderniza e agora oferece espaço para a publicação de vídeos na página principal. Na
hora de publicar as matérias é possível postar vídeos amadores produzidos com
máquinas fotográficas digitais ou celulares pelos próprios índios, que ilustram e
enriquecem as reportagens.
Na última coluna, à direita, fica o login de acesso disponível àqueles que
78
possuem autorização para publicar matérias, anúncio para os índios participarem do
site também off-line, cadastrando seu email para receber informações diretamente na
caixa de mensagens do correio eletrônico. Por fim, o item Nações, o qual ofereceria o
link para reportagens de diversas nações indígenas, como pankararu, tupinambá etc.,
mas que no momento só oferece a opção Geral. Tema que abordaremos mais adiante,
na análise do novo item Mapa.
Figura 20: Imagem reproduzida a partir do novo item “Oca”, site Índios Online, em 7 de agosto de 2009
O menu principal permanece na parte superior do site com os novos links: Oca,
Mapa, Arquivos, Chat, Quem somos, Participe, Contato e Buscar, descritos a seguir:
OCA e CHAT: descritos anteriormente.
79
MAPA e ARQUIVOS: mudaram os respectivos nomes Nações e Diários, mas
mantiveram-se as funções descritas. Comentaremos sobre estes itens no decorrer da
análise.
QUEM SOMOS: apresenta o site com o seguinte texto: “ÍNDIOS ON LINE é um
canal de diálogo, encontro e troca. Um portal de diálogo intercultural, que valoriza a
diversidade, facilitando a informação e a comunicação para sete nações indígenas”.
PARTICIPE: dá acesso ao cadastro para se tornar voluntário em atividades
indígenas.
CONTATO: envia comentários e sugestões diretamente para os administradores
do site.
BUSCAR: ferramenta de busca utilizada para localizar reportagens ou temas
específicos abordados nas matérias publicadas no site.
Segundo informações apresentadas no site Índios Online, este é produzido e
atualizado pelos próprios índios, com textos, fotos e vídeos, além de um chat27 que
permite o diálogo entre os índios e qualquer usuário da internet, bastando se cadastrar.
27 Forma de comunicação a distância, utilizando computadores ligados à internet, na qual o que se digita no teclado de um deles aparece em tempo real no monitor de todos os participantes do bate-papo.
80
Figura 21: Imagem reproduzida da página inicial do chat em 28 de março de 2009
No chat, os erros ortográficos ficam em segundo plano. “O que nós queremos é
saber como anda a vida em outras nações, contar um pouco da história de cada um de
nós. Não adianta falar corretamente o português e, em seguida, destruir o nosso
passado, a nossa história, como os 'brancos' fazem”, disse a índia tupinambá Maria
José Amaral, 43, em entrevista28.
Os indígenas, que tradicionalmente têm cultura oral, estão rompendo barreiras
28 FRANCISCO, Luiz. Portal indígena critica ação de “brancos”. Folha de S. Paulo, Salvador/BA, 28 abr. 2004. Disponílvel em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15817.shtml Acesso em: 24 de set. 2008.
81
na internet, cujo meio é escrito e audiovisual, utilizando a escrita e a tecnologia para
fortalecer e projetar sua cultura, além de facilitar a comunicação entre as aldeias
distantes que participam do site.
Com a reformulação do site o chat chegou a ficar dois meses fora do ar. Os
organizadores falavam do novo visual e os comentários elogiavam as mudanças; mas
ninguém questionou o porquê de o chat não estar funcionando.
Figura 22: Imagem reproduzida da página inicial do chat fora do ar em 7 de agosto de 2009
Quando voltou a funcionar, em 10 de outubro, foi publicada a matéria abaixo,
avisando os usuários que o chat estava de volta, como se constata a seguir.
82
Olha o chat na área pessoal!!!!!!!!!Pessoal, o nosso chat Indiosonline já está disponivel!!!!!!!! Então a galera que gosta de bater um papo, conhecer novas outras culturas, trocar experiencias, conhecer outras realidades, acesse nosso chat!!!!!!!!! Vamos lá botar este chat para bombar!!!!!!!! Espero vocês!!!!!!!!!!! (Índios Online, reportagem Olha o chat na área pessoal. Acesso em: 10 out. 2009)
A matéria acima parece mais um convite “gritado” por um jovem branco,
carregado de pontos de exclamação, numa tentativa de passar felicidade pela notícia,
além do excesso de gírias, como “galera”, “pessoal”, “botar para bombar”, o que
caracteriza um texto mais voltado a jovens metropolitanos do que a índios e suas
aldeias. O que pode ter contribuído para que muitos índios, principalmente os mais
velhos, deixassem de frequentar o chat, como se verá a seguir.
Figura 23: Página principal com o novo local de acesso ao chat em 10 de outubro de 2009
83
Para acessar o novo chat a necessidade de se fazer um cadastro permanece,
mas o chat está com novos recursos, como colocar os emoticons (figuras expressando
emoções), textos com cor e tamanho de letras diferentes e efeitos sonoros para
chamar a atenção na sala de bate-papo.
Figura 24: Ao clicar no anúncio do chat abre-se esta página para acesso, 10 de outubro de 2009
Novo visual e novos recursos não foram suficientes para atrair os usuários. A
sala de bate-papo fica quase sempre vazia, e surgem comentários de indígenas
reclamando que não encontram mais ninguém para conversar.
84
Comentário: Alan Pataxo Disse: sábado, 10 de outubro de 2009 as 14:05 sou de coroa vermelha-ba sou um pataxó e quero me comunicar com outros indios mas entro no chat e ñ encontro ninguém pra tc comigo assim ñ vale neh gente. (Índios Online, reportagem Olha o chat na área pessoal. Acesso em: 10 out. 2009)
Figura 25: Imagem da sala de bate-papo vazia em 10 de outubro de 2009, depois da modificação
O fato de o chat ter ficado dois meses sem funcionar pode ter contribuído para
que os usuários concentrassem suas conversas em programas de mensagens
instantâneas, como MSN, criando certa resistência a ficar em uma sala de bate-papo.
As tribos também recorreram ao uso do correio eletrônico para não perder contato, até
a manutenção do chat ser concluída.
85
Com a volta do chat os gestores do Índios Online terão que fazer uma
campanha de incentivo e uso consciente dessa ferramenta como meio de diálogo entre
brancos e índios.
Com um clique no item “Nações” tínhamos acesso aos links das sete primeiras
tribos participantes: os kariri-xocó e xucuru-kariri, de Alagoas; os pankararu, de
Pernambuco; os kiriri, tupinambá, tumbalalá e os pataxó hã-hã-hãe, da Bahia e...
Figura 26: Imagem reproduzida da página Nações, 28 de março de 2009
... a promessa da inclusão de seis novos links, na mesma página: os truká, de
Pernambuco; os tupiniquim e guarani, do Espírito Santo; os potiguara, da Paraíba; os
terena, de Mato Grosso do Sul; e os pankararu, de São Paulo29.29 Os pankararu, originários da Aldeia Brejo dos Padres, Pernambuco, começaram a migrar para São
Paulo a partir de 1950, fugindo da seca, da fome e do conflito com posseiros.
86
A inclusão dos novos links para as nações participantes ficou mesmo só na
promessa. Como está no item Mapa, substituto de Nações, figura abaixo, o novo mapa
continua apenas com a indicação das sete primeiras tribos. As outras aldeias que se
uniram ao site podem postar matérias, mas não possuem indicação no mapa ou link
exclusivo para a sua nação.
No mapa antigo, do item Nações, ao clicar sobre o nome da tribo abria-se uma
página com as matérias publicadas referentes àquela aldeia. Isso, no novo item, já não
é mais possível. O mapa agora só tem a função de indicar a localização da tribo no
território brasileiro.
Figura 27: Imagem reproduzida da nova página Mapa, 10 de agosto de 2009
Os índios, como muitos outros brasileiros, não se apropriaram da internet por
completo: são apenas usuários. O fato que confirma essa constatação é que, por mais
87
de três anos, o site deixou a mensagem “em breve” na página Nações, sem realizar a
alteração necessária; quando houve a reformulação, ainda assim não incluíram as
outras tribos participantes.
Os índios estão sendo incluídos digitalmente em nossa sociedade, mas não
foram, por enquanto, incluídos cognitivamente, pois não adquiriram conhecimentos
suficientes para tarefas ou correções que desejam fazer na arquitetura e
gerenciamento do site. Por isso, na maioria das vezes realizam pela metade os seus
desejos e objetivos no emaranhado de programas, códigos e linguagens a serem
dominados na internet para se fazer ouvir por completo e corretamente.
O site Índios Online tinha muito mais a oferecer além de informação e reunião de
tribos indígenas: ao clicar no item “Cursos”, do antigo menu, éramos levados a uma
página de estudo e treinamento, chamada Arco Digital que deixou de ser veiculada na
reformulação do site. Isso não impede, no entanto, de apresentar e analisar este link.
O ARCO DIGITAL é uma COMUNIDADE COLABORATIVA DE APRENDIZAGEM, onde índias e índios de várias nações indígenas, que tendo acesso a Internet e vontade de atuar para transformar conscientemente suas comunidades, decidem participar de um grupo para se fortalecer. (Apresentação da página Arco Digital. Acesso em: 5 jun. 2009)
Segundo informações descritas na apresentação da página, a Comunidade
Colaborativa de Aprendizagem, Arco Digital, estava orientada especialmente para
indígenas, jovens e adultos, que sabem ler e escrever e quisessem trocar ideias e
refletir sobre o Desenvolvimento, a Cidadania e as Tecnologias de Informação e
88
Comunicação, bem como compartilhar experiências, práticas e saberes, com a
finalidade de fortalecer conhecimentos sobre os direitos indígenas e melhorar, de forma
consciente, a qualidade de vida nas comunidades onde moram.
Figura 28: Imagem reproduzida da página inicial do Arco Digital em 28 de março de 2009, antes da reformulação do site
A Comunidade Colaborativa de Aprendizagem, Arco Digital, como já
mencionado, contava com a colaboração do Instituto Oi Futuro, da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) e facilitadores índios e não índios para ministrar oficinas, com
a responsabilidade de sistematizar experiências e estimular os índios na construção do
conhecimento, como as que seguem:
89
Nome do Curso: Detalhes do Curso:
Jornalismo Étnico
Facilitadora: Lílian Calmon
O objetivo desta Oficina é incentivar índios e índias a usarem a escrita para contar, com o seu estilo, suas experiências e suas reivindicações.
O que é ser Cidadão Indígena?
Facilitadora: Ivana Cardoso
O Objetivo da Oficina é construir juntos os conceitos de Ser Índio e Ser Cidadão Brasileiro para melhor poder exercer seus direitos.
Agro Floresta
Facilitadores: Hiata e Calango
O Objetivo da Oficina é tomar a natureza como modelo de produção e projetar nossa sustentabilidade em harmonia com ela.
Dialogando com o MEC
Facilitadores: Kleber Gesteira Mattos, Thiago Almeida Garciae Susana Grillo Guimares
Um dos objetivos da Oficina é fortalecer os índios em sua participação comunitária e educacional.
O futuro da saúde também está na Tradição
Facilitadora: Ana Paz
Projetar juntos a Saúde, desde o saber popular, valorizando a cultura, a espiritualidade e a linguagem regional de cada povo, em harmonia com o meio ambiente e com a comunidade.
Economia Solidária
Facilitador: Diogo Rego
Diferenciar a economia solidária da economia capitalista tradicional, e compreender as dinâmicas socio-politica-econômicas da relação produtor-consumidor.
Todas as oficinas contavam com a orientação da professora Adriane Halmann,
da Universidade Federal da Bahia, que coordenava o programa de Educação a
Distância e seus facilitadores, desde sua implementação, com monitoramento e
avaliação constantes.
90
O Arco Digital era o local no qual os índios aprendiam a utilizar os recursos da
floresta, de forma sustentável e em harmonia com a natureza, noções de cidadania
para reivindicar seus direitos, além de trocar ideias e saberes, utilizando o diálogo
como forma de construir coletivamente o conhecimento e interagir para a
transformação local, na qual eram os protagonistas responsáveis na escolha dos rumos
para as comunidades.
Com a reformulação do site, a página Arco Digital foi retirada do ar. O Arco
Digital era o diferencial no site, um dos itens que chamaram a atenção no momento de
eleger um site indígena para análise. O Índios Online era o único site, produzido por
indígenas, que oferecia ensino e treinamento a outros índios, a distância.
Verdadeiramente uma experiência enriquecedora de se criar comunidade
colaborativa de aprendizagem na internet. Tornar realidade a inteligência coletiva
sonhada por muitos pesquisadores do ciberespaço, como Pierre Lévy e seus
discípulos. Mas infelizmente durou menos de três anos, tempo estabelecido entre a
parceria do Instituto Oi Futuro e o Índios Online30.
Outro ponto que chamava a atenção, no Índios Online, era o item “Diários”, local
que reunia todas as matérias publicadas diariamente, além da ferramenta de busca
para localizar reportagens no site, a qual facilitava, e muito, a pesquisa por tema, tribo,
problema específico ou comentário, pois ao final de cada reportagem os índios podiam
expressar suas opiniões no item “Comentários”, contribuindo e orientando para a
solução de problemas semelhantes, já vividos por outras tribos.
30 Comentada no item “Como tudo começou”, deste capítulo.
91
Figura 29: Imagem reproduzida da página inicial do item “Diários”, 28 de março de 2009
O item Diários também não existe mais, a partir da reformulação do site. Agora
as matérias postadas no site foram concentradas no item Arquivos, o qual exibe todas
as matérias publicadas e no final disponibiliza lista das reportagens agrupadas por
mês, ano e quantidade, desde a fundação do Índios Online.
92
Figura 30: Imagem reproduzida da parte inferior da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009
Também não é mais possível localizar matérias por categorias, como pankararu,
tupinambá etc. As reportagens foram reunidas em uma única categoria denominada
“Geral”.
Recurso que poderia auxiliar na pesquisa das matérias, pois as categorias foram
retiradas, seria o uso das “tags”, isto é, palavras-chave utilizadas para identificar o
conteúdo das matérias publicadas na internet, como, por exemplo, pankararu,
demarcação ou saúde. O recurso indicaria que a reportagem seria sobre tribo
específica, no caso os pankararu, e trataria da demarcação de terras ou saúde
indígena, nas aldeias ou postos de atendimento da Funasa.
93
Um dos problemas identificados nas matérias publicadas é que poucos índios
preenchem os campos de identificação das “tags”, pois muitos não sabem utilizá-la ou
muito menos do que se trata, tampouco o significado de uma “tag”. Somente escrever e
publicar matérias não é o suficiente, faltam domínio das ferramentas e conhecimento
dos métodos de organização e localização de informação na internet, o que requer de
seus usuários aprimoramento e treinamento constantes.
A ferramenta “Buscar”, que antes ficava no item Diários, agora está disponível
ao lado dos itens do menu, no alto da página, o que facilita sua visualização e
utilização.
Figura 31: Imagem reproduzida da nova página Arquivos, 10 de agosto de 2009
94
As observações colocadas por nós, pesquisadores, são para melhorar a
interação com a informação disponibilizada no site, pois a função de tornar públicas as
dificuldades e mazelas a que são submetidos os povos indígenas o Índios Online
realiza corretamente, como bem ilustra o exemplo descrito logo abaixo.
As reportagens em sua maioria abordam problemas enfrentados pelos índios,
como a falta de médicos e remédios nos postos de saúde indígenas, falta de
saneamento básico e até de transporte escolar indígena, como revela o depoimento do
índio Lucas, da tribo baiana caramuru.
Nos alunos do colégio estadual da aldeia indígena caramuru ficamos duas semanas sem aula por falta do transporte. A causa de tudo isso foi porque a empresa não recebeu o pagamento, e por falta de interesse do governo, então juntamos um grupo da comunidade e fomos a Salvador para resolver esse problema, nós falamos para eles que o pagamento da empresa dos ônibus estava atrasado e assim não tinha como colocar combustível, e os alunos estava sem estudar. Depois de muita conversa nós conseguimos resolver mais um problema, e eles pagaram a empresa, e assim os alunos voltaram aos estudos e tudo graças a um grupo indígena que esta sempre unido e fazendo o que é melhor para nois mesmo, que é reivendicar os direitos indígenas. (Índios Online, reportagem Transporte escolar. Acesso em: 5 jun. 2009)
O que chama atenção, a partir da utilização da internet pelos indígenas, é que o
site Índios Online orienta as tribos na solução de problemas, ensinando-as a pressionar
por meio de e-mails enviados ao secretário, à diretoria regional e até a jornais para o
problema se tornar público e os responsáveis se sentirem impelidos a solucionar
rapidamente a questão, como no seguinte relato:
95
Comentário de: sebastian [Membro] otimo!!!vc tem o email do secretario de educação da BA? Pegue o email no site!vc tem o email do responsavel pela DIREC de tua regiao?do jornal A Tarde? A Regiao? A Tribuna?Se prepare....voce pode tambem PRESIONAR VIA INTERNET sem ter que ir de corpo ate lá!!! Fico feliz de leer este materia...e pense que, se por ventura, outra vez vier acontecer um desrepeito como esse, voce pode publicar logo no site!!! Um só dia de nao ter aulas por uma ignorancia dessas já é motivo para publicar uma materia!!!! Dois dias vira uma campanha!!!!Voce tem uma nova arma de PRESSAO... Use-a! (Índios Online, reportagem Transporte escolar, item Comentário. Acesso em: 5 jun. 2009)
O site não fica apenas na orientação, mas também se abre à divulgação dos
problemas enfrentados por qualquer tribo brasileira, como no relato acima, segundo o
qual um só dia de falha nos serviços sociais é suficiente para se publicar uma
reportagem. Se o desrespeito continuar por dois dias já é motivo para se fazer uma
campanha pela “nova arma de pressão”, a internet.
Observamos que os índios e não índios passam por muitos problemas parecidos
no que se refere aos serviços públicos, e que as soluções encontradas, certamente,
seriam benéficas a ambos os grupos. A internet não significa a salvação do índio ou do
não índio, pois na internet se vai do céu ao inferno em um clique. Mas, se bem usada,
torna-se excelente canal de comunicação, por meio do qual se dialoga com o mundo,
buscando respeito, justiça e solução de problemas.
O cinema e a televisão, comentados no início do texto, ainda são
imprescindíveis para o registro da representação indígena na mídia brasileira, mas a
internet, por ter custo de produção mais acessível, tem se mostrado importante
96
ferramenta não só para o registro da representação indígena, como também da
autorrepresentação elaborada pelos índios brasileiros.
3.4.1 Análise das reportagens publicadas no Índios Online
Temos como corpus para a análise, além do site Índios Online, as reportagens
publicadas de abril a setembro de 200931, perfazendo um total de 254 reportagens,
buscando a partir das temáticas verificar quais assuntos têm sido mais divulgados
pelos povos indígenas, a partir da utilização de ferramentas de comunicação modernas
como a internet.
Para o trabalho, definimos seis temas para analisar as reportagens, que podem
englobar vários assuntos, os quais destacaremos a seguir:
Cultura: entretenimento, folclore e comidas típicas.
Educação: treinamento, oficinas e cursos.
Saúde: ervas medicinais, postos de atendimento, falta de profissionais e
medicamentos.
Segurança: violência, discriminação e racismo.
Emprego: sustentabilidade, recursos financeiros, agricultura e artesanato.
Moradia: demarcação de terras e conflito com posseiros.
31 Período justificado na Introdução desta dissertação.
97
Detalhamos a análise mês a mês, em planilhas contendo os itens Data,
Reportagem, Ilustração (foto ou vídeo), Comentário e Temática; por fim, apresentamos
os resultados em forma de gráfico, objetivando facilitar a análise e visualização dos
resultados.
Gráfico 1 – Análise - reportagens de abril/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática
01/ Abril/ 2009 Posto de saúde indígena emreforma
Foto - Saúde
01/ Abril/ 2009 Reitor da UNB dança o Toré - 2 Educação
01/ Abril/ 2009 Defesa dos diretos e interessesindígenas
- - Moradia
01/ Abril/ 2009 Beleza Indígena do Pantanal -MS
- 1 Cultura
02/ Abril/ 2009 Reunião com o prefeito JoãoGomes e Secretaria de Saúde
- - Saúde
02/ Abril/ 2009 Vacinação - Busca Ativa naAldeia
Foto 2 Saúde
02/ Abril/ 2009 Acadêmico indígena Kaingang Vídeo 3 Moradia03/ Abril/ 2009 A importância da nossa mata Foto - Cultura
03/ Abril/ 2009 Reserva Indígena de DouradosGanha Escolas !!!!
- - Educação
03/ Abril/ 2009 Soneto de Lamentação - 1 Cultura03/ Abril/ 2009 Artesanatos de Kariri-Xocó Foto 1 Cultura
04/ Abril/ 2009 UFRR Forma ProfessoresIndígenas
Foto 7 Educação
07/ Abril/ 2009 Situação das Estradas emPankararu
- 1 Moradia
98
07/ Abril/ 2009 Professor Kaingang - 1 Educação08/ Abril/ 2009 Visão do não índio Vídeo 1 Cultura10/ Abril/ 2009 Essência de dois povos Foto 3 Cultura13/ Abril/ 2009 Artesanato kaingang sobrevive. Foto 1 Cultura14/ Abril/ 2009 Dia do Índio? Dia de Festa? - 5 Cultura
16/ Abril/ 2009 Sem iluminação publica naaldeia
- - Moradia
16/ Abril/ 2009 Entrevista com Nair Pare si eAritana Yawalapíti
Vídeo 2 Cultura
16/ Abril/ 2009 Como utilizamos a medicina nanossa aldeia
Foto - Saúde
16/ Abril/ 2009 Reunião com o GovernadorJaques Wagner
- 1 Moradia
16/ Abril/ 2009 Entrevista com OlavoWapichana, aluno da UNB
Vídeo - Educação
17/ Abril/ 2009 Uma Conversa entre ParentesIndígenas Yawalapíti e Fulni-ô
Vídeo 1 Cultura
17/ Abril/ 2009 Lançamento do Edital dosPontos de Cultura Indígenas
Vídeo 2 Cultura
17/ Abril/ 2009 Semana dos Povos Indígenas2009
Vídeo - Cultura
17/ Abril/ 2009 Intercâmbio Sócio-Cutural Vídeo 1 Cultura18/ Abril/ 2009 Farmácia Tradicional Fulni-ô Vídeo 1 Saúde
18/ Abril/ 2009 Todos os dias é dia do Índio, dia19 é mais um deles!
Foto 3 Cultura
20/ Abril/ 2009 Homenagem ao dia do índio!!!! Vídeo 3 Cultura21/ Abril/ 2009 Índios Kariri-Xocó no Memorial - 3 Cultura22/ Abril/ 2009 "Índios no Mundo Digital" - 1 Cultura22/ Abril/ 2009 Índios On-Line e GESAC Vídeo 2 Cultura
22/ Abril/ 2009 Nazaré Pankararu fala sobreEducação escolar Indígena!
Vídeo 3 Educação
22/ Abril/ 2009 Fernando (Atiã) Fala Sobre acultura Pankararu
Vídeo 1 Cultura
22/ Abril/ 2009 Judite e Ruth ambas Drª, fazemPesquisa na etnia Pankararu!
Vídeo - Cultura
24/ Abril/ 2009 O Rio Grande do Norte éIndígena
Vídeo 3 Moradia
24/ Abril/ 2009 Oga Miximi Vídeo 3 Cultura25/ Abril/ 2009 Refletindo… - 3 Moradia27/ Abril/ 2009 14ª Oficina de Produção de - - Educação
99
27/ Abril/ 2009 Entrevista com Marcos Terena Vídeo - Cultura28/ Abril/ 2009 II Raízes Indígenas do Ceará Foto 2 Moradia
28/ Abril/ 2009 A falta de Segurança no PovoPotiguara
Vídeo 1 Segurança
28/ Abril/ 2009 Toré das crianças Potiguara doKatu
Vídeo - Cultura
28/ Abril/ 2009 Entrevista com o vereadorDezinho Fulni-ô
Vídeo 1 Cultura
28/ Abril/ 2009 Cultura Fulni-ô Vídeo 3 Cultura28/ Abril/ 2009 Vivendo a Cultura Vídeo 1 Cultura29/ Abril/ 2009 Ser índio - 3 Educação29/ Abril/ 2009 Mulheres Tupinambá se unem Vídeo 2 Cultura29/ Abril/ 2009 O protesto de Xiquinho Foto 3 Moradia
30/ Abril/ 2009 India Caiua conta sua historia devida
Vídeo 1 Educação
O pico de maior atividade em abril foi no final do mês, dia 28, com seis matérias
publicadas, sendo a última publicação dia 30, fechando o mês com a média de mais de
uma matéria postada por dia, 51 no total.
Perto das comemorações do Dia do Índio, muitas reportagens abordaram a
temática “ser índio”, “diversidade dos povos indígenas e da sua cultura”. A matéria que
teve o maior número de comentários foi “Universidade Federal de Roraima forma
professores indígenas”, publicada em 4 de abril, com sete comentários, dos quais
selecionamos dois para análise.
Anari. Disse: terça-feira, 14 de abril de 2009 as 13:08Parabéns! aos parentes e a Universidade Federal de Roraima. Não parem por aí, não. Continuem! É importante que mais universidades apóiem os cursos de licenciaturas indígenas no Brasil, dessa forma apoiando a causa indígena.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
100
Vianey Lipú Gonçalves Turíbio --- Etnia Terena --- MS. Disse: terça-feira, 14 de abril de 2009 as 13:26 Primeiramente agradecemos à Deus pelas nossas vidas… E quero parabenizar à todos os formandos do Curso de Licenciatura Intercultural, pois é uma Conquista muito importante pra vc´s e pra comunidade indígena em geral.. E Vamos seguir em frente, continuar na luta na Busca da Autonomia e na Auto-Determinação do nosso povo indígena… Sucesso pra todos.. FIK COM DEUSS…(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Como esses dois comentários, os outros cinco também destacavam a
importância da formação intercultural dos professores indígenas, incentivando mais
índios a ingressar no ensino superior, como modo de fortalecer a cultura e educação
dos povos indígenas.
101
Gráfico 2 – Estatísticas das atividades
No mês de abril, o site publicou 51 reportagens, 79 comentários e 34 ilustrações,
sendo 10 fotos e um número expressivo de 24 vídeos. A tecnologia multimídia aos
poucos também vai sendo assimilada pelos indígenas, graças à facilidade de se
produzir vídeos, encontrada em muitos aparelhos celulares hoje em dia.
Expressiva também é a participação dos internautas no site, índios e não índios,
a partir dos comentários publicados instantaneamente, logo abaixo das reportagens.
Reportagens Ilustrações Comentários0
10
20
30
40
50
60
70
80
Abril/2009
102
Gráfico 3 – Análise dos temas abordados
No mês em que se comemora o Dia do Índio, 19 de abril, os indígenas utilizaram
a internet para reafirmar sua cultura, com 27 textos, sem deixar de abordar outros
temas, como Educação, com 10 textos; Moradia, com 8 textos; Saúde, com 5 textos e
Segurança, com 1 texto.
O grande número de textos publicados sobre Cultura e Educação, muitos deles
abordando cursos e a valorização do artesanato indígena, os quais, direta ou
indiretamente, geram recursos a partir da venda desses produtos manufaturados pelos
índios, pode explicar a inexistência de matérias sobre emprego e renda.
Coluna B0
2,5
5
7,5
10
12,5
15
17,5
20
22,5
25
27,5
Abril/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
103
Gráfico 4 – Análise reportagens de maio/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática01/ Maio/ 2009 Somos patrimônio - Participe! - 7 Cultura
01/ Maio/ 2009 Dia Mundial do trabalho. Há o quecomemorar?
- 1 Emprego
02/ Maio/ 2009 Ponto de Cultura Índios OnlineKariri-Xocó
- 1 Cultura
02/ Maio/ 2009 Urucum a energia - - Cultura02/ Maio/ 2009 Luta pela vida! - 1 Saúde02/ Maio/ 2009 Guateka Digital Vídeo 1 Cultura
02/ Maio/ 2009 Liderenças Guarani reinvidicamsaúde de qualidade
Foto 1 Saúde
03/ Maio/ 2009 Indígenas Mensageiros de Cristo -Louvor em língua Guarani
Vídeo 1 Cultura
03/ Maio/ 2009 Aldeia Tupinambá em cena Vídeo 1 Cultura
03/ Maio/ 2009 Reconhecimento territorial do povoTupinambá de Olivença
- 3 Moradia
04/ Maio/ 2009 Pintura Corporal Vídeo - Cultura05/ Maio/ 2009 Riquezas - Nossa mata atlântica - - Cultura05/ Maio/ 2009 Acampamento Terra Livre 2009 Foto 1 Moradia
06/ Maio/ 2009 Depoimento do Cacique GetúlioCaiuá
Vídeo 2 Moradia
06/ Maio/ 2009 Manifestações culturais dos índiosTapeba
- 2 Cultura
06/ Maio/ 2009 Orgulho de ser Tupinambá! Vídeo 1 Cultura
06/ Maio/ 2009 Ministro da Justiça noAcampamento Terra Livre 2009
Vídeo 4 Moradia
07/ Maio/ 2009 Declaração Universal dos DireitosHumanos
Vídeo - Cultura
07/ Maio/ 2009 A pesca Vídeo 3 Emprego07/ Maio/ 2009 Caminhada ao Congresso Nacional Foto 4 Moradia08/ Maio/ 2009 Todo dia é dia de índio - 1 Cultura
08/ Maio/ 2009 Encerramento Acampamento TerraLivre 2009
- 1 Moradia
08/ Maio/ 2009 9ª Jogos Indígenas Pataxó de Vídeo 4 Cultura
104
08/ Maio/ 2009 Conferência Municipal daPromoção da Igualdade Racial
- - Cultura
11/ Maio/ 2009 Nossos anciões nossa resistência - - Cultura
11/ Maio/ 2009 Casa de Memória do Tronco VelhoPankararu
- - Cultura
11/ Maio/ 2009
Presença do presidente da FunaiMércio Meira e do Ministro daJustiça Tarso Genro
- 1 Moradia
11/ Maio/ 2009
Líderanças de Pernambuco sereúnem com a representante doBanco Mundial
- - Emprego
11/ Maio/ 2009 Neguinho Truká fala que não éfavorável a Funasa
- - Saúde
11/ Maio/ 2009 Acampamento Terra Livre até 2010 - - Moradia
11/ Maio/ 2009 Depoimento de LiderançasIndígenas
Vídeo 1 Moradia
11/ Maio/ 2009 Caminhada Final - Terra livre Vídeo 2 Moradia
12/ Maio/ 2009 A natureza nos dá o queprecisamos
Vídeo 5 Emprego
12/ Maio/ 2009 APIB – Articulação dos PovosIndígenas do Brasil
Foto - Moradia
13/ Maio/ 2009 I Congresso da AEIP: Vitória dosEstudantes Indígenas Pankararu
Foto 2 Educação
14/ Maio/ 2009 Jogos Indígenas Pataxó 2009 - 5 Cultura
14/ Maio/ 2009
Estudantes indígenas da UNBparticipam da vigília pela AmazôniaLegal
Foto 3 Cultura
14/ Maio/ 2009
1º Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas
- - Educação
14/ Maio/ 2009 Em busca de um sonho - 6 Educação
15/ Maio/ 2009 A força das crianças na culturaindígena Potiguara
- 2 Cultura
15/ Maio/ 2009 A importâncai do Velho Chico(kariri-xocó)
Foto 4 Emprego
15/ Maio/ 2009
1º Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas
- 12 Educação
17/ Maio/ 2009 Mais um cacique na luta pelo Foto 1 Moradia
105
18/ Maio/ 2009 Guerreiros e Guerreiras! - 3 Moradia
18/ Maio/ 2009
Diversificação de artesanatosKaingangs da Comunidade daBorboleta
- 2 Emprego
19/ Maio/ 2009 INDIOS ON-LINE ganha Premio deMídia Livre
- 1 Cultura
19/ Maio/ 2009 Dança Terena Vídeo 1 Cultura20/ Maio/ 2009 Promoção da Igualdade Racial??? - 5 Cultura
20/ Maio/ 2009
Demarcação das terras indígenasTupinambá de Olivença é tema deSessão Plenária
- 14 Moradia
21/ Maio/ 2009 Costumes indígenas - - Cultura
21/ Maio/ 2009
Resultado, da Sessão Especial noPlenário Gilberto Fialho em Ilhéus -BA
- 5 Moradia
22/ Maio/ 2009 Entendendo a Demarcação deTerras Indígenas - TI
- 6 Moradia
22/ Maio/ 2009 Grupo de Proteção a Criança e aoAdolescente valorizando a cultura
Foto 4 Cultura
23/ Maio/ 2009
08 de Junho - II Reunião Regionaldo Fórum Estadual Intersetorial noRJ
- - Cultura
23/ Maio/ 2009 9ª Assembléia do Povo Xukuru doOrorubá
Vídeo 2 Segurança
23/ Maio/ 2009 GTs da 9ª Assembleia Xukuru Vídeo 2 Segurança
23/ Maio/ 2009 Programa AIESA - AdolecentesIndígenas Educadores em Saúde
Foto 4 Saúde
26/ Maio/ 2009 A importância do Ponto Digital naeducação Pankararu
Foto 8 Educação
26/ Maio/ 2009
Programa de Proteção deDefensores de Direitos Humanoscuida do caso Anibal
Vídeo 3 Segurança
27/ Maio/ 2009 Viva a Mata 2009 Foto 1 Cultura
27/ Maio/ 2009 Atentado: Audiência Pública sobreo caso Anibal
Vídeo - Segurança
27/ Maio/ 2009 Aldeia Serrinha Pankararu - 2 Moradia27/ Maio/ 2009 Plantio e hortas caseiras Foto 3 Emprego
27/ Maio/ 2009 Campanha Povos Indígenas naAmazônia - Presente e Futuro da
Foto 3 Cultura
106
27/ Maio/ 2009
I Congresso Brasileiro deAcadêmicos, Pesquisadores eProfissionais Indígenas
- 8 Educação
28/ Maio/ 2009 II Seminário Povos Indígenas eSustentabilidade
Foto 2 Educação
28/ Maio/ 2009 Tudo em nome dodesenvolvimento?
- 5 Moradia
30/ Maio/ 2009
Associação Indígena das Mulheresda Região da Água Vermelhapromove curso de pintura
Foto 1 Emprego
30/ Maio/ 2009 2º Seminário Temático doMagistério Indígena
Foto - Educação
30/ Maio/ 2009
Relatório da reunião dosestudantes indígenas universitáriosda Bahia e o CINEP
Foto 4 Educação
30/ Maio/ 2009 Pofessoras da ComunidadePankarú pedem socorro!!!
Foto 1 Educação
31/ Maio/ 2009 Sistema de Irrigação Agro-ecológico!
Foto 3 Emprego
31/ Maio/ 2009 Estudantes de História da Uescapoiam luta Tupinambá
- 4 Moradia
O pico de atividade em maio foi no dia 11, com oito matérias publicadas, a última
publicação dia 31, finalizando o mês com a média de mais de duas matérias publicadas
por dia, 75 no total.
A matéria que causou maior polêmica, neste mês, no Índios Online, foi sobre a
demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença, sul da Bahia, publicada dia
20 de maio, com 14 comentários, que se estenderam até o mês de junho. Abaixo um
trecho da matéria e alguns comentários publicados, inclusive dois internacionais, de
simpatizantes da causa indígena.
107
Recentemente a FUNAI publicou no Diário Oficial da União o acolhimento do relatório que defende a demarcação da Aldeia Tradicional Indígena Tupinambá de Olivença, com área total de 47.300 hectares, sendo a maior parte, cerca de 80%, em Ilhéus, além de outros municípios como Una e Buerarema. A contestação, começará a ser feita, justamente nesta Sessão Especial que irá acontecer hoje a tarde, onde darão voz a agricultores, produtores, moradores, comerciantes e empresários do setor hoteleiro que atualmente se encontram na área em questão e que precisam expor as razões contrarias a criação da Aldeia. (Índios Online. Trecho da reportagem: “Demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença é tema de sessão”. Acesso em: 30 de out. 2009)
giuseppe da italia Disse:quarta-feira, 20 de maio de 2009 as 16:45 Infelismente, morando eu na Italia, nào posso ajudar muito mas o meu coraçào e a minha mente estào torcendo para que os direitos do Grande povo Tupinambà sejam respeitados!!!! (finalmente). (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Alexandro, FRANÇA Disse:sexta-feira, 22 de maio de 2009 as 16:07 Pergunta para senhor Vereador: - Se fossem a sua casa confiscar suas terras que sao suas por direito que fazia? Sera o Povo indio que invadiu essas terras, ou que subiu a invasao de desconhecidos e arrogantes? EU diria senhor Vereador simplesmente: dar a Cesar o que é a Cesar e Dar a DEUS O QUE É DE DEUS por isso nao tente retirar aquilo que é por DIREITO E PRINCIPIO DO POVO INDIO. ABRAÇO A TODO O POVO INDIO, DE UM AMIGO NA FRANÇA. ALEXANDRO (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Nivia Maria (visitante) Disse:segunda-feira, 25 de maio de 2009 as 17:41 Senhores, esta é uma questão polêmica demais. O país inteiro se formou sob a égide de uma colonização europeia (portugueses, holandeses, alemães, italianos, espanhóis etc..) que massacrou os povos que aqui habitavam. Foram inúmeras as nações dizimadas, em um genocídio esquecido nas páginas da história. Nesse contexto o país inteiro teria que ser “desocupado” para dar a terra aos nativos sobreviventes. Acontece, que hoje, 500 anos depois, são poucas as nações que confirmadamente se mantém “indígenas”. Na maioria, o povo brasileiro é missigenado e tem em suas veias, não apenas o sangue indígena sobrevivente, mas o sangue negro e o sangue do colonizador genocida, assassino e bárbaro. Não dá para acreditar que o povo que hoje mora em Olivença, que paga imposto ao governo federal, que paga IPTU -
108
Imposto Territorial Urbano - que pelo código tributário é pago pelo proprietário da terra e do imóvel (hoje em média, o IPTU de um imóvel residencial em Olivença varia de 300 a 600 reais), seja despejado de suas residências por conta de uma leitura equivocada do que seria reconhecimento de ancestralidade e direito à terra. A ocupação de Olivença data de 400 anos aproximadamente e os atuais moradores são tão sobreviventes em sua missigenação quanto alguns dos auto-declarados sobreviventes dos Tupinambás. O direito ao uso capião coloca Olivença dentro do município de ilhéus, participando de eleições municipais, estaduais e federais. Olivença não será “desocupada”, haverá outra forma de legitimar a reivindicação de terra para os Tupinambás remanescentes e legitimar o direito de posse adquirida pelos moradores que são reconhecidos pelo Estado brasileiro como proprietários da terra e dos imóveis onde moram hoje. Existe ainda um detalhe, os 300 metros da costa brasileira pertencem à Marinha e todos os imóveis que ficam na beira da praia estão em terras federais, que são do povo brasileiro, independente de qualquer etnia. É preciso ter calma pois essa decisão inconsequente, sem debate prévio com os moradores de Olivença, descendentes de índios ou não, o ministério público, a Funai, o Incra, o governo federal (secretaria da igualdade racial) já está gerando um clima de revolta e de eminente conflitos naquela área que até então era a pacata Olivença. Então, eu que moro em casa alugada a um ano, que adoro o povo de Olivença, que tenho prazo de até março do ano que vem mudar de cidade espero que tudo se resolva em Paz. Sou filha da floresta amazonica, paraense de Santarém, descendente de índio tapajó, com negra e branco português. Sou a típica descendente de índios, que também é negra e que também é branca. PAZ para todosGrande abraçoNivia Maria(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
sou cadastrado, mas não sou índio Disse:sexta-feira, 19 de junho de 2009 as 22:40 Engraçado!!! Antigamente ninguém queria ser conhecido como CABOCLO DE OLIVENÇA!!! KKKK… Agora, virou brincadeira, têm índio vindo até de outros Estados para ser cadastrado, gente que se mudou agora, p/ ser conhecido como índio, também com tantos benefícios! Emprego então hein?? Na escola indígena e na saúde é o que mais rola!!! Cesta básica, leitinho, cursos, viagens, empréstimos!!Agora mais engraçado ainda vai ser, quando começar a cair as máscaras, quando todo mundo realmente descobrir quem são?? E eu vou está aqui de camarote assistindo tudo e dando risada… E como disse o meu companheiro aí em cima: A VERDADE IRÁ PREVALECER SEMPRE!!!!! (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
109
Ulises Disse:quarta-feira, 24 de junho de 2009 as 12:38 Ratifico as palavras no nosso companheiro ai em cima. Essa fraude da Funai está acabando, ontem mesmo no jornal nacional já foram expulsos 2 funcionários por corrupção… Olivença não tem índios a muito tempo e os que habitavam aqui era os tupiniquim e os aimorés e nunca os tupinambás.. rsrs Essa cacique é muito burra, em vez de escolher uma dessas tribos q existiu, escolheu a que nunca existiu por aqui. (Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Estes foram apenas alguns exemplos dos muitos comentários contestando o
fato de os tupinambás não serem habitantes daquela região, outros defendendo o
direito dos moradores atuais, que pagam em dia seus impostos, de permanecer no
local, os indígenas reivindicando o direito à terra, concedida pelo governo federal e
Funai. Sem dúvida, assunto muito polêmico, que será decidido na Justiça, como foi o
caso da demarcação do Território Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
110
Gráfico 5 – Estatísticas das atividades
O site teve no mês de maio 75 reportagens publicadas, 38 ilustrações (20 fotos,
18 vídeos) e 81 comentários no total. Verificando o gráfico nota-se que o número de
comentários não foi muito maior que o número de reportagens, bem diferente do mês
de abril, no qual os comentários se destacavam em relação à quantidade de matérias.
O fato decorre do aumento de quase 50% na publicação das reportagens de maio em
relação ao mês anterior.
Reportagens Ilustrações Comentários0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Maio/2009
111
Gráfico 6 – Análise dos temas abordados
No mês de maio os temas que tiveram mais destaque foram Cultura, com 27
textos e Moradia, com 19 textos. Quase empatados estiveram Educação, com 10
textos, e Emprego, com 9 textos, seguidos por Saúde e Segurança, que receberam 4
reportagens publicadas cada um.
Coluna B0
2,5
5
7,5
10
12,5
15
17,5
20
22,5
25
27,5
Maio/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
112
No mês em que se comemora o Dia do Trabalhador, 1º de Maio, os índios
trabalharam ainda mais na defesa da demarcação dos territórios e divulgação do
congresso “Acampamento Terra Livre 2009”, em Brasília, que terminou com caminhada
pacífica até o Congresso Nacional.
Reafirma-se o uso da internet pelos índios, para a divulgação de sua cultura e
defender a demarcação de territórios, homologados pelo governo federal e Funai, mas
contestadas pelos empresários, agricultores e proprietários das terras em questão,
como na reportagem “Demarcação das terras indígenas Tupinambá de Olivença é
tema de sessão”.
113
Gráfico 7 – Análise reportagens de junho/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática
01/ Junho/ 2009 Pataxó Hãhãhãe na luta para amelhoria da saúde
Vídeo 3 Saúde
02/ Junho/ 2009 Poema Sede de Vida Vídeo 4 Cultura
03/ Junho/ 2009 I Encontro de UniversitáriosIndígenas Potiguara
Vídeo 2 Educação
03/ Junho/ 2009 Aldeia Itapoã recebe visita deestudantes norte americanos
Foto 2 Educação
03/ Junho/ 2009 Inquérito Nacional de Saúde eNutrição dos Povos Indígenas
Foto 1 Saúde
03/ Junho/ 2009 Ato público. Cacique vítima deatentado
Foto 11 Segurança
04/ Junho/ 2009 Dia do índio todos os dias Vídeo 3 Cultura05/ Junho/ 2009 Ritos indígenas Foto 2 Cultura05/ Junho/ 2009 Eu sou índia aqui e na China Foto 13 Cultura
08/ Junho/ 2009 Lideranças Pankararu na luta pelaterra
Foto 4 Moradia
09/ Junho/ 2009 Potiguara unidos através do ritualdo Toré nos Terreiros Sagrados
Foto 4 Cultura
09/ Junho/ 2009 Plenária Nacional deComunidades Tradicionais
Foto 4 Cultura
10/ Junho/ 2009
Apresentação Musical de CristinoWapichana no 31º Femucic –Festival de Música da CidadeCanção
Vídeo 3 Cultura
10/ Junho/ 2009 Integração indígena no "Arraiá daUNB"
Foto 3 Cultura
10/ Junho/ 2009 Reunião "Maloca" na UNB - 7 Cultura
12/ Junho/ 2009 Conhecendo a ele, artista EdesioPataxó
Vídeo 1 Cultura
12/ Junho/ 2009 Indígenas são recebidos pelochege de gabinete da UNB
- 5 Educação
14/ Junho/ 2009 Música Kaimenau (Paz) Foto 4 Cultura15/ Junho/ 2009 6º Encontro de Escritores - 2 Cultura
114
15/ Junho/ 2009 Mostra de TecnologiasSustentáveis
- 4 Emprego
16/ Junho/ 2009 Tuxá retomada, luta e conquistas! Foto 2 Cultura
16/ Junho/ 2009 Visão do ETHOS sobre a RedeIndios Online
Vídeo 6 Cultura
17/ Junho/ 2009 Tupinambá por terra com paz - 5 Moradia17/ Junho/ 2009 Povo Tuxá de Ibotirama - BA. - 2 Moradia
19/ Junho/ 2009 Ethos promove ato público contraMP da grilagem
Foto 1 Moradia
20/ Junho/ 2009 Ethos, iniciativas sustentaveis nanossa visão
Foto 2 Emprego
20/ Junho/ 2009 Entrevista com Beto Ricardo doInstituto Socioambiental - ISA
Vídeo 1 Cultura
22/ Junho/ 2009 Lenoir Tibiriçá - Terras Kariri-Xocó
- - Moradia
22/ Junho/ 2009 Linguagem indígena - - Cultura
23/ Junho/ 2009 6º Encontro de Escritores eArtistas Indígenas
Foto 2 Cultura
23/ Junho/ 2009
Encontro do Reitor daUniversidade de Brasília (UnB) eEstudantes Indígenas
Foto - Moradia
23/ Junho/ 2009
Confira a lista dos estudantesindígenas aprovados para aUniversidade de Brasília - UnB
Foto - Educação
23/ Junho/ 2009 Arraiá dos CAs e EstudantesIndígenas da UnB
Foto 2 Cultura
28/ Junho/ 2009
Reunião dos indígenas paradisctutir suas atuações na IICONAPIR
Foto - Cultura
28/ Junho/ 2009
Depoimentos de liderançasindígenas presentes na IICONAPIR
- - Cultura
29/ Junho/ 2009 * Fortalecendo a luta Tabajara - - -
29/ Junho/ 2009 * Observatório de DireitosIndígenas
- - -
29/ Junho/ 2009 * Encontro da APOINME - - -29/ Junho/ 2009 * Kariri-Xocó BR 101 - - -30/ Junho/ 2009 Jovens Kariri-xocó - 3 Emprego
115
No mês de junho se destacam três dias de maior atividade, concentrando quatro
matérias publicadas em cada um deles. Nos dias 3 e 23, reportagens voltadas mais à
temática da Educação, postadas pelos estudantes indígenas da UnB. O dia 29 chama
a atenção pelo fato de as quatro reportagens terem perdido o link, apresentando
apenas os títulos das matérias32, sem os respectivos conteúdos, texto, foto e
comentários. Mas no dia seguinte, 30 de junho, o funcionamento volta à normalidade
com reportagem publicada e três comentários, fechando o mês com 40 publicações.
A reportagem que mais se destacou foi “Eu sou índia aqui e na China”,
publicada dia 5 de junho, com 13 comentários, publicada por Ivana Cardoso, que
assumiu o nome de Potyra Tê Tupinambá, afirmando que os índios foram obrigados a
se adaptar a um novo modo de vida para sobreviver e que, havendo necessidade,
continuarão a se adaptar às exigências impostas pelo século XXI, para continuar a
existir. Eis um trecho da matéria e alguns comentários publicados.
O índio contemporâneo tem uma cara diferente, mas a sua essência é a mesma. Toda cultura se transforma. Por que a do índio tem que ficar imóvel, estática, intocada? Quando um brasileiro vai para os EUA, para Europa ou para a China, aprende a língua e os costumes de lá, ele deixa de ser brasileiro? Não! Porque hoje querem negar a existência de muitos povos indígenas por eles terem aprendido o português, usar roupas, fazer faculdade…? (Índios Online. Trecho da reportagem: “Eu sou índia aqui e na China”. Acesso em: 30 de out. 2009)
Sebastian Disse: sexta-feira, 05 de junho de 2009 as 19:58 O povo branco querendo que os indígenas sejam estáticos é mais uma forma de querer o extermínio, a aniquilação!A vida é dinâmica! Viver é estar sempre mudando!Ficar parado é a morte!Este site movimenta e promove a vida!Parabens Potyra sua materia é linda!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
32 Destacamos com um asterisco na frente do título.
116
Tainá Pankararu Disse: sexta-feira, 05 de junho de 2009 as 22:18 È minha irmã Potyra, se vivermos nu, isolados somos considerados selvagens, se estamos vestidos perdermos a cultura, não consigo entender esses ignorantes, pois para mim ignorância é falta de conhecimento! nosso povo padeceram e ainda padecem. As matanças começaram em nome do progresso, a Violência e doenças, contato com o não índio e com sua ambição economica continua sendo, para nós indígenas, o contato com a morte”.Gostei de ver sua garra, sua força! Conte comigo sempre minha irmã!Vamos a luta!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
giuseppe da italia Disse: domingo, 07 de junho de 2009 as 15:07 Ola Potyra Tê Tupinambá, concordo com Voçè o importante è continuar mantendo a propria cultura pacifica e respeitar as outras, o intercâmbio cultural nos faz crecer culturalmente aumentando o respeito para os outros seres humanos e nào!! as vezes fico vergonha porquè a minha cultura, a ocidental, è uma cultura destruitiva que nos seculos provocou muita dor para muitos e que està acabando com a vida neste maravilhoso planeta Terra!! sim eu estou com vergonha para o meu povo!! obrigado pela sua materia.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Wagner R. Matheus - Caua - Santos / SP Disse: segunda-feira, 08 de junho de 2009 as 10:06 Potyra Tê , enquanto as pessoas e a sociedade se prende a antigos conceitos , o povo indígena avança consideravelmente. Atualiza-se , organiza-se mostra-se participativo em todos os setores que lhe dizem respeito , buscam parcerias, lutam por uma educação diferenciada e espalham a inclusão digital por todas aldeias, além de formar a cada ano jovens prontos para atuar como profissionais em diversas áreas desta nossa sociedade. Então quando acontecem casos como a demarcação da área Raposo Serra do Sol em Roraima, que uma uma india Wapichana se apresenta para defender judicialmente a causa , que por sinal rolou anos e anos, é aquela surpresa geral do setor contrário aos interesses indígenas. Ao verem que este tempo todo os povos indígenas não pararam no tempo , estão caminhando e lutando, e vencendo e aprendendo, enquanto muita gente ainda pensa que vcs vivem como nos livros didáticos escolares, como na época do descobrimento do Brasil. Parabéns, Ivana, por se assumir cada vez mais indígena, no nome, na causa, na raça, na garra. Potyra Tê, tenho certeza vc ainda vai dar muito oque falar na luta pela demarcação das terras Tupinambá, basta acreditar!!!! Parabéns pela matéria e alerta aos desacordados!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
117
jaborandy yande tupinamba Disse: segunda-feira, 08 de junho de 2009 as 13:01 É Potyra, O triste disso, é q essas pessoas não buscam se informar mais sobre nós indigenas, é o que nos deixam indignados, pois falar mau, criticar é façil, e o certo, q é buscar ter o conhecimento para poder tirar suas conclusões sobre os indigenas q vivem hoje no seculo XXI eles não querem. Para essas pessoas so digo uma coisa, A REDE INDIOS ON LINE ESTAR ABERTA PARA TIRAR TDS AS DUVIDAS , PESSOAIS, PROFISSIONAIS E ESCOLARES. SABEMOS Q NIMGUEM FALA BEM DAQUILO Q NÃO CONHECE, ESTAMOS AQ PARA APRESENTAR QM SOMOS. É OS INDIOS NA VISÃO DOS INDIOS!!!NADA MELHOR DO QUE OS PROPRIOS PARA COMO VIVEMOS HOJE, EM NOSSO DIA DIA MANTENDO A RESISTENCIA NO TERRITORIO TRADICIONAL E DANDO CONTINUIDADE A NOSSA HISTORIA.AWERE.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Estes foram apenas alguns exemplos dos muitos comentários publicados, os
quais, por sinal, foram mais longos que os dos meses anteriores, talvez para poder
expressar os sentimentos dos indígenas e dos não indígenas em relação à cobrança
que a sociedade impõe para que os índios, ou seus descendentes, permaneçam os
mesmos de 509 anos atrás.
Muitos descendentes dos índios brasileiros não receberam nomes indígenas de
batismo33, como ocorreu com a autora da matéria, Ivana Cardoso, que assumiu o nome
de Potyra Tê Tupinambá, fato que dificultava a sua própria afirmação e luta pela
preservação da cultura indígena, como reflete o conteúdo dos comentários publicados.
O objeto de análise neste momento, as reportagens e o conteúdo dos
comentários publicados, revela que essas diferenças de nome dificultam a própria
afirmação da autoidentidade e luta pela preservação da cultura indígena,
principalmente no Brasil, onde o critério mais aceito, atualmente, é o da
“autoidentificação étnica”34. Ou seja: é indígena um grupo de pessoas que se identifica
33 A questão do nome de batismo ser diferente do “nome de guerra” não é o foco da nossa pesquisa em Comunicação.
34 Para saber mais sobre “autoidentificação étnica” acesse: www.socioambiental.org
118
como coletividade distinta do conjunto da sociedade nacional em virtude de seus
vínculos históricos com populações indígenas. E o que define os grupos étnicos
(pankararu, tupinambá etc) é uma autoatribuição e atribuição pelo outro (índio, tribo,
antropologo etc). Todo indivíduo que se reconhece como parte de um grupo com essas
características e é pelo grupo reconhecido como tal, pode ser considerado índio.
119
Gráfico 8 – Estatísticas das atividades
Em junho foram publicadas 40 reportagens, das quais 26 com ilustrações, sendo
18 fotos e 8 vídeos, e um grande número de comentários, 93 no total, chegando à
média de 2 comentários por reportagem. No gráfico, a coluna do item comentários
chega quase a tocar a marca dos 100 pontos, indicando que a participação dos
internautas é expressiva e se torna outro atrativo no Índios Online, além das
reportagens divulgadas pelas várias tribos indígenas em um único local.
Reportagens Ilustrações Comentários0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Junho/2009
120
Gráfico 9 – Análise dos temas abordados
O Índios Online, neste mês, proporcionou mais visibilidade aos seguintes temas:
Cultura, com 20 textos; Educação, com 4 textos; Emprego, com 3 textos; Moradia, com
6 textos; Saúde, com 2 textos e Segurança, com 1 texto. Ratificando, mais uma vez,
que os índios utilizam a internet para reafirmar sua cultura e defender o direito à
moradia em territórios demarcados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela
Justiça.
Coluna B0
2,5
5
7,5
10
12,5
15
17,5
20
Junho/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
121
Gráfico 10 – Análise do segundo trimestre
No segundo trimestre de 2009, a temática Educação obteve média de 8 textos
publicados por mês, equivalente, portanto, a menos de 2 textos educacionais por
semana, totalizando 24 matérias publicadas, não muito longe do segundo lugar,
Moradia.
Abril, Maio e Junho/2009
CulturaEducaçãoMoradia
122
O item Moradia, que engloba temas como demarcação do território indígena (TI),
teve o índice de 11 textos publicados por mês, totalizando 33 matérias no trimestre.
Não é o primeiro lugar em publicação, mas sem dúvida é a temática que causa mais
polêmica entre índios e não índios frequentadores do site. A temática Cultural,
apreciada por todos os internautas, se sobressai significativamente em relação aos
demais itens, com o índice de mais de 20 reportagens publicadas por mês, média de 5
textos por semana, chegando à expressiva marca de 74 matérias.
Tais dados revelam que os índios utilizam mais a internet para divulgar sua
cultura e defender o direito à moradia na terra dos seus antepassados, como
observamos ao final de cada mês analisado, seguido por reportagens sobre educação,
indicando a preocupação das tribos com a formação dos jovens indígenas, os quais
serão futuros defensores e líderes nas respectivas aldeias.
123
Gráfico 11 – Análise reportagens de julho/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática01/ Julho/ 2009 Cadastramento do bolsa família Foto 1 Emprego
01/ Julho/ 2009
* Funasa manda medicamentovencido para aldeia PataxóHãhahãe
- - Saúde
01/ Julho/ 2009 * Em Clima de São João naAldeia do Caramuru
- - Cultura
01/ Julho/ 2009 * Juventude Wassu Cocau -Trilhando novos caminhos
- - Cultura
02/ Julho/ 2009 * Entre Serras Pankararu - - Cultura02/ Julho/ 2009 * Parceiros de luta!!! - - Moradia
03/ Julho/ 2009
* Descendente de índio dePiripiri participou da II Conapirem Brasília
- - Cultura
03/ Julho/ 2009 São João de Rodelas é dosTuxá!
- - Moradia
03/ Julho/ 2009 Demarcação do territorioTupinambá de Olivença
- - Moradia
03/ Julho/ 2009
Os indígenas e as políticas depromoção da igualdade racial noBrasil
Foto - Cultura
05/ Julho/ 2009
* I Capacitação para ospesquisadores do Projeto Casade Memoria do Tronco VelhoPankararu
- - Educação
05/ Julho/ 2009 * A presença do índio em terrasbrasileiras
- - Moradia
06/ Julho/ 2009 * Auto sustentação - 1 Emprego07/ Julho/ 2009 História brasileira Foto - Cultura08/ Julho/ 2009 Coletivo Gestor de Turismo Foto 2 Emprego
124
08/ Julho/ 2009 Comissão de LiderançasPankararu frente aos posseiros
Foto - Moradia
09/ Julho/ 2009 * I Encontro da Rede dos Pontosde Cultura da Bahia
- - Cultura
09/ Julho/ 2009 Uma pessoa, uma história Foto - Cultura
O mês de julho foi atípico. Com a reformulação do site, que entrou no ar em
agosto, algumas reportagens publicadas na versão antiga perderam o link,
apresentando apenas o título das matérias sem os respectivos conteúdos, texto, foto e
comentários. O pico de maior atividade em julho se deu nos dias 1º e 3, com quatro
matérias cada, e a última publicação no dia 9, o que não é comum, indicando que, além
das matérias que mantiveram apenas o título35, outras, de 10 a 31 de julho, se
perderam por completo.
35 Destacamos com um asterisco na frente do título.
125
Gráfico 12 – Estatísticas das atividades
Por causa dos problemas de reformulação, o site teve, no mês de julho, apenas
18 reportagens publicadas, das quais seis com fotos, nenhum vídeo, e menos
comentários ainda, quatro no total.
Reportagens Ilustrações Comentários0
2,5
5
7,5
10
12,5
15
17,5
20
Julho/2009
126
Gráfico 13 – Análise dos temas abordados
Tiveram mais destaque no mês de julho/2009 os temas Cultura, com 8 textos;
Moradia, com 5 textos; Emprego, com 3 textos; Educação, com 1 texto, Saúde, com 1
texto, indicando que, mesmo com poucas publicações, os índios utilizaram mais a
internet para reafirmar a cultura, defender as terras e melhorar a sustentabilidade.
Coluna B0
1
2
3
4
5
6
7
8
Julho/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
127
Gráfico 14 – Análise reportagens de agosto/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática07/ Agosto/ 2009 Novo Portal Índios on Line - 8 Cultura
07/ Agosto/ 2009
Índios on Line no II SeminárioRegional Indígena sobreTecnologias da Informação eComunicação
- 1 Cultura
08/ Agosto/ 2009 Intercâmbio Cultural com YauriMuenala
Vídeo - Cultura
08/ Agosto/ 2009 Tecnologia e valorização daCultura
Vídeo - Cultura
09/ Agosto/ 2009
2ª Capacitação dosPesquisadores do Projeto Casade Memória Tronco VelhoPankararau
Foto 1 Educação
09/ Agosto/ 2009
Estudantes indígenas daUniversidade de Brasíliaparticiparam do Projeto Rondon2009
Foto - Educação
10/ Agosto/ 2009 Exposição do Memorial dosPovos Indígenas
Vídeo 2 Cultura
12/ Agosto/ 2009 Ponto de Cultura Esperança daTerra
Foto 3 Cultura
12/ Agosto/ 2009 Culturas que se unem Foto 1 Cultura
12/ Agosto/ 2009 * Intercâmbio com Indígenas dasAmericas
- 3 Cultura
13/ Agosto/ 2009 Estágio na Caixa EconômicaFederal
- 2 Emprego
14/ Agosto/ 2009 Povo Tupinambá pede apoiopara CNPI
Foto - Moradia
14/ Agosto/ 2009
A civilização e o progressosocioeconômico capitalista navisão indígena
Foto 2 Educação
128
14/ Agosto/ 2009
Carta de apoio pela Luta do PovoTupinambá de Olivença -Amnesty International France
- 2 Moradia
15/ Agosto/ 2009 Luta do Maracá Vídeo 2 Cultura
17/ Agosto/ 2009
Prêmio Ludicidade - Pontinho deCultura Thydewas-Espaço deBrincar
Foto - Cultura
18/ Agosto/ 2009 O Espírito da Floresta. Dia 21,sexta-feira, às 22 hs na TV Brasil
Foto 6 Cultura
18/ Agosto/ 2009 Informe Urgente! - 1 Moradia
18/ Agosto/ 2009 Capitalismo e exploração contrao direito de viver com dignidade!
Foto 1 Moradia
19/ Agosto/ 2009 Indio e. Vídeo 2 Cultura
20/ Agosto/ 2009
Morte silenciosa de criançasindígenas Matsés no Alto RioJaquirana no Amazonas
Foto - Saúde
21/ Agosto/ 2009 A falta de organização e demédicos em Pankararu!
Foto 7 Saúde
21/ Agosto/ 2009 O avanço do mar na aréaPotiguara
Foto 1 Saúde
21/ Agosto/ 2009 Projeto Maloca na UnB- A lutacontinua…
Foto 1 Educação
22/ Agosto/ 2009
Indios On-Line é Tema para oConcurso de JornalistasUniversitarios
Foto 5 Cultura
25/ Agosto/ 2009
SEMINÁRIO SAÚDE INDIGENADO NORDESTE de 24 a 26 deAgosto de 2009
- 3 Saúde
25/ Agosto/ 2009
Irresponsável utiliza com má féOrkut e é condenado por racismocontra indígenas
Foto 5 Segurança
25/ Agosto/ 2009 Recepção dos CalourosIndígenas 2/2009 na UNB
Foto 3 Educação
25/ Agosto/ 2009 Índios Online no Ciclo Era Digital- SP
Foto - Cultura
25/ Agosto/ 2009
Irresponsável utiliza com má féOrkut e é condenado por racismocontra indígenas
Foto 5 Segurança
27/ Agosto/ 2009 Oficina de Etnocelumetragem Foto 2 Educação29/ Agosto/ 2009 Pontão de Cultura Esperança da - 7 Cultura
129
29/ Agosto/ 2009 Festa do camarão - 5 Cultura
30/ Agosto/ 2009 Estudantes da Escola Antônio SáPereira visitam Aldeia Itapoã
Foto - Educação
31/ Agosto/ 2009
Recepção dos novosuniversitários indígenas daUniversidade de Brasília
- 1 Educação
O pico de maior atividade no mês de agosto se deu no dia 25, com cinco
matérias publicadas, num total de 34 reportagens. Por ser início de semestre nas
universidades, houve maior número de reportagens publicadas por universitários
indígenas cotistas, principalmente da Universidade de Brasília – UNB, descrevendo as
atividades realizadas nas férias escolares e a recepção aos novos calouros indígenas.
Publicada no início do mês, 7 de agosto, a reportagem “Novo Portal Índios
Online” divulgava a reformulação do site e teve o maior número de comentários, oito no
total.
Jandair-Tuxá Disse: sexta-feira, 07 de agosto de 2009 as 10:36 Gostei muito da nova fase, espero que o INDIOS ONLINE, cresça cada vez mais, lançando novas propostas de inclusão para os povos indígenas. Espero também estar contribuindo lançando matérias e acompanhando as informações que para mim são um acervo de sabedoria e conhecimentos sem fim.Que não só os parentes, mas todos os povos de diferentes classes e culturas possam estar acessando o INDIOS ONLINE, e descobrir as mais diversas formas de luta, beleza, culturas, tradições, valores….Parabéns a todos da rede…(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Val Tuxá Disse: domingo, 16 de agosto de 2009 as 15:08 É muito interessante e necessário o espaço, pois nos mantem inteirados dos acontecimentos com o nosso povo. Precisamos acompanhar o avanço
130
tecnológico, ele nos possibilita tomar conhecimentos de informações imprescindiveis para a luta do movimento indígena.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Os comentários postados pelos internautas, em sua maioria elogiavam o
aprimoramento do site e enfatizavam a importância do Índios Online na divulgação de
informações importantes na luta do movimento indígena, como nos exemplos
publicados.
131
Gráfico 15 – Estatísticas das atividades
O site teve, no mês de agosto, 34 reportagens publicadas, 25 ilustrações (20
fotos, 5 vídeos) e um grande número de comentários, 81 no total. O que compensou o
pequeno número de publicações e comentários do mês anterior, indicando que os
problemas com a implantação do novo sistema no site foram solucionados, e as
atividades voltaram ao normal, na publicação e gerenciamento de reportagens, no novo
Índios Online.
Reportagens Ilustrações Comentários0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Agosto/2009
132
Gráfico 16 – Análise dos temas abordados
O tema Cultura manteve-se em alta no mês de agosto/2009, como está a seguir:
Cultura, com 16 textos; Educação, com 8 textos, Moradia, 5 textos; Saúde, 3 textos;
Segurança e Emprego, 1 texto cada. Reafirma-se que os índios utilizam mais a internet
para divulgar sua cultura, defender as terras e o direito à moradia, excetuando-se
Educação, neste mês, por ser início das atividades educacionais em todo o Brasil.
Coluna B0
2
4
6
8
10
12
14
16
Agosto/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
133
Gráfico 17 – Análise reportagens de setembro/2009
Data Reportagem Ilustração Comentário Temática
01/ Setembro/ 2009
Comunicado. Centro Indígenade Estudos e Pesquisas –CINEP
Foto - Cultura
04/ Setembro/ 2009
Retomados os estudosAntropológicos paraidentificação de TIs no MatoGrosso do Sul
Foto 1 Moradia
08/ Setembro/ 2009
Jovens são incentivados apesquisar sobre meio ambientee povos indígenas
Foto - Educação
08/ Setembro/ 2009 Belezas Potiguara Foto 2 Cultura
09/ Setembro/ 2009 Problema na saúde entre osPotiguara
- 3 Saúde
10/ Setembro/ 2009 Assembléia micro-regional daAPOINME
- 1 Moradia
11/ Setembro/ 2009 Participe da nova gestão indioson-line!!!
Foto 12 Cultura
14/ Setembro/ 2009 Desfile na escola Dr. CarlosEstevão
Foto - Cultura
15/ Setembro/ 2009 Arte indígena Pankararu!! Foto 1 Cultura
15/ Setembro/ 2009
Alunos Pankararu do 4º ano doensino fundamental, realizamtrabalho de ciências sobreEstação de Tratamento deÁgua - ETA
Foto 2 Educação
16/ Setembro/ 2009 O que é mídia pra você? Foto 1 Educação16/ Setembro/ 2009 Aniversário da Associação dos
Acadêmicos Indígenas doFoto 3 Educação
134
16/ Setembro/ 2009 A situação atual do RioSalgado
Vídeo - Emprego
17/ Setembro/ 2009
Central de Organização dasEscolas Públicas de Pankararu- COEPP
- - Educação
17/ Setembro/ 2009 Semana de extensão daUniversidade de Brasília
Foto - Educação
17/ Setembro/ 2009
Criação da Coordenadoria deDesenvolvimento Indígena emCaucaia - Ceará
Foto - Cultura
17/ Setembro/ 2009
Não percam o proximovestibular indígena da PUC/SP- 2010
Foto 2 Educação
18/ Setembro/ 2009 12º CONEG da UBES Foto 1 Educação
19/ Setembro/ 2009
Acadêmicos Indígenas daUnivesidade de Brasília-UnBTerão Espaço de Expor SuasCulturas na Semana deExtensão
Foto 1 Cultura
21/ Setembro/ 2009 1º Encontro de deficientesindígenas Pataxó Hã Hã Hãe
- 3 Saúde
23/ Setembro/ 2009 Entrevista com um professorindígena
- 1 Educação
23/ Setembro/ 2009
Restauração das imagens daIgreja São Miguel (PovoPotiguara - PB)
Foto 1 Cultura
24/ Setembro/ 2009 Inauguração do PontãoEsperança da Terra
Foto 5 Cultura
28/ Setembro/ 2009
38° Congresso da UBES(União Brasileira dosEstudantes Secundaristas)
Foto - Educação
28/ Setembro/ 2009 Carta aos EstudantesPankararu!
Foto 1 Educação
28/ Setembro/ 2009 Minha Terra, Meu Povo Foto 3 Moradia
28/ Setembro/ 2009 Retomada Indígena II – DaAldeia a Cidade de São Paulo
Foto 1 Educação
29/ Setembro/ 2009
Conversa com Senhor Antão,etnia Xavante, AldeiaSangradouro (MT)
Foto 1 Saúde
135
29/ Setembro/ 2009
5° Reunião extraordinária daComissão Nacional de PolíticaIndigenista
Foto 1 Moradia
29/ Setembro/ 2009
Portadores de deficiência físicada aldeia Indígena pataxó Hãhã hãe ganham uma novaesperança
Foto 5 Saúde
29/ Setembro/ 2009 Dias de alegrias Foto 2 Cultura29/ Setembro/ 2009 Jorge Tabajara do Ceará Foto 2 Cultura
29/ Setembro/ 2009 Caminhada pelo massacre doRio Cururupe
Foto 1 Moradia
O pico de maior atividade do mês se deu no dia 29 de setembro, com 6 matérias
publicadas, num total de 33 matérias. Agora o site ganha agilidade, como se verá no
gráfico sobre as atividades do mês.
A matéria que teve o maior número de comentários, “Participe da nova gestão
Índios Online!!!”, foi publicada em 11 de setembro, com 12 comentários. A cada dois
anos a ONG Thidêwá forma novo grupo gestor, composto por índios de várias etnias,
para gerenciar a Rede Índios Online. Além dos próprios índios publicarem reportagens,
também gerenciam e decidem ações, cursos, oficinas e investimentos para aprimorar a
comunicação entre as tribos indígenas participantes do site. Abaixo, um trecho da
matéria e alguns comentários e respostas publicados pelos indígenas interessados em
participar da nova gestão.
Convidamos a fazerem parte de nosso novo modelo gestor, onde suas opiniões serão de muito valor e peso, nas decisões em respeito do desenvolvimento da Rede Índios Online. Então todos os parentes indígenas interessados a aceitar esse convite, deixe seu comentário, respondendo as seguintes questões abaixo.(Índios Online. Trecho da reportagem: “Participe da nova gestão Índios Online!!!” Acesso em: 30 de out. 2009)
136
POTYRA TÊ TUPINAMBÁ Disse:sexta-feira, 11 de setembro de 2009 as 10:58 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.EU SOU POTYRA TEÊ TUPINAMBÁ (IVANA CARDOSO), MORO NA ALDEIA TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA NA COMUNIDADE ITAPOÃ, SOU ADVOGADA E VENHO HÁ ALGUM TEMPO AJUDANDO OS INDIOS LINE.
02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede?SIM QUERO MUITO PARTICIOAR DESSA NOVA GESTÃO DA REDE ÍNDIOS ON LINE E ASSIM CONTRIBUIR PARA A EXPANSÃO DESSA REDE QUE É NOSSA E, PORTANTO CABE A NÓS INDIGENAS FAZER COM QUE ELA CRESÇA CADA DIA MAIS!ACREDITO QUE TENHO MUITO QUE CONRIBUIR COM MEUS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NESSES 4 ANOS DE ESTRADA JUNTO OM INDIOS ON LINE. TENHO EM MENTE MUITAS IDÉIAS QUE ACREDITO SERÃO BASTANTE INTERESSANTES PARA INDIOS ON LINE.
03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família?SIM. PRETENDO DISPONIBILIZAR MEU TEMPO PARA A NOVA GESTÃO DA REDE INDIOS ON LINE, SENDO PARA MIM UMA PRIORIDADE A GESTÃO DA REDE.
04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?EU ASSUMO O COMPROMISSO DE ESTAR TOTALMENTE DISPONÍVEL PARA A GESTÃO DA REDE INDIOS ON LINE E BUSCAR SUA EXPANSÃO, CONVIDAR NOVOS INDIOS QUE QUEIRAM PARTICIPAR DA REDE, ESTAR DISPONVEL PARA VIAGENS, FAZER MATÉRIAS, ESTAR DISPONIVEL PARA TIRAR AS DUVIDAS DOS INDIOS ON LINE, BUSCAR NOVOS PARCEIROS, BUSCAR NOVOS PROJETOS, ENFIM TUDO QUE FOR NECESSÁRIO PARA QUE A REDE INDIOS ON LINE CRESÇA AINDA MAIS E CONSIGA ATENDER E AJUDAR OS MAIOR NUMEROS DE INÍGENAS POSSÍVEIS.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Irembé Potiguara Disse: segunda-feira, 14 de setembro de 2009 as 11:13 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado. Olá sou Irembé, moro na aldeia Forte, povo Potiguara em Baía da Traição-PB, estou como professora lecionando artes e o tupi (o que sei), a língua do meu povo…02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em
137
que você pode contribuir com a Rede? Quero sim. Quero contribuir no que for possível…Continuar postando materias, divulgando nossa rede e no que mais precisar…03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Tenho e espero poder me doar cada vez mais…pois acredito no que fazemos!!!04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Tenho o compromisso de fazer o melhor pela nossa rede Indios online, divulgando e convidando sempre mais parentes a se juntarem a esta família!!!!Espero estar sempre disponível para trabalhar pela rede!!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Vianey Terena Disse: terça-feira, 15 de setembro de 2009 as 13:36 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.Sou Vianey L. G. Turíbio da etnia Terena, natural da região do Pantanal cidade de Miranda que dista aproximadamente à 194 km da Capital Campo Grande do Estado de Mato Grosso do Sul. Atualmente moro na cidade de Dourados que fica na região sul do mesmo Estado e onde faço faculdade na UEMS-Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, estou cursando 3°ANO de Direito.02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede? Sim. Posso contribuir em muitas coisas , pois tenho conhecimento nas legislações que regem o tema de Direito Índigena e direito indigenista…03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Dentro das minhas possibilidade…04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Eu, VIANEY, como indígena me comprometo com a rede índios online, pois tenho o prazer de fazer essa rede se elevar e tenho muita certeza que esse trabalho colherá muitos e bons frutos. Eu acima de tudo tenho vontade e quero ser uns dos gestores da rede índios online essa é a minha palavra esse é o meu compromisso. Por que, Quando fomos submetidos a uma tarefa, devemos cumpri-las com o máximo de responsabilidade !!!(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Ana Paz (Anita) Disse: sexta-feira, 18 de setembro de 2009 as 5:30 01: Fale sobre você: Seu nome, onde mora, o que faz, qual é seu povo e onde fica localizado.Ana Paz (Anita Wekanã), moro em Brasília, descendência potiguara, sou professora do ensino superior e doutorando do PPGE/FE/UnB na área de Educação e ecologia humana.
138
02: Você quer fazer parte da nova Gestão da Rede Índios On-Line? Em que você pode contribuir com a Rede? Colaborei com a rede indiosonline na elaboração de projetos e relatórios de avaliação, se assim desejarem posso ajudar nesse aspecto.03: Realmente você tem disponibilidade para se doar a rede e fortalecer esta grande família? Tenho disponibilidade em alguns dias e horários e quando houver necessidade, faço um esforço.04: Relate no mínimo em 03 linhas o seu termo de compromisso perante a rede?Meu compromisso com a rede é o mesmo que tenho com os povos indígenas do Brasil desde os anos 80, nas lutas por demarcações de terras e direitos, na luta por valorização e respeito, especialmente quanto aos direitos das crianças e adolescentes.(Índios Online. Acesso em: 30 de out. 2009)
Pelos comentários, deduz-se que a maioria dos voluntários indígenas estuda ou
já concluiu o ensino superior. Nos exemplos citados há uma advogada, uma
professora, um estudante de Direito e uma doutoranda em Educação, profissionais de
diversas tribos indígenas, que contribuíram muito na formação e implantação do
programa de gestão participativa da Rede Índios Online.
139
Gráfico 18 – Estatísticas das atividades
Com 33 reportagens publicadas, 28 ilustrações (contendo apenas 1 vídeo) e 52
comentários, o site, em setembro, manteve a média do mês anterior em relação à
publicação de reportagens e ilustrações, destacando-se a queda no número de
comentários em relação a agostor. Constata-se ainda que a nova tecnologia do site,
capaz de publicar vídeos, tem sido pouco explorada pelos usuários, que ainda não
assimilaram todas as novidades implementadas pelo Índios Online.
Reportagens Ilustrações Comentários0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
Setembro/2009
140
Gráfico 19 – Análise dos temas abordados
No mês de setembro, o tema Educação superou Cultura: Educação, 13 textos,
Cultura, 10 textos; Moradia, 5 textos; Saúde, 4 textos; Emprego, 1 texto. O tema
Educação foi alavancado graças à participação de alunos indígenas em dois
movimentos estudantis importantes, como a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (UBES) e Associação dos Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal
(AAIDF), descrevendo o que fizeram, divulgando futuros eventos e convidando
estudantes indígenas a participar de atividades que valorizam o ensino da cultura e da
língua indígena em todos os níveis de ensino.
Coluna B0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Setembro/2009
CulturaEducaçãoEmpregoMoradiaSaúdeSegurança
141
Gráfico 20 – Análise do terceiro trimestre
É interessante notar que, no trimestre, os temas que mais se destacaram foram
Cultura, Moradia e Educação. Sendo que Educação teve em julho apenas um texto, e
chegado ao pico de 13 matérias com o início das aulas e das atividades estudantis em
escolas e universidades, somando 22 reportagens.
Julho, Agosto e Setembro/2009
CulturaEducaçãoMoradia
142
O item Moradia manteve o índice de cinco textos por mês, equivalente, portanto,
a um texto sobre moradia por semana, totalizando 15 matérias. Enquanto a temática
cultural manteve a média de mais de oito reportagens publicadas por mês, chegando à
marca de 34 matérias.
Tais dados confirmam que os índios utilizam mais a internet para divulgar sua
cultura e defender o direito à moradia, com destaque para o crescente número de
reportagens sobre Educação, postadas por universitários indígenas que estão longe de
suas aldeias, estreitando o contato e relatando a experiência acadêmica, graças às
cotas indígenas nas universidades brasileiras.
3.4.2 Análise das entrevistas
Para finalizar a análise do site Índios Online, comentaremos as entrevistas
realizadas on-line36, refletindo a opinião dos seguintes entrevistados:
Sebastian Gerlic: 39 anos, natural de Buenos Aires, Argentina, em 1994 mudou-
se para o Brasil e trabalhou como publicitário. Desde 1997 trabalha na publicação de
uma série de livros intitulada “Índios na visão dos índios”, de forma colaborativa com as
comunidades indígenas brasileiras. Fundou a ONG Thydêwá em 2002 e a Rede Índios
Online em 2004.
Graciela Guarani: nome de batismo Cunha Poty Rory, 23 anos, natural de Mato
Grosso do Sul, onde atuou no movimento juvenil indígena por nove anos. Autora de
dois ensaios fotográficos indígenas que resultaram na publicação de livros fotográficos.
36 Questionários individuais nos Apêndices.
143
Em 2008 iniciou sua participação no Índios Online, no qual mais tarde passou a integrar
o Grupo Gestor da Rede Índios Online.
Luciano Pankararu: 23 anos, iniciou no movimento indígena e na Rede Índios
Online há 4 anos. Nesse período prestou trabalhos voluntários, auxiliando os índios
iniciantes no ponto digital Pankararu, Aldeia Brejo dos Padres, Pernambuco, onde
mora.
Todos, inicialmente, responderam a três perguntas de interesse geral.
1. Para você, o que significa a internet?
Sebastian: Internet é uma forma de fazer pontes sem se importar com a distância... Internet é um milhão de rodovias que nos levam a muitos lugares. Conecta-nos com pessoas, com informação e nos permite AÇÃO. Ciber-Ação! Ciberativismo com reação na nossa REALIDADE! Internet é a roda do momento!
Graciela: Bom, vejo a internet mais como um mecanismo de reivindicações e divulgação de nossos povos indígenas.
Luciano:É uma ferramenta de comunicação e divulgação cultural para nós, índios, ferramenta que traz evolução para quem quer evoluir.
Para Graciela e Luciano, a internet é canal de comunicação e divulgação para
os povos indígenas. Já para Sebastian, é a sensação do momento. Lugar no qual os
índios concretizam o ciberativismo37, utilizando-se de pontes e rodovias digitais para
levar a todos os lugares as reivindicações.
37 O Ciberativismo geralmente busca apoio para suas causas (que costumam ser de cunho ambiental, político ou social) através da Internet e de outros meios mediaticos; divulgam e abrem espaço para discussões, procurando algumas vezes estabelecer uma rede de solidariedade.
144
2. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?
Sebastian: A tecnologia pode muita coisa com muitas pessoas! A internet é como uma faca. Ela pode fazer muita coisa boa e muita ruim. Temos que ter consciência no uso da faca!
Graciela: Se usada de maneira certa não, pois deste modo iremos nos apropriar somente do que podemos somar, mas independente de tecnologias ou não, sempre serão povos originários, sempre terão sua cultura própria, pois isto é uma coisa que já é da essência. Podemos nos aprimorar, nos qualificar e acompanhar o mundo, que sempre esta em trânsito, sem deixar nossas origens. Hoje não precisamos estar caracterizados para afirmar que somos de fato indígenas, nossa cultura assim como nós não são estáticos, sempre estamos em movimento, não nos descaracterizamos de nossas origens, e sim nos dinamizamos, pois a cultura como todos sabem é DINÂMICA.
Luciano:Não, pois a cultura indígena é sempre nossa prioridade, é nela que encontramos força e motivação para continuar a luta, e a tecnologia é apenas uma aliada na divulgação de nossa cultura.
Sebastian alerta para o uso consciente da internet, sabendo que os internautas,
indígenas e não indígenas, podem ir do céu ao inferno em apenas um clique.
Graciela prefere ver mais longe, além da tecnologia, distinguir o aprimoramento
e o desenvolvimento dos povos originários, pois a cultura indígena é dinâmica e os
índios não são estáticos. “Apesar” da tecnologia, sempre serão índios em sua
essência.
Luciano é mais direto e nega, pois a divulgação da cultura indígena é prioridade,
e a tecnologia uma aliada.
145
3. Qual a importância da ajuda internacional ou das organizações não
governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?
Sebastian: Os indígenas são excluídos dos poderes. Algumas ONGs e alguns movimentos internacionais podem vir colaborar nessa luta pela reinclusão com respeito às diferenças! As ONGs e os movimentos internacionais apoiam muitas vezes os desejos das comunidades indígenas e aumentam as possibilidades de concretizar esses desejos. Muitas vezes os desejos dos indígenas são desejos do Planeta. Então, os indígenas acabam ajudando a toda a Humanidade!
Graciela: Hoje são um dos poucos apoios que temos, pois esperar por ações que de fato nos são garantidas pela Constituição, e vários outros tratados, que o Brasil é signatário, vamos sempre ficar por último, ou nem lembrados.
Luciano:As ONGs são nossas parceiras e de extrema importância, nos dão auxílio e nos capacitam para trabalharmos com eficiência.
Graciela e Luciano acreditam mais na colaboração das organizações não
governamentais do que na atuação do governo em ações que lhes são garantidas
especialmente pela Constituição.
Sebastian evoca visão mais humanitária e lembra que os desejos dos povos
indígenas são de preservação. E, independentemente de onde venha a ajuda, ganha a
humanidade.
Três perguntas que revelam diferenças de opinião, mas conseguem caminhar
juntas em direção a um bem maior, tolerância e respeito entre os seres humanos, não
importando raça ou cultura.
146
Em seguida, procedemos a quatro questões específicas, dirigidas ao
coordenador da ONG Thydêwá e a gestora da Rede Índios Online.
1. Qual o objetivo do projeto Índios Online?
Sebastian: Permitir aos indígenas APROPRIAR-SE da nova ferramenta. USAR AS NOVAS INFOVIAS. Dialogar com o mundo!!! Conhecer o mundo e dar-se a conhecer. Buscar Respeito e Paz. Fortalecer suas culturas e suas buscas por liberdade, por autonomia, por dignidade!
Graciela: Índios Online hoje visa, além da divulgação da cultura de vários povos, a aproximação dos povos indígenas de várias regiões do Brasil, bem como do país inteiro ou fora dele.
Conhecer o mundo e dar-se a conhecer. Aqui há a consciência dos dirigentes da
Rede Índios Online sobre a abrangência e alcance da internet e do uso da
Comunicação Mediada por Computador (CMC), com a qual pretendem aproximar
povos indígenas regionais, nacionais e internacionais.
2. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das
aldeias indígenas?
Sebastian: O Ministério da Cultura e o Ministério da Ciência estão, através de editais públicos, permitindo este movimento, que nasce da demanda indígena e só avança com a pressão e as reivindicações dos povos indígenas. E nossa ONG apoia esse movimento.
147
Graciela: Como sempre, as ações do governo quase sempre nos desfavorecem, como o plano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, a ação dele é um genocídio mascarado que o governo traçou, pois irá interferir no meio de vida de vários povos, na cultura, no ambiente natural e na vida de cada terra indígena, que será afetada com o programa.
Na pergunta, mais uma vez, a diferença de opiniões entre o coordenador da
ONG Thydêwá, que capta recursos por meio dos editais publicados pelos Ministérios
da Cultura e Ciência e os repassa à gestão participativa do Índios Online, que decide
como os recursos públicos devem ser aplicados, da qual Graciela faz parte.
Na visão de Sebastian, o governo permite, a partir de recursos financeiros, o
movimento de interligação das aldeias. Para Graciela, proporcionar toda a
infraestrutura de conexão não é o importante, mas sim as ações do governo que
pretende construir, pelo PAC, várias usinas hidrelétricas, inundando diversas terras
indígenas. Dessa forma, o governo estaria dando com uma das mãos e tirando com as
duas.
3. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem
contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?
Sebastian: SIM!!!!
Graciela: Creio que vem dando uma sensibilidade na população sim, e de certa forma também contribuiu para mudar a opinião de muitas pessoas, criando certa pressão quanto à demarcação.
148
Sebastian responde com um sonoro “sim”. Parece otimista com os resultados
obtidos. Graciela acha que a contribuição tem sido gradativa. Aos poucos, com o uso
da internet, têm conseguido sensibilizar e mudar a opinião pública.
Os resultados para muitos não índios podem parecer insuficientes, mas para um
povo que vem lutando há séculos contra invasores de terras, toda contribuição nessa
luta é bem-vinda.
4. Qual a conquista mais importante que a Rede Índios Online proporcionou aos
índios?
Sebastian: LIBERDADE! PARTICIPAR! DIALOGAR COM O MUNDO!
Graciela: Bom, não costumo avaliar qual a conquista mais importante, a Rede teve várias conquistas, e para mim todas elas são gloriosas.
Nesta questão as respostas foram mais subjetivas. Talvez, por serem dirigentes,
não desejaram valorizar essa ou aquela conquista, fazendo com que as outras
parecessem menos importantes. Esperávamos que eles relatassem reivindicações que
foram atendidas concretamente, como fez nosso próximo entrevistado.
Finalizamos com quatro questões voltadas à participação do usuário Luciano e o
resultado em sua aldeia.
1. Descreva sua experiência no projeto Índios Online.
149
Descrevo minha experiência na Rede como privilégio, vi que antes de Índios Online eu era uma pessoa com muitas ideias presa a minha realidade, com poucos conhecimentos, depois da Rede Índios Online, tenho como mostrar meus objetivos e minha capacidade e posso me expressar e divulgar minha cultura para povos indígenas e não indígenas.
Uma experiência enriquecedora de crescimento e desenvolvimento para um
índio antes limitado pelas fronteiras da sua aldeia. Agora, via internet, pode se
expressar e divulgar a cultura da sua tribo pankararu para todo o Brasil.
2. A publicação, na internet, das dificuldades enfrentadas pelos índios pankararu
tem melhorado a qualidade de vida na sua aldeia?
Sim, pois há algum tempo tínhamos problemas nas áreas de educação e saúde e com denuncias que fizemos pela Internet tivemos alguns destes problemas solucionados, mas ainda temos muito a melhorar e uma luta intensa pela frente.
Os indígenas sabem que têm muito a melhorar nas aldeias e no uso da
tecnologia para conseguir utilizar todo o potencial que a Comunicação Mediada por
Computador pode oferecer, o que não os impede de começar a colher os primeiros
resultados do uso consciente da internet nas aldeias brasileiras.
3. Como surgiu a ideia de vocês fazerem parte de um site que abriga diferentes
tribos?
150
Aqui em Pankararu, a luta pela internet, partiu de alguns guerreiros índios e de colaboradores não índios, e com a chegada da Internet conhecemos a Rede Índios Online e nos identificamos com os objetivos da Rede, e começamos a fazer parte.
A colaboração inicial de não índios é importante para que os indígenas
conquistem seus objetivos e aprendam a vencer as barreiras burocráticas que
dificultam o acesso aos direitos e benefícios, aos quais, por lei, todo cidadão brasileiro
tem direito.
4. A comunicação com outras tribos distantes, pela internet, tem contribuído de
alguma forma para o fortalecimento dos povos indígenas?
Sim, pela internet marcamos encontros, reuniões, e assim são tomadas muitas decisões para a evolução de nossas tribos.
Neste caso, a internet se torna espécie de arco e flecha digital, usado para
ataque e defesa, articulação e mobilização, fortalecendo as ações e tomadas de
decisão sobre os novos rumos na evolução ou revolução indígena brasileira.
Por fim, a utilização desse aparato tecnológico faz parte da luta pela
sobrevivência, a qual os índios travam há mais de 500 anos em nosso país. Agora
contam com “armas” sofisticadas, como os computadores, e recursos de última
geração, como a internet, para pelo menos resistirem por mais 1000 anos.
151
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Começamos nossa pesquisa nos perguntando quais os benefícios que daí lhes
são trazidos, e quais os problemas aos quais estão expostos os índios brasileiros ao
desbravar a floresta virtual, imensa e sem fronteiras, que é a rede mundial de
computadores. Trata-se, efetivamente, de processo de inclusão ou, apenas, ilusão da
participação das comunidades indígenas na comunidade ciberespacial?
Observamos que realmente é processo de inclusão dos índios brasileiros em um
espaço público, ambiente virtual de comunicação e debate, no qual também começa a
demarcar seu território digital. Conquistam-se benefícios, como o espaço para a
produção de informação e contrainformação, principalmente pelo fato de a internet
possibilitar a publicação de textos e opiniões, com poucos mecanismos de censura e
regulação até o momento. Sites como Índios Online ganham impacto significativo a
partir dessa possibilidade, pois são espaços de produção de informação e diálogo
abertos ao acesso público; ou, mais especificamente, a um público muitas vezes
interessado em notícias que não circulam nos grandes meios de comunicação, como
jornais, rádios e televisões.
Respondendo ao problema da pesquisa, concluímos que a Comunicação
Mediada por Computador (CMC) fortalece a autonomia e a emancipação indígena na
luta por seus direitos, à medida que as reportagens publicadas na internet pelas tribos
indígenas vítimas do descaso dos governantes repercutem entre as autoridades
responsáveis pela manutenção do bem-estar desses povos, as quais sentem-se
pressionadas e buscam soluções para os problemas divulgados.
152
Cumprindo os objetivos específicos, identificamos os aparatos necessários para
a utilização da internet pelos índios brasileiros, que se utilizam de computadores e
antenas de conexão via satélite, cedidas pelo governo federal, além de máquinas
fotográficas digitais e celulares com câmeras para gravar e produzir reportagens.
Realizamos a análise de conteúdo do site Índios Online na tentativa de
identificar seu conteúdo e estratégias utilizadas na luta e defesa dos direitos indígenas.
Constatamos que o conteúdo publicado no site, em sua maioria, refere-se à
preservação e resgate da cultura indígena, contando, inclusive, com registros
audiovisuais publicados na página principal, graças à reformulação e alteração de
visual ocorrida em 2009, acrescentando nova dinâmica ao Índios Online.
A estratégia utilizada na luta e defesa dos direitos indígenas fica por conta das
reportagens de denúncia sobre invasão de terras indígenas e mobilizações e
passeatas, como a que aconteceu em Brasília, na divulgação do congresso
“Acampamento Terra Livre 2009”, por índios de diversas etnias, que se reúnem para
fortalecer a pressão em relação à demarcação de terras, homologadas pela Fundação
Nacional do Índio (Funai) e pela Justiça.
As entrevistas on-line revelaram diferenças de opinião, mas conseguem
caminhar juntas rumo ao desenvolvimento dos índios e tribos que, via internet, se
expressam e divulgar a sua cultura para todo o Brasil.
O caminho percorrido levou a importantes descobertas, principalmente em
relação às potencialidades desse tipo de comunicação, em um contexto conturbado de
retomada da identidade e território indígena em nosso país. Como no caso da
reportagem “Eu sou índia aqui e na China”, publicada por Ivana Cardoso, que assumiu
o nome de Potyra Tê Tupinambá, gerando muitos comentários, postados no site por
índios e não índios.
153
A análise das reportagens e dos comentários comprova que os indígenas, como
no caso da Potyra, veem na Comunicação Mediada por Computador (CMC) a
oportunidade de ser ouvidos e de lutar por um espaço social, o que possibilita a
retomada da autoestima e da cidadania indígena.
A partir do conhecimento da língua e da escrita dos brancos, e ainda de suas
formas de comunicação – mesmo que apresentem nos textos e na estrutura das
reportagens publicadas, limitações e falhas, comuns a todas as experiências
alternativas de comunicação -, transformam-nas em ferramentas importantes para a
causa indígena brasileira.
É lícito esperar que esta pesquisa contribua, mesmo de forma modesta, com
subsídios acerca dos estudos sobre tribos indígenas que se utilizam da Comunicação
Mediada por Computador para divulgar sua cultura e defender direitos e territórios.
Esta dissertação abre, também, caminhos novos a outros pesquisadores, que
pretendam analisar a divulgação da cultura e denúncias contra violações de direitos,
indígenas ou não, e o direito à voz e acesso ao conhecimento a todas as minorias,
urbanas, rurais ou da floresta.
Existe, no uso da internet, abertura ao diálogo entre culturas de forma mais
horizontal, de todos para todos, e não apenas de um para todos, como em outras
mídias tradicionais. Por isso, apesar das dificuldades enfrentadas no uso e na
apropriação desse recurso tecnológico, prevalece o mérito dos povos indígenas em
aprender na prática, com erros e acertos, a utilizar essa ferramenta moderna e
inovadora.
154
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acesso em: 5 de mar. 2009
www.funai.gov.br/indios/conteudo.htm
acesso em: 5 de mar. 2009
www.museudoindio.org.br
acesso em: 5 de mar. 2009
www.indiosonline.org.br
acesso em: 5 de mar. 2009
www.indiosonline.org.br/blogs/index.php
acesso em: 28 de mar. 2009
www.indiosonline.org.br/novo
acesso em: 10 de ago. de 2009
www.brasilia.unesco.org
acesso em: 16 de abr. 2009
www.cultura.gov.br/cultura_viva
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acesso em: 16 de abr. 2009
www.mc.gov.br/inclusao-digital/gesac
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www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/novosbrasis/default.asp
acesso em: 18 de abr. 2009
www.oifuturo.org.br/oinstituto.asp
acesso em: 18 de abr. 2009
160
APÊNDICE I
Questionário elaborado para usuário e suas respectivas respostas.
Re: Colaboração para pesquisa sobre site Indios Online
De: luciano henrique (luciano.indiosonline@gmail.com) Enviada:
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 15:53:33
Para: sidney aluno (alunosidney@hotmail.com)
1. Para você o que significa a Internet?
É uma ferramenta de comunicação e divulgação cultural para nós índios, ferramenta
que trás evolução para quem quer evoluir.
2. Como surgiu a ideia de vocês fazerem parte de um site que abriga diferentes tribos?
Aqui em Pankararu, a luta pela Internet, partiu de alguns guerreiros índios e de
colaboradores não índios e com a chegada da Internet conhecemos a rede índios
online e nos identificamos com os objetivos da rede, e começamos a fazer parte.
3. Descreva sua experiência no projeto Índios Online.
Descrevo minha experiência na rede como privilegio, vi que antes de índios online eu
era uma pessoa com muitas ideias presa a minha realidade, com poucos
conhecimentos, depois da rede índios online, tenho como mostrar meus objetivos e
minha capacidade e posso me expressar e divulgar minha cultura para povos indignas
e não – indígenas.
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4. A comunicação com outras tribos distantes, através da internet, tem contribuído de
alguma forma para o fortalecimento dos povos indígenas?
Sim, pela Internet marcamos encontros, reuniões e assim são tomadas muitas
decisões para a evolução de nossas tribos.
5. Qual a importância da ajuda de organizações não governamentais (ONGs) para as
tribos indígenas?
As (ONGs) são nossas parceiras e de uma extrema importância, nos dão auxilio e nos
capacitam para trabalharmos com eficiência.
6. A publicação, na internet, das dificuldades enfrentadas pelos índios tem melhorado a
qualidade de vida na sua aldeia?
Sim, pois a algum tempo tínhamos alguns problemas nas áreas de educação e saúde e
com denuncias que fizemos pela Internet tivemos alguns destes problemas
solucionados, mas ainda temos muito a melhorar e uma luta intensa pela frente.
7. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?
Não, pois a cultura indígena é sempre nossa prioridade, é nela que encontramos força e motivação para continuarmos a luta e a tecnologia e apenas uma aliada na divulgação de nossa cultura.
Luciano Henrique (Luciano pankararau)
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APÊNDICE II
Questionário elaborado para gestora e respostas.
De: Graciela Souza (indiaflor10@gmail.com)
Enviada: quarta-feira, 25 de novembro de 2009 22:54:54
Para: gestao-indiosonline@googlegroups.com; alunosidney@hotmail.com
Olá Sidney, que bom saber que vc aprecia o nosso site, e divulga ele!!!!!!!!Sou Graciela Guarani, faço parte da Gestão da Rede!!E posso colaborar sim com suas perguntas!!!!!!!!
Abraços!!!!!!!!!
1. Para você o que significa a Interne?
Bom, vejo a internet mais como um mecanismo de reeivindiações e divulgação de nossos povos indigenas.
2. Qual o objetivo do projeto Índios Online?
Indios On - Line, hoje visa além da divulgação da cultura de vários povos, a aproximação dos Povos indígenas de várias regiões do Brasil, bem como do país inteiro ou como de fora do país
3. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?
Se usada de maneira certa não, pois deste modo, iremos nos apropiar somente ao que podemos somar, mas independente de tecnologiasou não, sempre serão povos originários, sempre terão sua cultura própria, pois isto é uma coisa que já é de esência, podemos nos aprimorar, nos qualificar e acompanhar o mundo que sempre esta em transito, sem deixar nossas origens.Hoje não precisamos estar caracterizado para afirmar que somos de fato indigena, nossa cultura assim como nós, nao são estáticos, sempre estamos em movimento, não nos descaractezimamos de nossas origem, e sim nos dinamizamos, pois a cultura como todos sabem ela é DINÂMICA.
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4. Qual a importância da ajuda internac.ional ou das organizações não governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?
Hoje são uma dos poucos apoios que temos, pois esperar por ações que de fato nos são garantidos pela contituição, e vários outros tratatos, que o Brasil é signatário, vamos sempre ficar por último, ou nem lembrados.
5. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das aldeias indígenas?
Como sempre as ações do governo quase sempre nos desfavorece, como o Plano Pac por exemplo, as ações dele é um genocidio mascarado que o governo traçou, pois irá interferir no meio de vida de vários povos, na cultura e no ambiente natural e na vida de cada terra indígena, que será afetada com o programa.
6. Qual a conquista mais importante que o Projeto Índios Online proporcionou aos índios?
Bom, não costumo avaliar qual conquista mais importante, a rede teve várias conquistas, e para min todas elas são gloriosas.
7. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?
Creio que vem dado uma sensibilidade na população sim, e de uma certa forma também contribuiu para mudar a opinião de muitas pessoas, fazendo-se que criasse uma certa pressão quanto a demarcação.
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APÊNDICE III
Questionário elaborado para coordenador e suas respectivas respostas.
De: Sebastian Gerlic (mail@esperancadaterra.ning.com)
Enviada: terça-feira, 22 de dezembro de 2009 1:47:22
Para: Aluno Sidney (alunosidney@hotmail.com)
Sidney...Aqui minhas respostas!
1. Para você o que significa a Internet?
Internet é uma forma de fazer pontes sem se importar com a distancia.... Internet é um milhão de rodovias que nos levam a muitos lugares.... Conecta-nos com pessoas, com informação e nos permite AÇÃO.... Ciber-ação!Bibertaivismo com reação na nossa REALIDADE!Internet é a roda do momento!
2. Qual o objetivo do projeto Índios Online?
Permitir aos indígenas APROPRIAR-SE da nova ferramentas....USAR AS NOVAS INFO VIAS.... Dialogar com o mundo!!! Conhecer o Mundo e dar-se a conhecer..Buscar Respeito e Paz..Fortalecer suas culturas e suas buscas por liberdade, por autonomia, por dignidade!
3. A tecnologia pode descaracterizar o índio e a sua cultura?
A tecnologia pode muita coisa com muitas pessoas!A internet é como uma "faca"... Ela pode fazer muita coisa boa e muita ruim.... Temos que ter consciência no uso da faca!
4. Qual a importância da ajuda internacional ou das organizações não governamentais (ONGs) para as tribos indígenas?
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Os indígenas são excluídos dos poderes....Algumas ONG e alguns movimentos Internacionais, podem vir colaborar nessa luta pela re-inclusão com respeito as diferencias!As ONG e os Movimentos Internacionais apóiam muitas vezes os desejos das comunidades indígenas e aumentam as possibilidades de concretizar esses desejos. Muitas vezes os desejos dos indígenas são desejos do Planeta como um todo... Então os indígenas acabam ajudando a toda a Humanidade!
5. O governo brasileiro tem colaborado de que forma para a interligação das aldeias indígenas?
O MINC e o MC estão, através de editais públicos, permitindo este movimento, que nasce da demanda indígena e só avança coma pressão e as reivindicações dos indígenas....E nossa ONG apóia esse movimento.
6. Qual a conquista mais importante que o Projeto Índios Online proporcionou aos índios?
LIBERDADE! PARTICIPAR! DIALOGAR COM O MUNDO!
7. A divulgação dos conflitos com posseiros no Brasil, via internet, tem contribuído para as demarcações dos territórios indígenas?
SIM!!!!
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