Post on 07-Jul-2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
DISCIPLINA CONTEXTOS SOCIAIS E O HOMEM
Módulo II - Sociologia
Profa. Larissa Dall’Agnol da Silva
O MOVIMENTO SOCIAL DOS TRABALHADORES
GRUPO:
Andréa Gonçalves Brandão
Ernanda Oliveira Garcia
Hortência Garcia Fernandes
Jocarli Silveira Soares
PELOTAS
2013
Greve:
Greve é a cessação coletiva e
voluntária do trabalho realizada por
trabalhadores com o propósito de obter
benefícios, como aumento de salário,
melhoria de condições de trabalho ou
direitos trabalhistas, ou para evitar a
perda de benefícios. Por extensão, pode
referir-se à cessação coletiva e voluntária
de quaisquer atividades, remuneradas ou
não, para protestar contra algo (CLT,
1943).
Originalmente, as greves não eram
regulamentadas, eram resolvidas quando
vencia a parte mais forte. O trabalho
ficava paralisado até que ocorresse uma
das seguintes situações: ou os operários
retornavam ao trabalho nas mesmas ou
em piores condições, por temor ao
desemprego, ou o empresário atendia
total ou parcialmente as reivindicações
para que pudessem evitar maiores
prejuízos devidos à ociosidade.
A greve é um dispositivo
democrático assegurado pelo artigo 9º da
Constituição Federal Brasileira de 1988:
"Art. 9º É assegurado o direito de
greve, competindo aos trabalhadores
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo
e sobre os interesses que devam por
meio dele defender. § 1º A lei definirá os
serviços ou atividades essenciais e
disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os
responsáveis às penas da lei."
Outras leis regulamentam a greve
em setores de extrema importância social
como, saúde, educação, segurança
pública, entre outros.
Greve no Brasil:
Nas primeiras décadas do século
XX o Brasil aumentou suas exportações.
Em decorrência especialmente da
Primeira Grande Guerra Mundial, o país
passou a exportar grande parte dos
alimentos. A partir de 1915 a ocorrência
dessas exportações afetou o
abastecimento interno de alimentos,
causando elevação dos preços da
pequena quantidade de produtos
disponíveis no mercado. Embora o
salário subisse, o custo de vida
aumentava de forma desproporcional,
deixando os trabalhadores em más
condições para sustentar suas famílias e
fazendo com que as crianças
precisassem trabalhar para
complementar as rendas domésticas.
O movimento operário começou a
surgir ainda no final do século XIX, mas
foi com a industrialização provocada pela
Primeira Guerra Mundial em nosso país,
que ele rapidamente se transformou em
uma das principais forças políticas de sua
época.
O primeiro movimento grevista
sindical no Brasil paralisou a cidade de
São Paulo no ano de 1917. Nesta época,
as greves eram feitas nas fábricas
têxteis, nos bairros da Mooca e do
Ipiranga. Eram feitas as reivindicações
pelos líderes grevistas pelos melhores
salários e melhores condições de
trabalho e vida, além da exigirem a
supressão da contribuição "pró-pátria"
(campanha de apoio financeiro à Itália,
desenvolvida pela burguesia imigrante de
São Paulo, chegando até a fazer
descontos dos salários dos
trabalhadores).
As manifestações de rua foram
duramente reprimidas pela polícia, e
também com a repressão das
autoridades políticas. Aproximadamente
por um mês, a cidade de São Paulo viveu
a agitação dos grevistas, que apesar de
mostrar uma considerável capacidade de
mobilização do operariado, não serviram
para sensibilizar o Estado.
Durante a República Velha (1889-
1930) os governos oligárquicos tratavam
a questão social como "caso de
polícia",adotando medidas arbitrárias,
como espancamento e prisão das
lideranças grevistas e expulsão dos
estrangeiros do país.
Com a repressão, o movimento
grevista liderado pelo sindicalismo,se
estendeu até 1919.
No ano de 1922 foi fundado o PCB
(Partido Comunista do Brasil) pondo um
ponto final aos preconceitos anarquistas,
os sindicatos passaram a se organizar
melhor, mobilizando um grande numero
de trabalhadores pertencentes a um
mesmo ramo da economia industrial.
Se por um lado as greves não
alcançaram seus objetivos mais
imediatos, certamente contribuíram para
promover debates no meio operário
sobre os rumos do movimento sindical.
São Paulo, 1917: A Primeira
grande greve brasileira
A Greve Geral de 1917 é o nome
pela qual ficou conhecida a paralisação
geral da indústria e do comércio do
Brasil, em Julho de 1917, como resultado
da constituição de organizações
operárias de inspiração
anarcosindicalista aliada à imprensa
libertária. Esta mobilização operária foi
uma das mais abrangentes e longas da
história do Brasil. O movimento operário
mostrou como suas organizações
(Sindicatos e Federações) podiam lutar e
defender seus direitos de forma
descentralizada e livre, mas de forte
impacto na sociedade. Esta greve
mostrou não só a capacidade de
organização dos trabalhadores, mas
também que uma greve geral era
possível.
A questão é como este movimento
cresceu tão rápido e se fortaleceu tanto
apesar de uma industrialização recente e
incipiente. A resposta pode ser
encontrada no violento regime de
trabalho imposto aos operários na época,
comparável somente ao do início da
industrialização inglesa cem anos antes.
Além disso temos que nos lembrar que a
maioria dos operários eram imigrantes
italianos e espanhóis com um histórico de
organização política anterior. Eram estes,
na sua maior parte, anarquistas.
Essa greve marcou um dos
momentos em que a força do movimento
operário anarquista se demonstrou.
Nunca na história deste país uma greve
geral provocou um impacto tão grande.
Apesar de limitada às regiões
industrializadas, nos locais em que se
efetivou, teve um impressionante grau de
adesão por parte da sociedade. A
resposta do Estado, controlado pelas
elites, também foi impressionante. A
legislação culpava de crime a ação
anarquista. Estrangeiros envolvidos com
a ideologia eram extraditados. Brasileiros
eram presos e em ambos os casos eram
comumente humilhados em público.
Durante esse período a repressão
se tornou aberta. Censura à imprensa,
torturas, e assassinatos se tornaram
condutas frequentes do Estado aos
anarquistas. Ao final de seu governo o
movimento estava todo desorganizado.
As lideranças políticas comunistas - o
Partido Comunista Brasileiro havia sido
fundado ilegalmente em 1922 - passaram
a comandar o enfraquecido movimento
que, na década de 1930, foi praticamente
extinto pela ditadura do Estado
Novo (1937-1945).
"São Paulo é uma cidade morta: sua
população está alarmada, os rostos denotam
apreensão e pânico, porque tudo está fechado,
sem o menor movimento. Pelas ruas, afora
alguns transeuntes apressados, só circulavam
veículos militares, requisitados pela Cia. Antártica
e demais indústrias, com tropas armadas de fuzis
e metralhadoras. Há ordem de atirar para quem
fique parado na rua. Nos bairros fabris do Brás,
Moóca, Barra Funda, Lapa, sucederam-se
tiroteios com grupos de populares; em certas ruas
já começaram fazer barricadas com pedras,
madeiras velhas, carroças viradas e a polícia não
se atreve a passar por lá, porque dos telhados e
cantos partem tiros certeiros. Os jornais saem
cheios de notícias sem comentários quase, mas o
que se sabe é sumamente grave, prenunciando
dramáticos acontecimentos"
Dias,Everardo."História das Lutas Sociais no
Brasil".
O texto acima, descrito pelo
operário e historiador Everardo Dias,
caracteriza o cotidiano da cidade de São
Paulo em julho de 1917, marcada pela
greve geral que paralisou completamente
a capital paulista, explicitando o choque
entre o operariado - liderado
principalmente pelo movimento
anarquista - e o Estado oligárquico -
através de um forte aparato repressivo.
Se por um lado as greves não
alcançaram seus objetivos mais
imediatos, certamente contribuíram para
promover debates no meio operário
sobre os rumos do movimento sindical.
Colocando em crise a ideologia
anarquista, as greves de 1917 foram
decisivas para o crescente avanço dos
ideais socialistas, e para formação do
Centro Comunista do Rio de Janeiro em
1921, que antecedeu a fundação do
Partido Comunista Brasileiro no ano
seguinte.
O Surgimento da CUT:
A Central Única dos Trabalhadores
(CUT) é uma organização sindical
brasileira de massas, em nível máximo,
de caráter classista, autônomo e
democrático, cujo compromisso é a
defesa dos interesses imediatos e
históricos da classe trabalhadora.
Foi fundada em 28 de agosto de
1983, na cidade de São Bernardo do
Campo, em São Paulo, durante o 1º
Congresso Nacional da Classe
Trabalhadora (CONCLAT). Naquele
momento, mais de cinco mil homens e
mulheres, vindos de todas as regiões do
país, lotavam o galpão da extinta
companhia cinematográfica Vera Cruz e
imprimiam um capítulo importante da
história.
De 1964 a 1985 perdurava no Brasil
o regime militar, caracterizado pela falta
de democracia, supressão dos direitos
constitucionais, perseguição política,
repressão, censura e tortura. Porém, no
final da década de 1970 e meados dos
anos 1980 inicia-se no país um amplo
processo de reestruturação da
sociedade. Este período registra, ao
mesmo tempo, o enfraquecimento da
ditadura e a reorganização de inúmeros
setores da sociedade civil, que voltam
aos poucos a se expressar e a se
manifestar publicamente, dando início ao
processo de redemocratização.
Neste cenário de profundas
transformações políticas, econômicas e
culturais, protagonizadas essencialmente
pelos movimentos sociais, surge o
chamado “novo sindicalismo”, a partir da
retomada do processo de mobilização da
classe trabalhadora. Estas lutas,
lideradas pelas direções sindicais
contrárias ao sindicalismo oficial
corporativo, há muito estagnado, deram
origem à Central Única dos
Trabalhadores, resultado da luta de
décadas de trabalhadores e
trabalhadoras do campo e da cidade pela
criação de uma entidade única que os
representasse.
O nascimento da CUT como
organização sindical brasileira representa
mais do que um instrumento de luta e de
representação real da classe
trabalhadora, um desafio de dar um
caráter permanente à presença
organizada de trabalhadores e
trabalhadoras na política nacional.
Presente em todos os ramos de
atividade econômica do país, a CUT se
consolida como a maior central sindical
do Brasil, da América Latina e a 5ª maior
do mundo, com 3. 806 entidades filiadas,
7.847.077 trabalhadoras e trabalhadores
associados e 23.981.044 trabalhadoras e
trabalhadores na base.
As Greves Atuais:
A greve é uma garantia
constitucional do servidor público civil,
devendo ser exercida em sua plenitude,
sem punições ou restrições quando
exercida dentro da legalidade, sendo
necessário que haja coerência e boa-fé
nas negociações, preservando sempre o
princípio da dignidade da pessoa humana
em relação aos vencimentos e
respectivos aumentos remuneratórios, de
forma a capacitar o servidor a sustentar
sua família, e ter boas condições de
saúde, educação e lazer,
acompanhando-se a inflação e,
consequentemente, viabilizando sua
participação ativa no mercado de
consumo, levando-se em conta ainda a
enorme carga tributária brasileira que
consome, e muito, os rendimentos de
qualquer cidadão.
Oportuno registrar que muitas das
pessoas que hoje abominam a greve não
se recordam que as garantias jurídicas
de natureza social que possuem
aposentadoria, auxílio-doença, licenças,
férias, limitação da jornada de trabalho
etc., além de direitos políticos como o
voto e a representação democrática das
instituições públicas advieram da
organização e da reivindicação dos
movimentos operários.
“Sou professora do município de Pelotas há
quase 10 anos, e desde que entrei na rede, a
classe luta por plano de carreira, melhores
salários, aumento do vale alimentação,
valorização profissional da categoria, enfim são
muitas as reivindicações por qual lutamos. O
Sindicato que nos representa é o SIMP (Sindicato
dos Municipários de Pelotas).São diversas as
manifestações sociais por quais já passei,
assembleias, passeadas, panfletagem, apitasso,
acampamento na câmara de vereadores, greves,
(e o resultado de algumas greves foi o corte do
ponto e ameaças), marchas, reuniões. A luta é
constante, todo início de ano é a mesma coisa,
mas o tempo vai passando e parece que a
energia e vontade de lutar vai acabando, pois os
resultados não são visíveis, parece que vamos
cansando de tentar mudar, ficamos esmorecidos
com tamanho descaso com a educação e com a
política má administrada que presenciamos aos
nossos olhos.” Relato de uma professora sobre
as greves e seus contextos. Sindicato dos
Municipários de Pelotas/RS. 2013.
Greve causa sérios transtornos à
população, falta de segurança, aulas
suspensas, serviços básicos
comprometidos, gera desconforto em
governantes e patrões, cria um ambiente
de caos total e insustentável, a imprensa
cobre o evento muitas vezes vorazmente,
os oponentes trocam farpas, terceiros
ajudam a acirrar os ânimos já exaltados
com o intuito de lucro e o povo, assiste
tudo de camarote.
A maioria das greves está
relacionada com o setor público por
razões simples. No setor privado muitos
temem represarias evitando bater de
frente com o patrão, sem contar que uma
greve no setor privado é algo péssimo
para a empresa que para de produzir, o
patrão é o prejudicado, sem produção
não há lucro, mas é ele quem negocia o
fim da greve. No setor público é diferente,
o prejudicado com a greve é o povo e ele
pouco pode fazer na negociação, pois
quem decide são os governantes, eles
não sofrem as consequencias, possuem
segurança particular, plano de saúde de
boa qualidade, seus filhos estudam em
escola particular entre outros.
Não se pode negar jamais como a
greve é benéfica aos trabalhadores,
direito constitucional que deve ser usado
com coerência, uma das poucas formas
de se reivindicar direitos e serem ouvidos
pela sociedade que até então fecha os
olhos e ouvidos aos seus lamentos até
chegar o ponto extremo, onde a única
forma é cruzar os braços, com a cara e a
coragem lutar pelos seus escassos
direitos.
Referências Bibliográficas:
Biblioteca Pública Pelotense. Acervo de
fotos e jornais, 2013.
http://www.projetomemoria.art.br/RuiBarb
osa/glossario/a/greve-1917.htm - Página
"Projeto Memória" - Greve de 1917.
http://www.historiabrasileira.com/brasil-
republica/greve-geral-de-1917/ - Página
"História Brasileira" - Greve geral de
1917.
http://www.libertaria.pro.br/brasil/capitulo
15_index.htm - Página "Libertária" - A
Crise das Oligarquias.
http://www.cut.org.br
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre
to-lei/del5452.htm
Santiago, E. Greve Geral de 1917.
InfoEscola, 2013.